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1 DIREITO DO TRABALHO I DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO - 2º BIMESTRE DE 2015 AULA 1 - CONTRATO DE TRABALHO POR PRAZO DETERMINADO CONTRATOS POR PRAZO DETERMINADO S U M Á R I O 1. Regra Geral, Forma e Hipóteses dos Contratos por Prazo Determinado 2. Contrato a Termo ou sob Condição Resolutiva 3. Duração, Prorrogação e Continuação dos Contratos por Prazo Determinado 4. Suspensão, Interrupção e Estabilidade 5. Sucessão dos Contratos a Termo 6. Requisitos de Validação 7. Espécies de Contratos por Prazo Determinado 8. Existência de Cláusula Assecuratória de Rescisão Antecipada 9. Efeitos da Extinção dos Contratos por Prazo Determinado 1. REGRA GERAL, FORMA E HIPÓTESES DOS CONTRATOS POR PRAZO DETERMINADO A CLT, em seu art. 443, estabelece, como regra geral, forma livre na celebração dos contratos de trabalho. Entretanto, celebrando-se um contrato por prazo determinado, este deverá ser acordado por escrito, em razão dos seus requisitos de validação. Art. 443 - O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou expressamente, verbalmente ou por escrito e por prazo determinado ou indeterminado. § 1º - Considera-se como de prazo determinado o contrato de trabalho cuja vigência dependa de termo prefixado ou da execução de serviços especificados ou ainda da realização de certo acontecimento suscetível de previsão aproximada. (Parágrafo único renumerado pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967) § 2º - O contrato por prazo determinado só será válido em se tratando: (Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967) a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo; (Incluída pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967) b) de atividades empresariais de caráter transitório; (Incluída pelo Decreto- lei nº 229, de 28.2.1967) c) de contrato de experiência. (Incluída pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967) 2 Por ser uma relação de trato sucessivo (não se exaure em um único momento) e em decorrência do princípio da continuidade da relação de emprego, a regra geral é que os contratos de trabalho sejam celebrados por prazo indeterminado. O contrato por prazo determinado não é benéfico ao empregado pois trata- se de uma relação laboral transitória, impedindo a sua inserção na empresa de forma definitiva, o que poderá levá-lo a um não comprometimento total com suas atividades laborais. Tal situação gera insegurança ao trabalhador pois, em breve, terá o seu contrato de trabalho extinto. Nesse sentido para se celebrar um contrato por prazo determinado é necessário que o mesmo seja celebrado expressamente, de forma escrita (na maioria dos casos) pois do contrário, presume-se que a contratação seja por prazo indeterminado, em razão do princípio da continuidade da relação de emprego, como no caso dos atletas profissionais (Lei 9.615/98, art. 28), dos artistas profissionais (Lei 6.533/78, art. 9º), trabalho temporário (Lei 6.019/74, art. 11), contrato de prazo determinado (Lei 9.601/98) e do contrato de aprendizagem (art. 428/CLT e seguintes). Entretanto, no caso do contrato de safra, que é por prazo determinado, a lei não impõe que o mesmo seja celebrado por escrito, admitindo-se, nesse caso, a forma verbal, devendo-se observar o que dispõe o art. 29 da CLT que impõe o registro de cláusulas especiais na carteira de trabalho. Assim, é essencial que se dê conhecimento inequívoco ao empregado de que o contrato foi firmado por prazo determinado, bem como, se há ou não, a possibilidade de prorrogação do mesmo. Com base no art. 443 da CLT, apresentado anteriormente, existem três hipóteses de contrato por prazo determinado: (i) termo prefixado (termo certo), as partes, desde o início da celebração, tem ciência do momento do término do contrato de trabalho; (ii) execução de serviços especificados (termo incerto), desde o início as partes já tem certeza que o evento irá ocorrer, mas não sabem quando isto se dará; (iii) realização de certo acontecimento suscetível de previsão aproximada, há uma presunção de que o acontecimento vai ocorrer dentre dos dois anos, que é o prazo máximo dos contratos de prazo determinado. 