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Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C REPARAÇÃO POR DANOS MATERIAIS. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. VEROSSIMILHANÇA E HIPOSSUFICIÊNCIA TÉCNICA. REQUISITOS COMPROVADOS. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. 1. Agravo de Instrumento interposto contra decisão que indeferiu o pedido de inversão do ônus da prova. 2. Consoante o artigo 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor, para que haja a inversão do ônus da prova é imperioso o preenchimento de pelo menos um dos requisitos previstos em lei, quais sejam, verossimilhança das alegações ou demonstração da hipossuficiência técnica/econômica da parte. 3. No caso, a verossimilhança para se justificar a inversão do ônus da prova restou evidenciada através dos comprovantes colacionados aos autos originários, os quais demonstram as transações ditas criminosas e seus respectivos pagamentos, a viagem realizada por meio de transporte UBER, o boletim de ocorrência, a transferência para conta de amiga a fim de evitar a subtração de novos valores da conta e o empréstimo que teria sido feito pela própria correntista, meses antes. 4. A instituição financeira ré/agravada, por sua vez, diverge das autoras/agravantes, sob o argumento de que as transações impugnadas foram realizadas mediante a utilização de senha pessoal, informação que não está disponível às correntistas. 5. Em se tratando da necessidade de comprovação da não realização das transações bancárias, evidencia-se também a hipossuficiência técnica/econômica das autoras/agravantes. 6. Preenchidos os requisitos previstos em lei, dá-se provimento ao recurso para determinar a inversão do ônus probatório, nos termos do art. 6º, VIII do CDC. 7. Recurso conhecido e provido. (ACÓRDÃO: 1924401, 07246653320248070000, RELATOR: CARLOS ALBERTO MARTINS FILHO, 1ª TURMA CÍVEL, DATA DE JULGAMENTO: 18/09/2024, DATA DA PUBLICAÇÃO: 01/10/2024). Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONSUMIDOR E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE CONHECIMENTO. PORTABILIDADE DE CRÉDITO. REDUÇÃO DE DESCONTO EM FOLHA DE PAGAMENTO. CONTRATAÇÃO DE NOVO EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. ALEGAÇÃO DE FRAUDE. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. ART. 6º, VIII, DO CDC. REGRA DE INSTRUÇÃO DO PROCESSO. VEROSSIMILHANÇA DAS ALEGAÇÕES E HIPOSSUFICIÊNCIA DO AUTOR. COMPROVADAS. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. DECISÃO REFORMADA. ÔNUS DA PROVA INVERTIDO. 1. Trata-se de agravo de instrumento interposto contra decisão que, nos autos de ação de conhecimento, indeferiu o pedido do autor (ora agravante) de inversão do ônus probatório, mantendo a distribuição pela regra ordinária do art. 373, I e II, do CPC. 2. O caso revela a existência de relação consumerista, a atrair o direcionamento do Código de Defesa do Consumidor - à luz dos conceitos de fornecedor (art. 3º do CDC) e de consumidor (art. 2º c/c art. 17, ambos do CDC) - sobretudo quanto à responsabilidade de todos os agentes que compõem a cadeia de fornecimento do serviço, a teor do que prelecionam os arts. 7º, parágrafo único, e 25, § 1°, ambos da Lei n. 8.078/90. 3. A inversão do ônus da prova prevista no art. 6º, VIII, do CDC constitui medida excepcional que depende da demonstração de hipossuficiência do consumidor para a produção da prova ou da verossimilhança das suas alegações. O c. STJ (REsp n. n. 1.286.273/SP) já decidiu que a inversão do ônus probatório nas demandas consumeristas versa sobre regra de instrução do processo, que deve ser determinada antes da instrução, ou, se proferida em momento posterior, deve garantir à parte a quem foi imposto esse ônus a oportunidade de apresentar suas provas, de modo que não é viável sua determinação no bojo de eventual recurso de apelação. 4. Verifica-se da narrativa constante na inicial e dos documentos que a acompanham a verossimilhança das alegações autorais quanto à divergência entre a vontade efetivamente manifestada pelo consumidor e os negócios jurídicos formalmente implementados com a intermediadora e o banco réus, a indicar a ocorrência de fraude, que possui o condão de macular a validade do ato negocial e obstar a produção de seus naturais efeitos. Nota-se, ainda, a hipossuficiência técnica do demandante/agravante, já que a pessoa jurídica intermediadora e a instituição bancária (ora agravadas) detêm todos os meios e conhecimentos necessários para demonstrar a inexistência de vícios na celebração dos negócios jurídicos impugnados. 5. O preenchimento dos requisitos elencados no inciso VIII do art. 6º do CDC demonstram o desacerto da decisão de indeferimento da inversão do ônus probatório em favor da parte autora, porquanto ser incumbência de ambos os réus a comprovação da inexistência de falha na prestação dos serviços por eles ofertados e/ou a ocorrência de culpa exclusiva da vítima, bem como a presença de manifestação de vontade livre, regular e consentida do demandante no momento da formalização dos contratos, capaz de afastar o pleito de declaração de sua nulidade. Precedentes do e. TJDFT. A reforma da r. decisão agravada é medida que se impõe. 6. Recurso conhecido e provido. Decisão agravada reformada para inverter o ônus da prova em favor do consumidor autor, com base no art. 6º, VIII, do CDC. (ACÓRDÃO 1920192, 07277381320248070000, RELATORA: SANDRA REVES, 7ª TURMA CÍVEL, DATA DE JULAGEMENTO: 11/09/2024, DATA DA PUBLICAÇÃO: 27/09/2024). A seguir, jurisprudência ressaltando a hipossuficiência técnica: PROCESSUAL CIVIL E CONSUMIDOR. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL. INVERSÃO DO ÔNUS PROBATÓRIO. VEROSSIMILHANÇA E HIPOSSUFICIÊNCIA TÉCNICA. REQUISITOS COMPROVADOS. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. RECURSO NÃO PROTELATÓRIO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. 1. A relação jurídica firmada entre as partes se subordina ao regramento do Código de Defesa do consumidor, o qual, como forma de facilitar a defesa da parte mais vulnerável nessa relação - o consumidor -, possibilita a inversão do ônus probatório, se presentes os requisitos da verossimilhança e da hipossuficiência (art. 6º, VIII, do CDC). 2. A verossimilhança para se justificar a inversão do ônus da prova se extrai dos documentos colacionados aos autos originários que demonstram a celebração de contrato de participação em grupo de consórcio, no qual, supostamente se fez a falsa promessa de contemplação de carta de crédito poucos dias depois da assinatura do instrumento contratual. Inclusive, a agravante e seus sócios estão sendo investigados criminalmente pela suposta conduta fraudulenta. 2.1. Evidenciado que o consumidor, diante dos fatos narrados, está em posição de vulnerabilidade informacional e técnica. 3. Não há que se falar em produção de prova diabólica. O fornecedor possui melhores condições de comprovar, por exemplo, a legalidade na celebração do contrato e nas suas cláusulas, a veracidade nas informações oferecidas e que o consumidor não foi levado a erro na formalização do negócio jurídico, além de que os valores pagos pelo recorrido se destinam à formação do fundo comum, no qual seus consorciados serão (vem sendo) contemplados com as cartas de crédito contratadas. 