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Processo Civil CEJ 25

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PROCESSO CIVIL – Celso Belmiro - 2007 - página � PAGE �530� 
25ª aula (28/09/2007)
	Na aula passada, falamos da petição inicial, dos requisitos da petição inicial; falamos da citação do executado, as modalidades da citação, como o executado seria citado e em especial para quê. Destacamos que o executado era citado para em 24 horas pagar ou nomear bens à penhora e que essa nomeação era direito do executado, podendo ele livremente escolher dentro de uma seqüência que a lei estipulava. 
	Falamos também que a garantia do juízo era necessária, imprescindível para que o executado pudesse apresentar suas alegações. 
	O executado nomeava bens à penhora e o exeqüente se manifestava sobre essa nomeação e se concordasse era realizada a penhora e se o exeqüente impugnasse essa nomeação criava-se um incidente dentro da execução para saber se o bem nomeado seria ou não penhorado, o juiz proferia decisão. Se o juiz acolhesse a impugnação do exeqüente, este teria que indicar bens à penhora. Então, a regra era o executado nomear bens à penhora e excepcionalmente o exeqüente indicava bens à penhora. 
	Vamos começar a falar hoje, então, da penhora. 
	A penhora, até a modificação pela lei 11.382/06 era a principal forma de garantia do juízo e esta era requisito para a apresentação de embargos. A garantia não se dava somente através da penhora, mas esta é a mais comum das formas. 
	O que é a penhora? É uma to executivo. 
	Com a penhora o sujeito perde a propriedade de seus bens? Quem tem um bem penhorado deixou de ser proprietário desse bem? Não. Até porque deixar de ser proprietário, retirar patrimônio de alguém é expropriação. E a penhora não significa que o sujeito vá deixar de ser proprietário. É o primeiro passo para se chegar na expropriação, onde teremos a finalidade do processo de execução sendo atendido. O começo do processo de expropriação é a penhora. 
	Então, falamos que a natureza da penhora é um ato executivo. 
	Quais são os efeitos da penhora? 
Individualização ou especificação da responsabilidade patrimonial. 
Quando falamos anteriormente em responsabilidade patrimonial, vimos que o CPC estabelece como regra que todos os bens do executado vão servir para o pagamento de suas dívidas. 
O que acontece quando penhoramos um bem especificamente? Estamos pinçando do patrimônio do executado sobre qual bem irá incidir os atos executivos. 
Quer dizer, então, que se penhorou aquele bem a responsabilidade só incidirá sobre aquele bem? Não. É possível que lá na frente se o bem for alienado em hasta pública não se obtenha dinheiro suficiente para pagar o exeqüente. O que irá acontecer? Será penhorado outro bem. A satisfação do credor é colocada como requisito para que a execução seja extinta. 
Importa na conservação do bem. 
Porque a penhora importa na conservação do bem? Porque com a penhora há a chamada apreensão do bem, que pode ser direta ou indireta. Na apreensão direta do bem retira-se este da esfera de vigilância do executado. Onde ficará o bem neste caso? Em um depósito público, em um depósito particular. 
Na apreensão indireta o devedor, ou seja, o executado torna-se depositário do bem. O que significa isso? Se antes o bem era dele e ele podia fazer o que quisesse com o bem, agora não. O executado continua proprietário daquele bem, mas a posse que ele ostenta sobre aquele bem muda de figura. Ele exerce a posse como depositário. Todos os deveres inerentes ao depósito são inerentes a ele. 
Seja como for, porque dizemos que a penhora importa conservação do bem? Porque seja com a apreensão indireta, seja com a apreensão direta vamos preservar, conservar aquele bem. 
Só pra ilustrar o artigo 666 do CPC trata de quem é depositário. Vejamos: 
“Art. 666. Se o credor não concordar em que fique como depositário o devedor, depositar-se-ão:
Art. 666.  Os bens penhorados serão preferencialmente depositados: (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
I - no Banco do Brasil, na Caixa Econômica Federal, ou em um banco, de que o Estado-Membro da União possua mais de metade do capital social integralizado; ou, em falta de tais estabelecimentos de crédito, ou agências suas no lugar, em qualquer estabelecimento de crédito, designado pelo juiz, as quantias em dinheiro, as pedras e os metais preciosos, bem como os papéis de crédito;
II - em poder do depositário judicial, os móveis e os imóveis urbanos;
III - em mãos de depositário particular, os demais bens, na forma prescrita na Subseção V deste Capítulo.
III - em mãos de depositário particular, os demais bens. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
§ 1o  Com a expressa anuência do exeqüente ou nos casos de difícil remoção, os bens poderão ser depositados em poder do executado. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).
§ 2o  As jóias, pedras e objetos preciosos deverão ser depositados com registro do valor estimado de resgate. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).
§ 3o  A prisão de depositário judicial infiel será decretada no próprio processo, independentemente de ação de depósito. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006)” .
O artigo 666 do CPC antes da alteração fixava uma regra, que regra era essa? Que era o devedor que iria ficar como depositário. O devedor somente não iria ficar como depositário se o credor impugnasse, se o credor não concordasse que o devedor ficasse como depositário. 
O artigo 666 do CPC teve sua redação alterada e ganhou mais três parágrafos. Foi alterada a regra que era estabelecida no caput, anteriormente. Hoje, o artigo fala que o bem penhorado pode ficar depositado com o executado, mas com a expressa anuência do exeqüente. 
Quando o exeqüente não concorda que o bem fique depositado com o executado o bem irá par um depósito público ou particular e importa em pagamento de custas. 
Existe outra possibilidade? Sim. Existe a possibilidade do bem ficar com o exeqüente, ou seja, o bem será retirado do executado e levado para o exeqüente, neste caso este será depositário. 