2. CONTRATO A TERMO OU SOB CONDIÇÃO RESOLUTIVA A CLT utilizou a expressão “contrato por prazo determinado”. Nesse sentido, os doutrinadores se dividem ao interpretar tal expressão, a maioria entende que o seu significado relaciona-se ao termo. 3 Parcela minoritária da doutrina entende que a expressão pode indicar tanto o contrato a termo, como o contrato sob condição resolutiva. Termo relaciona-se a um evento futuro e certo. A duração do contrato a termo pode ser determinada em função do tempo (termo certo), como no caso do contrato de experiência que poderá ser celebrado por até 90 dias, ou no caso do contrato de trabalho temporário que poderá ser celebrado por até três meses. Por outro lado a condição resolutiva está relacionada a um evento futuro e incerto, ou pela natureza do serviço a ser executado pelo empregado (termo incerto), como um contrato de safra ou a realização de uma obra certa. Dessa maneira pode-se afirmar que o contrato de trabalho por prazo determinado é aquele que está submetido a um termo final ou, excepcionalmente, esteja submetido a uma condição resolutória. 3. DURAÇÃO, PRORROGAÇÃO E CONTINUAÇÃO DOS CONTRATOS POR PRAZO DETERMINADO A contagem do prazo nos contratos a termo certo leva em consideração o primeiro dia de vigência do mesmo, sendo feita por dias corridos, meses ou anos. Por exemplo, um contrato com prazo de 90 dias que tenha se iniciado em 1º de julho terá validade até o dia 28 de setembro; um contrato com prazo de três meses que tenha se iniciado em 31 de março terá validade até o dia 30 de junho. Os contratos por prazo determinados, celebrados a termo certo, poderão ser prorrogados, uma única vez, a qualquer momento, até o último dia do contrato, desde que não ultrapassem o prazo máximo permitido por lei (dois anos, em regra), observados os casos em que a duração do mesmo é inferior a esse período, como no caso do contrato de experiência (90 dias), ou trabalho temporário (três meses) e o contrato do atleta profissional (cinco anos). Extrai-se esse raciocínio pela interpretação dos artigos 445 e 451 da CLT. A prorrogação dos contratos a termo não é obrigatória e poderá ser ajustada por período diferente do que foi estabelecido em sua origem, desde que não ultrapasse o prazo máximo previsto em lei. Entretanto não se pode prorrogar os contratos de trabalho por prazo determinado, após o vencimento dos mesmos, caso isso ocorra o contrato será automaticamente convertido em prazo indeterminado. A Lei 9.601/98 admite prorrogações sucessivas do contrato de trabalho, em razão do disposto no art. 2º, § 1º da mesma, desde que não ultrapasse dois anos. 4 4. SUSPENSÃO, INTERRUPÇÃO E ESTABILIDADE Não se suspende o contrato a termo em decorrência de doenças ou acidentes sofridos pelo empregado e nem se interrompe em virtude de feriados, domingos ou férias. Também não há possibilidade de se prorrogar a data final dos contratos a termo, em razão da ocorrência das estabilidades provisórias, exceto nos caso da empregada gestante, por força da Súmula 244/TST, bem como, no caso de acidente de trabalho (auxílio-doença/acidente), em razão da Súmula 378/TST, uma vez que ambas foram alteradas em setembro de 2012. Os institutos da estabilidade provisória, suspensão ou interrupção do contrato de trabalho, impedem a despedida imotivada. Atingido o termo final, o contrato de trabalho extingue-se normalmente, dispensando a declaração das partes ou qualquer notificação nesse sentido, uma vez que não há pedido de demissão nem dispensa nessa modalidade de contrato de trabalho.Como regra, não há possibilidade de se prorrogar a data final dos contratos a termo, em razão das estabilidades provisórias, entretanto o TST alterou o conteúdo da Súmula 244, garantindo a estabilidade da empregada gestante, independente do contrato ser por prazo determinado. Entretanto, quando a interrup- ção, suspensão ou estabilidade começa e termina dentro do prazo de vigência do contrato a termo, não poderá haver despedida arbitrária antes do seu termo. Cabe ressaltar, que o término do contrato em dia que antecede alguma folga prevista (domingo, feriado, ou repouso semanal remunerado) não impõe ao empregador o pagamento do dia do repouso ou feriado e nem a prorrogar o contrato de trabalho porém, alguns doutrinadores entendem que se deve remunerar o dia não trabalhado sem, entretanto, prorrogar o contrato. 