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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO ESCOLA POLITÉCNICA DE PERNAMBUCO NÚCLEO DE SEGURANÇA E HIGIENE DO TRABALHO BRUNO FEITOSA JOSIEL ALVES RICARDO FERREIRA Segurança em Medições Elétricas: Riscos associados a in- correta especificação e manutenção dos multímetros para trabalhos em sistemas elétricos industriais RECIFE 2007 BRUNO FEITOSA JOSIEL ALVES RICARDO FERREIRA Segurança em Medições Elétricas: Riscos associados a in- correta especificação e manutenção dos multímetros para trabalhos em sistemas elétricos industriais Orientador(a): Prof. Dra. Emília Kohlman Rabbani RECIFE 2007 Trabalho acadêmico apresentado como parte do II Exercício Escolar da disciplina de Engenharia de Segurança do Trabalho. BRUNO FEITOSA JOSIEL ALVES RICARDO FERREIRA Esta dissertação foi julgada e aprovada no Curso de Engenharia de Segurança do Trabalho da Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco. Recife, 17 de Maio de 2007. ______________________________ Profa. Emília Kohlman Rabbani,Dra. Coordenadora Só se conhece verdadeiramente um fenômeno quando é possível exprimi-lo sob a forma numérica. William Thomson, Lord Kelvin 1824-1907 - 1 - SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO...................................................................................................2 1.1 Considerações iniciais ..................................................................................2 1.2 Justificativa ...................................................................................................4 1.3 Objetivos.......................................................................................................6 1.3.1 Objetivo geral.........................................................................................6 1.3.2 Objetivos específicos .............................................................................6 1.4 Metodologia ..................................................................................................7 2. MEDIÇÃO ELÉTRICA NA INDÚSTRIA.............................................................8 2.1 Introdução a medição na técnica de manutenção industrial .........................8 2.1.1 Procedimento para medida de tensão .................................................10 2.1.2 Procedimento para medida de corrente...............................................11 2.1.3 Procedimento para medida de resistência ...........................................12 2.2 As diferenças de aparelhos de teste de tensão quanto à segurança .........13 2.5.1 Aparelhos de teste de tensão à base de solenóides (analógicos) .......13 2.5.2 A segurança dos parelhos de teste de tensão eletrônicos...................15 2.5.3 Outras considerações relativas a segurança pessoal ..........................16 3. PADRÕES DE SEGURANÇA PARA FERRAMENTAS DE MEDIÇÃO ..........18 3.1 Entendendo as categorias de segurança ...................................................18 3.2 Avaliando a taxa de segurança oferecida por um multímetro.....................20 4. MANUTENÇÃO DOS INSTRUMENTOS.........................................................22 4.1 Fusíveis ......................................................................................................22 4.2 Pontas de Prova .........................................................................................23 4.3 Inspeção e manutenção regular do multímetro (Chek-list) .........................23 5. ERROS COMUNS AO TESTAR ELETRICIDADE ..........................................25 6. CONCLUSÕES................................................................................................27 7. Bibliografia .....................................................................................................28 - 2 - 1. INTRODUÇÃO 1.1 Considerações iniciais A Central Única dos Trabalhadores (CUT Brasil) 1[1] divulgou em agosto do ano corrente que de 20 a 27 milhões de acidentes de trabalho que ocorrem anualmente na América Latina, 90 mil são fatais. Ou seja, 250 pessoas morrem por dia e de 40 a 50 acidentes acontecem por minuto nos ambientes de trabalho. Conforme Centurion [1], até o final da década de 80 o Brasil detinha o títu- lo como um dos campeões mundiais em acidentes de trabalho. Desde então, o número de acidentes de trabalho no Brasil vem diminuindo [3], porém com núme- ros ainda assustadores, pois, diferentemente de outras análises e outros produ- tos, a Segurança no Trabalho tem tolerância zero, uma vez que está em jogo vidas humanas e suas conseqüências. Os dados de acidentes de trabalho notificados à Previdência Social nos úl- timos 35 anos, divulgados pela revista Proteção no Anuário Brasileiro de Prote- ção 2006 [3], indicam que no Brasil, entre 1999 e 2003, foram registrados 1.875.190 acidentes de trabalho, dos quais 15.293 resultaram em morte e 72.020 em incapacidade permanente2. As estatísticas oficiais não apresentam informações detalhadas sobre os acidentes relacionados direta ou indiretamente com o contato ou proximidade de circuitos elétricos. Porém, os relatos das empresas, dos jornais e alguns estudos específicos servem como alerta para a adoção de medidas urgentes para prote- ção dos trabalhadores e da população como um todo. 1 A Central Única dos Trabalhadores (CUT) é uma organização sindical fundada em 28 de agosto de 1983, na cidade de São Bernardo do Campo, no estado de São Paulo, no 1º Congresso Nacional da Classe Trabalhadora. A CUT é a maior central sindical da América Latina e a 5.