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Natália B. Abrahão Clínica Odontológica I Estomatologia Exame de mucosa e estruturas anexas & Lesões fundamentais 1. Instrumental 2 abaixadores de língua Gaze Tríade Materiais básicos de biossegurança 2. Características físicas do paciente 2.1. Acolhimento: Observar o caminhar do paciente, assimetrias, características anatômicas relacionadas à idade, motricidade, coloração da face, autocuidado. 2.1. Paciente deitado na cadeira: Assimetrias maxilares, assimetrias zigomáticas, desvio de septo, desvio de mandíbula para direita e esquerda e edemas. 3. Exame de mucosa 3.1. Lábios: Externamente o Definição do contorno o Vermelhão com aspecto hidratado ou ressecado o Presença de manchas brancas ou vermelhas no vermelhão o Definição do limite entre vermelhão e pele Internamente puxando os lábios o Presença de verrugas virais Natália B. Abrahão 3.2. Região jugal examinar da comissura até a região retromolar (do fundo de sulco alveolar superior até o inferior) 3.3. Cavidade bucal propriamente dita: Pedir para que o paciente remova próteses Examinar a mucosa em busca de anomalias Verificar a coloração da mucosa Pacientes edêntulos podem ter uma migração da papila incisiva devido ao processo de reabsorção óssea Buscar a presença de lesões (alteração de cor ou volume) Analisar se o palato mole movimenta de forma normal pedir para que o paciente diga “ah” ou “ih” 3.4. Língua: Diagnosticar e instruir quanto a situações como língua geográfica ou língua fissurada Com uma gaze, tracionar a língua para examinar os bordos, a ponta e o ventre. Varicosidades são extremamente comuns em pacientes que sofrem de hipertensão, caso o paciente não tenha relatado, aferir a pressão, pois pode se tratar de um hipertenso não diagnosticado. 3.5. Palpação: Massagear com os dedos o lábio a procura de nódulos Examinar a mucosa jugal com os dedos e outra mão apoiando na parte externa de sulco a sulco a procura de nódulos LINHA ALBA PAPILA DO DUCTO PAROTÍDEO Natália B. Abrahão Passar o dedo no fundo de sulco vestibular, na face lingual da mandíbula (verificar tórus) e no palato duro No assoalho de boca, passar o dedo da porção mais posterior para a mais anterior, com a mão apoiada na mandíbula do paciente 4. Palpação de linfonodos Paciente em 90º, relaxado Usar os dedos para afastar o músculo e sentir a cadeia cervical O paciente não pode nunca estar recostado ou deitado 4.1. Linfonodo cervical Cabeça para o lado oposto ao ser examinado Referência: músculo esternocleidomastoideo Iniciar pela clavícula e ascender Linfonodos inflamados indicam infecção avançada 4.2. Linfonodo submandibular Cabeça para o lado a ser examinado e para frente 5. Lesões fundamentais Mancha ou Mácula: Modificação na coloração da mucosa, não havendo aumento de volume ou depressão. Placa: Lesão onde há uma elevação da superfície em relação ao tecido normal, sua altura é menor que sua extensão. Pode possuir uma superfície lisa, rugosa, verrucosa ou ondulada. Erosão: Caracterizada pela perda de camadas do tecido epitelial sem que haja a exposição do tecido conjuntivo subjacente. Natália B. Abrahão Úlcera (lesão crônica) ou ulceração (lesão aguda): caracterizadas pela perda de camadas do tecido epitelial havendo exposição do tecido conjuntivo subjacente. As úlceras são lesões de caráter crônico, persistem por mais tempo. Vesícula ou Bolha: São caracterizadas por uma elevação do epitélio, contendo líquido em seu interior. Vesículas e bolhas diferenciam-se apenas pelo tamanho. Vesículas são lesões que não ultrapassem 3mm no seu maior diâmetro Bolhas são lesões que ultrapassam 3mm no seu maior diâmetro Pápula: Lesões de pequeno tamanho, sólidas, circunscritas e elevadas, cujo diâmetro não ultrapasse 5mm. Podem ser únicas ou múltiplas. Nódulo: São lesões sólidas, circunscritas de localização superficial ou profunda, formado por tecido epitelial, conjuntivo ou misto. Podem ser sésseis, quando sua base de implantação for maior que sua altura, ou pediculado, quando sua altura é maior. 6. Descrição de lesões a) Lesão fundamental b) Localização anatômica c) Tamanho (mm ou cm) d) Inserção Séssil Pediculada e) Cor f) Base Endurecida Não endurecida g) Superfície A ulceração pode ser primária ou secundária (quando outra lesão transforma-se em uma ulceração). Natália B. Abrahão Lisa Verrucosa (couve-flor) Ulcerada Com hiperceratose h) Quantidade de lesões i) Consistência Elástica – como a mucosa labial Dura-elástica ou borrachóide – como borracha Dura – como osso j) Sensibilidade à palpação k) Tempo de evolução Natália B. Abrahão Clínica Odontológica I Periodontia Diagnóstico em Periodontia 1. Instrumental para exames Espelho Pinça Sonda exploradora Sonda periodontal milimetrada secção circular Sonda de Nabers 2. Parâmetros relacionados à placa supragengival 2.1. Índice de Placa Visível (IPV) não precisa ser conferido por professor Determina a presença e a distribuição da placa supragengival no momento do exame Normalmente, representa a melhor condição de higiene que o paciente alcança Para a cariologia, os dados de “placa não visível” também são relevantes, principalmente em pacientes consumidores de carboidratos fermentados. Índice de Silness y Löe: 0 = sem placa ao passar a sonda na margem gengival 1 = placa que não era visível aparece ao sondar a margem gengival 2 = ao secar a área, é visível placa na margem gengival 3 = ao secar a área, é visível grande quantidade de placa Cálculo Silness y Löe: somar todos os valores e dividir pelo número total de superfícies o resultado será um valor entre 0 e 3 Cálculo de IPV: somar as superfícies que tenham placa 2 ou 3, dividir pelo número total de superfícies e multiplicar por 100 o resultado será um valor entre 0 e 100% Natália B. Abrahão 2.2. Índice de Sangramento Gengival (ISG) não precisa ser conferido por professor Demonstra o verdadeiro hábito de higiene do paciente Determina situação de saúde ou doença Qualquer sítio que apresente sangramento da margem gengival representa situação de gengivite Pacientes fumantes, pela vasocontrição periférica provocada pelo tabaco na gengiva, apresentará menos sangramento. Correr a sonda nos dentes e verificar presença ou ausência de sangramento da margem gengival sem causar sensação dolorosa 0 = sem sangramento 1 = com sangramento 2.3. Determinação dos fatores retentivos de placa deve ser conferido por professor Não são fatores etiológicos da gengivite, mas permitem um maior acúmulo de biofilme. * cálculo em superfície oclusal ou em cavidades de cárie não serão removidos 3. Parâmetros relacionados à placa subgengival 3.1. Medida da profundidade de sondagem: Normalmente, quando o dente extrui o paciente está com gengivite ativa Inserir a sonda, anotando o pior valor Indica o grau de inflamação, ou seja, se um paciente tem uma diminuição nos valores de profundidade de sondagem indica uma diminuição da inflamação Não existe um valor “normal” para este exame, a diferença é se há sangramento (bolsa gengival) ou não há sangramento (sulco gengival) 3.2. Presença de exsudato subgengival: Ao examinar a profundidade de sondagem, verificar a presença de exsudato sob a forma de sangramento ou supuração fazer marcação nas grades do exame Natália B. Abrahão 3.3. Medida do nível de inserção clínica: Não serão medidos valores, apenas se houve ou não perda de inserção clínica Se for possível enxergar ou sentir com a sonda a junção amelocementária, pode-se afirmar que houve perda de inserção clínica 3.4. Exames de furca 4. Exames complementaresser empregado com PQM incompleto (se liga a proteínas do canal, grudando nas paredes e impedindo que o medicamento se difunda) Fases do tratamento: PQM completo Obturar em um tempo curto entre sessões (tempo de ação rápida) Aplicação: a) Molhar no medicamento um cone de papel compatível com o calibre do instrumento memória, calibrado 2mm aquém do CT b) Levar o cone no interior do canal radicular, pincelando nas paredes do canal c) Colocar bolinha de algodão estéril úmida com medicamento na entrada do canal d) Selamento provisório (cavit + CIV) Natália B. Abrahão Pasta de hidróxido de cálcio ou Pasta de hidróxido de cálcio associada ao PMCC (potencializar a ação antibacteriana): Propriedades: Ação bactericida contra bactérias aeróbicas, facultativas e anaeróbias (pH alcalino torna o ambiente incompatível para a sobrevivência) Neutraliza endotoxinas, pois quebra ligação moleculares do LPS, inativando-o Fases do tratamento: PQM completo (ação por contato direto) Tempo de efeito: Permanecer por no mínimo 14 dias Aplicação: a) Manipular a pasta (pó de hidróxido de cálcio + propileno glicol/ soro fisiológico/ água destilada + radiopatizante) para que fique com consistência semelhante a pasta de dente b) Molhar a ponta do instrumento memória na pasta c) Levar no canal e remover no sentido anti-horário (repetir o processo muitas vezes) d) Compactar a pasta e) Radiografar para avaliar f) Selamento provisório a) Manipular a pasta (pó de hidróxido de cálcio + propileno glicol/ soro fisiológico/ água destilada + radiopatizante) para que fique com consistência semelhante a pasta de dente b) Conferir se o Mcspadden/Lentulo está girando no sentido horário (sentido de corte) com o auxílio de uma gaze estéril c) Colocar pasta na ponta do instrumento rotatório d) Inserir no canal 1-2mm aquém do CT, voltando raspando nas paredes do canal e) Compactar com bolinha de algodão estéril f) Radiografar para avaliar g) Selamento provisório Instrumento memória Instrumento rotatório Natália B. Abrahão a) Colocar a agulha e o tubete de glicerina (lubrificar) na seringa b) Calibrar no CT-1 c) Pré-curvar a agulha d) Passar a glicerina até observar que está pingando glicerina e) Substituir o tubete de glicerina pelo tubete de pasta Callen f) Rosquear o êmbulo até sentir resistência g) Entrar com a seringa no canal sem tocar nas paredes h) Deixar a agulha parada no canal até observar o refluxo da pasta na câmara pulpar i) Remover a seringa lentamente j) Compactar com bolinha de algodão estéril k) Radiografar para avaliar l) Selamento provisório 5. Remoção do selamento provisório a) Anestesia b) Isolamento absoluto c) Remover o material provisório com alta rotação e irrigação (na câmara) d) Remover a bolinha de algodão e) Instrumentar o canal e irrigar para remover o material do canal Biopulpectomia Necrose pulpar e Retratamento Abertura coronária Otosporin Tricresol formalina PQM incompleto Otosporin * PQM completo Otosporin ou Pasta de Hidróxido de cálcio PMCC ou Pasta de Hidróxido de cálcio Seringa ML com agulha longa (pasta callen) Canal dilatado até no mínimo lima nº 25 Pasta de hidróxido de cálcio Canal ainda não dilatado até lima nº 25 Tricresol formalina Natália B. Abrahão Clínica Odontológica I Prótese fixa Tratamento reabilitador 1. Plano de tratamento Visa estabelecer todos os procedimentos a serem realizados na boca do paciente com o objetivo da recuperação da função, estética e saúde. 1.1. Fase curativa: Urgências Periodontia clínica e cirúrgica Cirurgia Endodontia Dentística Ortodontia 1.2. Fase Protética: Escolha do tipo de prótese Alterações de contornos, desgastes seletivos e ameloplastias (oclusão) Seleção do tipo de material da prótese fixa Seleção do tipo de preparo Sessões para confecção Fases para o Planejamento Protético Entrevista dialogada Exames Intra e extra bucais Exame radiográfico Modelos de estudo Diagnóstico, prognóstico e plano de tratamento integrados Apresentação do planejamento ao professor e ao paciente Ter em mãos os elementos para elaboração do planejamento Escolher o tipo de prótese (indicação das próteses) Planejar regularizações da oclusão (Altercações de contornos, desgastes seletivos e ameloplastias) Verificar condições dos dentes que receberão a prótese (pilar) Natália B. Abrahão Selecionar o material da prótese Selecionar o tipo de preparo (término, altura) Apresentar o orçamento para o paciente 2. Tipos de prótese 2.1. Prótese fixa: Grandes perdas de estruturas - cárie/restauração Dentes tratados endodonticamente de modo satisfatório Fraturas coronárias Alterações de cor Malformações Diastemas Pilares de prótese com destruição extensa Fatores determinantes: Integridade, forma e inclinação da coroa e da raiz Proporção coroa raiz pelo menos 1:1 Cárie, suporte periodontal, tratamento endodôntico Relação oclusal - Relação maxilo-mandibular Número e distribuição dos dentes no arco Custo, higiene, perfil do paciente Planejamento das sessões: a) Preparo + confecção do provisório b) Moldagem (vazar gesso e enviar para o protético) c) Prova do coping metálico + moldagem de relocalização + escolha da cor + tomada do arco facial + relação maxilo-mandibular (montagem em articulador e enviar para o protético) d) Prova da cerâmica (enviar para o protético para glazeio) Pinos de fibra de vidro são indicados em casos em que haja mais de 2mm de remanescente dentinário em toda a volta do núcleo, para que haja dissipação de cargas. Natália B. Abrahão e) Prova do glazeio + cimentação definitiva com cimento resinoso ou fosfato de zinco f) Proservação 2.2. Prótese parcial fixa 2.3. Prótese parcial removível: Área edêntula extensa Ausência de pilar posterior ao espaço edêntulo Remanescentes com suporte periodontal reduzido Rebordo residual com perda óssea excessiva Pacientes com dificuldades financeiras Necessidade imediata de repor dentes extraídos (provisória) 2.4. Prótese total 2.5. Prótese sobre implantes Região de pré-molar a molar não é favorável para a colocação de implantes, devido ao seio maxilar, que começa a invadir a região antes ocupada pelos dentes. 3. Regularização da oclusão 3.1. Dentes inclinados: Cuidar ao preparar o dente, pois a câmara pulpar acompanha a inclinação do dente Muitas vezes serão feitos desgastes compensatórios 3.2. Dentes extruídos: Pode ser necessário desgaste do dente antagonista (túbulos de dentina não podem ficar expostos, deve ser colocada uma camada fina de resina para não desenvolver problema de sensibilidade) Pode ser necessário tratamento endodôntico, exodontia ou cirurgia ortognática, em casos extremos Natália B. Abrahão 3.3. Dentes intruídos: Restaurações de amálgama, resina ou prótese unitária 3.4. Curva de spee: Naturalidade do sorriso 3.5. Perda de DVO: Em alguns casos, é necessário o uso de uma prótese parcial removível provisória (com grampos dobráveis) para retomar o espaço adequado Alto índice de mordida de língua logo após colocação de próteses Teste fonético para avaliar a capacidade de fala do paciente com o novo valor de dimensão 4. Remoção de núcleo metálico 4.1. Uso de ultrassom Trabalhar com a ponta do ultrassom na linha de cimentação entre o núcleo e o dente desgastar um pouquinho do dente com a ponta lanceolada para que apareça essa linha de cimentação Dentes posteriores – selamento provisório Dentes anteriores – coroa provisória com núcleo de retençãoNatália B. Abrahão Clínica Odontológica I Periodontia Plano de tratamento em Periodontia 1. Uso de antibióticos Estudos comprovam que pacientes tratados com antibióticos tendem sofrer recidiva da microbiota associada à periodontite, a não ser que haja prevenção adequada da reacumulação do biofilme supragengival, através de um esforço pessoal dos auto-cuidados para controle do biofilme supra, manutenção periódica profissional ou ambos. 2. Benefícios do tratamento supragengival Redução da perda dentária após terapia periodontal Influências sobre o biofilme subgengival Redução da expressão inflamatória subgengival Estabilidade da inserção ao longo do tempo Redução dos custos da terapia periodontal especializada Melhora na qualidade de vida 3. Objetivos do tratamento supragengival Discriminar o sangramento supra do sub Confere uma maior garantia de controle de saúde pelo paciente para realizar o tratamento sub, favorecendo na manutenção A frequência de manutenção dependerá do comportamento de saúde do paciente 4. Fatores que determinam o número de consultas para tratamento da gengivite Fatores psicomotores do paciente Fatores afetivos Fatores cognitivos Necessidade de acompanhamento temporal Natália B. Abrahão 5. Estratégias de tratamento de gengivite Deplacagem profissional: realizada com curetas, na área selecionada para o tratamento. Objetiva remover placa e qualquer formação mineral que não tenha sido visualizada durante o exame de superfície dentária Deplacagem: realizada com escova de dentes em toda a boca, com o objetivo de remover biofilme dental. Pode ser necessária para realizar exames de superfície dentária preventivamente à aplicação tópica de flúor para servir como motivação. Área com muito cálculo RAP + instrução de higiene Áreas sem cálculo visível Deplacagem profissional com curetas para remover placa e qualquer conteúdo mineralizado Áreas que não estão em tratamento naquela sessão Deplacagem sem curetas (escova de dente; escova robbinson) Consulta 1 – área 1: a) Deplacagem profissional com curetas ou RAP na área 1 b) Polimento com taça de borracha e tiras de lixa nas proximais na área 1 c) Instrução de higiene na área 1 com escova de dente Consulta 2 – área 2: a) Avaliação da área 1 (IPV e ISG) b) Deplacagem profissional com curetas ou RAP na área 2 c) Polimento com taça de borracha e tiras de lixa nas proximais na área 2 d) Instrução de higiene na área 2 com escova de dente Consulta 3 – área 3: a) Avaliação da área 1 e 2 (IPV e ISG) b) Deplacagem profissional com curetas ou RAP na área 3 c) Polimento com taça de borracha e tiras de lixa nas proximais na área 3 d) Instrução de higiene na área 3 com escova de dente Quando ao avaliar o tratamento realizado, todos os dentes forem contemplados no exame de IPV e ISG (ou seja, todos os dentes já receberam tratamento supragengival), teremos o chamado exame intermediário. A partir destes dados, será determinado se é possível avançar para o tratamento periodontal ou se o paciente ainda não está curado da gengivite. Se ao realizar o ISG, sentir a presença de cálculo, este interfere no ambiente supragengival e deve ser removido. Se for possível ver cálculo, mas este não é sentido no ISG, significa que o cálculo não interfere no ambiente supragengival, não atuando como fatores retentivo de BF, portanto não precisa ser removido. Natália B. Abrahão O alisamento serve como garantia de que a área foi bem instrumentada, logo se surgirem novos focos de cálculo, poderemos pensar em problemas sistêmicos que levaram a não cicatrização. 5. Estratégias de tratamento de periodontite RASUB com curetas e limas – sempre com anestesia IPV e ISG para controle da situação supragengival a cada 15 dias Cerca de 30–60 (problemas sistêmicos/má higiene) dias depois de ter finalizado a RASUB de toda a boca, reavaliar e se necessário reinstrumentar. Esse tempo é necessário para que o tecido possa cicatrizar de maneira adequada, garantindo uma boa avaliação. Quanto maior a perda de inserção, maior será a regressão durante o tratamento. Em casos de valores pequenos, nota-se poucas alterações. Natália B. Abrahão Clínica Odontológica I Periodontia Controle do biofilme supragengival 1. Tratamento da gengivite Controle mecânico Controle químico Associação de controle mecânico e químico 1.1. Objetivo geral: Possibilitar ao paciente um adequado autocontrole do biofilme supragengival e torná-lo compatível com saúde. 1.2. Objetivos específicos: Diferenciar sangramento gengival de sangramento periodontal, facilitar a RASUB e evitar a reinfecção subgengival. 2. Atitudes do profissional 2.1. Remoção dos fatores retentivos de placa: Criar ambiente para que o paciente possa executar as medidas de controle. Remoção do cálculo supragengival: Cálculo dental: depósitos mineralizados de placa que se depositam na superfície do dente pela própria ação da saliva, que contém íons. São áreas extremamente porosas e irregulares que favorecem a adesão do biofilme sobre esta estrutura. Instrumental necessário: Odontoscópio Pinça clínica Sonda periodontal Sonda exploradora Binômio paciente-profissional: Tanto o paciente, quanto o profissional são responsáveis pelo tratamento. Natália B. Abrahão Curetas Gracey 1-2 ou 3-4 (dentes anteriores), 11-12 (M de dentes posteriores) e 13-14 (D de dentes posteriores). Pedra de afiação Material de polimento Técnica: a) Isolamento relativo da área a ser tratada b) Secar a superfície e identificar os depósitos de cálculo de maneira visual ou tátil (usando a sonda periodontal) c) Movimento de raspagem (baixa frequência e alta amplitude) a partir da base do cálculo d) Movimento de alisamento (alta frequência e baixa amplitude) para remover riscos que o próprio profissional pode ter criado ao fazer a raspagem e) Polimento com taça de borracha ou escova de Robinson f) Avaliar a região interproximal com fio dental, podendo ser utilizada tiras de lixa em S Restauração/ Selamento de cavidades de cárie Adaptação dos bordos de restauração e de próteses Degrau negativo preencher com resina ou CIV ou IRM Degrau positivo remover com tiras de lixa ou pontas diamantadas de acabamento ou curetas Remoção de restos radiculares Remoção de excesso gengival Alguns medicamentos podem causar o aumento do tecido gengival, permitindo um grande acúmulo de biofilme. 2.2. Orientação de higiene bucal Encontrar o que motiva o paciente (canal de comunicação paciente- profissional) Considerar aspectos afetivos (perfil psicológico) Considerar aspectos cognitivos (grau de conhecimento prévio, escolaridade, idade) Natália B. Abrahão Informar noções de etiopatogenia com linguagem adequada para o paciente Considerar aspectos psicomotores (referente ao treinamento do uso de instrumental adequado; avaliar como o paciente consegue absorver a informação) Orientação de higiene bucal deve ser realizada somente quando o paciente tiver condições de realizar eficientemente o auto-cuidado Respeitar a área trabalhada Dosar a quantidade de informação dada Exigir de acordo com a capacidade do aprendiz Minimizar a quantidade de instrumentos Checar como a informação está sendo absorvida breve entrevista 2.3. Deplacagem profissional paciente não pode sair da consulta com biofilme visível Objetivo: Remoção o mais perfeita possível de toda a placa bacteriana supragengival clinicamente detectável nas superfícies livres e proximais Instrumentos: Escova de dentes, fio dental, escova interdental, etc. A deplacagem profissional será realizada sempre ao término da consulta quando houver presença de biofilme. 3. Recursos para faces livres 3.1. Escova de dente: Manuais Elétricas - agridem menos tecidos duros e moles Sônicas/ iônicas – não permitem a troca da cabeça ou da pilha Orientação inicial: realizada ao término da consulta, com o objetivo de que o paciente repita aquilo que foi demonstrado. Reforço positivo: realizada nas consultas subjacentes Correção de falhas: realizada no final Natália B. Abrahão Multicerdas: Tamanho da cabeça e do cabo proporcionais às características do paciente Sempre optar por cerdas macias Técnica de escovação deve contemplar necessidades individuais, removendo o máximo possível de placa e causando o mínimo possível de traumatismo. Estabelecer sistemática de escovação, de modo que todas as áreas sejam limpas Em pacientes com hábito de escovação traumática, optar por iniciar nas faces oclusais. Unitufo/ Bitufo: Indicada para áreas onde a escova multicerdas não alcança (ex.: abaixo de pônticos, áreas de exposição de furca, áreas com recessão gengival, região de braquetes de aparelhos ortodônticos, superfícies mesiais e distais de dentes isolados, dentes com apinhamento) 4. Recursos para faces proximais 4.1. Fio dental: Indicado em casos em que a papila interdental preenche todo o espaço interproximal 4.2. Escova interdental: O tamanho da escova deve ser prescrito ao paciente Existem várias opções de tamanho e formato disponíveis no mercado 4.3. Palito dental: Deve ter formato triangular Cunhas podem ser usadas com essa finalidade Natália B. Abrahão Clínica Odontológica I Periodontia Controle químico do ambiente supragengival 1. Importância do controle do biofilme Mandatório para o tratamento de cárie dental, principalmente em lesões radiculares Fundamental no tratamento das doenças periodontais Fundamental em casos com necessidade de reabilitação com implantes 2. Indicação do controle químico 3. Propriedades do biofilme Colônias bacterianas conseguem comunicar-se entre si, fazendo com que ocorra uma proteção mútua entre as camadas. Portanto, ao expor as camadas mais superficiais a algum produto nocivo, as bactérias das camadas profundas produzem resposta proliferativa. 4. Atributos de um agente químico no controle do biofilme Segurança Deve ser testado em animais antes de sua utilização clínica Eficácia Deve mostrar-se eficaz in vitro contra bactérias da cavidade bucal Estabilidade Deve ser estável em temperatura ambiente por um período considerável, além de ser estável a variações de temperatura Substantividade Capacidade de o produto permanecer presente e ativo na cavidade bucal Efeitos adversos mínimos Indicações para uso como coadjuvantes: - Pacientes com dificuldades de controle de placa; - Pacientes em tratamento ortodôntico; - Pacientes em tratamento para colocação de implantes; - Pacientes em tratamento da fase ativa da doença periodontal; - Pacientes com dificuldade de destreza manual; - Pacientes não motivados. Indicações para uso como substitutivo: - Processos agudos do periodonto; - Pacientes com deficiências físicas importantes; - Pós-operatórios; - Pacientes com contenção/bloqueio mandibular. Natália B. Abrahão 5. Veículos disponíveis de agentes químicos Solução Dentifrício Gel Palitos 6. Agentes químicos para controle como substitutivo 6.1. Clorexidina 0,12%: Mecanismo de ação: Em superfícies livres de biofilme, por ser uma molécula dicatiônica (duas cargas positivas), uma das cargas positivas se liga a carga negativa da camada superficial película adquirida, inativando essa carga positiva. A outra carga positiva fica livre para se ligar as bactérias que tentam se agregar a superfície, interferindo em todo o mecanismo de adesão bacteriano sobre a superfície dental. Em superfícies com biofilme, a clorexidina atua como bacteriostática em baixas concentrações e como bactericida em altas concentrações. Atuando aderindo-se a superfície bacteriana, atuando na membrana celular precipitando todo o material do citoplasma da bactéria. Baixa toxicidade Amplo espectro de atuação Reduz em 80 a 90% os microrganismos presentes na saliva Reduz a formação de biofilme em aproximadamente 50% Reduz a gengivite em aproximadamente 45% Efeitos adversos: Alteração de paladar Causa pigmentação (inclusive em restauração) Favorece a formação de cálculo Ocorre diminuição do efeito da clorexidina em superfícies com biofilme maduro. Portanto, ao prescrever o produto para o paciente, o CD deve garantir que o paciente sai da consulta sem biofilme visível. Controle químico localizado com gel de clorexidina 1% manipulado: Paciente com dificuldade de higienizar determinado dente ou determinada área, mas com bom controle de biofilme nas demais áreas, aplica o gel com cotonete ou escova unitufo deixando o gel atuar na região desejada. Desta maneira não há alteração de paladar e ocorre diminuição dos efeitos de pigmentação. Prescrição: Clorexidina 0,2% ------ 10mL Clorexidina 0,12% ---- 15mL Bochechar por 1min de 12/12h; Não diluir; Não engolir. Gel 1% --- 30g Aplicar 1x ao dia. Natália B. Abrahão 7. Agentes químicos para controle como coadjuvante 7.1. Óleos essenciais Listerine Frequentemente diluídos em álcool, mas existem formulações sem álcool; Não deve ficar ao alcance de crianças; Apresenta menor substantividade em relação à clorexidina (fabricante recomenda 12/12h) Mecanismo de ação: Rompimento da parede celular das bactérias e inibição da atividade enzimática, interferindo na adesão bacteriana ao dente e diminuindo a multiplicação bacteriana. Eficácia clínica: Existe favorecimento da diminuição da placa bacteriana no grupo que bochechou óleos essenciais quando comparado ao grupo controle (placebo); Existe favorecimento da diminuição de gengivite no grupo que bochechou óleos essenciais quando comparado ao grupo controle (placebo); Os estudos são bastante heterogêneos (metodologias distintas), o que dificulta a comparabilidade; Menor eficácia quando comparado à clorexidina. Efeitos adversos: Gosto desagradável; Sensação de queimação. 