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Faculdade de Ciências Médicas UPE Mecanismos de Transdução Hormonal _____________________________________________________________________________ Edvaldo Jerônimo da Silva Júnior Monitor da disciplina de Bioquímica edvaldo.upe12@gmail.com Introdução As diversas respostas que o organismo dá a estímulos externos ou internos muitas vezes se dá por mecanismos de transdução de sinal entre as células. Quando as células estão próximas umas a outras, esse sinal pode ser passado pelo contato célula a célula (junções gap, por exemplo). Entretanto, em seres vivos maiores, onde as células não estão lado a lado, são necessárias substâncias químicas sinalizadoras, mediadoras e receptoras que irão agir através de cascatas nas células, gerando moléculas de baixo peso molecular que por fim terá por conseguinte uma resposta celular sistemática ou local. Receptores de hormônios esteroides (hidrofóbicos ) Em função da natureza dessas substâncias serem derivadas do colesterol, elas possuem um caráter lipídico. Dessa forma, elas conseguem atravessar a membrana celular de forma fácil sem precisar de uma proteína receptora ou canal. . Hormônios Sexuais . Cortisol . Vitamina A . Vitamina D . Entre outros Dessa maneira, os receptores existem no citoplasma da célula – intracelular – e são chamados de receptores de hormônios esteroides, que fazem parte da família dos receptores intracelular. Tais receptores irão agir na célula de forma epigenética. Ou seja, irão acoplar-se ao DNA celular, induzindo ou suprimindo a transcrição em RNA de uma proteína específica. Por essa razão, os hormônios induzem perfis de respostas diferentes nas diferentes células-alvo. Receptores de superfície celular (receptores de hormônios polipeptídeos) Primeiramente, iremos tentar dar uma visão geral da lógica envolvida nos diferentes mecanismos de transdução de sinal com receptores da superfície celular, após feito isso, iremos falar um pouco mais de cada mecanismo. Em contrates com os mensageiros lipídicos, os polipeptídeos não atravessam a membrana celular por possuir um caráter hidrofílico. Dessa forma, necessitam de um receptor para enviar “a sua mensagem” par ao interior da célula. Esses polipeptídeos são chamados de primeiros mensageiros enquanto as substâncias de sinalização no interior da célula de baixo peso molecular são denominadas segundos mensageiros. Algumas substâncias como o NO (óxido nítrico) não necessita de um receptor para ativar os segundos mensageiros, por ser um gás e de baixo peso molecular, ele se difunde pela membrana plasmática e ativa os segundos mensageiros. O NO possui uma atividade de relaxamento das células do músculo liso dos vasos sanguíneos, estimulando a guanilato ciclase, levando a geração do segundo mensageiro GMPc. Pacientes com anginas são tratados com nitroglicerina que são convertidas a NO, resultando no relaxamento dos vasos e consequente diminuição da dor. A maioria dos receptores não desencadeiam por si só as respostas nos segundos mensageiros. Eles necessitam de substâncias adaptadoras que ligam as moléculas efetoras ao receptor, uma delas é a proteína G. Proteína G As proteínas G são constituídas por três subunidades, as Alfa Beta e Gama. A Alfa possui um sítio de ligação do GTP com um poder GTPase, o qual irá ativar a cascata de reação dos segundos mensageiros. De forma resumida, o primeiro mensageiro se acopla ao receptor que faz com que o GDP ligado a subunidade alfa seja trocado por uma GTP. Isso muda a conformação da proteína G, afastando as subunidades alfa das betas e gamas. Dessa forma, a subunidade alfa ativada ou as “by” podem reagir com um ou mais efetores que irão desencadear a cascata dos segundos mensageiros nas células. Segundos Mensageiros AMPc O AMPc é formado através do ATP e da enzima Adenilato Ciclase. O primeiro mensageiro liga-se ao receptor, que desencadeia a modificação na proteína G em sua subunidade alfa, ativa a Adenilato Ciclase que converte ATP em AMPc. O AMPc possui uma importância grande na conversão de glicogênio em glicose. Dessa forma, os receptores B-adrenérgicos (Adrenalina) que são hiperglicemiantes possuem como segundo mensageiro o AMPc. O AMPc faz a transdução dos seus efeitos na interconversão glicogênio-glicose através da regulação da enzima chave de