ª maior do mundo, estando presente em todos os ramos de atividade econômica. 2 Dados extraídos da edição especial da revista PROTEÇÃO - Anuário Brasileiro de Proteção, 2006 FONTE: BEAT, INSS. Dados coletado da TABELA 1 - Acidentes de Trabalho Ocorridos nos últimos 35 anos, página 20. - 3 - Com relação a estes acidentes causados por contato com eletricidade, os autores que tratam do assunto são unânimes ao afirmarem que embora os mes- mos não sejam os de maior ocorrência, envolvem risco de vida extremamente elevado. Russo, citado pelos pesquisadores Reis e Freitas (FUNDACENTRO, 1980), por exemplo, analisa a distribuição dos óbitos por queimaduras e sua re- lação com vários agentes (líquidos aquecidos, sólidos aquecidos, substâncias inflamáveis, fogo eletricidade e diversos), chegando à constatação de que entre os 1.400 casos de internação, apenas 23 eram devidos a contato com eletricida- de, porem ressalta que a percentagem de óbitos foi a maior encontrada (17,4%) Acredita-se ainda que grande parte destes acidentes, na indústria, causa- dos por contato direto ou indireto com a eletricidade, dar-se durante a atividade de medição em circuitos elétricos energizados, por queimaduras causadas pela energia irradiada por arcos elétricos, e que os danos poderiam ser consideravel- mente minimizados com a correta especificação do equipamento de medição para a categoria da instalação (ou categoria de sobretenção) onde o equipamen- to é usado. Uma vez que as ferramentas e equipamentos de testes também fazem parte do equipamento de proteção pessoal 3, devem cumprir com requisitosde segurança. Este estudo não se propõe a desenvolver métodos de trabalho neste ce- nário, pois, se tratando de segurança em instalações e serviços com eletricidade, a NR-10, do Ministério do Trabalho, que teve cerca de 80% de seu texto inovado desde o ano de 2002 [4], tem este objetivo. Assim, os objetivos deste trabalho consitem em tentar contribuir com a se- gurança em instalações e serviços com eletricidade no sentido de realizar um trabalho de conscientização de que o equipamento de medição elétrica e seus acessórios devem ser encarados como um equipamento de proteção individual. 3 Os fabricantes de equipamentos para medição elétrica consultados afirmam que estes equipa- mentos fazem parte do equipamento de proteção pessoal, conforme define o artigo 110.16 do NEC (Código Nacional de Eletricidade). 1.2 Justificativa A Praxiar 4, citada por Centurion [1], lançava em suas empresas o Pro- grama Agentes da Fatalidade, por volta de 1998, que tinha como objetivo princi- pal alcançar a excelência em prevenção de acidentes, informando aos funcioná- rios sobre os riscos envolvendo os agentes que matam. Segundo este progra- ma, nesta empresa, os agentes que matam são: Asfixia, Eletrocussão, Despren- dimento de Energia, Colisão por objetos, Queda, Acidentes com veículos. Quadro 1: Estatística de acidentes com os agentes da fatalidade Agentes da Fatali- dade Eletrocussão Quedas Asfixia Fogo Colisão Veículos % 2 5 7 23 21 42 Fonte: Praxair (1998) Diversos estudos já demonstraram que apesar de termos o menor número de acidentes envolvendo contato com eletricidade, a percentagem de óbitos em casos deste tipo é a maior entre os demais agentes da fatalidade. Ribeiro e Paula, citados por KOIFMAN [5], concluíram, em uma pesquisa realizada em mais de 700 empresas do maior pólo industrial do Brasil, já em 1975, que no interior do meio laboral os acidentes de origem elétrica são respon- sáveis por: 0,35% do total de acidentes que causam afastamento; 90% dos aci- dentes que ocasionam incapacidade permanente; e 4% dos acidentes fatais. Logo, ações de segurança do trabalho implementadas por CIPA’s inter- nas, bem como, a elaboração de Equipamentos de Proteção Individual (EPI`s) adequados às atividades desenvolvidas e o seguimento dos mais recentes pa- - 4 - - 5 - drões de Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade são atitudes ne- cessárias nas organizações que trabalham com este tipo de risco, mas não são suficientes. A NR-10, que trata do tema, por exemplo, não faz menção aos equipa- mentos de testes usados em circuitos elétricos, mas determina que “[...] devem ser adotados Equipamentos de Proteção Individual específicos e adequados às atividades desenvolvidas [...]”. A National Fire Protection Association’s (NFPA), nos seus Padrões para Segurança Elétrica no Local de Trabalho, é mais específica neste ponto quando afirma que "os instrumentos de teste, equipamentos e seus acessórios devem ser projetados para os circuitos e equipamentos aos quais serão conectados e para o ambiente em que serão usados”. A especificação dos instrumentos de testes elétricos e equipamentos afins em relação à classificação da instalação (ou categoria de sobretenção) é muitas vezes ignorada por não serem equipamentos encarados como item de seguran- ça. Somem-se às condições inseguras de trabalho, a inércia das autoridades competentes com o despreparo e falta de treinamento dos trabalhadores se tem o ambiente propício para que o infortúnio laboral aumente, aumentando o núme- ro de mortes. A fim preencher esta lacuna, quanto ao uso, especificação e manutenção dos equipamentos e acessórios usados em atividade de medição em circuitos elétricos energizados, procurou-se, neste trabalho, destacar os erros ainda muito comuns cometidos nas indústrias ao se testar a eletricidade. 