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Tópicos de Saúde na Constituição Federal

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Tópicos de Saúde na Constituição Federal
A primeira coisa que precisamos saber sobre o conceito de saúde que é apresentado na Constituição de 1988 corresponde a sua visão mais cidadã do que a existente antes dessa data.
O novo conceito de saúde dizia então que a saúde era um direito social, de caráter positivo e de segunda geração.
Isso quer dizer que:
Direito social é aquele que visam garantir aos indivíduos o exercício e usufruto de direitos fundamentais, em direito de igualdade para que tenha uma vida digna. Quando na constituição nos seus primeiros artigos apontam a saúde, educação, liberdade de religião e trabalho (por exemplo) como direito de todos e dever do Estado em garanti-los isso justifica dizer então que são direitos sociais.
Direito de caráter positivo é uma redundância sobre o conceito de direito social, pois são todos os direitos que o Estado deve promover ao seu povo, ou seja, o nosso governo democrático deve garantir a todos o direito ao atendimento de saúde. Isso era novidade na Constituição de 1988, já que antes dela só tinham direitos a serem atendidos em instituições públicas de saúde os indivíduos com carteira de trabalho assinada. 
Direito de segunda geração é aquele que o Estado não pode se omitir a executar, isto é, independentemente das condições financeiras e sociais, a saúde não pode ser deixada de ser oferecida mesmo em períodos, por exemplo, de guerra. Existem ainda direitos de primeira geração (aqueles que o Estado não pode interferir, o que não é o caso da saúde) e os direitos de terceira geração (aqueles que ultrapassam as fronteiras como é o caso da solidariedade entre os povos, questões de meio ambiente e paz).
Na Constituição Federal de 1988 a saúde é detalhada em seis artigos (que vão do artigo 196 ao artigo 200).
	Artigo 196
	No primeiro artigo é apresentado simplesmente o conceito de saúde que já tratamos acima e são citados os princípios filosóficos que devem regem a saúde. Esses princípios filosóficos são: a universalidade (direito de todos), a equidade (todos são iguais nos direitos de saúde) e a integralidade (os indivíduos devem ser cuidados não só na doença, mas também pra prevenção e na sua recuperação).
	Artigo 197
	Aponta sucintamente os papéis do poder público e privado na saúde nacional. O poder público fica com as responsabilidades mais relevantes como a regularização, fiscalização e controle das ações e serviços de saúde. Enquanto isso, a iniciativa privada fica com o papel de complementar as ações e serviços de saúde, apenas assessorando os serviços públicos.
	Artigo 198
	Nesse terceiro artigo são apresentadas as três diretrizes básicas para a execução dos trabalhos de saúde. Isto é, nesse artigo são apresentados os três princípios organizativos para que nunca falhe o sistema de saúde. São três as diretrizes de saúde: a descentralização (todas as três instâncias governamentais – União, governo estadual e municípios – têm responsabilidades diferentes e não têm capacidade de comando sobre umas sobre as outras), a participação da comunidade (isto é, o povo tem o papel de fiscalizar e gerir os serviços e ações de saúde) e a hierarquização dos serviços (ou seja, cada um das instâncias governamentais fica com níveis diferentes de complexidade de atenção à saúde e devem se organizar em distritos, setores e comissões).
	Artigo 199
	Este artigo traz com mais detalhes aquilo que só foi citado no artigo 197: ou seja, como a iniciativa privada pode auxiliar nas ações e serviços de saúde. Novamente se fala que a iniciativa privada tem apenas papel complementar e para que ela possa agir é necessário assinar um contrato público ou fazer um convênio. Nesse mesmo artigo ainda se fala que esses contratos e convênios de prestação de serviços serão assinados preferencialmente com entidades filantrópicas e sem fins lucrativos e, ainda, fala que o dinheiro público não pode ser usado para sustentar ou auxiliar essas instituições particulares em seu funcionamento.
	Artigo 200
	Nesse último artigo é apresentado as competências e atribuições do sistema de saúde público. Elas são oito no total: (i) cuidados com os insumos de saúde (medicamentos, vacinas e outros imunobiológicos, hemoderivados etc...) que incluem seu controle, sua fiscalização até a participação na sua produção; (ii) exercício das vigilâncias (epidemiológica, ambiental e sanitária) e a saúde do trabalhador; (iii) formação de recursos humanos; (iv) cuidar das políticas de saneamento básico; (v) incentivar o desenvolvimento científico e tecnológico; (vi) fiscalizar e inspecionar alimentos e bebidas, cuidando de padrões de qualidade e teor nutricional; (vii) logística de agentes tóxicos, radioativos e substâncias psicoativas, o que inclui a guarda, o transporte, o uso e a fiscalização; e (viii) colaborar pelo bem do meio ambiente.
Não podemos perder de vista que o texto da Constituição Federal de 1988 era apenas um embrião para que outras leis fossem escritas e assim tornasse possível a existência de uma saúde pública real e ativa. Por isso, a Constituição Federal é encarada apenas como um texto base e de inspiração para que outras legislações sejam feitas como é o caso da lei 8080/90.
A lei 8080/90 é conhecida ainda como Lei Orgânica da Saúde (ou vulgarmente, de lei do SUS) foi a primeira lei que definiu os caminhos que o sistema público brasileiro de saúde deveria seguir. Ou seja, dois anos depois que foi votado a ativado a nossa Constituição Federal, finalmente foi definida as regras para a ação de saúde pública que visava acima de tudo a melhoria das condições de vida do brasileiro.
A lei 8080/90 ou Lei Orgânica da Saúde
Até hoje, ela é a principal lei que já foi escrita e que dá detalhes de como deve ser executada e organizada a saúde no Brasil.
Ao definir as regras de como deve ser o sistema brasileiro de saúde, estava-se então instituída o conhecido SUS (Sistema Único de Saúde) que encararia os problemas de saúde tanto do ponto de vista biológico como também social e ambiental. Criticamente observa-se então que o SUS teria um papel de intermediar a relação paciente-prestador de serviço, assegurando então sua qualidade.
Comparando os serviços prestados antes e depois da implementação do SUS, construímos a seguinte tabela comparativa:
	
	Antes do SUS
	Depois do SUS
(a partir de 1990)
	Direito legal de acesso à saúde
	Apenas trabalhadores formais (carteira assinada)
	Todos os cidadãos (universalidade).
	Modelo assistencial
	Apenas curativo, focando no indivíduo e não na coletividade.
	A saúde é integral, foca tanto na prevenção quanto na cura.
	Gestão
	Era responsabilidade do Ministério da Previdência Social, ou seja, o governo federal.
	É responsabilidade é descentralizada, todas as três esferas governamentais têm suas responsabilidades.
	Natureza dos prestadores de serviço
	Todos os prestadores de serviço eram do setor privado, ou seja, eram empresas que sustentavam a saúde.
	Todos os prestadores de serviços de saúde são do setor público e o controle é feito pelo povo, mas a iniciativa privada pode auxiliar.
	Equidade
	Apenas os que possuíam acesso formal, isto é, saúde era para quem ia à busca porque tinha necessidade.
	A saúde é com justiça social. Ela atende e resolve as necessidades individuais e também da comunidade.
A lei 8080/90 foi votada em setembro de 1990, durante o governo do presidente Fernando Collor e é composta por 55 artigos, dos quais 9 foram vetados (artigos 11, 29, 40, 42, 44, 48, 49, 51 e 53) e portanto, não nos importaremos em comentá-los.
A seguir falaremos sobre como os 46 artigos restantes estão organizados e sobre o que eles tratam.
	Artigos 1 ao 9
	Nesses nove primeiros artigos da lei do SUS são apresentados em detalhes e reforçados os conceitos de saúde apresentados na Constituição Federal. Portanto nesses artigos são apenas retratados tópicos como, conceito de saúde (que, aliás é o mesmo que já era apresentado pela Organização Mundial da Saúde), os princípios filosóficos e as diretrizes de trabalho,os objetivos do SUS e os campos de atuação de trabalho (isto é, as competências e atribuições dos serviços de saúde).
	Artigos 10 ao 14
	São apresentadas as questões de poder público e privado além das ações de participação da comunidade (fala-se como se constituem as conferências de saúde e os conselhos de saúde).
	Artigos 15 ao 18
	Nesses artigos são detalhadas as competências de cada uma das instâncias governamentais (o papel da União, dos Estados e dos Municípios) além de falar das competências que são comuns a todas elas.
