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Teoria Geral da Administração Professor Alessandre Silva Professor Alessandre Silva Teoria Geral da Administração TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO (T. G. A.) 2 Teoria Geral da Administração Professor Alessandre Silva Professor Alessandre Silva Teoria Geral da Administração Teoria Geral da Administração 1) CONCEITO DE ORGANIZAÇÃO. Antes de se tratar das teorias da administração torna-se importante saber sobre alguns conceitos dentro do universo das organizações, a começar do próprio conceito de organizações. A – ORGANIZAÇÃO: São unidades sociais intencionalmente construídas e reconstruídas com o fim de atingir objetivos específicos. Uma organização não constitui uma unidade pronta e acabada, mas um organismo social vivo e sujeito a mudanças continuamente. Neste contexto comenta-se sobre o conceito de empresa que é um tipo de organização focada no lucro. E apesar das empresas em geral terem foco no lucro elas são distintas, pois cada uma tem suas peculiaridades, suas competências, sua cultura e, por isso, elas não são clonadas e cada uma deve ser entendida e interpretada. Um conceito importante a se considerar é o de sistema aberto, que tem sua origem na Biologia, em vista do estudo dos seres vivos e de sua dependência e adaptação ao meio ambiente. Assim podemos relacionar esse conceito com as organizações e o ambiente em que ela atua. O conceito de sistema, em geral, é constantemente aplicado em toda a movimentação que a organização faz seja ela interna ou externa, o que facilita a compreensão da dinâmica da mesma. O mundo em que vivemos é uma sociedade composta por organizações. Por organização podemos entender: um conjunto de pessoas e recursos, estruturada e orientada para alcançar um objetivo (ou conjunto de objetivos) em comum. Portanto tudo em nossa volta é composto por organizações. Nessa vida moderna podemos dizer que nascemos, crescemos, vivemos (trabalhamos e nos divertimos) e morremos dentro de organizações. Neste caso podemos afirmar que as organizações são as mais diversas e heterogêneas possíveis, com diferentes tamanhos, características, estrutura e objetivos. Podendo afirmar que existem vários tipos de organizações, e só podemos definir o tipo de organização de acordo com parâmetros estabelecidos. Existem as 3 Teoria Geral da Administração Professor Alessandre Silva Professor Alessandre Silva Teoria Geral da Administração organizações lucrativas (chamadas de empresas) e as organizações não lucrativas (como exército, igreja, entidades filantrópicas, ONG’s, etc). De acordo com o setor da economia que atuam, as organizações podem ser classificadas como: GOVERNO: Sendo o Estado uma entidade jurídica que ordena a vida dos cidadãos de uma Nação ou País, ela possui organizações para cumprir suas funções de criar leis, arrecadar impostos, educação, segurança, entre outras. EMPRESAS: Organizações com fins lucrativos. Vendem produtos e serviços e após pagarem suas despesas, ficam com o dinheiro restante que se chama “lucro”. Há empresas de economia mista que são criadas pelo governo mais são constituídas de ações que pertencem ao governo e às pessoas também. TERCEIRO SETOR: Organizações de utilidade pública, que tem origem na sociedade e não no governo. As ONG’s são os exemplos mais típicos. Mas independente de qualquer coisa, todas as organizações tem seus componentes: recursos – processos – divisão de trabalho – objetivos. Estes recursos são transformados em objetivos. A ilustração abaixo traz o esquema de um sistema simples. Entradas (inputs) Processamento (transformação) Saídas (outputs) Feedback PROCESSO: É um conjunto ou sequencia de atividades interligadas, com começo, meio e fim que utiliza recursos para fornecer produtos e serviços. PRODUÇÃO: Transforma matéria prima em produtos e serviços. ENTREGA: Transforma um pedido em uma entrega de produto. RECURSOS HUMANOS: Transforma a necessidade de mão de obra em disponibilização de pessoas, desde sua contratação até seu desligamento. Nesse processo de transformação encontramos então outro componente da organização que é a divisão de trabalho. A divisão de trabalho existe para dividir 4 Teoria Geral da Administração Professor Alessandre Silva Professor Alessandre Silva Teoria Geral da Administração pessoas e grupos - em atividades e tarefas especializadas, a fim de superar as limitações individuais e otimizar tempo e recursos. Para que os recursos se transformem em produtos e serviços é necessário à condução de forma racional das atividades de uma organização. Portanto administração trata do planejamento, da direção e do controle das atividades de uma organização. Sem a administração as organizações não têm condições de existir e de crescer. B – FUNÇÕES DA ORGANIZAÇÃO: As funções organizacionais são as tarefas especializadas que as pessoas e os grupos executam, para que a organização consiga realizar seus objetivos. Todas as organizações têm aproximadamente as mesmas funções: Produção (operações) – Marketing – Finanças – Recursos Humanos – Pesquisa e Desenvolvimento. A coordenação de todas essas funções especializadas é o papel da Administração Geral. PRODUÇÃO: O objetivo básico da produção é a transformar insumos para fornecer o produto ou serviço aos clientes e usuários. Produção é uma palavra que engloba todos os tipos de operações de fornecimento de produto e serviços. Os principais tipos de produção são: - Produção em massa: É o fornecimento de grande número de produtos e serviços idênticos. Ex: celulares, produtos eletroeletrônicos. - Produção contínua: É o fornecimento virtualmente ininterrupto de um único produto e serviços. Em grande volume e por um longo tempo. Ex: Programas de televisão, gasolina, energia elétrica – 01 produto só por longo tempo + sofre aperfeiçoamento. - Produção unitária ou em pequenos lotes: É o fornecimento de produtos e serviços sob encomenda, simples ou complexo. Ex: montagem de navios, organização de eventos. MARKETING: O objetivo básico do marketing é estabelecer e manter a ligação entre a organização e seus clientes e consumidores. Suas principais atividades são: - Pesquisa: Identificação de interesse, necessidade e tendência do mercado. - Desenvolvimento de produtos: Criação do produto e seu nome e preço - Distribuição: Cria canais de distribuição e pontos de vendas (através de pesquisa) 5 Teoria Geral da Administração Professor Alessandre Silva Professor Alessandre Silva Teoria Geral da Administração - Preço: Cria políticas comerciais e estratégia de preço no mercado. - Promoção: Comunicação com o público-alvo como propaganda, publicidade, promoção. - Vendas: Cria transações com o público alvo ( muitas empresas separam essa atividade). FINANÇAS: Cuida do dinheiro da organização e tem por objetivo a proteção e a utilização eficaz dos recursos financeiros. A função financeira abrange as decisões de: - Investimento: Avaliação e escolha de alternativas de aplicação de recursos. - Financiamento: Escolhe alternativa de fontes de recursos. - Controle: Acompanha e avalia os resultados financeiros da organização. - Destinação dos resultados: Seleciona alternativas para aplicação dos resultados. RECURSOS HUMANOS: A função de recursos humanos ou de gestão de pessoas tem como objetivo encontrar, atrair e manter as pessoas de que a organização necessita. As atividades vão desde a seleção até o desligamento. Outras funções dos Recursos Humanos são: -Planejamento de Mão de Obra: Definição da quantidade necessária. - Recrutamento e Seleção: Localizar e adquirir pessoas com o perfil necessário. - Treinamento e Desenvolvimento: Transformar potencial em competência. - Remuneração ou Compensação: Definição e aplicação de mecanismos de recompensa. - Administração de Pessoal: Rotinas burocráticas como registros, folha de pagamento, férias. - Pós-emprego: Recolocação no mercado, aposentadoria e outros benefícios a ex- empregados. PESQUISA E DESENVOLVIMENTO: O objetivo básico dessa função (P&D) é transformar as informações de Marketing, ideias originais e os avanços da ciência em produtos e serviços. Pode também identificar e introduzir novas tecnologias nos processos produtivos. Na Era de 1914 a 1945, conhecida como a Era Industrial os resultados da organização eram voltados exclusivamente para o acionista ou proprietário (shareholder), ou seja, a parte interessada na empresa era somente o proprietário. Com o passar do tempo, a partir dos anos 80 surge a Era da Informação, na qual os resultados da organização são totalmente focados em grupos de interesse 6 Teoria Geral da Administração Professor Alessandre Silva Professor Alessandre Silva Teoria Geral da Administração envolvidos na organização (stakeholders). A ilustração a seguir retrata essa evolução de interesse. Era Industrial Era da Informação Proprietários acionistas Proprietários acionistas Administradores Governo Empresa Fornecedores Empresa Clientes Comunidades Sociedade Funcionários Modelo Shareholder Modelo Stakeholder É relevante também que se saiba sobre os níveis existentes em uma organização. São eles em ordem de complexidade: estratégico, tático e operacional, como mostra a ilustração a seguir. Nível estratégico Nível tático Nível operacional Esses níveis são explicados como: NÍVEL ESTRATÉGICO: É o que consolida a interação entre os aspectos internos e ou controláveis e os aspectos externos ou incontroláveis das organizações; NÍVEL TÁTICO: É o que trabalho com determinada área de resultado e não com toda a organização; NÍVEL OPERACIONAL: É o que formaliza, principalmente através de documentos escritos, os processos administrativos estabelecidos para o desenvolvimento das organizações. 