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Cap 1 - Administração de Materias


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CURSO ADMINISTRAÇÃO 2013/2 
DISCIPLINA: ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUES E COMPRAS Prof Nestor Rancich 
 
 
1. ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 
A administração de materiais assume vital importância na administração de qualquer empresa. Uma boa 
administração de materiais pode reduzir os custos de compra, os custos de investimentos em estoque e os 
custos de estocagem. Os materiais de qualquer empresa nada mais são do que valores econômicos – 
dinheiro – transformados em mercadorias. Portanto, seu gerenciamento deve ser o melhor possível 
visando seu melhor desempenho em relação com sua maior ou menor importância nas funções de 
finanças, produção e vendas da empresa. O maior desafio da administração de materiais é encontrar o 
ponto de equilíbrio que exija o menor investimento versus a disponibilidade para que não interrompa o 
fluxo da demanda em qualquer agente da cadeia de suprimento. 
A administração de materiais pode trazer conflitos de interesses em função do enfoque dado por cada área 
operacional da empresa. Por exemplo, a área financeira da empresa deseja que a empresa tenha o menor 
valor econômico aplicado em materiais, pois seus profissionais desejam e preferem ter mais ativos 
financeiros que ativos materiais. A área comercial e de vendas da empresa, já tem opinião contrária a 
essa, ou seja, preferem ter maior quantidade de material disponível para que não corram risco de perder 
venda por falta de disponibilidade do material no momento que o cliente o desejar. A área de produção 
pensa de forma semelhante a vendas, no sentido de que quanto mais material for comprado e mais 
também tiver em processo de produção, menores serão seus custos de aquisição e dos processos 
produtivos de transformação. Estas visões, aparentemente corretas dentro de uma lógica deixam de existir 
nesse momento de grande desafio no qual as empresas estão inseridas na atualidade, que é o momento da 
busca constante pela competitividade e pelos seus melhores resultados financeiros. 
A administração de materiais tem um impacto nos custos de qualquer empresa. Segundo Gonçalvesi no 
caso de empresa industrial pode-se verificar que mais de 50% dos custos são representados pelos 
investimentos em materiais e serviços destinados ao andamento das operações. No varejo, tais valores 
tendem a ser mais elevados, pela necessidade da disponibilidade dos materiais e produtos para serem 
vendidos. Informações obtidas junto aos órgãos de classe do varejo no Brasil revelam ordem de grandeza 
econômica dos estoques necessários em lojas de varejo, como sendo em média correspondente a três 
meses dos valores das vendas. Portanto, se uma loja vende R$ 100.000,00 por mês, deverá ter em média 
um estoque de aproximadamente R$ 300.000,00. 
A administração de materiais pode ser estudada sobre três áreas importantes na cadeia logística ou de 
suprimento de qualquer produto.ii São elas: 
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 Gestão de Estoque (GE) ─ seu principal objetivo é dimensionar os estoques de tal forma que 
garanta atender a demanda, evitando perdas e paralisações, com o menor investimento 
financeiro possível; 
 Gestão do Centro de Distribuição (CD) ─ seu objetivo é receber estocar, conservar, preservar 
e expedir os materiais comprados pela(s) empresa(s), e fazer o melhor uso do aproveitamento 
dos espaços, e das movimentações dos materiais; 
 Gestão de Compras (GC) ─ envolve todas as atividades de compras de materiais que atendam 
as demandas e necessidades de produção e das vendas, visando a melhor relação custo 
/beneficio. Suas principais funções são: procura e seleção dos fornecedores, processos de 
licitações, negociações e compras dos materiais, emissão e acompanhamento dos contratos ou 
das ordens de compra e toda a gestão de acompanhamento do desempenho dos fornecedores 
quanto a prazos de entrega, preços e qualidade dos materiais e produtos. 
A administração de materiais engloba as seguintes funções, segundo Gonçalves (2007): 
Dimensionar adequadamente as quantidades dos estoques ou dos CDs de forma que exijam o menor 
valor investido e ao mesmo tempo não haja a falta do material à produção ou no momento em que o 
cliente deseja adquiri-lo; 
 Manter todas as informações dos registros de suas movimentações entradas e saídas do estoque 
com todos os dados de procedência e destino, com quantidades e valores econômicos; 
 Realizar toda a gestão das compras dos materiais de tal forma que assegure o suprimento dos 
materiais necessários à produção e/ou revenda, incluindo a seleção e escolha dos fornecedores e 
os processos de licitações, negociações e compras, além de manter atualizado o registro de 
todos os fornecedores contendo o histórico das compras e fornecimentos realizados. 
 