7.2. Compostos quaternários de amônia Colgate Plax e Cepacol A maioria dos produtos amplamente disponíveis no mercado apresenta como representante deste grupo o CPC (Cloreto de Cetilpiridínio); Apresenta diferentes concentrações de CPC; Baixa substantividade (em torno de 3 ou 4h) Mecanismo de ação: Rompe a parede celular bacteriana e por ser uma molécula monocatiônica deve estar praticamente o tempo todo disponível para que tenha atividade; Eficácia clínica: Efeito significativo, porém pequeno, sob o biofilme e a gengivite; A grande heterogeneidade entre os estudos impede conclusões definitivas Não existe literatura que comprove que o aumento do câncer está relacionado ao uso de antissépticos com álcool, mas mesmo assim a indústria está retirando o álcool de seus produtos. Natália B. Abrahão Efeitos adversos: Aumenta a formação de cálculo Causa pigmentação de estruturas Sensação de redução do fluxo salivar e descamação de mucosa Erosão de mucosa 7.3. Triclosan Colgate total 12 e Prevent Não catiônico (não apresenta carga), por isso não apresenta substantividade, a indústria incorporou outro composto para agregar substantividade (copolímero); Ação antibacteriana relativamente pequena Ação anti-inflamatória bem importante Mecanismo de ação: Aumenta a permeabilidade da parede celular (antibacteriano) e inibe mediadores de inflamação como COX1 e COX2 (anti- inflamatório) Eficácia clínica: Redução de biofilme em aproximadamente 45% Redução de gengivite em aproximadamente 25% Em 100 pacientes tratados, 1 tem efeito na periodontite, o que faz com que o produto não seja indicadopara o tratamento de periodontite. Não existem efeitos adversos reportados na literatura Não é facilmente degradado no meio ambiente 7.4. Fluoreto de estanho Oral-B Pró-saúde Concentração 0,4% Efeito antimicrobiano e pouco efeito anti-inflamatório Baixa estabilidade, pois sofre hidrólise Não apresenta substantividade naturalmente, a industria incorporou ao produto moléculas com essa finalidade Mecanismo de ação: interfere no transporte bacteriano e em todo mecanismo de respiração bacteriana, o que reduz seu metabolismo. Eficácia clínica: Existe favorecimento do produto na diminuição da placa bacteriana Existe favorecimento do produto na diminuição da gengivite Não é facilmente degradado no meio ambiente, por isso, a indústria já retirou o produto de colutórios. Natália B. Abrahão Efeitos adversos: Pigmentação escura dos dentes Gosto ruim Sensação de redução do fluxo salivar e descamação de mucosa 7.5. Outros produtos: Malvatricin, Flogoral, Água oxigenada, Própolis, etc. Não há literatura que suporte o uso destes produtos 8. Considerações finais Novos produtos exigem embasamento científico para que possam ser indicados de maneira segura. Como cirurgiões dentistas, é preciso estar sempre atualizados sobre os produtos disponíveis no mercado, sobre seus efeitos clínicos, composição e efeitos adversos, formulando um posicionamento crítico. Clorexidina como agente substitutivo Óleos essenciais em colutórios Triclosan e Fluoreto de estanho em dentifrícios Natália B. Abrahão Clínica Odontológica I Endodontia Isolamento absoluto em endodontia 1. Princípios do isolamento absoluto Manter o campo isolado e seco (livre de saliva e sangue) Dentística: interfere na adesão do material restaurador ao substrato Endodontia: conteúdo pode entrar na câmara coronária, atingir os canais e contaminar o canal que não estava contaminado (polpa viva) ou até mesmo levar outros tipos de microrganismos que não estavam presentes na polpa contaminada. 2. Vantagens em relação ao isolamento relativo Afastamento de tecidos moles, proporcionando uma melhor visualização da câmara coronária e dos canais durante o tratamento endodôntico Ganho de tempo (não é preciso trocar os roletes de algodão ou reposicionar o sugador) Melhor controle sob o campo, deixando-o limpo e seco Protege os tecidos moles do hipoclorito e até mesmo de instrumentais (forma primeira barreira) Manutenção da assepsia Previne aspiração ou deglutição de instrumentos, soluções irrigadoras ou qualquer outro tipo de material 3. Indicação de isolamento relativo Exames clínicos de rotina; Restaurações provisórias com cavit ou CIV; Casos com extensas lesões de cárie cervical; Casos onde não é possível isolar absoluto; Teste de sensibilidade pulpar; Paciente com abcesso apical agudo (é feita ordenha para que o pus drene via canal) Indicação do uso de isolamento absoluto em endodontia: SEMPRE! Teste de sensibilidade pulpar: Bolinha de algodão com Endo-ice é colocada na superfície vestibular (terço médio/cervical) de um dente vizinho ao dente suspeito e depois no dente que se quer testar. - Dor curta: dente vital - Dor prolongada: dente vital com inflamação - Ausência de sensibilidade: dente necrosado Natália B. Abrahão 4. Em que momento isolar o dente? Isolamento antes da abertura: Perde-se a referência da inclinação do dente, correndo o risco de não seguir o longo-eixo de dente ao realizar a abertura, gerando perfurações. Isolamento depois da abertura: Corre-se o risco de contaminar o canal que antes tinha polpa viva e livre de contaminação. 5. Procedimentos prévios ao isolamento Assepsia da cavidade bucal Remoção de cálculo Remoção de restaurações defeituosas Verificação de pontos de contato que possam impedir o isolamento absoluto (fio dental ou tiras de polimento) Remoção de tecido cariado 6. Instrumentais Lençol de borracha Pinça perfuradora do lençol de borracha Pinça porta-grampo Arco de osby Grampos (preferencialmente com asa) testar qual se adapta melhor ao colo dentário, sem exercer pressão exacerbada. 200 - 205 Molares 206 -209 Pré-molares 210 e 211 Caninos e incisivos 2012, 2012l e 2012R Retração de tecido gengival W8A e 26 Coroas curtas e expulsivas 14 e 14A Molares (coroa comprometida) 7. Técnicas de posicionamento Posicionar grampo + lençol + arco ao mesmo tempo Posicionar primeiro o grampo e depois lençol + arco Isolamento será feito depois de realizada a forma de contorno ou até mesmo ao atingir a câmara coronária, já que a polpa tem condições de defender-se. Perfurar no quadrante que será trabalhado, sempre próximo a região central do lençol. Natália B. Abrahão Posicionar primeiro lençol+arco e depois o grampo (usado em dentes isolados no arco) Top dam: Resina fotopolimerizavel utilizada como barreira gengival, podendo ser utilizada para ajudar no vedamento do isolamento absoluto. Pode ser colocado também super- bonder com o auxílio de um micro-brush, a área deve estar seca e após a aplicação é preciso dar mais um jato de ar para evaporar o solvente. O excesso de cola pode ser retirado com pinça clínica. Natália B. Abrahão Clínica Odontológica I Endodontia Retratamento endodôntico 1. Fases clínicas da endodontia Diagnóstico Preparo do dente Prognóstico: proservação periódica é necessária para definir sucesso ou insucesso do caso e se há necessidade de reintervir. Mínimo 6 meses: radiograficamente é possível avaliar se uma lesão periapical está começando a regredir; Máximo 4 anos: radiograficamente lesões periapicais devem ter regredido por completo. 2. Critérios de sucesso no tratamento endodôntico 2.1. Clinicamente: Paciente não deve relatar nenhuma sensibilidade dolorosa no dente tratado Paciente não deve estar com presença de edema na região do dente tratado Se houver presença de fistula antes do tratamento, ela deve regredir após o dente ter sido tratado; Não deve haver perda de função Não podem existir evidências de destruição tecidual 2.2. Radiograficamente: Ausência ou reparo de lesão periapical Uniformidade do espaço do ligamento periodontal Lâmina dura apresenta-se de forma continua Ausência de reabsorção apical Dentes tratados que ficaram abertos por mais de 3 meses podem ter indicação de retratamento, é necessário avaliar radiograficamente e clinicamente o caso. Bactérias presentes na necrose: gram + e – e anaeróbias estritas Bactérias presentes no retratamento: gram +, principalmente Enterococcus faecalis (biofilme difícil de desintegrar) Natália B. Abrahão 3. Causas de insucesso no tratamento endodôntico Erro de diagnóstico Erros na abertura coronária Erros no PQM Erros no selamento tanto entre sessões como no final do tratamento 4. Critérios para retratamento Tempo de tratamento 6 meses – 4 anos Qualidade do tratamento Comprimento adequado Massa obturadora homogênea Sintomatologia dolorosa atual e pregressa Plano de tratamento Restauração direta permite acompanhamento Núcleo e coroa é mais vantajoso garantir que o tratamento esteja adequado retratar Critérios filosóficos: Onde foi feito o tratamento Limitações do profissional e do paciente 5. Técnica de retratamento Remoção da guta-percha removido com solventes e instrumentos manuais ou rotatórios Remoção do cimento removido gradualmente ao longo do PQM 5.1. Solventes: Clorofórmio e Xilol: não são utilizados atualmente por seu potencial cancerígeno, sendo muito agressivo aos tecidos periapicais. Eucaliptol (óleo de eucalipto) Citrol (óleo de casca de laranja): único que ajuda a dissolver cimento de óxido dezinco e eugenol (quando o É muito importante discutir o caso com o paciente, deixando-o ciente sobre os problemas do tratamento endodôntico anterior (fraturas de instrumento, perfurações, extravasamento, etc). Em casos de canais obturados apenas com cimentos endodônticos, utiliza-se instrumentos cortantes (trépanos), confeccionados com discos de carborundum. Para evitar desvios, é importante radiografar a cada 1 ou 2mm de avanço. Ao atingir o terço apical, o ideal é que a desobturação seja feita apenas com instrumentos, devido ao alto poder irritante dos solventes aos tecidos periapicais. Natália B. Abrahão canal é obturado apenas com cimento) 5.2. Protocolo técnico: a) Isolamento b) Abertura coronária c) Irrigação com hipoclorito de sódio d) Pingar solvente na câmara pulpar com o auxílio de uma seringa ou pinça, deixando o produto em contato com o material obturador. e) Trabalhar com instrumento tipo-K nº 20 ou 25, fazendo movimento de cateterismo f) Limpar o instrumento com gaze g) Irrigar e aspirar com hipoclorito h) Pingar solvente novamente... i) Remover o material até atingir o CTP (CAD-3mm) j) Odontometria (CRD-1mm + limpeza do canal cementário no comprimento 0mm) k) Fazer a limpeza do canal cementário no CRD l) Confeccionar o batente apical no CT (CRD-1mm) m) Seguir com a técnica normal de PQM O terço cervical e início do terço médio pode ser desobturado com a broca LAAXXESS. Para dilatar o canal com movimentos de limagem pode ser utilizadas limas tipo Hedstroem. Natália B. Abrahão Clínica Odontológica I Cariologia Remoção de tecido cariado 1. Conceito de cárie dental Doença complexa causada por um desequilíbrio do balanço entre o tecido mineral do dente e o biofilme dental. 2. Indicação restauradora Impossibilidade de controle de biofilme naquela cavidade; Queixa estética; Função comprometida; Suscetibilidade a fratura; Comprometimento do complexo dentino-pulpar. 3. Instrumentais necessários Trio Carpule Anestésico Rolete de algodão Sugador Lençol de borracha Grampos Pinça Palmer Perfurador de dique Arco de Young Fio dental Tesoura Ponta diamantada esférica – 1012, 1014 e 1016 Caneta de alta rotação Brocas de baixa rotação – 2, 4 e 6 Caneta de baixa rotação Escavadores de dentina – 11 ½, 18 e 19 Matriz metálica/poliéster Cunhas e outros materiais de adaptação proximal Natália B. Abrahão Material para ajuste oclusal, acabamento e polimento Material restaurador definitivo/provisório Material de forramento (Cimento de hidróxido de cálcio, espátula para inserção de material forrador) Material para CIV – espátula, placa de vidro, seringa centrix, fotopolimerizador e espátula calcadora Material para resina – sistema adesivo, microbrush, espátulas de resina, pincéis e fotopolimerizador. 4. Selamento 4.1. Indicação: Lesões cavitadas em esmalte ou não cavitadas em esmalte, prioriza-se este tratamento quando o paciente tem dificuldade de controlar a doença. 5. Remoção total Remoção total do tecido cariado nas paredes circundantes e nas paredes de fundo. 5.1. Indicação: Protocolo padrão, realizado em lesões rasas ou de média profundidade em adultos. 5.2. Critério: Toda a dentina amolecida será removida, até alcançar consistência coriácea. 6. Remoção seletiva de tecido cariado Remoção total de tecido cariado nas paredes circundantes, deixando uma fina camada de dentina contaminada na parede de fundo. 6.1. Indicação: Realizada em lesões profundas É inevitável a presença de microrganismo no interior da cavidade, mesmo sendo realizada a remoção total de tecido cariado. Natália B. Abrahão 6.2. Critérios: Lesão profunda sem histórico de dor espontânea, apenas dor provocada; Teste de sensibilidade pulpar ao frio positivo; Teste de percussão vertical negativo; Exame radiográfico sem envolvimento pulpar ou lesão periapical; Ausência de dor forte constante (“dor de tirar o sono”) 7. Tratamento expectante É realizada remoção total do tecido cariado nas paredes circundantes e remoção seletiva nas paredes de fundo, sendo a cavidade selada com material provisório. Após 45-60 dias, a cavidade é reaberta para conferir a inativação e só então será feita a restauração definitiva. Se ao reabrir a cavidade ainda exista tecido cariado, este será removido antes da realização da restauração definitiva. 7.1. Objetivo do tratamento: Proporcionar um menor risco de exposição pulpar, promovendo condições para que durante o selamento existisse condições de uma resposta fisiológica do complexo dentino-pulpar, depositando uma parede de dentina terciária para agir como uma barreira protetora da polpa. 7.2. Desvantagens: Remoção total em duas sessões Aumento de custos Alta taxa de insucesso, devido ao abandono do tratamento, podendo gerar infiltrações na restauração provisória Maior tempo de desconforto para o paciente Maior probabilidade de exposição pulpar Maior desgaste de tecido dentário Risco de fratura e perda da restauração provisória Não é necessário reabrir a cavidade, pois nunca será possível remover todos os microrganismos ali presentes. O método utilizado na remoção seletiva, já os torna inviáveis para progredir a lesão. Natália B. Abrahão Clínica Odontológica I Dentística Proteção do complexo dentino-pulpar 1. Dentina Tecido de origem conjuntiva Composto por hidroxiapatita, colágeno e água Tecido resiliente e permeável Quanto mais próxima da polpa, maior a porosidade do tecido e maior o diâmetro desses túbulos 2. Polpa Tecido conjuntivo especializado Circundado por paredes inelásticas Função sensitiva e de produção de dentina Responsável pela vitalidade do dente 3. Fatores inerentes ao tratamento dental que podem afetar a polpa Fatores bacterianos Cárie dental: toxinas irão se difundir pelos túbulos dentinários provocando uma desmineralização e uma agressão ao tecido pulpar Fenômenos físicos Traumas Preparo cavitário Calor (preparo cavitário e bebidas quentes) Alguns aparelhos fotopolimerizadores Erosão dental Atrição Abrasão Fenômenos químicos Materiais dentários Fenômenos fisiológicos Redução do tecido pulpar Fibrose Calcificação Natália B. Abrahão 4. Cárie dental Quando ocorre o desenvolvimento de uma lesão de cárie, os túbulos dentinários subjacentes obliteram-se na tentativa de vedar a passagem de ácidos e toxinas em direção à polpa, sendo chamada de dentina reparadora. Além disso, logo abaixo da lesão, ocorre uma migração da polpa como forma de proteção contra essa agressão, sendo depositada dentina secundária no local. 5. Preparo cavitário Água deve ter pressão e quantidade suficiente para entrar na área de turbulência (ponta ativa) Brocas carbide são menos agressivas ao tecido pulpar Mão leve e com movimentos intermitentes para que seja induzido menos calor e para que a água consiga refrigerar tanto o rotatório, quanto o tecido. Adequar o tamanho do rotatório ao tamanho da cavidade que se está trabalhando, visando aumentar a eficiência de trabalho. 6. Materiais restauradores 6.1. Metálicos: Ligas metálicas de amálgama Passíveis de infiltração Problema de condutibilidade térmica (transmitem estímulos térmicos de maneira mais abrupta para a polpa do que um material resinoso) 6.2. Resinosos: Possuem radicais livres não polimerizados dos adesivos que em cavidades profundas pode causar algum tipo de repercussão pulpar Passíveis de degradação Podem sofrer microinfiltração marginal 6.3. Características ideais de um material restaurador: Ser bactericida ou bacteriostático Ter propriedade de isolamento térmico e elétrico Bom vedamento/selamento,impedindo a entrada de bactérias e íons Boa resistência mecânica (suportar as forças compressivas mastigatórias) Ser biocompatível com o tecido dentário Natália B. Abrahão Ser compatível com outros materiais restauradores 7. Classificação dos materiais restauradores 7.1. Material forrador: Colocados em espessura muito fina sobre a estrutura dentária Não tem propriedades de isolamento Não produzem forma estrutural na cavidade não é possível fazer restauração Não tem propriedades mecânicas para suportar as forças mastigatórias 7.2. Material de base: Toleram espessuras maiores que 0,5mm Podem isolar ou restaurar a cavidade Suportam as forças compressivas 8. Adesivos dentinários Material de forramento Utilizados para formar a camada híbrida e para promover o embricamento micromecânico entre o dente e a resina composta Material intermediário aplicado sobre o dente Promove um bom selamento de margem Apresentam monômeros residuais, como o EMA, que tem capacidade de difusão pelos túbulos dentinários, podendo provocar dano pulpar 9. Cimento de ionômero de vidro Material de base (existem CIV para forramento) Apresentam união química com o dente São biocompatíveis Apresentam coeficiente de expansão térmica similar ao da dentina 10. Cimento de óxido de zinco e eugenol (IRM) Material de base Material sedativo e bactericida devido à presença do eugenol Promove vedamento nos primeiros dias A presença de radicais fenol, advindos do eugenol, compromete a polimerização das resinas compostas Natália B. Abrahão 11. Cimento de hidróxido de cálcio Material de forramento Estimulam a formação de dentina Características alcalinas Bacteriostáticos Sua versão em pó tem características hemostáticas e é muito solúvel 12. MTA (Agregado Trióxido Mineral) Material de forramento Biocompatível Induz a formação de tecido mineralizado pH alcalino Boa resposta tecidual Características biológicas muito próximas do cimento de hidróxido de cálcio, mas por questão de disponibilidade e custo é menos utilizado. 13. Exposição pulpar 13.1. Causas: Cárie dental No momento da remoção do tecido pulpar Durante manobra de preparo cavitário Fratura ou trauma 13.2. Objetivos do tratamento conservador: Manter a sensibilidade do dente Manter os sistemas de defesa Permitir o desenvolvimento radicular em casos de rizogênese incompleta Permitir cicatrização tecidual Tratamento de menor custo Possibilidade de reversibilidade (caso o tratamento conservador não seja eficiente, ainda pode-se fazer a endodontia). 13.3. Indicação para tratamento conservador: Teste de sensibilidade ao frio com resposta de dor de curta duração polpa normal Teste de sensibilidade ao frio com resposta de dor prolongada pulpite reversível O objetivo nesse caso é tentar evitar o tratamento endodôntico. Natália B. Abrahão É preciso avaliar radiograficamente a relação entre a lesão e a polpa, além de avaliar a condição do periápice Avaliar a cor do sangramento no momento da exposição, deve ser um vermelho vivo Avaliar a consistência da polpa, deve ser resistente ao corte e o remanescente deve ter coloração rósea ou avermelhada Avaliar o grau de destruição da coroa dentária 14. Protocolo clínico 14.1. Proteção pulpar indireta Realizada quando não há exposição pulpar Material é aplicado sobre a dentina Bloqueia estímulos elétricos, térmicos e químicos Permite a manutenção de um ambiente cavitário apropriado Exerce ação terapêutica sobre o complexo dentino-pulpar, principalmente com a utilização de cimento de hidróxido de cálcio e CIV Reduz ou evita completamente a infiltração e o crescimento bacteriano Apresenta boa relação com as restaurações Permite a dissipação de forças de condensação durante a inserção de materiais compactáveis como o amálgama Bloqueia a penetração de agentes irritantes Freia o circuito metabólico de bactérias remanescentes no assoalho da câmara pulpar Dependendo do material pode remineralizar a dentina afetada e hipermineralizar a dentina sadia Estimula a formação de dentina terciária Cavidades rasas ou médias: sistema adesivo + resina ou amálgama Cavidades profundas: CIV + resina/amálgama Cavidades muito profundas (menos de 0,5mm até a polpa): Cimento de hidróxido de cálcio + CIV + resina/amálgama 14.2. Proteção pulpar direta Realizada quando há exposição pulpar Material é aplicado sobre a polpa Natália B. Abrahão Objetiva manter a vitalidade pulpar, induzir a formação de dentina (ponte dentinária) e proteger a polpa de novas agressões, promovendo um bom selamento. a) Anestesia b) Isolamento absoluto c) Limpeza da cavidade com soro fisiológico d) Remoção da dentina cariada e) Confecção do preparo cirúrgico da área pulpar Estancar o sangramento com bolinhas de algodão estéril Curetar levemente com colher de dentina para remover o tecido mais amolecido que fica na região de exposição Lavagem da área com soro fisiológico ou água dycal (água destilada + pó de hidróxido de cálcio) Secagem das paredes da cavidade f) Aplicação de bolinha de algodão estéril com corticosteroide por 5min sobre a polpa exposta g) Capturar o pó de hidróxido de cálcio com porta-amálgama e aplicar sobre a polpa exposta h) Compactar o pó com uma bolinha de algodão estéril i) Aplicação de uma fina camada de cimento de hidróxido de cálcio para vedar o pó j) Inserção de base de CIV, podendo a cavidade ser restaurada com o CIV ou com resina composta 14.3. Curetagem pulpar Remoção da polpa superficial com colher de dentina 15. Recomendações pós-procedimento Evitar mastigar sobre o local e evitar alimentos quentes nos primeiros dia Pode ser usado analgésico após a consulta Explicar ao paciente que em caso de dor é necessário que retorne para avaliação (normalmente após 3 dias) O pó forma uma zona de necrose de coagulação rápida, abaixo dessa zona existe uma zona de intenso metabolismo, seguida por uma zona intensa em fibrinas e uma zona de reparação rica em fibroblastos e fibras reticulares, responsáveis pela formação de dentina reparadora. A proservação clínica e radiográfica determinará o sucesso do procedimento. Natália B. Abrahão Depois de 15 dias e depois de 30 dias, devem ser feitas novas consultas com avaliação radiográfica e avaliação de vitalidade pulpar. Não pode haver dor espontânea ou dor de alta intensidade ao ingerir alimentos quentes ou frios; Deve apresentar resposta normal ao teste de vitalidade pulpar; Procurar observar a formação de ponte de dentina logo abaixo da restauração no exame radiográfico. Re-examinar o paciente 3, 6, 9, 12 e 18 meses depois. 16. Condições favoráveis Paciente com boas condições físicas Paciente jovem Executar a técnica corretamente Realizar bom isolamento absoluto, evitando contaminação por microrganismos ou metabólitos Efetuar boa desinfecção e boa inserção do material Menor grau de inflamação pulpar Evitar microinfiltração 17. Contra-indicações Necessidade de endodontia! Ausência de sintomatologia (quadro de necrose pulpar) Presença de lesão periapical Ausência de sangramento na área de exposição ou sangramento com coloração amarelada ou cianótica Consistência pastosa ou liquefeita da polpa Necessidade de retenção intrarradicular Natália B. Abrahão Clínica Odontológica I Estomatologia Exames complementares e Sinais vitais 1. Testes laboratoriais 1.1. Hemograma: Avaliação qualitativa e quantitativa dos elementos celulares presentes no sangue. É o exame mais requerido, sendo um coadjuvante indispensável no diagnóstico das doenças infecciosas. Verificar se o paciente tem exames anteriores; Anexar cópiado exame ao prontuário; Contatar o médico clínico em caso de dúvidas. Eritograma: É a primeira etapa de análise do exame, nela são analisados os valores dos glóbulos vermelhos (contagem de eritrócitos). Os resultados podem variar de uma semana para outra. Anemia: ↓ hemoglobina População negra: ↓5 Habitante de locais de alta altitude: ↑ 0,2 a 0,3 Androgênio aumenta a contagem de eritrócitos, por isso a castração masculina pode causar anemia Pós-menopausa: níveis maiores do que o dos homens Após os 65 anos ocorre uma queda progressiva na contagem de hemácias Anisocitose (RDW): presença concomitante de macro e microcélulas Anesocromia: populações hipocrômicas e normocrômicas (tratamento anemia – ferro) Pencilocitose: formas normais de eritrócitos Não realizar procedimentos como RASUB em pacientes com baixas taxas de eritrócitos! Hemácias; Hemoglobina; Hematócrito; VCM (tamanho); HCM (peso); HCMC (conc. de hemoglobina na hemácia); RDW (diferença de tamanho) Natália B. Abrahão Leucograma: Identificação, contagem e avaliação de leucócitos. Leucocitose (infecção) > 9000 Leucopenia (infecção viral ou reações tóxicas)superfície, principalmente em áreas ou bolsas mais estreitas ou profundas. Lima Dunlop (maior diâmetro da porção ativa) Lima Hirschfeld (menor diâmetro da ponta ativa) 1.2. Curetas da série Gracey: ½ ou ¾ para dentes anteriores 11/12 para faces mesiais de dentes posteriores 13/14 para faces distais de dentes posteriores 1.3. Curetas de Padua Lima: São curetas universais, pois possuem dois lados cortantes. São mais utilizadas em momentos de cirurgia, quando há um afastamento do retalho, ou especialmente para áreas de furca. 