7 Teoria Geral da Administração Professor Alessandre Silva Professor Alessandre Silva Teoria Geral da Administração 2) ADMINISTRAÇÃO. Vem do latim ad (direção, tendência para) e minister (subordinação ou obediência) – aquele que realiza uma função sobre o comando de outra. É o processo de tomar e colocar em prática decisões sobre objetivos e recursos, ou seja, é garantir a realização de objetivos por meio da aplicação de recursos. A tarefa da Administração envolve a interpretação de objetivos a fim de transformá-los em ação organizacional por meio do planejamento, da organização, da direção e controle de todos os esforços realizados, em todas as áreas e em todos os níveis da empresa, a fim de atingir tais objetivos. Administração revela-se nos dias de hoje como uma das áreas do conhecimento humanas mais impregnadas de complexidade e de desafios. O profissional que utiliza a Administração como meio de vida, pode trabalhar nos mais variados níveis de uma organização, desde o nível hierárquico de supervisão elementar até o nível de dirigente máximo da organização. Cada organização tem seus objetivos, seu ramo de atividade, seus dirigentes e seu pessoal, seus problemas internos e externos, seu mercado, sua situação financeira, sua tecnologia, seus recursos básicos, sua ideologia etc. Na realidade não existem países desenvolvidos ou subdesenvolvidos, mas países bem ou mal administrados. (Peter Drucker) Em cada organização, o administrador soluciona problemas, dimensiona recursos, planeja sua aplicação, desenvolve estratégias, efetua diagnósticos de situações exclusivos daquela organização. Os processos da administração são: - Planejar; - Organizar; - Liderar; - Dirigir; - Controlar. PLANEJAMENTO: Definir objetivos a serem alcançados e os meio para alcançar esses objetivos. É a ferramenta para administrar as relações com o futuro. São decisões que influenciarão o futuro porque serão ações que serão colocadas no futuro. 8 Teoria Geral da Administração Professor Alessandre Silva Professor Alessandre Silva Teoria Geral da Administração ORGANIZAÇÃO: É o processo de dispor de recursos em uma estrutura que facilite a realização dos objetivos. O processo de organizar significa em dividir os recursos em partes coordenadas. O resultado desse processo chama-se de estrutura organizacional. LIDERANÇA: É conseguir os resultados através da condução de pessoas. Compreende diversas atividades de administração de pessoas como comunicação, motivação, trabalho em grupo, etc. Liderança é diferente de chefia. Chefe é um símbolo um papel hierárquico inerente à estrutura. O líder pode ser chefe ou não, líder é aquele que desperta nas pessoas uma vontade de alcançar um objetivo. DIREÇÃO (EXECUÇÃO): Consiste em dirigir as atividades planejadas por meio de aplicação física e intelectual. CONTROLE: Processo que assegura a realização dos objetivos. É a comparação das atividades realizadas com as planejadas, para possibilitar as realizações dos objetivos. Os processos administrativos também são chamados de funções administrativas ou funções gerenciais. Teoria Geral da Administração (TGA) é o campo do conhecimento humano que se ocupa do estudo da Administração em Geral, ou seja, é o estudo da Administração das organizações. A Administração pode ser considerada uma arte, pois envolve habilidades que algumas pessoas podem desenvolver muito mais que outras. Em relação à ciência, embora seja uma prática antiga, tem uma história recente como corpo organizado de conhecimento. Somente nos dois últimos séculos é que se tornou necessário a profissionalização e formação de gerentes para aprimorar os processos administrativos. Neste caso surgiram pensadores, livros escolas, teorias, tornando a administração em disciplina. Todos somos administradores, quer queira ou não, pois nossa vida pessoal depende de tomadas de decisões, de organização, planejamento, controle. Quer seja na compra de um imóvel, na decisão das férias, etc. Outras profissões, chamadas de técnicas, possuem conteúdo administrativo também, como é o caso da medicina, engenharia. Neste caso muitas profissões tem a administração em sua grade curricular. 9 Teoria Geral da Administração Professor Alessandre Silva Professor Alessandre Silva Teoria Geral da Administração Todas as Teorias Administrativas surgiram como uma resposta aos problemas empresariais mais relevantes de sua época. Todas as Teorias são válidas, embora cada qual valorize uma ou algumas das seis variáveis (componentes) básicas da organização: - Tarefa; - Estrutura; - Pessoa; - Tecnologia; - Ambiente; - Competitividade. 2.1) O ADMINISTRADOR E SEU PAPEL. Administrador é o profissional que colocará em prática os processos da administração, buscando conseguir através de pessoas e de atividades os objetivos determinados pela organização. O Administrador é o profissional que munidos de habilidades e competência inerentes ao seu cargo, desenvolverá formas inteligentes e motivadoras de alcance dos objetivos sempre buscando a eficiência e a eficácia. O papel do administrador é de suma importânciapara a administração, ele pode ser um supervisor, um gerente, um diretor ou presidente de uma empresa, pois em cada nível ele assume papéis que estejam de acordo com as necessidades de administrar. Os administradores desenvolvem habilidades conceituais, humanas e técnicas, apesar de todas as três habilidades serem relevantes para o desempenho dos administradores, sua importância varia de acordo com o nível organizacional que esse administrador ocupa. Há pelo menos três tipos de habilidades necessárias para que o administrador possa executar eficazmente o processo administrativo: 10 Teoria Geral da Administração Professor Alessandre Silva Professor Alessandre Silva Teoria Geral da Administração Administração superior HABILIDADES CONCEITUAIS Gerência intermediária HABILIDADES HUMANAS Supervisão de primeira linha HABILIDADES TÉCNICAS HABILIDADES CONCEITUAIS: Envolvem a complexidade de compreender e lidar com a complexidade de toda a organização, entender a necessidade de se formular estratégias etc. O administrador superior está ligado em maior parte com essas habilidades, pois toma decisões mais complexas e representa o nível mais alto da hierarquia. HABILIDADES HUMANAS: Compreendem as pessoas e suas necessidades, interesses e atitudes, a capacidade de liderar e trabalhar com pessoas, o que normalmente um gerente deve ter independente da sua especialização técnica. HABILIDADES TÉCNICAS: Estão relacionadas com a atividade específica na realização das tarefas, que dependem de métodos e equipamentos específicos, por exemplo, para a área comercial é necessário habilidade técnica de vendas, como os produtos e serviços a oferecer, os preços, os clientes, as negociações etc. “Habilidade é a capacidade de transformar conhecimento em ação e que resulta em um desempenho desejado.” 11 Teoria Geral da Administração Professor Alessandre Silva Professor Alessandre Silva Teoria Geral da Administração Há de se ressaltar que em cada uma das faixas que representa o nível hierárquico na organização tem necessariamente as três habilidades, porém nas proporções devidas. Por exemplo, o administrador superior, precisa desenvolver e aplicar em maior proporção as habilidades conceituais, mas ele também necessita ter habilidades humanas e conhecimento técnico, mesmo que em menor proporção. Além das habilidades, os administradores têm competências, que se resumem em: conhecimento (saber); habilidade (saber fazer); julgamento (saber analisar) e atitude (saber fazer acontecer). 2.1.1) ADMINISTRAÇÃO E SUAS PERSPECTIVAS. A tarefa básica da Administração é a de fazer as coisas através das pessoas, seja nas indústrias, no comércio, nas organizações de serviços públicos, nos hospitais, nas universidades, nas instituições militares ou em qualquer outra forma de empreendimento humano, a eficácia com que as pessoas trabalham em conjunto para conseguir objetivos comuns depende principalmente da capacidade daqueles que exercem função administrativa. Qualquer que seja a posição ou o nível que ocupe o administrador, quando tem responsabilidade por subordinados, só pode alcançar resultados através da efetiva cooperação dos subordinados. 