	Artigo 19
	Nesse artigo (que inclusive é um dos mais longos) tratar-se-á dos subsistemas de atendimento do SUS. Eles são três subsistemas e falam sobre nichos de ações especiais e necessárias para garantir a integralidade e a equidade dos serviços de saúde. São eles: o SASI (Subsistema de Atenção à Saúde Indígena), o SAID (Subsistema de Atendimento e Internação Domiciliar) e o SADTRAPI (Subsistema de acompanhamento durante o trabalho de parto, o parto e o pós-parto imediato).
	Artigos 20 ao 26
	Falam sobre os serviços privados de atendimento a saúde. Todos aqueles tópicos que já comentamos e que apareciam no artigo 199 da Constituição Federal são retomados aqui e detalhados para se adaptarem para a realidade proposta para o SUS.
	Artigos 27 ao 30
	Fala sobre uma das competências do serviço de saúde: os recursos humanos dos funcionários do SUS. Ela instrui sobre cargos, direções, coordenações etc...
	Artigos 31 ao 38
	Esses oito artigos falam sobre o orçamento, distribuição e o planejamento da questão financeira do SUS. Nesses artigos são apontados qual é a origem do dinheiro que sustenta o SUS e a forma como ele deve ser gerido e distribuído entre as instâncias governamentais.
	Artigos 39 ao 55
	Esses artigos fecham a lei do SUS com as disposições finais e transitórias que não cabiam aos itens anteriores apresentados no corpo dessa legislação. Estão incluídos nesses tópicos temas como Patrimônio Físico (prédios, equipamentos etc...) e Patrimônio Intelectual (banco de dados, distribuição de informações etc..). Consta aqui o tempo necessário para que essa lei entre em vigor e ainda revoga todas as leis anteriores que não condizem com a proposta da lei 8080/90.
Apesar da lei 8080 ter sido criada em 1990, foi somente com o decreto 7508/2011 que essa lei foi regulamentada, o que significa mais de 20 anos de estabelecimento e latência de cumprimento da lei do SUS.
Princípios filosóficos ou doutrinários do SUS
Quando se institui um sistema de saúde, é necessário incluir a ele princípios regentes que dão os valores sociais e morais que o tornam acessível à população.
De acordo com a lei 8080/90 e a Constituição Federal, o SUS segue os seguintes princípios: universalidade, a integralidade e a equidade.
UNIVERSALIDADE – consideram-se os serviços e as ações do SUS acessíveis a todas as pessoas, pois a saúde é um direito universal.
INTEGRALIDADE – os serviços e as ações do SUS devem observar seus usuários de forma integral, ou seja, a saúde não é só física, deve incluir as condições de saúde social, emocional, de trabalho e ambiental entre outros itens. Sendo assim, a saúde não pode ser focada somente na cura nem focada só em um indivíduo. A saúde integral é focada principalmente na prevenção e na coletividade.
EQUIDADE – todos os indivíduos têm direito a ter o mesmo tipo de atendimento de saúde para o seu bem-estar, porém ele não precisa ser igualitário, mas adaptado à realidade de cada classe social e perfil epidemiológico regional. Por exemplo, não é necessário se investir em cuidados com malária em locais onde essa doença não é comum.
Diretrizes (ou princípios organizativos) do SUS
Quando se institui um sistema de saúde é necessário além de criar princípios que dão valores morais e sociais, dar as ferramentas necessárias para que tal sistema funcione. Portanto, as diretrizes do SUS nada mais são do que as regras que determinam a organização do serviço de saúde para que ele funcione e atenda toda a população adequadamente.
São três as diretrizes do SUS. São elas:
DESCENTRALIZAÇÃO – para que o trabalho do SUS seja articulado, cada uma das três instâncias governamentais (União, governo estadual e municipal) tem uma atribuição diferente e não-hierárquica, assim cada uma das esferas governamentais são apenas colaborativas mas não podem interferir no trabalho uma das outras. A ideia de cada esfera do governo ser descentralizada possibilita que elas sejam mais eficientes por serem autônomas entre si.
PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE – para que o serviço de saúde seja imparcial e justo, é necessária a participação dos usuários do SUS. Eles são responsáveis pela execução das conferências de saúde e dos conselhos de saúde que irão garantir o bom andamento dos serviços e ações monitorando todo o trabalho.
HIERARQUIZAÇÃO DOS SERVIÇOS – para que o trabalho do SUS seja eficiente e acessível, são necessários que os serviços e ações sejam divididos em níveis de complexidade. Esses níveis de complexidade são três: baixa, média e alta. Enquanto, por exemplo, os atendimentos em unidades de saúde da família são de baixa complexidade, casos como transplantes são de alta complexidade.
Os objetivos do SUS
Os objetivos de trabalho do SUS são três como são apontados na lei 8080/90:
Identificar e divulgar os fatores condicionantes e determinantes de saúde. Segundo o conceito de saúde proposta na Constituição Federal e também pela Organização Mundial da Saúde sabemos que esse direito fundamental não tem a ver somente com a saúde física e sim com o bem-estar que inclui fatores como saneamento básico, educação, alimentação, condição financeira entre outros. Em 2013, esses fatores sofreram o incremento da atividade física como um novo fator condicionante de qualidade de vida (lei complementar 2864/2013).
Cumprindo o primeiro objetivo abre-se espaço para o segundo objetivo: 
Promover uma política de saúde, no campo social e econômico, em prol da melhoria dessas condições e fatores determinantes de qualidade de vida.
Como terceiro objetivo e complementar a todos os outros temos: 
Prestar assistência pela promoção, prevenção e recuperação da saúde dos indivíduos. Isso pode acontecer de diversas formas o que inclui o trabalho hospitalar, atividades preventivas entre outras.
Os campos de atuação de trabalho do SUS
São dez os campos de atuação de trabalho do SUS e estão relacionados àquelas atribuições e competências registradas no artigo 200 da Constituição Federal e que a lei 8080/90 teve que oficializar sobre o rol de atividades que envolvem a saúde como instrumento de se obter qualidade de vida.
O primeiro desses campos de atuação do trabalho são as ações primárias de vigilância. Temos a vigilância sanitária (que promovem e fiscalizam as condições sanitárias de ambientes de comércio e manipulação de alimentos, água e bebidas, e espaços físicos onde há a circulação de pessoas) e a vigilância epidemiológica (que fiscalizam as epidemias e a forma como se as combatem). As ações de saneamento básico e promoção de vigilância ambiental são mais um desses campos de atuação do SUS. Quando falamos em vigilância ambiental devemos ter em mente também que o SUS age na logística de substâncias (radioativas, psicoativas e tóxicas) sendo responsável pela sua guarda, transporte, controle e fiscalização. 
A vigilância nutricional e a orientação alimentar são incluídas também como um dos campos de atuação do SUS, conectando seu trabalho com a vigilância sanitária e ambiental (que já falamos).
Outro campo de atuação diz respeito à saúde do trabalhador, já que a saúde é item de seguridade social (mais detalhes nos artigos depois do 200 da Constituição Federal).
As ações de assistência terapêutica, que inclui o cuidado com os insumos de saúde (medicamentos, vacinas e outros imunobiológicos e hemoderivados) também é responsabilidade do SUS, assim como o seu controle e fiscalização.
Outro campo de atuação do SUS diz respeito à formação de recursos humanos e o incentivo dodesenvolvimento científico e tecnológico em prol da saúde.
Iniciativa privada e o SUS
Como já dizemos anteriormente, o SUS é um sistema público de saúde que intermédia a relação paciente-prestador de serviço. Entretanto, ele prevê que a iniciativa privada possa complementar seu trabalho. Para que a iniciativa privada faça seu trabalho de acordo com o contratado, ele é fiscalizado por um órgão institucional conhecido como ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).
Essa fiscalização pela ANS é possível graças a um contrato ou um convênio público que é efetuado pela empresa de saúde complementar. Os requisitos necessários para que seja assinado esse contrato/convênio já foram citados anteriormente (artigo 199 da Constituição Federal e artigos de 20 a 26 da lei 8080/90), sendo que entidades filantrópicas e sem fins lucrativos têm preferência por assinatura desses contratos/convênios em relação às empresas com fins lucrativos.
O artigo 50 da lei 8080/90 (das disposições finais e transitórias) comunica que a medida que o SUS absorva a necessidade dos serviços prestados pela iniciativa privada, os contratos/convênios podem ser recindidos.