O §3º deste artigo é interessante porque existia uma discussão sobre a possibilidade de decretação de prisão do depositário infiel nos casos de depósito judicial, nos casos de depósito decorrentes de processo de execução. Primeiro a discussão sobre a possibilidade de prisão ou não do depositário infiel. Hoje a posição predominante é de que é possível a prisão do depositário infiel. Depois a discussão era em torno de como prendê-lo? Seria necessária uma ação de depósito para isso? Existiam autores que defendiam que para o depositário ser preso seria necessário uma ação de depósito. Celso Belmiro diz que esse entendimento era uma contra senso, porque se já existia um processo de execução e se já houve um ato executivo, a penhora, tudo isso presidido por um juiz pra que seria necessária uma outra ação para que seja preso o depositário infiel? O argumento dos que entendiam necessária a ação de depósito era que no processo de execução não era garantido ao executado o contraditório. 
Celso Belmiro sustenta que o contraditório pode ser, eventualmente, garantido ao executado no próprio processo de execução. Não é vocação da execução ter contraditório, mas eventualmente, incidentalmente é possível que tenha. 
O §3º do artigo 666 do CPC resolveu a questão, diz que a prisão do depositário infiel vai ser decretada no próprio processo de execução, independentemente de ação de depósito. 
Direito de preferência 
Vamos ver o artigo 612 do CPC, que não foi alterado: 
“Art. 612. Ressalvado o caso de insolvência do devedor, em que tem lugar o concurso universal (art. 751, III), realiza-se a execução no interesse do credor, que adquire, pela penhora, o direito de preferência sobre os bens penhorados.”
	Através da penhora o sujeito passa a ter direito de preferência. Que história é essa de direito de preferência? 
Prestem atenção: O mesmo bem pode ser penhorado em mais de uma execução? Sim. A primeira coisa então, é essa, penhoradoo bem em várias execuções ele só será alienado uma vez. E aí? E o dinheiro dessa alienação? Se der para pagar todos os credores, ótimo. Mas se não der o artigo 612 do CPC estabelece uma regra para o pagamento. Qual é o critério que a lei elege? Por acaso é quem primeiro ajuizou a execução? Não. É quem primeiro obteve a citação do Réu? Não. É o sujeito em cuja execução o bem foi alienado? Não. 
 Cuidado com a redação do artigo 711 do CPC que dispõe: 
“Art. 711. Concorrendo vários credores, o dinheiro ser-lhes-á distribuído e entregue consoante a ordem das respectivas prelações; não havendo título legal à preferência, receberá em primeiro lugar o credor que promoveu a execução, cabendo aos demais concorrentes direito sobre a importância restante, observada a anterioridade de cada penhora.”
O artigo 711 do CPC está em choque com artigo 612 do CPC e deste choque vale o artigo 612 do CPC. Ou seja, o direito de receber na frente decorre da penhora, de quem primeiro penhorou o bem. Então, muito cuidado com a redação do artigo 711 do CPC, não é o fato de exeqüente, na sua execução, conseguido alienar o bem, não é isso que fará que ele tenha direito de receber. O direito de preferência decorre da penhora. 
A divisão do dinheiro é par conditio creditorum, ou seja, se divide de acordo com os pesos? Como? Quem tem o crédito maior recebe mais, quem tem o crédito menor recebe menos? A divisão é essa? Não. Quando falamos que o sujeito vai receber na frente, ele vai receber na frente quanto? Tudo, todo seu crédito e não parte dele de acordo com o seu peso. 
Há exceções ao direito de preferência gerado pela penhora? Quando que, excepcionalmente, a penhora não vai dar direito de preferência? A primeira das hipóteses está no próprio artigo 612 do CPC que já começa pela exceção. O que o CPC fala no artigo 612 quando utiliza a expressão “ressalvado o caso de insolvência” é que no caso de insolvência há concurso universal de credores, ou seja, são vários bens. Quem receberá primeiro na insolvência? Monta-se um quadro geral de credores, a exemplo do que ocorre na falência e eles vão receber de acordo com os privilégios que seus créditos tiverem. O fato do sujeito ter penhorado o bem primeiro faz alguma diferença? Não. Por quê? Porque existe a vis atrativa do juízo universal da insolvência. Todas as ações e execuções vão para lá. Monta-se o quadro geral de credores e o fato do sujeito ter penhorado primeiro não vai dar direito de preferência a ele. 
Além da insolvência civil, quando mais a penhora não dá direito de preferência? É possível que exista um credor com direito de preferência decorrente do direito material, é o que o CPC no artigo 711 do CPC chama de prelação. Por exemplo, um credor hipotecário. Nesse caso, o credor com direito de preferência decorrente do direito material receberá primeiro que o que penhorou o bem em processo de execução. 
O artigo 711 do CPC cuida do concurso singular de credores. 
	Feita a penhora temos a necessidade de intimações posteriores. Quem tem que ser intimado da penhora? 
	Observe que na sistemática do CPC antes da alteração do CPC pela lei 11.382/06 o prazo para o sujeito apresentar embargos conta da intimação da penhora. Então, nesse caso, o executado tinha que ser intimado. 
	Quem mais tem que ser intimado? Se o bem for de pessoa casada, alguém quem tem que ser intimado? O cônjuge. Isto está no artigo 669 do CPC: 
“Art. 669. Feita a penhora, intimar-se-á o devedor para embargar a execução no prazo de 10 (dez) dias. (Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994) (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)
   (Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)��Parágrafo único. Recaindo a penhora em bens imóveis, será intimado também o cônjuge do devedor.   HYPERLINK "http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8953.htm" \l "art669" ��   (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)”
	
	 O artigo 669 do CPC foi totalmente revogado pela lei 11.382/06. Por quê? Porque a sistemática mudou e o devedor não é mais intimado da penhora para apresentar embargos. 