12 Teoria Geral da Administração Professor Alessandre Silva Professor Alessandre Silva Teoria Geral da Administração Toda organização precisa ser administrada adequadamente para alcançar os seus objetivos com a maior eficiência e economia de ação e de recursos. Devido às suas limitações físicas, biológicas e psíquicas, o homem tem necessidade de cooperar com outros homens para, em conjunto alcançarem objetivos. Ao obter os conceitos básicos sobre organizações e administração é possível compreender como se desenvolveram as organizações e os modos como elas foram administradas, por isso, a partir de agora o foco deste material acadêmico está voltado para as teorias que surgiram na história da administração, começando pela Revolução Industrial. O processo administrativo surgiu com a necessidade de criar uma teoria para orientar os executivos no processo de administração das organizações, que depois da expansão industrial se tornaram maiores e mais complexas. Alguns autores trabalharam no sentido de atender essa necessidade o que resultou na concepção do processo administrativo como é estudado na atualidade. Henry Fayol (Engenheiro Francês) que foi o fundador da Teoria Clássica já denominou estes processos administrativos em 1911, mas sua tradução para o inglês só foi conhecida em 1949, porém suas ideias há muito vinham influenciando os estudiosos do processo administrativo. O principal desafio do administrador moderno é utilizar o processo administrativo para alcançar os objetivos de uma organização em um cenário de concorrência acirrada e mudanças constantes. O ambiente é um campo dinâmico de forças que interagem entre si provocando mudanças e influências diretas e indiretas sobre as organizações. O ambiente também é uma fonte de recursos, oportunidades de onde a organização extrai insumos necessários para seu funcionamento, mas também é uma fonte de restrições, limitações, ameaças e problemas. O ambiente não é mais estável, homogêneo/simples como era no inicio do séc. XIX, onde se iniciaram os estudos sobre a administração e o administrador. Agora o ambiente totalmente instável, heterogêneo e globalizado exige do administrador que ele interprete a interação do ambiente com sua organização e transforme essa interação numa relação benéfica o suficiente para atingir os objetivos da organização. O ambiente em constante mudança exige das organizações adaptações a essas mudanças, ou seja, as organizações realizam mudanças constantes na: 13 Teoria Geral da Administração Professor Alessandre Silva Professor Alessandre Silva Teoria Geral da Administração - Cultura/Pessoas; - Tecnologia; - Estrutura; - Produtos e Serviços. Portanto o grande desafio do administrador moderno é conduzir, gerir as atividades de mudança dentro da organização, ou seja, atuando como um agente de mudanças. O agente de mudança não só atua na condução da mudança como também na superação das resistências às mudanças: INDIVIDUAIS: Características humanas: hábitos de respostas programadas, medo do desconhecido, ameaça à segurança. ORGANIZACIONAIS: Inércia estrutural, foco limitado de mudança (mesmo que seja focado em algumas áreas). MICROAMBIENTE: Aspectos internos: fornecedores, empregados, prestadores de serviço (agencias de propaganda, transporte), filiais, etc. MACROAMBIENTE: Aspectos externos: população em geral, mudanças culturais, políticas, econômicas, tecnológicas. 2.1.2) CONTEÚDO E OBJETIVO DE ESTUDO DA ADMINISTRAÇÃO. A Teoria Geral da Administração começou com o que se chama de “ênfase nas tarefas" (atividades executadas pelos operários em uma fábrica), com a Adminis- tração Científica de Taylor. A preocupação básica passou para a “ênfase na estrutura" com a Teoria Clássica de Fayol e com a Teoria da Burocracia de Weber, seguindo-se mais tarde a Teoria Estruturalista. A reação humanística surgiu com a “ênfase nas pessoas", por meio da Teoria das Relações Humanas, mais tarde desenvolvida pela Teoria Comportamental e pela Teoria do Desenvolvimento Organizacional. A "ênfase no ambiente" surgiu com a Teoria dos Sistemas, sendo completada pela Teoria da Contingência. Esta, posteriormente, desenvolveu a "ênfase na tecnologia". No século XXI surge a teoria da Competitividade, capaz de levar a empresa ao sucesso e desenvolvimento permanente. Cadauma dessas seis variáveis – tarefas, estrutura, pessoas, ambiente, tecnologia e competitividade provocaram há seu tempo uma diferente teoria administrativa, marcando um gradativo passo no desenvolvimento da TGA. 14 Teoria Geral da Administração Professor Alessandre Silva Professor Alessandre Silva Teoria Geral da Administração ÊNFASE TEORIAS ADMINISTRATIVAS PRINCIPAIS ENFOQUES Tarefas Administração Científica – 1903 Racionalização do trabalho no nível operacional. Teoria Clássica - 1916 Teoria Neoclássica - 1954 Organização formal. Princípios gerais da Administração. Funções do administrador. Estrutura Teoria da Burocracia – 1909 Organização formal burocrática. Racionalidade organizacional Teoria Estruturalista – 1947 Múltipla abordagem: -Organização formal e informal. -Análise intra-organizacional e análise interorganizacional. Teoria das Relações Humanas – 1932 Organização informal. Motivação, liderança, comunicações e dinâmica de grupo. Pessoas Teoria do Comportamento Organizacional – 1957 Estilos de Administração. Teoria das decisões. Integração dos objetivos organizacionais e individuais. Teoria do Desenvolvimento Organizacional – 1962 Mudança organizacional planejada. Abordagem de sistema aberto Ambiente Teoria Estruturalista – 1947 Análise intra-organizacional e análise ambiental. Abordagem de sistema aberto. Teoria da Contingência – 1972 Análise ambiental (imperativo ambiental) Abordagem de sistema aberto. Tecnologia Teoria da Contingência – 1972 Administração da tecnologia (imperativo tecnológico) Competitividade Novas Abordagens da Administração - 1990 Caos e Complexidade. Aprendizagem Organizacional – capital intelectual 15 Teoria Geral da Administração Professor Alessandre Silva Professor Alessandre Silva Teoria Geral da Administração 2.2) A TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO. Todas as teorias administrativas apresentadas são válidas, embora cada qual valorize apenas uma ou algumas das seis variáveis básicas. Na realidade, cada teoria administrativa surgiu como uma resposta aos problemas empresariais mais relevantes de sua época. E, neste caso todas elas foram bem-sucedidas ao apresentarem soluções especificas para tais problemas. De certo modo, todas as teorias administrativas são aplicáveis às situações de hoje. E o administrador precisa conhecê-las bem para ter à sua disposição um naipe de alternativas interessantes para cada situação. O estado atual da TGA é bastante complexo: ela permite uma variedade enorme de abordagens a respeito de seu objeto de estudo e engloba um enorme leque de variáveis que devem ser levadas em consideração. Hoje em dia, a TGA estuda a Administração das empresas e demais tipos de organizações do ponto de vista da interação e interdependência entre as seis 16 Teoria Geral da Administração Professor Alessandre Silva Professor Alessandre Silva Teoria Geral da Administração variáveis principais, cada qual objeto específico de estudo por parte de uma ou mais correntes da teoria administrativa. As seis variáveis básicas, tarefa, estrutura, pessoas, tecnologia, ambiente e competitividade, constituem os principais componentes no estudo da Administração das empresas. O comportamento desses componentes é sistêmico e complexo: Cada qual influencia e é influenciado pelos outros componentes. Modificações em um provocam modificações em maior ou menor grau nos demais. O comportamento do conjunto desses componentes e, diferente da soma dos comportamentos de cada componente considerado isoladamente. Na realidade, a adequação entre essas seis variáveis constitui o principal desafio da administração. No nível de uma subunidade especializada (por exemplo, um departamento, uma divisão, uma seção), algumas dessas variáveis podem assumir papel preponderante. Devido à crescente importância da Administração e devido aos novos e complexos desafios com que ela se defronta, os autores e pesquisadores têm se concentrado em algumas partes ou em algumas variáveis isoladas do enorme contexto de variáveis que intervêm cada qual com sua natureza, seu impacto, sua duração, sua importância etc. Na estrutura e no comportamento das organizações que dificultam enormemente sua visão global. Na medida em que a Administração se defronta com novos desafios e novas situações que se desenvolvem com o decorrer do tempo, as doutrinas e teorias administrativas precisam adaptar suas abordagens ou modificá-las completamente para continuarem úteis e aplicáveis. Isto explica, em parte, os gradativos passos da TGA no decorrer do século XX e no início deste século. 17 Teoria Geral da Administração Professor Alessandre Silva Professor Alessandre Silva Teoria Geral da Administração 2.2.1) A ADMINISTRAÇÃO NA SOCIEDADE MODERNA. A Administração é um fenômeno universal no mundo moderno. Cada organização e cada empresa requerem a tomada de decisões, a coordenação de múltiplas atividades, a condução de pessoas, a avaliação do desempenho dirigido a objetivos previamente determinados, a obtenção e alocação de diferentes recursos etc. Numerosas atividades administrativas desempenhadas por diversos administradores, voltadas para tipos específicos de áreas e de problemas, precisam ser realizadas em cada organização ou empresa. Cada empresa necessita não de um administrador apenas, mas de uma equipe de administradores em vários níveis e nas várias áreas e funções, para levar adiante as diversas especialidades dentro de um conjunto integrado e harmonioso de esforços em direção aos objetivos da empresa. Como o administrador não é o executor, mas o responsável pelo trabalho dos outros, ele não pode dar-se o luxo de errar ou de arriscar seus subordinados pelo caminho menos indicado. 