4. Ainda que não houvesse a inversão do encargo probatório, a fixação dos pontos controvertidos pelo magistrado apenas demonstra que, de acordo com a distribuição do ônus da prova (art. 373 do Código de Processo Civil), caberia à agravante convencer o julgador de que não houve falha na prestação dos serviços e não pode lhe ser imputada a responsabilidade civil pelos prejuízos alegados. 5. Afasta-se o pedido de multa por litigância de má-fé (art. 80, VII, do Código de Processo Civil). 5.1. Não demonstrado que a ré/agravante tenha interposto o presente recurso com o intuito protelatório, mas apenas exercitou seu direito recursal de modo legítimo, objetivando reformar a decisão da forma que entende por justa e que melhor assegura o seu direito. 6. Agravo de instrumento conhecido e desprovido. (ACÓRDÃO N° 1758716, 07277497620238070000, RELATOR: CARLOS PIRES SOARES NETO, 1ª TURMA CÍVEL, DATA DO JULGAMENTO: 13/09/2023, DATA DA PUBLICAÇÃO: 28/09/2023). A seguir, jurisprudência abordando a hipossuficiência econômica: AGRAVO DE INSTRUMENTO.DIREITO PROCESSUAL CIVIL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. ADMISSIBILIDADE. ART 1.105 DO CPC. TAXATIVADE. FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS PERICIAIS. DECISÃO QUE FIXA PONTOS CONTROVERTIDOS. TEMA 988 DO STJ. URGÊNCIA NÃO DEMONSTRADA. INADMISSIBILIDADE. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. INSUFICIÊNCIA TECNICA E ECONOMICA. PARTE COM MAIOR FACILIDADE DE PRODUZIR PROVAS. CABIMENTO. 1 - Fixação de honorários periciais e pontos controvertidos. Inadmissibilidade. O art. 1015 do CPC não contempla o recurso de agravo de instrumento contra decisão que fixa a responsabilidade pelos honorários periciais e que estabelece os pontos controvertidos da lide. No julgamento do REsp Repetitivo 1704520/MT o Superior Tribunal de Justiça estabeleceu que (Tema 988): "O rol do art. 1.015 do CPC é de taxatividade mitigada, por isso admite a interposição de agravo de instrumento quando verificada a urgência decorrente da inutilidade do julgamento da questão no recurso de apelação". A decisão recorrida não apresenta urgência que justifique a interferência no curso da instrução. Alegada vicissitude pode ser arguida em preliminar de eventual recurso de apelação (art. 1009, parágrafo único, do CPC). 2 - Inversão do ônus da prova. Hipossuficiência técnica e econômica. A agravada apresenta hipossuficiência técnica e econômica frente ao nosocômio para provar a ocorrência do ilícito. Havendo controvérsia sobre a responsabilidade pelo dano causado e levando em consideração que o agravante tem melhores condições de produzir as provas necessárias para resolver o conflito, é cabível a inversão do onus probandi. 3 - Agravo conhecido, em parte, e nesta. parcela desprovido. (ACÓRDÃO 1847761, 07014901020248070000, RELATOR: AISTON HENRIQUE DE SOUSA, 4ª TURMA CÍVEL, DATA DE JULGAMENTO: 19/09/2024, DATA DA PUBLICAÇÃO: 26/04/2024). A seguir, jurisprudência abordando a hipossuficiência informacional: EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EMBARGOS À EXECUÇÃO. EMPREENDIMENTO IMOBILIÁRIO. AQUISIÇÃO DE IMÓVEL NA PLANTA. DECISÃO SANEADORA QUE RECONHECE A INCIDÊNCIA DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. NECESSIDADE, TAMBÉM, DE INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. VEROSSIMILHANÇA DAS ALEGAÇÕES NO SENTIDO DE QUE A PROPOSTA OFERTADA INCLUÍA O RECEBIMENTO DE VEÍCULO COMO PARTE DO PAGAMENTO DO PREÇO FINAL. ADEMAIS, HIPOSSUFICIÊNCIA INFORMACIONAL. MAIOR FACILIDADE DE OBTENÇÃO DA PROVA PELA EMPREENDEDORA, QUE TEM A POSSE DE DOCUMENTOS NECESSÁRIOS À ELUCIDAÇÃO DOS FATOS NARRADOS, BEM COMO PODE INDICAR COM PRECISÃO AS TESTEMUNHAS QUE DEVEM SER INQUIRIDAS. PRESENTES OS REQUISITOS DO ART. 6º, INC. VIII, DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR.RECURSO PROVIDO.” (C. CÍVEL 0044040-51.2020.8.16.0000, RELATOR: DESEMBARGADOR LAURO LAERTES DE OLIVEIRA, TJPR – 16ª, J. 04.11.2020). A seguir, jurisprudências sobre a vulnerabilidade ser presumida: APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR. CONTRATO DE SEGURO AGRÍCOLA. PRELIMINAR. APLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. RELAÇÃO DE CONSUMO. ATIVIDADE EMPRESARIAL DE PESSOA FÍSICA. PRESUNÇÃO DE VULNERABILIDADE. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. OPE IUDICIS. REGRA DE PROCEDIMENTO. BOA-FÉ. DEVER ANEXO. DEVER DE COOPERAÇÃO E LEALDADE. DUTY TO MITIGATE THE LOSS. COMUNICAÇÃO DO SINISTRO. COLHEITA ANTECIPADA. PROVIDÊNCIAS PARA MINORAR O RISCO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. LICITUDE DA NEGATIVA DE PAGAMENTO DO PRÊMIO. SENTENÇA MANTIDA. HONORÁRIOS MAJORADOS. 1. O Código de Defesa do Consumidor-CDC protege tanto a pessoa natural como a pessoa jurídica. Todavia, há razoável consenso de que a pessoa natural, ainda que bem informada e com boas condições financeiras, possui maior vulnerabilidade do que a pessoa jurídica. 2. A vulnerabilidade da pessoa jurídica deve ser demonstrada para incidência do CDC; da pessoa natural é presumida. Além de interesses materiais, a pessoa natural possui interesses existenciais - decorrentes dos direitos da personalidade -, que são considerados tanto pela Constituição quanto pelo CDC. Há relação jurídica de consumo entre as partes. 3. O CDC autoriza a inversão do ônus da prova a favor do consumidor, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências? (art. 6º, VIII). 4. Todo consumidor é, por definição, vulnerável (art. 4º, I, do CDC), o que significa fragilidade nas relações estabelecidas no mercado de consumo. A vulnerabilidade pode ser fática (econômica), jurídica e técnica (informacional). Por suas condições pessoais - doença, idade etc. -, pode ser considerado hiper vulnerável e merecer tratamento diferenciado. 5. A vulnerabilidade, todavia, não se confunde com hipossuficiência, a qual significa a dificuldade do consumidor de fazer prova sobre determinado fato que embasa sua pretensão em juízo (causa de pedir). A hipossuficiência enseja a inversão do ônus da prova quando há, também, verossimilhança das alegações do consumidor. 6. A inversão do ônus probatório é regra de procedimento - instrução. Deve ocorrer antes da sentença, preferencialmente, na fase de saneamento do processo, de modo a assegurar o contraditório e a ampla defesa. 7. No caso, não há hipossuficiência do consumidor: a questão debatida não enseja a produção de provas além do que já foi apresentado pelas partes. 8. Estabelece o art. 757 do Código Civil (CC) que, pelo contrato de seguro, o segurador se obriga, mediante o pagamento do prêmio, a garantir interesse legítimo do segurado, relativo a pessoa ou a coisa, contra riscos predeterminados. Devem os celebrantes guardaram a boa-fé e a veracidade com relação ao objeto, às circunstâncias e às declarações durante a execução contratual (art. 765). Ainda, o segurado perderá o direito à garantia se agravar intencionalmente o risco objeto do contrato (art. 768). É dever do segurado comunicar o sinistro ao segurador, logo que saiba, sob pena de perda do direito à indenização. Deverá tomar as providências para minorar as consequências do dano (art. 771). 9. Os contratantes devem realizar as medidas necessárias e possíveis para afastar o agravamento do dano, o que enseja o impedimento de que a parte se mantenha deliberadamente inerte (duty to mitigate the loss). 