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Técnico em administração Documentos: contrato comercial e solicitação de serviço Contratos comerciais Após o fechamento de uma venda, é necessário formalizá-la por meio de um documento que garanta o encontro das vontades das duas ou mais pessoas envolvidas quanto à finalidade de adquirir, modificar ou extinguir um direito. Esse documento é denominado contrato comercial (empresarial ou mercantil). Devido à evolução das empresas no exercício das atividades comerciais, os comerciantes passaram a ser considerados empresários, isto é, chefes de empresas. A Lei n.º 556, de 25 de junho de 1850, regulamentou a primeira parte do código comercial que regia as normas do contrato comercial. Ela foi revogada pela Lei n.º 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que instituiu o Código Civil. A partir de então, o Código Civil (art. 966) ampliou o campo de ação do comerciante com o conceito de empresário (pessoa capaz legalmente que exerce transações comerciais, 10/09/2024, 20:45 Versão para impressão about:blank 1/28 ou seja, de compra e venda de bens, produtos e ou serviços). Por esse motivo, atualmente, o contrato comercial chama-se “contrato empresarial”. A necessidade de se estabelecer um contrato empresarial originou-se porque os atos comerciais requerem regras que muitas vezes divergem das estabelecidas nos atos civis. Existe uma diferença entre contratos empresariais e contratos civis. Enquanto os contratos empresariais são sempre praticados por comerciantes no exercício da sua profissão, os civis são aqueles os quais qualquer pessoa capaz pode praticar. Sendo assim, contrato empresarial é aquele que tem por objetivo estabelecer atos de comércio (transações de compra e venda de bens, produtos e/ou serviços). Quando se estabelecem obrigações apenas para uma das partes, diz-se que o contrato é unilateral; se as obrigações forem para as duas partes, o contrato é chamado de bilateral. O contrato é importante para todas as partes envolvidas. Um documento bem-estruturado facilita a administração, o entendimento e a intenção das partes. Por esse motivo, recomenda-se que o contrato inicie com um esboço das cláusulas principais que se pretendem formalizar. Requisitos fundamentais da estrutura dos contratos empresariais Há alguns requisitos principais que devem constar na estrutura de um contrato comercial. 10/09/2024, 20:45 Versão para impressão about:blank 2/28 Partes Determinam o alcance do contrato, ou seja, indicam se a contratação também engloba outros entes ou entidades do grupo empresarial, podendo ser citadas em cláusula específica. Objeto As partes devem deixar muito claro o escopo do serviço que está sendo contratado. Não se devem poupar descrições. Peculiaridades do contrato São as cláusulas relativas à maneira de administrar os efeitos que a contratação traz. Preço É extremamente importante. É necessário especificar os itens e as condições que compõem o contrato e determinar como as partes ficarão sujeitas ao disposto no art. 488 da Lei 10.406/02. Convencionada a venda sem a fixação de preço ou de critérios para a sua determinação, se não houver tabelamento oficial, entende-se que as partes se sujeitaram ao preço corrente nas vendas habituais do vendedor 10/09/2024, 20:45 Versão para impressão about:blank 3/28 Forma de pagamento A moeda utilizada para transações comerciais não expressa por leis será sempre a nacional. Data de pagamento Os contratos devem indicar claramente a data de pagamento, prevendo, inclusive, circustâncias especiais que possam vir a impedi-lo, como datas que coincidam com feriados (nacionais ou locais). Também devem estabelecer o horário de pagamento (em praças diferentes; horários especiais, bancários). Um contrato financeiro requer a especificação do momento em que deve ser liquidado (antes, durante ou após o fechamento dos horários de funcionamento de um banco em determinado local ou país). Reajuste A Lei 8.880/94 impediu a indexação dos contratos com prazo de duração inferior a 12 meses. Para contratos nacionais, a regra vigente é: a) Para contratos com duração inferior a 12 meses, proíbe-se qualquer forma de reajuste. b) Para contratos com duração superior a 12 meses, é permitido um reajuste a cada 12 meses, aditando-se qualquer índice geral ou setorial, variação do custo da produção ou dos insumos, com exceção da variação de moeda estrangeira. 