4 Praxair, Inc. (NYSE:PX) é uma empresa global, incluida na lista na "Fortune 300", que fornece gases atmosféricos, de processo e gases especiais assim como revestimentos de superficia de alta performance - 6 - 1.3 Objetivos 1.3.1 Objetivo geral Contribuição para a Segurança do Trabalho nas empresas do ramo in- dustrial que frequentemente desenvolvem atividades de medição em circuitos elétricos energizados. 1.3.2 Objetivos específicos Estudo dos perigos em medidas elétricas, identificando a existência de ênfase na segurança quando da especificação, aquisição e manutenção dos equipamentos de medição elétrica; Avaliar como minimizar e evitar acidentes em medições elétricas e estu- do das quatro categorias de proteção Elaborar um checklist com observações de segurança associadas ao uso de equipamento de medição elétrica com o objetivo de alertar os funcioná- rios para a perfeita compreensão e aplicação dos conceitos de segurança - 7 - 1.4 Metodologia Para a realização deste trabalho, desenvolveram-se pesquisas em revis- tas especializadas em Engenharia de Segurança do Trabalho, publicações ci- entíficas, trabalhos acadêmicos, publicações de fabricantes de equipamentos e estudos de casos de acidentes já ocorridos. 2. MEDIÇÃO ELÉTRICA NA INDÚSTRIA 2.1 Introdução a medição na técnica de manutenção industrial Não só nos domínios da eletrotécnica e eletrônica, mas também noutros domínios científicos e tecnológicos, as medições se reduzem, as mais das ve- zes, a medições de grandezas elétricas, porquanto a utilização cada vez mais generalizada de transdutores adequados, remete a tarefa da medição de gran- dezas não-elétricas para um problema de medição de uma ou mais grandezas elétricas, mais geralmente tensões ou correntes. A grandeza elétrica mais frequentemente medida é a tensão. Com efei- to, a tensão elétrica é a grandeza de mais fácil medição, sendo igualmente fácil reduzir a ela a maioria das outras grandezas (elétricas ou não). Outra grande- za cuja medição é imediata é a intensidade de corrente elétrica. Utilizam-se habitualmente duas filosofias distintas para realizar medi- ções de tensões ou correntes: "medição no local" e "medição à distância" (te- lemedição). Para as medições no local utilizam-se aparelhos de medição inte- grados, isto é, aparelhos que integram numa mesma unidade a "entrada" - normalmente dois ou mais terminais, que serão ligados por condutores elétri- cos aos pontos onde se pretende medir a grandeza - e a "saída", isto é, uma apresentação do resultado numa forma facilmente interpretável para o utiliza- dor. Atualmente, a saída assume essencialmente uma de duas formas: apre- sentação analógica ou digital. A apresentação analógica é habitualmente constituída por um quadrante com escala graduada (uma ou várias), sobre o qual se desloca uma agulha em movimento angular, de tal forma que o desvio sofrido pela agulha é proporcio- nal ao valor da grandeza em medição - na generalidade dos aparelhos deste tipo a agulha desloca-se no sentido retrógrado (o dos ponteiros do relógio) e, em geral, tem um desvio máximo de π rad em relação à sua posição de repou- so. Dentro desta categoria, há também aparelhos de medição em que o deslo- - 8 - - 9 - camento da agulha é (aparentemente, para o observador) retilíneo, horizontal ou vertical, mais usados em instalações fixas (tais comoem quadros, armários ou painéis elétricos). A apresentação digital é numérica: num apresentador (display), realiza- do em qualquer das tecnologias atuais - cristais líquidos (LCD), filamentos lu- minosos, díodos electroluminiscentes (LED), plasma, etc. - é apresentado o valor numérico da grandeza em medição, geralmente acompanhado de alguma informação alfabética adicional: símbolo (SI) da unidade de medição, valor re- lativo, etc. A grandeza elétrica mais frequentemente medida é a tensão, para o que se usam aparelhos correntemente designados por voltímetros (eventualmente, milivoltímetros, microvoltímetros, nanovoltímetros, de acordo com a ordem da grandeza da tensão a medir). Com efeito, a tensão elétrica é a grandeza de mais fácil medição, sendo igualmente fácil reduzir a ela a maioria das outras grandezas (elétricas ou não). Na medição de intensidade de corrente elétrica, usam-se amperímetros (também aqui, de acordo com a ordem de grandeza, se utilizam miliamperímetros, microamperímetros, etc.). Em laboratório e na técnica de manutenção industrial utilizam-se corren- temente aparelhos combinados, que permitem a medição de qualquer uma daquelas grandezas, e ainda de outras, como tipicamente de resistências (de- signam-se por ohmímetros os aparelhos para medir resistências). Estes apa- relhos combinados são habitualmente designados por multímetros. Para além destas grandezas mais frequentes - tensões, correntes, resis- tências - há uma multiplicidade de outras grandezas que correntemente se medem diretamente em Eletricidade e Eletrônica, utilizandoos aparelhos cor- respondentes: potência (wattímetros), frequência (frequencímetros), desfasa- mento (fasímetros), potência reativa (varímetros), fluxo magnético (fluxíme- tros), etc. 2.1.1 Procedimento para medida de tensão A medida de tensão elétrica é feita conectando as pontas de prova do aparelho aos dois