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WBA0329_v1.0 TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE MANUTENÇÃO APRENDIZAGEM EM FOCO 2 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Autoria: Cassio Rodolfo Aveiro da Silva Leitura crítica: Yane Lobo A manutenção ao longo dos anos tornou-se de extrema importância para o crescimento e desempenho de inúmeras organizações por todo o mundo. É preciso aprender mais sobre essa temática como forma de se manter atualizado frente às evoluções empresariais. Esta disciplina de Técnicas e procedimentos de manutenção trará a você os conhecimentos e ferramentas necessários ao desenvolvimento da manutenção, seja no ambiente empresarial, industrial ou mesmo na área acadêmica no desenvolvimento de novas pesquisas frente às atividades mantenedoras. Ao longo do desenvolvimento desta disciplina você verá, entre outros pontos, como a manutenção evoluiu e se adaptou às necessidades empresariais, sempre mantendo o foco no tratamento de falhas, mas também com olhos voltados à análise de custos, tempos e processos. Fatos que levaram ao surgimento de uma específica engenharia de manutenção nas organizações. Verá também as peculiaridades, vantagens, desvantagens e segredos por traz da manutenção e que, de fato, trabalhar e estar envolvido com atividades de manutenção não é um “bicho de sete cabeças”. Terá a oportunidade de adquirir conhecimento sobre um dos métodos mais utilizados no mundo inteiro, a Manutenção Produtiva Total (TPM), a qual você será apresentado e descobrirá o passo a passo para implementar esta concepção na prática. A TPM 3 é amplamente desenvolvida em treinamentos de colaboradores das maiores e mais importantes empresas. Você, ao final, proverá de competências e habilidades técnicas para implementação; planejamento, controle e programação de concepções de manutenção, além da capacidade de avaliar o que está sendo desenvolvido, se está de acordo ou não, bem como ser eficaz na busca por soluções para superar os obstáculos dentro da manutenção. INTRODUÇÃO Olá, aluno (a)! A Aprendizagem em Foco visa destacar, de maneira direta e assertiva, os principais conceitos inerentes à temática abordada na disciplina. Além disso, também pretende provocar reflexões que estimulem a aplicação da teoria na prática profissional. Vem conosco! TEMA 1 Evolução, conceitos e gestão da manutenção ______________________________________________________________ Autoria: Cassio Rodolfo Aveiro da Silva Leitura crítica: Yane Lobo 5 DIRETO AO PONTO Muitas vezes a atividade de manutenção não tem o papel de destaque que merecia, algo injusto, pois ela vem acompanhando e evoluindo junto com a sociedade desde o século XVI, tanto que pode ser dividida em quatro gerações (KARDEC; NASCIF, 2009). A Figura 1 a seguir mostra cada uma destas fases e suas características fundamentais. Figura 1 - Linha do tempo da evolução da manutenção Fonte: adaptada de Kardec e Nascif (2009). Claramente se observa que em cada geração surgiu um tipo de manutenção. Inicialmente a corretiva caracterizada pelo reparo após a quebra; a preventiva pela qual são estabelecidos intervalos de tempo para trocas de componentes; a preditiva que promove o acompanhamento da condição operacional dos equipamentos; e a detectiva, responsável por garantir os sistemas de proteção das máquinas e instalações (GREGÓRIO, 2018). 6 De acordo com Kardec e Nascif (2009) essa evolução deu ênfase à Gestão de Manutenção. A manutenção tornou-se estratégica e indicadores (benchmarks) de desempenho passaram a se tonar importantes como forma de comparação em relação às empresas de excelência. Para alcançar bons resultados é necessário promover “melhores práticas”. Destas muitas, as que mais se destacam são a preocupação com o meio ambiente, segurança e treinamento da equipe de manutenção, como forma de mantê-la sempre atualizada (reflexos dos efeitos da quarta geração), além, é claro, de adotar programas de manutenção já reconhecidos por sua eficiência, como a Manutenção Produtiva Total (TPM) (você apreenderá sobre ela em um momento posterior). No cotidiano de indústrias e de grande parte das empresas, tornou-se inadmissível que uma máquina ou processo tenha que parar de forma totalmente não prevista. Logo, a função estratégica da gestão da manutenção, em vias gerais, é hoje, focar em evitar as falhas ao invés de repará-las, por meio da busca contínua por um aumento na disponibilidade e confiabilidade dos equipamentos aliado à redução de custo. As ações estratégicas da manutenção tornam a empresa mais competitiva, uma vez que a produtividade aumenta (KARDEC; NASCIF, 2009). Outro ponto de destaque atual e que preocupa o setor de manutenção é o “excesso de demanda”, que não ocorre porque há muitos clientes solicitando os produtos, mas sim, por erros no processo de produção. Como estratégia para superar esta situação, Kardec e Nascif (2009) sugerem focar em ações que irão reduzir tal demanda, baseados na melhoria da qualidade de manutenção e operação, e na redução dos problemas crônicos e tecnológicos, bem como da ocorrência de serviços desnecessários. Assim, a produção se manterá atualizada, focada, evitando retrabalhos e promovendo maior disponibilidade e confiabilidade a um custo menor. 7 A manutenção por si só não é suficiente para melhorar os benchmarks de sua empresa. Para que uma gestão de manutenção seja bem-sucedida é importante que haja uma união entre os setores de manutenção, operação e engenharia, além, é claro, dos setores de apoio. Neste momento de reflexão, Gregório (2018) traz como solução de integração a Engenharia de Manutenção. Além de contribuir para uma união de setores, ela também contribuiu para a redução do excesso de demanda, uma vez que no início da criação de um novo projeto (e durante também) são analisadas falhas ou defeitos que possam vir a ocorrer, adaptando o desenvolvimento do projeto a fim de evitá-los. A vida dos gestores de manutenção não é fácil, pois todas as ações estratégicas de nada valerão se a equipe de trabalho não estiver unida como um time. Kardec e Nascif (2009) evidenciam que, na prática, o setor de manutenção comumente não apresenta um laço de união com seu cliente, que é o setor de operação. Ambos, ao invés de se ajudarem, têm a tendência de “apontar” o erro um do outro. Como