10/09/2024, 20:45 Versão para impressão about:blank 4/28 Prazo de vigência As partes indicam o prazo de vigência do contrato formalizado. A vigência do contrato também pode estar atrelada a uma condição eleita pelas partes. Neste caso, quando o evento é muito incerto, elas podem estipular que a condição, se não ocorrida até um determinado limite, as autorizaria a resolver a avença. Quanto ao início da contagem do prazo de vigência do contrato, no silêncio das partes, rege o critério civil de considerar o dia imediatamente seguinte à formalização. Não se recomenda formalizar a prorrogação automática do contrato pelo mesmo período ou a prorrogação no caso do silêncio das partes a respeito de sua resolução. A cláusula de renovação automática por iguais períodos pode passar despercebida pelo administrador do contrato, fazendo com que a parte inadvertida possa se onerar por falha de controle. Assim, é recomendável que a cláusula seja escrita de maneira a permitir a renovação automática, por iguais períodos ou não, desde que haja manifestação expressa nesse sentido. Exemplo: O presente contrato vigorará pelo prazo determinado de 12 meses, com início em XX/XX/XX e expirando-se em XX/XX/XX, podendo ser prorrogado mediante manifestação expressa das partes, sempre por escrito e com 30 dias de antecedência do seu término. Dependendo da natureza do contrato, o aviso prévio de 30 dias é curto em demasia, razão por que a parte denunciante deverá dar o tempo razoável para que a resolução contratual se opere com o mínimo de prejuízo à parte, 10/09/2024, 20:45 Versão para impressão about:blank 5/28 sempre averiguando a boa-fé na relação contratual. Seguros e garantias Os seguros e as garantias de um contrato são dados importantíssimos, uma vez que asseguram e proporcionam o conforto de se saber que o contrato será cumprido. Se não for cumprido, a parte inadimplente sofrerá a execução de seguros e garantias. Cada contratação exigirá um tipo de garantia. Revisão Prezando pela busca da equidade nas relações contratuais, para autorizar a liberação da parte, alguns requisitos devem estar presentes: a) Alteração radical das condições econômicas no momento da execução do contrato, em confronto com as do instante de sua formação b) Onerosidade excessiva para um dos contratantes e benefício injusto e exagerado para outro c) Imprevisibilidade e extraordinariedade da modificação, pois é possível que as partes, quando celebraram o contrato, não tenham previsto eventos anormais (fora do curso habitual das coisas) 10/09/2024, 20:45 Versão para impressão about:blank 6/28 Meio ambiente Desde a edição da Lei 9.605/98, conhecida como Lei dos Crimes Ambientais, o tema ganhou grande repercussão nos meios empresariais, não sendo rara a previsão de cláusulas contratuais regulando responsabilidades. Trata-se de uma doutrina que acredita que o fabricante deve arcar com o risco total de sua atividade. Exemplo: Se um produto tóxico vaza e contamina um rio, o fabricante, se identificado pelo rótulo, será responsabilizado pelos danos ambientais, ainda que o produto, por exemplo, tenha sido deixado em um barco que afundou por um consumidor ou qualquer outro comerciante. Se o produto causar qualquer tipo de contaminação, o fabricante será o responsável pelos danos. Por esse motivo, é de extrema importância que o fabricante de produto perigoso e capaz de causar danos à natureza preveja cláusula a respeito destes assuntos: a) Manejo e armazenagem corretos b) Premissas mínimas de segurança em transporte, carregamento e descarregamento c)Instrução a respeito do manuseio, com descrição dos equipamentos necessários para a proteção dos trabalhadores e motoristas, bem como antídotos para o caso de contato