1.4. Pedras de afiação e lima de afiação 1.5. Ultrassom específico para RASUB 2. Cicatrização periodontal A cicatrização de tecidos periodontais exibe algumas peculiaridades, pois representa um sistema único no corpo humano, em que há tecido conjuntivo mineralizado e não-mineralizado, ligamento periodontal, cemento, epitélio juncional e epitélio sulcular. Natália B. Abrahão 2.1. Primeira fase – Hemostasia/ Formação do coágulo: Ocorre vasoconstrição para tentar acabar com o sangramento, evitando hemorragias. Esse processo acontece devido à liberação de tromboxano e prostaglandinas, para que haja uma diminuição do volume dos vasos e formação de uma rede de fibrina. Clinicamente é possível observar a formação de um coágulo segundos após o traumatismo dos tecidos. Funções do coágulo: Interromper o sangramento Proteger a ferida contra agentes agressores externos Funciona como uma matriz provisória para a migração de outras células Envio de primeiros sinais para que aconteça os próximos passos da cicatrização Fatores que dificultam a formação do coágulo: Medicamentos anticoagulantes, ex: Heparina, Varfarina e Xarelto risco de hemorragia Medicamentos antiagregantes plaquetário, ex: AAS tempo de coagulação pode duplicar Doenças de ordem sistêmica como diabetes, púrpura, hemofilia e dengue 2.2. Segunda fase – Inflamação: Ocorre vasodilatação, devido à liberação de histaminas, prostaglandinas, serotoninas, citocinas pró-inflamatórias e fatores de crescimento. Esse processo ocorre para atrair as células de defesa, os granulócitos (neutrófilos e monócitos), visando a “limpeza” e organização da região. Clinicamente, o paciente apresentará dor, calor, rubor e edema. Esta etapa da cicatrização inicia algumas horas após a lesão do tecido, durante até 6 dias. Neutrófilos: Aparecem na ferida logo após a lesão com a finalidade de fazer a limpeza do local (eliminação de detritos, sujeiras ou bactérias) Macrófagos: Muito presentes no momento de pico da inflamação (depois de 48h) Função de limpeza da ferida e produção de uma grande variedade de fatores de crescimento e de citocinas pró-inflamatórias Natália B. Abrahão Fornecem sinalização para a chegada de fibroblastos (formação de tecido conjuntivo) e queratinócitos (formação de tecido epitelial) 2.3. Terceira fase – Proliferação: Devido à baixa tensão de oxigênio e a grande quantidade de lactato no interior dos tecidos, ocorre o estimulo para a produção de fatores angiogênicos ou produção de vasos sanguíneos. As metaloproteinases da matriz degradam a matriz extracelular para permitir a formação de novos tecidos, principalmente os tecidos conjuntivos, estimulando assim a formação de tecido epitelial, novos capilares, migração de fibroblastos, formação de colágeno e tecido de granulação. Como resultado desse processo ocorre a reepitelização da ferida e início da contração do tecido, tendo duração de 4 até 14 dias. Proliferação de fibroblastos sob a ação de citocinas que dão origem ao processo denominado fibroplasia Proliferação de células endoteliais, com formação rica de vascularização, e infiltração intensa de macrófagos formando tecido de granulação no local. A maturação desse tecido de granulação implicará em regeneração ou reparo dos tecidos periodontais, o que determina é a disponibilidade de alguns elementos celulares, assim como a disponibilidade ou presença de sinais adequados. 2.4. Quarta fase – Maturação: Última fase do processo de cicatrização, iniciando depois de 8 dias e durando alguns meses ou até anos. A densidade celular e vascularização da ferida diminuem bastante, enquanto ocorre a maturação de fibras colágenas e a remodelação do tecido cicatricial formado na fase anterior. O alinhamento de fibras é reorganizado, tendo como finalidade aumentar a resistência do tecido, diminuindo a espessura da cicatriz e a deformidade. Durante esse período a cicatriz vai progressivamente alterando a sua tonalidade. Inflamação por período prolongado pode causar repercussão destrutiva nos tecidos adjacentes, como acontece na periodontite. Natália B. Abrahão 3. Reparo x Regeneração Reparo: Acontece quando existe a restauração do tecido conjuntivo não especializado, tendo recuperação da função, podendo não ser a mesma do tecido original. Regeneração: Ocorre a completa restauração dos tecidos periodontais e de suas funções originais. 4. Gengivite a) Sangramento e preenchimento do coágulo b) Epitelização do epitélio do sulco e epitélio juncional (7-10 dias) cura 5. Periodontite A cicatrização da terapia não cirúrgica ocorre em torno de 3 meses, porém depois de 1 mês o epitélio já está reestabelecido, podendo ser sondado. 6. Fatores que influenciam na cicatrização Controle do biofilme Fumo Altera funções de neutrófilos, linfócitos T e interleucinas (mediadores químicos inflamatórios), prejudicando os processos de proliferação e remodelação do tecido. Obesidade Estudos apontam que a microbiota é diferente em pacientes obesos Produção de citocinas pró-inflamatórias pelo tecido adiposo bastante acentuada Alteração de neutrófilos prejudicada Diabetes Hiperatividade inflamatória Aumento de estresse oxidativo no interior dos tecidos Produção de neutrófilos prejudicada A única maneira de verificar se houve reparo ou regeneração é realizando exame histológico do tecido, o que se torna ilógico. Na maior parte dos casos, acontece reparo dos tecidos, com a formação de um epitélio juncional longo sobre a superfície do dente depois de 30 dias. A principio, o epitélio juncional longo formado durante o reparo em contraste com as fibras periodontais interpostas ao dente tem as mesmas características de proteção que os tecidos originais. Portanto, esse sítio não tem maior suscetibilidade de desenvolver doença novamente. Natália B. Abrahão Clínica Odontológica I Periodontia Contenção dentária 1. Tipos de contenção Rígida – contenção não permite mobilidade dentária Semi-rígida – contenção permite que os dentes contidos tenham certo movimento 2. Definição Dispositivo rígido ou flexível utilizado para imobilizar ou proteger dentes que tenham sido fraturados, reimplantados ou que tenham perdido o suporte periodontal; Procedimento utilizado para estabilização temporária. 3. Indicação Mobilidade: Que impede função e conforto Que impede higienização Que impede raspagem Colocação de dente faltante Estabilizar fraturas Pós-ortodontia Traumatismos alvéolo-dentários como convulsão 4. Causas da mobilidade Periodontite Trauma oclusal Lesões periapicais 5. Requisitos básicos Mínimo trauma possível durante a confecção Dentes devem ser estabilizados em uma posição normal Não podem predispor a cárie Não devem interferir na oclusão do paciente Preferencialmente devem satisfazer estética Natália B. Abrahão Devem ser de fácil remoção Possibilitar o adequado controle de placa pelo paciente Não ser prejudicial aos tecidos adjacentes 6. Classificação Contenção temporária Extra-coronárias (não é feito desgaste de estrutura dentária) Fio de aço + resina Fio de nylon + resina Resina Resina composta + resinaacrílica Fibra de vidro + resina composta Braquet + fio de aço Contenção definitiva Intra-coronária (é feito desgaste de estrutura dentária) Fibra de vidro + resina composta Braquet + fio de aço 7. Princípios gerais para confecção Isolamento do campo operatório (preferencialmente absoluto) Conhecer a manipulação dos materiais que serão utilizados Planejar o número de dentes que serão envolvidos Preservar preferencialmente o polígono de Roy 7.1. Polígono de Roy: Visa impedir a migração e movimentação dos dentes em decorrência da doença periodontal. Na confecção de uma contenção por motivos de doença periodontal, opta-se por incluir pelo menos dois segmentos do polígono, sendo o ideal incluir três segmentos. 8. Protocolo clínico: a) RAP e profilaxia b) Polimentos dos dentes que receberão a contenção c) Isolamento absoluto Natália B. Abrahão d) Manipulação de fio (deve ser quadrangular principalmente em casos de inserção de dentes faltantes) e) Colagem da contenção 9. Contenção dentária como prevenção de perda de inserção futura Foi realizado um estudo com cães, em que se induziu doença periodontal em dentes com contenção e sem contenção. Não houve diferença significativa na mobilidade dos dentes entre os com contenção e os sem contenção ao final do estudo. Não houve diferença significativa na taxa de perda óssea alveolar dos dentes entre os com contenção e os sem contenção ao final do estudo. Portanto, a contenção dentária não previne nem retarda a perda de inserção futura, pelo menos em um estudo experimental. 10. Contenção dentária e resposta de cicatrização Foi realizado um estudo com adultos que apresentavam periodontite crônica em um grau avançado. Os participantes foram divididos em três grupos: RASUB RASUB + contenção Contenção + RASUB Todos os grupos diminuíram o IPV e o ISG ao longo do tempo, sem diferença significativa entre os grupos. Todos os grupos diminuíram a profundidade de sondagem e o sangramento a sondagem ao longo do tempo, sem diferença significativa entre os grupos. O único grupo que teve a mobilidade diminuída ao longo do tempo foi o grupo que fez apenas RASUB. Talvez a remoção da contenção possa ter oferecido certo grau de mobilidade. Portanto, a contenção não resulta em melhores parâmetros clínicos do que o grupo controle. Ou seja, a contenção dentária não oferece melhor cicatrização. Se possível, é interessante moldar o paciente e manipular o fio com o modelo de gesso. Natália B. Abrahão Clínica Odontológica I Dentística Estratificação de resina composta, acabamento e polimento 1. Escolha da cor da resina composta 1.1. Matiz: Nome da cor É representado pela letra da resina 1.2. Croma: Intensidade ou saturação da cor É representado pela numeração da resina 1.3. Valor: Quantidade de branco presente em uma cor Geralmente quanto ↑ o valor, ↓ a traslucidez e ↓croma 2. Escolha do tipo de resina 2.1. Resina de dentina: Mais opaca Usada em cavidades profundas ou com fundo escuro que precise ser mascarado Normalmente é a escolha para dentes anteriores 2.2. Resina de corpo: Reproduz dentina Mais translúcida do que a resina de dentina Usada em dentinas intermediárias 2.3. Resina de esmalte: Reproduz esmalte Mais translúcida A = marrom B = amarelo C = cinza D = rosa Natália B. Abrahão 2.4. Resina de efeito: Usada principalmente em restaurações classe IV Reproduz situações mais específicas 3. Protocolo para seleção de cor Iluminação natural; Dente hidratado, não isolado. a) Observar a cervical do dente, definindo o matiz Região com menor quantidade de esmalte b) Observar a variação da cervical para o terço médio, definindo o croma c) Observar o terço médio, avaliando o valor importante para a última camada de esmalte d) Observar atentamente o terço incisal, definindo as características específicas dessa região e) Observar atentamente a vestibular, para avaliar a eventual presença de efeitos como estrias, trincas, hipocalcificações ou fluorose 4. Protocolo de restauração classe III a) Diagnóstico b) Seleção de cor c) Anestesia Anestesia nas papilas do dente que receberá o grampo Anestesia troncular de dentes inferiores Anestesia de fundo de sulco de dentes superiores d) Colocação de matriz e cunha para proteger o dente vizinho e) Preparo cavitário preferencialmente com acesso palatino Pontas diamantadas 1012, 1014 ou 1016 em alta rotação em esmalte Broca esférica 2, 4 ou 6 em baixa rotação f) Isolamento absoluto g) Reposicionar a matriz e a cunha h) Aplicação de sistema adesivo Ácido em esmalte por 30s Ácido em dentina por 15s Lavar por 30s Proteger a dentina com algodão e secar cuidadosamente Aplicação do primer de forma vigorosa por 20s Natália B. Abrahão Volatilização do primer Aplicação do adesivo Remover excesso de adesivo com microbrush seco Fotopolimerizar h) Inserção de incrementos de resina composta i) Remoção do isolamento absoluto j) Ajuste oclusal ponta diamantada 1190F k) Acabamento Pontas diamantadas na palatina - 3118F Pontas siliconadas na palatina Tiras de lixa na proximal 5. Protocolo de restauração classe II a) Diagnóstico b) Seleção de cor c) Verificação dos contatos oclusais Observar os pontos de contato existentes, para que eles sejam preservados ao final do procedimento d) Anestesia e) Colocação de matriz e cunha para proteger o dente vizinho f) Preparo cavitário preferencialmente com acesso palatino Pontas diamantadas 1012, 1014 ou 1016 em alta rotação em esmalte Broca esférica 2, 4 ou 6 em baixa rotação g) Isolamento absoluto h) Reposicionar a matriz e a cunha i) Aplicação de sistema adesivo Ácido em esmalte por 30s Ácido em dentina por 15s Lavar por 30s Proteger a dentina com algodão e secar cuidadosamente Aplicação do primer de forma vigorosa por 20s Volatilização do primer Aplicação do adesivo Remover excesso de adesivo com microbrush seco Fotopolimerizar l) Inserção de incrementos de resina composta Primeira camada fina de esmalte na cervical Remoção de amalgama deve ser feita preferencialmente com a ponta diamantada 1045 ou então com alguma ponta esférica em alta rotação com refrigeração. Natália B. Abrahão Segundo incremento na proximal, inserir o contact-pró e empurrar contra a matriz enquanto polimeriza a resina Continuar a construção da crista Incrementos na oclusal h) Remoção de matriz e cunha i) Testar as proximais com tira de lixa j) Remover excessos dos contatos oclusais com a ponta diamantada 1190F k) Acabamento Pontas siliconadas l) Polimento com disco de feltro e pasta de polimento Natália B. Abrahão Clínica Odontológica I Prótese fixa Parafunção e Bruxismo 1. Definição É um tipo de parafunção oclusal (sem finalidade funcional; não fisiológico), em que o indivíduo apresenta o hábito de ranger ou apertar os dentes. Atividade oral parafuncional, que pode incluir apertamento, travamento, ranger e também desgaste dos dentes, podendo apresentar os sintomas de forma isolada ou em associação, tanto durante o dia, quanto durante a noite. 2. Classificação Cêntrico Apertamento MIH Excêntrico Ranger/ Deslizamento Diurno (semi-voluntário) normalmente de apertamento dor ao fim do dia Noturno normalmente de deslizamento ou associação dor pela manhã Primário origem dentária (posição, ausência dentária, contatos prematuros) Secundários doenças neurológicas, psiquiátricas ou medicações (antidepressivos – movimentos involuntários) 3. Diagnóstico O diagnóstico deve ser não apenas de bruxismo, mas também de hábitos parafuncionais como morder lábio ou bochecha, morder tampade canetas ou roer as unhas. Exame clínico avaliando movimentações e desgastes Relato do paciente ou de acompanhantes Questionários Polissonografia (monitoramento das atividades durante o sono) – mais usado em nível de pesquisa Eletromiografia (monitoramento da atividade muscular) Natália B. Abrahão 4. Fatores que influenciam no desenvolvimento de bruxismo Hábitos parafuncionais Hereditariedade Características musculares Oclusão (pontos de contato) 5. Principais sinais e sintomas Fraturas dentárias Sensibilidade dentária ou sensação de dente “apertado” com certa mobilidade Desgaste dentário Perda ou fratura de restaurações Lesões em tecidos moles (mordidas na língua ou bochechas) Alterações na dimensão vertical de oclusão Hipertrofia muscular (normalmente em masseter ou temporal) Dores gerais faciais Sensibilidade ou fadiga dos músculos mastigatórios Dor de cabeça de diferentes tipos Desordens da articulação temporomandibular Redução e descoordenação de movimentos mandibulares 6. Consequências dentárias Presente de desgaste em um ou mais dentes Redução da dimensão vertical (sensação de envelhecimento) Aumento da erupção passiva Redução dos pontos de contato pelo desgaste 7. Consequências pulpares Desgaste de dentina e formação de dentina secundária Sensibilidade dentinária Exposição pulpar Necrose pulpar Obliteração da câmara pulpar pela formação de dentina secundária Natália B. Abrahão 8. Consequências para a ATM Danos na cápsula do disco articular Danos na superfície da articulação Dor Travamento Estalos (deslocamento de disco com redução) e crepitações Remodelamento do côndilo em casos mais graves, podendo levar a anquilose 9. Fatores externos Estresse Ansiedade Presença de hábitos parafuncionais Interferências oclusais (contato prematuro, restauração mal-adaptada) Alguns medicamentos Estimulantes como cafeína Hereditariedade – padrão funcional Neuroquímicos – antidepressivos (provocam relaxamento muscular que pode causar movimentos involuntários) Desordens psiquiátricas Desordens do sono 10. Tratamentos conservadores 10.1. Placas inter-oclusais: Placa miorelaxante Confeccionada em acrílico termopolimerizável (mais resistente) Tratamento reversível (permite reajustes e polimento) Permite ajuste oclusal de tempos em tempos Protege os dentes Aumenta a dimensão vertical, reposicionando o disco articular para uma posição mais anterior, descomprimindo a articulação, promovendo relaxamento muscular e desprogramando a musculatura, diminuindo esses movimentos de apertamento/deslizamento. Natália B. Abrahão 10.2. Outros tipos de tratamento: Reabilitação dentária com tratamentos restauradores e protéticos em casos de grande comprometimento Aconselhamento para tratamento médico (pneumologistas, endocrinologistas) Mudanças de hábito (principalmente para o bruxismo diurno) Encaminhamento para fisioterapia ou tratamento com fonoaudióloga Medicação: relaxante muscular + anti-inflamatório Cuidados psicológicos (principalmente com pacientes psicogênicos – dor psicológica) Natália B. Abrahão Clínica Odontológica I Periodontia Inter-relação periodontia e odontologia restauradora 1. Resposta do periodonto frente a margens restauradoras subgengivais Até algum tempo atrás, dentes cujas margens do preparo encontravam-se subgengival não apresentavam prognóstico melhor do que o duvidoso. Além disso, acreditava-se que esta margem subgengival poderia representar um risco de perda de inserção continuada. Portanto, neste tipo de situação os dentes eram submetidos a procedimentos de raspagem óssea para tornar o preparo supragengival ou então eram indicados a exodontia. Estudos: A margem subgengival em um primeiro momento (15 dias) promove uma remodelação óssea e uma tentativa de reorganização do tecido epitelial e conjuntivo; Depois de 30 dias, epitélio e conjuntivo estão mais bem organizado, diminuição do infiltrado inflamatório, aumento da remodelação óssea e início do arranjo das fibras supracrestais. Depois de 90 dias ocorre a cicatrização completa (sem sinais de remodelação óssea) e inserção das fibras supracrestais. Portanto, a reabsorção óssea não é continuada, ela é interrompida em até 90 dias. Com isso, a margem subgengival resulta em uma resposta inflamatória inicial que causa perda de inserção inicial (perda óssea), entretanto ocorre substituição da perda óssea por inserção conjuntiva e migração apical do epitélio juncional. Logo, em um primeiro momento o ISG pode demonstrar uma piora clínica, entretanto é um sinal inflamatório para que ocorra a reabsorção óssea. Fibras supracrestais ou inserção conjuntiva: fibras de tecido conjuntivo que se estendem do tecido conjuntivo até o cemento radicular, tendo a função de formar o colo dental, provocando um vedamento. Em situação de doença periodontal, essas fibras são destruídas, provocando a mobilidade da bolsa periodontal à sondagem. Esse processo ocorre em pacientes com bom controle de placa, não suscetíveis à periodontite e onde a restauração foi bem realizada, apresentando bom acabamento. Natália B. Abrahão 2. Espaço biológico do periodonto Estrutura que fornece proteção ao dente, estando presente no colo dental, antes da crista óssea (contem os vasos sanguíneos de maios calibre, bactérias que alcancem este local conseguem se disseminar mais facilmente para o restante do corpo). Sulco gengival Epitélio juncional Junção cemento esmalte Inserção conjuntiva/ Ligamento supracrestal Crista óssea Após estudos, estabeleceu-se como distância do espaço biológico igual a 2mm, sendo esta uma média da população. Entretanto, sabe-se que esta medida varia entre dentes, entre sítios, pela presença de restauração, situação de periodontite ou periodontite tratada (formação do epitélio juncional longo, devido a cicatrização tecidual) 2.1. Método clínico para verificação de invasão do espaço biológico: Sondagem transperiodontal: a) Anestesia b) Remoção de cálculo ou placa (se houver) c) Inserção da sonda no periodonto do paciente até alcançar a crista óssea d) Medir a distância do término até a margem do preparo e comparar com a medida encontrada na sondagem transperiodontal Exemplo: Distância da margem da gengiva até o término do preparo/restauração = 2mm Distância da margem até a crista óssea = 3mm O término está há 1mm de distância da crista óssea, portanto está invadindo o espaço biológico. Sondagem transcirurgica: Realizada quando um retalho é aberto na região por algum outro motivo padrão ouro Natália B. Abrahão a) Anestesia b) Abertura do retalho c) Medir a distância da margem gengival até a crista óssea d) Medir a distância da margem gengival até o término do preparo/restauração e) Comparar os valores encontrados 2.2. Método radiográfico para verificação de invasão do espaço biológico: É fundamental o uso de uma boa técnica, e por isso esta técnica não é a mais adequada. Interproximal: Permite melhor visualização da crista óssea Periapical: Permite uma avaliação do dente como um todo, sendo muitas vezes necessária para planejar procedimentos cirúrgicos posteriores. 3. Resposta de diferentes materiais restauradores em cavidades subgengivais Estudo I – Amálgama x CIV: Restaurações de amálgama com controle de placa causam uma menor resposta biológica quando comparada a situações sem controle de placa Restaurações de cimento de ionômero de vidro causam resposta biológica semelhante com ou sem controle de placa Portanto em situações em que há controle do biofilme o ionômero comporta-se melhor, causando menos resposta inflamatória quando comparado ao amálgama, Apenas devem ser realizados quando houver justificativa clínica 4.1. Exame radiográfico: Detecta problemas nos tecidos mineralizados É indicado em pacientes com atividade de cárie 4.2. Teste de sensibilidade pulpar Útil em suspeitas de envolvimento endodôntico-periodontal combinado A vitalidade da polpa é verificada apenas com exame histopatológico Só será recomendado se existirem suspeitas/alterações 4.3. Exames microbiológicos Fornecem poucas informações em relação a doenças periodontais Não recomendado para a periodontia Natália B. Abrahão Clínica Odontológica I Periodontia Classificação de doenças e condições do periodonto 1. Saúde periodontal 1.1. Definição: Ausência de sangramento gengival durante o exame de ISG e de profundidade de sondagem. 1.2. Gengiva clinicamente saudável: Área adjacente ao dente sem sangramento. Mesmo sem sangramento, ao realizar uma biópsia, o exame histopatológico mostrará presença de processo inflamatório (que pode ser causada até mesmo por microtraumas da escovação), por isso a importância da palavra “clinicamente”. 1.3. Gengiva: Tecido que protege um dente natural. 2. Gengivite 2.1. Definição: Manifestações inflamatórias na gengiva restritas à área marginal, com presença de sangramento e ausência de perda de inserção concomitante. 2.2. Gengivite Ulcerativa Necrosante Agudas (GUNA): Processos necróticos que acontecem na gengiva desencadeados pela presença de placa, mas que estão frequentemente vinculados a uma forte queda no sistema imunológico. 2.3. Aumento de volume gengival: Causados por medicamentos como: Nifedipina (Adalat) - indicado na hipertensão arterial sistêmica e pulmonar, angina de peito estável e na prevenção de parto prematuro; https://pt.wikipedia.org/wiki/Hipertens%C3%A3o_arterial https://pt.wikipedia.org/wiki/Angina_de_peito https://pt.wikipedia.org/wiki/Parto Natália B. Abrahão Fenitoína (Hidantal) – usado no tratamento e prevenção de convulsões principalmente em crianças; Ciclosporina – droga imunossupressora usada por pacientes transplantados. 3. Periodontite 3.1. Definição: Presença de sangramento à sondagem (SS) do fundo da bolsa periodontal e presença de perda de inserção, independente da medida dessa perde. 3.2. Periodontite crônica: São mais prevalentes em adultos, embora possam ocorrer em crianças e adolescentes. São bastante vinculadas a presença de fatores locais, como placa e cálculo, e tem um componente comportamental bastante forte. Apresentam uma velocidade de progressão lenta, podendo ser generalizadas ou localizadas. 3.3. Periodontite agressiva: São caracterizadas por uma taxa de progressão muito maior do que as periodontites crônicas. Frequentemente há agregação familiar, justamente pelo fato de que a suscetibilidade à periodontite agressiva pode ser transmitida. São normalmente localizadas. No contexto do diagnóstico, não se pode esquecer de todos os fatores que hoje reconhecidamente podem alterar o curso das doenças periodontais destrutivas, dentre os quais os mais significativos são o hábito do fumo e o diabetes. A esses, adicionam-se a obesidade, estresse, fatores genéticos, alcoolismo, menopausa, dentre outros. Natália B. Abrahão Clínica Odontológica I Cariologia Diagnóstico da doença Cárie 1. Índice CPOD C = dentes cariados não-tratados (lesões cavitadas ativas e inativas) P = dentes perdidos ou com extração indicada por cárie O = dentes com restaurações decorrentes do tratamento das cavidades cariosas 2. Índice CPOD modificado C = dentes cariados não-tratados (lesões cavitadas ativas e inativas e lesões não- cavitadas ativas) P = dentes perdidos ou com extração indicada por cárie O = dentes com restaurações decorrentes do tratamento das cavidades cariosas 3. Declínio da doença cárie 3.1. Flúor: É visto como o principal responsável por esse declínio, devido a grande diminuição nos índices de cárie que ocorreram juntamente a regulamentação da presença de flúor nos dentifrícios. 3.2. Outros fatores: Mudança no diagnóstico de cárie Mudança nos hábitos alimentares Maior acesso á odontologia As lesões não cavitadas inativas serão registradas no prontuário, mas não entram no índice CPOD por não exigirem tratamento, portanto, não tendo significado clínico, visto que indica que a doença está controlada. Natália B. Abrahão 4. Definição de doença cárie Doença complexa causada pelo desequilíbrio fisiológico entre o biofilme mineral e o dente. 4.1. Fator etiológico primário: Biofilme cariogênico 4.2. Componente multifatorial: Saliva: o Capacidade tampão: neutraliza o pH ácido o Presença de anticorpos e antimicrobianos que ajudam no controle da microbiota oral o Fluxo salivar: lubrificação e lavagem Dieta: Carboidratos fermentáveis quando metabolizados provocam uma queda de pH no biofilme A consistência e a frequência da alimentação modifica bioquimicamente o biofilme Espécies microbianas Disponibilidade de flúor Fatores moduladores: escolaridade, renda, conhecimento, acesso á saúde... 5. Dados para diagnóstico 5.1. Entrevista dialogada: Idade – a tendência é que o CPOD aumente com a idade, sendo importante comparar o valor do paciente com as média da população de mesma idade. Endereço – verificar acesso à flúor na água Profissão – plantões noturno (alto consumo de café com açúcar), doceiros, etc. Água – poço artesiano, água de abastecimento, etc. Na presença de sacarose o biofilme fica mais poroso, aumentando a sua cariogenicidade, visto que o aumento da porosidade faz com que os carboidratos possam chegar às camadas mais profundas em contato com a superfície e diminuem a quantidade de deposição inorgânica do biofilme. Natália B. Abrahão Naturalidade Uso de medicamentos – alguns podem causar diminuição no fluxo salivar Radioterapia de cabeça e pescoço – maior suscetibilidade à cárie Síndrome de Sjogren – doença auto-imune que “ataca” glândulas salivares Motivo da consulta/ queixa principal Histórico de consultas – saber se costuma frequentar o dentista ou ir apenas em casos de dor Hábitos de higiene bucal Forme de acesso ao flúor Dieta 5.2. Exame clínico: a) Índice de placa Índice de Silness y Löe: valor entre 0 e 3 Índice de Placa Visível (IPV): valor entre 0 e 100% b) Índice de sangramento gengival O sangramento indica que o biofilme está acumulado por no mínimo 3 dias c) Verificar possível diminuição do fluxo salivar 5.3. Exame das superfícies dentárias: Deplacagem: o Fio dental – superfícies proximais o Escova Robinson – superfícies oclusais o Taça de borracha – superfícies livres Isolamento relativo Secagem Diagnóstico da lesão 6. Exames complementares A atividade de cárie é determinada pela presença de lesões ativas na cavidade bucal, podendo ser cavitadas ou não. Os exames complementares servem para guiar o tratamento, não existindo, portanto, um tratamento padrão para a doença cárie. Natália B. Abrahão 6.1. Dieta: Indicada para pacientes com atividade de cárie para buscar a fonte do desequilíbrio. Diário alimentar: Período de 3 dias (preferencialmente dias comuns) Paciente anota tudo aquilo que consumir, incluindo o dia, o horário e a quantidade Anotar também medicamentos Entrevista 24h: Anotar tudo aquilo que o paciente consumiu durante as últimas 24h 6.2. Exames salivares: Fluxo salivar: Feito com goma de mascar sem açúcar ou chicletes com xilitol Paciente masca por 1min e degluti Depois, mascar por mais 5min, sentado e com a cabeça inclinada, cuspindo em um recipiente. Capacidade tampão: Colocar a saliva do paciente em contato com um ácido 6.3. Exames microbiológicos serve como parâmetro paradevido a sua maior biocompatibilidade. Em situações em que não há controle do biofilme, o ionômero comporta-se melhor devido a maior capacidade de acabamento da restauração. Estudo II – Amálgama x CIV x RC: O CIV teve comportamento melhor do que a resina composta e o amálgama quando avaliado o sangramento e profundidade de sondagem, mas esses valores não foram significativos estatisticamente ou clinicamente. Natália B. Abrahão Microbiologicamente, pode-se observar uma maior população bacteriana povoando as restaurações de resina composta, favorecendo portanto, a proliferação bacteriana. Portanto, tendo uma restauração bem feita, bem acabada, não há diferença entre os materiais. 