	Anteriormente o devedor tinha que ser intimado e o que nos interessa agora é o antigo parágrafo único do artigo 669 do CPC, que dizia que o cônjuge do devedor também tinha que ser intimado se bens imóveis fosse penhorado. Essa necessidade ocorria por quê? Porque a penhora pode cair sobre bem que não pertence única e exclusivamente sobre ao executado. Digamos que o bem imóvel foi adquirido na constância do casamento. De quem é o bem? Dos dois. A penhora, então, não pode incidir sobre pelo menos metade do bem, que pertence ao outro cônjuge. 
	Houve alteração na nova sistemática. 
	
	Quem mais deve ser intimado? Vejam que com base na responsabilidade patrimonial é possível que a penhora recaia sobre bem de terceiro. Se a penhora recair sobre bem de terceiro, quem tem que ser intimado? O terceiro proprietário do bem. 
	Quem mais? Estamos falando de uma intimação que é realizada depois da penhora concretizada. 
	O credor com direito real sobre o bem. Como o credor hipotecário vai saber que aquele bem foi penhorado em outro processo? Ele tem que ser intimado. Essa intimação nós vimos no artigo 615 do CPC: 
“Art. 615. Cumpre ainda ao credor:
I - indicar a espécie de execução que prefere, quando por mais de um modo pode ser efetuada;
II - requerer a intimação do credor pignoratício, hipotecário, ou anticrético, ou usufrutuário, quando a penhora recair sobre bens gravados por penhor, hipoteca, anticrese ou usufruto;
III - pleitear medidas acautelatórias urgentes;
IV - provar que adimpliu a contraprestação, que Ihe corresponde, ou que Ihe assegura o cumprimento, se o executado não for obrigado a satisfazer a sua prestação senão mediante a contraprestação do credor.”
	Um bem hipotecado pode ser penhorado, um bem onde incide usufruto pode ser penhorado, só que algumas cautelas têm que ser tomadas, uma delas é intimar o credor hipotecário para que ele acompanhe o processo e possa existir o direito de preferência que ele tem. 
	Digamos que o sujeito tem o uso e o gozo do bem e este foi penhorado. Tendo sido penhorado, será alienado em hasta pública. Sendo alienado, acabou a execução e acabou o uso e o gozo do sujeito. 
	
	Vamos falar agora de hipóteses especiais de penhora:
Penhora de imóveis
O que a penhora de imóveis tem demais? Tem algum ato que tenha que ser praticado depois? Sendo penhorado um bem imóvel, há necessidade de levar essa penhora a registro. 
Para quê? Para dar publicidade acerca da existência daquela penhora. Para gerar uma presunção absoluta de conhecimento por parte de terceiros daquela penhora. 
No caso de penhora de bem imóvel como se afere quem tem direito de preferência? Quem primeiro penhorou ou quem primeiro registrou a penhora? Quem primeiro penhorou. O direito de preferência decorre da penhora e não do registro da mesma. 
Essa penhora de bens imóveis e a necessidade de registro está no §4ª do artigo 659 do CPC, que assim dispõe: 
“Art. 659. ...
§ 4o  A penhora de bens imóveis realizar-se-á mediante auto ou termo de penhora, cabendo ao exeqüente, sem prejuízo da imediata intimação do executado (art. 652, § 4o), providenciar, para presunção absoluta de conhecimento por terceiros, a respectiva averbação no ofício imobiliário, mediante a apresentação de certidão de inteiro teor do ato, independentemente de mandado judicial. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).”
O registro dessa penhora não é por mandado judicial, não é o Juiz que determina o registro dessa penhora. Por que não? Porque antigamente o Juiz mandava e o oficial da Vara recebia e dizia que recebeu o ofício, estou aguardando a parte para pagara os emolumentos, e muitas vezes a parte não comparecia. 
Desde 2002, a situação foi alterada passando ao exeqüente a responsabilidade pelo registro da penhora, este que deve pegar a certidão da penhora na Vara onde tramita a execução e levar ao RGI, é ônus do exeqüente. Se o exeqüente não fizer esseregistro e por acaso o bem for vendido, o sujeito que comprou é adquirente de boa fé e ficará com o imóvel. Se por outro lado tiver ocorrido o registro da penhora não tem como o comprador alegar nada. 
OBS: A gratuidade de justiça é referente às custas e às taxas judiciárias. O Tribunal abre mão do que é dele. Não significa a dispensa do pagamento de emolumentos, que é o que se paga nos Cartórios, que exercem uma atividade privada. No entanto, é possível que o Juiz da ação estenda essa gratuidade para os emolumentos também, mas isso tem que ser expresso. O fato de ter sido concedida a gratuidade de justiça, não significa gratuidade nos atos notariais e registrais. 
Penhora de Cotas de sociedade
A penhora de cotas de sociedade é possível? É possível a penhora das cotas de uma sociedade limitada? Havia muita discussão da afectio societatis. Por exemplo, uma sociedade XPTO LTDA. A possui 50%, B possui 30% e C 20% e numa execução qualquer o Juiz penhora 30% das cotas de B, ou seja, 30% da XPTO LTDA. O problema que surge é que quando se penhora um bem pretende-se levá-lo a expropriação, a hasta pública. Sendo os 30% arrematados por alguém, sairão de B e passarão para o arrematante. E aí entra a questão da afectio societatis. O A queria ser sócio de B, o C queria ser sócio de B, e não do arrematante, de uma outra pessoa que ele nem conhece. 
Essa questão hoje está praticamente pacificada. Se o contrato social é expresso ao admitir a penhora de cotas, as cotas poderão ser penhoradas. Se o contrato expressamente proíbe a penhora de cotas, também não há problema, as cotas não poderão ser penhoradas. O problema surge quando o contrato é omisso, e geralmente os contratos são omissos. 
Diante da omissão do contrato qual é a solução atualmente? Da possibilidade da penhora das cotas da sociedade. Cada vez mais ela se aproxima de uma sociedade de capital, e se afasta da sociedade de pessoa. A afectio societatis é própria das sociedades de pessoa. 