18 Teoria Geral da Administração Professor Alessandre Silva Professor Alessandre Silva Teoria Geral da Administração O administrador é um profissional cuja formação é extremamente ampla e variada: Precisa conhecer disciplinas heterogêneas (como Matemática, Direito, Psicologia, Estatística etc.). Precisa lidar com pessoas que lhe são subordinadas ou que estão no mesmo nível ou acima dele. Precisa estar atento aos eventos passados e presentes, bem como às previsões futuras, pois o seu horizonte deve ser mais amplo, já que ele é o responsável pela direção de outras pessoas que seguem as suas ordens e orientação. Precisa lidar com eventos internos e externos e precisa ver mais longe que os outros, pois deve estar ligado aos objetivos que a empresa pretende alcançar através da atividade conjunta de todos. Administração tornou-se tão importante quanto o próprio trabalho a ser executado, conforme este foi especializando-se e a escala de operações cresceu assustadoramente. Administração não é um fim e sim um meio de fazer com que as coisas sejam realizadas da melhor forma possível, com o menor custo e com a maior eficiência e eficácia. 2.2.2) AS PRINCIPAIS TEORIAS QUE INFLUENCIAM O ATUAL PROCESSO ADMINISTRATIVO. No futuro próximo, o mundo verá o fim da forma organizacional e o surgimento de novos sistemas mais adequados às demandas da pós- industrialização. Essa previsão baseia-se no princípio evolucionário de que cada época desenvolve uma forma organizacional apropriada às suas características. O administrador defrontar-se-á com problemas cada vez mais diferentes e mais complexos do que os anteriores, e sua atenção será disputada por eventos e por grupos situados dentro e fora da empresa que proporcionarão dificuldadesao seu diagnóstico perceptivo e sua visão dos problemas a resolver ou das situações a enfrentar. 19 Teoria Geral da Administração Professor Alessandre Silva Professor Alessandre Silva Teoria Geral da Administração 2.3) ANTECEDENTES HISTÓRICOS DA ADMINISTRAÇÃO. Ao longo da história da humanidade, a Administração se desenvolveu de forma muito lenta. Somente a partir do século XX é que a Administração começa a ganhar seu espaço de forma notável. No final do século XIX, a sociedade era completamente diferente. Haviam poucas organizações e de pequenos portes, sendo que predominavam as pequenas oficinas, artesãos independentes, pequenas escolas, profissionais autônomos (como médicos, advogados, que trabalhavam por conta própria), o lavrador, o armazém da esquina etc. O trabalho sempre existiu na história da humanidade, mas a história das organizações e da sua administração é um capitulo que teve o seu inicio há muito 20 Teoria Geral da Administração Professor Alessandre Silva Professor Alessandre Silva Teoria Geral da Administração pouco tempo. Atualmente a sociedade típica dos países desenvolvidos é uma sociedade pluralista de organizações, na qual a maior parte das obrigações (produção de bens ou serviços) é confiada a organizações (indústrias, universidades, hospitais, comércio, serviços públicos), dentre outras, que são administradas com o objetivo de se tornarem mais eficazes. 2.3.1) INFLUÊNCIA DOS FILÓSOFOS. Ao longo dos séculos que vão da Antiguidade até o início da Idade Moderna, a Filosofia concentrou-se em preocupações distanciadas dos problemas administrativos. Francis Bacon (1561-1626), filósofo e estadista inglês e fundador da Lógica Moderna baseada no método experimental e indutivo, mostra a preocupação prática de se separar experimentalmente o que é essencial do que é acidental ou acessório. Bacon antecipou-se ao princípio administrativo da "prevalência do principal sobre o acessório". O maior expoente da época foi René Descartes (1596-1650). Filósofo, matemático e físico francês, é o fundador da Filosofia Moderna. Criou as coordenadas cartesianas e deu impulso à Matemática e Geometria da época. Na Filosofia, celebrizou-se pelo livro O Discurso do Método, no qual descreve seu método filosófico denominado "método cartesiano", cujos princípios são: 1 – PRINCÍPIO DA DÚVIDA SISTEMÁTICA OU DA EVIDÊNCIA: Consiste em não aceitar como verdadeira coisa alguma enquanto não se souber com evidência - clara e distintamente – aquilo que é realmente verdadeiro. Com a dúvida sistemática evita-se a prevenção e a precipitação, aceitando-se apenas como certo aquilo que seja evidentemente certo. 2 – PRINCÍPIO DA ANÁLISE OU DE DECOMPOSIÇÃO: Consiste em dividir e decompor cada dificuldade ou problema em tantas partes quantas sejam possíveis e necessárias à sua solução, a fim de resolver cada uma separadamente. 3 – PRINCÍPIO DA SÍNTESE OU DA COMPOSIÇÃO: Consiste em conduzir ordenadamente os pensamentos e o raciocínio, começando pelos objetivos e assuntos mais fáceis e simples de se conhecer, para passar gradualmente aos mais difíceis. 4 – PRINCÍPIO DA ENUMERAÇÃO OU DA VERIFICAÇÃO: Consiste em fazer verificações e revisões em tudo, para que nada seja omitido ou deixado de lado. 21 Teoria Geral da Administração Professor Alessandre Silva Professor Alessandre Silva Teoria Geral da Administração Vários princípios da Administração, como os da divisão do trabalho, da ordem e do controle, são decorrências dos princípios cartesianos. Com a Filosofia Moderna, a Administração deixa de receber contribuições e influências, pois o campo de estudo filosófico se afasta dos problemas organizacionais. 2.3.2) INFLUÊNCIA DA ORGANIZAÇÃO DA IGREJA CATÓLICA. Ao longo dos séculos, as normas administrativas e os princípios de organização pública foram aos poucos se transferindo das instituições dos Estados (como era o caso de Atenas, Roma etc.) para as instituições da Igreja Católica e organizações militares. Isso porque a unidade de propósitos e objetivos - princípios fundamentais na organização eclesiástica e militar - nem sempre é encontrada na ação política dos Estados, movida por objetivos contraditórios de cada partido, dirigente ou classe social. Ao longo dos séculos, a Igreja Católica estruturou a sua organização com uma hierarquia de autoridade; um estado-maior e a coordenação funcional para assegurar integração. A organização hierárquica da Igreja é tão simples e eficiente que a sua enorme organização mundial pode operar sob o comando de uma só cabeça executiva: o Papa, cuja autoridade coordenadora lhe dado por uma autoridade divina superior. A estrutura da organização eclesiástica serviu de modelo para muitas organizações que incorporaram seus princípios e normas administrativas. 2.3.3) INFLUÊNCIA DA ORGANIZAÇÃO MILITAR. A organização militar influenciou as teorias da Administração ao longo do tempo. A organização linear tem suas origens na organização militar dos exércitos da Antiguidade e da época medieval. O princípio da unidade de comando (pelo qual cada subordinado só pode ter um superior) é o núcleo central das organizações militares. A hierarquia, ou seja, a escala de níveis de comando de acordo com o grau de autoridade - provém da organização militar. Com o passar dos tempos, na medida em que o volume de operações militares aumenta, cresce; também a necessidade de delegar autoridade para os níveis mais baixos da organização militar. Ainda na época de Napoleão (1769-1821), cada general supervisionava a totalidade do campo de batalha. As guerras de maior 22 Teoria Geral da Administração Professor Alessandre Silva Professor Alessandre Silva Teoria Geral da Administração alcance e de âmbito continental exigiram novos princípios de organização conduzindo a um planejamento e controle centralizados em paralelo com operações descentralizadas, ou seja, passou-se à centralização do comando e à descentralização da execução. Para aumentar a eficiência dos exércitos, criou-se um estado-maior para assessorar o comando militar. Os oficiais de assessoria trabalhavam independentemente, numa separação entre planejamento e execução das operações de guerra. Oficiais formados no estado-maior eram transferidos para posições de comando e novamente para o estado-maior, o que assegurava experiência e vivência nas funções de gabinete, de campo e novamente de gabinete. Outra contribuição da organização militar é o princípio de direção, por meio do qual todo soldado deve saber o que se espera dele e o que ele deve fazer. Mesmo Napoleão, o general mais autocrata da história militar, nunca deu uma ordem sem explicar o seu objetivo e certificar-se de que a haviam compreendido, pois estava convencido de que a obediência cega jamais leva a uma execução inteligente de qualquer coisa. 2.3.4) INFLUÊNCIA DOS ECONOMISTAS LIBERAIS. As ideias básicas dos economistas clássicos liberais constituem os princípios básicos do pensamento administrativo de nossos dias. Adam Smith (1723-1790) é o fundador da economia clássica, cuja ideia central é a competição. Os mercados onde vigora a competição funcionam espontaneamente, de modo a garantir (por algum mecanismo abstrato que Smith chamava de a mão invisível que governa o mercado) a alocação dos recursos e da produção, sem que haja excesso de lucros. Por essa razão, o único papel econômico do governo é a intervenção na economia quando o mercado deixa de funcionar em condições satisfatórias, ou seja, quando não ocorre competição livre. Em seu livro A Riqueza das Nações, publicado em 1776,Adam Smith apregoa que a origem da riqueza das nações reside na divisão do trabalho e na especialização das tarefas, preconizando o estudo dos tempos e movimentos que, mais tarde, Taylor e Gilbreth iriam desenvolver como a base fundamental da Administração Cientifica. O liberalismo econômico corresponde ao período de desenvolvimento da economia capitalista baseada no individualismo e no jogo das leis econômicas 23 Teoria Geral da Administração Professor Alessandre Silva Professor Alessandre Silva Teoria Geral da Administração naturais e na livre concorrência. No final do século XIX, o liberalismo econômico começou a perder sua influência na medida em que o capitalismo cresceu com o surgimento de grandes grupos econômicos. O novo capitalismo se inicia com a produção em larga escala o surgimento de novas e mais modernas máquinas e de mão de obra, criando situações problemáticas de organização de trabalho, de concorrência econômica, de padrão de vida etc. Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895), criadores do socialismo cientifico e do materialismo histórico, publicam o manifesto comunista em 1848. Aqui eles discutem os diversos regimes econômicos e sociais e a sociedade capitalista, concluindo que a luta de classes é o motor da história. Marx, em 1867 publica O Capital e mais adiante sua teoria a respeito da “mais valia, ou trabalho não pago, de onde são tirados os lucros dos capitalistas” com base na teoria do valor- trabalho. No início do século XX, o socialismo e o sindicalismo passam a obrigar o capitalismo a procurar o aperfeiçoamento de todos os fatores de produção envolvidos e na sua adequada remuneração. Quanto maior a pressão exercida pelas exigências proletárias, observa-se a redução das injustiças e mais acelerado se configura o processo de desenvolvimento da tecnologia. Dentro dessa situação, surgem os primeiros esforços nas empresas capitalistas para a implantação de métodos e processos de racionalização do trabalho. 2.3.5) INFLUÊNCIA DOS PIONEIROS E EMPREENDEDORES. O século XIX assistiu a um monumental desfile de inovações e mudanças no cenário empresarial. O mundo estava mudando. E as empresas também. As condições para o aparecimento da teoria administrativa estavam se consolidando gradativamente. Nos Estados Unidos, por volta de 1820, o empreendimento empresarial privado de maior vulto era às estradas de ferro, que constituíram um poderoso núcleo de investimentos e de uma nova classe de investidores. Foi a partir das estradas de ferro que as ações de investimento e o ramo de seguros se tornaram populares. As ferrovias permitiram o desenvolvimento do território e provocando sua rápida urbanização que criou novas necessidades de habitação, alimentação, roupa, 24 Teoria Geral da Administração Professor Alessandre Silva Professor Alessandre Silva Teoria Geral da Administração luz e aquecimento, o que se traduziu em um rápido crescimento das empresas voltadas para o consumo direto. Antes de 1850, poucas empresas tinham uma estrutura administrativa definida. Poucas empresas exigiam serviços de um administrador - ou coisa parecida - em tempo integral, pois eram muito pequenas. Em geral, eram negócios de família, em que dois ou três parentes cuidavam das atividades principais. As empresas da época - agropecuárias, mineradoras, indústrias têxteis, estradas de ferro, construtoras, a caça e o comércio de peles, os incipientes bancos - faziam parte de um contexto predominantemente rural, que não conhecia a administração. O presidente era tesoureiro, comprador ou o vendedor e atendia aos agentes comissionados. Se o negócio prosperava, os agentes se tornavam sócios da firma, o que permitia integrar produção e distribuição. Nesse período começam a surgir os grandes conglomerados. Os "criadores de impérios" passaram a comprar seus concorrentes mais próximos, seus fornecedores ou distribuidores com a finalidade de garantir seus interesses. Juntamente com as empresas e instalações vinham também os antigos donos e respectivos empregados. Surgiram os primitivos impérios industriais, aglomerados de empresas que se tornaram grandes demais para serem dirigidos pelos pequenos grupos familiares. Os empresários preferiam ampliar a produção a organizar uma rede de distribuição e vendas. Os grandes grupos de produção, ainda eram administrados de forma amadora sem técnica científica adequada. Procurava-se maior eficiência na produção, compras, distribuição e vendas. Os meios de reduzir custos diminuíram, as margens de lucro baixaram, o mercado foi-se tornando saturado e as empresas começam a procurar novos mercados por meio da diversificação de produtos. A velha estrutura funcional começou a emperrar. Os grandes empresários como John Rockefeller (1839-1937) fundou a Standart Oil, em 1890 Carnegie funda a Truste do aço, Swift e Armour tornam-se trustes de conservas, Westinghouse, Daimler e Benz, Henry Ford, e outros - não tinham condições de sistematizar seus vastos negócios com eficiência, pois eram empreendedores e não organizadores. A organização era um desafio mais difícil do que a criação dessas empresas. A grandiosidade dos recursos que conseguiram reunir complicava as coisas. O final do século XIX revelou o crescimento dos impérios corporativos e a expansão da indústria. A preocupação dominante se 25 Teoria Geral da Administração Professor Alessandre Silva Professor Alessandre Silva Teoria Geral da Administração deslocou para os riscos do crescimento sem uma organização adequada. Entre 1860 a 1900 ocorre a "idade heroica das invenções”, que provocou um grande desenvolvimento tecnológico. O primeiro laboratório de pesquisas surgiu com a síntese da aspirina realizada por Adolfvon Bayer (1835-1917) em 1899. O sucesso mundial da aspirina convenceu a indústria química da necessidade da pesquisa e o da tecnologia. Na virada do século XIX para o século XX grandes corporações sucumbiram financeiramente. Dirigir grandes empresas não era apenas uma questão de habilidade pessoal como muitos empreendedores pensavam. Estavam criadas as condições para o aparecimento dos grandes organizadores da empresa moderna. 3) REVOLUÇÃO INDUSTRIAL. A Revolução Industrial ocorreu no final do século XVIII na Inglaterra e é considerada por grande parte dos autores de administração, o ponto de partida para a formação das empresas e os seus estudos em torno delas. “A Revolução Industrial anunciou uma nova era para a civilização”, pois além de substituir o sistema doméstico e artesanal da época que antecedeu a Revolução Industrial, também iniciou a constituição de organizações formais, que suscitaram o interesse de muitos estudiosos quanto ao seu funcionamento. TENDÊNCIAS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Substituição do artesão pelo operário especializado Invenção das fábricas Surgimento dos sindicatos Crescimento das cidades originando necessidades de administração pública Administração consolida-se como área do conhecimento A invenção da máquina a vapor foi um acontecimento central para justificar a Revolução Industrial, pois, os métodos de produção primários tinham escala de produção pequena - o mercado se tornava limitado e era dependente de uma grande quantidade de mão de obra. Com a máquina a vapor, o trabalho se tornou menos centralizado na mão de obra e houve abertura de maiores possibilidades no aumento de escala de produção. 26 Teoria Geral da Administração Professor Alessandre Silva Professor Alessandre Silva Teoria Geral da Administração Interessante Saber! Foi tarefa de James Watt desenvolver a primeiramáquina a vapor viável em 1765. Ele tinha por ofício criar instrumentos científicos e aperfeiçoar o trabalho inicial dos outros. Apesar de a Revolução Industrial ter sido uma mudança merecida para a época, surgiram algumas críticas e dificuldades, como: DISTRIBUIÇÃO DO PODER: Com a Revolução, o capitalismo ganhou força e o dono do dinheiro tinha poder sobre as pessoas e até sobre o Estado. DISTRIBUIÇÃO DE RENDA: No sistema capitalista, o trabalhador gere mais dinheiro do que recebe. MÃO DE OBRA: A força de trabalho existente era, em grande parte, constituída por trabalhadores rurais não qualificados para indústria. PROBLEMAS PESSOAIS: As pessoas eram muito enraizadas nos hábitos rurais e eram resistentes a essas mudanças drásticas de ambiente de trabalho. Fica evidente que foi a partir deste fato que a história das organizações se iniciou, principalmente pela constituição das fábricas e formalização das empresas. Com a invenção da máquina a vapor e a sua aplicação à produção, surgiu uma nova concepção de trabalho que modificou completamente a estrutura social e comercial da época, provocando profundas e rápidas mudanças de ordem econômica, política e social. Num lapso de um século, às mudanças ocorridas foram maiores que em todo o milênio anterior. É a chamada Revolução Industrial, que passou por duas épocas distintas: 1780 a 1860: Revolução Industrial ou Revolução do Carvão e do Ferro. A 1a. Revolução Industrial apresenta quatro fases distintas: 1a. FASE: Mecanização da indústria e da agricultura, com o aparecimento da máquina de fiar, do tear hidráulico, do tear mecânico e do descaroçador de algodão, que substituíram o trabalho do homem e a força motriz muscular do homem, do animal ou da roda de água. 2a. FASE: Aplicação da força motriz à indústria. As máquinas a vapor transformam as antigas oficinas em fábricas. 