4. Técnicas cirúrgicas 4.1. Restauração transcirúrgica: a) Abrir um retalho b) Limpar a região, removendo tecido de granulação e restos de papilas c) Visualização da crista óssea d) Isolamento absoluto e) Restauração f) Remoção do isolamento absoluto g) Acabamento e polimento 4.2. Aumento de coroa clínica: Remover tecido ósseo para que a restauração possa ficar com margem supragengival 4.3. Comparação entre técnicas: Na técnica de restauração transcirúrgica não é percebido perda de inserção significativa, já na técnica de aumento de coroa, por tratar-se basicamente de remoção do tecido ósseo, é percebido perda óssea/perda de inserção. Essa menor perda óssea é observada também no sitio adjacente (dente vizinho) e no sítio oposto (face oposta do dente trabalhado). Os procedimentos cirúrgicos restauradores não resultam em maior inflamação do que aqueles com aumento de coroa. Entretanto, o aumento de coroa determinou maior perda óssea, porque é removido osso intencionalmente para deixar a margem supragengival. 4.4. Escolha da técnica cirúrgica: Quando há invasão do espaço biológico, a tomada de decisão clínica dependerá de um correto e detalhado diagnóstico das condições clínicas e do perfil de quem poderá receber tal procedimento. Portanto, o paciente deve ser um bom Natália B. Abrahão controlador de biofilme, não eliminando o fato de que a técnica deve ser adequada, assim como a escolha do material restaurador. Restauração transcirúrgica: Paciente cooperativo e motivo, que consegue realizar a higiene de maneira adequada. Não ser suscetível a doenças periodontais Localização do sítio áreas estéticas Pensar na possibilidade técnica Aumento de coroa clínica: Técnica transcirúrgica não poderá ser bem executada Paciente não apresenta bom controle de biofilme Aumentar a retenção de próteses Fins estéticos (podendo ser feita apenas a remoção de tecido mole) 5. Extrusão ortodôntica 5.1. Lenta: Todo o tecido gengival vem junto com o dente. Em alguns casos opta-se por fazer uma fibrotomia ou sindesmotomia, afastando o dente dos tecidos gengivais, fazendo com que ele movimente-se de maneira um pouco mais isolada. Após o tratamento ortodôntico será necessário realizar aumento de coroa clínico para remover o excesso de tecido gengival. 5.2. Rápida: São exercidas forças maiores, extruindo apenas o dente. Após o tratamento ortodôntico é necessário o uso de contenção por 3 a 6 meses. É preciso avaliar radiograficamente no momento do diagnóstico, para que após a extrusão dentária a proporção coroa:raiz seja equivalente a 1:1 pelo menos. Natália B. Abrahão Clínica Odontológica I Dentística Inter-relação periodontia e odontologia restauradora O Sistema estomatognático funciona como um conjunto de estruturas. A perda de função de uma delas causa danos às demais, levando a um “desarranjo” do sistema. De acordo com anamnese, exames físicos, clínicos e complementares. O tratamento deve objetivar a saúde e equilíbrio do sistema estomatognático, atuando nos níveis: Preventivo, interceptador e restaurador. 1. Importância da periodontia para a dentística: Localização das margens cervicais das restaurações (importante) Manuntenção do ponto de contato Acabamento e polimento das restaurações (sem excessos cervicais; superfície lisa e polida, assim dificulta a proliferação de placa bacteriana) 2. Principios biológicos e localização da margem cervial Margem supra-gengival (Localização ideal): Facilita a execução do preparo, acabamento, polimento e adaptação; facilidade de higienização na interface dente-restauração. Margem intersulcular: requer um pouco mais de cuidado e atenção no planejamento restaurador, principalmente porque o isolamento torna-se um pouco mais complexo (exigindo muitas vezes o uso de grampos retratores gengivais). Margem subgengival: Dificulta a visualização na adaptação, acabamento do preparo e restauração; dificulta a higienização na interface dente-restauração pelo paciente. 3. Espaço biológico União entre tecidos gengivais e as superfícies dentais, ou seja, é a união dentogengval. Procedimentos que invadam o espaço biológico causarão mudanças no periodonto como sangramento e inflamação constante, recessões gengivais além de perdas de inserção e do nível ósseo. Natália B. Abrahão 3.1. Composição: Epitélio juncional Inserção conjuntiva/ Ligamento supracrestal 3.2. Consequências da invasão do espaço biológico: Inflamação gengival persistente:aumento da papila e edema localizado Dor sob a forma de sensibilidade gengival Recessão gengival Formação de bolsa, reabsorção óssea/mobilidade 4. Agentes irritantes associados ao tecido periodontal Excesso de restaurações -margens subgengivais Perda de espaço -invasão do espaço biológico Traumas de oclusão 5. Protocolo realizado previamente aos procedimentos restauradores Remoção de irritantes locais Instrução sobre higiene oral Ajuste oclusal Procedimentos cirúrgicos 6. Alternativas para restaurações subgengivais Cirurgias: Gengivectomia; Cirurgias a retalho com ou sem osteotomia. Aumento de coroa clínica: restabelecer o espaço biológico e permitir isolamento do campo operatório. 7. Estética vermelha Linha do sorriso: o ideal é que ao sorrir seja exposto em torno de 1,5 a 3mm de tecido gengival Simetria do contorno gengival: Incisivos centrais e caninos apresentam a mesma altura de contorno de tecido gengival, sendo os laterais sempre menores Zênite gengival: Corresponde ao ponto mais alto do contorno gengival A escolha por realizar um procedimento cirúrgico depende da viabilidade de expor o limite cervical do tecido gengival, por meio de alguma técnica ou estratégia de isolamento. Natália B. Abrahão Nos incisivos centrais é levemente inclinado para distal, nos laterais é mais centralizado e nos caninos mais direcionado para a mesial. Proporção áurea: A largura dos incisivos centrais corresponde a 80% do seu comprimento A largura dos incisivos laterais corresponde a 69% do seu comprimento A largura dos caninos corresponde a 72% do seu comprimento 8. Manutenção ou restabelecimento do ponto de contato As faces proximais dos dentes devem sempre conservar o seu contorno natural para se relacionarem através das áreas de contato, a fim de manter o espaço necessário para o alojamento da papila interdental. A falta do ponto de contato leva a um trauma alimentar direto e retenção, além de extravasamento de material cervical, podendo ocasionar problemas periodontais. Dentes anteriores ponto de contato mais próximo do terço médio (área mais longa e mais estreita) Dentes posteriores ponto de contato mais próximo do terço oclusal (área mais curta e mais larga) 8.1. Cunha e matriz: Cunha e matriz são essenciais para restabelecimento ponto de contato, devendo sempre ser usadas juntas. Cunha: Travar o anteparo mecânico para reestabelecimento da relação interproximal Promover leve afastamento dental Matriz: Facilita o estabelecimento do ponto de contatoporque evita os excesso cervicais Natália B. Abrahão Clínica Odontológica I Prótese fixa Moldagem e Moldeiras individuais 1. Etapas da confecção de prótese fixa a) Anamnese b) Exame clínico c) Exame radiográfico d) Modelo de estudo Auxílio no diagnóstico Moldagem com alginato e) Diagnóstico f) Planejamento g) Preparo do dente + confecção de provisório h) Moldagem de trabalho Fornece o modelo de trabalho que será enviado para o protético Exige técnica mais rigorosa Exige materiais de moldagem mais precisos Moldagem com poliéter ou silicone i) Troquelização + montagem em ASA j) Prova do casquete metálico k) Moldagem de relocalização Proporciona melhor relação da prótese com os dentes vizinhos e o dente antagonista Corrige a localização da prótese fixa l) Escolha da cor m) Relação maxilo-mandibular + montagem ASA n) Prova da cerâmica + caracterização o) Glazeio + instalação 2. Conceitos 2.1. Modelo: Reprodução em positivo da arcada dentária, sendo normalmente feito em gesso. Prótese Fixa – gesso tipo IV (especial) Natália B. Abrahão Prótese Total – gesso tipo III (pedra) Finalidade do modelo: Observação dos reparos anatômicos Diagnóstico e planejamento Confecção da moldeira individual Confecção da subestrutura 2.2. Moldagem ou impressão: Ato de moldar 2.3. Molde: Reprodução em negativo da arcada dentária. Pensar na finalidade da moldagem para conseguir avaliar a qualidade do molde Deve suprir as necessidades, sem interferir na qualidade do trabalho final Espessura de moldagem adequada (3mm de alginato entre a moldeira e a arcada) Impressão de freios e bridas e contorno arredondado Boa técnica de moldagem e manipulação correta do material (alginato mole não molda fundo de sulco) Ausência de bolhas em locais estratégicos Extensão adequada da moldagem 3. Moldeiras 3.1. Tipo Vernes: Fabricada em aço inoxidável Três tamanhos diferentes Tipo 4 é especial para PT superior e PPR classe 1 inferior (extremo livre/sem dentes posteriores) Não deve ser “dobrada” Natália B. Abrahão 3.2. Perfuradas: Fabricada em alumínio Indicada tanto para dentados, quanto para edêntulos Quatro tamanhos, sendo mais alternativos do que a tipo Vernes 3.3. Plásticas: Possui perfurações Afasta bastante fundo de sulco Apresenta tamanhos alternativos Usadas principalmente em implantodontia (podem ser cortadas) e ortodontia 3.4. Moldeira individual É feita uma moldagem normal com uma moldeira tipo Vernes, e baseado neste molde é confeccionada uma moldeira individual. Pode ser uma moldeira individual de boca toda ou de um dente único, sendo chamada de casquete ou coping de moldagem. 4. Tipos de materiais de moldagem 4.1. Termoplásticos: Cera 7, Cera utilidade e Godiva Sólidos a temperatura ambiente e líquidos quando aquecidos Apresentam baixa precisão, sendo usados para vedamentos periféricos e adequação de moldeiras. 4.2. Rígidos: Pasta Zinco-enólica (ZOE) ou de Óxido de Zinco e Eugenol Mole antes da manipulação, ficando bastante rígido depois de manipulado Material bastante frágil, quebrando facilmente Não pode ser usada em casos de áreas retentivas ou em dentes com mobilidade Natália B. Abrahão 4.3. Elásticos: Hidrocolóide Irreversível: Alginato Elastômeros: Poliéter (fica mais rígido depois de polimerizado, fixando-se em áreas retentivas, não sendo apropriado para moldagem de dentes com doença periodontal); Mercaptana Silicone 5. Escolha do material de moldagem em prótese fixa Facilidade de manipulação Tempo de trabalho Recuperação elástica Rigidez e resistência à ruptura Facilidade de escoamento do gesso Fluidez Estabilidade dimensional (ambos podem ser vazados depois de até 7 dias) Fidelidade de reprodução Número de dentes a serem moldados (casos de próteses múltiplas) Considerar: Tipo de prótese Habilidade do profissional Umidade do campo a ser moldado Tempo clínico disponível Disponibilidade de material Custo Gengiva permitir a inserção do fio retrator (para casos em que o material de escolha seja a silicone) 6. Técnica de afastamento gengival Mecânica Inserção do casquete Químico-mecânica inserção do fio retrator (silicone de adição) Embebido em solução hemostática, que reduz o sangramento e o fluido crevicular naquela região após sua aplicação, além de prolongar um pouco o tempo de afastamento (6s). Poliéter aceita melhor a umidade do que a silicona, assim como em casos de extrema xerostomia é mais aconselhável utilizar alginato + poliéter, devido a grande retenção do silicone. Natália B. Abrahão 7. Protocolo para confecção e reembasamento do casquete de moldagem 7.1. Confecção do casquete: a) Proporcionar pó e líquido de resina autopolimerizável b) Colocar um pouco de água sobre a resina, formando uma espécie de tampa para evitar que o monômero evapore c) Manipular a resina quando ela chegar na fase plástica e levar em boca, cobrindo o dente preparado (deve estar umidificado com água ou com isolante KY) d) Remover excessos com 3s ou lecron umidificada com monômero e) Na fase borrachóide, tirar e colocar o casquete enquanto ocorre a polimerização f) Demarcar com lapiseira a parte mais externa do término g) Desgastar com fresa tudo o que estiver dentro e fora da marcação do término h) Confeccionar um furo na vestibular do casquete Identificar a posição correta Ajuda a reter o material de moldagem Ajuda na remoção do casquete 7.2. Reembasamento: a) Proporcionar pó e líquido da resina duralay b) Colocar a duraley em volta do casquete ou em volta do próprio preparo lubrificado c) Quando a resina começar a perder o brilho o casquete deve ser posicionado, impulsionando contra o tecido gengival d) Remover excessos com 3s ou lecron umidificada com monômero e) Na fase borrachóide, tirar e colocar o casquete enquanto ocorre a polimerização f) Demarcar com lapiseira a parte mais externa do término g) Desgastar com fresa tudo o que estiver dentro e fora da marcação do término h) Repetir o procedimento até obter uma boa pestana (gengiva bem isquemiada) 7.3. Moldagem com poliéter a) Remover o êmbolo da seriga JON b) Vaselinar a seringa na sua parte interna c) Posicionar a parte colorida na seringa d) Aplicar adesivo de poliéter dentro e fora do casquete (1/3 externo) Pestana: moldagem do sulco gengival feita com resina acrílica, que serve para afastar a gengiva (isquemia) propciando uma melhor moldagem. A pestana é importante para indicar ao protético, no modelo de gesso, o fim do preparo. Natália B. Abrahão e) Deixar o adesivo secar por 1min f) Manipular o poliéter (2-3cm) g) Inserir o poliéter na seringa com o auxílio de uma espátula e fechar o êmbolo h) Passar o poliéter em volta do preparo (que deve estar seco e com isolamento relativo) i) Levar o casquete cheio de poliéter a boca j) Aguardar o poliéter tomar presa (3min) k) Moldagem de recaptura com alginato Casquete deve ficar posicionado dentro do molde 8. Protocolo para moldagem com silicone de adição 8.1. Dupla impressão: a) Escolher moldeira adequada b) Manipular o silicone de adição pesado c) Moldar o paciente d) Recortar do molde toda a parte do preparo com bisturi ou lecron (alívio) e) Isolar relativo f) Posicionar o fio retrator no preparo g) Secar bem o preparo h) Manipular o silicone leve i) Remover o fio retrator j) Passar o silicone com o auxílio de uma pistola em volta do preparo k) Carregar a moldeira com silicone leve e levar em boca l) Aguardar a polimerização do material Natália B. Abrahão Clínica Odontológica I Prótese fixa Vazamento de modelos, recorte de troqueis e montagem de modelo de trabalho1. Troquelização Objetiva a individualização do preparo para facilitar a visualização e o acesso do preparo durante a confecção e enceramento do cooping metálico, principalmente nas regiões cervicais e proximais, por serem locais de difícil acesso. Além disso, permite uma melhor definição da escultura proximal, confeccionando melhores pontos de contato e perfil de emergência e gera uma melhor adaptação cervical da peça protética com maior delimitação do término. 1.1. Técnica do die-cast: Base com aletas que quando fechadas tem a função de manter todas as peças de gesso em posição. a) Vazar o molde de trabalho em gesso tipo IV, confeccionando uma base para promover um fortalecimento do modelo (pode ser em gesso pedra) b) Recortar o modelo de gesso em ferradura c) Acabamento do corte do gesso com fresas d) Testar o modelo no die-cast e) Passar vaselina no die-cast plástico f) Abrir as aletas g) Preencher todo o espaço da base do die-cast com gesso tipo III ou eventualmente tipo IV h) Posicionar sobre a base de gesso o modelo hidratado i) Ajustar em posição e fechar as aletas j) Aguardar a cristalização do gesso k) Abrir as aletas e recortar com a serra de troquel na mesial e na distal do preparo a ser individualizado, tendo cuidado para não atingir o término. O recorte do troquel deve ser expulsivo, afunilando em direção ao ápice do dente. Após a troquelização é feito o recorte da parte gengival da peça com fresas especiais, sendo delimitado pela pestana. Natália B. Abrahão 1.2. Técnica do pino colado: a) Vazar o molde de trabalho em gesso tipo IV, confeccionando uma base para promover um fortalecimento do modelo (pode ser em gesso pedra) b) Recortar o modelo de gesso em ferradura c) Acabamento do corte do gesso com fresas d) Localizar o preparo e confeccionar um “furinho” na parte de baixo com uma broca esférica 6 ou 8 bem no centro do preparo e) Testar a cabeça do pino de troquel no furo para ver se o tamanho está adequado f) Colar o pino de troquel em posição com super-Bonder ou resina acrílica g) Passar vaselina na base de gesso na região do troquel e no pino do troquel e colocar uma bolinha de cera utilidade na extremidade do pino para facilitar a localização do pino no momento do corte h) Vazar a base do modelo com gesso pedra, cobrindo o pino i) Recortar o troquel com a serra, após a cristalização do gesso 1.3. Técnica de troquel convencional 1.4. Técnica do troquel sextavado 1.5. Troquel seccionado e posicionadores de troquel Natália B. Abrahão Clínica Odontológica I Prótese fixa Metais e fundição, prova de cooping e relocalização 1. Etapas da prótese fixa a) Exame clínico e radiográfico b) Planejamento Modelo de estudo c) Preparo (paciente com saúde gengival) d) Confecção de provisório Manutenção do tecido periodontal Estética Melhora na mastigação Não deve causar impactação de alimentos Deve facilitar a higienização e) Moldagem (técnica que permita uma adequada cópia do término do preparo) Técnica do fio retrator (mecânico-química) silicona Técnica do casquete (mecânica) poliéter f) Modelo de trabalho (gesso tipo IV) g) Troquelização individualização do preparo Objetivo: diminuir a fenda de desadaptação cervical h) Fundição processo pelo qual um padrão torna-se uma peça metálica 2. Ligas metálicas 2.1. Propriedades: Biocompatibilidade Resistência à corrosão Fácil polimento Não deve promover reação alérgica Não deve sofrer alteração durante a aplicação da cerâmica Separação do preparo do restante do modelo para proporcionar melhor visualização e acesso a todas as áreas do preparo durante a fase de confecção da peça. Natália B. Abrahão 3. Prova do copping metálico 3.1. Espessura e espaço para a cerâmica: Cooping não entra no preparo: a) Secar bem o preparo b) Pincelar carbono líquido na parte interna do copping c) Quando o carbono líquido secar, colocar o copping no preparo d) Contatos excessivos indicarão a área que deve sofrer desgaste com broca esférica sem refrigeração 3.2. Degrau negativo – metal aquém do término cervical: Sonda entra no sulco, mas em um determinado momento encontra dentina (metal não está copiando). a) Desgastar levemente com pontas diamantadas douradas o excesso de dentina dentro do sulco 3.3. Degrau positivo – metal além do término cervical: Ao movimentar a sonda de dentro do sulco para fora, a ponta tranca no metal. a) Retirar o copping do preparo e coloca-lo no troquel b) Desgastar o metal com pedras de desgaste para remover o excesso 3.4. Ajuste cervical: A sonda exploradora não deve entrar entre o preparo e o copping, caso exista espaço a peça deve ser refeita. 4. Moldagem de relocalização Permite a preservação dos pontos de contato proximais removidos pela serra durante o recorte para troquelização. Objetiva devolver os pontos de contato e o tecido gengival que foi perdido pela serra, mantendo o troquel intacto para posterior checagem durante a usinagem do metal e aplicação da cerâmica. a) Posicionar o metal no preparo b) Moldar com alginato Questões de prova! O que é a moldagem de relocalização e porque é feita? Qual o objetivo da troquelização? Natália B. Abrahão 5. Características de uma boa prótese fixa Manutenção dos pontos de contato Possibilitar higienização 6. Cimentação Unitária cimentação definitiva Múltipla cimentação provisória (avaliar de 7-10 dias) e cimentação definitiva Natália B. Abrahão Clínica Odontológica I Cirurgia Complicações das retenções dentárias 1. Definição de contenção dentária Condição em que uma vez chegada o momento de erupção do dente, este não chega à cavidade bucal pra entrar em oclusão. 2. Causas de retenção dentária 2.1. Gerais: Normalmente associadas a síndromes, sendo o dente retido apenas um dos sinais da doença. 2.2. Locais: Dente retido está relacionado a algum tipo de trauma ou patologia que impeça a sua erupção, como anquilose, falta de espaço no arco, cistos, dentes supranumerários (comum na linha média). 3. Incidência 3º molares superiores 3º molares inferiores Caninos superiores Pré-molares inferiores 4. Complicações 4.1. Mecânicas: Reabsorção de raízes de dentes adjacentes 4.2. Neurológicas: Alterações sensoriais pela presença de retenções associadas a alguma estrutura nervosa Sensação de anestesia/ parestesia: situação não dolorosa, com perda da sensibilidade Natália B. Abrahão Sensação de disestesia: enfraquecimento ou alteração na sensibilidade dos sentidos, sobretudo do tato. Há sensação de queimação, entorpecimento, formigamento ou vibração sem a presença de estímulos externos. 4.3. Infecciosas: Infecções recorrentes associadas ao folículo pericoronário de um dente 4.4. Tumorais (aumento de volume): Lesões de natureza cística Lesões de natureza neuplásica 5. Tratamento cirúrgico para dentes retidos 5.1. Radical: Consiste na remoção do elemento dentário. 5.2. Conservador: Tem por objetivo trazer o dente a sua posição na cavidade bucal Natália B. Abrahão Clínica Odontológica I Prótese fixa Cerâmica 1. Estrutura de coroas de porcelana Núcleo cristalino confere resistência à peça Matriz vítrea proporciona transparência à peça Inerte quimicamente (quase 100% biocompatível) Baixa condutibilidade térmica Resistência muito baixa, pequenas forças já geravam trincas no material Estética agradável 2. Metalocerâmicas Metal (inicialmente ouro) faz um embricamento mecânico muito forte com a cerâmica, fazendo com que ela não descolasse do metal; Neste momento houve um grande avanço no conhecimento sobre a oclusão, permitindo melhorias na etapa de ajusta oclusal, aumentando a longevidade do material Atende demandaestética Grande tempo de acompanhamento clínico Indicada para dentes anteriores e posteriores Custo-benefício interessante, fazendo com que ainda seja um material de escolha na vida clínica Longevidade entre 10 a 14 anos 2.1. Camadas da cerâmica: Camada opaca – objetiva esconder o cinza escuro ou dourado do metal Camada de corpo – equivale à dentina • Qualquer produto feito essencialmente de material não metálico pela queima em alta temperatura Cerâmica: • Refere-se à família dos materiais cerâmicos compostos essencialmente por caulim, quartzo e feldspato. Menor resistência em comparação ao metal. Porcelana: Nenhum tratamento odontológico é definitivo, é preciso que esta informação fique muito clara ao paciente e que ele tenha consciência de que sua adesão ao tratamento é determinante para a longevidade da peça. Natália B. Abrahão Camada incisal – mais transparente, equivale ao esmalte 3. Cerâmicas puras – evolução histórica 3.1. Cerâmica feldspática (porcelana): Estética Baixa resistência Indicada para elementos unitários em regiões de baixo stress (dentes anteriores) 3.2. Cerâmica aluminizada original: Adição de 50% de óxido de alumínio (alumina) torna-se 2x mais resistente do que a cerâmica feldspática Alúmina leva a perda de translucidez (opacidade cervical) Indicada para elementos unitários em dentes anteriores 3.3. Cerâmica aluminizada infiltrada por vidro: Casquete cerâmico com 97% de óxido de alumínio infiltrado por vidro a base de óxido de lantânio (leucita) Protético devia fazer peças bem maiores, pois existia grande contração no forno 4x mais resistente que a aluminizada Nome comercial: In ceram alumina vita Opacidade ainda notável Técnica muito trabalhosa e sensível Alto custo em relação as metalocerâmicas Exige no mínimo 13h de laboratório (muito tempo para produção) Grande chance de má adaptação/fendas 3.4. Cerâmicas aluminizadas CAD/CAM: Óxido de alumínio 97,5% densamente sintetizada 1ª cerâmica mais resistente e com boa adaptação Modelo de gesso era scaneado e no computador o protético desenhava o casquete que era posteriormente fresado (diminui a chance de falhas na confecção) Nome comercial: Procera nobel biocare Natália B. Abrahão 3.5. Cerâmica feldspática reforçadas por leucita: Leucita previne a propagação de microtrincas internas na matriz vítrea Indicada para coroas unitárias, facetas, inlay e onlay Alto grau de transparência Nome comercial: IPS empress – ivoclar vivadent 3.6. Cerâmica reforçada por leucita e dissilicato de lítio: Cristal de dissilicato de lítio se entrelaça ao material vitrificado e ainda aumenta a resistência, oferecendo muita translucidez e beleza Indicada para coroas unitárias, laminados e coroas múltiplas até 2º pré-molar Alto efeito estético Nome comercial: IPS empress Z ivoclar vivadent Alta adesividade a cimentos resinosos estética inclusive nos cimentos 3.7. Cerâmica reforçada por dissilicato de lítio Alta estética Adesividade Indicada para coroas unitárias, laminados, facetas e lentes de contato Nome comercial: E Max ivoclar vivadent 3.8. Zircônia: Permite a confecção de peças extensas (arcada inteira) Material mais resistente Indicada para prótese sobre dentes ou sobre implantes 4. Seleção de cor Através da escala Vita Ambiente com luz natural Observador paciente sentado, no nível dos olhos do observador Objeto usar como referência dente hidratado, com estrutura dentária suficiente, com cor original que não tenha sido submetido à restauração extensa, tratamento endodôntico (fazer profilaxia prévia) É importante informar ao protético as características do paciente (sexo, idade, tipo físico, etc.) Pode ser feito um mapa cromático para envio ao laboratório, além de fotos Resistência metalocerâmica e procera Absoluta translucidez IPS empress Natália B. Abrahão 5. Prova da cerâmica Passar a sonda buscando chegar possíveis fendas ou desadaptações Com papel articular extremamente fino, marcar sobrecontatos nas proximais e desgastar com pontas diamantadas de haste longa Pedir para o paciente umedecer a cerâmica (antes do glazeamento) para tentar conferir a cor Conferir a posição dos pônticos com papel articular (apertamento excessivo da mucosa) Ajuste oclusal 6. Cimentação provisória Material: Temp bond sem eugenol ou Temp cem Indicação: Avaliar a adaptação e capacidade de higienização de peças múltiplas 7. Cimentação definitiva Material: Cimento resinoso, CIV ou fosfato de zinco a) Limpar bem o preparo com monômero e clorexidina b) Isolamento relativo c) Passar vaselina em toda a parte externa da coroa para evitar danos à peça d) Manipular de forma adequada o cimento e) Secar peça e preparo f) Aplicar o cimento na parte interna da peça, evitando excesso de material g) Segurar forte para manter a peça em posição por 3min h) Esperar 7min sem contato com água (se der errado, jogar água enquanto tomar presa que ele esfarela) i) Tirar excessos com fio dental e sonda depois que endureceu para não formar FRP Glazeamento (sinterização) forma vidro na superfície da cerâmica: dá brilho, reduz porosidade, efeito fritting (diminui chances de trinca) pelo aplainamento, reduz desgaste do antagonista, aplica pigmentação e faz caracterização extrínseca. Natália B. Abrahão Clínica Odontológica I Endodontia Lesões periapicais crônicas 1. Lesões periapicais Alterações que acontecem no periodonto periapical, nas proximidades do forame apical. 