O inciso VI do artigo 655 do CPC passou a expressamente falar sobre a penhora de cotas.
Penhora de faturamento de empresa
É possível a penhora de faturamento de empresa? Também já houve muita discussão em relação a isso. Por quê? Porque se afirmava que quando se penhorava o faturamento se inviabilizava a própria empresa. 
Evoluímos e o STJ já admitia, há algum tempo, a penhora do faturamento de empresa, desde que limitada, desde que não penhorasse tudo. O percentual que vinha sendo aplicado era de 30% do faturamento. 
A lei 11.382/06 acabou com essa discussão. No artigo 655 do CPC está o elenco de bens penhoráveis, e a ordem. O inciso VII do atual artigo 655 do CPC fala em percentual do faturamento de empresa devedora. Então, o faturamento todo não pode ser penhorado, mas percentual dele pode ser penhorado. O Juiz, diante do caso concreto, e seu prudente arbítrio é que fixará o percentual a ser penhorado. 
OBS: Celso Belmiro diz que o que é uma “sacanagem” é a penhora do faturamento diário, porque o oficial de justiça vai todos os dias penhorar determinado percentual do faturamento. Isso é um suplício, é uma diligência que não acaba nunca. O Juiz deve evitar esse tipo de situação sempre que possível. 
Penhora de crédito
É possível a penhora de crédito? Sim. O inciso XI do artigo 655 do CPC fala em “outros direitos”, então, é possível a penhora de crédito. 
Mas e se o crédito estiver sendo pleiteado em Juízo, se esse crédito está sendo pleiteado em outra ação qualquer? O que acontece nessa hipóteses? Penhorou o crédito que está sendo pleiteado em outra ação qualquer, o mandado de penhora desse juízo onde está ocorrendo a execução é encaminhado para o juízo onde está correndo a outra ação onde está sendo pleiteado o crédito, para que nesta ação seja grampeada na contracapa da mesma essa penhora (penhora no rosto dos autos), artigo 674 do CPC: 
“Art. 674. Quando o direito estiver sendo pleiteado em juízo, averbar-se-á no rosto dos autos a penhora, que recair nele e na ação que Ihe corresponder, a fim de se efetivar nos bens, que forem adjudicados ou vierem a caber ao devedor.”
	Os Embargos, uma vez recebidos pelo juízo, geravam automaticamente a suspensão da execução, esta ficaria suspensa até o julgamento desses embargos. Isso foi modificado. 
	Se fossem julgados procedentes os embargos, a execução findaria. 
	Se os embargos fossem julgados improcedentes, se o executado ainda não tivesse pagado, iniciavam-se os atos expropriatórios. 
	Para enviar o bem para hasta pública, é preciso saber quanto ele vale. Entra aí a avaliação do bem penhorado. A avaliação serve para quê? A finalidade da avaliação é fixar os parâmetros econômicos da expropriação. 
	Tudo que o que se passa na expropriação, em relação aos valores, está de certa forma vinculado ao valor que foi definido no momento da avaliação. 
	Muitas vezes é importante, e até bem pouco tempo, era indispensável essa avaliação por que motivo? Quando o executado nomeava bens à penhora, uma das incumbências que o executado tinha era atribuir valor ao bem. E o CPC dizia que se nesse momento o executado atribuiu valor ao bem e o exeqüente concordou não tem porque ter avaliação lá na frente. Mas ainda que o exeqüente tenha concordado com o valor, muitas vezes é a avaliação é necessária, por que motivo? Primeiro porque os embargos muitas vezes demoram e o bem pode estar sujeito à depreciação. E mesmo que os embargos sejam rápidos, vivíamos até bem pouco tempo num país de inflação galopante. 
	Assim dispunha o artigo 680 do CPC:
“Art. 680. Não sendo embargada a execução, ou sendo rejeitados os embargos, recebidos com efeito suspensivo, o juiz nomeará um perito para estimar os bens penhorados, se não houver, na comarca, avaliador oficial.
        Art. 680. Prosseguindo a execução, e não configurada qualquer das hipóteses do art. 684, o juiz nomeará perito para estimar os bens penhorados, se não houver, na comarca, avaliador oficial, ressalvada a existência de avaliação anterior (art. 655, § 1o, V). (Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)”
	Por que houve a necessidade de se alterar esse artigo 680 do CPC? Porque mudou quem faz a avaliação. Não é o perito quem vai fazer a avaliação, como regra. Essa avaliação será, como regra, feita pelo oficial de justiça. A redação nova do artigo 652 do CPC diz: 
“Art. 652.  O executado será citado para, no prazo de 3 (três) dias, efetuar o pagamento da dívida. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
§ 1o  Não efetuado o pagamento, munido da segunda via do mandado, o oficial de justiça procederá de imediato à penhora de bens e a sua avaliação, lavrando-se o respectivo auto e de tais atos intimando, na mesma oportunidade, o executado. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
...”
	O oficial de justiça faz a penhora, e já nesse momento ele faz a avaliação. Por isso existe uma remissão no artigo 680 do CPC para o artigo 652 do CPC. 
	A figura do avaliador não morreu. Se a determinação do valor daquele bem demandar, exigir, conhecimentos especializados, que fogem ao natural senso comum do oficial de justiça, teremos a avaliação feita pelo avaliador, perito. Então, essa figura agora passou a ser excepcional, residual, só para os casos de necessidade de conhecimento técnico especializado. 
	O artigo 681 do CPC dispõe: 
“Art. 681.  O laudo da avaliação integrará o auto de penhora ou, em caso de perícia (art. 680), será apresentado no prazo fixado pelo juiz, devendo conter: (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
I - a descrição dos bens, com os seus característicos, e a indicação do estado em que se encontram;
II - o valor dos bens.
Parágrafo único. Quando o imóvel for suscetível de cômoda divisão, o perito, tendo em conta o crédito reclamado, o avaliará em suas partes, sugerindo os possíveis desmembramentos.