forma de contornar esta situação e de fato criar um time, Gregório (2018), assim como Kardec e Nascif (2009), acreditam que é necessário ter educação por meio de treinamentos e exposição da equipe à realidade e dinâmica de empresas de excelência, e organização das equipes de tal forma que sejam mistas com pessoas de diferentes setores, criando uma união multifuncional. O conhecimento sobre estruturas organizacionais pode auxiliar muito nessa ação. Muitas vezes essa tarefa não é fácil e muitas organizações adotam como medida estratégica terceirizar os serviços de manutenção. O problema desta ação, segundo Kardec e Nascif (2009), está no fato de que a empresa terceirizada contratada “por serviços” não terá o interesse de aumentar a Disponibilidade e Confiabilidade dos equipamentos ou processos da contratante, pois estaria se dando um “tiro no pé”. Como consequência, perde-se o objetivo de 8 se evitar falhas e passa-se a focar apenas em melhorar a forma de correção destas, retrocedendo as características da manutenção. Para que tal estratégica funcione e ambos os lados ganhem, é preciso que haja um contrato “por resultados”. Referências bibliográficas GREGÓRIO, G. F. P. Engenharia de manutenção. Porto Alegre: SAGAH, 2018. KARDEC, A.; NASCIF, J. Manutenção: função estratégica. 3. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2009. PARA SABER MAIS Como apresentado anteriormente, a evolução da manutenção passou por quatro grandes gerações. Contudo, você verá que, hoje, há um novo conceito referente à atividade de manutenção, considerado por muitos autores e especialistas como a 5ª Geração. Para Gregório (2018), esta geração que compreende os anos de 2010 atéo presente momento, é marcada essencialmente pela otimização dos ciclos de vida dos equipamentos; melhorias contínuas visando a excelência em manutenção; gerenciamento de ativos (produtividade, custo e qualidade) e pela amplamente comentada nos dias atuais, a indústria 4.0. Trata-se de uma era da tecnologia, na qual, além do aprimoramento da manutenção preditiva, tem-se um foco voltado para o controle e automação de processos como forma de promover uma manutenção detectiva mais eficiente e eficaz. Empresas e clientes se interagem graças a 9 algoritmos de relacionamentos comerciais, elevando as exigências e os padrões de qualidade. Toda a produção passa a ser monitorada de forma digital e remota. A Engenharia de Manutenção consegue realizar um acompanhamento mais dinâmico das condições operacionais dos equipamentos e as ações estratégicas da gestão da manutenção tornam-se mais propícias de serem executadas, mas não mais fáceis (GREGÓRIO, 2018). Mas, além de tudo o que foi exposto sobre a gestão estratégica da manutenção, Kardec e Nascif (2009) apresentam algumas tarefas a serem consideradas, uma vez que cada organização tem suas peculiaridades e culturas: • Adoção de um sistema orçamentário para a manutenção. • Procurar aplicar métodos de manutenção com os equipamentos ou sistema ainda em operação. • Desativar ou mesmo eliminar programas, equipamentos ou ações estratégicas obsoletas com o objetivo de reduzir custos da produção. • Identificar e evitar acionar maquinário fora de suas condições de projeto, para que o ciclo de vida deste não seja reduzido. • Aumentar o tempo de atuação de auditorias e inspeções nos equipamentos como forma de evitar falhas não previstas. • Reavaliar de forma contínua a taxa de falhas em equipamentos e, se for o caso, a possibilidade da troca deste dentro de uma relação custo versus benefício coerente. 10 Lorem ipsum dolor sit amet Autoria: Nome do autor da disciplina Leitura crítica: Nome do autor da disciplina • Buscar aprimorar o monitoramento de parâmetros preditivos com o intuito de aumentar os limites máximos de operação sem reduzir a confiabilidade do equipamento. Referências bibliográficas GREGÓRIO, G. F. P. Engenharia de manutenção. Porto Alegre: SAGAH, 2018. KARDEC, A.; NASCIF, J. Manutenção: função estratégica. 3. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2009. TEORIA EM PRÁTICA A gestão da manutenção claramente não constitui uma tarefa fácil e requer a interação e integração de diversos setores como o objetivo de aumentar a produtividade. Você, no papel de um gestor da manutenção, se depara com a seguinte situação genérica, mas muito recorrente na indústria: na linha de produção da empresa há uma máquina considerada desatualizada e que apresenta uma taxa de falhas significante. Esta mesma máquina, contudo, apresenta um nível operacional muito bom, ou seja, ela mantém níveis altos de produção e não é um gargalo nesta. A equipe operacional acredita que a substituição deste maquinário é totalmente desnecessária, mas a equipe de manutenção pensa o contrário. Com base no que aprendeu sobre gestão da manutenção, como você agiria para resolver esta situação de forma estratégica? 11 Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. LEITURA FUNDAMENTAL Indicação 1 Este artigo tem como objetivo apresentar e refletir sobre as relações a serem estabelecidas entre a gestão da manutenção e a engenharia de produção, bem como os desafios a serem superados na busca de qualidade e produtividade. Para realizar a leitura, acesse a plataforma EBSCOhost na Biblioteca Virtual da Kroton e busque pelo título da obra. BELHOT, R. V.; CAMPOS, F. C. Relações entre manutenção e engenharia de produção: uma reflexão. Prod. [online], v. 5, n. 2, p. 125-134, 1995. ISSN 0103-6513. Indicação 2 Este próximo artigo tem como objetivo mostrar a você a implementação de ações estratégicas de manutenção aliada à operação em sistemas de ar condicionado, baseadas na preocupação da segurança de pessoas e requisitos sanitários e ambientais, ou seja, uma prática real que vem de encontro com tudo o que foi apresentado sobre Gestão da Manutenção. Indicações de leitura 12 Para realizar a leitura, acesse a plataforma EBSCOhost na Biblioteca Virtual da Kroton e busque pelo título da obra. REBELATTO, P. H. et al. Implementação do plano de manutenção, operação e controle em sistemas de climatização em empresa produtora de placas de madeira. Engevista, v. 21, n. 2, 2019. ISSN 1415-7314. QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. O conceito moderno de manutenção pode ser expresso por qual das seguintes afirmações? a. A manutenção tem como objetivo corrigir adequadamente um equipamento após sua falha. b. A atividade de manutenção visa reestabelecer ou manter as condições operacionais de um equipamento ou sistema. c. A manutenção moderna. 