10. O contrato proíbe que o segurado tome qualquer providência que altere a condição da lavoura segurada antes da chegada do perito, ressalvada as medidas relativas à minoração do agravamento dos prejuízos. A cláusula contratual está em consonância com as disposições do Código Civil: há um arranjo entre o dever de cooperarem entre si e de realizarem as cautelas necessárias para contenção dos danos. Os atos praticados pela seguradora encontram-se dentro do prazo previsto. 11. Não houve comprovação de que a simples antecipação da colheita seria medida mais adequada para redução dos prejuízos da lavoura do que aguardar o envio do perito para elaboração do laudo do sinistro. A análise pericial ficou prejudicada em virtude do ato praticado pelo segurado. Licitude da negativa de pagamento do prêmio. 12. Recurso conhecido e não provido. (ACÓRDÃO N° 1806600, 07014045820238070005, RELATOR: LEONARDO ROSCOE BESSA, 6ª TURMA CÍVEL, DATA DE JULGAMENTO: 24/01/2024, DATA DE PUBLICAÇÃO: 21/02/2024). DIREITO PROCESSUAL CIVIL E CONSUMIDOR. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL. RELAÇÃO DE CONSUMO. INCIDÊNCIA DO MICROSSISTEMA DO CDC. INVERSÃO DO ÔNUS PROBATÓRIO OPE LEGIS CONSOANTE O ART. 14 DO CDC. VEROSSIMILHANÇA OU HIPOSSUFICIÊNCIA TÉCNICA. REQUISITOS NÃO PREENCHIDOS. DECISÃO MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. 1. A inversão do ônus da prova não é automática quando identificada a relação de consumo, pois pressupõe a existência de vulnerabilidade processual específica, além daquela hipossuficiência inerente ao consumidor, não se mostrando uma obrigação do juiz, nem um direito subjetivo do consumidor. 2. O direito básico do consumidor não é à inversão do ônus da prova, mas à facilitação de sua defesa em juízo quando isso se mostre imprescindível à realização de seu direito material. Dessa forma, não sepode atribuir privilégio excessivo ao demandante desprezando as garantias processuais da outra parte. 3. A aplicação do artigo 6°, VIII, do Código de Defesa do Consumidor, é uma exceção à regra do ônus probatório, e depende de demonstração de efetiva hipossuficiência processual do consumidor, relativa à dificuldade em provar o direito alegado. 4. Ademais disso, à inteligência do disposto no art. 370 do CPC, o juiz é o destinatário final das provas produzidas nos autos, cabendo-lhe avaliar a sua suficiência e necessidade de maiores dilações. 5. In casu, a despeito das alegações do recorrente, mediante cotejo detido dos autos de origem, desde a peça de ingresso, não se colhe nenhuma justificativa plausível para determinação da inversão do encargo probatório requerida pelo recorrente, seja com base no art. 6º, VIII, do CDC ou mesmo no disposto no § 1º do art. 373 do CPC. 6. RECURSO DESPROVIDO. (ACÓRDÃO 1886402, 07149437220248070000, RELATOR: ALFEU MACHADO, 6ª TURMA CÍVEL, DATA DE JULGAMENTO: 26/06/2024, DATA DA PUBLICAÇÃO: 09/07/2024). Dessa forma, verossimilhança e a hipossuficiência, são pontos fundamentais para garantir que os consumidores vulneráveis tenham a aplicabilidade da transmutação, promovendo a justiça e a equidade. Esses dois requisitos contribuem para um sistema jurídico mais digno, onde os direitos dos consumidores são efetivamente protegidos, é necessário estar presentes esses requisitos, como por exemplo, as jurisprudências abaixo: AGRAVO DE INSTRUMENTO. DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C REPARAÇÃO POR DANOS MATERIAIS. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. VEROSSIMILHANÇA E HIPOSSUFICIÊNCIA TÉCNICA. REQUISITOS COMPROVADOS. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. 1. Agravo de Instrumento interposto contra decisão que indeferiu o pedido de inversão do ônus da prova. 2. Consoante o artigo 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor, para que haja a inversão do ônus da prova é imperioso o preenchimento de pelo menos um dos requisitos previstos em lei, quais sejam, verossimilhança das alegações ou demonstração da hipossuficiência técnica/econômica da parte. 3. No caso, a verossimilhança para se justificar a inversão do ônus da prova restou evidenciada através dos comprovantes colacionados aos autos originários, os quais demonstram as transações ditas criminosas e seus respectivos pagamentos, a viagem realizada por meio de transporte UBER, o boletim de ocorrência, a transferência para conta de amiga a fim de evitar a subtração de novos valores da conta e o empréstimo que teria sido feito pela própria correntista, meses antes. 4. A instituição financeira ré/agravada, por sua vez, diverge das autoras/agravantes, sob o argumento de que as transações impugnadas foram realizadas mediante a utilização de senha pessoal, informação que não está disponível às correntistas. 5. Em se tratando da necessidade de comprovação da não realização das transações bancárias, evidencia-se também a hipossuficiência técnica/econômica das autoras/agravantes. 6. Preenchidos os requisitos previstos em lei, dá-se provimento ao recurso para determinar a inversão do ônus probatório, nos termos do art. 6º, VIII do CDC. 7. Recurso conhecido e provido. (ACÓRDÃO N° 1924401, 07246653320248070000, RELATOR: CARLOS ALBERTO MARTINS FILHO, 1ª TURMA CÍVEL, DATA DO JULGAMENTO: 18/09/2024, PUBLICADO NO DJE: 01/10/2024). AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONSUMIDOR E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE CONHECIMENTO. PORTABILIDADE DE CRÉDITO. REDUÇÃO DE DESCONTO EM FOLHA DE PAGAMENTO. CONTRATAÇÃO DE NOVO EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. ALEGAÇÃO DE FRAUDE. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. ART. 6º, VIII, DO CDC. REGRA DE INSTRUÇÃO DO PROCESSO. VEROSSIMILHANÇA DAS ALEGAÇÕES E HIPOSSUFICIÊNCIA DO AUTOR. COMPROVADAS. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. DECISÃO REFORMADA. ÔNUS DA PROVA INVERTIDO. 1. Trata-se de agravo de instrumento interposto contra decisão que, nos autos de ação de conhecimento, indeferiu o pedido do autor (ora agravante) de inversão do ônus probatório, mantendo a distribuição pela regra ordinária do art. 373, I e II, do CPC. 2. O caso revela a existência de relação consumerista, a atrair o direcionamento do Código de Defesa do Consumidor - à luz dos conceitos de fornecedor (art. 3º do CDC) e de consumidor (art. 2º c/c art. 17, ambos do CDC) - sobretudo quanto à responsabilidade de todos os agentes que compõem a cadeia de fornecimento do serviço, a teor do que prelecionam os arts. 7º, parágrafo único, e 25, § 1°, ambos da Lei n. 8.078/90. 3. A inversão do ônus da prova prevista no art. 6º, VIII, do CDC constitui medida excepcional que depende da demonstração de hipossuficiência do consumidor para a produção da prova ou da verossimilhança das suas alegações. O c. STJ (REsp n. n. 1.286.273/SP) já decidiu que a inversão do ônus probatório nas demandas consumeristas versa sobre regra de instrução do processo, que deve ser determinada antes da instrução, ou, se proferida em momento posterior, deve garantir à parte a quem foi imposto esse ônus a oportunidade de apresentar suas provas, de modo que não é viável sua determinação no bojo de eventual recurso de apelação. 