involuntário com substâncias ou produtos d) Alertas a respeito das consequências e das proibições no caso de mistura com outras substâncias e) Correta destinação das embalagens que não serão mais utilizadas 10/09/2024, 20:45 Versão para impressão about:blank 7/28 Penalidades a) Multas São valores que compensam a liquidação das perdas e os danos oriundos de eventuais inadimplementos. Há também algumas penalidades ou perdas e danos a serem indenizados, os quais são previstos em caso de inadimplemento por lei, como a Lei 4.886/65 (Lei da Representação Comercial). b) Juros Indicam a taxa que deve ser efetivamente cobrada nos contratos empresariais. Podem ser: I. Moratórios, com a função de penalizar o inadimplente II. Compensatórios, com a função de indenizar, de remunerar o credor pelo não cumprimento de uma obrigação III. Remuneratórios, com a finalidade de remunerar o capital empregado, constituindo os rendimentos da coisa 10/09/2024, 20:45 Versão para impressão about:blank 8/28 Exclusão das responsabilidades As partes podem ainda estipular as circunstâncias em que o inadimplemento das obrigaçõoes acordadas não imputará quaisquer responsabilidades às partes. Nos casos que envolvem força maior ou nos casos fortuitos temporários, o contrato ficará suspenso. O rompimento definitivo dar-se-á conforme o lapso do tempo tolerado por ambas as partes, o qual poderá ser estipulado contratualmente. Exemplo: Nem a COMPRADORA nem a VENDEDORA serão responsáveis por falha de execução causada por acontecimentos de forma maior que não decorram de sua falta ou negligência. A parte que reivindicar o atraso tolerável deverá notificar a outra parte, por escrito, logo após a ocorrência do fato. 10/09/2024, 20:45 Versão para impressão about:blank 9/28 Outros (testemunhas, rasuras, rubricas) As partes devem ter alguns cuidados. a) Se rasuras forem inevitáveis, as partes devem ratificá-las apondo seus vistos imediatamente após ou ao lado delas, de modo a deixar claro que foram anuladas por ambas as partes. b) Se espaços em branco forem inevitáveis, é preciso passar uma linha e um visto em seguida, de modo a assegurar que não haverá inserção de textos ou de figuras. c) Reconhecimento de firma é imprescindível apenas nas hipóteses exigidas por lei. Entretanto, é um bom cuidado quando mais tarde for importante assegurar a data correta de assinatura. Entre ausentes, também atesta que a pessoa que subscreveu o contrato é a mesma indicada, por exemplo, como o representante legal ou por procuração. d) A assinatura das testemunhas é um requisito legal para que o contrato entre particulares tenha efeitos perante terceiros. As testemunhas são peça fundamental para esclarecer as intenções das partes em eventuais demandas ou na interpretação. Por esse motivo, não se recomenda convidar uma testemunha para simplesmente assinar o documento. e) A numeração das páginas é importante porque assegura que cláusulas não venham a ser suprimidas. f) A assinatura é feita sempre ao fim do contrato, porém, independentemente disso, é recomendável que todas as páginas estejam rubricadas. Isso reforça que as partes realmente leram e compreenderam todo o conteúdo do contrato, além de evitar que alguém possa vir a substituir páginas. 10/09/2024, 20:45 Versão para impressão about:blank 10/28 g) A assinatura das partes deve ser feita na última página do contrato, depois de todas as cláusulas. Caso a última página do contrato não tenha espaço suficiente para todas as assinaturas, as partes e as testemunhas devem apô- las no verso da última folha. Jamais se deve destinar uma folha exclusivamente para as assinaturas. h) Se o contrato não contiver um glossário, abreviações devem ser evitadas. Elas podem dar margem a dúbio entendimento. i) Papel timbrado não é fundamental, mas dá mais credibilidade à contratação, principalmente perante terceiros que possam vir a ser cessionários da obrigação. j) Arquivamento em cartório de registro de títulos e documentos é uma providência que dá publicidade à contratação, evitando que alguém possa alegar ignorância da