No corpo do texto da lei 8080/90 inicialmente escrita era vetada a participação de empresas estrangeiras na saúde do Brasil. Esses artigos foram emendados e atualmente de acordo com a lei complementar 13097/2015 existem alguns casos previstos de participação de instituições internacionais é permitida (como o caso que tornou possível o Programa Mais Médicos onde o governo brasileiro para o governo cubano o salário de médicos residentes aqui no Brasil) e em casos que incluem doações da ONU (Organização das Nações Unidas).
Participação social sobre o SUS
Na lei 8080/90 prevê-se que uma de suas diretrizes é a participação da comunidade no cumprimento e funcionamento do sistema público de saúde (no artigo 14-B).
Essa participação fica expressa de duas formas principais: através da composição dos conselhos de saúde e através de reuniões conhecidas como conferências de saúde.
Enquanto as conferências de saúde são eventos que ocorrem a cada 4 anos (no âmbito federal) e a cada 2 anos (no âmbito estadual e municipal), os conselhos de saúde são conglomerados permanentes para decisões sobre as ações e serviços de saúde.
Os conselhos de saúde são descentralizados e, portanto, existe um para cada instância governamental. São eles:
CONASS – Conselho Nacional dos Secretários de Saúde. É o conselho nacional de saúde composto por secretários estaduais de saúde, que recebem recursos da União para o custeio das suas despesas institucionais.
CONASEMS – Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. É o conselho nacional de saúde composto por secretários municipais de saúde, que também recebem recursos da União.
COSEMS – Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde. São os conselhos de saúde dos municípios e estes respondem ao CONASEMS.
Em 1990, quando foi criado o SUS, a lei 8080 sofreu muita pressão por ser considerada incompleta, principalmente sob o foco da participação social. Por essa razão, ao final do mesmo ano, cerca de 3 meses depois o Congresso Nacional votou uma lei complementar que resolveria as questões sobre a participação social sobre o SUS. Essa lei é a lei 8142/90 ou lei de participação social e nós comentaremos ela mais adiante.
Organização e Gestão do SUS
Não podemos perder de vista que o SUS tem uma política de descentralização dos serviços. Assim, cada uma das instâncias governamentais por serem autônomas entre si, têm também sua própria direção.
No âmbito da União, o Ministério da Saúde é o responsável. No âmbito do governo de cada um dos Estados, têm-se suas respectivas Secretarias Estaduais de Saúde. E no âmbito do governo de cada um dos municípios da nação, tem-se suas respectivas Secretarias Municipais de Saúde.
No caso específico dos municípios, poderá se constituir consórcios administrativos intermunicipais que reúne esforços para melhor desenvolver suas ações e serviços de saúde (por exemplo, a existência de um hospital regional que abarca pacientes de várias cidades vizinhas). Nestes casos a direção é única de um dos municípios e não compartilhada.
Sem que haja esses consórcios, o SUS ainda pode organizar os municípios em conjuntos (distritos regionais) que possibilita maior organização, manejo de recursos e assim dar maior cobertura a uma área de várias cidades que tenham as mesmas necessidades.
Para os casos de campos de atuação que não são incluídos naquele rol de atribuições do SUS, pode-se organizar as chamadas comissões intersetoriais. Um exemplo disso é a Comissão Intersetorial de Saúde Mental (CISM) instituída em 1999 e responsável pela criação de uma política de saúde mental (que não havia sido contemplada naquele rol de campos de atuação do SUS que aparece na lei 8080/90). Essas comissões intersetoriais são sempre de âmbito nacional o que quer dizer que são controladas e fiscalizadas pelo CONASS.
Mais outro tipo de comissão prevista na lei 8080/90 são as comissões permanentes de integração entre serviços de saúde e instituição de ensino profissional e superior. É uma forma de parceria para garantir o incentivo à formação de recursos humanos e o incentivo do desenvolvimento científico e tecnológico, que foram incluídos como campo de atuação do SUS.
Por último temos as comissões intergestores como forma de organização do SUS. As comissões intergestores são formas de estabelecer diálogo e troca de experiências entre os diversos gestores da saúde pública, tanto em nível municipal, estadual e nacional. Para fiscalizar e controlar essas comissões (que podem ser bipartite e tripartite), elas devem ter o aval dos seus respectivos conselhos de saúde.
As comissões intergestores tripartite são de âmbito nacional. São compostas por 15 pessoas (5 de cada uma das instâncias governamentais). Nestas comissões as instâncias governamentais são representadas por membros do Ministério da Saúde, membros do CONASS e membros do CONASEMS.
Já as comissões intergestores bipartite são de âmbito estadual. O número de membros varia, mas sabe-se que é 50 % representantes do governo estadual (indicados pelo Secretário Estadual de Saúde) e 50% membros do COSEMS.
Quando olhamos para os recursos humanos vinculados ao SUS devemos ficar atentos que há também descentralização em todas às esferas governamentais. Sendo que os diretores e secretários de saúde (estaduais e municipais) não podem interferir entre si no trabalho e agem autonomamente.
Existe na lei 8080/90 uma valorização à dedicação exclusiva dos ocupantes de cargos e funções da prestação de serviços do SUS. Pessoas que ocupam cargos de chefes, coordenação (chamado assessoramento) e direção de qualquer natureza trabalham sobre o regime integral.
No artigo 28 dessa mesma lei prevê-se o acúmulo de cargos públicos (de até dois empregos) desde que nenhum dos cargos seja de chefia, direção ou coordenação.
O SUS valoriza as iniciativas de aperfeiçoamento em todos os níveis de formação profissional e possibilita a especialização na forma de treinamento durante o serviço desde que haja uma supervisão técnica-avaliativa.
Competências e atribuições que o SUS distribui entre a União, Estados e Municípios
Como dada uma das esferas governamentais trabalham autonomamente de forma descentralizada, a lei 8080/90 definiu quais são as competências individuais de cada uma dessas instâncias e ainda aquelas que são comuns a todas as três.
As competências que são comuns a todas as instâncias envolvem:
Administração dos recursos financeiros.
Acompanhamento e divulgação dos níveis de saúde.
Coordenação do sistema de informação em saúde.
Elaboração de normas técnicas (padrões de qualidade de serviços associados à necessidade de cada uma das regiões).
Cuidado e recuperação do meio ambiente e saneamento básico.
Elaborar e atualizar os planos de saúde (relatórios de planejamento do uso de recursos destinados à saúde).
Incentivar pesquisa e estudo para avanço técnico-científico.
Agora, quando analisamosas competências de cada uma das esferas, observamos um detalhe importante.
As competências da União estão mais relacionadas com a criação de normas, definição de políticas de saúde, coordenações. De mesma maneira, a direção nacional do SUS é responsável pelos níveis de atendimento de alta complexidade. As únicas ações de execução são a vigilância sanitária e epidemiológica de portos, aeroportos e fronteiras.
As competências dos Estados assim como as competências da União também estão relacionadas com coordenação e gestão de ações e serviços estaduais do SUS e, análise e divulgação de dados epidemiológicos no que diz respeito aos próprios Estados. No âmbito estadual ainda tem a responsabilidade de cuidar de descentralização dos municípios, além de complementar e auxiliar as ações do governo federal em suas próprias competências.
As competências dos Municípios são na sua maioria de papel executivo. Os Municípios são responsáveis pela coordenação, execução e controle de todas as ações de saúde pública (principalmente as de atenção básica). Eles ainda são responsáveis pela efetuação de contratos/convênios com a iniciativa privada e possíveis consórcios intermunicipais quando necessários e possíveis. O SUS concentra na mão dos Municípios o papel de execução dos serviços de vigilância sanitária, epidemiológica, nutricional e ambiental, além dos cuidados com saneamento básico e saúde do trabalhador. Quando há necessidade ainda auxilia e complementa as ações do governo estadual e federal no que diz respeito às suas próprias competências.
O quadro abaixo simplifica as competências a atribuições das instâncias governamentais:
	UNIÃO
	ESTADOS
	MUNICÍPIOS
	Papel de caráter normativo.
Estabelecimentos de políticas nacionais de saúde pública.
Controle de fiscalização.
Promoção da descentralização para Estados e Municípios dos serviços e ações de saúde de abrangência estadual e municipal.
	Descentralização para os municípios dos serviços e ações de saúde.
Prestar apoio técnico e financeiro aos municípios.
