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TEO - MACEDO ENTREVISTA COMO INSTRUMENTO DE PESQUISA - Págs 207 a 222

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Entrevista como Instrumento de Pesquisa:
	 A conversação é a forma mais universal de troca social que, entretanto, difere da entrevista de pesquisa porque está se torna uma conversa mais formalizada e passa a ser mais encorada em papeis sociais.
Para efeitos de pesquisa, a entrevista semi-estruturada, então, é uma conversação- cujas condições a priori explicitas e aceitas- com um interlocutor do pesquisador que aceita esse princípio: o pesquisador pergunta e retém seu próprio de vista, e deixa pesquisa livre para organizar sua resposta.
A entrevista e uma possibilidade de acessar aquilo que uma pessoa tem em sua mente e que não e passível de observação direta: pensamentos, sentimentos, intenções, comportamentos que ocorreram no passado, ou seja, é possível, acessar a perspectiva é significativa, passível de ser conhecida e explicitada.
Para Delhomme e Meyer, a entrevista semi-estruturada é uma forma de comunicação direta entre pesquisador e pesquisado que se mantem ligados ao longo da entrevista por três elementos em comum. Primeiro, a comunicação é reativa e dinâmica, segundo, o veículo pelo qual se comunicam é a linguagem falada, mas as questões e respostas não são neutras, no sentido de que estão contextualizadas por um roteiro de questões, terceiro, a entrevista mobiliza, em suas concepções e aplicação, técnicas codificadas e uma forma de relação social comum a outras atividades sociais banais, por isso o seu caráter de conservação semelhantes-mais distinto- das conversas entre seres humanos, em geral.
Entrevista Semi-Estruturada
Por entrevista semi-estruturada define-se um conjunto de temas preparado antes da entrevista para vir a ser explorado com cada entrevistado. Tal roteiro serve como uma lista básica de questões a serem cobertas ao longo da entrevista de modo a garantir que todos os temas relevantes sejam trabalhados.
Isto é, o roteiro de entrevista serve para orientar o entrevistador que, entretanto, tem liberdade de explorar, experimentar, formular questões para elucidar, clarear algum tema ao longo da tarefa que tem a realizar com o entrevistado.
Essa liberdade permite ao entrevistado falar daquilo que é de significado central, nas em uma estrutura flexível assegure ao entrevistador que os tópicos considerados cruciais para o estudo sejam cobertos.
A Formulação de questões
Perguntar é a maneira mais universal e direta de obter informações para compreender o que se deseja saber de parte do pesquisado.
E necessário que o pesquisador se ponha atento tanto para o conteúdo das questões como para sua formulação. Para que o pesquisado tenha condições de responder, as questões precisam ser livres de julgamentos de valor ou de atribuição de causalidade, responsabilidade, as questões devem conter elementos que o pesquisado conheça ou se dirigir as suas opiniões, crenças, intenções comportamentais, ou ainda a declaração de comportamentos passados e atuais, podem propiciar ao entrevistado uma autodescrição ou a recordações de fatos.
Orientam para que a formulação das questões envolva frases curtas, claras, simples com vocabulário preciso e adaptado ao nível de compreensão do entrevistado.
Deve-se evitar o uso de termos técnicos, verbos negativos ou positivos, pois isso pode orientar a resposta, também deve ser cuidado tanto o uso de palavras muito carregadas emocionalmente ou aquelas extremas como nunca, sempre, ninguém.
A condução da Entrevista
Para se certificar que a entrevista estão ocorrendo no tempo e cobrindo os temas necessários, o entrevistador deve: estar atento para os pontos trazidos pelo entrevistado, manter-se capaz de ler estrelinhas, cuidar das incoerências, avaliar se as respostas estão em tom de desejabilidade social. E, para finalizar a entrevista, é conveniente perguntar ao entrevistado se ele deseja tratar mais alguma coisa que pense não tenha sido trabalhada, como a entrevista é uma forma de conversação social, é uma cortesia de parte do entrevistador agradecer ao entrevistado sua participação.
Valles (2003) lista uma série de táticas que o entrevistador utiliza para conduzir o entrevistado a se manifestar de forma motivada. Dentre elas é interessante destacar: animar por gestos ou expressões.
Todas essas maneiras de conduzir a entrevista dependem da capacidade empática do próprio entrevistador. Conforme Denscombe (2003), para obter um bom clima de trabalho numa entrevista, o entrevistador precisa estar atento ao entrevistado, sensível aos seus sentimentos, do modo a formular as questões e pergunta-las sem mobilizar demais o entrevistado.
Na realidade, desde seus trabalhos iniciais, vale para o trabalho de entrevistar o que Rogers (1942) propunha para o aconselhamento, isto é ser congruente, mostra aceitação incondicional e empatia.
Analise do Conteúdo
Bardin (1977) desenvolve um método para a análise dos conteúdos da comunicação de modo a descreve-los e interpretá-los em nível de apreensão e entendimento dos significados, por meio de processo complexo de passos para além de uma leitura superficial. O método é útil para processar informações de documentos de comunicação- verbais e/ou não verbais- sejam elas derivadas de entrevistas, gravações, videi-os, depoimentos, entre outros.
O processo permite obter indicadores quantitativos, se isso for interesse do pesquisador. Entretanto, na pesquisa de cunho qualitativo, o pesquisador trabalha somente com a organização temática do material, quando seus interesses se volta para o estudo das características da mensagem propriamente dita, seu valor como informação, as palavras, ideias e os afetos nela expressos, o que se denomina de analise temática.
A escolha do método de análise de conteúdo se constitui, juntamente com a análise etnográfica, nas abordagens mais reconhecidas para trabalhar e analisar dados obtidos a partir de métodos qualitativos.
Para realizar uma análise de conteúdo, seguindo o método proposto por Bardin (1977), é necessário organizar o material oriundo das entrevistas por meio de atividades sequencias que se constituem em: pré-análise, exploração do material, tratamento dos resultados, inferências e interpretação.
Para que essas consequências de tarefas sejam viáveis, as entrevistas gravadas são transcritas na integra e as gravações conservadas para manter intacta toda a informação.
A pré-análise
A pré-análise é o momento de organização do material, realizada por processo aberto e flexível composto por atividades não estruturadas, nas quais o pesquisador tem liberdade no exame das entrevistas, deixando-se invadir por impressões, por sua intuição, de modo a tomar contato, conhecimento das verbalizações dos pesquisadores. Entretanto, esse contato deve levar a tornar operacionais as ideias iniciais, de maneira a sistematiza-las, conduzi-las a um quadro de referências que, ainda que flexível, necessita ser preciso. A leitura flutuante, por analogia com a atenção flutuantes da psicanalise, permite o contato intuitivo e impressionista com as entrevistas nesse primeiro momento.
O conjunto dos documentos para serem submetidos ao procedimentos da análise de conteúdo, obedecendo as seguintes regras:
Regra de exaustividade: todos os elementos dos corpus pertencem ao conjunto dos matérias a serem analisados e a regra de não-seletividade complementa a da exaustividade: nada pode ficar de fora.
Regra da representatividade: na pesquisa qualitativa não se trata da representatividade estatística, mas analítica. A análise pode se efetuar com poucos participantes, desde que sejam os sujeitos que possam tratar o tema de interesse da pesquisa.
Regra da homogeneidade: os materiais devem ser homogêneos, isto é, devem ser mantidos critérios de escolhas dos materiais.
Regra de pertinência: as entrevistas precisam ser adequadas como fonte de informações para que possam dar conta do objetivo da pesquisa.
Tendo sido trabalhos, é possível formular hipóteses como afirmação provisórias a verificar, recorrendo aos procedimentos de análise. Nem sempre as hipóteses são estabelecidas quando da pre-analise. Tambémnão é obrigatório construir hipóteses a priori para se proceder à análise. Algumas analises são realizadas sem hipóteses apriorísticas, mas derivam do que vai surgindo no matéria.
Com os materiais escolhidos e hipóteses formuladas- ou na espera de constituir hipóteses à medida que a análise do material se desenvolve- é tempo de buscar as unidades de conteúdo.
Ao trabalhar com as entrevistas, todo o material é lido e relido do inúmeras vezes, sendo necessário marcar o texto, escrever comentários à margem, cortar porções do texto e colar em certa ordem (no computador ou cartões ou fichas). Com isso o material é preparado para a etapa seguinte- de exploração.
A Exploração do Material
E possível explorar o material: procedendo a análise propriamente dita, ou seja, transformando os recortes, por um processo de agrupamento de semelhanças de significados, em porções agrupadas em categorias iniciais as quais se pode dar um título, caracterizando os elementos comuns.
Assim, com o título provisório estão reunidas unidades que correspondem à categoria inicial. Para organizar categorias, o critério pode ser semântico, sintático, léxico, e/ou expressivo.
Desse modo, a categorização isola os elementos e os classifica, fornecendo certa organização aos materiais.
O material de cada categoria inicial é lido e relido de modo que possa ser reagrupado em categorias mais abrangentes, pois o esforço da análise é o de condensar, e assim obter as categorias intermediarias, com o mesmo processo de buscar elementos comuns. 
Mais uma vez, agora as categorias intermediarias são lidas, relidas e reordenadas, na tentativa de se conseguir dar origem as categorias finais.
Tratamento dos achados, a inferência e a interpretação
Todo trabalho anterior possibilita que o pesquisador possa executar a fase de interpretar os achados. Ao final as categorias construídas são tratadas sob a perspectiva de inferência e interpretação dos achados, usando-o por base a teoria de escolha. O que se busca são explicações para o objeto de estudo investigado. Esse tratamento permite que uma síntese das entrevistas depuradas em categorias seja apresentada de forma coerente com referências teórico adotado.
Considerações Éticas
As considerações éticas envolvem o consentimento informado, o direito á privacidade e a proteção contra danos.
O uso do termo de consentimento e Obrigatório.
Uma condição indispensável da relação pesquisador – pesquisado, explicitando, portanto, atitude eticamente correta.

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