5. SUCESSÃO DOS CONTRATOS A TERMO Já apresentamos que, em regra, o contrato de trabalho por prazo determinado pode ser prorrogado por uma única vez, porém o seu prazo total não pode ser superior a dois anos. Outra questão interessante é que o contrato a termo que suceder a outro no prazo de seis meses será considerado como contrato por prazo indeterminado. Essa regra comporta duas exceções como prescreve o art. 452/CLT: (a) se o término do contrato anterior decorreu da realização de serviços especializados; ou (b) se término do contrato anterior decorreu de certos acontecimentos específicos. 5 Entretanto, se os contratos tiverem natureza distinta um pode se suceder ao outro, independentemente do lapso de seis meses, pois as atividades realizadas pelo empregado são diferentes. Nesses casos não se caracteriza prorrogação de contrato, mas sim sucessão, pois é celebrado um novo contrato. Em regra, não há aviso prévio nos contratos por tempo determinado, pois as partes conhecem previamente quando o contrato irá terminar. 6. REQUISITOS DE VALIDAÇÃO O contrato de trabalho por tempo determinado só será válido em se tratando de: (a) serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo; b) atividades empresariais de caráter transitório; (c) contrato de experiência. Serviço de natureza transitória é o que é breve, efêmero, temporário. Neste caso enquadra-se a contratação de um empregado temporariamente para atender a um breve aumento de produção por um certo período do ano, ou a substituição de um empregado afastado por motivo de saúde, ou que esteja em gozo de férias. Atividades empresariais de caráter transitório dizem respeito à empresa e não ao empregado ou ao serviço. Como no caso de uma empresa que funcione em certas épocas do ano, como a venda de fogos nas festas juninas, ou a produção de ovos de páscoa. A transitoriedade deve ser observada em relação às atividades do empregador e de acordo com as necessidades de seu empreendimento, como por exemplo, uma pousada que só funcione no período do verão. Por fim, também pode-se celebrar um contrato por prazo determinado na modalidade de contrato de experiência, por prazo não superior a 90 dias. 7. ESPÉCIES DE CONTRATOS POR PRAZO DETERMINADO 7.1 Contrato de Experiência O contrato de experiência é regulado pelo § único do art. 445 da CLT e tem o prazo máximo de 90 dias (S. 188/TST). Permite ao empregador atestar se o trabalhador tem aptidão, ou não, para exercer a função e obter experiência para aquela atividade laboral. O contrato de experiência que ultrapassar 90 dias será automaticamente transformado em contrato por prazo indeterminado. 6 O contrato de experiência diferencia-se do contrato de trabalho temporário, pois este é regido pela Lei 6.019/74, tendo prazo máximo de três meses. Frise-se que é possível contratar o empregado doméstico por um período de experiência, conforme as normas estabelecidas da CLT, por interpretação conexa do art. 7º, § único da CF/88 e do art. 7º, a, da CLT, ainda que o assunto não tenha unanimidade em nossa doutrina e jurisprudência. Por outro lado, o período máximo de comprovação de experiência prévia não poderá ser superior a seis meses (art. 442-A da CLT). 7.2 Lei 9.601/98 - Estímulo a Novos Empregos O contrato de trabalho celebrado sob a égide da Lei 9.601/98, teve por objetivo reduzir o desemprego por intermédio da abertura de novos postos de trabalho. Essa modalidade de contrato por prazo determinado é celebrado somente entre pessoa física e jurídica, dessa forma, a Lei 9.601/98 instituiu outra espécie de contrato de trabalho por tempo determinado, com requisitos próprios e distintos, tendo inclusive, excepcionalizado os artigos 479 e 480 da CLT. O contrato por prazo determinado, celebrado por esta modalidade, será de no máximo dois anos, permitindo-se, dentro deste período prorrogações, sem acarretar o efeito previsto no art. 451 da CLT. O art. 1º da Lei 9.601/98 dispõe sobre as condições necessárias para celebrar o contrato por prazo determinado: As