4. Verifica-se da narrativa constante na inicial e dos documentos que a acompanham a verossimilhança das alegações autorais quanto à divergência entre a vontade efetivamente manifestada pelo consumidor e os negócios jurídicos formalmente implementados com a intermediadora e o banco réus, a indicar a ocorrência de fraude, que possui o condão de macular a validade do ato negocial e obstar a produção de seus naturais efeitos. Nota-se, ainda, a hipossuficiência técnica do demandante/agravante, já que a pessoa jurídica intermediadora e a instituição bancária (ora agravadas) detêm todos os meios e conhecimentos necessários para demonstrar a inexistência de vícios na celebração dos negócios jurídicos impugnados. 5. O preenchimento dos requisitos elencados no inciso VIII do art. 6º do CDC demonstram o desacerto da decisão de indeferimento da inversão do ônus probatório em favor da parte autora, porquanto ser incumbência de ambos os réus a comprovação da inexistência de falha na prestação dos serviços por eles ofertados e/ou a ocorrência de culpa exclusiva da vítima, bem como a presença de manifestação de vontade livre, regular e consentida do demandante no momento da formalização dos contratos, capaz de afastar o pleito de declaração de sua nulidade. Precedentes do e. TJDFT. A reforma da r. decisão agravada é medida que se impõe. 6. Recurso conhecido e provido. Decisão agravada reformada para inverter o ônus da prova em favor do consumidor autor, com base no art. 6º, VIII, do CDC. (ACÓRDÃO 1920192, 07277381320248070000, RELATORA: SANDRA REVES, 7ª TURMA CÍVEL, DATA DE JULGAMENTO: 11/09/2024, DATA DA PUBLICAÇÃO: 27/09/2024). A seguir, jurisprudência ressaltando a inversão do ônus da prova por ope legis: JUIZADO ESPECIAL CÍVEL. RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. ÔNUS PROBATÓRIO. INVERSÃO OPE LEGIS. DEVER DE INFORMAÇÃO. VIOLAÇÃO. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. 1. Trata-se de Recurso Inominado interposto por Bullla Instituição de Pagamentos S.A. em face da sentença que julgou procedentes os pedidos iniciais, condenando-a à restituição de R$ 3.160,00 e à obrigação de não fazer consistente em se abster de debitar no contracheque da parte autora parcela em valor superior a R$ 450,00, até o limite de 24 parcelas, sob pena de pagamento de multa no dobro do valor do que vier a ser debitado em descumprimento da presente obrigação. 2. Em suas razões recursais (ID 61236057), a empresa recorrente sustenta que possui contrato com o empregador do recorrido para fornecimento de cartões aos empregados, os quais permitem a realização de diversas transações, como antecipação salarial e operações financeiras. Afirma que o recorrido desbloqueou o cartão e passou a utilizá-lo, conforme extrato de ID 61236042, e que firmou Cédula de Crédito Bancário no valor líquido de crédito de R$ 2.500,00 e pagamento em 24 parcelas de R$ 566,82 (ID 61236040). Argumenta, portanto, a regularidade da contratação, postulando areforma da sentença para que os pedidos sejam julgados improcedentes. 3. Recurso próprio, tempestivo e com preparo regular (IDs 61236411 a 61236412). As contrarrazões foram apresentadas (ID 61236422). 4. Na origem (ID 59261958), o recorrido afirma que contratou um empréstimo junto à empresa recorrente, por meio de ligação via Whatsapp, no valor de R$ 2.500,00, parcelado em 24 parcelas de aproximadamente R$ 450,00, a serem descontadas mensalmente na sua folha de pagamento. Aduz, porém, que a recorrente vem descontando prestações de R$ 566,82, montante maior do que o acordado e com juros abusivos. Afirma que solicitou o recebimento de uma via do contrato, o que não foi atendido pela recorrente. Postulou, assim, o cumprimento do contrato, com o pagamento de parcelas de R$ 450,00, e o ressarcimento de R$ 3.160,00, relativo à diferença dos valores pagos em excesso. 5. A controvérsia deve ser solucionada sob o prisma do sistema jurídico autônomo instituído pelo Código de Defesa do Consumidor (Lei Federal nº 8.078, de 11 de setembro de 1990), que por sua vez regulamenta o direito fundamental de proteção do consumidor (artigo 5º, inciso XXXII da Constituição Federal). Com efeito, o art. 4º, inciso I do CDC - A Política Nacional das Relações de Consumo tem como princípio que se deve reconhecer a vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo, pois está em posição de inferioridade se comparado ao status do fornecedor. 6. No caso em análise, há uma controvérsia fática, pois, o autor alega que, apesar de ter solicitado, não recebeu a cópia do contrato e que o acordo seria para pagamento em 24 parcelas de aproximadamente R$ 450,00. Por outro lado, o réu afirma que a operação financeira foi formalizada com pagamento em 24 parcelas de R$ 566,82. Acerca do ônus da prova, importa esclarecer que cabe às partes a produção da prova para deslinde da questão posta em juízo. A distribuição ope legis ocorre de maneira estável (art. 373, I e II), cabendo ao autor provar os elementos constitutivos de seu direito, e ao réu os fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito defendido pelo autor. Contudo, o §1º prevê a aplicação da Teoria da Carga Dinâmica do Ônus da Prova, atribuindo o encargo àquele que tiver maior facilidade de produzi-la. 7. No caso, verifica-se a hipossuficiência técnica e financeira do consumidor, tornando-se imperiosa a inversão do ônus da prova de modo a comprovar que a contratação se deu nos termos em que estão sendo cobradas as parcelas do crédito, a teor do que dispõe o art.6º inciso VIII do CDC. Assim, cabia à requerida demonstrar que enviou ao autor o contrato e que ele concordou em pagar parcelas no valor de R$ 566,82. Tal comprovação poderia ter sido feita, de forma simples, com a disponibilização da cópia de gravação telefônica de contratação do empréstimo. Ressalta-se que o contrato juntado à contestação, não demonstra que o recorrido recebeu tal documento ou que foi devidamente cientificado sobre todas as condições da transação, notadamente porque todos os dados, inclusive a assinatura, foram inseridos digitalmente, de forma unilateral. 8. Desse modo, conclui-se que a requerida falhou com seu ônus probatório (373, II, CPC), uma vez que não comprovou de forma cabal, que autor tinha ciência dos valores que seriam descontados na sua folha de pagamento. Ainda, impõe-se esclarecer que o art. 6º, III do CDC, constitui direito básico do consumidor a informação adequada e clara sobre o produto posto no mercado pelo fornecedor, com especificação correta das suas características. Tal direito decorre da vulnerabilidade presumida do consumidor (art. 4º, I do CDC), exigindo do fornecedor, por consequência, maior boa-fé contratual. Em outras palavras, exige do fornecedor um comportamento proativo, munindo o consumidor de todas as informações necessárias para uma correta decisão de adquirir ou não o produto ou serviço oferecido. 9. Nesse contexto, merece destaque o que restou consignado na sentença, argumento com o qual se concorda integralmente. Transcreve-se: Nesse sentido, para se ater a uma interpretação do contrato que respeite a vontade das partes, e ao pedido formulado, o caso é de condenar a empresa requerida a restituir o valor cobrado em excesso, com a obrigação de se limitar a cobrança apenas das 24 parcelas de R$ 450,00.? Sentença que se mantém hígida. 10. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. 11. Condenado o recorrente ao pagamento de honorários de sucumbência, que fixo em 10% sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei 9.099/95). 