Parágrafo único.  Quando o imóvel for suscetível de cômoda divisão, o avaliador, tendo em conta o crédito reclamado, o avaliará em partes, sugerindo os possíveis desmembramentos.(Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006)”.
	Sempre que possível vai ser feita a avaliação desmembrando. Por quê? Se vamos mandar um bem para hasta pública, se chegarmos no meio da alienação em partes e já houver dinheiro suficiente para pagar ao credor suspende-se o leilão. Por isso sempre que possível a avaliação deve ser feita já vislumbrando uma alienação separada. 
	Os artigos 683 e 684 do CPC tratam de repetição de avaliação.
“Art. 683. Não se repetirá a avaliação, salvo quando:
        I - se provar erro ou dolo do avaliador;
        II - se verificar, posteriormente à avaliação, que houve diminuição do valor dos bens;
        III - houver fundada dúvida sobre o valor atribuído ao bem (art. 655, § 1o, V). (Incluído pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)
Art. 683.  É admitida nova avaliação quando: (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
I - qualquer das partes argüir, fundamentadamente, a ocorrência de erro na avaliação ou dolo do avaliador; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
II - se verificar, posteriormente à avaliação, que houve majoração ou diminuição no valor do bem; ou (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
III - houver fundada dúvida sobre o valor atribuído ao bem (art. 668, parágrafo único, inciso V). (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
Art. 684. Não se procederá à avaliação se:
I - o credor aceitar a estimativa feita na nomeação de bens;
I - o exeqüente aceitar a estimativa feita pelo executado (art. 668, parágrafo único, inciso V); (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
II - se tratar de títulos ou de mercadorias, que tenham cotação em bolsa, comprovada por certidão ou publicação oficial;
III - os bens forem de pequeno valor. (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)”
	O CPC quando trata do processo de execução ele é o tempo inteiro informado por dois princípios, um que atende aos interesses do exeqüente e outro que atende aos interesses do executado: princípio da máxima utilidade da execução (interesse do exeqüente), a execução é feita para satisfazer o crédito do credor, é feita no interesse do credor; princípio da menor onerosidade (interesse do executado), a execução deve ser feita da forma menos onerosa possível para o executado. 
	A redação do inciso II do artigo 683 do CPC só se preocupava com o exeqüente, agora não. Agora o inciso II do artigo 683 do CPC trata tanto da diminuição, quanto do aumento do valor do bem. É possível que o bem penhorado tenha seu valor diminuído, ou aumentado. 
	O artigo 684 do CPC é um artigo que dispensa a avaliação. Cuidado com o inciso I deste artigo fala que não vai haver avaliação se lá trás houve a nomeação de bem pelo executado e o exeqüente concordou. Mas nem sempre não vai haver avaliação nesse caso, ainda assim é possível que haja avaliação. 
	OBS: Falamos sobre o princípio do contraditório e sobre a aplicação dele no processo de execução. Falamos que a execução não é voltada para ter contraditório, não é de sua essência ter contraditório, mas eventualmente iremos encontrar. Na avaliação, existia um exemplo clássico de existência do contraditório dentro do processo de execução. Por quê? Porque apresentado o laudo de avaliação o que o Juiz tinha que fazer? Ouvir as partes quanto ao laudo de avaliação. 
	Pergunta inaudível de aluno: Celso Belmiro responde dizendo que pode haver reforço de penhora. Se eu tenho um crédito de R$ 100.000,00, quando o bem foi penhorado ele valia R$ 100.000,00, o tempo passou e aquele bem hoje vale R$ 20.000,00, não adianta partir para hasta pública, porque se o bem vale R$ 20.000,00, ninguém vai dar R$ 100.000,00. Não há momento próprio para que seja requerido o reforço, ou eventualmente, a substituição da penhora, pode ser feito a todo tempo. 
	Com a avaliação temos a determinação dos parâmetros econômicos da expropriação. Podemos agora partir para a expropriação. 
	A expropriação, na sistemática anterior, tinha como regra a hasta pública, a alienação judicial (que alguns autores chamam de arrematação, pois o título do capítulo no CPC fala em arrematação), a adjudicação e o usufruto de imóvel ou de empresa. 
	Eu tinha como regra para a expropriação a alienação judicial. O bem penhorado, caso os embargos fossem julgados improcedentes e ainda assim n ao houvesse o pagamento, eu mandava o bem para uma hasta pública. 
	
			 praça – para bens imóveis, realizado por oficial 
 Hasta Pública designado pelo juízo ou porteiro provisório, no átrio
	(gênero) do fórum. 
 leilão – caráter residual, realizado por leiloeiro, 
					onde se encontrem os bens.
	O que era porteiro? Era um cargo que existia dentro da estrutura do judiciário para o sujeito que tinha a incumbência de realizar as praças públicas de bens imóveis. 
	O que é átrio? É pátio, entrada. Na verdade, o que se exige é que seja em local onde as pessoas passem e vejam. Para quê? Publicidade. 
	Para que o bem seja levado à hasta pública alguns requisitos devem ser observados. O artigo 686 do CPC dizia: 
“Art. 686. A arrematação será precedida de edital, que conterá:
        I - a descrição do bem penhorado com os seus característicos e, tratando-se de imóvel, a situação, as divisas e a transcrição aquisitiva ou a inscrição;
        II - o valor do bem;
        III - o lugar onde estiverem os móveis, veículos e semoventes; e, sendo direito e ação, os autos do processo, em que foram penhorados;
        IV - o dia, o lugar e a hora da praça ou do leilão;
        V - a menção da existência de ônus, bem como de recurso pendente da decisão;
        VI - a comunicação de que, se o bem não alcançar lance superior à importância da avaliação, seguir-se-á, em dia e hora que forem desde logo designados entre os dez (10) e os vinte (20) seguintes, a sua venda a quem mais der.