Controlar, acompanhar, avaliar e executar ações do meio ambiente, saneamento básico, ambiente de trabalho, insumos e equipamentos, laboratórios e hemocentros, controle de qualidade para produtos e substâncias de consumo humano.
Avaliar e divulgar os indicadores de morbi-mortalidade no âmbito estadual
	Planejar, organizar, executar, controlar e avaliar ações e serviços de saúde.
Financiamento e gestão financeira do SUS
Em relação aos recursos financeiros, esta lei propõe o repasse de forma regular e automática para Municípios, Estados e Distrito Federal, referentes à cobertura das ações e dos serviços de saúde para investimentos na rede de serviços, cobertura assistencial ambulatorial e hospitalar e demais ações de saúde. As principais fontes são: a contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL) e a contribuição para o financiamento da seguridade social (CFSS).
Esse recurso será distribuído de forma automática e regular pelo FNS (Fundo Nacional de Saúde).
Os recursos ainda podem vir de doações, alienações patrimoniais e, taxas e multas revertidas ao SUS. Todo esse volume de dinheiro então vai para uma conta especial movimentada pelo diretor da esfera onde ela foi arrecadada. 
Essa conta é fiscalizada pelo conselho de saúde e no caso de mau uso desse dinheiro, o Ministério da Saúde fica responsável pelo acompanhamento e punição (aparece no artigo 52 da lei 8080/90, no capítulo das disposições finais e transitórias) de acordo com o previsto no artigo 315 do Código Penal.
O dinheiro é repassado pelo FNS de forma proporcional para os locais de acordo com o perfil demográfico, perfil epidemiológico da população a ser coberta pelos recursos. Além desses requisitos o FNS avalia o nível de participação do setor na entrega dos orçamentos, desempenho técnico, boa previsão do plano quinquenal de investimentos (que é feita a cada 5 anos) e a taxa de migração da população.
Nas esferas estadual e municipal, além dos recursos do próprio Tesouro, há os recursos transferidos da União, que devem ser previstos no orçamento e identificados nos fundos de saúde para execução de ações previstas nos instrumentos do Sistema de Planejamento do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Pacto pela Saúde (vide o tópico sobre Planejamento do SUS a seguir).
Planejamento e orçamento do SUS
O planejamento e orçamento são ascendentes (desde o nível local até o nível federal) e é elaborado por seus órgãos deliberativos (isto é, os conselhos de saúde).
A base do planejamento é o plano de saúde que nada mais é do que um documento onde constam as atividades e programações de trabalho de um ano nos serviços de saúde do SUS. Para a criação dos planos de saúde, o CONASS estabelece as normas de elaboração. 
A base do orçamento é a proposta orçamentária, que inclui dentre outros detalhes o plano de saúde. Na lei 8080/90 está escrito que não se pode transferir valores destinados a um tópico no orçamento para outro tópico, exceto em situações emergenciais e quadros de calamidade pública.
A lei 8142/90 ou lei da participação social
Como já comentamos essa lei é considerada uma lei complementar a lei 8080/90 e que foca na diretriz do SUS da participação da comunidade na gestão do SUS.
Ela é uma lei de poucos artigos (são sete no total) e nela foi incluído ainda o tema sobre a distribuição de recursos do SUS, que já havia aparecido na lei anterior mais que também precisava ser mais detalhada.
	Artigo 1
	Traz os conceitos de conselho de saúde e conferências de saúde assim como suas atribuições e funcionamento.
	Artigo 2, 3 e 4
	Traz detalhes sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde.
Vamos agora, conhecer um pouco mais desses dois aspectos da lei 8142/90:
Participação da comunidade
Como já falamos e essa lei reforça no início de seu texto, só existem duas instâncias para a participação da comunidade sobre a gestão do SUS: a composição de um conselho de saúde e as conferências de saúde.
Elas são compostas por vários segmentos sociais que incluem usuários dos serviços e ações do SUS, prestadores de serviços de saúde, profissionais de saúde e representantes do governo.
A participação dos usuários é paritária em relação aos outros segmentos, isto é, tem o mesmo peso de decisão é voto.
50 % - membros usuários do SUS.
50 % - restante dos membros (profissionais de saúde, prestadores de serviço e representantes do governo).
As conferências de saúde ocorre a cada 4 anos (no âmbito federal) e a cada 2 anos (no âmbito estadual e municipal).
As conferências de saúde têm papel deliberativo, pois propõem diretrizes para as políticas de saúde e avaliam a situação da saúde através de seus dados de qualidade de vida (índices e relatórios regionais etc...). Ao final dessas conferências é elaborado um relatório que é repassado à direção de saúde.
Antes de haver a conferência nacional (que ocorre a cada quatro anos) acontecem as pré-conferências (estaduais e municipais) para discutir os assuntos a nível de suas esferas governamentais. Portanto o relatório da conferência nacional será uma síntese do quadro apresentado nas pré-conferências (que ocorrem a cada dois anos).
Os conselhos de saúde são de formação permanente e também têm caráter deliberativo. O papel dos conselhos de saúde está relacionado com a fiscalização da movimentação de recursos, além de atuar ainda na formulação de estratégias e planejamento financeiro. Novamente é importante ressaltar que o papel dos conselhos não é consultivo e sim deliberativo.
Como já comentamos, existe um conselho em cada uma das esferas governamentais porque há repasse do FNS para cada uma das esferas também (CONASS, CONASEMS e COSEMS).
Recursos financeiros na área da saúde
Assim como quando a lei 8142/90 reforça os conceitos já apresentados na lei 8080/90 para a participação social, ocorre o mesmo quando o tema é recursos financeiros na área da saúde.
A lei 8142/90 reafirma que os recursos devem ser repassados de forma regulare automática aos municípios e estados e esse repasse é feito pela FNS (que além de distribuir ainda administra tais recursos).
Esses recursos são destinados para quatro situações básicas:
Arcar com as despesas de custeio e de capital do próprio Ministério da Saúde e suas entidades.
Incluir em investimentos que foram previstos em lei orçamentária (neste caso, ela só pode ter sido criada pelo Poder Legislativo e aprovada pelo Congresso Nacional).
Incluir em investimentos que foram previstos no Plano Quinquenal do Ministério da Saúde.
E finalmente, para cobrir as ações e serviços de saúde (do CAPS, da saúde da família, veículos do SAMU etc...) de Estados e Municípios.
Para que esses recursos sejam recebidos alguns requisitos devem ser cumpridos. Isso inclui a entrega e preenchimento de documentos oficiais:
Plano Anual de Saúde – que é um planejamento de gastos e orçamentos.
Relatório Anual de Gestão – que permite o controle dos recursos repassados.
Outros requisitos para o recebimento dos recursos dizem respeito a constituição de órgãos institucionais, como por exemplo:
Conselho de saúde – que avalia, fiscaliza e delibera sobre o manejo dos recursos financeiros.
Comissão de elaboração do Plano de carreira, cargos e salários (PCCS) – que garante a melhoria e incentivo profissional como formação dos recursos humanos (já contadas na lei 8080/90). Nessa lei 8142/90 é previsto que haja um prazo de dois anos para sua implantação melhorando as condições de trabalho.
Tanto no tópico Relatório de Gestão quanto no PCCS, a lei 8142/90 sofreu uma posterior alteração pela força da lei 141/2012 que torna possível as esferas institucionais continuarem a receber os recursos financeiros para o SUS mesmo não tendo nem esses relatórios nem a comissão para elaboração do PCCS.
Como últimos requisitos para o recebimento dos recursos financeiros é necessário ainda haver um Fundo de Saúde, isto é, um conjunto de contas bancárias para o recebimento dos recursos (cujo secretário de saúde é o gestor responsável) e uma contrapartida de recursos para a saúde no respectivo orçamento (15% vindo do município e 12% vindo do Estado, destinado à saúde).
Assim, o repasse então é feito fundo a fundo, isto é, do FNS para FES ou FMS, onde 70 % dos valores são para os municípios e o restante então vai para os Estados.
Ainda é previsto na lei 8142/90, que se os Municípios não derem conta de atender com suas competências e nem cumprir com suas responsabilidades financeiras e orçamentárias, os Estados ou até mesmo a União pode assumir seus cuidados e atribuições.
A lei 141/2012 ou lei da equidade orçamentária
A lei 141/2012 conhecida também como lei da equidade orçamentária vem a ser uma lei complementar mais complexa que amplia o texto da lei 8080/90 nos capítulos que dizem respeito ao planejamento e orçamento e também a lei 8142/90 nos artigos que falam sobre os recursos financeiros.