pontos onde a tensão aparece. Por exemplo, para se medir a tensão elétrica de uma pilha com um multímetro, escolhe-se uma escala a- propriada para medida de tensão contínua e conecta-se a ponta de prova posi- tiva (geralmente vermelha) ao pólo positivo da pilha, e a ponta negativa (geral- mente preta) ao pólo negativo. Em multímetros digitais, o valor aparece direto no mostrador. Nos ana- lógicos, deve-se observar o deslocamento do ponteiro sobre a escala graduada para se determinar o valor da tensão. Nas medidas de tensão alternada, a polaridade das pontas de prova não se aplica. Figura 1. Medição de tensão. Fonte: Getting Started Multimeters Fluke 80 Series III Ao medir tensão, o medidor funciona como uma impedância de valor muito alto em paralelo com o circuito, 10 MOHM (10.000.000 Ohm)no caso par- ticular de um multímetro Fluke 87 III. Este efeito de carga pode causar erros de medição em circuitos de alta impedância. Na maioria dos casos, o erro é - 10 - negligenciável (0,1% ou menor). 2.1.2 Procedimento para medida de corrente A corrente elétrica a ser medida deve passar através do aparelho. Para isso, interrompe-se o circuito cuja corrente deseja-se medir: o aparelho entra no circuito, por meio das duas pontas de prova, como se fosse uma ponte reli- gando as partes interrompidas. Em sistemas de corrente contínua, deve-se observar a polaridade das pontas de prova. Em circuitos de alta corrente, muitas vezes é inconveniente e perigosa a interrupção do circuito para medições. Em casos assim, faz-se uma medição indireta, utilizando um modelo de amperímetro denominado “alicate”, que abraça o condutor percorrido por corrente. O aparelho capta o campo ele- tromagnético existente ao redor do condutor e indica uma corrente proporcional à intensidade do campo. Figura 2. Medição de corrente CA e CC Fonte: Getting Started Multimeters Fluke 80 Series III - 11 - Nunca se devem colocar as pontas de prova em paralelo a um circuito ou componente quando estiverem ligadas como terminais de corrente. 2.1.3 Procedimento para medida de resistência A resistência é uma oposição ao fluxo da corrente. A unidade de resis- tência é o ohm. O medidor mede resistência enviando uma corrente baixa atra- vés do circuito. Como essa corrente flui através de todos os trajetos possíveis entre as pontas de prova, a leitura da resistência representa a resistência total de todos os trajetos entre as pontas de prova. As medidas de resistência devem ser feitas, sempre, com o circuito desligado, para não danificar o aparelho. Conectam-se as pontas de prova do aparelho aos dois pontos onde se deseja medir a resistência. O aparelho indica a resistência global do circuito, a partir daqueles dois pontos. Quando se deseja medir a resistência de um componente em particu- lar, deve-se desconectá-lo do circuito. Figura 3. Medição de resistência Fonte: Getting Started Multimeters Fluke 80 Series III - 12 - - 13 - 2.2 As diferenças de aparelhos de teste de tensão quanto à segurança As diferenças entre aparelhos de teste de tensão podem ser surpreen- dentes. Estes práticos dispositivos - que muitas vezes cabem no bolso de uma camisa ou de uma calça - são populares porque dão rapidamente uma indica- ção da presença de tensão. Isso os torna muito práticos para verificações ge- rais de tensão. Por isso, os aparelhos de teste de tensão são populares nas indústrias. No entanto, estes dispositivos não são todos iguais. As diferenças revelam-se em termos de segurança, confiabilidade e comodidade. Analisando alguns dos aparelhos de teste de tensão encontrados no mercado, observa-se, rapidamente que eles se dividem em duas categorias gerais: aparelhos de tes- te à base de solenóides (analógicos) e aparelhos de teste eletrônicos. Os aparelhos de teste à base de solenóides têm uma longa tradição - foram os primeiros aparelhos de teste de tensão a surgir no mercado e conti- nuam a ser muito utilizados. Quando a tensão ultrapassa um determinado limi- ar, o aparelho indica a presença dessa tensão. Abaixo desse limiar, o aparelho não indica qualquer tensão. Os limiares são claramente diferentes entre as du- as categorias de aparelhos de teste - e esse fato tem implicações importantes para a segurança e a comodidade. 2.5.1 Aparelhos de teste de tensão à base de solenóides (analógicos) Como o nome indica estes dispositivos funcionam com base nos princí- pios do solenóide. Um solenóide depende do movimento de um núcleo de ferri- te - o cilindro - em resposta à passagem ou não de corrente numa bobina ele- tromagnética. A função de indicação destes aparelhos de teste depende de uma mola, que guia um ponteiro mecânico. A mola retém o cilindro - que desliza para um ou outro extremo da câmara onde se encontra, dependendo do fato de a mola ter ou não energia suficiente para fazer o cilindro ultrapassar a força contrária da mola. - 14 - A quantidade de energia necessária limita a sensibilidade dos aparelhos de teste à base de solenóides. A possibilidade de medir tensões elevadas limi- ta a capacidade de detectar tensões abaixo de cerca de 100V devido à reduzi- da gama dinâmica dos magnetes [8], o que constitui um ponto fraco dos apare- lhos de teste à base de solenóides. Uma questão importante relacionada com os aparelhos de teste à base de solenóides é a impedância de entrada relativamente reduzida - 10 kilo-ohms no máximo, mas muitas vezes apenas 1 kilo-ohm. Ao