        § 1º No caso do art. 684, II, constará do edital o valor da última cotação anterior à expedição deste.
        § 2º A praça realizar-se-á no átrio do edifício do forum; o leilão, onde estiverem os bens, ou no lugar designado pelo juiz.
        Art. 686. A arrematação será precedida de edital, que conterá: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
   (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)��I - a descrição do bem penhorado com os seus característicos e, tratando-se de imóvel, a situação, as divisas e a transcrição aquisitiva ou a inscrição; HYPERLINK "http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1970-1979/L5925.htm" \l "art686" ��   ”
	O artigo 690 do CPC estabelecia: 
“Art. 690. A arrematação far-se-á com dinheiro à vista, ou a prazo de 3 (três) dias, mediante caução idônea.
        § 1o - É admitido a lançar todo aquele que estiver na livre administração de seus bens.
        Excetuam-se:
        I - os tutores, os curadores, os testamenteiros, os administradores, os síndicos, ou liquidantes, quanto aos bens confiados à sua guarda e responsabilidade; (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)
        II - os mandatários, quanto aos bens, de cuja administração ou alienação estejam encarregados; (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)
        III - o juiz, o escrivão, o depositário, o avaliador e o oficial de justiça. (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)
        § 2o O credor, que arrematar os bens, não está obrigado a exibir o preço; mas se o valor dos bens exceder o seu crédito, depositará, dentro em 3 (três) dias, a diferença, sob pena de desfazer-se a arrematação; caso em que os bens serão levados à praça ou ao leilão à custa do credor.”
	Esse artigo 690 do CPC foi alterado. Hoje o artigo 690 do CPC dispõe:
“Art. 690.  A arrematação far-se-á mediante o pagamento imediato do preço pelo arrematante ou, no prazo de até 15 (quinze) dias, mediante caução. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
§ 1o  Tratando-se de bem imóvel, quem estiver interessado em adquiri-lo em prestações poderá apresentar por escrito sua proposta, nuncainferior à avaliação, com oferta de pelo menos 30% (trinta por cento) à vista, sendo o restante garantido por hipoteca sobre o próprio imóvel. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
§ 2o  As propostas para aquisição em prestações, que serão juntadas aos autos, indicarão o prazo, a modalidade e as condições de pagamento do saldo. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
§ 3o  O juiz decidirá por ocasião da praça, dando o bem por arrematado pelo apresentante do melhor lanço ou proposta mais conveniente. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).
§ 4o  No caso de arrematação a prazo, os pagamentos feitos pelo arrematante pertencerão ao exeqüente até o limite de seu crédito, e os subseqüentes ao executado. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).”
	O prazo que era de 03 dias, passou para 15 dias. 
	Uma novidade interessante está no § 1º do artigo 690 do CPC, é a possibilidade, conferida por lei, de num processo de execução haver a oportunidade de termos um financiamento dessa arrematação. O arrematante paga 30% e o resto ele parcela. O Juiz avalia a proposta e vê se é viável ou não. 
	Não há determinação de que sejam ouvidos o exeqüente e o executado, mas Celso Belmiro que é temerário não ouvir os mesmos, estes devem ser ouvidos nesse caso e só depois deve o juiz decidir. 
	O edital pode ser publicado também no DO. Para que isso aconteça o que é necessário? Que o sujeito seja beneficiado com a gratuidade de justiça. Isto está no artigo 687, § 1º, que teve sua redação só adaptada a toda a nova sistemática e dispõe:
“Art. 687. O edital será afixado no local do costume e publicado, em resumo, com antecedência mínima de 5 (cinco) dias, pelo menos uma vez em jornal de ampla circulação local. (Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)
§ 1o A publicação do edital será feita no órgão oficial, quando o credor for beneficiário da justiça gratuita. (Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)”
	O artigo 692 do CPC fala:
“Art. 692. Não será aceito lanço que, em segunda praça ou leilão, ofereça preço vil. (Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)
Parágrafo único. Será suspensa a arrematação logo que o produto da alienação dos bens bastar para o pagamento do credor. (Incluído pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)”
	O que é preço vil? Na primeira hasta pública o bem só é arrematado pelo valor da avaliação. Não havendo nenhum interessado, o próprio edital já contém a informação de que se na primeira hasta pública não comparecer nenhum interessado arrematando pelo preço da avaliação, haverá uma segunda hasta pública, com data previamente designada. Nesta segunda hasta pública é possível que o bem seja arrematado por valor inferior ao valor da avaliação. 
O artigo 692 do CPC estabelece a condição para que o bem seja arrematado por valor inferior ao da avaliação, que é não ser o preço vil. O que é preço vil? A lei não diz o que é preço vil. Tem se entendido que preço vil é valor inferior a 60% da avaliação.
 Mas lembrem-se, isso não está na lei. É possível que o Juiz acate, eventualmente, uma arrematação por valor de 40% da avaliação? É. Desde que o valor apurado seja razoável. 
Se o bem é levado a hasta pública e consegue-se o valor suficiente para pagar o credor, paga-se o credor e a execução chegou ao seu final. 
E se ninguém comparece nem na primeira, nem a segunda hasta pública? Duas possibilidades surgem para o exeqüente: ele pode requerer que a penhora incida sobre outro bem e começar tudo de novo ou pode pleitear a adjudicação. 
O que acontece na adjudicação? O exeqüente fica com o bem penhorado. O exeqüente satisfaz o seu crédito com o bem penhorado. Não é mais ou menos uma espécie de dação em pagamento? Seria uma espécie de dação em pagamento dentro do processo de execução. 
A adjudicação tem dois requisitos: primeiro, hastas públicas frustradas, só chegaremos na adjudicação, na sistemática do CPC anterior, subsidiariamente, se não foi possível a alienação judicial daquele bem; segundo, requerimento do exeqüente (este não é obrigado a ficar com o bem penhorado, ficará se quiser). 