13 d. A manutenção tem o objetivo de promover uma ação reparatória rápida e eficiente, a fim de aumentar a disponibilidade. e. A manutenção visa garantir a confiabilidade e disponibilidade dos equipamentos com segurança, preservação do meio ambiente ao menor custo. 2. Com relação ao trabalho em equipe na Gestão da Manutenção, qual das afirmações a seguir está correta? a. A manutenção, operação e engenharia devem trabalhar de forma paralela e individual, a fim de reduzir os conflitos. b. A engenharia de manutenção tem como objetivo separar os setores de manutenção e operação como forma de reduzir as interferências e paradas nos processos de produção. c. O trabalho em equipe é ponto crítico e deve ser baseado na união dos setores de manutenção, operação e engenharia, formando times mistos de trabalho. d. Deve-se evitar expor a equipe à realidade de empresas de excelência, para que a equipe não se sinta menosprezada nem afete o trabalho executado po ela. e. Cada setor deve manter uma relação restrita entre si, cabendo apenas à Engenharia de Manutenção realizar o intermédio entre estes. 14 GABARITO Questão 1 - Resposta E Resolução: Embora a alternativa “b” seja tentadora para ser a correta, trata-se de uma definição antiga e obsoleta. O conceito moderno de manutenção é objetivado pela alternativa “e”, em que meio ambiente e segurança aparecem como importantes juntos à diminuição dos custos e aumento da produtividade por meio da disponibilidade e confiabilidade aumentados. Questão 2 - Resposta C Resolução: O trabalho em equipe é realmente o fator mais importante, pois de nada adiantar estabelecer estratégias excelentes se não forem executadas pelas equipes de trabalho, que por sua vez devem ser mistas e multifuncionais. TEMA 2 Planejamento, organização e métodos de manutenção ______________________________________________________________ Autoria: Cassio Rodolfo Aveiro da Silva Leitura crítica: Yane Lobo 16 DIRETO AO PONTO A manutenção, como todas as atividades comerciais de uma empresa, não pode ser executada de qualquer forma. É necessário que haja um planejamento (SOUZA, 2008). Planejamento, de acordo com Chiavenato (2005), é uma atividade destinada a estabelecer metas e prever ações com o intuito de alcançar objetivos no futuro. É constituído por um conjunto de planos estratégicos e operacionais. Tais objetivos no âmbito da manutenção estão relacionados aos clientes internos, ou seja, a operação, por exemplo, é um cliente da manutenção, e esta, por sua vez, deve providenciar como produto a disponibilidade econfiabilidade dos equipamentos. O planejamento adequado gera um aumento de desempenho (SOUZA, 2008). No entanto, para se implementar um planejamento adequado é necessário pensar sistematicamente. Isto posto, a organização da manutenção é uma excelente estratégia. A subordinação, forma de atuação e a estruturação da manutenção constituem formas de organização (CHIAVENATO, 2005). A subordinação da manutenção atualmente está enraizada no nível gerencial, no qual os demais setores tonam-se subordinados a ele. Já com relação às formas de atuação, a organização, de acordo com Souza (2008), pode ser implementada de forma centralizada (equipes menores), descentralizada ou mista. 17 Gráfico 1 – Formas de atuação da manutenção ao decorrer dos anos no Brasil Fonte: adaptado de Souza (2008). De acordo com Souza (2008), como apresentado no Gráfico 1, está havendo um aumento crescente da forma de atuação mista no cenário nacional, mas sem extinguir as demais formas, as quais tiveram reduções significativas. Já com relação às estruturas organizacionais, também há a possibilidade de três tipos: estrutura em linha (uma única unidade é responsável pela manutenção); estrutura matricial (há uma equipe de manutenção específica para cada unidade); e a mista (união das duas e claramente mais recomendada por sua adaptabilidade) (CHIAVENATO, 2005). Esse planejamento e organização permite um maior controle das atividades de manutenção. Com base nisso, na década de 1990 surgiu o PCM – Planejamento e Controle da Manutenção. De acordo com Souza (2008), em suma, o PCM tem a função de planejar, programar e controlar as atividades da manutenção com 18 o propósito de aumentar a produtividade, em especial, por meio da disponibilidade do equipamento. O que você deve compreender e assimilar, como exposto por Souza (2008), é o que de fato o PCM realiza em cada uma de suas funções essenciais: • Planejamento – de prazos, das tarefas necessárias; das ferramentas específicas; da sequência de ação; da disponibilidade do equipamento; e, das responsabilidades dos mantenedores. • Programação – da reserva de ferramentas; dos horários e datas; da presença dos supervisores durante a atividade; e, da produção antes, durante e depois. • Controle – do acompanhamento e desempenho das atividades; da eficiência e produtividade da manutenção; do registro das informações técnicas e de custos; e de equipamentos obsoletos. Para que o PCM cumpra satisfatoriamente suas funções, são necessários métodos e concepções que auxiliem nas implementações de ações de manutenção. De acordo com Souza (2008), há várias opções a serem utilizadas, das quais se destacam a Manutenção Centrada em Confiabilidade (MCC), Manutenção Centrada no Risco (MCR) e a Manutenção Produtiva Total (TPM). Em função da sua grande importância e eficiência, a TPM será estudada de forma mais profunda posteriormente. A Manutenção Centrada em Confiabilidade visa preservar a funcionalidade do equipamento, identificando seus modos de falha e priorizando a ação de atividades específicas de manutenção sobre aquelas com maiores consequências. Ou seja, 19 o foco desta metodologia é gerar confiabilidade por meio do estudo das falhas e das formas de preveni-las (SOUZA, 2008). A Manutenção Centrada no Risco, de certa forma, também está associada à análise de falha, mas com foco no risco potencial que esta pode causar no equipamento. De acordo com Souza (2008), a manutenção fica centrada em identificar o cenário causador de falhas, a frequência em que a falha de risco ocorre e suas consequências, estabelecendo limites de risco toleráveis analisados durante a execução da manutenção preventiva. Além das falhas, outra “pedra no caminho” da manutenção são os custos. Devem ser utilizados indicadores para controle de custos: diretos (referentes à manutenção), de perda (impróprios da manutenção) e indiretos (gerenciamento e administração) (SOUZA, 2008). Referências bibliográficas CHIAVENATO, I. Administração de produção: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. SOUZA, J. B. Alinhamento das estratégias do planejamento e controle da manutenção (PCM) com as finalidades e funções do planejamento e controle da produção (PCP): uma abordagem analítica. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção). Universidade Federal Tecnológica do Paraná, UTFPR, Ponta Grossa, 2008. Disponível em: http:// repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/3625. Acesso em: 19 out. 2020. 20 PARA SABER MAIS Uma curiosidade a respeito do planejamento da manutenção é que o mercado ocidental possuía uma visão de máximo retorno financeiro: vender mais e de forma mais rápida. Esta prática favorecia a aplicação da manutenção corretiva. O mercado oriental, em contrapartida, possuía consumidores que exigiam qualidade em serviços e produtos. Esta exigência obrigou, de certa forma, que a qualidade se tornasse parte do planejamento de empresa ocidentais. Uma forma de se manterem competitivas. Uma das soluções foi promover diagnósticos de falhas em equipamentos, diretamente relacionados aos indicadores qualitativos. Consequentemente, houve a necessidade de se prever a ocorrência de falhas, surgindo assim a manutenção preventiva e posteriormente a Engenharia de Manutenção composta pela equipe de estudos de falhas crônicas e a equipe de PCM (SOUZA, 2008). Outra curiosidade é relacionada aos métodos e concepções da manutenção. De acordo com Rosa (2006), há uma concepção de manutenção denominada Tero-tecnologia. Desenvolvida em 1976, ela tem como objetivo integrar a gestão de manutenção e operação com a gestão financeira. Tornou-se, posteriormente, a base de um novo método: Manutenção Centrada no Negócio, pelo qual as decisões e planejamentos da manutenção são norteados pelos fatores de custos. Rosa (2006) apresenta uma forma gráfica (Figura 1) que possibilita entender e planejar o alcance de um ponto ótimo em relação aos custos. A Figura 1 apresenta uma relação na qual, conforme aumenta-se o nível de atuação da manutenção, passam a ser menores os custos 21 totais e referentes à falha. No entanto, chega-se a um ponto em que os custos com manutenção se tornam demasiados em relação à produção, fazendo com que o custo total volte a subir. Este ponto de inflexão é considerado como ponto ótimo e deve ser buscado sempre (SOUZA, 2008). Figura 1 – Custos em relação às atividades de manutenção Fonte: adaptado de Souza (2008). Referências bibliográficas ROSA, E. B. Indicadores de desempenho e sistema ABC: o uso de indicadores para uma gestão eficaz do custeio e das atividades de manutenção. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção). Escola Politécnica Universidade de São Paulo, 2006. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3136/tde-05092006- 124335/publico/EurycibiadesBarraRosa.pdf. Acesso em: 19 out. 2020. 22 SOUZA, J. B. Alinhamento das Estratégias do planejamento e controle da manutenção (PCM) com as finalidades e funções do planejamento e controle da produção (PCP): uma abordagem analítica. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção). Universidade Federal Tecnológica do Paraná, UTFPR, Ponta Grossa, 2008. Disponível em: http:// repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/3625. Acesso em: 19 out. 2020. TEORIA EM PRÁTICA Fazendo parte da equipe de PCM, chega até você a seguinte situação: o rolo de uma prensa possui um rolamento que de acordo com as ações preventivas deve ser trocado daqui no máximo 15 (quinze) dias. O novo rolamento estará disponível apenas daqui a dois dias. Além disso, a produção passará a produzir um modelo maior do produto a ser fabricado, exigindo uma parada daqui a três dias para troca das matrizes da prensa. Os supervisores estão em visitas nas filiais da empresa e retornam em nove dias. O tempo para troca do rolamento é de duas horas e os mantenedoresestarão à disposição sempre no período da manhã. Com base em todas essas informações, como você hipoteticamente planejaria e programaria essa manutenção? Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. 23 LEITURA FUNDAMENTAL Indicação 1 Este artigo teve como objetivo compreender os desafios para promover um planejamento, organização e otimização da manutenção preventiva em sistemas complexos de forma economicamente. É apresentada a criação de um método de apoio às tomadas de decisão. Para realizar a leitura, acesse a plataforma EBSCOhost na Biblioteca Virtual da Kroton e busque pelo título da obra. ROCHA, D. X.; MAYERLE, S. F. Otimização do planejamento da manutenção preventiva em sistemas complexos, com foco na cadeia de suprimento. OpenAIRE, Florianópolis, 2002. Indicação 2 O seguinte artigo é recomendado a fim de mostrar que as ações de planejamento e controle de manutenção e produção não estão exclusivamente atreladas apenas no setor industrial. O ramo de construção civil também faz uso dos conceitos apresentado nesta temática. Para realizar a leitura, acesse a plataforma EBSCOhost na Biblioteca Virtual da Kroton e busque pelo título da obra. SOARES, A. C.; FORMOSO, C. T. Diretrizes para a manutenção e o aperfeiçoamento do processo de planejamento e controle da produção. OpenAIRE, Rio Grande do Sul, 2003. Indicações de leitura 24 QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. A manutenção, para ser eficiente, necessita de uma organização adequada. Com relação a isso, qual das alternativas abaixo corresponde à correta organização conforme as formas de atuação? a. Formas de atuação podem ser globalizada, localizada ou mista. b. Formas de atuação podem ser hierárquicas, centralizada e subordinada. c. A forma de atuação descentralizada é a mais adaptável a qualquer empresa. d. Centralizada, descentralizada e mista são formas de atuação. e. Apenas a forma de atuação centralizada é passível de ser utilizada. 