27 Teoria Geral da Administração Professor Alessandre Silva Professor Alessandre Silva Teoria Geral da Administração 3a. FASE: Desenvolvimento do sistema fabril. O artesão e sua pequena oficina patronal desaparecem para ceder lugar ao operário e às fábricas e usinas baseadas na divisão do trabalho. Surgem as indústrias em detrimento da atividade rural. A migração de massas humanas das áreas agrícolas para as proximidades das fábricas provoca a urbanização. 4a. FASE: Espetacular crescimento dos transportes e das comunicações. A navegação a vapor, os locomotivos a vapor e novos meios de transporte e de comunicação apareceram com surpreendente, rapidez. O telégrafo elétrico, o selo postal e o telefone impelem os fortes desenvolvimentos econômicos, sociais, tecnológicos e industriais e as profundas transformações e mudanças que ocorreriam com uma velocidade maior. 1860 a 1914: Revolução Industrial ou do Aço e da Eletricidade. A 2a. Revolução Industrial começa por volta de 1860, provocada por três acontecimentos importantes: o novo processo de fabricação do aço (1856); o aperfeiçoamento do dínamo (1873) e a invenção do motor de combustão interna (1873). As características da 2a Revolução Industrial são as seguintes: 1 – Substituição do ferro pelo aço como material industrial básico; 2 – Substituição do vapor pela eletricidade e derivados do petróleo como fontes de energia; 3 – Desenvolvimento da maquinaria automática e da especialização do trabalhador; 4 – Crescente domínio da indústria pela ciência; 5 – Transformação radical nos transporte e comunicações. As vias férreas são ampliadas. Em 1880, Daimler e Benz constroem automóveis artesanais na Alemanha, Dunlop aperfeiçoa o pneumático em 1888 e Henry Ford inicia a produção do seu modelo "T" em 1908. Em 1906, Santos Dumont faz a primeira experiência com o avião; 6 – Surgem novas formas de organização capitalista. As firmas de sócios solidários que tomavam parte ativa na direção dos negócios deram lugar ao chamado capitalismo financeiro; 7 – Expansão da industrialização até a Europa Central e Oriental e o Extremo Oriente. 28 Teoria Geral da Administração Professor Alessandre Silva Professor Alessandre Silva Teoria Geral da Administração Da calma produção do artesanato, onde todos se conheciam, passou-se rapidamente para regime de produção por meio de máquinas, dentro de grandes fábricas. Assim, a Revolução Industrial provocou profundas modificações na estrutura empresarial e econômica da época. Mas não chegou a influenciar os princípios de administração das empresas então utilizados. Os dirigentes de empresas trataram de cuidar como podiam ou como sabiam das demandas de uma economia em rápida expansão e tinham por modelo as organizações militares ou eclesiásticas nos séculos anteriores. E para entendermos sobre os processos administrativos dentro das organizações, surge o autor Henri Fayol. 4) FREDERICK TAYLOR E A ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA. A abordagem típica da Escola da Administração Científica é a ênfase nas tarefas. O nome Administração Científica é devido à tentativa de aplicação dos métodos da ciência aos problemas da Administração, a fim de alcançar elevada eficiência industrial. Os principais métodos científicos aplicáveis aos problemas da administração são a observação e a mensuração. A Escola da Administração Científica foi iniciada por volta de 1900 pelo engenheiro americano Frederick W. Taylor, considerado o fundador da moderna Teoria da Administração. Taylor teve inúmeros seguidores e provocou verdadeira revolução no pensamento administrativo e no mundo industrial da sua época. Sua preocupação original foi tentar eliminar o fantasma do desperdício e das perdas sofridas pelas indústrias americanas e elevar o nível de produtividade através da aplicação de métodos e técnicas da engenharia industrial. O principal objetivo da administração deve ser o máximo de prosperidade ao patrão e, ao mesmo tempo, o máximo de prosperidade ao empregado. O princípio de máxima prosperidade para o patrão acompanhada da máxima prosperidade para o empregado deve ser o fim principal da Administração, sendo desnecessário demonstrá-lo. Assim, deve haver uma identidade de interesses entre empregados e empregadores. Com a Revolução Industrial, o número de operários aumentou agressivamente. Nos Estados Unidos, de 1880 a 1920, o número de trabalhadores industriais aumentou em, aproximadamente, quatro vezes, sendo que o número 29 Teoria Geral da Administração Professor Alessandre Silva Professor Alessandre Silva Teoria Geral da Administração inicial de empregados fabris era cerca de 2.700.000, e em 1920, apresentava um número de 8.400.000 de trabalhadores. Para exemplificar esses números, a fábrica da Ford em Highland Park comprovou esse crescimento em curto espaço de tempo na tabela a seguir: Ano Número de empregados 1914 13.000 1915 19.000 1916 33.000 Com esse crescimento, houve a necessidade de se criar, desenvolver e aplicar novos métodos e procedimentos de administração e, principalmente, de produção, para que as pessoas deixassem de produzir cada um a sua maneira e a seu ritmo. Taylor se tornou importante para a administração e é considerado o pai da Administração Científica, porque observou os principais problemas do chão de fábrica e aproveitou as melhores oportunidades do momento para incentivar a alta produtividade. Foi na Midvale que Taylor observou os problemas das operações fabris: - A administração não tinha noção clara da divisão de suas responsabilidades com o trabalhador; - Não havia incentivos para melhorar o desempenho do trabalhador; - Muitos trabalhadores não cumpriam suas responsabilidades; - As decisões dos administradores baseavam-se na intuiçãoe no palpite; - Não havia integração entre os departamentos da empresa; - Os trabalhadores eram colocados em tarefas para as quais não tinham aptidão; - Os gerentes pareciam ignorar que a excelência no desempenho significaria recompensas tanto para eles próprios, quanto para a mão de obra; - Havia conflitos entre capatazes e operários a respeito da quantidade de produção. A preocupação original de Taylor foi eliminar os desperdícios e as perdas sofridas pelas indústrias americanas e elevar a produtividade por meio da aplicação de métodos, uma vez que até então, a escolha do método de trabalho era confiada ao próprio operário, que se baseava na sua experiência pessoal anterior para definir como realizaria suas tarefas. 30 Teoria Geral da Administração Professor Alessandre Silva Professor Alessandre Silva Teoria Geral da Administração O problema estava em definir um padrão diário pleno e justo para cada serviço. Taylor procurou determinar o que os trabalhadores deveriam realizar no seu trabalho com o equipamento e as matérias-primas, e isso se tornou o começo do que viria a ser chamado de administração científica, ou seja, o uso de um método científico de descoberta de fatos para determinar empiricamente as maneiras corretas de executar tarefas. A administração científica estava fundamentada na organização racional do trabalho para definir o método pelo qual o operário poderia se tornar eficiente em suas atividades. A Sociedade Americana dos Engenheiros Mecânicos, da qual Taylor foi presidente, dividiu a administração científica em três momentos: Primeira fase Segunda fase Terceira Fase Ataque ao problema dos salários Ampliação de escopo, da tarefa para a admi- nistração Consolidação dos prin- cípios Estudo sistemático do tempo Proposição de divisão de autoridade e responsabili- dades dentro da empresa Definição de tempos- padrão Definição de princípios de administração do trabalho Sistema de administração de tarefas Distinção entre técnicas e princípios 1a. FASE: Nesta fase apresentam-se problemas com salários, pois a forma como era feito o pagamento tinha efeito de fazer o trabalhador acreditar que seu esforço beneficiava apenas o patrão. Dessa forma, os trabalhadores não se empenhavam ao máximo. Assim, Taylor estudou sistematicamente o tempo de cada tarefa executada e de que maneira ela deveria ser realizada com a maior eficiência, e então, propôs ao trabalhador o pagamento por peça produzida e em troca o trabalhador teria que se comprometer a cumprir a definição do tempo-padrão estipulado para cada tarefa. Esse cumprimento seria administrado. 2a. FASE: Essa fase marca o aprimoramento dos métodos de trabalho, a ampliação e adequação do conceito de administração científica. Por isso, torna-se necessário apresentar os princípios definidos para a administração científica. 