aplicar a Lei de Ohm, tem-se que os aparelhos de teste à base de solenóides (analógicos) podem facilmente sobrecarregar um circuito- e, consequentemente, interferir no fun- cionamento desse circuito. O consumo de corrente relativamente elevado dos aparelhos de teste à base de solenóides implica um aumento significativo de calor - suficiente para o rápido sobre aquecimento dos aparelhos, até ao ponto de danificá-los, se a tensão for medida durante um pouco de tempo a mais. De fato, quando se efe- tuar medições com aparelhos de teste à base de solenóides, tem-se de contar com períodos de arrefecimento (na ordem do meio minuto) [8]. Diante disto, mesmo os simples testes em tomadas ou disjuntores po- dem tornar-se complicados. Contudo, pode-se fazer uso de dois ou mais apa- relhos de teste e alterná-los, mas isso deita por terra um dos objetivos princi- pais da utilização de um aparelho de teste de pequenas dimensões. Os aparelhos de teste analógicos raramente satisfazem alguns requisi- tos de normas internacionais devido ao consumo de corrente excessivo [8], à fraca resistência dielétrica e à destruição de impulso, resultante dos efeitos transitórios originários da rede de alimentação. Esta é uma das razões pelas quais muitas empresas apenas permitem o uso de aparelhos de teste de tensão em circuitos de controle de 24V, há mes- mo algumas que os proíbem em absoluto. - 15 - Esta corrente elevada nos aparelhos de teste à base de solenóides (a- nalógicos) tem outra desvantagem. A aplicação da Lei de Ohm à impedância reduzida de um aparelho de teste à base de solenóides mostra que uma cor- rente letal pode passar através do aparelho facilmente. O uso de luvas de bor- racha pode reduzir o risco de choque, mas correrá também o risco da ocorrên- cia de arcos elétricos em cada medição. Claro que há coisas mais arriscadas do que usar um aparelho de teste à base de solenóides. Mas também há coi- sas mais seguras - tal como usar um aparelho de teste de tensão eletrônico, com classificação de segurança. 2.5.2 A segurança dos parelhos de teste de tensão eletrônicos A primeira vantagem clara dos aparelhos de teste de tensão eletrônicos em relação aos seus concorrentes da velha tecnologia é o design robusto e compacto. Assim, são mais fáceis de transportar e menos passíveis de sofre- rem danos. Contudo, estas vantagens são secundárias face às enormes vantagens no campo da segurança, resultantes da impedância de entrada muito mais ele- vada dos aparelhos de teste de tensão eletrônicos. Alguns têm uma impedân- cia de entrada de 1 mega-ohm – cerca de 100 vezes a dos melhores aparelhos de teste à base de solenóides. Mesmo os aparelhos de teste de tensão eletrô- nicos mais simples têm uma capacidade de 20 kilo-ohms - ainda o dobro dos melhores aparelhos de teste à base de solenóides. Aplicando a Lei de Ohm, as vantagens tornam-se claras. Equipamenos deste tipo trabalham com uma corrente de entrada muito inferior. Isto significa mais segurança. Também significa menos - ou nenhum - tempo de espera para o arrefecimento do instrumento entre leituras. Estes aparelhos trabalham com tensões mais baixas e, geralmente, possuem uma classificação de segurança, devido a um elemento de alta impe- dância, que lhe permite a classificação. - 16 - Esta impedância mais elevada tem uma desvantagem: um aparelho de teste eletrônico pode indicar tensão num condutor sem corrente (tensões fan- tasmas, por exemplo). Isto pode acontecer quando um condutor induz uma tensão num outro condutor paralelo. Esta indicação de tensão pode ser uma desvantagem, por mostrar um positivo falso. Por outro lado, pode jogar a favor do trabalhador. Para começar, não dá uma falsa sensação de segurança ao se pensar que um condutor com corrente está sem corrente. Supondo que o aparelho de teste à base de solenóides não indica os 80 V presentes num determinado cabo com corrente, e que o traba- lhador venha a tocá-lo, haverá ocorrido, então, um acidente. 2.5.3 Outras considerações relativas a segurança pessoal As diferenças não se limitam aos aparelhos de teste propriamente ditos. Nem a única questão a resolver é a de solenóides x eletrônico. Diversas outras considerações são importantes para a segurança pessoal e o do bom desem- penho no trabalho. Um erro cometido com os equipamentos de teste é a tentativa de pou- par uns centímetros em cabos e sondas. Isto pode revelar-se um "corte de despesas" muito dispendioso. Os acessórios de entrada baratos e mal constru- ídos facilmente levam à avaria dos materiais que deveriam proteger o traba- lhador. Sabendo-se que normalmente se segura nos acessórios com as mãos enquanto se efetua as medições, na ocorrência de uma avaria, o resultado po- de ser extremamente perigoso para o trabalhador. É importante manter a qualidade em todo o kit de ferramentas de medi- ção. Deve-se escolher acessórios adequados para trabalhos industriais, depois manter-se atento ao desgaste e outros danos que podem surgir com o uso. Pois, dessa forma, reduzir-se-á a preocupação com a avaria de um cabo ou uma sonda de teste, ou com as conseqüências daí resultantes. Figura - Identificação da categoria e taxa de tensão de teste dos multímetros e acessórios. Fonte: Fluke Deve-se procurar a classificação IEC (por exemplo, CAT II, CAT III ou CAT IV) no aparelho de teste, e comprar cabos e outros acessórios que satis- façam ou excedam essa classificação. As