2. O Planejamento e Controle da Manutenção (PCM) tem papel fundamental em conjunto com as equipes de 25 estudo de falhas, para aumentar a produtividade de uma empresa. Qual das alternativas abaixo corresponde às funções essenciais do PCM? a. Planejar, Executar e Revisar. b. Controlar, Verificar e Otimizar. c. Planejar, Programar e Controlar. d. Programar, Executar e Planejar. e. Programar, Controlar e Otimizar. GABARITO Questão 1 - Resposta D Resolução: Referente organização, conforme foi estudado, as formas de atuação abrangem a centralizada, descentralizada e mista, sendo esta última a mais adaptável às peculiaridades de cada empresa. Hierarquia e subordinação são outras características da organização. Questão 2 - Resposta C Resolução: Compreendem como funções essenciais o Planejamento, Programação e Controle, com o propósito de aumentar a produtividade por meio da disponibilidade do equipamento. TEMA 3 Ferramentas e indicadores de manutenção (KPIs) ______________________________________________________________ Autoria: Cassio Rodolfo Aveiro da Silva Leitura crítica: Yane Lobo 27 DIRETO AO PONTO Para alcançar os níveis de “classe mundial”, muitas empresas por meio de benchmarking focam em melhorar consubstancialmente seu desempenho. Mas como saber se elas estão progredindo ou não? Como solução desta questão, as empresas se utilizam de indicadores (benchmarks) que permitem saber se elas estão sendo assertivas ou se há desvios nas metas traçadas (NASCIF; DORIGO, 2010). Não só indicadores, mas inúmeras ferramentas estão disponíveis para auxiliar as empresas, em especial o setor de manutenção. O ciclo PDCA é uma delas. Se executado de forma correta, esta ferramenta permite um processo de melhoria contínua, pois planejam-se as ações, executam-nas, verificam-se o cumprimento das tarefas e agem-se para corrigir e refletir sobre como otimizar o próximo “looping” deste ciclo (KARDEC; NASCIF, 2009). E como forma de integrar e implementar ferramentas e indicadores, estão os CMMS (Sistemas de Gerenciamento da Manutenção por Computador). Estes permitem que os dados referentes aos valores dos indicadores de desempenho possam chegar em todos os níveis da manutenção e seus respectivos funcionários (NASCIF; DORIGO, 2010). Algo que você deve compreender em relação aos indicadores de desempenho é que estes se apresentam das mais variadas formas e com objetivos semelhantes em alguns casos ou completamente distintos entre si. Além disso, um mesmo indicador pode ser utilizado para acompanhar mais de uma situação. Portanto, é fundamental ter o discernimento com base nas peculiaridades da empresa, saber quais os indicadores importantes a serem 28 utilizados; se estes são passíveis de serem aplicados; e, quando e como será feita a aquisição dos dados (NASCIF; DORIGO, 2010). Há indicadores fundamentais, de acordo com Kardec e Nascif (2009) e Nascif e Dorigo (2010), com foco em avaliar o objetivo principal da manutenção, que é o aumento da disponibilidade e confiabilidade. Estes indicadores são comumente chamados de KPIs (Key Performance Indicators – Indicadores-Chave de Desempenho), presentes em praticamente todas as empresas. Os principais são: Tempo Médio Entre Falhas: Somatório dos tempos de bom funcionamentoTMEF ou MTBF = Número de intervalos observados (1) Tempo Médio Para Reparo: Somatório dos tempos de reparoTMPR ou MTTR = Número de intervenções observadas (2) Disponibilidade: TMEFDisp = x 100(%) TMEF + TMPR (3) Confiabilidade: Nº de falhas repetidasConf = x 100(%) Total de falhas em equipamentos (4) Uma ferramenta de grande importância e que se associa muito bem aos KPIs é a Análise do Modo e Efeito de Falha (FMEA). Como forma de ir direto ao que interessa, que é compreender como utilizar esta ferramenta, será apresentado a você a seguinte situação-exemplo (KARDEC e NASCIF, 2009): um tanque misturador de produtos corrosivos é composto por um motor elétrico, eixo giratório, pás e mancais externos. Ao aplicar a FMEA neste equipamento, busca-se encontrar a causa que gerou o 29 problema e, de forma preventiva, como evitar sua recorrência. Logo, os procedimentos a seguir devem ser realizados: 1. Caracterização da ocorrência de falha: • Componente: mancal intermediário. • Função do componente: suportar o eixo do misturador e centralizá-lo. • Falhas possíveis: folgas excessivas no mancal ou deterioração da caixa de mancal. • Efeitos: danos ao mancal, ao eixo e à estrutura do tanque; excessiva vibração. • Causas: mancal dimensionado de forma errada; fixação incorreta; chapa de espessura insuficiente. • Controles atuais: nenhum. 2. Consequências da falha: parada parcial da linha de produção “X” e redução da qualidade do produto pela ineficiente mistura, que pode causar refugo da produção. 3. Gravidade da Falha (G): 5 (Moderadamente grave – de 4 a 6). 4. Frequência da Falha (F): 2 (Muito pequena – de 2 a 3). 5. Detectabilidade da Falha (D): 2 (Moderada – de 2 a 5). 6. Número de Prioridade de Risco – NPR: G x F x D = 20 (Baixo – de 1 a 50). 7. Atividade de Manutenção: promover um acompanhamento preditivo por meio da análise de vibração e reavaliar o dimensionamento do mancal. É importante informar que embora haja padrões e modelos, as classificações referentes à Gravidade, Frequência, Detectabilidade 30 e NPR, são estabelecidas de acordo com osinteresses da equipe de manutenção. Além disso, a FMEA pode ser utilizada para analisar praticamente todas as falhas que ocorrem na empresa devido à sua característica de ser adaptável a qualquer situação ou ramo empresarial (KARDEC; NASCIF, 2009). Referências bibliográficas KARDEC, A.; NASCIF, J. Manutenção: função estratégica. 3. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2009. NASCIF, J.; DORIGO, L. C. Manutenção orientada para resultados. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2009. PARA SABER MAIS Conforme apresentado por Kardec e Nascif (2009), um dos objetivos da manutenção é claramente evitar as falhas ao invés de corrigi-las. A prática da FMEA é muito importante para alcançar esse objetivo. Contudo, para que esta ferramenta seja utilizada de forma eficiente, é necessário ter conhecimento sobre as falhas e suas consequências no ciclo de vida dos equipamentos. Wuttke e Sellito (2008) e Kardec e Nascif (2009) acreditam que a melhor forma de se conhecer as falhas é compreender a curva que representa o ciclo de vida do equipamento, conhecida como “curva da banheira”. Na Figura 1 é exemplificada esta curva. 