1.1 A Importância da Administração dos Materiais e sua evolução 
 
A importância da administração dos materiais está diretamente relacionada com os valores dos materiais 
necessários ou do número de fornecedores envolvidos em qualquer negócio. Vejamos alguns exemplos 
para evidenciar esses aspectos e ressaltar o nível de importância da administração de materiais. Vejamos 
o caso de uma empresa de varejo que utiliza um sistema de franquia1, em que todos os seus produtos são 
fornecidos pelo franqueador2. Neste caso, a administração de materiais se torna relativamente simples 
para o comprador, já que há um único canal de compra e suprimento como um único fornecedor. Por 
outro lado a administração de materiais do franqueador é extremamente mais complexa pela necessidade 
de ter que atender as demandas dos vários pontos de venda ao mesmo tempo com diferentes 
 
1 Franquia ─ é um acordo legal que permite a uma organização com um produto, uma idéia, um nome ou uma marca registrada 
determinar direitos e informações da concessão sobre operar um negócio a um proprietário independente do negócio. 
2 Franqueador ─ é uma empresa que possui um formato do produto, do serviço, da marca registrada ou do negócio e fornece esta 
a um terceiro, na espera do retorno de uma taxa e possivelmente outras considerações. Ele estabelece frequentemente as 
circunstâncias sob que um franqueado venha a operar, mas não se controla o negócio nem se tem a posse financeira. McDonald, 
Boticário são exemplos de franqueador. 
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comportamentos de demandas e sazonalidades em função das diferentes localizações geográficas das 
lojas dos franqueados3. 
Vejamos agora como exemplo a indústria automobilística. Henry Ford no começo do século XX iniciou a 
produção seriada do Ford modelo T, e na época sua fábrica produzia praticamente todos os componentes 
necessários para a produção de um automóvel. A Ford, na época, tentou montar uma fábrica de pneus no 
estado do Amazonas no Brasil, junto a sua principal fonte de matéria prima, a seringueira. É possível 
imaginar o nível de complexidade que deveria ser a administração de materiais da Ford naquela época, 
lembrando que o computador não existia e as comunicações ainda eram extremamente precárias. Com a 
evolução dos tempos, e o desenvolvimento ocorrido na tecnologia das comunicações, da informática, da 
robótica e dos materiais plásticos temos hoje as modernas indústrias automobilísticas dentro de uma 
concepção de apenas montadoras “rodeadas” de empresas sistemistas4, sendo estas não mais do que 30 
empresas, que fornecem os mais diversos sistemas que compõem o automóvel final em uma “sincronia 
combinada” de todos seus integrantes da cadeia em função da demanda e do plano de montagem final de 
automóveis. 
Neste caso a administração de materiais da montadora de automóveis passa a ser tão somente a 
administraçãodo fornecimento dos materiais dos seus sistemistas, sem a necessidade de administrar todas 
as matérias primas, peças e componentes do automóvel, mas somente dos macros sistemas que compõem 
o veículo. 
A Embraer, empresa fabricante de aviões no Brasil é outro exemplo dentro da mesma concepção de 
montadora em parceria com seus fornecedores localizados nos mais diferentes países do mundo, cuja 
atividade de administração de materiais e logística se tornam extremamente complexos, dinâmicos e 
primordiais nas operações de produção e montagem de suas aeronaves. 
Vejamos agora a importância da administração de materiais em uma rede de supermercado, onde existem 
milhares de produtos com demandas diárias das mais variadas. A administração de materiais neste caso 
deve ser centrada em um processo de solicitações de produtos aos centros de distribuição e fornecedores 
em função da demanda ou venda de cada produto do supermercado no dia anterior. Os produtos devem 
ser tratados por sua categoria ou família em função da sua demanda, forma de compra, transporte e de 
abastecimento. 
Os exemplos anteriormente citados mostram a abrangência da administração de materiais em três 
tipos de negócios, cada uma com suas peculiaridades e especificidades, mas em todas se percebe a 
importância da mesma para os resultados operacionais das empresas e ao mesmo tempo poder criar 
diferenciais e vantagens competitivas na cadeia de suprimentos através da redução de custos, dos 
investimentos em estoque, das melhorias nas reduções das compras, dos cuidados e dos meios adequados 
nas movimentações e armazenagens dos materiais, tudo para atender o cliente da forma mais competitiva 
possível. 
 
3 Franqueado ─ é um empreendedor que compra uma franquia de um franqueador e opera um negócio usando o nome, o produto, 
o formato do negócio e os outros artigos fornecidos pelo franqueador. Por exemplo, vendas de franquias Boticário a um 
franqueado. Isto permite que o franqueado abra e opere uma loja de cosméticos da Boticário. 
4 Sistemistas ─ como são chamados os fornecedores da GM na sua planta de Gravataí, RS. 
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São fatores determinantes para obter vantagens competitivas pela administração dos materiais, conforme 
Gonçalves (2007): 
 Previsão da demanda – é o primeiro item que deve ser bem estudado e analisado para 
determinar a demanda mais provável dos produtos à luz da realidade e das condicionantes dos 
mercados pelas projeções dos cenários. Veremos mais adiante porque a demanda é de suma 
importância ao dimensionamento dos estoques, e, portanto deve ser dimensionada com 
metodologia de cálculo em função do comportamento histórico e das projeções futuras do 
cenário. Entende-se neste caso cenário com sendo todos os fatores que podem interferir no 
comportamento da demanda, tais como o nível de concorrência, ameaças e oportunidades, 
condições políticas e econômicas que podem interferir nos negócio da empresa, entre outros. 
 Prazo de entrega – o tempo de reposição do material é outra variável que interfere diretamente 
na administração dos materiais e nos estoques. Quanto maior for o tempo de reposição dos 
materiais e/ou produtos, maior será a necessidade de estoque para atender a demanda durante o 
período da reposição. Caso nossa freqüência de ir a um supermercado for 1 vez por semana, 
nossas compras serão para atender no mínimo nosso consumo de uma semana. Ora, se formos 
ao supermercado somente 1 vez por mês, nossas compras e estoque de mercadorias será bem 
maior. Note-se que o prazo de reposição reflete diretamente nos investimentos em estoque e 
nos custos de estocagem na medida em que eles se dilatam. 
 Gestão por priorização – técnica utilizada para depurar os valores dos estoques dentro de 
princípios de priorização e gerenciá-los em todos seus aspectos inclusive suas compras, pela 
classificação dos valores econômicos envolvidos na demanda. Esta técnica de análise é 
denominada de Diagrama de Pareto ou Curva ABC dos estoques ou lei dos 20/80, que significa 
que 20% dos itens representam 80% do valor total dos itens. 
 Gestão das compras – as atividades de procura e seleção de fornecedores sempre proporciona 
a possibilidade de se encontrar um fornecedor que forneça em melhores condições de preço, 
prazo e qualidade das existentes. No mundo globalizado e com as facilidades da internet é 
possível pesquisar fornecedores em todos os cantos do mundo e encontrar a melhor alternativa 
de suprimento à empresa. Neste contexto, as negociações no processo de compras assumem 
importância vital. 
 Gestão dos registros e informações – o desenvolvimento da informática nos últimos tempos 
contribuiu sobremaneira na administração dos materiais, pela agilidade e rapidez nos controles, 
acompanhamentos e registros de todos os processos envolvidos com a administração de 
materiais nas organizações. 
 Gestão dos CDs e sua localização – uma empresa agrega valor e se diferencia quando o 
estoque é corretamente posicionado para facilitar as vendas. Portanto, uma boa gestão dos CDs 
permite obter vantagens competitivas, iniciando com sua localização geográfica, que em função 
da mesma resultarão na redução dos custos de transporte, tanto dos materiais recebidos como 
expedidos aos seus pontos de vendas. Um segundo aspecto vem a ser a organização do CD nos 
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seus mais diversos aspectos, que englobam o melhor aproveitamento do espaço físico, uso 
adequado dos sistemas de armazenagem e proteção dos materiais, dos meios de movimentação 
e segurança dos materiais e da utilização adequada das normas de estocagem. 
 
Portanto, existem basicamente seis fatores determinantes que promovem vantagem competitiva às 
empresas através da administração de materiais. O nível de importância de cada um deles dependerá 
única e exclusivamente das características de cada empresa, tipo de produto, nível de demanda e das 
exigências competitivas do mercado. 
 
1.2 Administração de Materiais voltada ao Consumidor 
A administração de materiais deve não somente abranger sua gestão na empresa mas também se estender 
á sua integração na cadeia de suprimentos principalmente quando trata-se de valores elevados envolvidos, 
as distâncias entre fornecedores, distribuidores e clientes, e o volume de demanda dos produtos. A 
administração de materiais no varejo de alto consumo e com grandes pressões de concorrência e 
exigências dos clientes levaram as empresas destes setores desenvolverem nas últimas décadas sistemas 
estratégicos operacionais integrados de administração e gestão de materiais para melhorarem 
competitividade e respostas mais rápidas e eficientes aos clientes. A gestão por categoria surgiu deste 
contexto e segundo Bertagliaiii é um processo cooperativo entre o fabricante e os canais distribuidores 
com a finalidade de gerenciar categorias de produtos como se estas fossem unidades estratégicas de 
negócio. A gestão de materiais por categoria pode tornar uma empresa mais competitiva e mais lucrativa. 
A estrutura organizacional de suprimentos passa a ser pela categoria. Portanto, o gerente de categoria é 
responsável pelas decisões sobre o grupo de produtos que formam determinada categoria, seus níveis de 
estoque, alocação de espaços nas lojas, promoções e compras, o que lhe dá a oportunidade de entender e 
gerenciar todo o fluxo num único processo. Administrar por categoria de materiais permite ter uma visão 
ampla desde a demanda das vendas, passando pela cadeia de distribuição, do relacionamento entre 
fornecedores e distribuidores e do que pode ser realizado conjuntamente para obter melhores resultados. 
A gestão por categoria de produtos ou materiais exige uma visão estratégica abrangendo os aspectosdo 
quadro demonstrado a seguir: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Quadro 1.1 - Opções de Alternativas pelo Foco Estratégico da gestão por categoria de produtos 
 
Foco Estratégico Alternativas 
Consumidor Cliente 
quem é o consumidor alvo? (região estilo de vida comportamento de 
consumo). 
qual o mercado alvo? (área geográfica, idade, sexo, etc.). 
qual o cliente alvo? (varejo, grandes redes, pequenos negócios, etc.). 
Produto/Serviço 
que produtos/serviços devem ser oferecidos? 
qual seu nível de valor ? (diferenciado ou não). 
qual seu nível de qualidade? 
Canal qual o formato ótimo da loja? (eficiência, etc.). 
Atividades Principais 
qual a estratégia de obtenção? 
qual a estratégia de distribuição? 
qual a estratégia de marketing? 
qual a estratégia de serviço ao cliente? 
Atividades de suporte 
qual a estratégia da tecnologia da informação? 
qual a estratégia financeira? 
Recursos Humanos qual a estrutura organizacional necessária? 
Relacionamento com 
parceiros 
qual a estratégia de distribuidores e fornecedores? 
Fonte: adaptado de Bertaglia, 2003, p. 245. 
 
A gestão de materiais vista como um sistema surgiu por volta de 1993 nos EUA com o objetivo de 
melhorar o atendimento ao cliente final através da construção de uma cadeia de suprimentos mais rápida 
eficaz e de menor custo entre fabricantes, distribuidores e varejistas. No Brasil, este sistema iniciou a ser 
aplicado no setor de supermercados, pela grande concorrência do setor e grandes pressões de 
competitividade pela variedade de produtos, qualidade e preços baixos. 
O sistema passou a se chamar Efficient Consumer Response (ECR), que significa “Resposta Eficiente ao 
Consumidor” e se baseia num fluxo consistente de produtos e de informações que caminham 
bidirecionalmente na cadeia logística de suprimentos, visando a manutenção do abastecimento do ponto 
de venda a custos baixos e em níveis adequados. 
O sistema ECR opera com as seguintes filosofias de gestão, segundo Ching (2001, p.71): 
 Gerenciamento de categoria – os varejistas gerenciam os produtos por categoria, e estas 
divididas pela sua atividade fim, como expostas na rede de supermercados, ou seja corredor de 
material de limpeza, corredor das bebidas, corredor dos cosméticos, corredor dos lacticínios, 
etc.; 
 Reposição contínua – metodologia do just-in-time aplicada no supermercado, ou seja lotes de 
transferência menores atendendo o comportamento da demanda; 
 Benchmark das melhores práticas – maneira das empresas compararem suas performances 
através de indicadores de resultados; 
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 Compras por computador – automação da emissão de pedido por computador e controles de 
recebimento, movimentação e estocagem de mercadoria por leitura óptica e eletrônica. 
Conforme Chingiv, o ECR apresenta subsistemas estratégicos, integrados, descritos a seguir: 
 
 Efficient Product Introduction (EPI) ─ objetiva maximizar a eficiência do desenvolvimento e da 
introdução de novos produtos por parte dos fornecedores com o envolvimento e parceria dos 
distribuidores. Seu processo envolve cinco etapas: 1) distribuidor e fornecedor concordam quanto 
ao produto a ser lançado e testado para a introdução no mercado. Ambos em conjunto realizam 
pesquisa de necessidades dos consumidores, discutem tendências de consumo, identificam 
oportunidades e decidem o produto a ser testado; 2) Preparação do teste: distribuidor e fornecedor 
discutem e definem a metodologia a ser aplicada no teste, tais como escolher uma área ou loja 
piloto, período e amostragem mais significativa de potenciais clientes; 3) Realização do teste: 
através de equipe conjunta fornecedor distribuidor; 4) Avaliação dos resultados obtidos e 
tabulados no teste; 5) Decisão – fornecedor e distribuidor decidem em função da avaliação dos 
resultados, pelo lançamento ou não do produto comercialmente. 
 Efficient Store Assortment (ESA) ─ sortimento eficiente da loja que aperfeiçoa os estoques, 
prateleiras e espaços da loja, objetivando definir o mix ideal de mercadorias que atenda as 
necessidades dos consumidores. Neste processo fornecedor e distribuidor analisam, estudam e 
determinam o nível de oferta ideal de um produto, dentro de uma categoria, que atinja o objetivo 
de satisfação do consumidor e obtenha melhores resultados. A idéia desta estratégia é fazer com 
que se conheça o perfil e comportamento de consumo dos clientes, cruzando informações de 
produtos em forma de matriz, conforme o quadro 1.2 a seguir: 
 
Quadro 1.2 ─ Matriz de Gerenciamento por Categoria 
Categoria do Produto 
Perfil do Cliente 
Horário da 
Compra 
Dia da semana 
da compra 
Material de Limpeza 
Alimentos Matinais 
Carnes 
Congelados 
Bebidas 
Fonte: Ching, 2001, p. 76. 
 
Os cartões de crédito e de fidelidade utilizados pelas redes de supermercado podem registrar 
eletronicamente o perfil de consumo de cada cliente no momento em que os produtos passarem no caixa e 
o pagamento realizado por meio de cartão de crédito. 
 
 Efficient Promotion (EP) ─ promoção eficiente, busca obter a eficiência de promoção de venda 
do fabricante ou atacadista em relação ao cliente. Esta estratégia visa simplificar acordos 
promocionais entre os elos da cadeia e repartir os ganhos derivados da simplificação e da redução 
de gestão das promoções dos fornecedores e distribuidores. 
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 Efficient Replenishment (ER) ─ reposição eficiente dos produtos na prateleira das lojas. A 
reposição eficiente significa ter a quantidade de estoque suficiente para atender a demanda no 
período de reposição do fornecedor ou distribuidor. Quanto menor for esse tempo de reposição 
Lead Time, melhor será a eficiência da reposição e menores as necessidades de grandes estoques. 
A reposição eficiente vem a ser a ligação de toda a cadeia de suprimento do ECR em um único 
fluxo por meio dos seguintes sistemas informatizados: 1) Recebimento eletrônico na loja – a 
expedição da mercadoria do fornecedor para a loja é registrada em uma plataforma por meio de 
software, com informações da Nota Fiscal, produto, quantidade, preço, volume, etc. O 
recebimento da mercadoria na loja é feita eletronicamente e qualquer divergência com o registro 
da expedição do fornecedor é informada imediatamente a ambos; 2) Sistema de Inventario 
continuo – a saída da mercadoria pelo caixa com leitoras ópticas nos códigos de barras dos 
produtos e com os recebimentos também registrados eletronicamente permitem o registro da 
quantidade da mercadoria na loja em tempo real. A contagem física é realizada constantemente 
para verificar quantidades alteradas por roubo ou ouros erros; 3) Leitura por código de barras no 
ponto de venda – para realizar a reposição automática com precisão do fornecedor é importante o 
registro da venda por código de barras automaticamente no sistema que além da identificação do 
produto deve registrar outras informações de importância logística, tais como embalagem, 
tamanho, tipo de a carga unitizada ou paletizada, etc.; 4) Pedido emitido por computador é 
processo vital da estratégia ER e a compra é emitida rapidamente e instantaneamente ao 
fornecedor via transmissão eletrônica de dados (EDI), sem a necessidade da tradicional 
burocracia de cotações, emissão do pedido de compra por documento, protocolo de aceitação do 
pedido entre outras; 
 Efficient Supply (ES) ─ abastecimento eficiente dos fornecedores aos CDs ou as lojas. O tipo de 
abastecimento dependerá das características operacionais de cada fornecedor e podem ser 
classificados nas seguintes categorias: 1) Fornecimento automático, este tipo de abastecimento 
acontece quando as mercadorias têm estoque no Centrode Distribuição. Cada loja da rede de 
supermercados faz solicitações diárias aos Centros de Distribuição, que são responsáveis pelo 
atendimento dos pedidos e gerenciando os estoques de tal forma que se mantenham quantidades 
suficientes para o atendimento diário das lojas. O atendimento das solicitações das lojas é diário, 
e as programações de entregas obedecem a uma programação de transporte e roteiro que 
minimize seus custos; 2) Fornecimento Picking By Line - Esta forma de abastecimento acontece 
quando o Centro de Distribuição não tem o produto em estoque. Neste caso a loja faz solicitações 
uma vez por semana para o Centro de distribuição, o qual conforme a demanda agenda e emite o 
pedido de compra para o fornecedor. Muitas vezes é necessário que o CD feche um pedido 
mínimo entre lojas, para que o fornecedor entregue ao CD ou entregue diretamente em cada loja; 
3) Fornecimento direto centralizado, esta forma de abastecimento acontece quando a loja solicita 
para o CD, o CD repassa o pedido para o fornecedor do material, e este faz a entrega diretamente 
na loja. Neste tipo de fornecimento, muitos fornecedores exigem uma quantidade mínima de 
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entrega; 4) Fornecimento direto da loja, esta forma de abastecimento, os pedidos dos materiais 
são feitos diretamente das lojas aos fornecedores e as entregas dos fornecedores são realizadas 
diretamente nas próprias lojas. 
 
A visão do sistema ECR também tem se aplicado na indústria de confecções e vestuário para integrar as 
diversas estratégias dos canais para obter o balanceamento sincronizado do fluxo dos matérias na cadeia e 
a demanda dos clientes nos mais diversos pontos geográficos de vendas. 
 
Resumo Final 
Este capítulo teve a finalidade de fazer com que o leitor entenda a função da administração dos materiais 
nas organizações, suas principais funções, os fatores determinantes que contribuem para as vantagens 
competitivas das organizações, e de que forma o sistema de informações das mesmas se processa para 
poder ser integrado em toda a cadeia de suprimentos até chegar ao consumidor final. As empresas que 
bem gerenciarem sua administração de materiais, em função da demanda do mercado, e integrada na 
cadeia de suprimento do negócio, sem duvida apresentarão um diferencial competitivo superior ao 
mercado. 
 
Bibliografia 
BERTAGLIA, P. R. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento. São Paulo: Saraiva, 
2003. 
Obra que abrange vários aspectos do tema gerenciamento da cadeia de suprimentos, de fácil compreensão 
e entendimento para o leitor 
CHING, H. Y. Gestão de Estoques na Cadeia de Logística Integrada. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001. 
Este autor trabalha muito bem o aspecto conceitual da gestão de estoques e sua integraçao na cadeia de 
suprimentos até o consumidor final. 
GONÇALVES, P. S. Administração de Materiais. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. 
Esta indicação é recomendada para compreender a administração de materiais nas organizações, suas 
praticas e abrangência competitiva. 
 
ATIVIDADES 
1) Descreva a importância da administração dos materiais à competência organizacional. 
2) Quais são as principais atribuições da administração dos materiais? 
3) Cite e comente cinco vantagens competitivas que poderão ser obtidas na administração de materiais 
das empresas. 
4) Quais as atividades mais importantes das funções de compras na administração de matérias? 
5) Descreva a origem do sistema ECR e suas principais vantagens. 
 
 
 
Referências dos capítulos 
i Gonçalves, 2007, p. 2. 
ii Gonçalves, 2007, p. 3. 
iii Bertaglia, 2003, p. 244. 
iv Ching, 2001, p. 70.