31 Teoria Geral da Administração Professor Alessandre Silva Professor Alessandre Silva Teoria Geral da Administração 3a. FASE: Essa é a fase mais representativa de Taylor para a administração, pois é a fase em que a administração científica é definida e firmada por seus objetivos: - Desenvolver uma ciência para cada elemento de trabalho, para substituir o velho método empírico. - Selecionar cientificamente e depois trinar, instruir e desenvolver o trabalhador, que, no passado escolhia seu próprio trabalho e sua própria maneira de executá-lo. - Cooperar sinceramente com os trabalhadores, de modo a garantir que o trabalho seja feito de acordo com princípios da ciência que foi desenvolvida. - Ter uma divisão quase igual entre a administração da empresa e seus trabalhadores no que diz respeito a trabalho e responsabilidade. Além de apresentar os objetivos de sua proposta, Taylor também faz distinção entre a filosofia e os mecanismos da administração científica. Expõe que os mecanismos ou técnicas são: - Estudo dos tempos e movimentos; - Padronização de ferramentas e instrumentos; - Padronização de movimentos; - Conveniência de uma área de planejamento; - Cartões de instruções; - Sistema de pagamento de acordo com o desempenho; - Cálculo de custos. Para acrescentar, Taylor destacava a eficiência como conceito auxiliar da administração cientifica e apontava que o homem era visto como homo economicus Princípios da Administração Científica Seleção e treinamento de pessoal Cooperação entre administradores e trabalhadores Salários altos e custos baixos de produção Identificação da melhor maneira de executar tarefas 32 Teoria Geral da Administração Professor Alessandre Silva Professor Alessandre Silva Teoria Geral da Administração a constante vigilância, o treinamento e incentivos financeiros eram fatores que garantiam por si só uma boa produção. A participação de Frederick W. Taylor foi intensa na história da administração, e seus estudos, princípios e propostas são utilizados em muitas organizações nos dias atuais. Ele teve reconhecimento de muitos, e por consequência, também gerou alguns seguidores de seus estudos. Destaca-se também aqui mais um estudioso dessa época, que reforçou as ideias de Taylor e as incrementou: Henry Ford. 4.1) A ADMINISTRAÇÃO COMO CIÊNCIA. Para Taylor, a organização e a Administração devem ser estudadas e tratadas cientificamente e não empiricamente. A improvisação deve ceder lugar ao planejamento e o empirismo, à ciência. Sua obra deve ser analisada, principalmente, pela importância da aplicação de uma metodologia sistemática na análise e na solução dos problemas de organização, no sentido de baixo para cima. A Administração Científica constitui uma combinação dos seguintes ingredientes: - Ciência, em lugar do empirismo; - Harmonia, em vez de discórdia; - Cooperação, não individualismo; - Rendimento máximo, em lugar de produção reduzida; - Desenvolvimento de cada homem, no sentido de alcançar maior eficiência e prosperidade. Taylor verificou que os operários aprendiam suas tarefas por meio da observação dos companheiros. Notou que isso levava a diferentes métodos para fazer a mesma tarefa e uma grande variedade de instrumentos e ferramentas diferentes em cada operação. Esses instrumentos e ferramentas devem ser aperfeiçoados por meio da análise científica e um detalhado estudo de tempos e movimentos. Essa tentativa de substituir métodos empíricos e rudimentares pelos métodos científicos recebeu o nome de Organização Racional do Trabalho (ORT). 33 Teoria Geral da Administração Professor Alessandre Silva Professor Alessandre Silva Teoria Geral da Administração 4.2) A ORGANIZAÇÃO RACIONAL DO TRABALHO (ORT). A – ESTUDOS DOS TEMPOS MODERNOS: O trabalho é executado melhor e mais economicamente por meio da análise do trabalho, isto é, da divisão e subdivisão de todos os movimentos necessários à execução de cada operação de uma tarefa metódica e pacientemente analisando a execução das tarefas de cada operário, Taylor viu a possibilidade de decompor as tarefas em uma série ordenada de movimentos simples. Os movimentos inúteis eram eliminados enquanto os movimentos úteis eram simplificados, racionalizados ou unidos com outros movimentos, para proporcionar economia de tempo e de esforço ao operário. A essa análise do trabalho seguia-se o estudo dos tempos e movimentos, ou seja, a determinação do tempo médio que um operário comum levaria para a execução da tarefa, por meio da utilização do cronômetro. Nesse tempo médio eram adicionados tempos elementares e mortos (esperas, tempos de saída do operário da linha para suas necessidadespessoais etc.), para resultar o chamado "tempo padrão". Com isso padroniza-se o método de trabalho e o tempo destinado à sua execução. B – ESTUDO DA FADIGA HUMANA: O estudo dos movimentos baseia-se na anatomia e fisiologia humana. Foram realizados estudos (estatísticos) sobre os efeitos da fadiga na produtividade do operário. O estudo dos movimentos tem três finalidades: - Eliminar movimentos inúteis na execução de uma tarefa; - Executar os movimentos úteis com a maior economia de esforço e tempo; - Dar aos movimentos uma coordenação apropriada e economia de movimentos. Em suma, a fadiga é considerada um redutor da eficiência. Para reduzir a fadiga, foi proposto princípios de economia de movimentos relativos ao uso do corpo humano, na disposição do material no local de trabalho e às ferramentas e equipamentos. C – DIVISÃO DO TRABALHO E ESPECIALIZAÇÃO DO OPERÁRIO: Uma das decorrências do estudo dos tempos e movimentos foi a divisão do trabalho e a especialização do operário a fim de elevar sua produtividade. Com isso, cada operário se especializou na execução de uma única tarefa ou de tarefas simples e elementares. 34 Teoria Geral da Administração Professor Alessandre Silva Professor Alessandre Silva Teoria Geral da Administração A linha de montagem foi sua principal base de aplicação. Essas ideias tiveram rápida aplicação na indústria americana e estenderam-se rapidamente a todos os demais países e a todos os campos de atividades. A partir daí, o operário perdeu a liberdade e a iniciativa de estabelecer a sua maneira de trabalhar e passou a ser treinado à execução automática e repetitiva, durante toda a sua jornada de trabalho. A ideia básica era de que a eficiência aumenta com a especialização: quanto mais especializado for um operário, tanto maior será a sua eficiência. D – DESENHO DE CARGOS E TAREFAS: Tarefa é toda e qualquer atividade executada por uma pessoa no seu trabalho dentro da organização. A tarefa constitui a menor unidade possível dentro da divisão do trabalho em uma organização. Cargo é o conjunto de tarefas executadas. Desenhar um cargo é especificar seu conteúdo (tarefas), os métodos de executar as tarefas e as relações com os demais cargos existentes. O desenho de cargos é a maneira pela qual um cargo é criado e projetado e combinado com outros cargos para a execução das tarefas. A simplificação no desenho dos cargos permite as seguintes vantagens: - Admissão de empregados com qualificações mínimas e salários menores, reduzindo os custos de produção; - Minimização dos custos de treinamento; - Redução de erros na execução, diminuindo os refugos e rejeições; - Facilidade de supervisão, pois cada supervisor pode controlar um número maior de subordinados; - Aumento da eficiência do trabalhador, permitindo maior produtividade. E – INCENTIVOS SALARIAIS E PRÊMIOS DE PRODUÇÃO: Uma vez analisado o trabalho, racionalizadas as tarefas e padronizado o método e o tempo para sua execução, selecionado cientificamente o operário e treinado de acordo com o método preestabelecido, necessitava-se que o empregado colaborasse com a empresa adequando-se dentro dos padrões definidos. Para isso foi desenvolvido um plano de incentivos salariais e de prêmios de produção. A ideia básica era a de que a remuneração baseada no tempo (salário mensal, diário ou por hora) não estimula ninguém a trabalhar mais e deve ser substituída por remuneração baseada na produção de cada operário (salário por 35 Teoria Geral da Administração Professor Alessandre Silva Professor Alessandre Silva Teoria Geral da Administração peça, por exemplo): o operário que produzisse pouco ganharia pouco e o que produzisse mais, ganharia na proporção de sua produção. Era necessário um estímulo salarial adicional para que os operários ultrapassassem o tempo padrão. Era necessário criar um incentivo salarial ou prêmio de produção. O tempo padrão isto é, o tempo médio necessário para o operário realizar a tarefa racionalizada-constitui o nível de eficiência equivalente a 100%. Acima de 100% de eficiência, a remuneração por peça era acrescida de um prêmio de produção ou incentivo salarial adicional que aumentava à medida que se eleva a eficiência do operário. Com o plano de incentivo salarial, se obteve um custo de produção cada vez mais reduzido e, em consequência, maior produtividade e maior rendimento. F – CONCEITO DE HOMO ECONOMICUS: Com a Administração Cientifica implantou-se o conceito de HOMO ECONOMICUS, isto é, do homem econômico. De acordo com esse conceito, toda pessoa é influenciada exclusivamente por recompensas salariais, econômicas e materiais. Assim, o homem procura o trabalho não porque gosta dele, mas como um meio de ganhar a vida. O homem é motivado a trabalhar pelo medo da fome e pela necessidade de dinheiro para viver. Essa visão da natureza humana - o homem econômico - não se limitava a ver o homem como um empregado por dinheiro. Pior ainda: via no operário da época, uns indivíduos limitados e mesquinhos, preguiçosos e culpados pela vadiagem e desperdício das empresas e que deveria ser controlado por meio do trabalho racionalizado e do tempo padrão. G – CONDIÇÕES DE TRABALHO: Taylor e seus seguidores verificaram que a eficiência depende não somente do método de trabalho e do incentivo salarial, mas também de um conjunto de condições de trabalho que garantam o bem-estar físico do trabalhador e diminuam a fadiga. As principais condições de trabalho são: - Adequação de instrumentos e ferramentas de trabalho e de equipamentos de produção para minimizar o esforço do operador e a perda de tempo na execução da tarefa; - Arranjo físico das máquinas e equipamentos para racionalizar o fluxo da produção; - Melhoria do ambiente físico de trabalho de maneira que o ruído, a ventilação, a iluminação e o conforto no trabalho não reduzam a eficiência do trabalhador; 36 Teoria Geral da Administração Professor Alessandre Silva Professor Alessandre Silva Teoria Geral da Administração - Projeto de instrumentos e equipamentos especiais, como transportadores, seguidores, contadores e utensílios para reduzir movimentos desnecessários. Com a Administração Cientifica, as condições de trabalho passam a constituir elementos importantes no aumento da eficiência. O conforto do operário e a melhoria do ambiente físico (iluminação, ventilação, ruído, aspectos visuais da fábrica etc.) passam a ser valorizados, não porque as pessoas o merecessem, mas porque eram essenciais para a obtenção da eficiência trabalhadora. H – PADRONIZAÇÃO: Organização Racional do Trabalho se preocupou com os planos de incentivos salariais. Preocupou-se também com a padronização dos métodos e processos de trabalho, com a padronização das máquinas e equipamentos, ferramentas e instrumentos de trabalho, matérias-primas e componentes, a fim de reduzir a variabilidade e a diversidade no processo produtivo e assim, eliminar o desperdício e aumentar a eficiência. Padronização é a aplicação de normas e padrões em uma organização para obter uniformidade e redução de custos. A padronização passa a ser vital para a Administração Cientifica na melhoria da eficiência. I – SUPERVISÃO FUNCIONAL: Para Taylor, a característica mais marcante da administração funcional consiste no fato de que cada operário, em lugar de se colocar em contato direto com a administração num único ponto, isto é, por intermédio de seu chefe de turma, recebe orientação e ordens diárias de oito encarregados diferentes, cada um dos quais desempenhando sua própria função particular. A especialização do operário deve ser acompanhada da especialização do supervisor enão de uma centralização da autoridade. A supervisão funcional representa a aplicação da divisão do trabalho e da especialização no nível dos supervisores e chefes. Essa concepção trouxe muitas críticas, pois se argumenta que um operário não pode subordinar-se a dois ou mais chefes. Para Taylor, a gerência deve seguir quatro funções, a saber: PLANEJAMENTO: Substituir a improvisação pela ciência, por meio do planejamento do método; PREPARO: Selecionar cientificamente os trabalhadores de acordo com suas aptidões e prepará-los e treiná-los para produzirem mais e melhor. Preparar também máquinas e equipamentos através do arranjo físico e disposição racional das ferramentas e materiais; 37 Teoria Geral da Administração Professor Alessandre Silva Professor Alessandre Silva Teoria Geral da Administração CONTROLE: Controlar o trabalho para se certificar de que está sendo executado conforme o previsto; EXECUÇÃO: Distribuir as atribuições e responsabilidades, para que a execução do trabalho seja feita pelos operários. Diferença entre Administração e Organização. Ainda que reconhecendo o emprego da palavra Administração como sinônimo de organização, Fayol faz uma distinção entre ambas às palavras. Para ele, Administração é um todo do qual a organização é uma das partes. O conceito amplo e abrangente de Administração, como um conjunto de processos entrosados e unificados - engloba aspectos que a organização por si só não envolve, tais como os da previsão, comando e controle. A organização abrange somente o estabelecimento da estrutura e da forma, sendo, portanto, estática e limitada. 5) PRINCÍPIOS BÁSICOS DE HENRY FORD. Henry Ford (1863-1947) iniciou sua vida como mecânico, chegando a engenheiro-chefe de uma fábrica. Idealizou e projetou um modelo de carro e fundou, em 1903, a Ford Motor Co. Sua ideia era fabricar carros, antes artesanais e destinados a poucos milionários a preços populares dentro de um plano de vendas e assistência técnica. Revolucionou a estratégia comercial da época. Talvez o mais conhecido de todos os precursores da moderna Administração, Henry Ford (1863-1947), fez uma das maiores fortunas do mundo graças ao constante aperfeiçoamento de seus métodos, processos e produtos. Ford adotou três princípios básicos: A – PRINCÍPIO DE INTENSIFICAÇÃO: Consiste em diminuir o tempo de produção com o emprego imediato dos equipamentos e da matéria-prima e a rápida colocação do produto no mercado. B – PRINCÍPIO DA ECONOMICIDADE: Consiste em reduzir ao mínimo o volume do estoque da matéria-prima em transformação. A velocidade da produção deve ser rápida. 38 Teoria Geral da Administração Professor Alessandre Silva Professor Alessandre Silva Teoria Geral da Administração C – PRINCÍPIO DA PRODUTIVIDADE: Consiste em aumentar a capacidade de produção do homem no mesmo período (produtividade) através da especialização e da linha de montagem. O esquema se caracteriza pela aceleração da produção por meio de um trabalho ritmado, coordenado e econômico. Entre 1905 e 1910 Ford promoveu a grande inovação do século XX: A produção em massa. Embora não tenha inventado o automóvel e nem mesmo a linha de montagem, Ford inovou na organização do trabalho: a produção de maior número de produtos acabados com a maior garantia de qualidade e pelo menor custo possível. Em 1913 já fabricava 800 carros por dia. Em 1914, repartiu com seus empregados uma parte do controle acionário da empresa. Estabeleceu o salário mínimo de cinco dólares por dia e jornada diária de oito horas, quando na época, a jornada variava entre dez e doze horas. Utilizou um sistema de concentração vertical, produzindo desde a matéria-prima inicial ao produto final acabado. Por meio da racionalização da produção, idealizou a linha de montagem, que permitiu a produção em série. O produto é padronizado, em seu material, mão de obra, maquinário, a um mínimo de custo possível. As condições precedentes, necessárias e suficientes é a capacidade de consumo em massa, seja real ou potencial. Dai os preços baixos: um carro por 500 dólares. 5.1) HENRY FORD E A PRODUÇÃO EM MASSA. A produção em massa se baseia na simplicidade. Três aspectos suportavam o sistema: - A progressão do produto através do processo produtivo é planejada, ordenada e contínua. Não há interrupções; - O trabalho é entregue ao trabalhador em vez de obrigá-lo a ir buscá-lo; - As operações são analisadas em todos os seus elementos. A produção em massa é associada a Ford por ter sido desenvolvida principalmente por ele. Com a produção em massa, ou seja, fabricação de produtos não diferenciados em grande quantidade, Ford elevou ao mais alto grau os dois princípios relacionados a ela: peças padronizadas e trabalhador especializado, conforme mostra a ilustração abaixo. 39 Teoria Geral da Administração Professor Alessandre Silva Professor Alessandre Silva Teoria Geral da Administração Ford introduziu o modelo de linha de montagem, e a primeira providência que ele tomou para tornar esse processo mais eficiente foi entregar as peças em cada posto para que os trabalhadores não precisassem ficar saindo, ele reduziu a função do montador em uma única função. Logo em seguida, criou-se a linha de montagem móvel, na qual o produto em processo deslocava-se ao longo de um percurso, enquanto os operadores ficavam parados. O Fordismo é um dos elementos que contribuem para o acervo de conhecimentos da história inicial da administração, em uma época onde o trabalho era baseado na produção em massa nas chamadas esteiras, sendo essa uma fase marcante para sociedade, pois ele colocou carros a preços baixos fazendo com que mais pessoas pudessem ter um carro, mas ele salientava que alguém poderia ter um carro a preço baixo desde que esse fosse o Ford de cor preta. Foi à possibilidade de se ter acesso a carros para classes medianas. Um exemplo desse tipo de carro colocado no mercado é o modelo de carro Ford T. Princípios da produção em massa - máquinas especializadas; - sistema universal de fabricação e calibragem; - controle de qualidade; - simplificação das peças; - simplificação do processo produtivo. - única tarefa ou pequeno número de tarefas; - posição fixa dentro de uma sequência de tarefas; - o trabalho vem até o trabalhador; - as peças e máquinas ficam no posto de trabalho. Peças padronizadas Trabalhador especializado 40 Teoria Geral da Administração Professor Alessandre Silva Professor Alessandre Silva Teoria Geral da Administração As vantagens competitivas do modelo de produção da Ford impulsionaram a empresa para a primeira posição na indústria automobilística mundial da época. Entretanto, se hoje você observar uma fábrica qualquer, de grande porte, em qualquer lugar do mundo, você pode constatar que Taylor e Ford se sentiriam à vontade, pois as fábricas funcionam colocando as propostas de ambos em prática. Como Taylor e Ford marcaram a história da administração e se tornaram modelo para as grandes organizações na década de 20? Veja o quadro a seguir: Taylor Ford - ênfase na eficiência do processo produtivo; - ênfase na economia de recursos. - linha de montagem móvel; - especialização do trabalhador; - sistema produtivo administrado de forma sistêmica; - verticalização (controle de todos os fornecimentos); - um produto para todos. 6) PRINCÍPIOS DA EFICIÊNCIA DE HARRINGTON EMERSON. Harrington Emerson (1853-1931), um dos principais auxiliares de Taylor, foi o homem que popularizou a Administração Científica e
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