Antes de ser oficializada como uma nova lei, ela era conhecida na forma de emenda constitucional 29/2000 que trata do rateio dos recursos da União para os Estados e Municípios, dos percentuais mínimos a serem aplicados na saúde e também das regras de controle e fiscalização dos recursos da saúde.
Essa lei trouxe também uma definição importante: o que é uma ação e serviço de saúde do SUS. Porque mesmo que isso já constasse na Constituição Federal (artigo 200) e na lei 8080/90 (artigo 6) havia brechas e dúvidas sobre temas como, por exemplo, se a alimentação deveria ser considerada um serviço de saúde, assim como o saneamento básico é, etc...
Essa lei ainda vetou o uso de recursos financeiros para o pagamento de inativos da área da saúde.
Percentuais mínimos obrigatórios da saúde
Os municípios são obrigados a por 15% das suas receitas na área da saúde, o Estado 12% e a União deve por o mesmo valor do ano anterior mais o valor proporcional do crescimento do PIB nacional.
Critério do rateio do recurso financeiro
Leva em conta principalmente a necessidade da população considerando aspectos como a densidade demográfica, perfil epidemiológico, distribuição de renda socioeconômica, a organização dos serviços, desempenho do órgão em relação ao ano anterior (o que implica em avaliações anuais também).
Fiscalização dos recursos financeiros
A fiscalização é feita através de uma ferramenta chamada SIOPS (Sistema de Informações Orçamentárias para a Saúde) que fica alocado no Ministério da Saúde. Esse é um banco de dados que recebe informações vindas de Estados e Municípios sobre a execução orçamentário-financeira.
Existe ainda o Relatório Anual de Gestão, que inclui tudo, não somente assuntos financeiros (por exemplo, sobre o cumprimento do plano de metas de saúde etc...) que é parcial, feito quadrimestralmente (3 por ano).
Nessa lei se reforça ainda a importância da assinatura do contrato orçativo, que é previsto no decreto 7508/2011 para fazer a equidade orçamentária já que nesse contrato devem-se constar as metas a serem cumpridas por prestadores de serviços e valores empregados na execução dos serviços e ações de saúde.
Penalidades aplicadas ao mau uso dos recursos financeiros
A União pode alterar o volume de recursos repassados, retirando do Fundo de Participação do Município ou do Estado, o correspondente que não foi corretamente aplicado.
Os recursos podem ser ainda suspensos e, o Estado/Município penalizado pode ser obrigado a usar suas próprias reservas de Tesouro para arcar com as despesas.
NORMAS OPERACIONAIS – NOB E NOAS
As Normas Operacionais são documentos que não têm o mesmo peso de lei ou decretos, porém traz nelas diretrizes de trabalho para que sejam resolvidos problemas que foram aparecendo à medida que se colocou em prática as leis orgânicas da saúde (tanto a lei 8080/90 quanto a lei 8142/90).
Uma característica das normas operacionais é que elas são criadas nas reuniões das Comissões Intergestoras Tripartites e anualmente têm a possibilidade de serem revisadas e alteradas. A meta principal dessas normas era facilitar o acesso dos serviços de saúde à população e para isso houve a necessidade de operacionar o método de regionalizar as ações e serviços de saúde.
A primeira norma operacional foi denominada NOB (Normas Operacionais Básicas) e foram editadas em quatro anos: 1991, 1992, 1993 e 1996. A segunda norma operacional criada foi denominada NOAS (Normas Operacionais da Assistência à Saúde) que foi editada em dois anos: 2001 e 2002.
Após as leis 8080/90 e 8142/90, que previam uma maior participação dos municípios na gestão da saúde, houve uma resistência destes municípios em assumir tais responsabilidades impostas pelas leis (maior parte delas relacionadas com a prestação dos serviços, que antes eram atribuições federais). Por isso, foram escritas as NOBs. As ideias inseridas nessas normas incentivavam os municípios a assumirem suas responsabilidades através de instrumentos jurídicos e mecanismos de facilitação da gestão.
Por exemplo, na NOB/91 o texto apresentava a possibilidade de se fazer uma transferência negociada de recursos financeiros ao invés de uma transferência automática de um fundo a outro fundo (como era dito na lei 8080/90). Já na NOB/92 propõe a criação de um programa de saúde chamado Pró-Saúde, que viriam a reorganizar os serviços de saúde.
Depois dessa, tivemos a NOB/93 que ficou conhecida por institucionalizar as comissões intergestoras tripartite e bipartite. Elas já existiam desde a lei 8080/90, entretanto, o incentivo ao seu funcionamento era exatamente para incentivar a municipalização da saúde. Inicialmente, com a extinção do INAMPS e o surgimento do SUS como sistema de saúde, o Ministério da Saúde não pôde simplesmente abandonar suas responsabilidades com o atendimento à sociedade e automaticamente repassá-la aos municípios. Nessa NOB/93, as Comissões Intergestoras poderiam classificar seus municípios participantes em categorias de gestão de saúde (em gestão incipiente, parcial e semiplena) e assim fazer a transição na administração da saúde pública.
A NOB/96 foi delonge a mais decisiva no processo de incorporação das leis 8080/90 e 8142/90. Essa norma operacional consolida a política de municipalização ao criar só duas categorias de gestão da saúde: a gestão plena do sistema municipal e a gestão plena de atenção básica. Com isso, boa parte dos municípios passa a gerir os serviços e até o ano 2000, muitas cidades já eram autônomas na administração e já recebiam os recursos diretamente da União. 
Dentre as criações da NOB/96 tivemos a carteira do SUS, a estratégia de saúde da família, o PAB (Piso de Atenção Básica) e o PPI (Programação Pactuada e Integrada).
Infelizmente essa NOB/96 ainda não consegue solucionar todos os problemas de gestão que aparecem para o cumprimento da lei 8080/90 e aí surge a NOAS para corrigir possíveis falhas apresentadas nas NOBs anteriores.
A primeira NOAS foi editada em 2001 e ela traz a ideia de melhorar a equidade na distribuição dos recursos e acesso à população aos serviços e ações de saúde. A NOAS/2001 vem com uma filosofia de planejamento integrado, criando assim redes articuladas e cooperativas de atenção básica. Com essa NOAS não falaremos mais sobre a municipalização da saúde e sim sobre a regionalização da saúde.
A NOAS/2001 vem estruturada em três pilares básicos: a escrita de um PDR (Plano Diretor Regional) e de um PDI (Plano Diretor de Investimentos) e a criação de novos critérios e formas de habilitar os Estados e municípios quanto à forma de sua gestão. Se antes as normas operacionais eram básicas, agora elas eram direcionadas para a assistência a saúde, o que significa que serão focadas na atenção básica.
No NOAS/2001 há uma preocupação em reforçar alguns tópicos que deram certo na NOB/96 como foi o caso do PAB e o PPI. O PPI é um instrumento de alocação de recursos entre os municípios e Estados baseada na negociação para que seja garantido o acesso integral à saúde. No PDR (inovação do NOAS/2001), os gestores definem onde serão alocados esses recursos de seus cidadãos, assim como era feito ao redigir o PPI, sendo que agora, nesse novo documento, serão estabelecidos os valores per capita para cada procedimento.
O PPI não deixaria de ser redigido, mas agora ele se torna um meio de planejar a alocação desses recursos baseado em parâmetros de necessidade da população (que devem ser identificados previamente) e não mais somente uma lista orçamentária.
Como meio de fiscalizar o que consta no PDR e no PPI e assegurar o acompanhamento do acesso à saúde existirá um terceiro documento: o termo de compromisso para garantia de acesso.
Com o passar do ano e da existência de todos esses documentos a serem preenchidos e fiscalizados, notou-se que a NOAS/2001 apresentava-se como um instrumento frágil pela pequena quantia de recursos para distribuir (o binômio era dinheiro-necessidade e sempre faltava dinheiro em relação às necessidades do povo). Por isso, no ano seguinte é editada uma nova NOAS com novos instrumentos de controle: a Agenda da saúde, o Plano de saúde, o Quadro de metas e o Relatório de Gestão.
A NOAS/2002 veio com o papel de melhorar a gestão plena da saúde pelos municípios, focando principalmente na gestão da oferta de serviços e ações de saúde. A NOAS/2002 propõe a criação de uma rede funcional de serviços de saúde, organizadas agora por níveis de complexidade (atenção básica, média e alta complexidades).