31 Figura 1 – Curva característica do ciclo de vida de equipamentos com o tempo Fonte: adaptada de Wuttke e Sellito (2008); Kardec e Nascif (2009). Observa-se, na Figura 1, que há no ciclo de vida de um equipamento três fases (KARDEC; NASCIF, 2009): • Mortalidade Infantil – Falhas oriundas de defeitos de fabricação ou de projeto e falhas decorrentes de instalações fabris inadequadas. • Maturidade – Variação da taxa de falhas menor e relativamente constante. • Mortalidade Senil – Aumentam-se as falhas em função do desgaste natural que aumenta com o passar do tempo. O símbolo λ (lambda) corresponde à taxa de falhas, que segundo Kardec e Nascif (2009) pode ser utilizada também como indicador de desempenho calculado da seguinte forma: 32 Nº de falhas = Horas de operação λ (5) Referências bibliográficas KARDEC, A.; NASCIF, J. Manutenção: função estratégica. 3. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2009. WUTTKE, R.; SELLITTO, M. Cálculo da disponibilidade e da posição na curva da banheira de uma válvula de processo petroquímico. Revista Produção Online, v. 8, n. 4. 2008. Disponível em: https:// producaoonline.org.br/rpo/article/view/134. Acesso em: 19 out. 2020. TEORIA EM PRÁTICA Você, como gestor de manutenção, precisa avaliar se os objetivos das atividades mantenedoras estão tendo o desempenho esperado. Sendo assim, lhe é disponibilizada as seguintes informações de um determinado equipamento: Quadro 1 – Histórico dos tempos entre falhas e em reparo (em horas) T1 t1 T2 t2 T3 t3 T4 t4 T5 t5 T6 290 8 640 13 290 7 100 5 180 8 170 Fonte: adaptado de Kardec e Nascif (2009). No Quadro 1 as colunas de cor cinza e letra maiúsculas correspondem aos tempos entre falhas, momento em que a 33 máquina estava operando ou disponível. Já as demais colunas apresentam as horas que foram necessárias para realizar os reparos. Com base neste histórico de manutenção, quais os indicadores de desempenho recomendados e seus respectivos valores? O que você consegue avaliar com base nos resultados? Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. LEITURA FUNDAMENTAL Indicação 1 Esta obra ajudará você a se aprofundar ainda mais nos métodos e ferramentas que melhoram a manutenção e consequentemente o desempenho dela. Para realizar a leitura, acesse a plataforma EBSCOhost na Biblioteca Virtual da Kroton e busque pelo título da obra. SELEME, R. Manutenção industrial: mantendo a fábrica em funcionamento. Curitiba/ PR: Intersaberes, 2015. Indicação 2 Esta tese de doutorado apresenta de forma completa e simples os conceitos e aplicabilidade da ferramenta FMEA exemplificada na prática no setor automobilístico, mas que pode ser replicada aos demais setores industriais. Indicações de leitura 34 Para realizar a leitura, acesse a plataforma EBSCOhost na Biblioteca Virtual da Kroton e busque pelo título da obra. AGUIAR, D. C. Modelo conceitual para a aplicação de FMEA de processos na indústria automotiva. Tese (programa de pós- graduação em Engenharia Mecânica), Universidade Estadual Paulista – UNESP, Guaratinguetá – SP, 2016. QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. De acordo com a temática, os indicadores de desempenho são importantes e devem auxiliar a manutenção na sua autoanálise de atuação. Dentro deste contexto, quais são os indicadores-chave de desempenho? a. Taxa de saúde do funcionário e frequência de suas faltas. b. Número de acidentes causados na fábrica. c. Frequência de compras de peças. d. Tempo Médio Entre Falhas, Tempo Médio Para Reparo, Disponibilidade e Confiabilidade. 35 e. Frequência da intervenção da supervisão nas atividades de manutenção. 2. Com relação à análise do ciclo de vida do equipamento pela “curva da banheira”, quais as fases características em ordem cronológica deste ciclo? a. Fase madura; fase indeterminada e fase inicial. b. Mortalidade Infantil; Maturidade e Mortalidade Senil. c. Mortalidade Senil; Recuperação e Maturidade. d. Mortalidade Infantil; Recuperação e Recorrente. e. Mortalidade Senil, Falha constante e Maturidade. GABARITO Questão 1 - Resposta D Resolução: O objetivo principal da manutenção é aumentar a disponibilidade e confiabilidade, logo, estes são os indicadores mais recomendados. Porém, para calculá- los, é necessário ter em mãos os valores de outros dois indicadores: Tempo Médio Entre Falhas (TMEF) e Tempo Médio Para Reparo (TMPR). Questão 2 - Resposta B Resolução: Como observado no Para Saber Mais, as fases do ciclo de vida de um equipamento passam pela mortalidade infantil (defeitos de fábrica), maturidade e mortalidade senil (desgaste ao longo do tempo). TEMA 4 Planos de melhoria – manutenção produtiva total ______________________________________________________________ Autoria: Cassio Rodolfo Aveiro da Silva Leitura crítica: Yane Lobo 37 DIRETO AO PONTO Originada na América, mas totalmente difundida e disseminada pelos japoneses, a Manutenção Produtiva Total (TPM) (do inglês, Total Productive Maintenance) é uma concepção de gestão de manutenção que almeja a eficiência máxima da planta produtiva por meio da eliminação de perdas e estimulando as interações entre o operador e seu equipamento de trabalho (RIBEIRO, 2014). Para Nakajima (1989), a TPM objetiva, de uma maneira geral, obter “zeros” defeitos, acidentes, falhas e retrabalhos, além de promover um ambiente totalmente seguro e confortável para a realização das tarefas. Isto posto, Ribeiro (2014) acredita que na TPM todas as tarefas devem obrigatoriamente serem detalhadas para que não haja dúvidas sobre sequências, tempos e metas estabelecidas. Os fluxos e relações entre manutenção e operação devem também ser diretos e simples, bem como em qualquer outra relação entre cliente e fornecedor internos. Para alcançar as melhorias realizadas pela Manutenção Produtiva Total é necessário seguir métodos científicos e fazer com que informações e instruções sejam apresentadas de forma clara, do nível hierárquico mais alto até o mais baixo possível na empresa (NAKAJIMA, 1989). Uma das principais metas da TPM é eliminar por completo as 6 (seis) grandes perdas das organizações (RIBEIRO, 2014): • Perdas por quebras. • Perdas por demora na troca de ferramentais. 