convenções e os acordos coletivos de trabalho poderão instituir contrato de trabalho por prazo determinado, de que trata o art. 443 da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, independentemente das condições estabelecidas em seu § 2º, em qualquer atividade desenvolvida pela empresa ou estabelecimento, para admissões que representem acréscimo no número de empregados. A contratação pode ser feita em relação a qualquer atividade (fim, meio ou rural) da empresa ou de seus estabelecimentos. Não são exigidas as condições especificadas no § 2º do art. 443 da CLT, isso porque, Lei 9.601/98 pretende atingir uma situação temporária de desemprego, decorrente da globalização. Dessa forma, não será preciso que o contrato seja feito em razão de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique e predeterminação do prazo ou em virtude atividades empresariais de caráter transitório, sendo possível a contratação em qualquer hipótese. O contrato tem que ser por escrito e depositado no órgão regional (superintendência regional) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). 7 O primeiro requisito que deve ser observado para validação da contratação por prazo determinado com base na Lei 9.601/98 é relativa a vedada contratação de empregados para substituição de pessoal regular e permanente contratado por tempo indeterminado. Tal vedação, apesar de estar explícita no texto da lei, é estabelecido no Decreto 2.490/98 que a regulamenta e na Portaria 207/98 do MTE. O segundo requisito a ser observado refere-se ao fato de que as contratações somente serão realizadas por meio de convenção ou acordo coletivo, não sendo possível a contratação individual (exclui-se, assim, a possibilidade de contratação de empregados domésticos por essa modalidade). Na Convenção ou Acordo Coletivo as partes (sindicato e empregador) devem elaborar as cláusulas para seu cumprimento, onde estarão descritas as indenizações em caso de rescisão antecipada do contrato por prazo indeterminado, por iniciativa do empregador ou do empregado, já que não se aplica o disposto nos arts. 479 e 480 da CLT e as multas pelo descumprimento de suas cláusulas (artigo 1º, § 1º, Lei 9.061/98). O contrato de trabalho regido pela Lei 9.601/98, não pode ser aplicado ao servidor público, pois a estes não são observadas as convenções ou acordos coletivos. Porém, pode-se celebrar o contrato de trabalho por tempo determinado, regido pela Lei 9.601/98, em relação às empresas públicas e as sociedades de economia mista, que têm de aplicar a legislação trabalhista (art. 173, § 1º da CF/88), desde que o empregado faça concurso público (art. 37, II da CF/88). 7.3 Lei 2.959/56 – Contrato por Obra Certa Consiste em uma forma de contratação por prazo determinado, por termo incerto, ou seja, não se sabe, exatamentequando a obra será concluída. Destina-se ao construtor que exerça atividade permanente para obras relacionadas a construção civil. A finalidade é atender as diversas especificidades existentes em uma obra da construção civil, que exige profissionais com diversas especialidades, tais como: pedreiro, carpinteiro, eletricista, bombeiro hidráulico, ladrilheiro e gesseiro, entre outras, necessárias em fases distintas da obra. Entretanto, ainda que vigente, a referida lei é pouco utilizada em razão da possibilidade da contratação para a realização de serviços especializados, com base no art. 443, § 2º, a, da CLT, o que afasta o pagamento de indenização relativa ao término do contrato de trabalho. 8 Fato esse, que não ocorre se a contratação se der com base na lei em questão, ainda que em valor menor do que a indenização normal, relativa aos contratos por prazo indeterminado. O contrato por obra certa não poderá exceder de dois anos, devendo ser observada a regra do art.451 da CLT, sendo que se for prorrogado por mais de uma vez acarretará a sua transformação em contrato por prazo indeterminado. No contrato de obra certa existe a dependência de que seja feito um serviço especificado (obra), que sendo realizada cessa por sua vez o contrato. É possível verificar que no contrato de obra certa há uma previsão aproximada do tempo necessário para a realização da obra. O mesmo ocorre