contratação. Também provê segurança uma vez que, em caso de extravio ou de perda do documento, haverá uma cópia arquivada perante o notário público, que poderá fornecer uma via, se necessário. Interpretação dos contratos empresariais Para que possam produzir efeitos, os contratos devem ser escritos em língua nacional ou traduzidos para ela, quando originariamente escritos em língua estrangeira. Alguns contratos têm regras especiais. Estas permitem que as vontades dos contratantes, quando expostas de maneira menos clara, possam ser compreendidas por quem delas devam tomar conhecimento. Exemplo: 10/09/2024, 20:45 Versão para impressão about:blank 11/28 Se as palavras ou as convenções tiverem, nos contratos, sentido ambíguo, prestando-se a mais de uma interpretação, devem ser entendidas segundo os usos e os costumes do direito comercial e pelo mesmo modo e sentido por que os negociantes se costumam explicar. Isso faz com que fraudes possam ser evitadas, desarticulando maquinações de pessoas desonestas. Principais espécies de contratos empresariais Contratos de distribuição, de representação comercial, de comissão e de agenciamento são formas de contratação fundamentais para o desenvolvimento do comércio. Eles permitem ao fabricante fazer com que seus produtos cheguem ao consumo final de modo eficiente e barato. Contrato de distribuição é o agente que, em caráter não eventual e sem subordinação, promove a venda mediante redistribuição, tendo sob a sua distribuição a coisa a ser negociada. Principais características dos contratos de distribuição, de agenciamento, de comissão e de representação O fabricante é necessariamente parte no contrato. O distribuidor se submete às regras comerciais do fabricante, que já tem uma política de distribuição. A remuneração do distribuidor consiste no lucro, valor entre o preço adquirido e a sua revenda. O risco da aprovação do crédito para a realização da venda é exclusivo do distribuidor, que arcará com a eventual inadimplência do cliente. O agente é mero intermediário, realizando negócios sem vínculo de subordinação hierárquica para a empresa, com sua remuneração baseada nas negociações feitas. 10/09/2024, 20:45 Versão para impressão about:blank 12/28 O agenciamento não pressupõe a bilateralidade contratual diretamente com o fabricante, como ocorre na distribuição. Ele pode se dar entre dois comerciantes. Não existe compra e venda entre fabricantes e agente, promovendo este último apenas a intermediação da compra e venda em uma zona determinada, para aproximar vendedor e comprador. O agente recebe sua remuneração por comissão sobre as intermediações entabuladas. É o contrato segundo o qual uma pessoa se obriga a realizar atos ou negócios de aquisição ou venda de bens em favor e segundo instruções de outra pessoa, agindo, porém, em seu próprio nome e, por tal razão, obrigando-se para com terceiros que contrata (Código Civil, art. 693). A pessoa em favor de quem os atos ou os negócios são realizados tem o nome de comitente. Aquele que, segundo as instruções recebidas, se incumbe de praticar os atos ou realizar os negócios chama-se comissário. O comissário pode ser pessoa física ou jurídica. O contrato de comissão é bilateral, pois cria obrigações tanto para o comitente como para o comissário; é consensual, porque se forma mediante o simples consentimento das partes; e é oneroso, pois requer do comitente uma contraprestação monetária pelos serviços prestados pelo comissário. A remuneração a que faz jus o comissário pelos serviços que presta tem, pelos usos, o nome de comissão. Por comissão, portanto, entende-se o contrato entre o comitente e o comissário e a remuneração a queeste tem direito pelos serviços prestados. Há ainda a considerar que muitos estabelecimentos empresariais concedem comissão especial às pessoas que lhes trazem negócios, mesmo sem ter com elas nenhum contrato. Neste caso, os angariadores de negócios agem como simples encaminhadores de fregueses para o estabelecimento, fazendo jus, por isso, a uma remuneração. Como não há contrato entre os angariadores e o estabelecimento, não poderão aqueles intitular-se representantes comerciais, embora assim ajam muitas vezes. 