características adicionais podem tornar o aparelho de teste um pouco mais útil. No entanto, estas podem impli- car mais peso e um preço mais elevado. - 17 - - 18 - 3. PADRÕES DE SEGURANÇA PARA FERRAMENTAS DE MEDIÇÃO 3.1 Entendendo as categorias de segurança A ocorrência cada vês maior de sobretensões transitórias nos sistemas de energia atuais fez com que surgisse a necessidade de se estabelecerem padrões mais rigorosos de segurança para equipamentos de medição elétrica. Distúrbios transientes que passam sobre as fontes de alimentação (circuito geral de alimentação, circuito alimentadores e auxiliares) podem disparar uma sequência de eventos com riscos de causar lesões físicas graves. O equipa- mento de teste deve ser projetado para proteger quem trabalha nesses ambi- entes de alta tensão e altas correntes. Portanto, a proteção do multímetro não é só a máxima tensão fixa de trabalho suportável, mas uma combinação da capacidade de resistir à máxima tensão fixa de trabalho e sobretensões transitórias, ou seja, cada categoria de instalação contém classificações de tensão, a combinação da categoria da ins- talação com a classificação de tensão determina a capacidade máxima de tolerância a transientes do instrumento em questão. O conceito mais importante a entender sobre os novos padrões é o de categoria de instalações em alta tensão ou categoria de sobretensão. O pa- drão novo define as categorias de I até IV, freqüentemente abreviada como CAT I, CAT II, etc. - 19 - Quadro 2: Categoria de Instalação Categoria de Sobretensão Em resumo Exemplos CAT IV Trifásico na cone- xão com a empre- sa de energia, qualquer condutor ao ar livre. • Designa a "origem de instalação", ou seja, o ponto de conexão de baixa tensão com a empresa de energia. • Medidores de eletricidade, equipamentos primários de proteção contra sobrecorrente. • Exterior e entrada de serviço, ramal de ligação do poste para o prédio, conexão entre o medidor e o pai- nel. • Linha aérea de transmissão para um prédio isolado, linha subterrânea para uma bomba de poço. CAT III Distribuição trifási- ca, inclusivea iluminação comer- cial de fase única. • Equipamento em instalações físicas, como aparelhos de conexão e motores polifásicos. • Barramento e alimentador em plantas industriais. • Alimentadores e circuitos ramificados curtos, dispositi- vos de painel de distribuição. • Sistemas de iluminação em prédios maiores. • Saídas de aparelho com conexões curtas à entrada de serviço. CAT II Cargas de fase única ligadas a conectores • Cargas de aparelhos, ferramentas portáteis e outras cargas de aparelhos domésticos e similares. • Circuitos de saída e circuitos ramificados curtos. • Tomadas a mais de 10 metros (30 pés) da fonte de CAT III. • Tomadas a mais de 20 metros (60 pés) da fonte de CAT IV. CAT I Eletrônicos. • Equipamentos eletrônicos protegidos. • Equipamentos conectados a circuitos (de fonte) nos quais as medições são feitas, para limitar a um nível baixo as sobrevoltagens transitórias. • Qualquer fonte de alta tensão e baixa energia deriva- da de um transformador de resistência de alto enrola- mento, como a parte de alta tensão de uma copiadora. Fonte: ABCs of multimeter safety A divisão de um sistema de distribuição de potência em categorias de sobretensão está baseado na distância da peça do equipamento à fonte de alimentação (Veja Figura) e à diminuição natural da energia transiente que ocorre no sistema de distribuição elétrica. As categorias mais altas estão mais próximas à fonte de alimentação e exige maior proteção. Figura - Classificação das categorias de instalação em alta tensão. 3.2 Avaliando a taxa de segurança oferecida por um multímetro A IEC desenvolve padrões internacionais para segurança de equipamen- tos elétricos de mediação, controle e uso em laboratórios. A IEC 61010 possui três critérios principais e procedimentos de testes: Tensão permanente, impul- so de tensão e impedância de fonte. Estes três critérios falarão sobre o valor da resistência de um medidor (multímetro) a transientes. A figura a seguir pode ajuda a entender melhor o valor da resistência do instrumento. Dentro de uma categoria, um valor mais alto de tensão de traba- lho é associado com um alto transiente. Por exemplo, um medidor de categoria CAT III-600V é testado com um transiente de 6000V enquanto um medidor - 20 - CAT III-1000V é testado com um transiente de 8000V. Quanto mais alta a ca- tegoria, melhor a segurança. Figura - Valores de teste para categoria de instalação em alta tensão Fonte: Getting Started Multimeters Fluke 80 Series III Parece não ser obvio a diferença entre o transiente de 6000V para CAT III-600V e o transiente de 6000V para CAT II-1000V. Mas não é a mesma coi- sa. A Lei de ohm (Ampères = Volts/Ohms) nos fala que a 2 Ohms de resistên- cia da fonte de teste para CAT III tem seis vezes a corrente da fonte de teste de 12 Ohms para CAT II. O medidor de categoria CAT III-600V oferece claramente, como já ex- posto, uma proteção superior a transientes comparado à categoria CAT II- 1000V embora sua taxa de tensão possa ser percebida como a mais baixa. - 21 - - 22 - 4. MANUTENÇÃO DOS INSTRUMENTOS A correta manutenção dos multímetros é parte fundamental da seguran- ça do pessoal de manutenção e das instalações envolvidas. Como todos os equipamentos de proteção pessoal, as ferramentas de teste devem passar por inspeção e manutenção regularmente. 