1.1. Fatores que influenciam o crescimento de microrganismos: Tensão de O2 Tensão de CO2 1.2. Fatores de virulência: exercem ação extremamente agressiva aos tecidos periapicais Toxinas Enzimas Produtos do metabolismo microbiano 2. Tipos de alterações periapicais ↑ virulência ↓resistência do hospedeiro Aguda ↓virulência ↑resistência do hospedeiro Crônica 3. Etiopatogenia À medida que os microrganismos que estavam espalhados ao longo de todo o canal se aproximam do forame apical, ficando mais próximos do ligamento periodontal apical e do tecido ósseo periapical, desenvolvendo nessa área uma resposta imunoinflamatória periapical, em função da agressão que está sendo gerada no tecido pela contaminação. Este processo de “batalha” entra a contaminação por microrganismos e o sistema de defesa caracteriza a doença periapical ou resposta à lesão periapical. Radiografia com lesão necrose pulpar microrganismo no canal radicular mediadores químicos e produtos de bactérias que formam substâncias que promovem lise/reabsorção óssea Toda a alteração periapical, quer seja ela de natureza aguda ou crônica está relacionada a um dente com necrose pulpar. número de microrganismos X virulência resistência do hospedeiro Natália B. Abrahão 3.1. Diagnóstico: Exames de imagem e características clínicas podem apenas sugerir algum diagnóstico, mas não serão nunca conclusivos. A única forma de definir o diagnóstico é através do exame histopatológico, com exceção de casos com presença de fístula (neste caso, pode-se dizer que o paciente apresenta um abscesso). 4. Abscesso periapical crônico Processo inflamatório crônico supurativo Evolução lenta Assintomático Associado ao ápice de um dente com necrose pulpar Pode apresentar fístula intra ou extra-oral (sinal patognomônico) 4.1. Características da coroa: Hígida (ex.: traumatismo) Cariada Restaurada Fraturada Coroa ausente Polpa aberta ou fechada 4.2. Exame clínico: Teste de sensibilidade pulpar: negativo Teste de pressão: negativo Teste de percussão: negativo Teste de digitação apical: negativo Ausência de mobilidade dentária 4.3. Características radiográficas: Lesão periapical radiolúcida normalmente difusa e não muito circunscrita 4.4. Diagnóstico diferencial: Estruturas anatômicas: forame mentoniano, forame nasopalatino e fóvea da glândula submandibular Displasias cementárias periapicais Sempre que existir fístula trata-se de um abscesso, mas nem todo abscesso apresentará fístula. Coroas com coloração escurecida podem ser indicativos de necrose pulpar. Analisar a lâmina dura (se estiver íntegra não é lesão), emprego de técnicas de dissociação radiográfica – Clark (se continuar no ápice do dente provavelmente é lesão ) e testes de sensibilidade pulpar). Natália B. Abrahão 4.5. Tratamento: Tratamento endodôntico e proservação do caso de até 2 anos. 5. Granuloma apical Processo apical crônico proliferativo (formação de tecido granulomatoso) Evolução lenta Assintomático Associado ao ápice de um dente com necrose pulpar 5.1. Características da coroa: Hígida (ex.: traumatismo) Cariada Restaurada Fraturada Coroa ausente Polpa aberta ou fechada 5.2. Exame clínico: Teste de sensibilidade pulpar: negativo Teste de pressão: negativo Teste de percussão: negativo Teste de digitação apical: negativo Ausência de mobilidade dentária 5.3. Características radiográficas: Lesão periapical radiolúcida bem definida associada ao ápice de um dente e delimitada por uma linha radiopaca descontínua (corresponde a uma linha de osteoesclerose). 5.4. Diagnóstico diferencial: Estruturas anatômicas: forame mentoniano, forame nasopalatino e fóvea da glândula submandibular Displasias cementárias periapicais 5.5. Tratamento: Tratamento endodôntico e proservação do caso de até 2 anos. Natália B. Abrahão 6. Cistos periapicais Cavidade patológica revestida por epitélio contendo material líquido ou semi- sólido no seu interior; Alteração periapical crônica envolvendo o ápice de um dente erupcionado, originada a partir de um abscesso ou de um granuloma periapical; Em estágios iniciais é assintomático, mas o crescimento rápido do cisto ou a formação de exsudação (cisto abscedido) podem causar dor ao paciente. 6.1. Etiologia: Restos epiteliais de Malassez estão dispostos em volta de todo o ligamento periodontal. Quando ocorre a lesão periapical, acontece a destruição do tecido ósseo, ficando alguns restos epiteliais de Malassez dispersos nesse meio. Ao longo do tempo estes restos se unem, formando uma espécie de “bola” epitelial na área periapical. Com o crescimento deste aglomerado epitelial, as células centrais acabam ficando sem nutriente e morrendo, formando uma cavidade. Fatores que estimulam o crescimento do cisto: Acúmulo de proteína na cavidade cística Atração de líquidos para o lúmen cístico Aumento da pressão hidrostática intracística Compressão de vasos e células, causando a liberação de mediadores de reabsorção óssea 6.2. Tipos de cistos: Cisto em baía: cavidade cística está relacionada com o ápice dentário, ou seja, o ápice do dente tem contato com a cavidade cística. Nestes casos, o tratamento endodôntico é uma forma eficaz de causar reparo. Cisto verdadeiro: cavidade cística não está relacionada com o ápice dentário, ou seja, o ápice do dente não tem contato com a cavidade cística. Nestes casos, pode ser necessário tratamento cirúrgico e endodôntico simultâneo. 6.3. Características da coroa: Hígida (ex.: traumatismo) Cariada Restaurada Fraturada Natália B. Abrahão Coroa ausente Polpa aberta ou fechada 6.4. Exame clínico: Teste de sensibilidade pulpar: negativo Teste de pressão: geralmente negativo (quando pequeno) Teste de percussão: geralmente negativo (quando pequeno) Teste de digitação apical: negativo Ausência de mobilidade dentária (quando pequeno) Assimetria óssea (abaulamento ósseo) pode causar crepitação óssea (cortical fina que ao apertar sente-se modificação na textura – parece afundar) ou tumefação mole (rompimento da cortical óssea – mucosa azulada) 6.5. Características radiográficas: Lesão periapical radiolúcida, redonda ou oval, bem definida associada ao ápice de um dente e delimitada por uma linha radiopaca contínua indicativa de esclerose óssea que se continua com a cortical alveolar. 6.6. Diagnóstico diferencial: Estruturas anatômicas: forame mentoniano, forame nasopalatino e fóvea da glândula submandibular Displasias cementárias periapicais (dente tem vitalidade pulpar e lâmina dura íntegra) proservar o caso 6.7. Tratamento: Tratamento endodôntico e proservação do caso de até 2 anos. Evolução: Manutenção do quadro clínico e radiográfico Curetagem/Raspagem Apicectomia (dentes com dilacerações apicais, canais com intrumentos fraturados, etc) Obturação retrógrada com pontas ultra-sônicas Exacerbação aguda (comportamento de cisto abscedido) Reparo da lesão com o tratamento endodôntico maioria dos casos! A cirurgia parendodôntica é indicada somente quando a terapia não- cirúrgica (tratamento endodôntico) tem fracassado a render reparo e o retratamento é contra-indicado ou improvável de promover sucesso. Natália B. Abrahão Clínica Odontológica I Endodontia Reparo dos tecidos periapicais 1. Variáveis do reparo Tipo de tratamento Situação da polpa 2. Agressões aos tecidos periapicais Lesão pré-existente Intervenção durante o preparo (sobreinstrumentar) Alteração pulpar contaminação do canal Cárie Trauma Iatrogenias durante tratamentos odontológicos 3. Avaliação do sucesso do tratamento endodôntico É preciso avaliar clínica e radiograficamente, visto que existe uma comunicação entre o canal dentinário e o canal cementário com os tecidos periapicais. O reparo acontece, pois a carga microbiana foi reduzida de tal maneira que as células de defesa do organismo passam a dominar a região, reparando os tecidos periapicais agredidos. 4. Reparo Mecanismo básico de defesa dos seres vivos,que vai ocorrer frente a uma agressão, envolvendo elementos celulares e vasculares após ser eliminada a causa do processo inflamatório. 4.1. Regeneração: Ocorre em órgãos onde as células são capazes de se multiplicar, neste caso o tecido perdido ou danificado é substituído por um tecido com as mesmas características e funções. Exemplos: tecidos periapicais, epiderme, fígado, ossos, etc. Natália B. Abrahão 4.2. Cicatrização: Ocorre em órgãos onde as células não são capazes de se multiplicar, neste caso o tecido perdido ou danificado é substituído por um tecido conjuntivo neoformado (tecido cicatricial). Exemplo: cérebro e músculo estriado cardíaco. 5. Fases do reparo Fase breve de hemorragia e hemostasia vasoconstrição e formação de coágulo Fase inflamatória (poucas horas a dois dias) chegada de células de defesa Fase proliferativa (poucos dias a alguns meses) chegada de células variadas para a formação de tecido 6. Exames clínicos Teste de percussão vertical e horizontal indica se existe ou não alteração periapical quando positivo Teste de mobilidade dentária Palpação apical/digital examinar a presença de edema ou dor 7. Patência foraminal Conseguir acesso direto com instrumento até a região foraminal (canal cementário) sem nenhum obstáculo. Com isso, é possível ter medicamento ao longo de todo o canal. O ideal é que esse processo seja realizado ao fim do PQM, usando um instrumento de exploração. 8. Proservação Normalmente o paciente é chamado a cada 4 ou 6 meses (tempo necessário para visualizar alterações radiográficas). Em casos de biopulpectomia, em que não há contaminação do canal radicular o paciente é proservado por apenas 6 meses, já em caso de necrose, preconiza-se proservação de 2 anos. 9. Obturação Cimento a base de óxido de zinco e eugenol é o menos biocompatível, tendo pior respostaquando extravasado; O ideal é que a obturação seja feita 1 ou 2mm aquém do ápice Natália B. Abrahão Clínica Odontológica I Dentística Colagem de fragmentos 1. Etiologia Trauma Violência urbana Esporte Fatores predisponentes: Protusão fisiológica da maxila (7-12 anos) Má oclusão (classe II) Respiradores bucais Mordida aberta anterior 2. Classificação de fraturas Esmalte: Colagem Plastia do esmalte pequeno desgaste para deixar mais plano Restauração direta Esmalte e dentina: Colagem Restauração direta Com exposição/envolvimento pulpar: Tratamento da polpa e posterior colagem ou restauração o Capeamento pulpar direto pó de hidróxido direto + cimento de hidróxido de cálcio + CIV o Curetagem passar delicadamente a cureta compatível com a exposição, removendo a porção mais superficial + pó de hidróxido direto + cimento de hidróxido de cálcio + CIV o Pulpotomia (remoção da polpa coronária) Natália B. Abrahão o Pulpectomia Com invasão/envolvimento do EBP: Recuperação do EBP e posterior colagem ou restauração direta/indireta o Aumento de coroa o Restauração transcirúrgica o Extrusão do dente imediata ou mediata o Espera pela erupção o Avulsão seguida de colagem e reposicionamento 3. Colagem de fragmento Vantagens: efeito psicológico, conservador, estética, função, simplicidade, custo Limitações: deslocamento do fragmento, estética, envolvimento radicular 3.1. Procedimentos prévios: Anamnese: Entender como ocorreu a fratura (Onde? Quando? Como?) Exame intra e extra-oral Avaliação do remanescente: Tipo, extensão, posição e direção da fratura; Quantidade de tecido envolvido; Exposição pulpar; Invasão do EBP; Grau de erupção; Estágio de desenvolvimento da raiz. Exame do fragmento: Integridade Adaptação ao remanescente Natália B. Abrahão Hidratação (pedir para que o paciente coloque o fragmento em um recipiente com água para que não ocorra alteração de cor não colocar em soro fisiológico, pois dificulta a adesão) Exames radiográficos para avaliar remanescente e outras estruturas (quando necessário; ex: ATM) Escolha da cor da resina composta 3.2. Protocolo técnico: a) Anestesia b) Isolamento absoluto c) Proteção do complexo dentino-pulpar – quando necessário d) Verificação da adaptação do fragmento e) Confecção de bisel no remanescente – se perfeitamente adaptado não precisa f) Condicionamento ácido e sistema adesivo no remanescente e no fragmento não polimerizar o adesivo (para não criar uma camada que dificulte a adaptação) g) Inserção de uma fina camada de resina composta no remanescente h) Encaixar o fragmento (pode ser segurado com um bastão de godiva ou cera 7) i) Aplicação de fotopolimerizador ao redor de todo o dente por mais tempo que o normal j) Ajuste oclusal k) Acabamento e polimento l) Confecção de bisel duplo de Davis: canaleta na linha de resina com ponta esférica diamantada e reinserção de resina – objetiva mascarar a presença da resina m) Manutenção periódica preventiva O material de proteção deve ser colocado apenas no centro do dente (polpa) e pode ser feita uma canaleta no fragmento – irão encaixar e haverá boa adaptação dos bordos. Clínica Odontológica I Dentística Lesões não-cariosas 1. Queixa principal Estética Sensibilidade 2. Etiologia Multifatorial! 3. Classificação 3.1. Biocorrosão (erosão): Conceito: Degradação da hidroxiapatita presente no tecido dental duro devido ao efeito da ação prolongada e frequente de ácidos. Seguindo este conceito a ação do ácido proveniente do metabolismo de bactérias também seria um fator causal. Aspecto: Forma de pires ou U (concavidade), com pouca profundidade, lisas e polidas, bordas definidas, livres de placa e com pouco brilho; Muitas vezes associada com um halo de esmalte na margem gengival graças ao fator protetor do fluído gengival e biofilme dental; Dentes com aspecto amarelado devido à exposição de dentina; Exposição dentinária nas superfícies vestibulares e linguais; Concavidades nas superfícies oclusais e/ou incisais; Incisivos encurtados e com relação largura/comprimento desproporcional; Sensibilidade persistente; Em lesões avançadas podem aparecer fissuras e asperezas nos bordos dentais. Fatores etiológicos: Exógenos: Ácido cítrico (laranja, limão) Ácido ascórbico (refrigerantes, vitamina C, tônicos de ferro) Águas cloradas (nadadores profissionais) Endógenos: Vômitos (anorexia, bulemia, abuso de álcool) Fatores idiopáticos Diagnóstico: Baseado na anamnese e exame clínico. Tratamento: Depende da etiologia, grau de comprometimento tecidual e presença ou não de sensibilidade. Reeducação alimentar Atendimento psicológico Soluções remineralizantes como coadjuvantes/protetoras essas soluções não são capazes de reverter o quadro clínico Dentifrícios com cálcio e fosfato Colutórios com alta concentração de flúor Dentifrícios com alta concentração de flúor (5.000ppm) 3.2. Fricção (atrição): Conceito: Perda de estrutura dental induzida por um fluxo sólido, líquido ou gasoso. Aspecto: Superfície dura, polida, rasa, com contorno regular e em forma de V. Fatores etiológicos: Escovação traumática (técnica, força, frequência e rigidez das cerdas) Uso de dentifrícios abrasivos (principalmente os branqueadores) Uso abusivo de palitos de dente Hábitos de interposição (caximbo, agulha, chimarrão, piercing) Na dentina, a evolução das lesões é mais rápida. Por apresentar menor quantidade de material inorgânico, a dentina é menos resistente a desmineralização ácida (ph 5,5 em dentina e 4,5 em esmalte). Como consequência, o paciente pode manifestar quadro de sensibilidade provocada a estímulos externos que, com o tempo, podem induzir a formação de dentina esclerótica pelo complexo dentino-pulpar (deixando o dente cada vez mais escuro). Tratamento: Orientação quanto ao uso correto da escova dental e dentifrício pouco abrasivo; Aplicação de agentes dessensibilizantes; Laserterapia; Restaurações estéticas (desde que a quantidade de tecido abrasionado permita a inserção desses materiais sem alteração do contorno do elemento dental). 3.3. Tensão (abfração): Conceito: Perda patológica de tecido dentário mineralizado na região cervical a partir de trincas e microfraturas induzidas por forças biomecânicas aplicadas diretamente sobre os dentes. Pela sua característica histológica, a dentina se deforma sem risco de fratura. O mesmo não ocorre com o esmalte (não permite deformação). Durante a mastigação, as forças laterais geradas na superfície oclusal dos dentes posteriores podem resultar na deflexão dos dentes. Consequentemente, ocorrerá compressão na região cervical para o lado em que o dente está se flexionando e tração no lado oposto. Considerando que os substratos esmalte e dentina possuem elevada resistência à compressão e baixa à tração, o stress da deformação gera quebras das ligações químicas entre os cristais de hidroxiapatita, com isso há aumento da permeabilidade a substâncias nos espaços formados, o que dificulta o restabelecimento das ligações químicas rompidas. A longo prazo, o trauma oclusal repetitivo resulta na exposição dentinária, que por sua vez se mostra vulnerável a dissolução ácida (erosão) e ao desgaste mecânico da escovação (abrasão). Fatores etiológicos: Bruxismo Apertamento Oclusão: contato prematuro Deglutição Mastigação de alimentos duros Profissões: segurar pregos, instrumentos de sopro Hábitos: morder unhas e objetos como lápis Uso de aparelhos ortodônticos Grampos de PPR que interfiram na oclusão do paciente Protetores de mordidapodem alterar a oclusão do paciente Aspecto: Apresentam-se em forma de cunha, geralmente profundas e com margem definida. É observada maior incidência desse tipo de lesão nos dentes inferiores, podendo ser justificado se consideramos que dentes inferiores apresentam menor diâmetro coronário na região cervical. Diagnóstico: Abfração denuncia que o dente provavelmente está em trauma oclusal. A imagem radiográfica poderá demonstrar sinais confirmatórios: Espessamento da lâmina dura Alargamento do espaço periodontal Reabsorção vertical na cervical da crista óssea Aumento da densidade óssea alveolar. Tratamento: Restauracões adesivas; Tratamento dessensibilizante (quando a profundidade não é grande); Ajuste oclusal para impedir a progressão dessas lesões; Confecção de placas miorrelaxantes; Tratamento ortodôntico ou cirurgia ortognática para adequar oclusão; Restaurações protéticas. O tratamento das lesões não cariosas é diversificado e depende da quantidade de estrutura dental perdida, presença ou não de sensibilidade e grau de envolvimento estético. O tratamento das consequências, através da realização de restaurações, deve ser instituído concomitante a remoção dos fatores etiológicos. 4. Tratamento de hipersensibilidade dentinária 4.1. Cremes dentais dessensibilizantes (à base de cloreto de estrôncio, nitrato de potássio e arginina): Padrão ouro atualmente Colgate Pró-alívio (com arginina na composição) Aplicar diretamente no dente sensível, massageando suavemente durante 1min. Após esse procedimento, escovar os dentes normalmente utilizando o mesmo dentifrício. Repetir este processo durante uma semana, mantendo o uso do dentifrício após este período. 4.2. Laserterapia: Alta potência veda os túbulos dentinários, impedindo a dor Baixa potência modula o limiar de dor, quando o paciente já apresenta sintomatologia dolorosa 4.3. Protocolo para tratamento em consultório: a) Isolamento relativo b) Profilaxia c) Aplicação de gel de nitrato de potássio 2% com fio retrator (ação neural) – aguardar 2min d) Friccionar o gel – aguardar 2min e) Friccionar o gel novamente – aguardar 1min f) Remover o gel g) Repetir o procedimento sem o uso do fio retrator a) Isolamento relativo b) Aplicação de gel de gluteraldeído 5% (obliterador) c) Friccionar e deixar agir 4.4. Tratamento restaurador: Melhoria da higiene; Diminuição da sensibilidade térmica Prevenção do envolvimento pulpar Prevenção de abrasão por dentrifício Prevenção de erosão ácida Realizar este procedimento durante duas consultas com intervalo de 48h entre elas. Realizar este procedimento durante duas consultas com intervalo de 48h entre elas. Prevenção de impacção alimentar Melhora estética Aumento da resistência do dente Orientação profissional visando a prevenção: Não escovar os dentes logo após ingerir ácidos (esperar no mínimo 1h) Não ficar com bebidas ácidas muito tempo na boca (não bochechar) Utilizar canudos ao beber bebidas ácidas Escovação suave Não utilizar dentifrícios abrasivos Natália B. Abrahão Clínica Odontológica I Endodontia Diagnóstico e tratamento dos processos periapicais agudos 1. Processos de origem não infecciosa Inflamação não microbiana Pericementites não infecciosas/ química/ traumática/ iatrogênica Não relacionados à contaminação microbiana Relacionados à origem traumática ou química Geralmente são processos inflamatórios agudos incipientes (não se agrava muito ao longo do tempo) Contato com agente agressivo processo inflamatório agudo na região periapical (tecidos que circundam o ápice dentário) – localizado 1.1. Fatores causais: Sobreoclusão (restauração com ajuste oclusal inadequado) realizar ajuste oclusal adequado Sobreinstrumentação (instrumentação sem respeitar o comprimento de trabalho) Ação de irrigantes e medicamentos utilizar técnica e quantidade adequada Sobreobturação (extravazamento do cimento obturador ou dos cones de papel) correta prova de cone e espatulação do cimento 1.2. Características: Paciente refere ter sido submetido a algum procedimento nos últimos dias Dor pode ser provocada ou espontânea (depende da sensibilidade do paciente) Dor localizada (sabe identificar o dente) Intensidade de leve a moderada Geralmente inicia algumas horas após o procedimento (com exceção de casos de sobreoclusão, em que demora mais para causar dor) 1.3. Exame clínico: Sem alteração clínica visível Evidências da intervenção do cirurgião dentista (abertura coronária, restauração recente) Natália B. Abrahão Testar se existe contato prematuro Teste de pressão positiva (empurrar o dente em direção ao ápice) Digitação apical positiva ou negativa – depende da sensibilidade do paciente Teste de percussão positivo Teste de sensibilidade pulpar positivo (sobreoclusão) ou negativo (casos relacionados à endodontia) 1.4. Exame radiográfico: Não é possível visualizar alterações periapicais causadas por esse processo, mas sim indícios de intervenção profissional. 1.5. Tratamento: Eliminação da causa é possível Agente agressor não está agindo de forma contínua (sobreinstrumentação) Sem tratamento local Tratamento sistêmico – analgésicos e anti-inflamatórios: Paracetamol 750mg de 6/6h durante 2 a 4 dias Ibuprofeno 400mg de 6/6h durante 2 a 4 dias Diclofenaco sódico ou de potássio 50mg de 6/6h durante 2 a 4 dias 2. Processos de origem infecciosa: Inflamação microbiana Relacionados ao processo de necrose pulpar e com as defesas do hospedeiro As bactérias mais associadas aos processos periapicais agudos são as anaeróbias gram negativas (produtoras de pigmentos negros), estando também presentes em processos crônicos, mas em menor quantidade produzem na sua parede celular uma toxina chamada lipopolissacarídeo bacteriano (LPS), sendo liberado durante a reprodução ou lise destas bactérias (em grandes concentrações libera neurotransmissores vasoativos nos tecidos periapicais, potencializando a dor) Nestes casos haverá dois momentos de tratamento: Tratamento paliativo/ de urgência – tem como objetivo o alívio dos sintomas Medidas locais: dependem do estágio do quadro agudo Nesses casos, o tratamento de urgência já corresponde ao tratamento definitivo. Natália B. Abrahão Medidas sistêmicas: dependem da presença de manifestações sistêmicas, da possibilidade de drenagem e do estado de saúde do paciente. Tratamento resolutivo – tem como objetivo agir contra a causa do processo, evitando que ele retorne ou se perpetue tratamento endodôntico ou exodontia 2.1. Pericementite apical infecciosa aguda: Artrite apical Processo inflamatório pericemento apical causado por microrganismos e suas toxinas Processo localizado em que não existe a formação de pus Se não houver intervenção a tendência é de evolução do quadro (já que o fator causal continua presente) Manifestações subjetivas: Dor espontânea Continua Localizada Intensidade mediana Sensibilidade ao toque ou a mastigação Sensação de prurido, pressão (dente apertado no alvéolo) ou “dente crescido” – a inflamação nos tecidos periapicais pode causar uma leve extrusão do dente no alvéolo, causando esta sensação Manifestações objetivas - Exame clínico: Presença de dor Presença de restauração (com alguma desadaptação que possa ter causado a entrada de bactérias), lesões de cárie, fraturas, traumatismo dentário, etc. Teste de pressão e percussão positivo Teste de digitação apical pode ser negativo ou positivo Teste de sensibilidade pulpar negativo Dentes ainda sem mobilidade Aspecto radiográfico: Por ser um processo bastante inicial, ainda não houve tempopara que ocorra alguma alteração óssea. Portanto, não é um exame conclusivo, sendo mais comum Natália B. Abrahão apresentar ausência de alteração radiográfica ou o aumento discreto do ligamento periodontal apical. Diagnóstico diferencial: Dor pulpar x dor periapical: Dor pulpar teste de sensibilidade pulpar positivo, muitas vezes exacerbado Dor periapical teste de sensibilidade pulpar negativo Pericementite apical não infecciosa x Pericementite apical infecciosa aguda: Pericementite apical não infecciosa sintomatologia aparece logo após a intervenção profissional Pericementite apical infecciosa aguda sintomatologia aparece alguns dias após a intervenção profissional (quando relacionada à intervenção) Tratamento: Urgência: Medidas locais: Redução do conteúdo séptico do canal, através de abertura coronária e penetração desinfetante (por terços com instrumentos finos) irrigando com hipoclorito de sódio 12%. MIC: tricresol formalina + selamento provisório e alívio oclusal Se houver tempo pode ser realizado todo o PQM, usando hidróxido de cálcio com MIC. Medidas sistêmicas: Analgésicos comuns Paracetamol 750mg de 6/6h por 2 a 4 dias; Dipirona sódica 500mg de 6/6h por 2 a 4 dias. Resolutivo (após a remissão do quadro agudo): Tratamento endodôntico ou exodontia do dente, estando a escolha entre estas duas opções relacionadas ao prognóstico do elemento dentário (estado, valor estratégico, capacidade de reabilitação protética, estado de saúde do paciente). Natália B. Abrahão 2.2. Abscesso apical agudo: Abscesso dento-alveolar agudo; Periodontite apical supurativa aguda; Abscesso agudo periapical. A partir de um quadro de pericementite apical aguda começa a ocorrer a formação de pus De acordo com a característica da formação de pus, classifica-se o abscesso apical agudo em diferentes estágio clínicos, com diferentes tratamentos. Fase inicial – pus localizado na região periapical Em evolução – pus começa a buscar exteriorização, localizando-se em região óssea, na região de tecidos moles de maneira difusa Evoluído: pus localizado e concentrado na região de tecido moles (mucosa ou pele) 2.2.1. Abscesso apical agudo em fase inicial: Manifestações subjetivas: Paciente relata histórico de sintomas da fase anterior (pericementite periapical aguda) Dor passa a ter característica mais intensa Espontânea Localizada Pode ter característica pulsátil e contínua Dor exacerbada pelo toque Sensação de dente crescido Pode apresentar manifestações sistêmicas (febre, prostação) Manifestações objetivas: Presença de restauração (com alguma desadaptação que possa ter causado a entrada de bactérias), lesões de cárie, fraturas, traumatismo dentário, etc. Pode apresentar fundo de sulco avermelhado, na região próxima ao ápice dentário (devido à liberação de toxinas) Teste de pressão e percussão muito positivo Teste de digitação apical positivo Teste de sensibilidade pulpar negativo (se o paciente referir dor, conferir se não é devido ao toque) A drenagem de pus é a maneira mais eficaz para alívio da dor em casos de abscesso apical agudo. Natália B. Abrahão Mobilidade dentária, devido à desorganização das fibras do ligamento periodontal (perguntar para o paciente se esteve sempre presente ou se surgiu junto com o aparecimento da dor) Aspecto radiográfico: Pode ser encontrada ausência de alterações radiográficas periapicais, presença de radioluscência periapical com bordos pouco nítidos. Diagnóstico diferencial: Dor pulpar x dor periapical: Dor pulpar teste de sensibilidade pulpar positivo, muitas vezes exacerbado; Dor geralmente difusa. Dor periapical teste de sensibilidade pulpar negativo; Dor localizada. Abscesso periapical x abscesso periodontal: Abscesso periapical teste de sensibilidade pulpar negativo Abscesso periodontal teste de sensibilidade pulpar positivo, presença de bolsa com drenagem de pus via bolsa periodontal Abscesso periapical x fratura: Avaliar radiograficamente e realizar sondagem periapical. Tratamento: Urgência: Medidas locais: Redução do conteúdo séptico intracanal, diminuindo a carga microbiana e drenagem do pus via canal. Para realizar a drenagem é feita abertura coronária e penetração desinfetante. Caso não drene, realizar o trespasse apical (com instrumento fino ultrapassar 1 ou 2mm o CT do dente, tentando desbloquear a passagem de pus contido naquela região). Nestes casos é usado tricresol formalina como MIC, selamento provisório e ajuste oclusal. Se houver tempo pode ser realizado todo o PQM, usando hidróxido de cálcio com MIC. Medidas sistêmicas: Abscesso fênix é aquele que se apresentava como um abscesso periapical crônico e sofre processo de agudecimento. Natália B. Abrahão Se houver drenagem: analgésicos comuns Paracetamol 750mg de 6/6h por 2 a 4 dias; Dipirona sódica 500mg de 6/6h por 2 a 4 dias. Se não for possível fazer drenagem: analgésicos mais potentes Paracetamol 500mg + Fosfato de codeína 30mg (Tylex) de 6/6h por 2 a 4 dias (receituário especial) Uso de antibiótico é indicado quando observado risco de disseminação sistêmica da contaminação: - Casos de comprometimento sistêmico (diabetes, HIV, lúpus eritematoso, gripe, etc) - Paciente extremamente delimitado (prostação, febre, etc) - Drenagem não é possível Resolutivo (após a remissão do quadro agudo): Tratamento endodôntico ou exodontia do dente, estando a escolha entre estas duas opções relacionadas ao prognóstico do elemento dentário (estado, valor estratégico, capacidade de reabilitação protética, estado de saúde do paciente). Amoxicilina 500mg de 8/8h por 7 a 10 dias; Amoxicilina 500mg + Clavulanato de potássio 125mg de 8/8h por 7 a 10 dias; (quando amox. não tem efeito) Clindamicina 300mg de 12/12h por 5 a 7 dias (pacientes alérgicos) Metronidazol 400mg de 6/6h por 7 dias (pacientes alérgicos) Azitromicina 500mg de 24/24h por 5 dias (pacientes alérgicos) Manifestações em tecidos moles: O pus situado na região periapical começa a aparecer no osso esponjoso, e à medida que se aproxima da cortical, o pus acaba perfurando a cortical óssea e atingir os tecidos moles. Quando ele está percorrendo o tecido ósseo, já produz citocinas que são lentamente liberadas, causando vermelhidão e um discreto aumento de volume. Ao chegar aos tecidos moles, este pus se espalha/difunde nos tecidos caracterizando-se sem um ponto de flutuação (região em que o pus está mais concentrado). Com o passar do tempo, começa a concentrar-se, sendo possível observar um aumento de volume significativo e um ponto de flutuação. O que diferencia um abscesso em evolução de um abscesso evoluído é justamente a presença ou não de um ponto de flutuação. O local em que o aumento de volume ocorrerá depende de uma situação que inclui a inclinação das raízes e espessura óssea x comprimento das raízes e inserções musculares (o pus sempre buscará a exteriorização através do local com menor resistência). Flegmão/Celulite: Abscesso que apresenta manifestações em tecidos moles formando um aumento de volume visível clinicamente. Natália B. Abrahão 2.2.2. Abscesso apical agudo em evolução: Na ausência de tratamento do abscesso, o pus começa a tentar exteriorizar-se, espalhando-se para o tecido ósseo e periósteo, as toxinas produzidas começam a ser liberadas e o pus alcança os tecidos moles, localizando-se em pele e mucosa de maneira ainda difusa; Geralmente é a fase de maior desafio clínico para gerar alívio de dor ao paciente (devido à falta de concentração do pus, dificultando a drenagem); Aumento de volume inicialmente causado pelas toxinas produzidas, e posteriormente causado pelo próprio pus difundido nos tecidos. Manifestações subjetivas: Vermelhidão Assimetria facial Edema intra ou extra oral sem ponto de flutuação Eventualmente pode existir dificuldade de abertura de boca (devido ao aumento de volume) Manifestações objetivas: Teste de pressão e percussão muito positivo Teste de digitação apical positivo Teste de sensibilidade pulpar negativo Pode ter mobilidade dentária, mas menor do que no estágio inicial já que o pus não está mais concentrado na região das fibras Presença de restauração (com alguma desadaptação que possa ter causado a entrada de bactérias), lesões de cárie, fraturas, traumatismo dentário, etc. Aspecto radiográfico: Exame não conclusivo, podendo apresentar ausência de alterações ou lesões pré- existentes. Diagnóstico diferencial: Abscesso em evolução x Pericoronarite: Pericoronarite: inflamação dos tecidos circundantes a um dente em erupção Natália B. Abrahão Abscesso em evolução x Fratura dentária: A linha de fratura pode gerar a proliferação de biofilme e este biofilme quando permanece por muito tempo pode evoluir para um processo supurativo com aumento de volume. Abscesso em evolução x Abscesso periodontal ou perfurações Não apresentam origem endodôntica Abscesso em evolução x Caxumba: Ausência de dor de origem dentária, dor na região de tumefação, vermelhidão no ducto de Stensen, pode haver febre, prostação e cefaleia. Abscesso em evolução x Sialolitíase: Aumento de volume normalmente antes da alimentação (momento de bastante secreção salivar) devido a obliteração do ducto salivar, ausência de dor de origem dentária, dor na região de tumefação, possível palpação de objeto solido na região afetada (sialolíto) e imagem radiopaca compatível com cálculo salivar. Abscesso em evolução x Hipertrofia do masseter Característica anatômica, ausência de dor Abscesso em evolução x Osteomielite supurativa aguda: Perda óssea com imagens radiopacas “flutuando” em uma área radiolúcida. Abscesso em evolução x Actinomicoses: Ausência de dor dentária, tumefação em ângulo da mandíbula geralmente, indolor e endurecido, pele avermelhada, púrpura e fístulas múltiplas. Abscesso em evolução x Tumores Ausência de dor de origem dentária, geralmente indolor, comportamento progressivo (não evolui em questão de dias). Natália B. Abrahão Tratamento: Urgência: Medidas locais: Pela dificuldade de drenagem devido à falta de concentração do pus, deve-se fazer uma tentativa de redução do conteúdo séptico intracanal, diminuindo a carga microbiana, através da drenagem do pus via canal. Para realizar a drenagem é feita abertura coronária e penetração desinfetante. Caso não drene, realizar o trespasse apical (com instrumento fino ultrapassar 1 ou 2mm o CT do dente, tentando desbloquear a passagem de pus contido naquela região). Nestes casos é usado tricresol formalina como MIC, selamento provisório e ajuste oclusal. Se a drenagem não for obtida, pelo menos foi diminuído o conteúdo séptico do canal, aumentando as chances de respostas do hospedeiro. Nesta fase do processo manifestações sistêmicas como febre e prostração são mais comuns, dificultando o término do PQM. Se houver tempo e o paciente estiver em um “bom estado de saúde” pode ser realizado todo o PQM, usando hidróxido de cálcio com MIC. Pode ser dada a recomendação para que o paciente utilize manobra de calor local, por meio de bochechos com solução aquecida (água morna, chás, etc.) não deve ser usado calor externo, pois estimula a drenagem via pele, que pode causar cicatriz. Medidas sistêmicas: Se houver drenagem: analgésicos comuns Paracetamol 750mg de 6/6h por 2 a 4 dias; Dipirona sódica 500mg de 6/6h por 2 a 4 dias. Se não for possível fazer drenagem: analgésicos mais potentes Paracetamol 500mg + Fosfato de codeína 30mg (Tylex) de 6/6h por 2 a 4 dias (receituário especial) Natália B. Abrahão Uso de antibiótico é indicado quando observado risco de disseminação sistêmica da contaminação: - Casos de comprometimento sistêmico (diabetes, HIV, lúpus eritematoso, gripe, etc) - Paciente extremamente delimitado (prostação, febre, etc) - Drenagem não é possível Resolutivo (após a remissão do quadro agudo): Tratamento endodôntico ou exodontia do dente, estando a escolha entre estas duas opções relacionadas ao prognóstico do elemento dentário (estado, valor estratégico, capacidade de reabilitação protética, estado de saúde do paciente). 2.2.3. Abscesso apical agudo evoluído: Manifestação subjetiva: Dor espontânea, mas menos intensa quando comparada ao “em evolução” não existe mais a pressão do pus para extravasar para tecidos moles, pois ele já se localiza em tecidos moles Manifestação objetiva: Teste de pressão e percussão positivo (menor intensidade do que nas etapas anteriores) Teste de digitação apical positivo (menor intensidade do que nas etapas anteriores) Teste de sensibilidade pulpar negativo Geralmente sem mobilidade dentária, mas pode ocorrer em algumas situações Presença de restauração (com alguma desadaptação que possa ter causado a entrada de bactérias), lesões de cárie, fraturas, traumatismo dentário, etc. Amoxicilina 500mg de 8/8h por 7 a 10 dias; Amoxicilina 500mg + Clavulanato de potássio 125mg de 8/8h por 7 a 10 dias; (quando amox. não tem efeito) Clindamicina 300mg de 12/12h por 5 a 7 dias (pacientes alérgicos) Metronidazol 400mg de 6/6h por 7 dias (pacientes alérgicos) Azitromicina 500mg de 24/24h por 5 dias (pacientes alérgicos) Mais comum nesses casos! Natália B. Abrahão Aspecto radiográfico: Exame não conclusivo, podendo apresentar ausência de alterações ou lesões pré-existentes. Diagnóstico diferencial: Igual ao da etapa de abscesso em evolução. Tratamento: Urgência: Medidas locais: Drenagem cirúrgica: a) Aplica-se anestesia regional e depois anestesias em torno da região afetada (quando a drenagem for em pele, preferir anestésicos sem vasoconstritor, para evitar que deixe cicatriz mais facilmente). b) Realizar pequena incisão um pouco abaixo do ponto de flutuação c) Inserir instrumento de ponta ronda (pinça mosquito ou até mesmo a sonda periodontal) e divulsionar o tecido para liberar a saída do pus neste momento o pus será drenado Sempre que possível será realizada também a abertura coronária e penetração desinfetante por terços. Se houver tempo e o paciente estiver em um “bom estado de saúde” pode ser realizado todo o PQM, usando hidróxido de cálcio com MIC. Medidas sistêmicas: Pelo fato de neste estágio a dor já não ser mais tão intensa e da drenagem ser a maneira mais eficaz de combater os sintomas, normalmente será prescrito analgésicos comuns: Paracetamol 750mg de 6/6h por 2 a 4 dias; Dipirona sódica 500mg de 6/6h por 2 a 4 dias. Se ao apertar a região for observada a presença de pus, mesmo após a drenagem cirúrgica, deve ser aplicado um pequeno dreno (suturar em um dos lados da incisão um pedacinho de dique de borracha, para que a ferida não feche, impossibilitando a drenagem do pus). Este dreno deve ficar por no máximo 48h, evitando que o dreno se torne uma porta de entrada para contaminação. Natália B. Abrahão Em casos de pacientes mais sensíveis ou situações especiais é necessário prescrever Tylex: Paracetamol 500mg + Fosfato de codeína 30mg de 6/6h por 2 a 4 dias (receituário especial) Uso de antibiótico é indicado quando observado risco de disseminação sistêmica da contaminação: - Casos de comprometimento sistêmico (diabetes, HIV, lúpus eritematoso, gripe, etc) - Paciente extremamente delimitado (prostação, febre, etc) - Drenagem não é possível Resolutivo (após a remissão do quadro agudo): Tratamento endodôntico ou exodontia do dente, estando a escolha entre estas duas opções relacionadas ao prognósticodo elemento dentário (estado, valor estratégico, capacidade de reabilitação protética, estado de saúde do paciente). 3. Complicações dos quadros agudos 3.1. Flegmão lenhoso: Situação em que o abscesso apical agudo torna-se crônico, devido à drenagem inadequada ou a não prescrição de antibióticos de forma adequada. Forma-se uma tumefação dura, fibrosada, ao invés de ocorrer a remissão do edema. Região endurecida Indolor Sem manifestações sistêmicas Reversão bastante lenta Amoxicilina 500mg de 8/8h por 7 a 10 dias; Amoxicilina 500mg + Clavulanato de potássio 125mg de 8/8h por 7 a 10 dias; (quando amox. não tem efeito) Clindamicina 300mg de 12/12h por 5 a 7 dias (pacientes alérgicos) Metronidazol 400mg de 6/6h por 7 dias (pacientes alérgicos) Azitromicina 500mg de 24/24h por 5 dias (pacientes alérgicos) Tratamento: Realizar o tratamento endodôntico (nesta etapa não existe mais a possibilidade de drenagem) e salientar ao paciente que a reversão do quadro acontecerá de forma bastante lenta. Natália B. Abrahão 3.2. Angina de Ludwig: Situações em que a drenagem acontece abaixo da inserção do músculo milo- hioideo, comprometendo a região submandibular, sublingual e submentoniano bilateralmente e dificultando a capacidade de respiração e deglutição, com obstrução das vias aéreas. Edema difuso Desenvolvimento rápido Geralmente associado à infecção aguda Tem sido associada a situações em que o paciente apresenta baixa imunidade (lúpus, diabetes e HIV) Ocorre principalmente em molares inferiores (com raízes mais longas) Normalmente ocorre elevação da língua Pode levar a septicemia, obstrução das vias aéreas e até a óbito. Acompanhar o paciente após o tratamento de urgência. Em caso de suspeita de quadro de Angina de Ludwig o paciente deve ser levado imediatamente para internação hospitalar (manutenção das vias aéreas, drenagem hospitalar eantibioticoterapia endovenosa)! Natália B. Abrahão Clínica Odontológica I Estomatologia Processos proliferativos não neoplásicos e Diagnóstico das lesões brancas 1. Lesão branca Originada pelo espessamento do epitélio Lesão fundamental: mancha ou placa 1.1. Removível por raspagem: Candidíase pseudomembranosa: Não é uniforme Tratar com fungicida 1.2. Não removível: Hiperceratose friccional: Comum em pacientes fumantes, principalmente com espessamento da mucosa do palato mole; Comum em paciente edêntulo que mastiga com a mucosa. Língua geográfica Papilas filiformes pigmentadas (língua pilosa): Mexer para ver o movimento das papilas Leucoplasia pilosa: Afeta os bordos da língua de maneira bilateral Secar com a gaze para ver se fica fosco (similar ao exame de cárie) Pedir exame anti-HIV Lúpus eritematoso sistêmico: Aspecto de asa de borboleta no palato Líquen plano: Natália B. Abrahão Procurar áreas de estrias Mancha ou placa branca na língua Tratar com fungicida Toda placa rugosa tende a acumular fungo prescrever fungicida antes da realização de biópsia Mordiscamento Cicatriz: Palpar e sentir o cordão de colágeno Sífilis: Mimetiza clinicamente outras doenças comuns Examinar se é mancha realmente ou se é placa sifilítica Sífilis primária = lesão única Sífilis secundária = lesões múltiplas Candidíase leucoplásica: Não é uniforme Tratar com fungicida Leucoplasia Combinação de manchas e placas brancas, sendo uma lesão única e extensa Biópsia deve ser realizada na região mais preocupante área heterogênea Remover fatores etiológicos Realizar acompanhamento Em mucosa jugal é baixa a incidência de transformação maligna Morfologia bastante variada Carcinoma: Acompanhar pacientes que fizeram tratamento para neoplasias Sempre fazer biópsia de lesões brancas nestes casos 1.3. Linha de raciocínio: a) Lesão fundamental: mancha ou placa b) Descartar hipótese de trauma local c) Verificar fatores como fumo e álcool Para achar lesão branca tem que secar a mucosa! Natália B. Abrahão d) Determinar se é removível a raspagem ou não não removível! e) Determinar se a lesão é única ou múltipla única! f) Verificar o tempo de evolução 2. Processos proliferativos não neoplásicos Lesões fundamentais: nódulo ou pápula Granuloma piogênico: Resposta inflamatória proliferativa reativa a um agente de baixa intensidade, como uma restauração fraturada, excesso de material restaurador ou cálculo; Normalmente apresenta-se como uma pápula séssil, mais frequente em gengiva; Tratamento cirúrgico (sangra muito): remover até o periósteo (usar cimento cirúrgico sem eugenol); Pode ser bastante extenso e agressivo. Hiperplasias induzidas por prótese: Pedir para o paciente não usar a prótese por um tempo Remoção cirúrgica da lesão Hiperplasia fármaco induzida: Remoção cirúrgica Lesões periféricas de células gigantes: Provenientes do periósteo; Lesão com características radiográficas Anatomia topográfica: Papila foliácea; Glândulas salivaresacessórias. Tórus: Remoção é indicada quando acumula restos alimentares ou interfere na confecção de prótese Natália B. Abrahão Hérnia em assoalho bucal Dente incluso Hemangiomas: Má-formação vascular 2.1. Linha de raciocínio: a) Anamnese b) Exame físico c) Remoção de trauma crônico d) Requisição de raio-X, se necessário e) Requisição de exames pré-operatórios Natália B. Abrahão Clínica Odontológica I Periodontia Hipersensibilidade dentinária 1. Definição Importante problema clínico devido à sua ocorrência e ao seu impacto nos indivíduos. Pode ser definida como uma dor acentuada de curta duração decorrente da exposição de dentina em resposta a um estímulo térmico, evaporativo, tátil, osmótico ou químico. Além disso, a hipersensibilidade dentinária não pode ser atribuída a qualquer outra patologia dentária. Caracteriza-se como uma dor crônica que exige tratamento. Sinônimos: Alodontia, Odontalgia, Hiperestesia dentinária, Hipersensibilidade dentinária cervical. 2. Prevalência: Embora a HD possa comprometer pessoas de qualquer idade, os indivíduos mais afetados estão na faixa etária de 20 a 50 anos, com um pico entre 30 a 40 anos (primeiros sinais clínicos da doença periodontal), diminuindo com o envelhecimento. Diminuição da permeabilidade da dentina Diminuição da sensibilidade neural 2.1. Fumo: Indivíduos fumantes ↑chances de desenvolver periodontite ↑ recessão gengival ↑exposição radicular ↑ HD 2.2. Histórico de tratamento periodontal: Indivíduos com histórico de tratamento periodontal tem 50% mais chance de apresentar HD, pois o próprio tratamento causa certa retração gengival, expondo maior área de raiz. Além disso, os indivíduos tratados recebem remoção profissional de placa e cálculo que, inadvertidamente, remove a proteção dentinária. Natália B. Abrahão 2.3. Recessão gengival: Não há hipersensibilidade dentinária sem exposição de dentina. A região cervical costuma ser mais afetada, justamente pelo fato de que nessa região o cemento que recobre a dentina é muito delgado, podendo em caso de recessão gengival, ser perdido mais facilmente (escovação). 3. Teorias explicativas Teoria da transdução odontoblástica Teoria neural Teoria hidrodinâmica/ Teoria hidrodinâmica de Brannstrom: Fluidos dentro dos túbulos dentinários são perturbados tanto pela temperatura quanto por alterações físicas ou osmóticas. Esses movimentos do fluido são capazes de mudar a pressão intratubular, o que acaba por perturbar as terminações nervosas pulpares, iniciando a sensação dolorosa. Tendo em vista a etiologia é possível definir possíveis caminhos de tratamento: Obliterar o túbulo Impedir a movimentação do fluido Impedir que o estímulo doloroso chegue ao sistema nervoso 4. Fatoresavaliar a adesão do paciente ao tratamento Streptoccocus mutans: Bactéria cariogênica associada ao consumo de sacarose Pode estar associada ao processo carioso Lactobacilus: Associada ao consumo de carboidratos Necessita de sítios receptivos (cavidades de cárie, restaurações) Valor de referência: maior ou igual a 0,7mL/min Valor de referência: maior ou igual a pH=4 Valor de referência: menor que 106UFC/mL de saliva Valor de referência: menor que 105 UFC/mL de saliva FA = Frequência alimentar FS = Frequência de sacarose FSER = Frequência de sacarose entre refeições Natália B. Abrahão 7. Características histopatológicas da lesão de cárie em esmalte (não-cavitada) Zona superficial: é uma zona hipermineralizada, que possui pouca quantidade de poros e cristais grandes (40-80 nm). Sofre constante processo de remineralização. É a parte mais recente da lesão. Zona de corpo da lesão: possui maior quantidade de poros e cristais pequenos (10-30 nm). Sofre processo de desmineralização. Zona escura: possui pouca quantidade de poros e cristais grandes (50-100 nm). Sofre constante processo de remineralização. Zona translúcida: possui menor quantidade de poros e cristais pequenos (25-30 nm). Sofre constante processo de desmineralização. É a primeira zona formada e a parte mais antiga da lesão. Zona de esmalte normal 8. Características histopatológicas da lesão de cárie em dentina (cavitada) Biofilme + Zona de necrose Zona de invasao bacteriana Zona de desmineralização Zona de esclerose dentinária Dentina reacional 9. Características clínicas 9.1. Lesões não-cavitadas: Ativa Inativa Cor Branca Branca ou pigmentada de marrom/castanho Textura Rugosa Lisa Reflexão Opaca Brilhante Importância clínica: evitar iatrogenia, visto que se o profissional exercer uma força exagerada sobre a camada superficial pode romper a lesão, expondo a zona de corpo da lesão que é extremamente porosa. Além disso, é possível avaliar a capacidade de remineralização do tecido cariado. Importância clínica: guiar o tratamento restaurador. Código de Pigmentação: manchas removidas com profilaxia, não se aplica a LNCI que acabam pigmentando ao longo do tempo Natália B. Abrahão 9.2. Lesões cavitadas: Ativa Inativa Cor Castanho claro/amarelo Marrom escuro Textura Amolecida/coreácea (sai lascas) Endurecida 10. Índice ICDAS Índice que considera a característica clínica da lesão e o grau histopatológico. 0 = superfície dentária hígida 1 = alterações iniciais em esmalte quando seco 2 = alterações distintas em esmalte úmido 3 = cavidade em esmalte sem dentina visível ou sombreamento aparente pode ser comum em vestibular de molares (no sulco) 4 = sombreamento visível em dentina apresentando ou não cavidade em esmalte Deve ser feito exame radiográfico para avaliar a extensão da lesão, já que o grau de desmineralização pode variar. Imagem radiográfica em dentina tratamento restaurador Cavidade com imagem radiográfica em esmalte selamento Sem imagem radiográfica acompanhamento 5 = cavidade evidente com dentina visível 6 = cavidade extensa com dentina visível 11. Processo de inativação da lesão Remineralização – deposição de cristais de fluorapatita Polimento Pigmentação – no processo de des/re houve a incorporação de pigmentos no interior do tecido Índice de refração: Hidroxiapatita = 1,62 Água = 1,33 Ar= 1 É importante verificar se ao sondar uma cavidade é possível delimitar toda a área (paciente consegue higienizar de forma adequada) ou se há áreas socavadas (não será possível higienizar de forma adequada, portanto, exige tratamento restaurador). Natália B. Abrahão 12. Lesão não-cavitada x Fluorose dentária Lesão de cárie não-cavitada Fluorose Forma Acompanha o formato da gengiva Acompanha as estrias de Retzius Dentes acometidos Relacionado ao acúmulo de biofilme Tendência a homologia (dentes que tem a mesma época de erupção costumam apresentar o mesmo grau de severidade) Região subgengival Esmalte normal Esmalte afetado 13. Lesão radicular São usados os mesmos critérios de diagnóstico que as lesões coronárias. Porém, muitas vezes o cemento é perdido mais rapidamente, já expondo dentina. 14. Superfície proximal Inspeção visual – em casos que o dente adjacente está ausente, ao fazer restaurações de classe II (aproveitar sempre para olhar a face proximal do dente vizinho) ou ao realizar afastamento dental. Exame radiográfico - não indica a atividade ou não da lesão, visto que apesar da remineralização provocar um aumento dos cristais, a cicatriz da lesão permanece presente, gerando imagem radiográfica. Serão realizadas radiografias interproximais como rotina em pacientes com atividade de cárie ou em casos de sombreamento que podem gerar dúvidas quanto à cavitação ou não da lesão. Fluorose pode ser comum em ponta de cúspide (região que dificilmente apresentará lesão de cárie). Importante! Histologicamente a lesão está sempre mais avançada do que a imagem representada no exame radiográfico. Por isso, quando o paciente tem atividade de cárie será feita aplicação tópica de flúor em toda a boca e não apenas na lesão detectada. Natália B. Abrahão 14.1. Decisão de intervenção Lesões não cavitada ativa o controle da lesão é possível Lesão cavitadas o controle da lesão torna-se extremamente difícil, exigindo intervenção restauradora Como muitas vezes a decisão de intervenção será baseada apenas em uma imagem radiográfica, foi padronizado alguns critérios: Radiolucidez no esmalte trata-se como lesão não-cavitada Radiolucidez em dentina interna trata-se como lesão cavitada Radiolucidez em ½ dentina externa afastamento dentário para conferir se existe cavitação 14.2. Afastamento dental: Tiras de borracha para afastar os dentes Colocar um dia antes da consulta de diagnóstico Inserir como se fosse fio dental (o meio da borracha pode ser lubrificado) e cortar as extremidades Bandas de elástico ortodôntico Deixar por até uma semana Inserir com o auxílio de duas tiras de fio dental O afastamento é mínimo (aproximadamente 0,5mm) Tirar a borracha e colocar uma cunha imediatamente Afastamento mecânico Ivory Afastamento imediato Anestesiar as papilas ICON: infiltrante resinoso que serve como opção no tratamento de LNC. Faz-se um condicionamento que amplia os poros da lesão e permite a entrada do infiltrante (resina bem fluida transparente), preenchendo esses poros. Ao polimerizar este infiltrante, ocorre um bloqueio dos poros com o intuito de eliminar as chances de progressão de lesões não cavitadas. No momento, discute-se a necessidade do uso deste produto, já que a princípio apenas o controle da atividade de cárie já seria suficiente para impedir a progressão da lesão. Natália B. Abrahão 15. Superfícies oclusais 15.1. Antigas ideias de tratamento: Acreditava-se que devido à anatomia da superfície oclusal era praticamente inevitável desenvolver cárie nesta face Existia a ideia de que fissuras deveriam ser desgastadas e transformadas em sulcos para possibilitar a escovação Na verdade, hoje se sabe que o inicio da lesão começa na entrada da fissura (anatomia rasa), onde haverá o acumulo de biofilme. Na região mais profunda, dita como inacessível, existe a presença de bactérias mortas e áreas calcificadas, realizando um selamento biológico. 