com o contrato de safra, em que é possível prever, com aproximação, quando a mesma será colhida. Serviços realizados por obra certa são transitórios, porém, a empresa de construção civil, tem por escopo uma atividade permanente, pois a necessidade de mão-de-obra é constante. Esse contrato tem como requisito, conforme dispõe o art. 1º da Lei nº 2.959/56, a necessidade de anotação do contrato de obra certa na carteira de trabalho feita pelo empregador. Alguns autores argumentaram que a Lei 2.959/56 teria sido revogada pelo DL 229/67, que deu nova redação ao art. 443 da CLT, incluindo a possibilidade de se contratar por prazo certo, com base na realização de serviços especificados ou de acontecimentos suscetíveis de previsão aproximada, entretanto essa não é uma posição dominante em nossa doutrina. A atividade de empresa de construção civil realmente é permanente, mas o serviço prestado é sempre transitório, por isso, o DL 229/67 não revogou expressamente a Lei 2.959/56. O contrato por obra certa não poderá exceder dois anos, atendendo à regra do art. 445 da CLT, visto que se trata de um contrato por tempo determinado e a lei é silente quanto ao prazo. Em relação a sucessão de contratos por obra certa o tema não é pacífico na nossa doutrina, alguns autores admitem a possibilidade de celebração de novo contrato por obra certa, com o mesmo empregador, sem observância do lapso temporal de seis meses, por se tratar de um serviço especializado ou suscetível de previsão aproximada, enquanto que outros doutrinadores entendem que para nova contratação por prazo certo, somente após o lapso de seis meses do contrato anterior, aplicando-se o art. 452 da CLT. 9 O contrato de obra certa é um pacto por tempo determinado, sendo assim, em regra, não há direito a aviso prévio, pois as partes de antemão sabem quando cessará o contrato de trabalho. Deve ser assinada a CTPS e observar o art. 29 da CLT que determina que as condições especiais devem ser anotadas na mesma. O art. 2º da Lei 2.959/56 prevê a possibilidade de rescisão em duas hipóteses: término da obra ou término dos serviços. É devido o 13º salário e as férias proporcionais, mesmo que o contrato não dure 1 ano, bem como o levantamento do FGTS, porém a indenização de 40% do FGTS será reduzida em 30%, sendo devida na proporção de 28%. 7.4 Lei 5.889/73 - Contrato de Safra O contrato de safra é temporário, tem como base o termo incerto, pois não se sabe, ao certo, quando a mesma terá o seu fim. O seu fundamento jurídico é o art. 14, § único da Lei 5.889/73, se aplicando aos trabalhadores rurais. O termo safra refere-se à produção e colheita, como também ao lapso temporal empregado para a preparação do solo. É indeterminado porque não se pode predeterminar a data para o seu término. Como a lei não menciona o seu prazo máximo, deve-se entender que o mesmo não poderá ser celebrado por mais de dois anos. A norma em comento estabelece uma indenização equivalente a 1/12 do salario mensal, por mês ou fração superior a 15 dias, entretanto a Carta atual não recepcionou tal dispositivo em razão da unificação do FGTS, que é devido ao safrista. 7.5 Lei 9.615/98 - Atleta Profissional O contrato firmado com o atleta profissional tem prazo mínimo de 3 meses e máximo e 5 anos, não se aplicando os artigos 451, 452, 479 e 480 da CLT. Assim, o contrato de trabalho de um jogador de futebol será celebrado por prazo determinado, com vigência nunca inferior a três meses e nem superior a cinco anos (art. 30 da Lei 9.615/98). Já o contrato de trabalho do treinador de futebol também é considerado como um contrato por prazo determinado, não podendo ser estabelecido por mais de dois anos (art. 6º da Lei 8.650/93). 