sinalização proteína quinase A (PKA). A PKA irá fosforilar as enzimas fosforilase quinase e glicogênio sintase, regulando assim a interconversão de glicogêncio em glicose. Relembrando o metabolismo do glicogênio: Além dos efeitos hiperglicemiantes, a PKA regula as atividades de diversos canais iônicos, como os de K, Cl e Ca, além de também possuir um efeito epigenético. Fosfodiesterases As fosfodiestereases (PDEs) possuem como função o término da sinalização do AMPc por meio da conversão dessa substância ao seu metabólito 5’AMP. Dessa forma, as PDEs são alvo de vários medicamentos para desenvolvimentos de repostas cruciais nas respostas fisiológicas. Por exemplo, os medicamentos metilxantinas são usados como bronco dilatador e possuem efeito ionotrópico positivo no coração (Aumento da força de contração muscular). Isso acontece porque a PDEs são inibidas o que aumenta a concentração de AMPc na célula, aumentando PKA, o que leva a fosforilação dos canais de cálcio cardíaco e um aumento subsequente da concentração de cálcio, aumentando a força de contração muscular. Cálcio/Calmodulina O íon cálcio está em maior concentração no meio extracelular. Isso permite que dependendo da necessidade da célula esse íon pode entrar rapidamente do meio extra para intracelular. O Ca+2 é muito importante para mediar diversas reações intracelulares, como o metabolismo energético, permeabilidade iônica, contração muscular e da fosforilase quinase. Os eventos mediados pelo íon são modulados pela calmodulina, essa proteína possui quatro sítios de ligação dos íons cálcio. A ligação de três ou quatro íons à calmodulina induz uma importante mudança conformacional que permite a calmodulina se ligue e modifique outras proteínas como as PDEs dependentes de AMPc. A Calmodulina possui um papel ativador da adenilato ciclase e provavelmente inibidor das PDEs. Fosfatidilinositol 4,5-bifosfato (PIP2) Em 1980 foi descoberto que o aumento de Cálcio intracelular graças a ativação de receptores, estimulava a ação de duas enzimas que hidrolisavam uma substância que produzia dois mensageiros intracelulares. Fosfatidilinositol ------(PI quinase e PIP quinase) -------> fosfatidilinositol 4,5-bifostato (PIP2) --- (Hidrólise pela PLC + Ca+²)----> IP3 + DAG. IP3 : Responsável por mobilizar os estoques intracelular de cálcio. DAG: Ativa uma família de enzimas chave de sinalização, como a proteína quinase C (PKC) Fosfolipases As fosfolipases possuem o poder de hidrolisar a fofotidilcolina ou fosfotidiletanolamina, formando vários mensageiros intracelulares como por exemplo: DAGs e ácido fosfatídico. Existe o poder de formar vários tipos de DAGs e ácidos. As espécies das DAGs podem ser metabolizada produzindo ácido araquidônico e pode ser convertido também a ácido fosfatídico ou vice versa. Ácido Araquidônico Através das fosfolipases e do DAG pode ser produzido o ácido araquidônico. O Ácido é um importante precursor das moléculas denominadas de eicosanoides (prostaglandinas, prostaciclinas, tromboxanos e leucotrientos ). Eles possuem uma grande variedade de atividades biológicas, como a modulação da contração do músculo liso, agregação plaquetária, secreção de ácido gástrico e equilíbrio hidroeletrolítico. Asprostaglandinas, prostaciclinas e tromboxanos estão envolvidos no processo inflamatório. Dessa forma, medicamentos como a aspirina e o ibuprofeno atuam inibindo as enzimas ciclo-oxigenases, que são enzimas que irão ajudar a converter o ácido araquidônico à eicosanoides. Os leucotrienos desencadeiam respostas inflamatórias e vasoativas. Correlações Clínicas - Algumas bactérias como a Vibrio cholerae, Escheria Choli e Bordatella Pertussis possuem o poder de modificar a proteína G. Elas impedem que o GTP seja hidrolisado, o que impede a regulação da adenilato ciclase, por conseguinte aumenta a quantidade de AMPc, o que fosforila os canais iônios causando um efluxo exorbitante de eletrólitos das células intestinais que pela osmolaridade causam diarreia. - AMPc reduz a agregação plaquetária, o que impede a formação de trombos e melhora a circulação. Bibliografia Baynes, John Bioquímica médica/John W. Baynes e Marek H. Dominiczak; [tradução de Jacyara Maria Brito Macedo… et al.]. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2010.
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