15.2. Dentes em erupção: O dente que está erupcionando, por ficar em um nível diferente dos demais, acaba tendo sua higienização prejudicada na face oclusal, ficando mais suscetível ao acúmulo de biofilme e desenvolvimento de lesões de cárie. É importante instruir o paciente para que reposicione a escova para alcançar este dente em erupção, fazendopredisponentes 4.1. Recessão gengival: Na região cervical os túbulos dentinários apresentam diâmetro maior, à medida que se avança para a região periapical é possível verificar uma diminuição no número e no diâmetro destes túbulos. Frente a qualquer processo de recessão gengival, é justamente nesta área de maior exposição dos túbulos que ocorrerá a dor. 4.2. Controle do biofilme: Pessoas com pobre controle do biofilme bacteriano estão sujeitas a ter doença periodontal destrutiva com maior extensão de destruição óssea, ou seja, apresentar severa exposição radicular. A ação de ácidos bacterianos Na região cervical de dentes com hipersensibilidade dentinária é possível observar por microscopia eletrônica uma maior quantidade de túbulos dentinários e um maior diâmetro destes túbulos. Natália B. Abrahão sobre a área radicular é capaz de abrir os túbulos dentinários e provocar HD. 4.3. Excessiva escovação dentária: A escovação traumática sobre a gengiva pode trazer inflamação da gengiva marginal que, como consequência, pode levar à migração da gengiva em direção apical, expondo o cemento radicular. A continuidade da escovação traumática nessas áreas de exposição de cemento pode levar à perda deste tecido e à exposição dos túbulos dentinários presentes na dentina. Preferir cerdas macias e arredondadas 4.4. Tratamento periodontal: O tratamento periodontal tem sido associado devido à exposição dos túbulos dentinários após a remoção do cálculo supra e subgengival. Além disso, pode levar à perda do cemento que cobre a dentina radicular, consequentemente expondo os túbulos dentinários. 4.5. Exposição a ácidos não bacterianos: A exposição a ácidos vindos da dieta, de produtos químicos e de medicações e a ácidos endógenos oriundos do estômago são importantes causas de HD. Essas substancias com baixo pH levam à perda de estrutura dentária por dissolução. Isso ocorre especialmente na região cervical, onde o esmalte possui pouca espessura. Além disso, a acidez provoca a abertura dos túbulos dentinários, levando o dente a grande sensibilidade. 4.6. Outros fatores: Clareamento dental Problemas oclusais não existe evidências científicas Estresse Hipersensibilidade dentinária cervical não contra-indica o tratamento periodontal ou raspagem, entretanto, são necessários alguns cuidados especiais: Anestesiar o paciente, até mesmo para sondagem em alguns casos; Aplicação tópica de flúor neutro após a instrumentação; Orientação de higiene bucal deve ser bastante efetiva para prevenir a deposição de biofilme; Manutenção periódica preventiva; A utilização de dentifrícios anti-cálculo está contra-indicada. Natália B. Abrahão 5. Diagnóstico Anamnese: Verificar se trata-se de uma queixa principal ou queixa secundária Perguntar quanto as características da dor Questionar sobre hábitos de higiene bucal (escovação) e hábitos alimentares Pode ser requisitado diário alimentar ou recordatório 24h Exame clínico: Aplicação de jato de ar; Utilização de uma sonda exploradora sobre a dentina exposta, no sentido mesiodistal; Realizar os exames em todos os dentes ou na área em que o paciente se queixa de dor; A gravidade ou o grau de dor pode ser quantificado de acordo com a escala categórica (leve, moderada ou intensa) ou usando uma escala visual analógico; Exames periodontais e dentários são extremamente importantes; Exames de mucosa para verificar possíveis áreas de trauma (normalmente pela escovação). 5.1. Diagnóstico diferencial: Patologia pulpar: Dor espontânea Severa Longa duração Persistente após remoção do estímulo Pode ou não coincidir com lesões periapicais em exames radiográficos Restaurações defeituosa 6. Tratamento Abordagem psicologicamente positiva (esperar bons resultados) Controle de fatores predisponentes, Dificuldade de higiene bucal Inflamação Liberação de mediadores inflamatórios Hipersensibilidade dentinária Natália B. Abrahão Interromper o “ciclo vicioso da hipersensibilidade”; Adequada orientação de higiene bucal; Interromper o avanço da recessão gengival Uso racional de alimentos ácidos Orientar o paciente para que aguarde pelo menos 30min depois das refeições para escovar os dentes Terapia baseada no eixo etiopatogênico 6.1. Agentes para uso em consultório indicados em casos de HD localizada Laserterapia: Estudo demonstrou que laser causa redução dos sintomas de hipersensibilidade tanto quanto efeito placebo. Flúor: Tem-se mostrado eficaz no tratamento de HD Sua deposição na superfície causa a obliteração dos túbulos dentinários Pode ser aplicado em forma de solução (bocheco) Em consultório pode ser usado sua versão em gel neutro ou em verniz O verniz tem a vantagem de aliviar a dor no momento da consulta, pois “desprograma” o cérebro em relação à dor e criando efeito placebo (fica aderido ao dente, obliterando os túbulos imediatamente) Isolamento relativo e aplicação com microbrush não se alimentar por 1h Oxalatos de potássio: Formam cristais de oxalato de cálcio dentro dos túbulos dentinários, bem como sobre a superfície dentinária Não são mais utilizado, pois estudos mostraram resultados negativos (não serve para nada) Arginina + Carbonato de cálcio: Formação de um “plug” com conteúdo mineral principalmente de cálcio e fosfato no túbulo, fruto da facilitação propiciada pela presença de arginina, tanto em veículos de aplicação Natália B. Abrahão profissional (não vendidos mais no Brasil) como em dentifrícios. Gluma (gluteraldeído): Altera o fluido dentinário, realizando um processo de coagulação, dessa forma diminuiria a movimentação deste fluido dentro do túbulo. Entretanto, estudos indicam ineficiência. Nano P: Pasta com partículas com escala nanométrica, tendo maior potencial de penetrar no túbulo dentinário. Não existe literatura que suporte seu uso. Enxertos/ Cirurgia periodontal: Em geral, os enxertos de tecidos moles para tratamento da HD não devem ser considerados como uma estratégia devido à sua baixa previsibilidade (é muito difícil recobrir 100%). Adesivo dentinário: A técnica tem demonstrado bons resultados, mas é preciso cuidar com excessos cervicais. Restaurações: Apresenta como grande problema o prognóstico ruim, com grandes chances de perda da restauração. 6.2. Agentes para uso caseiro Sais de potássio: Sensodyne Colgate sensitive Atuam pela dessensibilização da fibra nervosa dentro do túbulo dentinário. Sais de estrôncio: Presente na maioria dos dentifrícios da marca Sensodyne Pode ser usado para alívio da HD, tendo fortes evidências científicas que suportam sua indicação. HD generalizada: Focar as atenções para casos de recessão gengival e abuso de ácidos na dieta. Realizar aconselhamento preventivo em relação à dieta e revisar a situação após 3 a 4 semanas. Caso não haja regressão do caso, pode ser empregados produtos de uso caseiro. Natália B. Abrahão Arginina + Carbonato de cálcio: Formação de um “plug” com conteúdo mineral principalmente de cálcio e fosfato no túbulo, fruto da facilitação propiciada pela presença de arginina, tanto em veículos de aplicação profissional (não vendidos mais no Brasil) como em dentifrícios. evidência científica de alta qualidade Fluoreto de Estanho: Oral B Pró-saúde Alto custo Sensação de redução do fluxo salivar Capacidade de manchamento dos dentes Evidência científica de alta qualidade, mas apresenta muitos efeitos adversos Natália B. Abrahão Clínica Odontológica I Periodontia Halitose 1. Definição Manifestação de odores desagradáveis através da boca, causados por uma variedade de fatores, não exclusivamente doença periodontal, mas também saburra lingual, doençassistêmicas e diferentes tipos de alimentos. Formação dos chamados compostos sulforados voláteis, liberação de gases com baixo peso molecular (alta volatilidade se difundindo pelo ambiente). 2. Etiologia 2.1. Causas fisiológicas: Halitose matinal ou fome: restos epiteliais e de alimentos, ↓ FS e atividade muscular, saliva alcalina, produção de CSV (compostos sulforados voláteis) Alimentos: cebola, alho não é considerado como halitose Alterações hormonais: ovulação, gravidez, climatério (é possível que exista uma alteração na percepção do cheiro e também na composição microbiológica) 2.2. Causas patológicas: Ulceração de faringe Amigdalites Escaras após cirurgia de remoção das amígdalas Hérnia de hiato o duodeno projeta-se em relação ao diafragma, impossibilitando que o esfíncter se feche completamente (canal aberto no estômago, podendo causar mau cheiro) Fumo Hipossalivação ou xerostomia Halitose psicogênica: imaginária, por estresse (paciente acredita que tem, mas não tem) Doenças periodontais (gengivite e periodontite) Natália B. Abrahão Saburra lingual (microrganismos + saliva + células epiteliais descamadas) Substância esbranquiçada Tracionar a língua com gaze para diagnosticar (superfície grande que favorece a deposição de restos alimentares) Orientar o paciente para que escove o terço posterior da língua Cáseo amigdaliano Depósito de uma série de substancias mau cheirosas Deposita-se nas criptas amigdalianas Visível apenas ao tracionar bem a língua, fazendo com que o assoalho da boca desça Otorrino é responsável por sua remoção 3. Diagnóstico 3.1. Classificação: Halitose genuína Fisiológica Patológicas (intra ou extra bucais) Pseudo-halitose (paciente acha que tem, mas diagnóstico não é possível) Halitofobia (após o tratamento da halitose, o paciente continua acreditando ter a mau hálito) 3.2. Entrevista dialogada: Queixa, aspectos psicológicos, relato de pessoas próximas, frequência da halitose, momentos em que ela ocorre, uso de medicamentos, saúde geral, comportamentos (higiene, fumo, dieta – intervalo entre refeições, alimentação noturna pesada, ingestão de líquidos durante refeições); Dicotomizar informações Verificar halitose fisiológica e de outras origens que não bucais Questionar quanto ao uso de colutórios (se usa, qual o motivo) 3.3. Exame clínico: Saburra lingual, gengivite, periodontite, cavidades de cárie, cáseo Avaliação dos padrões salivares (viscosidade, quantidade e cor) Natália B. Abrahão 3.4. Mensuração dos odores padrão ouro Medida organoléptica Padrão ouro Por questões de biossegurança não tem sido mais tão utilizado Paciente não deve beber, comer, mascar ou bochechar por 2h antes do exame Fechar o nariz e aspirar pela boca e depois fechar a boca e aspirar pelo nariz para fazer diagnóstico diferencial entre halitose de origem nasal e bucal Auto-relato Halímetro Aparelho que consegue quantificar de alguma forma a halitose Paciente fica um tempo com a boca fechada, depois se coloca um canudinho na boca do paciente e o aparelho faz a leitura Cromatografia gasosa: Era utilizado apenas em pesquisa Hoje já pode ser utilizado clinicamente Paciente fica um tempo com a boca fechada, abre a boca e suga-se o ar com o auxílio de uma seringa. Depois injeta-se este ar dentro do aparelho que fará a leitura. Custo bastante alto, mas mede um espectro muito maior de substâncias 3.5. Protocolo: a) Dicotomizar a informação se existe ou não halitose presente b) Considerar as causas fisiológicas ou sinais causados por doenças c) Buscar a origem bucal 4. Manejo clínico 4.1. Abordagem causal: Aconselhamento, mudanças comportamentais, tratamento dontológico, tratamento da saúde geral, atendimento psicológico. Limpeza da língua mostra-se bastante importante no tratamento de halitose. Entretanto, o tratamento para periodontite é mandatório no curso clínico do caso. Natália B. Abrahão 4.2. Uso de bochechos: Fica restrito a uma fase inicial do problema, agindo para mascarar o odor. O cirurgião dentista deve tratar o problema odontológico, para depois indicar colutórios, caso exista necessidade. Antissépticos (clorex, óleos essenciais, cloreto de cetilpiridínio, fluoreto de estanho) Neutralizantes de odores (sais metálicos (Zn) – neutralizam S)movimentos no sentido vestíbulo-lingual. 15.3. Cuidados: Não confundir restos de pasta profilática com lesões pode-se usar apenas a escova Robinson com água, sem pasta profilática, para evitar que isso aconteça Não confundir cálculo com lesões 16. Tratamento Estudos: ↑ acúmulo de BF ↑atividade de cárie ↑estágio de erupção do dente ↓atividade de cárie Paciente com atividade de cárie Controle dos fatores etiológicos da doença Com necessidade restauradora Sem necessidade restauradora Paciente sem atividade de cárie Com necessidade restauradora Sem necessidade restauradora Natália B. Abrahão 16.1. Profilaxia básica: Promoção de saúde dada a todos os pacientes. Dar informações básicas sobre saúde bucal Instrução de higiene bucal Dar informações gerais sobre dieta Dar informações sobre a importância do flúor 16.2. Controle dos fatores etiológicos da doença: Aumentar a resistência do hospedeiro: Flúor – formação de fluorapatita, fazendo com que o pH crítico para desmineralização passe de 5,5 para 4,5 Saliva – atenção especial para pacientes com baixo fluxo salivar Diminuir a virulência dos microrganismos orais (diminuir a quantidade de microrganismos cariogênicos): Higiene bucal Selamento das cavidades Dieta menos cariogênica 16.3. Tratamento restaurador: Lesões cavitadas ativas ou inativas: Retentivas de placa levam a progressão da lesão Relação complexo dentino-pulpar exposição dentinária que pode provocar sensibilidade Fragilidade da estrutura dentária remanescente Estética (questionar o paciente) Passíveis de controle da atividade de cárie (em casos de lesões ativas) 16.4. Aplicação tópica de flúor: a) Gel Flúor fosfato acidulado (FFA): 12.300 ppm flúor (1,23%) Alta formação de CaF2 (fluoreto de cálcio) A glicose e a sacarose são hipertônicas, levando a movimentação do fluido que está dentro dos túbulos dentinários, dando a sensação de choques. Natália B. Abrahão Adição de ácido fosfórico Técnica de aplicação: profilaxia, isolamento relativo, secagem e aplicação por 1min com uma bolinha de algodão, paciente sentado (usar a menor medida do dappen) Não existem restrições após o uso Pacientes cárie ativos: 3 aplicações: 1x/sem depois, verificar necessidade de novas aplicações b) Gel de Fluoreto de sódio neutro (NaF 2%): 9000 ppm Flúor Baixa formação de CaF2 Menor concentração que o acidulado Para restauração de resina e/ou cerâmica Preocupação estética Não existem estudos Pacientes com hipersensibilidade dentinária para não causar dor c) Verniz: Concentração maior de flúor Formam barreira na superfície dentária: permite liberação lenta na cavidade bucal Mais caro que o gel Mesmo efeito que o gel Pigmenta superfície dentária após a aplicação Vantagem em crianças baixo risco de deglutição 22600 ppmF (2,26% NaF) pH neutro (menor formação de CaF2 que o gel) Não se sabe a frequência de utilização (talvez seja menor que o gel, porque forma a película, mas não tem estudos) Não utilizar em pacientes com hipersensibilidade dentinária Técnica: profilaxia, isolamento relativo, secagem e aplicação com microbrush/pincel Não ingerir alimentos 2-4h após Alimentação líquida/pastosa por 12h após aplicação Não escovar por 12h Para permitir a formação da película de proteção Natália B. Abrahão Clínica Odontológica I Endodontia Diagnóstico das doenças da polpa 1. Objetivos do diagnóstico Identificar o dente afetado Identificar a doença Realizar o diagnóstico diferencial Estabelecer a terapêutica adequada Determinar o prognóstico 2. Roteiro a) Manifestações subjetivas – obtidas através de entrevista b) Manifestações objetivas – avaliando a coroa/cavidade c) Recursos auxiliares d) Diagnóstico diferencial e) Prognóstico 3. Manifestação subjetiva - Dor Considerar as características do paciente A percepção de dor é uniforme para todos, o que varia é a tolerância 3.1. Fatores que influenciam o padrão de dor: Características étnicas Experiências prévias de dor Sexo (mulheres tem limiar mais alto) Idade (quanto maior a idade, maior o limiar de dor) Crenças Densidade da dor a inervação dos dentes é estritamente ipsilateral (o problema está no lado que dói) 3.2. Classificação da dor: Quanto ao estímulo: Provocada Espontânea Natália B. Abrahão Quanto à duração: Instantânea – dor tem início e fim instantâneos Passageira – dor inicia devido a algum estímulo; ao retirar o estimulo começa a diminuir (5min) Intermitente – dor tem inicio e fim repentinos (não dependem de estímulos) Contínua Quanto à intensidade: Média Baixa Alta Quanto ao tipo de dor (maneira como o paciente percebe): Pulsátil/Latejante – característica de processos com pus Surda/Vaga - não são discrimináveis, quer quanto ao local, quer quanto à característica Paroxística – acessos, picos, crises Terebrante – dão a impressão de que está produzindo uma perfuração Lancinante - que se faz sentir por pontadas, picadas, fisgadas internas Fulgurante – ver estrelas Quanto à localização: Localizada – paciente consegue identificar o local da dor Difusa – paciente não consegue identificar o local da dor Irradiada/reflexa/sinálgica – existe um ponto onde a dor é sentida e um ponto onde a dor é gerada (paciente com problema dentário sente dor no ouvido) 3.3. Fatores que modificam a dor: Térmicos Mecânicos Químicos Posturais Medicamentosos Elétricos (correntes galvânicas) Natália B. Abrahão 4. Manifestações objetivas Destruição coronária Cárie profunda Exposição pulpar Edemas 4.1. Variáveis que afetam a difusão pulpar de produtos bacterianos através da dentina: Espessura de dentina remanescente Área de dentina exposta Presença ou ausência de lama dentinária (lama dentinária sem contaminação pode ser útil contra a infiltração de MO) Potência dos produtos bacterianos Taxa de fluxo sanguíneo (quanto mais jovem, maior a taxa e maior a capacidade de defesa) “Doenças pulpares significativas ocorrem quando as bactérias invadem a dentina reacional ou penetram em área mais próxima que 1,11mm da polpa.” 5. Recursos auxiliares 5.1. Pressão e percussão: Não apresentam grande importância Pequenas batidas com o cabo do odontoscópio no sentido inciso-apical ou vestíbulo-lingual 5.2. Digitação apical: Usada apenas para fins de diagnóstico diferencial 5.3. Teste com quente: Era usada guta-percha aquecida Causa danos Não é mais utilizado 5.4. Teste com frio: Pode ser usado água fria (pode fornecer resposta em outros dentes) Ideal é colocar água em um anestube vazio e congelar Limite normofisiológico da polpa: Em princípio, ao ultrapassar a metade da área de massa dentinária as agressões pulpares começam a ser potencializadas. Natália B. Abrahão Teste com spray -20 resposta em 6s (caso contrário, pode indicar necrose pulpar) 5.5. Teste elétrico Não é mais disponível 5.6. Falsos positivos: Ansiedade do paciente; Necrose por liquefação nos testes elétricos ambiente endodôntico é preenchido por líquidos da decomposição tecidual, conduzindo respostas vinda do periodonto e não da polpa; Mau isolamento ou secagem; Fibras nervosas com capacidade de transmitir sensação dolorosa o tecido conjuntivo pode estar necrosado, mas como o tecido nervoso ainda resiste, existem fibras nervosas capazes de transmitir sensibilidade dolorosa 5.7. Falso negativo: Paciente sob medicação prévia Contatos inadequados com o esmalte Dentes recentemente traumatizados (demoram 30-40 dias para responder) Mineralizaçãoda câmera pulpar Dente recém erupcionado/ápice não completamente formado Necrose parcial 6. Classificação das doenças da polpa Polpa Fechada (Agudas) Hiperemia (fases preliminares do processo inlflamatório) Pulpite Infiltrativa Pulpite Abcedida Polpa Aberta (Crônicas) Pulpite Ulcerada Pólipo Pulpar O processo inflamatório começa sempre na zona mais profunda de cárie, evoluindo de forma concêntrica a essa região. Natália B. Abrahão Hiperemia Pulpite Infiltrativa Total Pulpite Infiltrativa Parcial (coronária) Pulpite Abcedida Característica da dor Provocada Passageira Baixa intensidade Localizada Espontânea Contínua Alta intensidade (paroxística) Difusa/Irradiada Espontânea Intermitente Baixa intensidade Localizada Espontânea Contínua Altíssima intensidade Frequentemente irradiada Sinal patognomônico (identifica a doença) Ao remover a última camada de tecido cariado sai uma gotícula de pûs seguida de sangue vermelho intenso e pulsátil Fatores que modificam a dor Frio Calor Posição (deitar) Frutas cítricas Frio Calor Ação mecânica Analgésicos opióides Frio Calor Ação mecânica Analgésicos não-opióides Calor (↑ a dor) Frio (↓ a dor em um primeiro momento) – vasocontrição diminui a pressão Diagnóstico diferencial Cárie profunda/dentina exposta (dor instantânea); Pulpite (dor espontânea e intensa) Manifestações objetivas Coroa restaurada/fraturada/caria da Coroa restaurada/fraturada/caria da Coroa restaurada/fraturada/caria da Coroa restaurada/fraturada/caria da Recursos auxiliares Praticamente desnecessários (RX é interessante) Radiografia (para descartar dentes que não podem ter pulpites) – sem polpa coronária não há sintomas Percussão: pode ter leve positivo Radiografia (para descartar dentes que não podem ter pulpites) – sem polpa coronária não há sintomas Radiografia (para descartar dentes que não podem ter pulpites) Percussão – sensibilidade no periápice pode dar alguma resposta Prognóstico Bom polpa pode ser preservada Fatal para a polpa Fatal para a polpa Observação A sondagem sem remoção do tecido cariado pode não causar dor (em cima do abcesso não há mais sensibilidade) Natália B. Abrahão Pulpite Ulcerada (exposição do tecido conjuntivo) Pólipo Pulpar (crescimento da polpa para fora do ambiente endodôntico) Característica da dor Provocada com certa intensidade (terminações nervosas livres já estão destruídas) Provocada com certa intensidade (terminações nervosas livres já estão destruídas) Fatores que modificam a dor Frio Calor Mecânicos Diagnóstico diferencial Pólipo gengival (pedúnculo vem da gengiva e não da câmara) Pólipo periodontal (cárie destrói o assoalho da câmara/zona de furca e a imagem radiográfica confirma) Manifestações objetivas Destruição coronária Exposição da polpa Destruição coronária Exposição da polpa Prognóstico Pode ser bom para a polpa radicular Observação Caso um alimento se instale na região, pode haver a formação de pus, ficando com características semelhantes à abcedida. Comum em pacientes jovens Natália B. Abrahão Clínica Odontológica I Endodontia Biopulpectomia 1. Doenças pulpares A simples difusão dos produtos bacterianos pelos túbulos dentinários já é suficiente para desencadear um processo inflamatório pulpar. Muitas vezes quando a polpa está exposta, a camada superficial está extremamente contaminada, mas a polpa radicular ainda está estéril. Portanto, ao tratar um dente com polpa vital, o máximo de contaminação está na porção superficial, exigindo cuidado para que microrganismos sejam levados para dentro do canal radicular. 2. Definição Remoção total da polpa viva normal ou inflamada. 3. Manutenção da cadeia asséptica Esterilização completa do material Isolamento absoluto do campo Remoção total de dentina cariada Selamento hermético entre as sessões 4. Indicações Patologia pulpar em casos onde não se pode manter a polpa viva Periodontal comprometimento periodontal severo via ápice dental Protética quando há necessidade de colocação de retentor intra-radicular mesmo em polpa saudável apenas será feita com a assinatura do professor da área da prótese Cirúrgica Polpa vital Ausência de infecção no sistema de canais radiculares Favorecendo o processo de reparação tecidual após o tratamento Fundamental manter a cadeia asséptica Natália B. Abrahão 5. Técnica a) Radiografia inicial de excelente qualidade b) Selecionar o material necessário c) Anestesia Quantidade mínima: 2 tubetes d) Isolamento absoluto e assepsia do campo com hipoclorito de sódio e) Abertura da câmera pulpar f) Exploração do canal radicular com limas de pequeno calibre no CTP (CAD – 3mm) g) Preparo do 1/3 cervical com a broca Largo nº 1 ou Laxxess h) Radiografia odontométrica i) Definição do CT (CRD – 2mm) j) Remoção da polpa radicular e coronária Extirpa nervos/sonda farpada Lima Hedstroem Não colocar cursores ou colocá-lo no tamborel Introduzir até encontrar certa resistência Recuar 3mm de tal forma que o instrumento fique solto no interior do canal Dar de 3 a 5 giros completos e remover a polpa Hemostasia com farta irrigação Caso o canal seja curvo, não faremos giros. A polpa será removida por maceração, devido aos próprios movimentos de exploração e preparo do canal com limas. k) PQM l) Secagem com cones de papel absorventes 1mm aquém do CT m) Obturação Natália B. Abrahão Clínica Odontológica I Endodontia Tratamento das doenças da polpa Dor espontânea pulpite aguda Dor provocada pulpite crônica ou hiperemia Tratamento paliativo tratamento da sintomatologia ou de urgência pulpite aguda Tratamento resolutivo tratamento endodôntico radical/ biopulpectomia 1. Hiperemia Estágio pré-inflamatório 1.1. Tratamento: Tratamento de urgência = tratamento resolutivo porque neste caso ainda não é fatal para a polpa, o tratamento é conservador. a) Anestesia b) Isolamento absoluto c) Remoção do tecido cariado/restauração recente fator causal d) Aplicação de corticoide por 5-10min sobre a dentina e) Secar ou lavar com soro fisiológico/água destilada para remover o medicamento f) Selamento com cimento de ionômero de vidro g) Ajuste oclusal h) Aguardar a regressão de sintomatologia (7-10 dias) i) Restauração definitiva 2. Pulpite Aguda 2.1. Tratamento de urgência: remoção da polpa coronária a) Radiografia inicial b) Anestesia Provocada Passageira Baixa/Média intensidade Localizada Natália B. Abrahão c) Isolamento absoluto d) Remoção do tecido cariado/ restauração recente e) Abertura da câmara pulpar f) Remoção da polpa coronária com colher de dentina estéril g) Aplicação de corticoide sobre o filete radicular h) Selamento provisório com cavit + cimento de ionômero de vidro selamento hermético i) Ajuste oclusal 2.2. Tratamento resolutivo: Risogênese completa tratamento endodôntico Risogênese incompleta: paredes do canal são paralelas; fina espessura de dentina; alta fragilidade radicular; as células da polpa são fundamentais para a completa formação radicular. tratamento conservador: pulpotomia 3. Pulpites crônicas 3.1. Tratamento de urgência: Não é adequado 3.2. Tratamento resolutivo: Risogênese completa tratamento endodôntico Risogênese incompleta: paredes do canal são paralelas; fina espessura de dentina; alta fragilidade radicular; as células da polpa são fundamentais para a completa formação radicular. tratamento conservador: pulpotomia Natália B. Abrahão Clínica Odontológica I EndodontiaTratamentos conservadores da polpa Visam manter o tecido pulpar vivo e sadio, mesmo depois de ter sido agredido. Correto diagnóstico é fundamental 1. Indicações 1.1. Biológicas: Rizogênese incompleta 1.2. Técnicas: Morfologias desfavoráveis (duplas curvaturas radiculares, dilacerações) Difícil acesso Paciente não colaborador, sindrômico ou com limitação de abertura de boca 1.3. Socio-econômica: Programa “Brasil sorridente” proporcionou maior acesso ao centro de especialidade odontológica; Na maioria das vezes era um opção para quem não tinha condições financeiras de pagar pelo tratamento definitivo. 2. Capeamento pulpar 2.1. Definição: Recobrimento de uma polpa exposta com material biologicamente compatível que visa à reparação (formação de uma camada mineralizada) pulpar. 2.2. Condições importantes: Polpa deve estar sadia, não pode estar sofrendo um processo inflamatório o processo inflamatório engloba aumento de volume e aumento do aporte sanguíneo, podendo ser prejudicado ao recobrir o tecido. Pequena exposição pulpar grandes exposições não tem condições de reparo Pacientes jovens maior capacidade reacional Natália B. Abrahão Ausência de contaminação interfere no processo de reparação 2.3. Material: Pó de hidróxido de cálcio PA 2.4. Técnica: a) Recobrimento da área exposta com pó de hidróxido de cálcio PA (pode ser usado em forma de pasta – com água destilada ou soro fisiológico- ou o MTA – com capacidade de vedamento) b) Cobrir o pó com cimento de hidróxido de cálcio na região da exposição (misturar e inserir com o porta dycal) c) Cobrir com ionômero de vidro d) Material restaurador definitivo 2.5. Processo de reparação: a) Necrose superficial da polpa, devido à alcalinidade do hidróxido de cálcio b) Formação de camada granulosa profunda na região exposta (48h) c) Visualização de células semelhantes à odontoblastos (7 dias) d) Organização das novas células em paliçada, formando uma camada semelhante a de odontoblastos (15 dias) e) Ponta de dentina detectável clinicamente (45-60 dias) 3. Curetagem pulpar 3.1. Definição: Remoção mais superficial da popa exposta e o recobrimento com material biologicamente compatível que visa à reparação pulpar. 