10 7.6 Lei 6.019/74 - Contrato Temporário Essa espécie de contrato por prazo determinado, objetiva a substituição de pessoal regular e permanente da empresa tomadora de serviços, ou devido a acréscimo de serviço da empresa, sendo em regra, por termo incerto, pois não se sabe ao certo quando o mesmo se encerrará, no entanto poderá ser celebrado por termo certo, para substituir um empregado em férias, por exemplo. O trabalhador temporário não cria vínculo com a empresa tomadora do seu serviço, pois é empregado da empresa prestadora de mão de obra. Seus direitos trabalhistas estão previstos no art. 12 da Lei. 6.019/74. Em caso de falência da empresa prestadora ou intermediadora, a empresa tomadora responderá solidariamente, conforme dispõe o art. 16 da respectiva norma. Não mais vigora a indenização prevista na lei, pois a mesma foi substituída pelo regime do FGTS. O contrato deve ser celebrado por escrito entre a empresa tomadora e a empresa prestadora (intermediadora) e entre esta e o empregado. Sua duração máxima será de três meses, entretanto, de acordo com o art. 10 da respectiva lei há possibilidade de se prorrogar o mesmo, por autorização do órgão local do Ministério do Trabalho Emprego. Recentemente, em 3 de junho de 2014, foi publicada a Portaria nº 789 do MTE, que permitiu a prorrogação dessa espécie contratual para até nove meses, conforme transcrição do seu artigo 2º: Art. 2º Na hipótese legal de substituição transitória de pessoal regular e permanente, o contrato poderá ser pactuado por mais de três meses com relação a um mesmo empregado, nas seguintes situações: I - quando ocorrerem circunstâncias, já conhecidas na data da sua celebração, que justifiquem a contratação de trabalhador temporário por período superior a três meses; ou II - quando houver motivo que justifique a prorrogação de contrato de trabalho temporário, que exceda o prazo total de três meses de duração. Parágrafo único. Observadas as condições estabelecidas neste artigo, a duração do contrato de trabalho temporário, incluídas as prorrogações, não pode ultrapassar um período total de nove meses. Por fim, cabe ressaltar que pode haver sucessão de contratos sem o respeito do prazo do art. 452 da CLT (seis meses), desde que haja tomadores distintos, ou para atribuições técnicas distintas, quando se tratar do mesmo tomador. 11 8. CLÁUSULA ASSECURATÓRIA DE RESCISÃO ANTECIPADA E EFEITOS DA EXTINÇÃO DOS CONTRATOS POR PRAZO DETERMINADO De acordo com o art. 481 da CLT, s contratos por tempo determinadoque contiverem cláusula permitindo às partes a rescisão imotivada antes do termo final (CLÁUSULA ASSECUTÓRIA DO DIREITO RECÍPROCO DE RESCISÃO, ANTES DE EXPIRADO O TERMO AJUSTADO) estarão regidos pelas mesmas regras dos contratos por tempo indeterminado, afastando-se assim, as indenizações previstas dos artigos 479 e 480 da CLT. Assim, nesses contratos, ainda que sejam por prazo determinado caberá aviso prévio e indenização de 40% sobre os depósitos do FGTS efetuados no período em questão. Dispensado o empregado, sem justa causa, antes do final do contrato, o empregador deverá pagar-lhe, a título de indenização e pela metade, a remuneração a que teria direito até o término do contrato (art. 479 / CLT). A recíproca também será verdadeira caso o empregado resolva se desligar do contrato, sem justa causa, antes do prazo final, devendo o mesmo indenizar o seu empregador dos prejuízos que desse fato resultarem (o empregador deve comprovar que sofreu prejuízos decorrente do desligamento antecipado do trabalhador), de acordo com o que dispõe o art. 480 da CLT. Tal indenização, porém, não poderá exceder àquela a que o empregado teria direito caso o mesmo fosse demitido sem justa causa. A celebração de cláusula assecuratória de rescisão antecipada recíproca é possível até mesmo nos contratos por experiência. Os contratos por prazo determinado, ao se findarem por decurso natural do prazo, implica no pagamento proporcional do saldo de salário, férias + 1/3, 13º salário e levantamento do FGTS. REFERÊNCIAS CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. São Paulo: Método, 8ª ed., 2013. DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTR, 12ª ed., 2013. GARCIA, Gustavo F. Barbosa. Curso de Direito do Trabalho. Rio de Janeiro: Forense, 8ª ed., 2014 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. São Paulo: Atlas, 2014. MARTINEZ, Luciano. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: Saraiva, 6ª ed. 2015. NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: Saraiva, 2012. NÃO SE ESQUEÇA DE COMPLEMENTAR SEUS ESTUDOS COM A LEITURA DA BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA! PROFESSOR: JOÃO LUÍS PRIÁTICO SAPUCAIA