No Juizado Especial, mesmo antes da lei 11.382/06 já era diferente. Por que? Porque já se podia partir para a alienação particular do bem. 
Hoje com a alteração da lei 11.382/06, também no CPC não é regra mais a hasta pública. Primeiro vem a possibilidade de adjudicação, se não houver essa possibilidade vem a alienação por iniciativa particular, se não houver esta, aí é que se terá hasta pública. Então, o que era regra passou hoje a ser a última possibilidade. 
Importante não confundir essa adjudicação com a adjudicação compulsória. A adjudicação que estamos falando é a adjudicação executiva, a adjudicação dentro de um processo de execução. 
Se o exeqüente resolver ficar com bem, qual é o valor daquele bem? É o valor da avaliação. Portanto, se o crédito é de R$ 100.000,00 e o bem está avaliado em R$ 120.000,00, para adjudicar o credor terá que pagar R$ 20.000,00. 
Se o exeqüente está de “olho gordo” no bem penhorado e diz para o executado que se ele lhe der o bem fica satisfeito, o executado aceita. Isso é uma adjudicação? Não. O que eles fizeram foi uma transação que pôs fim à execução. 
A adjudicação é forma de expropriação. E quando falamos em expropriação, eu falo em forçada. 
Se o exeqüente está querendo ficar com o bem penhorado, o que ele pode fazer e será muito mais interessante para ele, ao invés de esperar chegar o momento da adjudicação? Ele pode arrematar o bem na segunda hasta pública e compensar com o crédito que ele tem. 
As dívidas que o imóvel tenha serão buscadas de quem? Do arrematante? Não. Por que não? Porque a arrematação não é forma originária de aquisição da propriedade. As formas originárias de aquisição da propriedade são: usucapião, desapropriação. Mas o tratamento é como se fosse uma aquisição originária. Os credores do executado vão buscar a satisfação desse crédito em cima do valor que foi pago pelo imóvel, não se busca do arrematante, que arremata o bem sem as dívidas anteriores. 
Impostos e demais dívidas do imóvel e de executado vai ser buscado pelos seus credores do dinheiro que foi pago na arrematação. Esse dinheiro que foi pago na arrematação tem um nome, preço. Os credores vão buscar a satisfação do seu crédito no preço. 
	Na adjudicação estamos na fase de expropriação, então a adjudicação é forçada, ela não depende da concordância do executado. 
	A diferença entre a transação e a adjudicação é que na primeira depende da vontade do executado, na segunda não. 
	E o usufruto executivo, ou seja, usufruto de imóvel e de empresa, o que significa? É possível que o bem penhorado gere frutos, gera rendimentos. E o credor será pago através desses frutos, desses rendimentos daquele bem penhorado. 
	O usufruto executivo está previsto no artigo 716 do CPC: 
“Art. 716.  O juiz pode conceder ao exeqüente o usufruto de móvel ou imóvel, quando o reputar menos gravoso ao executado e eficiente para o recebimento do crédito. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).”
O título da seção era do usufruto de imóvel ou de empresa. Como está colocado no CPC agora? Do usufruto de móvel ou imóvel. 
Vamos ver a redação antiga do 716 do CPC: 
“Art. 716. O juiz da execução pode conceder ao credor o usufruto de imóvel ou de empresa, quando o reputar menos gravoso ao devedor e eficiente para o recebimento da dívida.”
	Por exemplo, eu tenho um imóvel que está alugado e esse imóvel é penhorado. O que eu posso fazer nessa hipótese? O exeqüente vai sendo pago paulatinamente com os aluguéis, claro que satisfeito integralmente o crédito do exeqüente o que acontece com o usufruto executivo? São extintos o usufruto e a execução. 
	Mas apesar do nome usufruto, “isso é a cara” de um direito real de garantia em que o bem é dado em garantia e o credor vai sendo pago, é a cara da anticrese.
	O que há de diferente, qual é a diferença fundamental entre essas duas primeiras modalidades de expropriação e aúltima que é o usufruto executivo? As duas primeiras o executado perde a propriedade do bem, o bem deixa de ser dele. Na última a propriedade do bem continua sendo dele, o que ele vai perder, é durante um determinado período, os frutos, os rendimentos que esse bem gerar. 
	O usufruto pode ser determinado por qualquer tempo. Qual é o limite não há um limite objetivo, é o juiz que no caso concreto que irá verificar. A lei não diz, se vai demorar seis meses pode, se vai demorar 10 anos não pode. 
	Vamos ver o que houve de alteração, as novidades, então, na execução. 
	Inicial, mudança zero. 
	Formas, modalidades de citação do réu, diferença também zero. 
	A diferença começa em para quê o sujeito é citado. 
	Lei 11.382/2006. 
	O Juiz recebe a petição inicial, ao despachar a inicial o Juiz já fixa de plano os honorários. 
	A citação do réu é para pagar em 03 dias. Por que não é citado mais para pagar ou nomear bens à penhora? Porque a nomeação de bens à penhora não é mais um direito dele. 
	Vamos ver o artigo 652 do CPC: 
“Art. 652.  O executado será citado para, no prazo de 3 (três) dias, efetuar o pagamento da dívida. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
§ 1o  Não efetuado o pagamento, munido da segunda via do mandado, o oficial de justiça procederá de imediato à penhora de bens e a sua avaliação, lavrando-se o respectivo auto e de tais atos intimando, na mesma oportunidade, o executado. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
§ 2o  O credor poderá, na inicial da execução, indicar bens a serem penhorados (art. 655). (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
§ 3o  O juiz poderá, de ofício ou a requerimento do exeqüente, determinar, a qualquer tempo, a intimação do executado para indicar bens passíveis de penhora. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).
§ 4o  A intimação do executado far-se-á na pessoa de seu advogado; não o tendo, será intimado pessoalmente. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).