3.2. Indicações: Fraturas coronárias com exposições pulpares pequenas em que será feita a colagem do fragmento Polpa saudável, mas com discreto processo inflamatório Pode existir contaminação por meio da saliva 3.3. Técnica: a) Anestesia b) Isolamento absoluto Pó de hidróxido de cálcio – forma barreira mineralizada irregular Pasta de hidróxido de cálcio – forma barreira mineralizada mais uniforme Não cai na prova! Natália B. Abrahão c) Remoção da porção superficial da polpa (que estava em contato com a saliva) com curetas de dentina estéreis d) Irrigação/hemostasia e) Recobrimento da área exposta com pó ou pasta de hidróxido de cálcio PA f) Cobrir o pó com cimento de hidróxido de cálcio na região da exposição (misturar e inserir com o porta dycal) g) Colagem do fragmento/restauração 4. Pulpotomia 4.1. Definição: Remoção da polpa coronária com a finalidade de manter vivos os filetes radiculares. 4.2. Indicações: Diagnóstico prévio de polpa viva e análise clínico-visual macroscópica Sangramento normal de cor vermelho vivo após o corte Polpa consistente, com resistência a ação da cureta Coroa em boas condições (que não necessite posteriormente de colocação de pino intra-radicular) 4.3. Condições desfavoráveis: Polpa sem consistência Polpa que degrada facilmente Aspecto mais pastoso, que degrada facilmente Formando coágulos 4.4. Técnica provisória: Material não deve induzir a formação de tecido mineralizado. Cimento de óxido de zinco e eugenol com a menor quantidade possível de eugenol Técnica mediata (2 consultas): a) Radiografia inicial b) Anestesia Pulpotomia de caráter provisório: - Rizogênese incompleta Pulpotomia definitiva: - Pacientes sindrômicos - Dificuldade financeira - Dificuldade técnica Natália B. Abrahão c) Isolamento absoluto d) Remoção do tecido cariado e) Abertura da câmara pulpar f) Remoção da polpa coronária com curetas estéreis g) Irrigação/hemostasia h) Colocação de Otosporin (corticoide) sobre os filetes radiculares i) Selamento duplo (cavit + CIV) ------------------------------------------------- 24 a 48h ------------------------------------------------- a) Anestesia b) Isolamento absoluto c) Remoção do material restaurador provisório d) Irrigação com soro fisiológico/água destilada e) Recobrimento com cimento de óxido de zinco e eugenol sobre o filete radicular f) Cimento de ionômero de vidro g) Restauração com resina Técnica imediata (consulta única): a) Radiografia inicial b) Anestesia c) Isolamento absoluto d) Remoção do tecido cariado e) Abertura da câmera pulpar f) Remoção da polpa coronária com curetas estéreis g) Irrigação/hemostasia h) Colocação de Otosporin (corticoide) sobre os filetes radiculares por 5 a 10min i) Recobrimento com cimento de óxido de zinco e eugenol sobre o filete radicular j) Cimento de ionômero de vidro k) Restauração com resina 4.5. Técnica definitiva: Material deve induzir a formação de tecido mineralizado Pó/Pasta de hidróxido de cálcio Natália B. Abrahão Técnica mediata (2 consultas): j) Radiografia inicial k) Anestesia l) Isolamento absoluto m) Remoção do tecido cariado n) Abertura da câmara pulpar o) Remoção da polpa coronária com curetas estéreis p) Irrigação/hemostasia q) Colocação de Otosporin (corticoide) sobre os filetes radiculares r) Selamento duplo (cavit + CIV) ------------------------------------------------- 24 a 48h ------------------------------------------------- h) Anestesia i) Isolamento absoluto j) Remoção do material restaurador provisório k) Irrigação com soro fisiológico/água destilada l) Recobrimento com pó/pasta de hidróxido de cálcio sobre o filete radicular m) Recobrir com cimento de hidróxido de cálcio n) Cimento de ionômero de vidro o) Restauração com resina Técnica imediata (consulta única): a) Radiografia inicial b) Anestesia c) Isolamento absoluto d) Remoção do tecido cariado e) Abertura da câmera pulpar f) Remoção da polpa coronária com curetas estéreis g) Irrigação/hemostasia h) Colocação de Otosporin (corticoide) sobre os filetes radiculares por 5 a 10min i) Recobrimento com pó/pasta de hidróxido de cálcio sobre o filete radicular j) Recobrir com cimento de hidróxido de cálcio k) Cimento de ionômero de vidro l) Restauração com resina Natália B. Abrahão 5. Controle do êxito - pulpotomia 5.1. Clínico: Dente assintomático Com vitalidade pulpar (como a porção coronária foi removida, o teste de vitalidade pode indicar falso negativo) Presença de ponte de dentina em casos definitivos 5.2. Radiográfico: Completa formação radicular Lâmina dura íntegra Presença de pontes de dentina em casos definitivos (podem ou não ser visualizadas em radiografias) 5.3. Histológico pesquisas Natália B. Abrahão Clínica Odontológica I Periodontia Noções de etiopatogenia como base para abordagem clínica periodontal 1. Introdução A cavidade bucal é a única parte do corpo humano em que uma estrutura dura (não descamável) trespassa uma estrutura mole, penetrando em um ambiente totalmente contaminado. Embora as bactérias estejam presentes em todas as estruturas da cavidade bucal, é na superfície dentária que conseguirão colonizar a ponto de multiplicar suas colônias, sem que haja descamação, como em outros tecidos. 2. Doença oportunista As bactérias são protetoras, mas caso consigam se estabelecer tendo uma expressão numérica muito grande elas podem vir a causar danos. Devidoa isso, a doença periodontal é chamada de oportunista, já que algo deve acontecer para que ocorra o desequilíbrio entre invasão bacteriana e defesa, propiciando um crescimento bacteriano. 3. Fluido crevicular gengival Exudato inflamatório presente na área subgengival presente sempre, já que estão sempre acontecendo respostas inflamatórias. ↑ acúmulo de biofilme ↑ inflamação ↑ fluido crevicular gengival 4. Estudo com estudantes de odontologia 24h de acúmulo de BF: Pequenas linhas frágeis de depósito de BF Zona livre de placa (entre o BF e a margem gengival) Colônias bacterianas recentes arredondadas com espaços entre si, formadas majoritariamente por bactérias do tipo coccus, aeróbicas e sacarolíticas (que usam sacarosa) Natália B. Abrahão 48h de acúmulo de BF: Colônias bacterianas maiores, mais unidas, mais maduras (reprodução e coagragação- novas bactérias passam a ter chance de sobrevivência neste biofilme) Zona livre de placa (entre o BF e a margem gengival) 72h de acúmulo de BF: Massa bacteriana estabelecida, mais espesso (possibilita a sobrevivência de bactérias anaeróbicas) Zona livre de placa ainda permanece, não mais tão organizada Bacterias do tipo coccus, filamentosas... Colonizadores secundários: proteolíticas (usam proteínas) 96h de acúmulo de BF: Massa bacteriana bastante espessa 5. Gengivite 5.1. Definição: Doença caracterizada por ter uma resposta inflamatória marginal que é decorrente da presença de biofilme supragengival, sendo altamente prevalente na população mundial, com extensões variáveis. 5.2. Sinais: Edema Sangramento Vermelhidão (eventualmente) 5.3. Sintomas: Alteração de forma Alteração de paladar Alteração do hálito Inflamação Edema Contato da margem gengival com o biofilme supragengival Condições para a formação do biofilme subgengival (majoritariamente anaeróbico e proteolítico) Nem toda gengivite evolui para periodontite, mas toda a periodontite teve gengivite pré-estabelecida. Natália B. Abrahão Fatores modificadores: Tabagistas e diabéticos não controlados: ↑prevalência de periodontite ↑rapidez de evolução da doença ↓resposta ao tratamento. 5.3. Pontos críticos para evitar periodontite: Não deixar o BF supra estabelecer-se a ponto de causar periodontite Tratar a gengivite estabelecida de forma que impacte na formação do biofilme subgengival 6. Microbiota 6.1. Microbiota residente: Determinam benefícios para o hospedeiro como desenvolvimento normal do hospedeiro, benefícios gastrointestinais e cardiológicos. O epitélio juncional é um tecido de proteção presente inicialmente na junção amelocementária, porém frente a estímulos inflamatórios migra para proteger o hospedeiro (isolando o dente). Biofilme supragengival sendo depositado majoritariamente na margem gengival Aumento da espessura e da co-agragação bacteriana Condições nutricionais e respiratórias para bactérias anaeróbicas G- e proteolíticas Essas bactérias apresentam antigenos importantes em sua parede celular, que Resposta inflamatória importante do hospedeiro PI: perda óssea, perda do ligamento periodontal e migração do epitélio juncional apicalmente Para que haja sangramento gengival o biofilme precisa estar estabelecido por pelo menos 7 dias . Paciente sem BF, mas com sangramento: sabe limpar os dentes, mas isso não é um hábito. Paciente com BF, mas sem sangramento: costuma limpar os dentes, mas não limpou nos últimos dias ou o paciente é fumante. Natália B. Abrahão 6.2. Controle químico: Pode até impedir a agregação de novas bactérias ao biofilme já presente, mas não consegue desorganizar o biofilme pré-estabelecido. Portanto, é necessário remoção mecânica do biofilme. 7. Profundidade de sondagem 7.1. Definição: Distância entre a margem gengival e a porção mais apicalmente sondável. 7.2. Correlações: Pobre higiene bucal Aumento do acúmulo deplaca Aumento ao risco de cárie Supressão do comportamento benéfico das bactérias Aumento de risco de inflamação Aumento do risco de gengivite Aumento do risco de halitose Biofilme compatível com saúde - equilíbrio Manuutenção dos benefícios da microbiota Redução do comportamento patológico da microbiota Menor produção de ácido Menor risco de cárie Menor prevalência de bactérias anaeróbicas Gengivite Edema Aumento da profundidade de sondagem Aumento do ambiente anaeróbico Aumento da produção de fluido crevicular gengival Ambiente mais proteolítico Natália B. Abrahão 7.3. Significado para fins diagnósticos: A profundidade de sondagem não determina estado de saúde ou doença, ela apenas determinará a dificuldade e a extensão de tratamento. A diminuição ou aumento deste valor pode indicar a progressão/evolução do processo de doença, mas jamais indicará grau de severidade. 8. Grupo bacteriano vermelho Bactérias fortemente associadas a doença periodontal. Estão presentes na cavidade bucal em situação de saúde, mas aumentam de número em situações de doença periodontal. Porphyrononas gingivalis Tannerella forsythia Treponema denticola 9. Estudo: Maior carga bacteriana em sítios com sangramento a sondagem e perda de inserção biofilme subgengival está estabelecido Presença de carga bacteriana, mas em menor quantidade, em sítios com perda de inserção sem sangramento a sondagem Sítios saudáveis com bem menos bactérias do que os demais A quantidade de bactérias muda de acordo com a situação de sítio, mas a qualidade (os tipos de bactérias presentes) é igual em todos os sítios. Agressão microbiana Liberação de antígenos Liberação de fatores de virulência Liberação de lipopolissacarídeos Resposta do hospedeiro Liberação de anticorpos Liberação de células inflamatórias Citocinas pró- inflamatórias Tratamento da gengivite ↓ edema ↓profundidade de sondagem ↓a carga microbiológica subgengival (menos espaço e menos aporte proteolítico) Estudos indicam que o aumento de 1mm na profundidade de sondagem provoca um aumento em 10x do número de Porphyrononas gingivalis. Natália B. Abrahão 10. Perda de inserção A junção cemento-esmalte é o ponto de referência para determinar se há ou não perda de inserção por ser um ponto fixo. Epitélio juncional e o epitélio sulcular é formada por células que estão unidas ao dente por desmossomos, a partir do momento que o epitélio do sulco inflama e ocorre sangramento ele passa a ser considerado epitélio da bolsa periodontal. Abaixo do epitélio juncional existe um tecido conjuntivo supracrital (acima da crista óssea) que está inserido no cemento, são as chamadas fibras transeptais Portanto, ao sondar um dente sem perda de inserção, não será sentido a junção cemento-esmalte, já que esta está sendo recoberta pelo epitélio juncional e ligamento supracristal. Durante o processo de periodontite, o organismo como forma de defesa perde osso, perde o ligamento periodontal, fazendo com que o epitélio juncional migre apicalmente, deixando a junção cemento-esmalte exposta a sondagem. 10.1. Diminuição da perda de inserção: Quando o biofilme subgengival é removido, o epitélio juncional cicatriza e se adere à raiz, portanto ao inserir a sonda ela não penetra mais tanto, por isso a diminuição da perda de inserção é apenas clínica e não histológica. Natália B. Abrahão Clínica Odontológica I Dentística Plano de tratamento em dentística a) Identificar as necessidades b) Diagnosticar c) Planejar d) Tratar e) Manter 1. Etapas do plano de tratamento a) Urgências (quando existir) Dor Estética fundamental (quebra do central) Envolvimento sistêmico Traumatismo b) Controle da atividade de doença Cárie Periodontal c) Procedimentoscirúrgicos Aumento de coroa clínica d) Procedimentos endodônticos e) Tratamentos restauradores Dentística Prótese f) Manutenção 2. Exame dentário Após profilaxia Dentes secos Boa iluminação Exame visual com auxílio de exame tátil (sonda exploradora), teste do fio dental e afastamento dental. 2.1. Avaliação de restaurações: Margem/interface da restauração Natália B. Abrahão Manchamento Fratura Desgaste acentuado que não esteja garantindo os contatos Alteração de cor ou de forma que estejam prejudicando estética Reincidência de cárie Ponto de contato interproximal adequado 2.2. Objetivos da restauração: Devolução da forma/função Estabilidade oclusal Impedir movimentação dos dentes Proteger e reforçar o remanescente Estética Fonética Proteção do complexo dentino-pulpar Auxiliar na paralisação de uma lesão de cárie Eliminar fatores retentivos de placa 3. Momento restaurador Sem atividade de doença quase que imediato, visto que o paciente está saudável Com atividade de doença primeiro tratar a doença, com concomitante tratamento restaurador A necessidade restauradora independe da atividade de cárie, mas sim dos motivos citados acima. 4. Restaurações diretas 4.1. Amálgama: Técnica menos sensível Alto selamento deposita óxidos na margem ao longo do tempo, devido a corrosão Menor desgaste anual Preparo mais invasivo exige formato específico Não adesivo Não estético ↑ número de faces envolvidas na restauração (extensão) ↑ chance de falhas Natália B. Abrahão 4.2. Resina composta: Preparo mais conservador A adesão promove um reforço ao remanescente Cor estética Técnica sensível (erros na técnica causam danos à restauração) 5. Restaurações indiretas Peças confeccionadas fora da boca e cimentadas na posição posteriormente. Inlay – sem envolvimento de cúspides Onlay – com envolvimento de cúspides Overlay – com envolvimento de todas as cúspides 5.1. Indicações: Preparos muito extensos com pouco remanescente Perda da relação de contato proximal Presença de cúspides funcionais Proteção de cúspides Acesso difícil Devolver aumento de dimensão vertical 6. Isolamento absoluto 6.1. Dentes anteriores: Canino a canino 6.2. Dentes posteriores: Molar a canino do lado oposto Molar a canino do mesmo lado 7. Matrizes Proteção do dente vizinho durante o preparo matriz metálica Restaurações classe III matriz de poliéster Restaurações classe V não usar matriz Restaurações classe IV guia de silicona e matriz de poliéster Restaurações classe II matriz metálica ou matriz de poliéster sempre usar cunha! Natália B. Abrahão 7.1. Matriz universal: matriz metálica associada ao porta-matriz Preparos amplos Preparos que envolvam cúspides 7.2. Matriz parcial associada ao anel metálico Abertura do ístmo da cavidade 8. Métodos auxiliares para a confecção do ponto de contato: 8.1. Contact-pró 8.2. Pérolas de resina polimerizadas: Confeccionar bolinhas de resina Polimerizar na mão Colocar as bolinhas polimerizadas contra o dente vizinho e polimerizar 8.3. Separation ring: Pressiona as ameias, provocando um pequeno afastamento mecânico entre os dentes, facilitando a obtenção do ponto de contato Não dispensa o uso de cunhas 8.4. Afastadores mecânicos 9. Adesivos Convencionais de 3 passos* Convencionais de 2 passos Auto-condicionantes de 2 passos* Auto-condicionantes de 1 passo Universais 10. Tipos de resina: Macroparticuladas (não são mais usadas) Microparticuladas (anteriores/facetas) Micro-híbridas (universais) Nano-híbridas (universais) Nanoparticuladas (universais) Natália B. Abrahão 11. Planejamento para restaurações anteriores 11.1. Proporção dourada: Existe uma relação entre os dentes de aproximadamente 60%. Portanto, ao olhar o sorriso de frente, o central aparece de forma mais dominante em uma relação com o lateral de 61,8%, seguido pelo canino com uma relação de 61,8% em relação com o lateral. Para avaliar a proporção do paciente utiliza-se um compasso. 11.2. Proporção estética coronária compasso de ponta seca Central: largura é 80% do seu comprimento Lateral: largura é 70% do seu comprimento Canino: largura é 75% do seu comprimento 11.3. Linhas do sorriso: A curva que passa pelos bordos incisais deve ser paralela a linha que passa pela borda interna do lábio inferior; A exposição do contorno gengival deve ser paralela ao lábio superior ao sorrir. 12. Planejamento para restaurações posteriores 12.1. Acesso em lesões proximais: Afastamento (1mm) Slot horizontal Slot vertical mais utilizada Túnel usado em lesões incipientes 12.1. Acesso em lesões proximais com amálgama na oclusal: a) Remoção do amálgama b) Preparo cavitário em túnel c) Preenchimento do túnel com CIV ou cimento resinoso d) Restauração da oclusal 12.3. Acesso em lesões proximais em PM (visíveis clinicamente): Slot horizontal Natália B. Abrahão 13. Intervenção em restaurações presentes 13.1. Polimento: Sem brilho Com manchamentos 13.2. Acabamento e polimento: Trincas Fraturas Irregularidades Bolhas Amálgama: a) Brocas multilaminadas de 12 lâminas para amálgama melhora a adaptação marginal e melhora a anatomia b) Pontas de borracha abrasiva c) Escovas com pasta de polimento (óxido de zinco + água) 13.3. Selamento de superfície selador: adesivo com carga Trinca Bolha Detalhes na margem 13.4. Reparo/concerto: Falhas/defeitos localizados e pequenos frente a uma restauração recente e de boa qualidade O reparo será feito com o mesmo material que já foi empregado na restauração, já que cada material tem um desgaste diferente. A única exceção é em casos de cerâmica: o ideal é substituir a cerâmica, mas em alguns casos podem ser feitos reparos com resina. Resina composta: a) Isolamento absoluto b) Asperização com pontas diamantadas c) Aplicação do sistema adesivo d) Inserção da resina composta Natália B. Abrahão e) Acabamento e polimento 13.5. Substituição de restaurações 14. Manutenção periódica preventiva Re-examinar o paciente Renovar a motivação Analisar a instrução de higiene Acompanhar os tratamentos Eventualmente realizar retoques Prevenção de doença Retratamento precoce em casos de recidiva de doença A periodicidade depende do perfil do paciente. Natália B. Abrahão Clínica Odontológica I Endodontia Medicação intracanal (MIC) Todas as vezes que o tratamento endodôntico for interrompido por algum motivo, será usado um medicamento intracanal antes do selamento provisório. 1. Escolha da medicação adequada Condição clínica: Biopulpectomia Necrose pulpar Retratamento endodôntico Fase do tratamento: Imediatamente após abertura coronária PQM incompleto PQM completo Conhecer propriedades do medicamento 2. Biopulpectomia Não há infecção no sistema de canais radiculares; Sempre que possível realizar o tratamento em uma única sessão, evitando contaminação entre as sessões; Tratamento em mais de uma sessão usar medicação intracanal Falta de aprimoramento técnico Anatomia complexa Pacientes especiais (não conseguem ficar muito tempo em atendimento) Falta de tempo 2.1. Propriedades necessárias: Biocompatível para preservar a vitalidade do coto pulpar Controlar a inflamação, diminuindo a dor pós-operatória Atue como barreira físico-química impedindo que microrganismos e substratos entrem na cavidade pulpar, desenvolvendo infecção Coto pulpar: tecido que preenche o canal cementário. Sua manutenção é fundamental para favorecer o reparo (serve de anteparo para a deposiçãode um tecido mineralizado que vai isolar o material obturador dos tecidos periapicais) após a remoção da polpa. Natália B. Abrahão 2.2. Medicamentos: Associação corticoide + antibiótico Otosporin Propriedades: Biocompatível Ação anti-inflamatória (ação do corticoide) Suspensão aquosa de coloração branca O antibiótico não tem ação dentro do canal, já que não há contaminação. Pode atuar impedindo a entrada de MO. Indicações: Tratamentos de urgência da pulpite (abertura coronária + remoção da polpa coronária + medicação sobre os filetes pulpares) Pulpotomia (medicação sobre os filetes pulpares) Pulpectomia (medicação em contato com o coto pulpar) Pericementite apical aguda química ou traumática Fases do tratamento: Após a abertura coronária PQM incompleto PQM completo Duração do efeito: Máximo 48h (na faculdade utilizaremos por 7 dias) Aplicação: Após a abertura coronária: a) Umedecer com o medicamento uma bolinha de algodão estéril de tamanho compatível com a entrada de canal b) Posicionar a bolinha na entrada do canal c) Remover o excesso de medicamento com uma bolinha de algodão estéril seca d) Selamento provisório (bolinha com medicamento + cavit + CIV) PQM incompleto/completo: a) Molhar a pinça no medicamento b) Levar a pinça até a entrada do canal Quando em contato com o tecido vivo, causa diminuição do exudato inflamatório, devido a uma vasocontrição, diminuindo assim a proliferação celular. Por conter a resposta inflamatória, favorece a preservação do coto pulpar. Natália B. Abrahão c) Abrir a pinça, deixando cair uma gota do medicamento d) Empurrar o medicamento com um cone de papel compatível com o calibre do ultimo instrumento que entrou no CT para que o medicamento fique em contato com o coto pulpar (repetir esse processo até achar que preencheu o canal) e) Umedecer com o medicamento uma bolinha de algodão estéril de tamanho compatível com a entrada de canal f) Posicionar a bolinha na entrada do canal g) Remover o excesso de medicamento com uma bolinha de algodão estéril seca h) Selamento provisório (bolinha com medicamento + cavit + CIV) a) Colocar o medicamento usando uma seringa de irrigação calibrada no CT até que preencha todo o canal b) Umedecer com o medicamento uma bolinha de algodão estéril de tamanho compatível com a entrada de canal c) Posicionar a bolinha na entrada do canal d) Remover o excesso de medicamento com uma bolinha de algodão estéril seca e) Selamento provisório (bolinha com medicamento + cavit + CIV) Pasta de hidróxido de cálcio – Ca(OH)2: Propriedades: Biocompatível Ação anti-inflamatória Capacidade de induzir a deposição de tecido mineralizado pelo organismo na região do canal cementário Ação anti-hemorrágica Ação de preenchimento (tem cor) Fase do tratamento: PQM completo (pasta precisa ficar em contato direto com o coto pulpar) Duração do efeito: Mais de 7 dias Por ser hipotônica em relação ao meio, tem capacidade Ed absorver o exudato inflamatório, quando em contato com o tecido inflamado ou coto pulpar, reduzindo a resposta inflamatória. Por ter um pH alcalino, quando em contato com o tecido vivo, promove uma zona de necrose superficial neste tecido que serve de anteparo para o organismo depositar tecido mineralizado, isolando o material obturador dos tecidos periapicais. Além disso, atua pela dissociação iônica, quando dentro do canal vão sendo liberados íos cálcio (ativando enzimas envolvidas no processo de reparo, induzindo a formação de tecidos mineralizados) e íons hidroxila. Por ter um pH extremamente alto, ao entrar em contato com o tecido vivo, cauteriza os vasos, fazendo com que haja uma hemostasia no local. Natália B. Abrahão Aplicação: a) Manipular a pasta (pó de hidróxido de cálcio + propileno glicol/ soro fisiológico/ água destilada + radiopatizante) para que fique com consistência semelhante a pasta de dente b) Molhar a ponta do instrumento memória na pasta c) Levar no canal e remover no sentido anti-horário (repetir o processo muitas vezes) d) Compactar a pasta e) Radiografar para avaliar f) Selamento provisório a) Manipular a pasta (pó de hidróxido de cálcio + propileno glicol/ soro fisiológico/ água destilada + radiopatizante) para que fique com consistência semelhante a pasta de dente b) Conferir se o Mcspadden/Lentulo está girando no sentido horário (sentido de corte) com o auxílio de uma gaze estéril c) Colocar pasta na ponta do instrumento rotatório d) Inserir no canal 1-2mm aquém do CT, voltando raspando nas paredes do canal e) Compactar com bolinha de algodão estéril f) Radiografar para avaliar g) Selamento provisório a) Colocar a agulha e o tubete de glicerina (lubrificar) na seringa b) Calibrar no CT-1 c) Pré-curvar a agulha d) Passar a glicerina até observar que está pingando glicerina e) Substituir o tubete de glicerina pelo tubete de pasta Callen f) Rosquear o êmbulo até sentir resistência g) Entrar com a seringa no canal sem tocar nas paredes h) Deixar a agulha parada no canal até observar o refluxo da pasta na câmara pulpar i) Remover a seringa lentamente j) Compactar com bolinha de algodão estéril k) Radiografar para avaliar l) Selamento provisório Instrumento memória Instrumento rotatório Seringa ML com agulha longa (pasta callen) Natália B. Abrahão 3. Necrose pulpar e retratamento endodôntico Morte do tecido pulpar Sistema de canais radiculares está infectado (massa dentinária e região periapical também estão com microrganismos) Após a conclusão do PQM sempre será usado medicamento intracanal para auxiliar no combate a infecção Nunca será realizado em consulta única 3.1. Propriedades necessárias: Atue como barreira físico-química impedindo que microrganismos e substratos entrem na cavidade pulpar, desenvolvendo infecção Ser biocompatível para que possa entrar em contato com tecidos vivos Favorecer o reparo Capacidade de controlar o exudato existente causado pela infecção inflamação provoca a presença de lpiquidos nos canais e canal úmido não pode ser obturado Ação antimicrobiana eliminando ou impedindo a proliferação das bactérias capazes de sobreviver ao PQM Tenha capacidade de neutralizar produtos tóxicos (endotoxinas – LPS bacterino presente na membrana externa da parede celular das bactérias G-, sendo liberada devido a morte, crescimento ou multiplicação desses MO) 3.2. Medicamentos: Tricresol formalina: Propriedades: Ação bactericida por contato ou à distância (neutraliza as bactérias e seus subprodutos) Potencial mutagênico e carcinogênico (não pode ser colocado direto em contato com tecido vivo, por ser extremamente tóxico) Indicações: Necrose pulpar ou retratamento imediatamente após a abertura do canal, sem que se tenha entrado no canal Natália B. Abrahão Tempo de permanência: Demora de 24-48h para neutralizar as bactérias e produtos tóxicos do interior do canal Aplicação: a) Umedecer uma bolinha de algodão estéril no medicamento b) Torcer a bolinha umedecida com uma gaze estéril c) Colocar a bolinha quase seca (devido ao cheiro forte) na entrada do canal radicular d) Selamento provisório (cavit +CIV) Paramonoclorofenol Canforado (PMCC): Propriedades: Potente ação bactericida contra bactérias aeróbicas, não atuando contra bactérias facultativas (muito comuns no canal radicular) Baixa tensão superficial atuando por capilaridade na massa dentinária e ramificações (consegue se difundir com facilidade nos túbulos dentinários e no sistema de canais radiculares) Citotóxico, mas com poder de irritação reduzido por estar associado com a canfora Coagula proteínas, não podendo