12. A súmula de julgamento servirá de acórdão, consoante disposto no artigo 46 da Lei nº 9.099/95. (ACÓRDÃO N° 1908253, 07486874420238070016, RELATORA: SILVANA DA SILVA CHAVES, SEGUNDA TURMA RECURSAL, DATA DO JULGAMENTO: 04/03/2024, DATA DA PUBLICAÇÃO: 11/03/2024). A seguir, jurisprudência, sobre a inversão sendo por ope iudicis: APELAÇÃO CÍVEL. PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. CONHECIMENTO PARCIAL. AUSÊNCIA DE INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. ART. 6º, INCISO VIII, DO CDC. INVIABILIDADE. EFEITO OPE IUDICIS. MÉRITO. AÇÃO REPARATÓRIA. PERMISSÃO DE HABILITAÇÃO DE APARELHO CELULAR DE TERCEIRO EM TERMINAL DE AUTOATENDIMENTO. TRANSFERÊNCIAS BANCÁRIAS SEM CONSENTIMENTO DO CORRENTISTA. AUSÊNCIA DE IDENTIFICAÇÃO DAS MOVIMENTAÇÕES FINANCEIRAS. PREVENÇÃO DE FRAUDES. TRANSAÇÕES INCOMPATÍVEIS COM PERFIL FINANCEIRO. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. CULPA CONCORRENTE. APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. 1. Considerando que o duplo efeito se opera ope legis (art. 1.012 do Código de Processo Civil), não há interesse da parte recorrente na concessão do efeito suspensivo. Além disso, inadequada a formulação de pedido genérico neste respeito na própria petição recursal (art. 1.012, § 3º, do Código de Processo Civil). 1.1. Não conhecimento da pretensão. 2. A inversão do ônus da prova prevista no artigo 6º, inciso VIII, do CDC, não decorre da lei (ope legis), mas de critério do juízo (ope iudicis), não bastando para a sua declaração a existência de relação consumerista, cabendo ao juízo analisar no caso concreto o preenchimento dos requisitos exigidos por lei, hipótese não verificada na espécie. 3. Na espécie, extrai-se do conjunto probatório que o autor/apelante, idoso (65 anos), foi vítima de fraude, com emprego de técnica engenharia social, consistente iludir o consumidor a comparecer em terminal bancário para habilitar seu aplicativo em aparelho celular de terceiro, a fim de viabilizar a concretização de transferências bancárias sem seu consentimento, sob o pretexto de que ?expirariam? os pontos obtidos com cartão de crédito, caso não realizado o procedimento orientado pelo falsário, nos termos da ocorrência policial e das fotografias do terminal bancário. 4. Embora a fraude tenha sido perpetrada por terceiro, está, em parte, fundada na falta de cuidado do autor em seguir as orientações dos fraudadores na operação do terminal de autoatendimento, inclusive, com utilização de senha pessoal para habilitação de novo dispositivo, sobretudo porque, ao invés de buscar auxílio de funcionário habilitado, a fim de elucidar a alegada ?expiração? dos pontos do cartão de crédito, assumiu o risco de seguir orientação de terceiro, o que, em tese, excluiria a responsabilidade da instituição bancária por força do art. 14, § 3º, II, do CDC. 5. Sucede que o fato de o autor ser correntista do banco há, no mínimo, 1 (um) ano permitiria o registro de um perfil de movimentação bancária, com adoção de medidas preventivas para certificar a autenticidade de transações, sequer sendo indicado pelo banco que o autor realizava com frequência movimentações de elevado valor a ponto de considerar as transferências fraudulentas como rotineiras. 6. Assim, a falta de cautela da instituição financeira em manter hígido sistema de segurança, consistente na incapacidade de avaliar se o telefone habilitado no terminal de autoatendimento seria, de fato, o do autor, aliada à ausência de identificação do agendamento das transações realizadas com cartão de crédito nos valoresde R$ 10.101,52, R$ 9.002,66, R$ 8.874,81 e R$ 7.897,69, no mesmo dia (20/12/23), com poucos minutos de diferença (entre 17h33 e 17h49), inclusive, fora dos padrões de operação, com transferência para pessoas não cadastradas (R$ 25.000,00), reforça que a atuação do terceiro fraudador não rompeu, por si só, o nexo causal entre a conduta omissiva da instituição financeira e os danos suportados pelo consumidor, tratando-se, portanto, de fortuito interno relacionado aos riscos inerentes ao exercício da atividade lucrativa desempenhada pelos bancos (art. 14, § 3º, II, CDC e Súmula 479 do STJ). 7. Não se mostra razoável imputar ao Banco requerido a integral responsabilidade pelo prejuízo sofrido pelo autor, principalmente pelo fato de as transferências terem sido viabilizadas pela habilitação de dispositivo de terceiro fraudador no terminal de atendimento, mediante o emprego de senha pessoal, estando a responsabilidade da instituição financeira adstrita ao fato de não ter identificado, tempestivamente, as diversas movimentações fraudulentas, com o fim de minimizar os prejuízos experimentados. 8. Portanto, à luz do exame dos fatos e documentos apresentados, o reconhecimento da falha na prestação do serviço e de culpa concorrente do autor na realização da fraude é medida que se impõe. Desse modo, certo que o prejuízo objeto das transações financeiras deve ser repartido igualitariamente entre as partes, considerando o valor total da fatura do cartão de crédito (R$ 38.152,02, computados os juros e encargos à época do ajuizamento) e os valores transferidos da poupança de titularidade do consumidor (R$ 25.000,00). 9. Recurso parcialmente conhecido e, nesta parte, parcialmente provido. (ACÓRDÃO N° 1903958, 07012545520248070001, RELATOR: CARLOS PIRES SOARES NETO, 1ª TURMA CÍVEL, DATA DO JULGAMENTO: 07/08/2024, DATA DA PUBLICAÇÃO: 16/08/2024). A seguir, jurisprudências que reforçam a não automação: CONSUMIDOR. CIVIL E PROCESSO CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE PERDAS E DANOS E DANO MORAL. EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. AUSÊNCIA DE PROVA MÍNIMA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO DO AUTOR. NÃO COMPROVADO. ART. 373, I, CPC. REVELIA DO RÉU. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. 1. Sujeitando-se a relação jurídica travada entre as partes às normas protetivas do Direito do Consumidor, o benefício processual da inversão do ônus da prova previsto no art. 6º, inciso VIII, do CDC não é de aplicação automática em favor do consumidor apenas por se tratar de relação de consumo, eis que não dispensa a demonstração da verossimilhança das alegações ou a vulnerabilidade do consumidor em decorrência de sua hipossuficiência para a produção de provas 2. De acordo com o único documento apresentado com a inicial como prova do alegado, qual seja, comprovante de pagamento de título, do qual nada se extrai acerca dos alegados empréstimos realizados, forçoso reconhecer a inviabilidade de análise apta a justificar o pleito do autor/apelante. 3. A revelia do réu não exime o autor de comprovar os fatos constitutivos do seu direito, sendo necessário que seu pleito esteja lastreado com o mínimo de prova, de modo a demonstrar a verossimilhança das suas alegações. 4. A responsabilidade objetiva fundada na teoria do risco não exime o autor/apelante de apresentar prova mínima do fato constitutivo do direito afirmado, como enuncia o artigo 373, I, do Código de Processo Civil 5. Recurso conhecido e desprovido. (ACÓRDÃO 1924400, 07110449120238070003, CARLOS PIRES SOARES NETO, 1ª TURMA CÍVEL, DATA DE JULGAMENTO: 18/09/2024, DATA DA PUBLICAÇÃO: 03/10/2024). APELAÇÃO CÍVEL. DIALETICIDADE. AFASTAMENTO. PRIMAZIA DA DECISÃO DE MÉRITO. CONSUMIDOR. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. NÃO AUTOMÁTICA. CANCELAMENTO DA COMPRA PELO FORNECEDOR, APÓS ULTRAPASSADO O PRAZO DE ENTREGA DO PRODUTO. REEMBOLSO DO VALOR DESPENDIDO PELO CONSUMIDOR. DANOS MORAIS NÃO CONFIGURADOS. SENTENÇA MANTIDA. 1. Quando o recorrente não impugna especificamente os fundamentos da decisão, limitando-se a afirmar, genericamente, a necessidade de sua reforma, ocorre violação ao princípio da dialeticidade, que pode, entretanto, ser superado, em homenagem à primazia da decisão de mérito. 2. A inversão do ônus da prova é direito básico do consumidor, sempre que, "a critério do juiz, [seja] verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências" (art. 6º, VII, do CDC). A mencionada inversão, portanto, não é automática, devendo ser realizada à vista das peculiaridades da situação analisada. Possuindo o consumidor plenas condições de demonstrar suas alegações, inexiste motivo para a aplicação do dispositivo. 3. O cancelamento da compra pelo fornecedor, após ultrapassado o prazo de entrega dos produtos adquiridos pelo consumidor, com o consequente reembolso a este dos valores despendidos na operação, configura, em princípio, mero descumprimento contratual que, por si só, ausentes peculiaridades conducentes a entendimento diverso, não enseja compensação a título de danos morais, os quais pressupõem relevante ameaça ou lesão a direito da personalidade. 4. APELO CONHECIDO E DESPROVIDO. HONORÁRIOS MAJORADOS. (ACÓRDÃO 1905968, 07379744920238070003, RELATOR: JOSE FIRMO REIS SOUB, 8ª TURMA CÍVEL, DATA DE JULGAMENTO: 13/08/2024, DATA DA PUBLICAÇÃO: 26/08/2024). DIREITO PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. APELAÇÃO. AÇÃO DE PROCEDIMENTO COMUM. PASEP. MÁ ADMINISTRAÇÃO. NECESSIDADE DE PROVA. CDC. NÃO INCIDÊNCIA. ÔNUS PROBATÓRIO. AUTOR. INVERSÃO NÃO AUTOMÁTICA. AUSÊNCIA DE ATO ILÍCITO DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO MÍNIMA DOS FATOS ALEGADOS PELO AUTOR. MAJORAÇÃO DOS HONORÁRIOS FIXADOS NA SENTENÇA, NA FORMA DO ART. 85, § 11, DO CPC. RECURSO IMPROVIDO. 1. Apelação interposta contra sentença que julgou improcedente o pedido do autor. 1.1. Nesta via recursal, o requerente pugna pela cassação da sentença para correta valoração da prova e, caso necessária, realização de perícia judicial. Alega preliminar por falta de saneamento processual e definição das provas a serem produzidas; além da necessidade de realização de nova perícia a eliminar as dúvidas sobre os cálculos. Requer a cassação da sentença com o retorno dos autos ao juízo de origem para regular tramitação do processo, e determinação de realização da perícia judicial; ou, subsidiariamente, o provimento do requerimento inicial. 2. Da inaplicabilidade do CDC. 2.1. Não incidem as regras consumeristas ao caso, sendo aplicável o disposto no art. 373, I do CPC. Dessa forma, incumbe ao autor provar o fato constitutivo do seu direito: a má administração, deliberada apenas pelo Banco do Brasil, dos valores depositados pela União na sua conta PASEP. 3. O Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP) foi instituído pela Lei Complementar nº 08/70 como um Programa de Formação do Servidor Público, com o objetivo de estender aos funcionários públicos os benefícios concedidos aos trabalhadores da iniciativa privada pelo Programa de Integração Social - PIS. 3.1. Na mesma ocasião também foi criado o PIS, Programa de Integração Social, destinado aos empregados da iniciativa privada. Posteriormente, a Lei Complementar nº 26/75 unificou os dois programas, surgindo o PIS-PASEP, sendo agentes arrecadadores de ambos, na forma do decreto mencionado, o Banco do Brasil (PASEP) e a Caixa Econômica Federal (PIS). 3.2. Houve novos depósitos nas contas individuais do Fundo PIS-PASEP até o fechamento do exercício financeiro imediatamente posterior à promulgação da Constituição (exercício 1988/1989, que se encerrou em 30 de junho de 1989). O patrimônio acumulado nas contas de cada beneficiário até 4 de outubro de 1988 foi preservado e está sob a responsabilidade do Conselho Diretor do Fundo PIS-PASEP. Esse Conselho Diretor - e não o Banco do Brasil ou a Caixa Econômica Federal - responde pela gestão desses valores. 3.3. A Constituição Federal de 1988, por sua vez, no art. 239, deu nova destinação aos valores arrecadados, cessando o aumento do capital das contas então existentes. O mesmo artigo estabeleceunovos arranjos para quem já se beneficiava dos programas e, ainda, para os ingressantes com remuneração de até dois salários-mínimos mensais. 3.4. O Banco do Brasil é mero depositário dos valores vertidos pelo empregador aos participantes do PASEP, por força de expressa determinação legal, não incidindo as regras consumeristas nas relações decorrentes entre o banco e os titulares das contas PASEP. 4. Nesta ação, questiona-se a má administração do saldo sob custódia do Banco do Brasil e não os índices de cálculo fixados pelo Conselho Diretor do Fundo. Conforme alegado pelo autor, em sua conta PASEP restava unicamente o saldo de R$ 1.182,54, de modo que faz jus ao percebimento de indenização por danos materiais no montante estimado em R$ 57.483,75. Alega que o banco apelado não promoveu a atualização monetária, nem aplicou os juros correspondentes sobre os valores depositados. 4.1. O banco réu, por sua vez, juntou extratos que demonstram que a parte autora recebeu seus rendimentos anuais em sua folha de pagamento sob a rubrica de PAGTO RENDIMENTO FOPAG. 4.2. Tais rubricas lançadas se referem à retirada anual que, nos termos do art. 4º, §2º, da Lei Complementar nº 26/1975, vigente na data do saque, seria disponibilizada ao participante. 4.3. Desse modo, para comprovar a suposta correção irregular do saldo da conta mantida no Fundo PIS-PASEP deveria o autor indicar quais percentuais aplicados não estariam conforme o determinado pelo Conselho Diretor, responsável pela gestão do fundo, providência da qual não se desincumbiu. 4.4. Além disso, os cálculos acostados pelo autor, trazidos para o fim de instruir o pleito, demonstram que, somente em parte, teria observado os referenciais oficiais de cômputo, abstendo-se de observar outros elementos aplicáveis (fator de redução e dedução das despesas administrativas), como bem salientou o magistrado, o que findou por majorar o resultado apurado. 4.5. Desta feita, inexistindo prova de qualquer ato ilícito praticado pelo Banco do Brasil na administração da conta PASEP do requerente, o pedido inicial é improcedente. 4.6. Jurisprudência: ?[...] 4. A inversão do ônus da prova, por decisão preclusa, não dispensa a comprovação mínima, pelo autor, do fato constitutivo do seu direito. Precedente do STJ. 5. A inexistência de início de prova consistente sobre qualquer ato ilícito praticado pelo Banco do Brasil na operacionalização da conta PASEP acarreta a improcedência dos pedidos iniciais. [...]? (Relator: Diaulas Costa Ribeiro, 8ª Turma Cível, PJe: 29/11/2023). 5. A norma do art. 85, § 11, do CPC, serve de desestímulo porque a interposição de recurso torna o processo mais caro para a parte recorrente sucumbente. 5.1. Em razão do desprovimento do recurso, deve haver a majoração dos honorários advocatícios fixados na sentença, de 10% para 12%, sobre o valor da causa. 6. Apelo improvido. (ACÓRDÃO 1880744, 07333385120208070001, RELATOR: RENATO SCUSSEL, 2ª TURMA CÍVEL, DATA DE JULGAMENTO: 19/06/2024, DATA DA PUBLICAÇÃO: 02/07/2024). Diante do exposto, a transmutação do ônus é via regra de instrução e não de julgamento, dependendo da aplicabilidade do juiz: AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONSUMIDOR E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE CONHECIMENTO. PORTABILIDADE DE CRÉDITO. REDUÇÃO DE DESCONTO EM FOLHA DE PAGAMENTO. CONTRATAÇÃO DE NOVO EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. ALEGAÇÃO DE FRAUDE. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. ART. 6º, VIII, DO CDC. REGRA DE INSTRUÇÃO DO PROCESSO. VEROSSIMILHANÇA DAS ALEGAÇÕES E HIPOSSUFICIÊNCIA DO AUTOR. COMPROVADAS. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. DECISÃO REFORMADA. ÔNUS DA PROVA INVERTIDO. 1. Trata-se de agravo de instrumento interposto contra decisão que, nos autos de ação de conhecimento, indeferiu o pedido do autor (ora agravante) de inversão do ônus probatório, mantendo a distribuição pela regra ordinária do art. 373, I e II, do CPC. 2. O caso revela a existência de relação consumerista, a atrair o direcionamento do Código de Defesa do Consumidor - à luz dos conceitos de fornecedor (art. 3º do CDC) e de consumidor (art. 2º c/c art. 17, ambos do CDC) - sobretudo quanto à responsabilidade de todos os agentes que compõem a cadeia de fornecimento do serviço, a teor do que prelecionam os arts. 7º, parágrafo único, e 25, § 1°, ambos da Lei n. 8.078/90. 3. A inversão do ônus da prova prevista no art. 6º, VIII, do CDC constitui medida excepcional que depende da demonstração de hipossuficiência do consumidor para a produção da prova ou da verossimilhança das suas alegações. O c. STJ (REsp n. n. 1.286.273/SP) já decidiu que a inversão do ônus probatório nas demandas consumeristas versa sobre regra de instrução do processo, que deve ser determinada antes da instrução, ou, se proferida em momento posterior, deve garantir à parte a quem foi imposto esse ônus a oportunidade de apresentar suas provas, de modo que não é viável sua determinação no bojo de eventual recurso de apelação. 4. Verifica-se da narrativa constante na inicial e dos documentos que a acompanham a verossimilhança das alegações autorais quanto à divergência entre a vontade efetivamente manifestada pelo consumidor e os negócios jurídicos formalmente implementados com a intermediadora e o banco réus, a indicar a ocorrência de fraude, que possui o condão de macular a validade do ato negocial e obstar a produção de seus naturais efeitos. Nota-se, ainda, a hipossuficiência técnica do demandante/agravante, já que a pessoa jurídica intermediadora e a instituição bancária (ora agravadas) detêm todos os meios e conhecimentos necessários para demonstrar a inexistência de vícios na celebração dos negócios jurídicos impugnados. 5. O preenchimento dos requisitos elencados no inciso VIII do art. 6º do CDC demonstram o desacerto da decisão de indeferimento da inversão do ônus probatório em favor da parte autora, porquanto ser incumbência de ambos os réus a comprovação da inexistência de falha na prestação dos serviços por eles ofertados e/ou a ocorrência de culpa exclusiva da vítima, bem como a presença de manifestação de vontade livre, regular e consentida do demandante no momento da formalização dos contratos, capaz de afastar o pleito de declaração de sua nulidade. Precedentes do e. TJDFT. A reforma da r. decisão agravada é medida que se impõe. 6. Recurso conhecido e provido. Decisão agravada reformada para inverter o ônus da prova em favor do consumidor autor, com base no art. 6º, VIII, do CDC. (ACÓRDÃO N° 1920192, 07277381320248070000, RELATORA: SANDRA REVES, 7ª TURMA CÍVEL, DATA DE JULGAMENTO: 11/09/2024, DATA DE OUBLICAÇÃO: 27/09/2024). Apelação cível - Declaratória de inexistência de débito c/c indenização - Dialeticidade recursal atendida. Inadmissibilidade do pedido de inversão do ônus da prova (CDC 6º VIII) formulado apenas no apelo. Regra de instrução - Licitude do contrato bancário - Indevida restituição de valores - Dano moral não configurado. (ACÓRDÃO 1925258, 07010816120208070004, RELATOR: FERNANDO HABIBE, 4ª TURMA CÍVEL, DATA DE JULGAMENTO: 19/09/2024, DATA DA PUBLICAÇÃO: 03/10/2024). a falta de informação se tornar uma barreira significativa para a efetiva utilização da inversão do ônus, como por exemplo, a jurisprudência a seguir: RECURSO INOMINADO. BANCÁRIO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E DANOS MORAIS. FRAUDE EM PAGAMENTO DE BOLETO. SENTENÇA QUE JULGOU IMPROCEDENTES OS PEDIDOS INICIAIS. RECURSO INOMINADO, DA PARTE AUTORA, EM QUE REQUER A CONDENAÇÃO DO BANCO RECORRIDO AO PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. SÚMULA 297 DO STJ: “O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR É APLICÁVEL ÀS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS”. RELAÇÃO DE CONSUMO CONFIGURADA. ART. 6º DO CDC PREVÊ A POSSIBILIDADE DE INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA, MAS ESTABELECE COMO CRITÉRIOS A VEROSSIMILHANÇA E A HIPOSSUFICIÊNCIA. DO MESMO MODO, A JURISPRUDÊNCIA E DOUTRINA APONTAM A NECESSIDADE DE PROVA MÍNIMA. NO CASO CONCRETO, A CONSUMIDORA ACOSTOU AOS AUTOS PRINT SCREEN COMPROVANDO A CONVERSA POR WHATSAPP COM SUPOSTO ATENDENTE DO BANCO RÉU, QUE ENVIOU BOLETO PARA QUITAÇÃO DO FINANCIAMENTO, NO QUAL CONSTAVA O BANCO COMO BENEFICIÁRIO “VONTORANTIN”,CONFORME CÓPIA DO BOLETO ACOSTADO AOS AUTOS. deferida inversão do ônus da prova. BANCO RÉU QUE ACOSTOU AOS AUTOS CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO, bem como apontou ERROS EVIDENTES NO boleto acostado aos autos pela Recorrente, NO QUAL CONSTA COMO BENEFICIÁRIO TERCEIRO ESTRANHO A RELAÇÃO. ALÉM DISSO, TODAS AS INFORMAÇÕES PARA CONFECÇÃO DO BOLETO FRAUDADO FORAM CEDIDAS PELA PRÓPRIA AUTORA, CONFORME CÓPIA DA CONVERSA POR WHATSAPP ACOSTADA POR ELA AOS AUTOS. LASTRO PROBATÓRIO SUFICIENTE. réu QUE SE Desincumbiu DE SEU ÔNUS PROBATÓRIO. FRAUDE FACILMENTE CONSTATADA, CONSIDERANDO QUE NO BOLETO CONSTAVA TERCEIRO ESTRANHO À RELAÇÃO CONTRATUAL COMO BENEFICIÁRIO. AUSÊNCIA DE CAUTELA MÍNIMA PELA CONSUMIDORA. CULPA EXCLUSIVA DA AUTORA. INCIDÊNCIA DO ART. 14, § 3º, II, DO CDC. SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS, NOS TERMOS DO ART. 46 DA LEI 9.099/95. CONDENAÇÃO DA RECORRENTE EM 10% DO VALOR DA CAUSA. CONDENAÇÃO SUSPENSA ANTE A GRATUIDADE DA JUSTIÇA DEFERIDA. RECURSO INOMINADO CONHECIDO E DESPROVIDO. (ACORDÃO 0019588-17.2020.8.16.0019, RELATORA: DENISE HAMMERSCHMIDT, DATA DO JULGAMENTO: 15/06/2022, DATA DA PUBLICAÇÃO: 15/06/2022). A seguir, jurisprudências seguindo a não aplicabilidade do ônus da prova: Apelação cível - Declaratória de inexistência de débito c/c indenização - Dialeticidade recursal atendida. Inadmissibilidade do pedido de inversão do ônus da prova (CDC 6º VIII) formulado apenas no apelo. Regra de instrução - Licitude do contrato bancário - Indevida restituição de valores - Dano moral não configurado. (ACÓRDÃO 1925258, 07010816120208070004, RELATOR: FERNANDO HABIBE, 4ª TURMA CÍVEL, DATA DO JULGAMENTO: 19/09/2024, DATA DA PUBLICAÇÃO: 03/10/2024). APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. SERVIÇO PÚBLICO. DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA. INSTABILIDADE. SEGURO. AÇÃO REGRESSIVA. CDC. NÃO APLICAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. INVERSÃO. IMPOSSIBILIDADE. 1 - Responsabilidade civil objetiva. Distribuição de energia elétrica. Instabilidade na rede. A responsabilidade civil dos distribuidores de energia elétrica é objetiva, pois agem na condição de concessionárias de serviços público (art. 37, § 6º, da CF). Não obstante, a responsabilidade objetiva da concessionária de serviço público não dispensa a comprovação do nexo de causalidade entre o serviço e o dano, não presente no caso em exame. 2 - Ônus da prova. Seguradora. Direito de regresso. O benefício da inversão do ônus da prova em favor do consumidor, previsto no art. 6º, inciso XIII do CDC, não se estende à seguradora que postula como titular de direito de regresso. A autora discute valor decorrente de serviço prestado a terceiro, no desempenho de sua atividade principal como fornecedor (seguro), sem traços de vulnerabilidade processual. A avaliação da prova se dá pelo critério do ônus subjetivo da parte (art. 373 do CPC). 3 - Recurso conhecido, mas não provido. (ACÓRDÃO 1925373, 07317076720238070001, RELATOR: AISTON HENRIQUE DE SOUSA, 4ª TURMA CÍVEL, DATA DE JULGAMENTO: 19/09/2024, DATA DA PUBLICAÇÃO: 03/10/2024). Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. CONHECIMENTO PARCIAL. AUSÊNCIA DE INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. ART. 6º, INCISO VIII, DO CDC. INVIABILIDADE. EFEITO OPE IUDICIS. MÉRITO. AÇÃO REPARATÓRIA. PERMISSÃO DE HABILITAÇÃO DE APARELHO CELULAR DE TERCEIRO EM TERMINAL DE AUTOATENDIMENTO. TRANSFERÊNCIAS BANCÁRIAS SEM CONSENTIMENTO DO CORRENTISTA. AUSÊNCIA DE IDENTIFICAÇÃO DAS MOVIMENTAÇÕES FINANCEIRAS. PREVENÇÃO DE FRAUDES. TRANSAÇÕES INCOMPATÍVEIS COM PERFIL FINANCEIRO. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. CULPA CONCORRENTE. APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. 1. Considerando que o duplo efeito se opera ope legis (art. 1.012 do Código de Processo Civil), não há interesse da parte recorrente na concessão do efeito suspensivo. Além disso, inadequada a formulação de pedido genérico neste respeito na própria petição recursal (art. 1.012, § 3º, do Código de Processo Civil). 1.1. Não conhecimento da pretensão. 2. A inversão do ônus da prova prevista no artigo 6º, inciso VIII, do CDC, não decorre da lei (ope legis), mas de critério do juízo (ope iudicis), não bastando para a sua declaração a existência de relação consumerista, cabendo ao juízo analisar no caso concreto o preenchimento dos requisitos exigidos por lei, hipótese não verificada na espécie. 3. Na espécie, extrai-se do conjunto probatório que o autor/apelante, idoso (65 anos), foi vítima de fraude, com emprego de técnica engenharia social, consistente iludir o consumidor a comparecer em terminal bancário para habilitar seu aplicativo em aparelho celular de terceiro, a fim de viabilizar a concretização de transferências bancárias sem seu consentimento, sob o pretexto de que ?expirariam? os pontos obtidos com cartão de crédito, caso não realizado o procedimento orientado pelo falsário, nos termos da ocorrência policial e das fotografias do terminal bancário. 4. Embora a fraude tenha sido perpetrada por terceiro, está, em parte, fundada na falta de cuidado do autor em seguir as orientações dos fraudadores na operação do terminal de autoatendimento, inclusive, com utilização de senha pessoal para habilitação de novo dispositivo, sobretudo porque, ao invés de buscar auxílio de funcionário habilitado, a fim de elucidar a alegada ?expiração? dos pontos do cartão de crédito, assumiu o risco de seguir orientação de terceiro, o que, em tese, excluiria a responsabilidade da instituição bancária por força do art. 14, § 3º, II, do CDC. 5. Sucede que o fato de o autor ser correntista do banco há, no mínimo, 1 (um) ano permitiria o registro de um perfil de movimentação bancária, com adoção de medidas preventivas para certificar a autenticidade de transações, sequer sendo indicado pelo banco que o autor realizava com frequência movimentações de elevado valor a ponto de considerar as transferências fraudulentas como rotineiras. 6. Assim, a falta de cautela da instituição financeira em manter hígido sistema de segurança, consistente na incapacidade de avaliar se o telefone habilitado no terminal de autoatendimento seria, de fato, o do autor, aliada à ausência de identificação do agendamento das transações realizadas com cartão de crédito nos valores de R$ 10.101,52, R$ 9.002,66, R$ 8.874,81 e R$ 7.897,69, no mesmo dia (20/12/23), com poucos minutos de diferença (entre 17h33 e 17h49), inclusive, fora dos padrões de operação, com transferência para pessoas não cadastradas (R$ 25.000,00), reforça que a atuação do terceiro fraudador não rompeu, por si só, o nexo causal entre a conduta omissiva da instituição financeira e os danos suportados pelo consumidor, tratando-se, portanto, de fortuito interno relacionado aos riscos inerentes ao exercício da atividade lucrativa desempenhada pelos bancos (art. 14, § 3º, II, CDC e Súmula 479 do STJ). 7. Não se mostra razoável imputar ao Banco requerido a integral responsabilidade pelo prejuízo sofrido pelo autor, principalmente pelo fato de as transferências terem sido viabilizadas pela habilitação de dispositivo de terceiro fraudador no terminal de atendimento, mediante o emprego de senha pessoal, estando a responsabilidade da instituição financeira adstrita ao fato de não ter identificado, tempestivamente, as diversas movimentações fraudulentas, com o fim de minimizar os prejuízos experimentados. 8. Portanto, à luz do exame dos fatos e documentos apresentados, o reconhecimento da falha na prestação do serviço e de culpa concorrente do autor na realização da fraude é medida que se impõe. Desse modo, certo que o prejuízo objeto das transações financeiras deve ser repartido igualitariamente entre as partes, considerando o valor total da fatura do cartão de crédito (R$ 38.152,02, computados os juros e encargos à época do ajuizamento) e os valores transferidos da poupança de titularidade do consumidor (R$ 25.000,00). 9. Recurso parcialmente conhecido e, nesta parte, parcialmente provido. (ACÓRDÃO: 1903958, 07012545520248070001, RELATOR: CARLOS PIRES SOARES NETO, 1ª TURMA CÍVEL, DATA DO JULGAMENTO: 07/08/2024, DATA DA PUBLICAÇÃO: 16/08/2024).Ementa: AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL, DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO. INDENIZAÇÃO. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. REGRA DE INSTRUÇÃO. COMPROVAÇÃO MINIMA DOS FATOS ALEGADOS. SUMULAS 7 E 83 DO STJ. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. É assente nesta Corte Superior o entendimento de que a inversão do ônus da prova é regra de instrução e não de julgamento. 2. "A jurisprudência desta Corte Superior se posiciona no sentido de que a inversão do ônus da prova não dispensa a comprovação mínima, pela parte autora, dos fatos constitutivos do seu direito" (Agint no Resp XXXXX/RO, Rel. Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, julgado em 05/06/2018, DJe de 15/06/2018). 3. Rever o acórdão recorrido e acolher a pretensão recursal demandaria a alteração do conjunto fático-probatório dos autos, o que é inviável nesta via especial ante o óbice da Súmula 7 do STJ. 4. Agravo interno não provido. (STJ-AGRAVO INTERNO 1951076, 2021/0242034-2, RELATOR: MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO, T4 - QUARTA TURMA, DATA DO JULGAMENTO: 21/02/2022, DATA DA PUBLICAÇÃO: 25/02/2022).