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unicidade x pluralidade

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UNICIDADE SINDICAL VERSUS PLURALIDADE SINDICAL 
 
Leandro de Azevedo Bemvenuti 
Advogado - RS 
 
1. Considerações iniciais; 2. Liberdade sindical e a Convenção 87 da 
OIT; 3. Conceito de unicidade sindical; 4. Conceito de pluralidade 
sindical; 5. Unicidade versus pluralidade sob o ponto de vista da 
categoria profissional; 5.1. Unicidade em relação à pluralidade; 5.2. 
Pluralidade em relação à unicidade; 6. Considerações finais; 7. 
Referências bibliográficas; 
 
1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
 
Em 1948, a Organização Internacional do Trabalho – OIT aprovou a 
Convenção nº 87, relativa à liberdade sindical e à proteção do direito de 
sindicalização. 
Encaminhada ao Congresso em maio de 1949, para a ratificação 
indispensável a sua vigência no País, a convenção nº 87 da OIT permaneceu 
35 anos em tramitação até que em 29 de agosto de 1984 foi 
inesperadamente aprovada pela Câmara dos Deputados, que obteve êxito na 
formação de um bloco oposicionista ao Governo que lhe garantiu a maioria 
da votação. 
A partir deste momento histórico, a ratificação e posterior vigência no 
ordenamento interno do País da Convenção nº 87 da OIT dependiam apenas 
do Senado Federal e posterior sanção do Presidente da República. Cientes 
deste panorama, diversos movimentos, tanto de trabalhadores quanto de 
empresários, foram disparados. 
Apesar do texto da Convenção nº 87 da OIT não ter sido colocado em 
apreciação pelo Senado, e, portanto, jamais ter ingressado no ordenamento 
jurídico interno até os dias de hoje, à época esta era uma expectativa do 
movimento sindical, que a partir deste momento intensificou as discussões 
sobre os possíveis desdobramentos da convenção na intervencionista 
legislação sindical da época. 
Dessas discussões, algumas conclusões restaram unanimidades junto 
ao movimento sindical, juristas, políticos e opinião pública, contudo, 
também algumas ferrenhas divergências tornaram-se mais acirradas, sendo 
a mais relevante e que até hoje suscita posições distintas no seio do próprio 
movimento sindical é a que diz respeito à forma de organização dos 
sindicatos, se plural, ou única. 
Neste cenário histórico em que vivamente discutia-se a convenção nº 
87 da OIT e o instituto da liberdade sindical é que se insere o presente texto. 
Pretende-se através dele apresentar um sucinto panorama das duas 
concepções de organização sindical, a pluralidade e a unicidade, 
procurando-se posteriormente fazer um paralelo entre ambas, não deixando 
de trazer a discussão algumas posições históricas exaradas a época (1984 e 
anos seguintes), dos principais atores e interessados na discussão, a classe 
trabalhadora. 
 
2 - LIBERDADE SINDICAL E A CONVENÇÃO 87 DA OIT 
 
A convenção n. 87 da OIT sem dúvida alguma propunha um 
democrático avanço na legislação sindical da época, legislação esta anterior 
à chamada Constituição Cidadã. 
Pela ratificação da Convenção propunha-se, em linhas gerais, o livre 
direito dos sindicatos de elaborar seus estatutos; eleger seus representantes; 
organizar seus programas de ação e suas atividades, devendo as autoridades 
públicas se absterem de qualquer intervenção que prejudicasse esse direito; 
o desatrelamento do Estado, não mais sendo necessário ou exigível a 
aprovação de sua instituição ou dissolução; estariam livres para filiar-se a 
organismos internacionais; livres estariam os servidores públicos para 
formar sindicatos; reconhecido o direito de greve... 
Contudo, a convenção nº 87 da OIT, se ratificada à época, revogaria 
por completo o sistema da CLT e em seu lugar os trabalhadores e 
empregadores poderiam criar diversas organizações sindicais na mesma 
base territorial, se assim fosse desejado, instituindo no âmbito interno a 
chamada pluralidade sindical. 
Tal perspectiva eclodiu contraria manifestação de grande parte da 
classe trabalhadora frente à possibilidade de adoção por parte da legislação 
interna do modelo de pluralismo sindical. Entretanto, este mesmo 
movimento sindical que se mostrou contrário ao modelo do pluralismo 
sindical, se colocava a favor das várias facetas de liberdade sindical trazidas 
pela Convenção nº 87 da OIT. 
O que se presenciava á época eram grandes congressos de 
trabalhadores endossando propostas de apoio unânime a liberdade e 
autonomia dos sindicatos, mas ao mesmo tempo defendendo a unicidade 
sindical. 
Já em 1946 o 1º Congresso Sindical de Trabalhadores do Estado de 
São Paulo recomendava o combate à pluralidade “por ser prejudicial aos 
interesses da classe trabalhadora”.1 
Em 1979 o Congresso Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos 
aprova a seguinte resolução: “Os sindicatos serão organizados em 
correspondência ao ramo de produção das empresas, garantida a unicidade 
sindical”.2 
Em 1981 tem acontecimento o 1º Congresso Nacional das Classes 
Trabalhadoras – CONCLAT, na Praia Grande, quando se decidiu: 
 
Os sindicatos têm o direito de exercer suas atividades em 
representação dos trabalhadores, segundo seus estatutos, 
livremente adotados, sem controle dos poderes públicos ou dos 
empregadores. Os sindicatos serão organizados em 
correspondência ao ramo de atividade econômica e na mesma 
base territorial, decidindo a assembléia dos trabalhadores 
qualquer dúvida quanto à representação da categoria, garantida a 
unicidade sindical.3 
 
Em agosto de 1983, em São Bernardo do Campo, o 1º Congresso 
Nacional da Central Única dos Trabalhadores – CUT firma a seguinte 
resolução: “O novo sindicalismo se funda no princípio da unicidade sindical, 
sempre pela base. Esta unidade se dará desde a organização nos locais de 
trabalho até a Central Sindical”.4 
Por sua vez, novamente na Paria Grande e em setembro de 1983, o 2º 
 
1
 AROUCA, José Carlos. “A Convenção 87”, em, "Autonomia Sindical: unicidade x pluralidade, 
imposto sindical, representação sindical”, São Paulo: Centro Pastoral Vergueiro, 1985, p. 18. 
2
 Obra citada, p. 18. 
3
 Obra citada, p. 18. 
4
 Obra citada, p. 19. 
Congresso Nacional das Classes Trabalhadoras – CONCLAT, também pelo 
mesmo caminho estabelece: 
 
Para levar avante com sucesso a luta dos trabalhadores, está na 
ordem do dia a construção e defesa do movimento sindical 
unitário, livre dos prejuízos do partidarismo, do paralelismo, e do 
pluralismo sindical. É fundamental ratificar o princípio da 
unicidade sindical como fórmula correta para o desenvolvimento 
do sindicalismo brasileiro, pois as idéias divergentes contribuirão, 
uma vez livremente debatidas, dento das entidades, para o seu 
fortalecimento, impedindo tanto o imobilismo como a fuga para o 
paralelismo inconseqüente.5 
 
Registre-se por fim o 1º Encontro Nacional de Confederação e 
Federações de Trabalhadores, realizado em 1984 em Brasília, em que se 
decidiu: “Direito de livre associação, de liberdade e de autonomia sindical, 
com plena autonomia financeira, respeitado o princípio da unicidade sindical 
pelas categorias profissionais”.6 
Portanto, o sentimento da classe trabalhadora naquele momento 
histórico, representado e legitimado pelos vários congressos e encontros 
nacionais de trabalhadores, era o de adoção dos princípios de liberdade e 
autonomia sindical traçados pela Convenção n. 87 da OIT, respeitando, por 
outro lado, o princípio da unicidade sindical. E tal perspectiva não poderia 
ter ficado mais clara quando da conclusão do 2º Encontro Nacional de 
Dirigentes Sindicais, que contava com a presença, por exemplo, do atual 
Presidente da República, Luiz Inácio LULA da Silva, momento em que se 
firmou a seguinte resolução: “Ratificação da Convenção 87 da OIT 
preservando a unidade sindical”.7 
O principal argumentoutilizado à época, contrário a pluralidade 
sindical, era o de que os efeitos desta permitiriam a criação de sindicatos 
ideológicos, desviados da função trabalhista, enfraquecendo pela desunião, o 
movimento sindical. Exemplo disso estava instaurado na própria divisão à 
época da cúpula do movimento dos trabalhadores pela constituição de duas 
centrais sindicais a CUT e o CONLAT. Enquanto estas centrais não 
 
5
 Obra citada, p. 19. 
6
 Obra citada, p. 19. 
7
 Obra citada, p. 19. 
superassem suas divergências, nitidamente partidárias, ficaria a certeza de 
que, para cada grupo de trabalhadores, existiria, pelos menos, dois 
sindicatos.8 
Por outro lado, os que defendiam a idéia do pluralismo, sustentavam 
que o movimento sindical estaria preocupado apenas com os sindicatos de 
base, na suposição equivocada de que isto reverteria na divisão de 
sindicatos. Não estaria o movimento sindical observando o fenômeno sob a 
perspectiva superior da pirâmide sindical, que permitiria a legitimação das 
várias centrais sindicais, possibilitando a filiação dos sindicatos por centrais, 
formando assim uma unidade com força suficiente para negociar em nível 
nacional. 
Essa disputa de concepções, hoje renovada diante de projeto que se 
propõe a alterar a legislação sindical brasileira, deve ser compreendida 
também sob o ponto de vista conceitual, razão pela qual trazemos a colação 
rápidos conceitos sobre os institutos da unicidade e da pluralidade sindical 
nos tópicos a seguir trabalhados. 
 
3 - CONCEITO DE UNICIDADE SINDICAL 
 
Entende-se por unicidade sindical o sistema em que há uma única 
entidade profissional ou econômica representativa de sua base de acordo 
com a forma de representação adotada, seja por categoria, base territorial, 
profissão ou empresa. 
A Constituição Federal de 1988 adotou expressamente em seu 
normativo texto a unicidade sindical, dispondo no art. 8º inciso II ser 
“vedada à criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, 
representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base 
territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores 
interessados, não podendo ser inferior à área de um município”. 
Segundo WILSON DE SOUZA CAMPOS BATALHA, “unicidade sindical implica 
a existência de uma única entidade representativa da mesma categoria em 
 
8
 Pelo menos dois sindicatos instaurados em pequenas categorias situadas no interior deste continental 
país, sem dúvida alguma enfraqueceria ainda mais o movimento dos trabalhadores, que sem força e 
unidade, se entregariam fácil a lógica do capital. 
determinada base territorial”.9 
O professor JOÃO JOSÉ SADY ao tratar sobre o tema da unicidade 
sindical, argumenta que... 
 
[...] apesar de certos malefícios evidentes, apresenta em contra-
partida a vantagem de ser um fator aglutinador dos assalariados. 
A falta de democracia de per si já provoca o atraso na consciência 
dos trabalhadores e a precariedade das entidades sindicais com 
baixíssimos índices de sindicalização e muito pouca 
representatividade, faz crescer a preocupação pela unidade 
sindical.10 
 
Neste cenário, teoricamente a unicidade imposta pela Lei impediria a 
pulverização de determinada base/categoria em vários sindicatos, cada um 
sustentando-se em uma determinada corrente política, ideológica ou 
religiosa. 
 
4 - CONCEITO DE PLURALIDADE SINDICAL 
 
Entende-se por pluralidade sindical o sistema em que se admite em 
uma mesma base territorial a existência de diversos sindicatos 
representando legalmente à mesma categoria profissional ou econômica. 
WILSON DE CAMPOS BATALHA argumenta que a “pluralidade sindical 
consiste na permissão de várias entidades, na mesma base territorial, 
exercerem a representação da mesma categoria, disputando-se qual o 
sindicato mais representativo, ou as condições para uma participação 
proporcional na representação da categoria”.11 
Na pluralidade sindical a representação é definida pela legitimidade da 
entidade, isto é, a representatividade dos sindicatos é definida pela 
importância do agrupamento categorial na estrutura da organização sindical 
 
9
 BATALHA, Wilson de Souza Campos; BATALHA, Silva Marina Labate. “Sindicatos – 
Sindicalismo”, 2a ed., São Paulo, LTr Edit., 1994, p. 83. 
10
 SADY, João José, “Direito Sindical e Luta de Classes”, São Paulo, Instituto Cultural Roberto 
Morena, 1985, p. 38. 
11
 BATALHA, Wilson de Souza Campos; BATALHA, Silva Marina Labate, “Sindicatos – 
Sindicalismo”, 2a ed., São Paulo: LTr, 1994, p. 83. 
(sindicatos, federações e confederações).12 
O sistema de pluralidade sindical permite, teoricamente, a criação de 
sindicatos sem limites de base territorial previamente estabelecidas, 
possibilitando assim, a constituição de sindicatos de empresas, ou seja, 
sindicatos cuja base restringe-se a trabalhadores com contrato de emprego 
mantidos por determinada empresa. 
 
5 - UNICIDADE VERSUS PLURALIDADE SOB O PONTO DE VISTA DA 
CATEGORIA PROFISSIONAL 
 
O sindicato é uma instituição social espontânea, que reúne as pessoas 
pelo que apresentam de comum, isto é, pelo exercício da mesma atividade 
econômica e por interesses profissionais. Distingue-se claramente, por 
exemplo, de um clube, pois deste alguém se torna sócio a partir da sua 
opinião pessoal, simpatias, laços afetivos; já o sindicato se organiza com 
base no interesse do grupo e com o objetivo de resolver problemas de índole 
coletiva, na defesa de interesses profissionais ou econômicos do conjunto 
dos trabalhadores. 
Neste cenário, e por maiores que sejam as divergências da classe 
trabalhadora entre si, seja por questões políticas, partidárias, filosóficas, 
sociológicas, econômicas, religiosas etc..., todos os trabalhadores têm entre 
si algo que lhes coloca em posição de similaridade; todos “alienam” sua força 
de trabalho ao capital, porque não detém os meios de produção, e, portanto, 
buscam sempre melhores condições de trabalho e salário. 
Sob esta perspectiva, é preciso de alguma forma manter este tênue 
laço que lhes une em torno de uma meta idêntica, a busca de melhores 
condições de trabalho e salário. A unidade na luta, portanto, é o objetivo a 
ser alcançado, para que unidos os trabalhadores possam se contrapor em 
condições não tão desiguais aos interesses do capital. 
Entretanto, prega-se que este objetivo de unidade pode ser alcançado 
sob duas formas ou perspectivas de atuação. Sob a forma do pluralismo 
 
12
 ARAGÃO, Luiz Fernando Bastos. “Noções essenciais de direito coletivo do trabalho”, São Paulo: 
LTr, 2000, p.27. 
defende-se a liberdade de criação dos sindicatos, até que num determinado 
momento histórico, estes vários e plurais sindicatos irão aos poucos se 
unirem, na busca deste objetivo que é a unidade do movimento. Por outro 
lado, a forma da unicidade pressupõe desde o início a imposição por Lei de 
uma unidade mínima, que corresponde hoje aos limites da área do 
município em que se insere a entidade sindical. 
Nesta perspectiva, passaremos a abordar sucintamente alguns 
aspectos relevantes que podem ser extraídos do confronto destas duas 
concepções. 
 
5.1 – UNICIDADE EM RELAÇÃO À PLURALIDADE 
 
A liberdade sindical absoluta que se impõe também pela construção de 
livre sindicalização a qualquer sindicato, reduz as possibilidades de defesa 
da classe trabalhadora, na medida em que seus esforços se vêm diluídos em 
várias associações profissionais e com trabalhadores não filiadosque, apesar 
disso, se beneficiam das conquistas dos filiados, sem, contudo, ter de 
participar do enfrentamento capital-trabalho. 
Por outro lado, dá maior flexibilidade ao empregador que pode optar 
pela contratação de trabalhadores não sindicalizados ou sindicalizados a 
entidades que não se propõe ao enfrentamento com a empresa, ou ainda 
pior, podem os empregadores num sistema de liberdade ampla e irrestrita, 
permeada pela pluralidade de sindicatos, constituírem o seu próprio 
sindicato, o sindicato dos trabalhadores da sua empresa, vinculando à 
manutenção do emprego de seus empregados à sindicalização destes ao 
sindicato constituído, com o que poderá inclusive firmar normas coletivas a 
seu bel prazer. 
Estas questões são típicas e inerentes ao nosso sistema, primeiro, em 
razão de questões culturais já enraizadas, e, segundo, em razão do sistema 
de proteção do emprego de nosso sistema, que inexiste. 
Não há em nosso ordenamento a proteção do emprego sob a forma da 
estabilidade, ou ao menos, sob a forma da proteção contra a despedida 
arbitrária ou sem justa causa. Por esta razão é que não se pode tentar fazer 
relação entre o nosso sistema e a realidade de outros países, que, por 
exemplo, têm ratificado em seus ordenamentos a convenção nº 158 da OIT 
que impede a despedida arbitrária. 
A convivência de vários sindicatos, que no nosso sistema, pela falta de 
proteção ao emprego, pode ser construída ou incentivada pelas próprias 
empresas, impede uma eficaz negociação entre capital e trabalho. 
A idéia, por exemplo, de atribuir ao sindicato mais representativo o 
comando da negociação coletiva, ao invés de unir, acirrará as disputas, 
enfraquecendo os trabalhadores. Inegavelmente, todas as correntes se 
desgastarão, competindo para conseguir o direito de representação, 
esgotando inutilmente, as forças que precisarão concentrar quando tiverem 
pela frente o capital. 
 
5.2 - PLURALIDADE EM RELAÇÃO À UNICIDADE 
 
Por outro lado, os adeptos da pluralidade entendem que a unicidade 
sindical mantida por lei implica necessariamente a dependência do sindicato 
diante do Estado. Isto porque, neste caso, cabe ao Estado, através do Poder 
Judiciário, designar qual sindicato é o único representante legítimo de uma 
categoria profissional. 
Essa dependência do sindicato diante do Estado implica em uma 
hegemonia burguesa sobre o movimento sindical tomado no seu conjunto, 
isto porque o Estado burguês seleciona politicamente, através de 
instrumentos policiais e judiciários, os elementos que podem ascender na 
estrutura sindical. 
Assim, concluem que, para que o proletariado possa imprimir ao 
movimento sindical uma direção conforme com os seus interesses históricos, 
seria necessário romper com essa dependência diante do Estado burguês, e 
isto passaria, necessariamente, pela derrubada da unicidade sindical 
imposta por Lei.13 
Outros ainda, entendem que é possível se atingir a unicidade na 
 
13
 BOITO JR, Armando; SAES Décio. “Autonomia Sindical”, em, “Autonomia Sindical: unicidade x 
pluralidade, imposto sindical, representação sindical”, São Paulo: Centro Pastoral Vergueiro, 1985, p. 
80-1. 
pluralidade, sendo requisito necessário a esta construção o fato dela ser feita 
de baixo para cima, isto é, da base sindical à cúpula central, sem contudo, a 
imposição pelo Estado através de instrumento normativo. 
 
6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Como já referido anteriormente, esta discussão hoje se renova diante 
do projeto de Lei encaminhado ao Congresso Nacional que propõe a 
chamada “reforma sindical”. 
Todavia, sempre que nos propomos a discutir ou rediscutir a matéria, 
é preciso ter em conta o ambiente em que se está a discutir, e, por 
conseguinte, o ambiente em que se pretende inserir esta forma de 
organização sindical. 
Sendo o ordenamento brasileiro atual o ambiente em que se insere a 
discussão hoje em pauta, ambiente este em que inexiste proteção à relação 
de emprego, ou pelo contrário, onde existe o poder potestativo do 
empregador de livremente despedir seus empregados, não há que se fazer 
comparações com experiências oriundas de realidades diferentes, onde ao 
contrário, vige, por exemplo, como já dito, a convenção nº 158 da OIT. 
Quando em 1934 foi dada a opção aos trabalhadores pela unicidade 
ou pluralidade, o movimento sindical optou pela unicidade, porque 
entendiam à época os trabalhadores, que este seria o melhor caminho para 
alcançarem à unidade do movimento, frente às condições históricas de 
precária proteção individual e coletiva dos trabalhadores. 
Não há razões para pensarmos o contrário de lá para cá. 
Os níveis de desemprego, influenciados pela chamada Terceira 
Revolução Industrial, aumentam a cada nova década que se passa. Os 
poucos empregos que ainda se mantém são precarizados. As bravas 
conquistas ainda existentes são desregulamentadas. 
A proteção ao emprego que já é mínima, cada vez torna-se mais tênue, 
frente à introdução de novas formas de contratação e dispensa. 
Neste cenário, em que evidentemente o trabalhador não é livre, porque 
submetido por necessidade de subsistência a uma relação frágil, permeada 
por um exército de reserva pronto a tomar o seu lugar por um salário mais 
baixo e talvez uma qualificação mais adequada, porque poderíamos pensar 
que o sindicato também pudesse ser livre. 
O Direito do Trabalho parte de seu nascedouro que é a evidente 
desigualdade entre as partes que compõe a relação de emprego – empregado 
e empregador. Desta desigualdade o Direito do Trabalho faz nascer o 
Princípio Protetor, cuja finalidade é desigualar os desiguais a fim de diminuir 
suas desigualdades, tornando a relação quem sabe um pouco mais 
equilibrada. E não há outra medida que não seja a intervenção do Estado 
pela Lei, garantindo o contrato mínimo legal, a tornar possível esta finalidade 
protetora do Direito do Trabalho. 
Se dependêssemos única e exclusivamente da liberdade certamente o 
contrato mínimo legal já teria caído, como até hoje muitos querem através da 
inversão das fontes – negociado a prevalecer sobre o legislado. 
Ora, necessitando o Direito Individual do Trabalho desta intervenção 
Estatal para lhe assegurar aquilo que a pura e simples liberdade não 
conseguiu, por se tratarem de pólos desiguais na relação, porque imaginar 
que o Direito Coletivo do Trabalho neste ambiente retratado conseguiria sem 
o Estado, prevalecer eficazmente. 
As relações coletivas de trabalho comportam, tal qual as relações 
individuais de trabalho, uma evidente disparidade entre aqueles que 
negociam, quer no que tange ao aspecto econômico, com a natural 
superioridade da empresa, quer no tocante à concentração do poder sobre os 
meios de produção por parte do empregador. Assim, rompido o equilíbrio 
natural para a atuação negociada das partes, faz-se mister uma atuação do 
ordenamento jurídico, ou uma vontade expressada pelo Estado, no sentido 
de potencializar os sindicatos em sua atuação representativa, dotando-lhes 
de meios que, se não restabeleçam de per se a igualdade dos mesmos frente 
ao empresariado, ao menos criem mecanismos que, com o amadurecimento 
do diálogo social, tenham o condão de proporcionar esse equilíbrio.14 
Sobre o tema, VALDÉS DAL-RÉ, citado por ALEXANDRE TEIXEIRA DE 
 
14
 BASTOS CUNHA, Alexandre Teixeira de Freitas. “Sindicatos: estrutura e papel na sociedade 
moderna”, ANAMATRA 1, Ed. Forense, set. 2001. Disponível em: 
<http://www.amatra1.com.br/artig/art0107.html>. Acesso em: 18 set. 2005. 
FREITAS, argumenta, in verbis: 
 
"[...] garantir o direito a negociar coletivamenteas condições de 
trabalho, as condições sociais que afetem os interesses da classe 
menos favorecida sócio-economicamente, requer organizar a 
autonomia coletiva segundo critérios não somente de liberdade , 
mas também de possibilidade e iniciativa reais. Em suma, criar os 
pressupostos para que a negociação coletiva cumpra o 
compromisso de atualizar a auto-tutela dos interesses do trabalho 
com o escopo de alcançar-se uma sociedade dotada de maior 
igualdade. A intervenção legislativa além de cumprir uma função 
de proteção dos entes sindicais, deve servir de meio para 
promover a negociação coletiva, para apoiar a atividade sindical 
e, em última instância, de dispositivo para redistribuir o poder 
entre os antagonistas sociais".15 
 
Neste cenário, o instituto da liberdade sindical deve ser compreendido 
não só como uma ausência de proibições ou restrições, mas também como a 
existência de garantias positivas para seu exercício. Assim o é porque dentre 
ditas garantias, oponíveis aos empresários por parte dos trabalhadores, 
podemos citar, resumidamente, a necessidade de uma legislação que 
assegure, de fato, o livre exercício da atividade sindical, conferindo adequada 
proteção aos trabalhadores contra atos de discriminação anti-sindical no 
emprego, criação de mecanismos que coíbam o surgimento de sindicatos 
profissionais que, apesar de formalmente atenderem ao interesse dos 
trabalhadores, de fato, são organizados e financiados pelos próprios 
empresários, visando atender a seus próprios interesses, tipo de prática que 
se constitui na forma mais detestável de ingerência na liberdade sindical.16 
Sob esta lógica, o Princípio Protetor, que encerra a intervenção do 
Estado para proteger o hipossuficiente na relação de Direito Individual, 
também não deveria se estender a relação de Direito Coletivo, a fim de 
proteger a estrutura sindical profissional de suas imperfeições materiais? 
Não deveria o Estado intervir para desigualar os desiguais a fim de 
minorar suas desigualdades também nas relações de Direito Coletivo do 
Trabalho, construindo pela Lei uma proteção à estrutura sindical das 
categorias profissionais, para que estas, através de uma virtual ou artificial 
 
15
 DAL-RÉ, Valdés, apud, obra citada. 
16
 KAHN-FREUND, Otto, apud, obra citada. 
unidade melhor estivessem em condições de se contrapor ao poder 
econômico? 
Ou deixaríamos tudo a mercê da ampla e total liberdade preconizada 
pela convenção nº 87 da OIT, aquela fundada e fundamentada no princípio 
do liberalismo econômico, isto é, as forças do mercado por si só produzirão a 
harmonia econômica, a prosperidade e a felicidade dos cidadãos. 
Como anuncia JOÃO JOSÉ SADY, “este suposto admirável mundo novo, 
todavia, esbarra nos limites do real: os sindicatos não querem e nem precisam 
de liberdade. Eles querem e precisam sim é de poder”; e complementa... 
 
[...] não estamos, portanto, no território da liberdade, mas, no 
território onde homens se organizam para violentar a liberdade de 
outros homens que os exploram. O pressuposto básico que temos 
de assentar, se a idéia é pensar em normas jurídicas que possam 
ajudar os sindicatos, não é em trazer-lhes liberdade, mas, em 
assegurar-lhes maior poder para violentar a liberdade dos outros 
homens (seus opressores). Os sindicatos não precisam de 
liberdade, precisam de poder.17 
 
A liberdade ampla e irrestrita interessa a parcela de nossos dirigentes 
sindicais, porque o sindicato único representa na verdade o sindicato 
fundado antes dos demais. Então, as diversas correntes políticas têm de 
digladiar-se dentro destas entidades para tentar tomar o controle das 
mesmas. A corrente política (ou seja, a central sindical) que está de fora, tem 
muita dificuldade para tomar a entidade daquela que está encastelada no 
sindicato já existente. Por este motivo defendem a bandeira da liberdade de 
escolha para os trabalhadores. O resultado prático disso, contudo, é que 
cada grupo político, partidário, religioso..., possa organizar seu próprio 
sindicato "único", para justamente no momento em que mais precisam poder 
para negociar, estão divididos disputando representação. 
Os trabalhadores se organizam em torno e no interior de sindicatos 
para construir poder e obter vantagens que se manifestam nos contratos 
coletivos. Neste cenário, e partindo-se da premissa de que a finalidade da 
estrutura sindical é promover a unificação do movimento e das lutas por 
 
17
 SADY, João José. “Reforma sindical: o que a PEC nº 29/2003 pretende é a manutenção do 
princípio da unicidade”. Jus Navigandi, Teresina, a. 7, n. 79, 20 set. 2003. Disponível em: 
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=4279>. Acesso em: 14 set. 2005. 
melhores condições de trabalho e salário através da unidade/união sindical, 
porque correr os riscos de levá-la através de um ambiente de pluralidade, 
quando se pode inclusive cortar caminhos através de uma unidade mínima 
garantida pela Lei. 
A organização sindical sob a concepção do pluralismo encerra em si a 
possibilidade de criação de uma nova estrutura sindical, contudo, esta nova 
estrutura tanto pode ser a mais democrática e participativa possível, como 
também pode ser a mais totalitária e impositiva possível. E por isso, e até 
que não se tenha no nosso ambiente sindical, a mínima proteção ao 
emprego, e a partir de então a possibilidade de construção de uma liberdade 
individual do trabalhador, a total liberdade coletiva possivelmente acabaria 
se enveredando pelos caminhos que a liberdade individual foi conduzida até 
que o Estado viesse a intervir na relação capital-trabalho através do Direito 
do Trabalho. 
A pergunta que fica é como conceber sem prejuízos a classe 
trabalhadora, uma ampla e total liberdade no âmbito do Direito Coletivo de 
Trabalho, se esta mesma ampla e total liberdade no âmbito do Direito 
Individual é rechaçada (tese do negociado sobre o legislado)? 
A resposta quem sabe, a fim de proporcionar o equilíbrio entre os 
atores sociais, na negociação coletiva, seja uma vigorosa atuação estatal-
legislativa, com o escopo de dotar os entes representativos dos trabalhadores 
de meios ou mecanismos aptos a conduzirem a vontade efetiva deste grupo 
ao debate que se trava durante o processo de negociação. Em outras 
palavras, o Estado deve propiciar mecanismos que possibilitem a real 
expressão dos objetivos colimados pela classe trabalhadora, ou seja, há 
necessidade de uma firme intervenção do Estado-legislador, não no sentido 
de obstruir a liberdade sindical e, conseqüentemente, a autonomia coletiva 
das partes, mas, ao contrário, como elemento necessário ao exercício 
autônomo e pleno da representação dos trabalhadores, por parte dos entes 
legitimados a fazê-lo.18 
 
18
 BASTOS CUNHA, Alexandre Teixeira de Freitas. “Sindicatos: estrutura e papel na sociedade 
moderna”, ANAMATRA 1, Ed. Forense, set. 2001. Disponível em: 
<http://www.amatra1.com.br/artig/art0107.html>. Acesso em: 18 set. 2005. 
Não há outra forma de falar-se em diálogo social. Caso contrário, o que 
se verificará, necessariamente, será a imposição da vontade pelo mais forte, 
o que não se coaduna com uma sociedade que se pretende, de fato, 
democrática e de direito, como é o caso da brasileira, segundo afirmado no 
caput do artigo 1º de nossa Constituição. 
Ratifique-se a convenção nº 158 da OIT, proteja-se o emprego, e 
provavelmente depois disso, nenhum trabalhador ou entidade sindical deste 
país se negará a adotar os princípios da convenção nº 87 da OIT, inclusive 
no seu aspecto de organização sindical atravésda pluralidade sindical. 
 
7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
ARAGÃO, Luiz Fernando Bastos. “Noções essenciais de direito coletivo do trabalho”, São 
Paulo: LTr, 2000, p.27. 
 
AROUCA, José Carlos. “A Convenção 87”, em, "Autonomia Sindical: unicidade x 
pluralidade, imposto sindical, representação sindical”, São Paulo: Centro Pastoral Vergueiro, 
1985, p. 18. 
 
BASTOS CUNHA, Alexandre Teixeira de Freitas. “Sindicatos: estrutura e papel na 
sociedade moderna”, ANAMATRA 1, Ed. Forense, set. 2001. Disponível em: 
<http://www.amatra1.com.br/artig/art0107.html>. Acesso em: 18 set. 2005. 
 
BATALHA, Wilson de Souza Campos; BATALHA, Silva Marina Labate, “Sindicatos – 
Sindicalismo”, 2a ed., São Paulo: LTr, 1994, p. 83. 
 
BOITO JR, Armando; SAES Décio. “Autonomia Sindical”, em, “Autonomia Sindical: 
unicidade x pluralidade, imposto sindical, representação sindical”, São Paulo: Centro 
Pastoral Vergueiro, 1985, p. 80-1. 
 
SADY, João José, “Direito Sindical e Luta de Classes”, São Paulo, Instituto Cultural Roberto 
Morena, 1985, p. 38. 
 
SADY, João José. “Reforma sindical: o que a PEC nº 29/2003 pretende é a manutenção do 
princípio da unicidade”. Jus Navigandi, Teresina, a. 7, n. 79, 20 set. 2003. Disponível em: 
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=4279>. Acesso em: 14 set. 2005.

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