38 • Perdas por falta de operação. • Perdas por redução de velocidadeprodutiva. • Perdas por defeitos na produção. • Perdas por queda de rendimento. Nakajima (1989), em seus estudos sobre manutenção, afirma que para aplicar a Manutenção Produtiva Total a organização deve estabelecer metas com uma base sólida alicerçadas em oito pilares conceituais e que compõem a TPM: 1. Manutenção Autônoma (MA); 2. Manutenção Planejada (MP); 3. Melhorias Específicas (ME); 4. Educação e Treinamento (E&T); 5. Manutenção da Qualidade (MQ); 6. Controle Inicial (CI); 7. TPM Office; e, 8. TPM Eco. Na Manutenção Autônoma, Ribeiro (2014) acredita que deve haver um sentimento de “adoção” da máquina pelo operador, o qual assume a responsabilidade por seu equipamento realizando o acompanhamento, pequenos reparos e cuidados básicos: limpeza (eliminação dos locais de acesso dificultados que tornam- se fontes de sujeira); planos provisórios de inspeção, limpeza e lubrificação; e, um autocontrole sobre sua máquina (tendo autonomia para aplicar técnicas de melhoria e “artimanha” para saber quando o equipamento está operando de forma não prevista). A Manutenção Planejada, por sua vez, como o próprio nome sugere, visa planejar adequadamente e de forma otimizada as atividades de manutenção, gerando assim aumento da disponibilidade e confiabilidade dos equipamentos. Para tal, Nakajima (1989) e Ribeiro (2014) mostram que a MP deve comparar as condições ideais e atuais por meio dos KPIs relacionados às análises de falhas. Assim, é possível identificar 39 os pontos fracos e agir com planos de melhorias sobre estes, baseados em um controle de procedimentos e de programação com atividades preditivas. A avaliação dos resultados sempre deve ser feita. Para Ribeiro (2014), o pilar das Melhorias Específicas promove a formação de pequenos grupos de trabalho (times) para maximizarem a eficiência de um equipamento específico selecionado de forma individual. Definem-se metas e prioridades para este (como “atacar” as 6 (seis) grandes perdas); age-se sob os planos estabelecidos e avalia-se os resultados alcançados. O pilar da Educação e Treinamento, para Ribeiro (2014) e Nakajima (1989), é um dos mais importantes (se não o mais importante), pois é por meio dos colaboradores agindo corretamente que a TPM pode ser desenvolvida plenamente. Logo, o objetivo da E&T é criar um perfil de funcionário “ideal”, comparar com os perfis atuais e com isso criar um plano de capacitação e de avaliação contínua. Sistemas de níveis de habilidades são recomendados, bem como um clima favorável ao autodesenvolvimento. A Manutenção da Qualidade tem o papel de praticamente manter a redução dos defeitos que ocorrem de forma natural com a aplicação das melhorias anteriores provenientes da TPM. Para Nakajima (1989), a MQ deve agir sobre os “4M”: mão-de-obra (com treinamentos); máquinas (aumentando confiabilidade); materiais (de qualidade para produzir com qualidade); e, métodos utilizados (melhorias contínuas para alcançar defeito zero). Nakajima (1989) descreve o Controle Inicial como um pilar focado nas melhorias necessárias ao desenvolvimento de novos produtos ou produção, a fim de reduzir significativamente o tempo entre o 40 projeto e produção deste. Aliado à Engenharia de Manutenção o CI age com o estudo e tratamento de falhas. O TPM Office é o pilar voltado para as atividades administrativas. Não menos importantes, estas atividades promovem eficiente organização e estruturação da manutenção, garantindo um eficaz fluxo de informações; adequada utilização de equipamentos; e, treinamento periódico dos colaboradores (RIBEIRO, 2014). Por fim, tem-se o TPM Eco direcionado a garantir a segurança no local de trabalho e preservação do meio ambiente. Devem ser realizadas rotinas de segurança, auditorias e otimização na confiabilidade do maquinário no quesito segurança (NAKAJIMA, 1989). A implementação da Manutenção Produtiva Total em uma organização é um processo que leva poucos anos para estar completa, passando pelas fases de preparação, inicialização, implementação e consolidação. Além disso, Nakajima (1989) e Ribeiro (2014) acreditam que devem ser seguidas as seguintes premissas de implementação: I. Determinação de Diretrizes – análise de metas e KPIs. II. Estruturação da metodologia – definição do papel de cada funcionário. III. Gestão da informação – disseminação correta de informações a todos. IV. Documentação – registro e hierarquização dos documentos importantes. V. Mapeamento de processos – estabelecimento de níveis de processos. Como forma de avaliar o desempenho e os resultados gerados pela TPM, Ribeiro (2014), assim como muitos outros especialistas 41 na área, recomendam o uso do indicador de Eficiência Global dos Equipamentos (OEE), pelo qual encontram-se os “custos ocultos” relacionados à manutenção e produção. Referências bibliográficas NAKAJIMA, S. Introdução ao TPM – Total Productive Maintenance. São Paulo: IMC Internacional Sistemas Educativos Ltda., 1989. RIBEIRO, H. A bíblia do TPM: como maximizar a produtividade na empresa. Santa Cruz do Rio Pardo: Viena, 2014. PARA SABER MAIS Como foi previamente apresentado, o Overall Equipment Effectiveness (OEE) (Eficiência Global dos Equipamentos) é um indicador muitas vezes considerado até como uma ferramenta, que tem como característica analisar o desempenho do equipamento. Esta análise visa a qualidade, performance e disponibilidade por meio do ataque direto às 6 (seis) grandes perdas (NAKAJIMA, 1989). A aplicação deste indicador permite uma visualização simples, rápida e eficiente do “caminhar” da produção e da eficiência na utilização dos recursos. Permite, também, mapear perdas e assim direcionar os esforços necessários para as melhorias. Muito utilizado para promover comparações entre equipamentos e encontrar possíveis gargalos (máquinas que atrasam a produção) (NAKAJIMA, 1989). Raja e Kannan (2008) acreditam que para a empresa obter um desempenho considerado adequado (de “classe mundial”) é 42 recomendado que em seu cálculo obtenha-se um valor acima de 85%. Sua importância junto à Manutenção Produtiva Total é tão grande que há uma premiação mundial para empresas que alcançam um OEE maior que os 85%, o prêmio TPM Award. Você deve se perguntar: por que concorrer a esse prêmio? Para Raja e Kannan (2008), concorrer ao prêmio gera um desafio motivador que influencia a todos os colaboradores de uma