§ 5o  Se não localizar o executado para intimá-lo da penhora, o oficial certificará detalhadamente as diligências realizadas, caso em que o juiz poderá dispensar a intimação ou determinará novas diligências. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).”
	Quem procede, portanto a penhora é o oficial de justiça. Há a possibilidade do credor participar desse processo, indicando bens do devedor a serem penhorados. 
	O artigo 652-A do CPC trata da questão da fixação dos honorários. Despachando a inicial o Juiz fixará de plano os honorários a serem pagos pelo executado. 
	Então, ao não pagamento da dívida executada nos três dias arbitrados pela lei sucede a penhora. 
	Na sistemática anterior a penhora era uma condição para que o sujeito apresentasse os embargos. Essa foi a modificação mais significativa. Hoje ela não é mais. Para que serve a penhora hoje? Serve para que os embargos que o sujeito vai apresentar tenham ou não efeito suspensivo. 
	Na sistemática anterior, havendo indicação de bens à penhora pelo devedor, termo de penhora. Não havendo indicação de bens à penhora pelo devedor e o oficial proceder a penhora chamada “portas a dentro”, haverá o auto de penhora. Tudo dependia de haver ou não indicação, porque a origem era a nomeação de bens pelo executado. Isso mudou. Agora quem faz a penhora é o oficial de justiça, sendo possível a participação do credor e do executado, os parágrafos do artigo 652 do CPC tratam disso. O exeqüente já pode na inicial indicar e se não houver, se o oficial nada encontrar, o juiz intima o executado para que ele indique onde estão os bens. 
	Onde entram os embargos? Os embargos na sistemática anterior dependiam da garantia do juízo. Logo, somente após a penhora era que os embargos poderiam ser apresentados. Hoje não. Agora o sujeito é citado para pagar, juntada do mandado de citação, 15 dias para o executado apresentar os embargos. Os embargos antes tinham prazo de dez dias e eram contados da garantia do juízo, da intimação da penhora. Hoje, o sujeito para apresentar embargos não depende da garantia do juízo, pode apresentar sem garantia do juízo. O prazo para a apresentação dos embargos é de 15 dias da juntada aos autos do mandado de citação. 
	Para que servirá a penhora então? 
	Os embargos tinham automaticamente efeito suspensivo. Ou seja, recebidos os embargos pelo juízo a execução era suspensa. 
	Hoje os embargos podem ser apresentados sem a garantia do juízo, mas não têm efeito suspensivo. 
	Para que os embargos tenham efeito suspensivo, o que é necessário? É necessária a garantia do juízo. Os embargos terão efeito suspensivo se garantido o juízo.
	O artigo 738 do CPC dizia: 
“Art. 738. O devedor oferecerá os embargos no prazo de dez (10) dias, contados:
        I - da intimação da penhora (art. 669);
        Art. 738. O devedor oferecerá os embargos no prazo de 10 (dez) dias, contados: (Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)
   (Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)��I - da juntada aos autos da prova da intimação da penhora;  HYPERLINK "http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8953.htm" \l "art738" ��   (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)
   (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)��II - do termo de depósito (art. 622); HYPERLINK "http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8953.htm" \l "art738" ��   
        III - da juntada aos autos do mandado de imissão na posse, ou de busca e apreensão, na execução para a entrega de coisa (art. 625); (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006)
        IV - da juntada aos autos do mandado de citação, na execução das obrigações de fazer ou de não fazer. (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006”
		O artigo 738 do CPC em sua redação atual: 
“Art. 738.  Os embargos serão oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias, contados da data da juntada aos autos do mandado de citação. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).”
		Juntado aos autos o mandado de citação está correndo o prazo para o sujeito apresentar os embargos. Não se condiciona mais à apresentação dos embargos à garantia do juízo. Com isso conseguimos eliminar um instrumento que era muito utilizado pelo sujeito em que ele apresentava alegações sem ter que garantir o juízo, a exceção de pré-executividade. Desaparece a necessidade da exceção de pré-executividade. 
	A exceção de pré-executividade era uma forma de apresentar alegações sem ter que garantir o juízo, sem ter que ver penhorado bem seu. Os embargos atualmente não necessitam de penhora. O sujeito pode apresentar os embargos sem ter que garantir o juízo, então par quê exceção de pré-executividade? Não tenha dúvida que a finalidade do legislador foi exatamente essa, criar um sistema para eliminar a necessidade de exceção de pré-executividade. 
	Assim dispõe o artigo 739 – A do CPC: 
“Art. 739-A.  Os embargos do executado não terão efeito suspensivo. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).
§ 1o  O juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos quando, sendo relevantes seus fundamentos, o prosseguimento da execução manifestamente possa causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação, e desde que a execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).
§ 2o  A decisão relativa aos efeitos dos embargos poderá, a requerimento da parte, ser modificada ou revogada a qualquer tempo, em decisão fundamentada, cessando as circunstâncias que a motivaram. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).
§ 3o  Quando o efeito suspensivo atribuído aos embargos disser respeito apenas a parte do objeto da execução, essa prosseguirá quanto à parte restante. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).
§ 4o  A concessão de efeito suspensivo aos embargos oferecidos por um dos executados não suspenderá a execução contra os que não embargaram, quando o respectivo fundamento disser respeito exclusivamente ao embargante. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).
§ 5o  Quando o excesso de execuçãofor fundamento dos embargos, o embargante deverá declarar na petição inicial o valor que entende correto, apresentando memória do cálculo, sob pena de rejeição liminar dos embargos ou de não conhecimento desse fundamento. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).
§ 6o  A concessão de efeito suspensivo não impedirá a efetivação dos atos de penhora e de avaliação dos bens. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).”
	
	A garantia do juízo que antes era uma condição para que o sujeito pudesse apresentar embargos, hoje serve tão-somente para que os embargos tenham efeito suspensivo.

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