10/09/2024, 20:45 Versão para impressão about:blank 13/28 O comerciante ou fabricante é representado por pessoa física ou jurídica, a qual se obriga a prospectar clientes para a venda do produto. Tem legislação própria (Lei 8.420/92), tamanha a sua importância. Algumas características configuram o contrato de representação comercial. Entre elas, destacam-se: a) A profissionalidade do representante, o qual pode ser pessoa natural ou jurídica b) A autonomia, ou seja, a não subordinação hierárquica do representante ao representado c) A habitualidade dos atos praticados pelos representantes Não é apenas a realização de um ato esporádico que caracteriza a representação. d) A mercantilidade dos negócios agenciados para o representado A lei brasileira é taxativa nesse sentido. Ela considera que constitui representação “a mediação para a realização de negócios empresariais”. e) A delimitação geográfica das atividades dos representantes A Lei n.º 8.420 entende que o representante deve ter uma zona geográfica delimitada de atuação, e nesse sentido sempre existe uma cláusula contratual. Assim, o representante pode agenciar negócio para o representado em todo o país, em uma região, em determinados estados, em um só estado, em um só município. Salvo ajuste, o proponente não pode constituir, ao mesmo tempo, mais de um agente, na mesma zona, com idêntica incumbência (Código Civil, art. 711). f) A exclusividade da representação Não pode um representante representar duas ou mais empresas para um mesmo gênero de negócios. Pode, entretanto, o contrato permitir que tal aconteça, e nesse caso o representante pode ter outra representação de produtos similares. 10/09/2024, 20:45 Versão para impressão about:blank 14/28 g) A remuneração do representante Este é um contrato oneroso. A remuneração do representante é sempre devida, até mesmo em atos em que ele não interfira em zonas de sua exclusividade (art. 31 da Lei nº 8.420/92). Forma e prova do contrato O contrato de representação comercial não tem forma especial, podendo, assim, constituir-se verbalmente ou por escrito. O comum, entretanto, é a forma escrita, e a Lei 4.886/65 a ela se refere expressamente no art. 27. Veja: Art. 27. Do contrato de representação comercial, além dos elementos comuns e outros a juízo dos interessados, constarão obrigatoriamente: a) Condições e requisitos gerais da representação; b) Indicação genérica ou específica dos produtos ou artigos objeto da representação; c) Prazo certo ou indeterminado da representação; d) Indicação da zona ou zonas em que será exercida a representação; e) Garantia ou não, parcial ou total, ou por certo prazo, da exclusividade de zona ou setor de zona; f) Retribuição e época do pagamento, pelo exercício da representação, dependente da efetiva realização dos negócios, e recebimento ou não pelo representado dos valores respectivos; g) Casos em que se justifique a restrição de zona concedida com exclusividade; h) Obrigações e responsabilidades das partes contratantes; 10/09/2024, 20:45 Versão para impressão about:blank 15/28 i) Exercício exclusivo ou não da representação a favor do representado; j) Indenização devida ao representante, pela rescisão do contrato fora dos casos previstos no art. 35 da Lei 4.886/65, cujo montante não poderá ser inferior a um e doze avos do total da retribuição auferida durante o tempo em que exerceu a representação. A prova do contrato se faz por todos os meios permitidos na lei civil ou comercial, isto é, de acordo com o artigo 212 e seguintes do Código Civil. As obrigações do representante estão previstas no art. 28 da Lei 8.420/92. A principal obrigação do representado é pagar ao representante a remuneração dos seus serviços. Extinção do contrato de representação e solução de controvérsias O contrato de representação comercial pode ser ajustado por tempo indeterminado ou determinado. Neste último caso, extingue-se, ocorrendo decurso de prazo. Pode, entretanto, ainda estando em vigor, ser o contrato extinto por fatos imputáveis ao representado ou ao representante (Lei n.º 4.886, de 1965, artigos 35 e 36). Estes casos constituem justa causa para a rescisão do contrato, por fato imputável ao representado: 10/09/2024, 20:45 Versão para impressão about:blank 16/28 Redução da esfera de atividade do representante, em desacordo com as cláusulas do contrato Previsão de exclusividade do contrato, sua quebra, direta ou indireta, ou fixação abusiva do representado dos preços em relação à zona do representante, com a finalidade de impossibilitar a sua ação regular Pagamento da remuneração feito fora da época devida Motivo de força maior O contrato por tempo indeterminado ainda pode ser extinto pela vontade unilateral de uma das partes, segundo as regras comuns do direito contratual. E, igualmente, sendo o contrato por tempo determinado ou não, pode extinguir-se pelo mútuo consenso das partes. Outras espécies de contratos empresariais 10/09/2024, 20:45 Versão para impressão about:blank 17/28 Contrato de adesão O proponente apresenta a sua proposta com cláusulas fixas e imutáveis, iguais para todos os contratantes. Isso se verifica principalmente nos contratos de seguros, em que uma das partes, a seguradora, estipula as cláusulas gerais segundo as quais o negócio deve se realizar, não restando à outra parte, o segurado, senão aceitar as cláusulas impostas, sem o direito de discuti-las ou de modificá-las. Esses contratos tiveram a denominação, que ainda hoje conservam, de contratos-tipos, e os contratos assim realizados passaram a denominar-se contratos de adesão, pois a parte a quem a proposta é dirigida não a discute nem a modifica. Ela simplesmente adere aos seus termos e aceita os demais que lhe são impostos pelo proponente. O direito do consumidor alcançou essa nova realidade com o conteúdo do artigo 54 do Código de Defesa do Consumidor. Posteriormente, o Código Civil também cuidou dos contratos de adesão, com duas regras inseridas nos artigos 423 e 424, que genericamente tratam da interpretação mais favorável ao aderente em caso de cláusulas contratuais ambíguas ou contraditórias, assim como da nulidade de cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio. 10/09/2024, 20:45 Versão para impressão about:blank 18/28 Contrato de shopping center Neste tipo de contrato empresarial, o lojista de shopping center não tem liberdade total para fazer o que quiser em sua loja. Ele precisa se adequar às regras impostas pelo estabelecimento. O contrato entre lojista e empreendedor não tem muita flexibilidade. A Lei de Locações é utilizada subsidiariamente, por não existir legislação específica. Com referência ao shopping center, sabe-se que a Lei 8.245, no seu artigo 54, estabelece que prevalecerá o que as partes acordarem. A remuneração para o empreendedor do shopping varia de acordo com o faturamento da loja. Há, entretanto, um aluguel mínimo para o caso de o faturamento da loja ser muito baixo. Se ela faturar bem, paga o percentual; se faturar mal, paga o valor mínimo fixado no contrato. As despesas com segurança, limpeza, energia e outros fazem parte do condomínio, que é dividido entre os lojistas. 10/09/2024, 20:45 Versão para impressão about:blank 19/28 Classificação do contrato de compra e venda Compra e venda é um contrato mediante o qual uma pessoa, denominada vendedor, obriga-se a transferir a outrao domínio de certa coisa, denominada objeto, mediante o pagamento de um preço. Ele pode ser: Consensual Forma-se pela simples manifestação da vontade das partes, gerando o consentimento de obrigações pessoais dos contratantes: para o vendedor, a obrigação de transferir o domínio da coisa; e, para o comprador, a de pagar o preço. Contrato de compra e venda Entende-se por compra e venda o contrato segundo o qual uma das partes se obriga a transferir o domínio de uma coisa a outra, mediante o pagamento de certo valor em dinheiro. A pessoa que se obriga a transferir o domínio da coisa se denomina vendedor. Aquele que, para fazer jus ao domínio, assume a obrigação de pagar certo preço em dinheiro é chamado comprador. O contrato é um só, apesar de denominar-se compra e venda. 10/09/2024, 20:45 Versão para impressão about:blank 20/28 Bilateral Realizado o acordo de vontades, para ambas as partes contratantes nascem obrigações: a de transferir o domínio, para o vendedor; e a de pagar o preço, para o comprador. Oneroso Sendo da essência do comércio o intuito especulativo, ambos os contratantes têm interesses de ordem patrimonial, não se admitindo que um realize a prestação decorrente da obrigação assumida pelo acordo de vontades sem receber do outro prestação equivalente. Comutativo Em regra, o seu objeto é certo e seguro. Entretanto, às vezes, pode assumir caráter aleatório, quando uma das partes, no caso o vendedor, não pode individualizar, no momento da formação do contrato, a coisa a ser vendida, indicando-lhe, contudo, o gênero e a qualidade e assumindo o risco de entregar a coisa com tais características. É o caso da venda de coisas incertas ou futuras, de que tratam os artigos 243 a 246 do Código Civil. Franquia, ou franchising Trata-se de uma espécie de contrato prevista na Lei 8.955/94. Pode-se conceituar franquia como o contrato que liga uma pessoa a uma empresa, para que esta, mediante condições especiais, conceda à primeira o direito de 10/09/2024, 20:45 Versão para impressão about:blank 21/28 comercializar marcas ou produtos de sua propriedade sem que, contudo, a estes esteja ligada por vínculo de subordinação. O franqueador, além de oferecer a distribuição do produto, assegura assistência técnica e informações continuadas sobre o modo de comercializá-lo. Muitas vezes, o franquiador concede também assistência financeira, já fazendo adiantamento para a instalação do franqueado e garantindo-lhe certas operações para a obtenção de crédito bancário. Para adquirir a franquia, em regra, o franqueado paga ao franqueador uma taxa inicial, obrigando-se a pagar-lhe percentuais sobre os produtos vendidos. Por outro lado, o franqueador geralmente assegura exclusividade no território de atuação (uma cidade, um grupo de cidades, um estado, um grupo de estados). Faturização, ou factoring É o contrato em que um comerciante cede a outros créditos, na totalidade ou em parte, de suas vendas a terceiros, recebendo o primeiro do segundo o montante desses créditos mediante o pagamento de uma remuneração. A introdução do factoring no Brasil é preconizada como um meio de atender às pequenas e médias empresas na obtenção de capital de giro, sem as dificuldades geralmente observadas no desconto bancário, muitas vezes de difícil acesso aos pequenos comerciantes. As associações nacionais de factoring (ANFAEs) esboçaram os contornos dos seus contratos. Principais modalidades de faturização a) Faturização interna É realizada dentro do mesmo país, ou, se neste, dentro de uma região. b) Faturização externa 10/09/2024, 20:45 Versão para impressão about:blank 22/28 São operações realizadas fora do país, como as importações e as exportações. c) Faturização convencional Os créditos são apresentados ao faturizador antes do vencimento. Distingue-se do desconto bancário pela assunção dos riscos se a dívida não for paga. Os créditos podem ser: financiamento, garantias e administração de créditos. d) Faturização no vencimento (maturity factoring) As faturas representativas dos créditos são liquidadas pelo faturizador somente no vencimento. Cláusulas essenciais no contrato Estão relacionadas à exclusividade ou à totalidade das contas do faturizado. São essenciais as cláusulas relacionadas à duração do contrato; à faculdade de o faturizador escolher as contas que deseja garantir, aprovando-as; à liquidação dos créditos; à cessão dos créditos ao faturizador; à assunção dos riscos pelo faturizador; e, finalmente, à remuneração do faturizado. Extinção do contrato Pode ocorrer por mútuo acordo ou pela decorrência do prazo. Pode extinguir- se unilateralmente, caso em que deve preceder um aviso prévio. Pode acontecer também pelo não cumprimento de obrigações por uma das partes. Sendo uma das partes o comerciante individual, a sua morte provoca a extinção do contrato. 10/09/2024, 20:45 Versão para impressão about:blank 23/28 Leasing, ou arrendamento mercantil É o contrato segundo o qual uma pessoa jurídica arrenda a uma pessoa física ou jurídica, por um tempo determinado, um bem comprado pela primeira de acordo com as indicações da segunda. Cabe ao arrendatário a opção de adquirir o bem arrendado findo o contrato, mediante preço residual previamente fixado. Por muito tempo, somente pessoas jurídicas ou profissionais liberais podiam firmar contratos de leasing. A partir de 1996, esse direito foi estendido para qualquer pessoa por meio da Resolução 2.309/96, do Banco Central. Modalidades de leasing Leasing financeiro É aquele em que uma empresa se dedica habitualmente e profissionalmente a adquirir bens produzidos por outros para arrendá-los, mediante uma retribuição estabelecida, a uma empresa que deles necessite. Há três pessoas envolvidas: a empresa de leasing, o produtor ou o vendedor e o arrendador. Lease-back, ou leasing de retorno Ocorre quando uma empresa é proprietária de um bem, móvel ou imóvel, e o vende a outra empresa. Esta, adquirindo-o, imediatamente o arrenda à vendedora. Vê-se assim que, no lease-back, há apenas duas empresas que se envolvem na operação: a vendedora, que é também a arrendatária; e a empresa de leasing. 10/09/2024, 20:45 Versão para impressão about:blank 24/28 Leasing operacional É aquele em que a empresa proprietária de certos bens dá um arrendamento à pessoa, mediante o pagamento de prestações determinadas, incumbindo- se, entretanto, o proprietário dos bens de prestar assistência ao arrendatário durante o período de arrendamento. Distinções entre o leasing operacional e o leasing financeiro No leasing financeiro, há sempre a cláusula de obrigatoriedade do contrato por todo o período do arrendamento. Já no leasing operacional, o contrato pode ser rescindido a qualquer momento pelo arrendatário, desde que haja um aviso prévio e que a propriedade do bem continue com a arrendadora, de modo que esta responda pelo risco da coisa. Solicitação de serviço Contrato de prestação de serviços É um dos contratos mais utilizados nos meios empresariais. A legislação trabalhista é pacífica ao pronunciar-se no sentido de que somente as tarefas relacionadas à atividades-meio podem ser objeto de terceirização, reconhecendo-se o vínculo trabalhista para aquelas tarefas ligadas à atividade-fim. Tais tarefas são prestadas por profissionais liberais ou por empresas. Antes de se tomar a iniciativa de terceirizar ou tomar serviços, é importante averiguar alguns requisitos legais de validade e legitimidade da terceirização, ficando assim o empresário habilitado a avaliar os riscos da decisão. 10/09/2024, 20:45 Versão para impressão about:blank 25/28 Averiguada a possibilidade de terceirizar ou de tomar serviço, é preciso apresentar alguns documentos para monitorar a prestadora de serviços acerca de recolhimento de impostos, encargos e salários dos trabalhadores designados a prestar serviço na empresa. Os documentos a se requisitar são estes: 10/09/2024, 20:45 Versão para impressão about:blank26/28 10/09/2024, 20:45 Versão para impressão about:blank 27/28 É recomendável que o pagamento da fatura de serviços esteja condicionado à apresentação de tais documentos porque a responsabilidade do tomador dos serviços é solidária ou subsidiária. Além disso, a prescrição para pleitear tais recolhimentos é, para alguns casos, de até 20 anos. Cabe salientar que a jurisprudência ainda não firmou entendimento pacífico a respeito do tratamento que se deve dar ao terceirizado, ainda que feito dentro das normas legais. Acesse o link abaixo e visualize o modelo do contrato de prestação de serviços: Baixe aqui o material em PDF (pdf/modelo.pdf) 10/09/2024, 20:45 Versão para impressão about:blank 28/28 https://alt-638e5f8fa10ff.blackboard.com/bbcswebdav/pid-11709282-dt-content-rid-217103486_1/institution/Senac%20RS/_cursos_tecnicos/TAD/UC14/conteudos/HTML/conteudo/documentos/pdf/modelo.pdf