4.1 Fusíveis Os fusíveis originais dos multímetros são fusíveis de elevada capacida- de de interrupção, variando de 10 a 100 kA rms. A capacidade de interrupção simétrica, conforme o IEEE, é o maior valor de corrente de curto-circuito que o fusível pode interromper nas condições especificadas. Os fusíveis de vidro, usualmente encontrados, têm baixa capacidade de interrupção, em torno de 10xIn, onde In é a corrente nominal do fusível. Por exemplo, um fusível de vidro de 15A tem capacidade de interrupção de 150A, o que não garante a interrupção segura de correntes superiores a 150A. Os fusí- veis de vidro especiais, de acordo com um fabricante, têm corrente de inter- rupção de 1,5 kA, o que também é insuficiente. Desse modo, fusíveis de vidro não podem ser utilizados nos nossos multímetros. Em caso de correntes de curto-circuito superiores à corrente de inter- rupção do fusível, o mesmo pode explodir e abrir arco entre os terminais, des- sa forma o arco será interrompido quando o eletricista retirar a ponta de prova do ponto de medição, e nesse momento o arco elétrico atingira a pessoa pro- vocando queimaduras graves. A temperatura do arco elétrico atinge temperatu- ras de até 20.000 ºK, conforme [LEE, R.H.- IEEE may/june 1982]. Nos nossos painéis elétricos é comum encontrarmos níveis de curto- circuito de até 50KA, em 460V. - 23 - Se o fusível do multímetro é de 10 kA, como pode lidar com correntes de até 50 kA? As ponteiras do multímetros tem resistência ôhmica em torno de 0,3 ohm; nesse caso se considerarmos barra infinita, a corrente de curto- circuito será no máximo de 1.600A; dessa forma o efeito limitador das pontas de prova é suficiente para compatibilizar o fusível de 10 kA com o nível de cur- to-circuito de 50 kA. 4.2 Pontas de Prova É importante que sejam utilizadas as pontas de prova originais, ou pon- tas de prova adequadas para multímetros. Pontas de prova improvisadas com pino banana e garras de jacaré comuns devem ser evitadas a todo custo. Su- gere-se que as pontas de prova sejam adquiridas do próprio fabricante do mul- tímetro e mantidas em estoque para pronta substituição. 4.3 Inspeção e manutenção regular do multímetro (Chek-list) Como todos os equipamentos de proteção pessoal, as ferramentas de teste devem passar por inspeção e manutenção regularmente. Os instrumentos e equipamentos de teste e todas as pontas de prova, cabos, cabos de força, hastes de prova e conectores associados devem pas- sar por uma inspeção visual, procurando danos e defeitos externos antes de usar o equipamento em qualquer turno de trabalho. Caso haja um defeito ou indício de dano que possa expor o funcionário a uma lesão, o item defeituoso ou danificado deve ficar fora de serviço, e nenhum funcionário deverá usá-lo até que os testes e reparos necessários para que o equipamento se torne se- guro tenham sido feitos. Entretanto, essa inspeção, isoladamente, pode não detectar todos os possíveis problemas do instrumento de teste. Para ajudar a garantir o nível - 24 - mais alto de segurança e desempenho, é necessário que o próprio trabalhador faça outros testes e inspeções. Afinal, é segurança pessoal que está em jogo: Inspeção visual adicional (Check-list) - Os pontos a seguir devem ser verificados nas ferramentas de teste: Devem possuir a classificação 1000 V, CAT III ou 600 V, CAT IV na par- te frontal dos medidores e testadores, e também o símbolo de "isola- mento duplo" na parte posterior. Os equipamentos devem ter os símbolos de aprovação de duas ou mais agências independentes de teste, como UL, CSA, CE ou TUV. A tensão e corrente dos fusíveis do medidor devem estar corretas. A tensão do fusível deve ser igual ou superior à tensão do medidor e deve ter capacidade de suportar o surto total de corrente da tensão máxima listada nos terminais de entrada de tensão. O manual do instrumento deve ser consultado a fim de se certificar de que o circuito de continuidade e ohms tem o mesmo nível de proteção que o circuito de teste de tensão. Deve-se verificar, também,as condições gerais do medidor ou testador, procurando por problemas como caixa quebrada, pontas de prova desgastadas ou visor apagado. - 25 - 5. ERROS COMUNS AO TESTAR ELETRICIDADE Qualquer trabalhador que ganha a vida trabalhando com eletricidade desenvolve rapidamente um respeito saudável por qualquer coisa que tenha uma possibilidade remota de estar "viva". Entretanto, a pressão existente nas industrias, para terminar o trabalho dentro do prazo ou fazer com que um equi- pamento de missão crítica volte à atividade, pode provocar descuidos e erros incomuns até mesmo dos eletricistas mais experientes. A lista a seguir foi feita para servir como um lembrete rápido daquilo que não se deve fazer ao medir eletricidade. Trocar o fusível original por um fusível mais barato. Se o multímetro digi- tal cumpre com os padrões atuais de segurança, esse dispositivo é um fusível especial de areia, projetado para estourar antes que a sobrecar- ga chegue às mãos do operador. Ao trocar o fusível do multímetro deve- se ter o cuidado de usar um fusível autorizado. Usar um pedaço de fio ou metal para "desviar" totalmente do fusível. Is- so pode parecer um bom e rápido reparo para situações em que não se- tem um fusível extra, mas é esse fusível que pode proteger o operador de um pico de energia. Usar uma ferramenta de teste inadequada para a tarefa. É importante que o medidor seja adequado para o trabalho a ser feito. Deve-se se certificar de que a ferramenta de teste tenha a classificação correta de categoria para cada trabalho que se executa, mesmo que isso exija a troca de multímetros ao longo do dia, durante a jornada de trabalho. Escolher o medidor mais barato. A ferramenta barata na verdade pode não ter os recursos de segurança que afirma ter. Deve-se procurar tes- tes de laboratórios independentes. - 26 - Deixar os óculos de segurança no bolso. O trabalhador deve usar o ócu- los de segurança durante a atividade de medição. Isso vale também pa- ra as luvas com isolamento e a roupa à prova de fogo. Trabalhar em um circuito vivo. Sempre que possível, deve-se trabalhar em circuitos desenergizados. Se a situação exigir o trabalho em um cir- cuito vivo, deve-se fazer uso de ferramentas com isolamento adequado, uso de óculos de segurança, evitando usar relógio e as jóias, permane- cer sobre um tapete isolado e usando roupas à prova de fogo em vez de roupas comuns. Deixar de usar procedimentos adequados de lockout (bloqueio)/tagout (colocação de avisos). Ficar com as duas mãos no teste. Não de deve fazer isso! Ao trabalhar com circuitos vivos, recomenda-se ficar com uma das mãos no bolso. Isso diminui a possibilidade de fechar um circuito ao longo do tórax, pas- sando pelo coração. Se possível, pendurar ou apoiar o medidor, de mo- do a evitar segurá-lo nas mãos para evitar a exposição aos efeitos dos transientes. Menosprezar as pontas de prova. As pontas de prova são um compo- nente importante da segurança do medidor. As pontas de prova devem corresponder ao nível de categoria do trabalho. Deve-se usar pontas de prova com isolamento duplo, conectores de entrada reforçados, prote- ção para os dedos e superfície que não escorrega. Continuar usando indefinidamente uma ferramenta de teste antiga. As ferramentas de teste atuais contêm recursos de segurança que antes eram desconhecidos e que justificam o custo da atualização do equipa- mento, além de serem muito mais baratos do que uma ida ao pronto- socorro. - 27 - 6. CONCLUSÕES O capacete e os óculos de segurança são equipamentos de proteção individual fundamentais para reduzir os danos pessoais (queimaduras) quando da ocorrência de acidentes causados por curto-circuito com arco elétrico. Ao se tratar as ferramentas de teste como itens fundamentais do equi- pamento de proteção pessoal (e são mesmo fundamentais), pode-se contribuir para a proteção contra condições extremamente perigosas como o lampejo e a explosão de arco elétrico. Para o caso de trabalhos com medição em painéis elétricos energizados deve-se especificar sempre CATEGORIA III. Esta orientação deve ser revista se a partir de algum momento estiverem disponíveis para aquisição instrumen- tos da categoria IV. Além das características elétricas como grandezas a serem medidas, escalas e influência de harmônicos é necessário considerar o nível de curto- circuito nos pontos onde serão realizados as medições, pois vimos que a cor- reta especificação dos multímetros, bem como a manutenção adequada asse- guram à segurança das pessoas e das instalações envolvidas nas medições. - 28 - 7. Bibliografia [1] CENTURION, JOSÉ M. RODRIGUES. Segurança do trabalho na distribui- ção do acetileno. Dissertação de mestrado, programa de pós-graduação em engenharia de produção – UFSC. Florianópolis, 2003. [2] CUT Brasil. Estudo aponta 90 mil acidentes fatais 20.04.2007 | 12h18min. Disponível em: http://www.cut.org.br. Acesso em 20.05.2007 23h00min. [3] REVISTA PROTEÇÃO. Edição Especial - Anuário Brasileiro de Proteção, 2006. TABELA 1 - Acidentes de Trabalho Ocorridos nos últimos 35 anos, página 20. [4] REVISTA PROTEÇÃO. Alta Tensão no setor elétrico. Edição número 130 de outubro/2002. As principais inovações da NR-10, página 48. [5] KOIFMAN, S. et al. Mortalidade e acidentes de trabalho na indústria elétri- ca. Rev. Saúde públ. Página 84. S. Paulo, 1983. [6] BRASIL. Ministério do trabalho e emprego - MTE. NR10 segurança em ins- talações e serviços em eletricidade. Disponível em: http://www.mtb.gov.br/ Acesso em: 16 nov. 2006. [7] National Fire Protection Association’s (NFPA-70E). Standard for Electrical Safety Requirements for Employee Workplaces. edition(7th ). [8] FLUKE. Manual de funcionamento básico - Getting Started Multimeters 80 Series III TRAB - SEGURANÇA DO TRABALHO CAPA REV02 TRAB - SEGURANÇA DO TRABALHO REV03_ 1. INTRODUÇÃO 1.1 Considerações iniciais 1.2 Justificativa 1.3 Objetivos 1.3.1 Objetivo geral 1.3.2 Objetivos específicos 1.4 Metodologia 2. MEDIÇÃO ELÉTRICA NA INDÚSTRIA 2.1 Introdução a medição na técnica de manutenção industrial 2.1.1 Procedimento para medida de tensão 2.1.2 Procedimento para medida de corrente 2.1.3 Procedimento para medida de resistência 2.2 As diferenças de aparelhos de teste de tensão quanto à segurança 2.5.1 Aparelhos de teste de tensão à base de solenóides (analógicos) 2.5.2 A segurança dos parelhos de teste de tensão eletrônicos 2.5.3 Outras considerações relativas a segurança pessoal 3. PADRÕES DE SEGURANÇA PARA FERRAMENTAS DE MEDIÇÃO 3.1 Entendendo as categorias de segurança 3.2 Avaliando a taxa de segurança oferecida por um multímetro 4. MANUTENÇÃO DOS INSTRUMENTOS 4.1 Fusíveis 4.2 Pontas de Prova 4.3 Inspeção e manutenção regular do multímetro (Chek-list) 5. ERROS COMUNS AO TESTAR ELETRICIDADE 6. CONCLUSÕES 7. Bibliografia