Nessa última NOAS, foi esclarecido como é PDR (Plano Diretor de Regionalização) dando significado a termos específicos que devem aparecer recorrentemente:
Módulo assistencial: unidade regional mínima. É nela onde ocorre a resolução de ações e serviços que agem na atenção básica. Geralmente o módulo assistencial reúne mais de um município. Um desses municípios (um que esteja no nível de gestão plena) será a sede do módulo, pois é a cidade com a capacidade de ofertar todos os serviços com autossuficiência e ajuda todas as outras que fazem parte do mesmo módulo assistencial.
Região de saúde: conjunto de módulos assistenciais que tem um município como polo para servir como referência na criação de novos serviços e formatos de trabalho. O município-polo oferece serviços em todos os níveis de complexidade e é o responsável por definir as estratégias de regionalização.
Segundo os conceitos apresentados no NOAS/2002 temos como níveis de regionalização: o município, o módulo assistencial, a unidade territorial na qualificação na assistência à saúde e a região de saúde. As regiões de saúde nem sempre segue as divisões políticas dos Estados, pois eles respeitam critérios de condições sócio-econômicas, características demográficas, sanitárias e epidemiológicas.
Cada um dos Estados da nação deve através de suas Secretarias Estaduais escrever seus PDRs e assim submetê-los às Comissões Intergestores Tripartite. Nesse plano diretor os Estados devem estar divididos segundo os níveis que dividimos acima e nele deve constar as necessidades regionais e suas prioridades em saúde. Uma vez definido o PDR pode-se também submeter às Comissões Intergestores Tripartite o PDI, que corresponde agora ao plano diretor de investimentos.
A vantagem de se definir o PDR e o PDI é que distribui-se melhor os recursos financeiros baseando-se nos critérios mais corretos (necessidades regionais e prioridades em saúde) sem falar que melhora o diálogo entre os municípios que podem negociar serviços entre si e compartilhar assim o trabalho ampliando o acesso a toda a população.
A NOAS/2002 definiu também o último nível de autonomia de gestão municipal: A gestão plena de atenção básica ampliada (GPAB-A). Esse tipo de gestão foi comum ocorrer só nos municípios-sede dos módulos assistenciais mais com o passar do tempo outros municípios ganharam tal autonomia. Teria GPAB-A todo município que fosse autossuficiente na administração e prestação de serviços a sua própria população (e/ou região vizinha). Nesse nível de gestão plena, o município deve ter estratégias mínimas para combate de várias doenças, tais como: controle da tuberculose, hipertensão e diabetes; a eliminação da hanseníase e planos de ações em saúde infantil, da mulher e saúde bucal.
A NOAS/2002 organizou também os serviços de média complexidade (ou seja, aquelas ações que dependem da disponibilidade de profissionais especializados e de recursos tecnológicos mais elaborados). Elas são responsabilidade dos municípios-sede dos módulos assistenciais e os gestores estaduais que devem alocar corretamente os recursos financeiros para que seja garantido o acesso a esses serviços mais complexos. Muitas vezes para que seja disponível à toda população os gestores seguirão o PPI (Programação Pactuada e Integrada). Essa programação leva em conta a possibilidade de mudar o destino dos recursos financeiros previstos no PDI, mas que em virtude de atender a população em níveis médios de complexidade de atenção. Como padrão de medida para manipulação desses recursos financeiros deve levar em conta o número de internações hospitalares, o tamanho da população atendida e o limite financeiro do município.
Essa NOAS de 2002 também traz detalhes sobre os serviços de alta complexidade. Como esses serviços que são bem mais elaborados que os de média complexidade não são responsabilidade mais dos municípios nem Estados e sim da esfera federal.
Dentre suas atribuições sabemos que o Ministério da Saúde deve definir normas nacionais de atendimento complexo e um cadastro de prestadores desse tipo de serviço.
Neste caso ainda é necessário que essa NOAS/2002 reforce que o acesso a esse nível terciário de atenção é resultado do diálogo entre o Ministério da Saúde, as Secretarias do Estado e os municípios.
A Lei 8080/90 e a NOB/96, referem-se a uma Assistência Farmacêutica integral. Em relação a elas, portanto, a NOAS/2001 pode ser entendida como um retrocesso. O enunciado nos remete ao conceito anterior à formulação da política de medicamentos que considerava a Assistência Farmacêutica como simples ‘suprimento de medicamentos’, sem considerar os aspectos relacionados ao uso racional.
Fica sob responsabilidadeda Secretaria de Assistência a Saúde (SAS), um órgão ligado ao ministério a programação de atendimento e distribuição dos serviços a todos os municípios.
PDR
Cabe às secretarias de Saúde dos Estados a elaboração do PDR, em consonância como Plano Estadual de Saúde, devendo o mesmo ser aprovado pela Comissão Intergestores Bipartite e pelo Conselho Estadual de Saúde. 
O PDR deve ser elaborado na perspectiva de garantir o acesso aos cidadãos, o mais próximo possível de sua residência, a um conjunto de ações e serviços vinculados a:
assistência pré-natal, parto e puerpério;
acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil;
cobertura universal do esquema preconizado pelo PNI para todas as faixas etárias; 
ações de promoção da saúde e prevenção de doenças;
tratamento de intercorrências mais comuns na infância;
atendimento de afecções agudas de maior incidência;
acompanhamento de pessoas com doenças crônicas de alta prevalência;
tratamento clínico e cirúrgico de casos de pequenas urgências ambulatoriais;
tratamento dos distúrbios mentais e psicossociais mais frequentes; 
controle de doenças bucais mais comuns;
suprimento e dispensação dos medicamentos da farmácia básica.
Pacto pela Saúde (2006)
Infelizmente, as NOAS (2001 e 2002) também não foram bem sucedidas uma vez que os municípios que deveriam cooperar entre si passaram a disputar por uma maior captação de recursos a fim de se tornar mais rapidamente municípios com a gestão plena GPAB-A. Numa proposta mais cooperativa e solidária surge o Pacto pela Saúde em 2006. 
O Pacto pela saúde muda radicalmente a forma de pactuação do SUS, pois rompe com os pactos realizados por meio de normas operacionais (NOB e NOAS), que visavam à operacionalização do sistema, distanciando-se, muitas vezes, de compromissos com resultados efetivos. Obriga a repactuação anual e a gestão por resultados sanitários.
Desta forma, as CIB desempenharão um papel preponderante, pois deverão revisar as necessidades e as condições de saúde da população, propondo metas que retratem a realidade de cada Estado.
O Pacto pela Saúde foi uma nova portaria emitida pelo gabinete do ministro, diretamente do Ministério da Saúde (GM/MS) assim como foi com as NOBs e as NOAS.
Esse pacto é dividido em três pactos menores (Pacto pela Vida, Pacto em defesa do SUS e o Pacto de gestão do SUS), expressam as três prioridades principais a serem atingidas pelas leis orgânicas 8080/90 e 8142/90. Nesses três pactos são expressos objetivos e metas bem específicas a serem atingidas por cada uma das esferas administrativas do país.
O texto dos pactos descrevem ações prioritárias no campo da saúde, focada nos resultados.
Pacto pela vida
É um conjunto de compromissos sanitários expressos em objetivos, processos e resultados; derivados da análise da situação de saúde no país e das prioridades definidas pelas esferas governamentais.
O pacto pela vida tem seis prioridades básicas:
A primeira envolve a saúde do idoso (indivíduos com mais de 60 anos) e a busca pela saúde integral da pessoa idosa, com a implantação da Política Nacional da Saúde do Idoso e da caderneta de saúde do idoso.
A segunda prioridade diz respeito ao câncer do colo do útero e de mama. O que incluiria a cobertura de todos os exames preventivos (pelo menos 80% de exames de colo do útero e 60% nas mamografias) e a redução da mortalidade por esses cânceres.
A terceira prioridade fala sobre a redução da mortalidade infantil e materna. A principal causa de morte de crianças envolve doenças diarreicas, por pneumonia e a morte neonatal. Espera-se reduzir pelo menos 5% das mortes neonatais, 20% das mortes por pneumonia e 50% das mortes por diarreia. Já a morte materna espera-se reduzir pelo menos 5% das ocorrências. Para que esses objetivos possam ser alcançados criar-se-á comitês para a vigilância do óbito em municípios com mais de 80 mil habitantes.
A quarta prioridade em saúde diz respeito ao combate a doenças que são endêmicas no Brasil ou são emergentes atualmente. No texto fala-se em dar ênfase em cinco doenças: a dengue e a malária (doenças tropicais), a gripe influenza e a tuberculose (doenças respiratórias), além da hanseníase.
A quinta prioridade fala sobre a promoção da saúde, dando ênfase em hábitos saudáveis. A ideia é mudar o comportamento da população e assim estimular a qualidade de vida, por meio de atividade física regular, alimentação equilibrada e combate ao tabagismo. Essa prioridade será possível depois da implementação da Política Nacional de Promoção de Saúde.
A última prioridade diz respeito ao fortalecimento da atenção básica à saúde. A proposta é reforçar o trabalho que já é feito até então e consolidar e qualificar estratégias como é o caso da Saúde da Família (usando-a como modelo de trabalho em atenção básica).
Em 2010, o Ministério lançou novas portarias reforçando e atualizando as prioridades desse pacto.
Pacto em defesa do SUS
Envolve ações concretas e articuladas pelas três instâncias federativas no sentido de reforçar o SUS como política de Estado mais do que política de governos, e de defender vigorosamente os princípios dessa política pública, já descrita na Constituição Federal.
 Para tornar esse pacto possível deve se estimular uma mobilização social reforçando o valor de saúde como direito de cidadania criando um movimento de repolitização da saúde tendo o financiamento público da saúde como um dos seus pontos centrais.
São duas as suas prioridades principais:
Elaborar e divulgar a carta de direito de usuários do SUS.
Implementar um projeto permanente de mobilização social reforçando o SUS como política de Estado, estimulando o incremento de recursos financeiros para a saúde, que aprove o orçamento do SUS e regulamenta a Emenda Constitucional número 29 que fala exatamente sobre isso.
Pacto de gestão do SUS
Ele estabelece as responsabilidades claras de cada ente federado de forma a diminuir as competências concorrentes e a tornar mais claro quem deve fazer o quê, contribuindo, assim para o fortalecimento da gestão compartilhada e solidária do SUS.
Esse pacto parte de uma constatação indiscutível: o Brasil é um país continental e com muitas diferenças e iniquidades regionais. Mais do que definir diretrizes nacionais é necessário avançar na regionalização e descentralização do SUS, a partir de uma unidade de princípios e uma diversidade operativa que respeite as singularidades regionais.
Radicaliza a descentralização de atribuições do Ministério da Saúde para os Estados, e para os municípios, promovendo um choque de descentralização, acompanhado da desburocratização dos processos normativos.
Reforça a territorialização da saúde como base para organização dos sistemas, estruturando as regiões sanitárias e instituindo colegiados de gestão regional.
Reitera a importância da participação e do controle social com o compromisso de apoio à sua qualificação.
Explicita as diretrizes para o sistema de financiamento público tripartite: busca critérios de alocação equitativa dos recursos; reforça os mecanismos de transferência fundo a fundo entre gestores; integra em grandes blocos o financiamento federal e estabelece relações contratuais entre os entes federativos.
São duas as prioridades do pacto de gestão do SUS:
Definir a responsabilidade sanitária de cada instância gestora do SUS.
Estabelecer as diretrizes para a gestão do SUS, com ênfase: na descentralização, na regionalização, no financiamento e planejamento; no PPI (Programação pactuada e integrada); na regulação, participação e controle social e, na gestão do trabalho e educação em saúde.
Decreto nº 7508/2011
Esse decreto vem para consolidar todas as publicações anteriores e para regulamentar a lei 8080/90 e a lei 8142/90. Esse decreto é considerado uma nova etapa do SUS, por prima acima de tudo o acesso garantido da população aos serviços e ações de saúde, com um atendimento mais próximo do usuário.
É um conjunto de 45 artigos, organizados em capítulos onde se discute o aprimoramento de alguns tópicosdo SUS que já haviam sido discutidos anteriormente (como regionalização, distribuição de serviços e competências das instâncias governamentais, por exemplo) e se finaliza algumas ideias centrais importantes.
	Artigos 1 e 2
	São apresentados os conceitos básicos que aparecerão no corpo desse decreto, tais como região de saúde, mapa de saúde etc..
	Artigos 3 ao 7
	Trata de detalhes sobre o conceito de região de saúde e de suas atribuições.
	Artigos 8 ao 14
	Esses artigos se referem à atenção primária (segurando-a para os usuários do SUS) e fala sobre as portas de entrada do SUS.
	Artigos 15 ao 20
	Esses artigos se referem ao planejamento de saúde e sobre os mapas de saúde e quais são as instâncias responsáveis por cada ação de planejamento.
	Artigos 21 ao 29
	Adiciona o conceito de RENASES (Relação Nacional de Ações e Serviços de Saúde) e o de RENAME (Relação Nacional de Medicamentos Essenciais).
	Artigos 30 ao 32
	Regulamenta as comissões intergestores como a tripartite e a bipartite e das representações nos conselhos de saúde.
	Artigos 33 ao 42
	Falam especificamente sobre o COAPS (Contrato Organizativo de Ação Pública da Saúde).
	Artigos 43 ao 45
	Tratam-se das disposições finais.
Conceitos básicos apresentados pelo decreto 7508/2011
Para que esse decreto ficasse claro, muitas definições que já apareciam nos pactos e nas NOB e NOAS precisaram ser revistas. Nos primeiros artigos tratam exatamente disso, os conceitos.
Os mais importantes são:
Região de saúde – baseando-se em dados de censo, será uma região de saúde um conjunto de municípios vizinhos com características semelhantes a fim de integrar a organização, o planejamento e a execução das ações e serviços de saúde. Fique atento que isso é muito diferente do conceito de mapa de saúde, já que o mapa é uma organização de todos os recursos humanos e tecnológicos disponíveis em um determinado espaço geográfico a disposição das regiões de saúde.
Rede de atenção à saúde – conjunto das ações e serviços de saúde disponíveis e que são articulados de forma crescente em grau de complexidade, sendo assim disponíveis à população de forma total.
Comissões intergestoras – instâncias de pactuação consensual entre entes federativos para definição de regras de gestão compartilhada do SUS.
COAPS – é sigla para contrato organizativo de ação pública da saúde. Corresponde a um acordo firmado entre os entes federativos com definição de responsabilidades, indicadores e metas de saúde, critérios de avaliação de desempenho, recursos financeiros e outras formas de controle e fiscalização necessários para implementar as ações e serviços de saúde nas regiões de saúde.
Protocolo clínico e diretriz terapêutica – corresponde a um norma sobre como proceder no diagnóstico e no tratamento de qualquer problema de saúde (listando assim o modo de atuar, os procedimentos técnicos e até os medicamentos e produtos mais apropriados).
As regiões de saúde
Os conjuntos de municípios vizinhos com necessidades em comum que chamamos de regiões de saúde são designados pelos Estados seguindo as diretrizes das comissões intergestores tripartites (CIT). Devem apresentar sua população e limites geográficos bem definidos (por censo), uma lista bem transparente sobre as ações e serviços prestados assim como o papel de cada um dos entes federados na garantia desses serviços. Por último também devem expor os critérios de acesso aos serviços.
Cada uma dessas regiões deve listar um número mínimo de ações e serviços de saúde no que diz respeito a cinco áreas da atenção:
Atenção primária;
Urgência e emergência;
Atenção psicossocial;
Atenção ambulatorial especializada e hospitalar e,
Vigilância em saúde.
A atenção primária
O acesso de toda população brasileira é igualitária e universal aos serviços desde que passe pela atenção primária (fundamentado no risco individual e coletivo) a não ser em casos de proteção especial (como é o caso de idosos, grávidas, indígenas, portadores de necessidades especiais etc...).
Para garantir o acesso de todos aos serviços e ações de saúde de forma organizada define-se que só se pode ter atendimento do SUS por três vias (conhecidas como porta de entrada do SUS): os serviços de atenção básica, de urgência/emergência ou pelos serviços de atenção psicossocial.
Uma vez sendo atendido, o restante dos serviços devem seguir uma ordem hierarquizada e regional. Sendo assim, serviços hospitalares e ambulatoriais especializados (que têm mais complexidade ou necessita mais tecnologia) são oferecidos de acordo com a necessidade. De mesma forma é assegurado também o direito à continuidade do cuidado de saúde a todos os usuários do SUS.
A atribuição de assegurar o acesso universal e igualitário aos serviços do SUS é responsabilidade de Estados e Municípios, mas pode ser auxiliado pelo Ministério da Saúde se for o caso.
O planejamento da saúde
É obrigatório e integrado partindo do local para o federal, respeitando os conselhos de saúde (o CONASS dita as diretrizes para a elaboração) e equilibrando a balança entre a necessidade e disponibilidade de recursos (que aparecem nos planos de saúde). Como a lei 8080/90 já assegurava a participação da iniciativa privada como participação complementar, fica aqui a necessidade de isso constar nos planos de saúde e também nos outros instrumentos de planejamento de saúde, como é o caso do mapa de saúde.
O mapa da saúde acaba então servindo como meio de identificação das necessidades e orienta assim o planejamento e o estabelecimento de metas para a saúde. Quando se fala então no âmbito estadual, esse planejamento ocorre de forma regionalizada conforme os municípios apresentem seus respectivos planos. É de responsabilidade das comissões intergestoras bipartite (CIB) apresentarem os planejamentos municipais.
RENASES
O RENASES é uma lista oficial de todas as ações e serviços de saúde oferecidos aos usuários do SUS. O Ministério da saúde deve dispor o RENASES e atualizá-lo a cada dois anos. O primeiro RENASES foi a soma de todos os serviços e ações oferecidos até então pelo SUS à população.
Diante dessa lista, cada um dos entes federativos deve pactuar nas suas CIT/CIB quais são suas responsabilidades frente aos RENASES, podendo inclusive se associar.
RENAME
O RENAME é uma lista de todos os medicamentos indicados para o atendimento de doenças e agravos, e aprovados pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Assim como acontece com o RENASES, é o Ministério da Saúde que deve dispor dessa lista assim como definir também todos os protocolos clínicos e as diretrizes terapêuticas. Novamente, a cada dois anos a lista é atualizada.
Os Estados e Municípios podem complementar a lista de medicamentos determinada pelo Ministério da Saúde, mas para isso deve haver um consenso e uma justificativa junto com as CIT/CIB.
Comissões intergestoras (CIT, CIB e CIR)
As comissões intergestoras são divididas em três categorias de acordo com o seu âmbito de atuação. As comissões tripartites (CIT) são vinculadas ao ministério da saúde e atua em âmbito federal. As comissões bipartites (CIB) em âmbito estadual e agora existirão também as CIR (comissões regionais) que segue diretrizes das CIB e está vinculada à secretaria estadual de saúde.
Nessas comissões, os gestores podem ser representados pelo CONASS, CONASEMS e COSEMS. Elas pactarão aspectos operacionais, financeiros e administrativos no que diz respeito à gestão compartilhada do SUS.
Essas comissões aconselham sobre diretrizes gerais sobre regiões de saúde e sobre a organização das redes de atenção à saúde e suas responsabilidades. Por exemplo, o RENASES, questões das regiões de saúde fronteiriça e os critérios de planejamento das regiões de saúde.
As esferas gestoras do SUS ficaram assim organizadas:
• No âmbito federal – Ministério da Saúde (MS), Conselho Nacional de Saúde (CNS) e Comissão Intergestores Tripartite (CIT);
• No âmbito estadual – Secretaria Estadual de Saúde (SES), Conselho Estadual de Saúde (CES) e ComissãoIntergestores Bipartite (CIB);
• No âmbito municipal – Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e Conselho Municipal de Saúde (CMS).
O COAPS
O COAPS é um acordo de colaboração entre entes federativos e que assim garantem a assistência integral dos usuários do SUS porque nele consta a integração dos planos de saúde dos membros federativos e seus respectivos papéis.
Nesse contrato deve haver escrito as responsabilidades individuais e solidárias entre as esferas governamentais assim como os indicadores de garantia de acesso e avaliação de desempenho do serviço.
Deve constar ainda no COAPS: a identificação das necessidades locais, a oferta de ações de serviços, o papel de cada ente no cumprimento do COAPS, os indicadores e metas de saúde, estratégias de melhoria, critérios de avaliação, as adequações em relação ao RENASES e os recursos financeiros disponíveis.
O usuário pode participar da gestão no sentido que pode avaliar, destacar novas necessidades e isso deve ser claro graças à carta de direito dos usuários do SUS. Mas a responsabilidade de sua elaboração é da secretaria estadual que coordena sua implementação seguindo as diretrizes ditadas pela CIT.
Sua vigência será de 4 anos, devendo coincidir com o prazo dos planos de saúde municipais e o prazo de vigência do primeiro COAP poderá ser outro que não o de 4 anos, visando sua adequação aos prazos dos planos de saúde municipais.
A programação geral das ações e serviços de saúde do COAP será estruturada a partir dos planos de saúde e substituirá todas as programações atuais, com exceção da programação anual de saúde.
O cumprimento das metas deve se dar a partir da humanização do atendimento aos usuários e cabe aos partícipes da COAPS o monitoramento e a avaliação da execução do contrato (no que diz respeito às metas e bom uso de recursos financeiros, por exemplo). Já o controle e a fiscalização são feitos pelo Sistema Nacional de Auditoria e Avaliação do SUS. No descumprimento das metas, não entrega dos relatórios de gestão ou mau uso dos recursos, o ministério da saúde informará a tal órgão de controle.
Direitos dos usuários do SUS (2009)
Em 2009 foi publicada uma portaria que regulamenta os direitos dos usuários do SUS. Foram distribuídas em 10 artigos abaixo detalhado:
Universalidade de direitos ao acesso a bens e serviços (artigo 1 e 2)
Acesso – pelos serviços de atenção básica (centros de saúde, postos de saúde, unidades de saúde da família, unidades básicas de saúde etc...).
Urgência e emergência – qualquer serviço de saúde (média e alta complexidade).
Encaminhamentos – indicação da atenção básica (de acordo com a gravidade do problema de saúde).
Em caso de dificuldade de atendimento – a responsabilidade da direção e da equipe do serviço e acolher e dar informações.
Tratamento adequado (no tempo que for necessário para resolver o problema, com qualidade e garantia de continuidade). (artigo 3)
Atendimento ágil – com tecnologia adequada e equipe multiprofissional capacitada.
Direito a informação sobre seu estado de saúde e direito facultativo de informação à família.
Registro atualizado e legível no prontuário.
Acesso à anestesia e medicamentos para dor e sofrimento quando for o caso.
As receitas e prescrições devem ser legíveis, elas devem conter o nome genérico, indicação clara da dose e modo de usar. Texto sem abreviaturas ou códigos.
Os medicamentos (tanto da farmácia básica quanto de alto custo) são garantidos conforme protocolo e normas do Ministério da Saúde.
Direito a continuidade da atenção em domicílio quando pertinente.
Encaminhamentos deve ser com letra legível, com um resumo da história clínica, motivo do encaminhamento, nome do profissional (com número de registro em conselho) e nome da unidade que recebe e dá o encaminhamento.
Atendimento humanizado e acolhedor (em ambiente limpo, confortável e acessível a todos). (artigos 4 e 5)
Livre de preconceitos ou restrições por orientação sexual, religiões, etnias, condições econômicas, identidade de gênero, raça, idade cor, ou deficiência.
Identificação do usuário por nome completo (nome e sobrenome) e não por senhas ou códigos.
Uso de crachás com nomes e funções bem visíveis e devidamente autenticados.
Garantia em internações de direito a acompanhantes e de profissionais de saúde que não pertença ao quadro de funcionários, visita diárias não inferiores a duas horas, continuidade das atividades escolares.
Decisão sobre métodos alternativos de tratamento e escolha do local de morte.
A espera por atendimento em locais limpos, abrigados, com água potável e sanitários disponíveis; de forma a não esperar em filas.
Sigilo e confidencialidade de informações pessoais, mesmo após a morte, salvo em casos de risco à saúde pública.
Direito ao prontuário completo, em cópia, assim como laudos, relatórios e atestados médicos, sempre que justificado por razão de saúde.
O recebimento e a recusa de atendimento religioso, psicológica ou social.
Participação social no SUS e informação sobre os serviços e ações de saúde (artigos 7, 8 e 9)
Direito de participar da gestão do SUS, tanto no controle, na fiscalização, na intervenção de serviços e avaliação.
Ter acesso a informações de como participar dos conselhos e conferências de saúde ou de se fazer representar nesses casos.
Responsabilidade dos gestores abrir espaços para a participação popular.

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