empresa, demonstrando o compromisso com as diretrizes empresariais. Além disso, é uma forma de nivelar o domínio e conhecimento sobre a metodologia TPM e sua sustentação, elevando cada vez mais a excelência global das organizações. Contudo, o OEE é ineficiente ao tratar da análise dos processos integrados, ou seja, sua mensuração referente ao sistema produtivo e não somente de uma máquina se mostra deficiente. Como solução, Raja e Kannan (2008) informam que houve processos de evolução e adaptação deste indicador, o que promoveu o surgimento de derivações do OEE, como o Overall Process Effectiveness (OPE) (Eficiência Global dos Processos). Raja e Kannan (2008) apresentam como objetivos do OPE a identificação e mensuração das perdas ligadas aos processos de produção como um todo. O indicador apresenta também uma grande adaptabilidade no que tange as métricas utilizadas. Esta é uma característica considerada ótima, por exemplo, para mapear recentes modificações em linhas produtivas ou acompanhar o desempenho de máquinas de forma paralela ao equipamento gargalo. A OPE se mostra muito útil na tomada de decisões e para a aplicação de melhorias na produção. Raja e Kannan (2008) apresentam o cálculo do OPE, semelhante ao OEE da seguinte forma: 43 Tempo em que agregou valor produtivoOPE = x 100(%) Tempo disponível para produção (1) A diferença com relação ao OEE é que as perdas a serem “abatidas” no tempo de agregação de valor não estão restritas às perdas funcionais (por causa do equipamento), considerando também perdas associadasdireta e indiretamente à produção, como o fornecimento de mão de obra, energia e materiais; e, a ocorrência de perdas no âmbito operacional. Referências bibliográficas NAKAJIMA, S. Introdução ao TPM – Total Productive Maintenance. São Paulo: IMC Internacional Sistemas Educativos Ltda., 1989. RAJA, N. P.; KANNAN, S. M. Overall Process Effectiveness (OPE) Model for the Tyre Manufacturing Industry. In: Manufacturing, v. 3, 2008. TEORIA EM PRÁTICA Você, juntamente com outros funcionários, se reúne para avaliar os resultados obtidos na produção e em relação a um equipamento específico, como forma de mensurar o desempenho da Metodologia TPM aplicada na empresa. Para tal, é necessário analisar os respectivos KPIs. A equipe dispõe das seguintes informações: • Tempo total disponível: 1440 min (24h) • Restrições locais ou falta de demanda: 0 min • Perdas inerentes: 30 min 44 • Perdas no fornecimento de energia: 15 min • Perdas por material: 40 min • Perdas referentes à mão de obra: 0 min • Perdas por falhas operacionais: 70 min • Perdas por falhas funcionais: 400 min • Tempo que agregou valor: 885 min Para os tempos apresentados, obtenha os valores dos indicadores OEE e OPE. Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. LEITURA FUNDAMENTAL Indicação 1 Pontos específicos referentes à Manutenção Produtiva Total devem ser aprofundados, uma vez que deve haver uma integração entre os sistemas e setores já existentes antes de sua implementação. O artigo a seguir apresenta, por exemplo, a integração entre a TPM e o Processo de Desenvolvimento do Produto (PDP). Indicações de leitura 45 Para realizar a leitura, acesse a plataforma Biblioteca Virtual da Kroton e busque pelo título da obra no parceiro “Biblioteca SAE International”. JUNIOR, J.; DA SILVA, S. Integrating Total Productive Maintenance and Product Development Process through Design for Manufacturing and Assembling Methodology. SAE Brasil 2010 Congress and Exhibit, 2010. Indicação 2 Inúmeras dúvidas surgem quando se pretender inserir uma nova metodologia em uma empresa. Mesmo a TPM sendo bem estruturada e contando com manuais, procedimentos e técnicas pré-determinadas, é necessário analisar sua aplicação prática. Assim sendo, a seguinte dissertação apresenta um exemplo real sobre a TPM implementada em uma indústria de eletro. Para realizar a leitura, acesse a plataforma EBSCOhost na Biblioteca Virtual da Kroton e busque pelo título da obra. GEREMIA, C. F.; RIBEIRO, J. L. D. Desenvolvimento de programa de gestão voltado à manutenção das máquinas e equipamentos e ao melhoramento dos processos de manufatura fundamentado nos princípios básicos do Total Productive Maintenance (TPM). Dissertação (Mestrado Profissionalizante), Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Escola de Engenharia, Caxias do Sul/ RS, 2001. 46 QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. Com relação à Manutenção Produtiva Total e sua definição, qual das alternativas a seguir está correta, em relação ao objetivo da TPM? a. O objetivo da TPM é reduzir os custos da produção. b. A TPM visa melhorar a capacidade produtiva do equipamento por meio de manutenções preventivas. c. O objetivo da Manutenção Produtiva Total é atingir a eficiência máxima da planta produtiva. d. A TPM almeja eliminar os equipamentos gargalos da produção. e. O objetivo da Manutenção Produtiva Total é agir exclusivamente no setor de manutenção, para que os reflexos desta ação gerem resultados na produção. 47 2. Qual das alternativas apresenta unicamente pilares da Manutenção Produtiva Total (TPM)? a. Manutenção Planejada, Manutenção Corretiva e Manutenção Autônoma. b. TPM Eco, Controle Inicial e preservação do meio ambiente. c. Disponibilidade e Confiabilidade. d. TPM Office, Educação e Treinamento e Melhorias Específicas. e. Melhoria Contínua, Melhoria Específica e Melhoria Constante. GABARITO Questão 1 - Resposta C Resolução: A TPM almeja sim a eficiência máxima da planta produtiva, por meio da melhora da relação entre o operador e sua máquina, bem como pela eliminação das perdas. Questão 2 - Resposta D Resolução: Os pilares da TPM são exclusivamente a Manutenção Autônoma (MA); a Manutenção Planejada (MP); as Melhorias Específicas (ME); a Educação e Treinamento (E&T); a Manutenção da Qualidade (MQ); o Controle Inicial (CI); a TPM Office; e, a TPM Eco. BONS ESTUDOS! Apresentação da disciplina Introdução TEMA 1 Direto ao ponto Para saber mais Teoria em prática Leitura fundamental Quiz Gabarito TEMA 2 Direto ao ponto TEMA 3 Direto ao ponto TEMA 4 Direto ao ponto Botão TEMA 5: TEMA 2: Botão 158: Botão TEMA4: Inicio 2: Botão TEMA 6: TEMA 3: Botão 159: Botão TEMA5: Inicio 3: Botão TEMA 7: TEMA 4: Botão 160: Botão TEMA6: Inicio 4: Botão TEMA 8: TEMA 5: Botão 161: Botão TEMA7: Inicio 5: