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COOPERATIVAS DE CREDITOS

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1. Histórico das Cooperativas de Crédito
As primeiras cooperativas de crédito nasceram na Alemanha, a primeira foi criada por Raiffeisen e chamava-se “ Heddesdorfer Darlehnkassenveirein (Associação de caixas de empréstimo de Heddesdorf)”. Essas cooperativas só apareceram no Brasil no ano de 1902.
Elas se transformaram em um segmento importante do Sistema Financeiro Nacional, tendo sofrido alterações de acordo com o desenvolvimento político e econômico da sociedade, destacando-se as regras baixadas pelo governo Vargas, na década de 30, e pelos governos militares, na década de 60, até chegarmos ao modelo atual, traçado pela Resolução nº 3442, de 2007, do Conselho Monetário Nacional, que consolida um novo cenário para o sistema de cooperativas de credito que teve início em 2003, com a criação das cooperativas de livre admissão.
O cooperativismo de crédito brasileiro é organizado em quatro grandes sistemas principais: Sicredi, Sicoob, Unicred e Ancosol. O sistema Sicredi é composto por uma confederação, a Confederação Sicredi, o banco cooperativo Bansicredi12, cinco centrais e 130 singulares. O Sicoob é composto por uma confederação, o Sicoob Brasil, o banco cooperativo Bancoob13, quatorze centrais e 639 singulares. O sistema Unicred é composto por uma confederação, a Unicred do Brasil, nove centrais e 130 singulares. O sistema Ancosol é composto por uma associação, cinco centrais e 191 singulares. Além desses sistemas, há cinco cooperativas centrais e uma federação de cooperativas não vinculadas a qualquer sistema, além de 239 cooperativas de crédito singulares não filiadas a qualquer entidade cooperativista de 2º grau.
1.1. Cronogramas das normas que regularam e regulam as cooperativas de crédito:
6 de janeiro de 1903
 O Decreto do Poder Legislativo nº 979 permite aos sindicatos a organização de caixas rurais de crédito agrícola, bem como de cooperativas de produção ou de consumo, sem qualquer detalhamento do assunto (art. 10).
5 de janeiro de 1907 
Editado o Decreto do Poder Legislativo nº 1.637, a primeira norma a disciplinar o funcionamento das sociedades cooperativas no Brasil. As cooperativas podiam ser organizadas sob a forma de sociedades anônimas, sociedades em nome coletivo ou em comandita, sendo regi- das pelas leis específicas (art. 10). Permite-se, ainda, às cooperativas receber dinheiro a juros, não só dos sócios, como de pessoas estranhas à sociedade (art. 25, § 3º).
31 de dezembro de 1925
 A Lei nº 4.984 excluía as cooperativas de crédito que obedecessem aos sistemas Raiffeisen e Luzzatti da exigência de expedição de carta patente e de pagamento de quotas de fiscalização, atribuindo ao Ministério da Agricultura a incumbência da fiscalização, sem ônus algum, do cumprimento das prescrições do Decreto nº 1.637.
2 de junho de 1926
 O Decreto nº 17.339 aprova o regulamento destinado a reger a fiscalização gratuita da organização e o funcionamento das caixas rurais Raiffeisen e do banco Luzzatti. Coube, então, ao Serviço de Inspeção e Fomento Agrícolas, órgão do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio, a tarefa de fiscalizar as cooperativas de crédito.
20 de fevereiro de 1929
 As Instruções Complementares para a boa execução do regulamento que baixou com o Decreto nº 17.339, editadas pelo Ministro de Estado dos Negócios da Agricultura, Indústria e Comércio, estabelecem procedimentos de fiscalização, as características das caixas rurais Raiffeisen e dos bancos populares Luzzatti e as regras a serem observadas pelas federações de cooperativas Raiffeisen e Luzzatti.
19 de dezembro de 1932 
O Decreto do Poder Legislativo nº 22.239 reforma as disposições do Decreto nº 1.637, na parte referente às sociedades cooperativas. Define as cooperativas de crédito como aquelas que têm por objetivo principal proporcionar a seus associados crédito e moeda, por meio da mutualidade e da economia, mediante uma taxa módica de juros, auxiliando de modo particular o pequeno trabalhador em qualquer ordem de atividade na qual ele se manifeste, seja agrícola, industrial, ou comercial ou profissional, e, acessoriamente, podendo fazer, com pessoas estranhas à sociedade, operações de crédito passivo e outros serviços conexos ou auxiliares do crédito (art. 30).
Estabelece que depende de autorização do governo para se constituírem as cooperativas que se propõem a efetuar (art. 12): 
a) operações de crédito real, emitindo letras hipotecárias; 
b) operações de crédito de caráter mercantil, salvo as que forem objeto dos bancos de crédito agrícola, caixas rurais e sociedades de crédito mútuo; 
c) seguros de vida, em que os benefícios ou vantagens dependam de sorteio ou cálculo de mortalidade.
10 de julho de 1934
 O Decreto nº 24.647 revoga o Decreto nº 22.239. Todas as cooperativas de crédito passam a necessitar de autorização do governo para funcionar (art. 17, a). Estabelece que as cooperativas devem ser formadas por pessoas da mesma profissão ou de profissões afins (art. 1º), exceto no caso de cooperativas de crédito formadas por industriais, comerciantes ou capitalistas (art. 41, II), que poderiam ser formadas por pessoas de profissões distintas.
1º de agosto de 1938
 O Decreto-Lei nº 581 revoga o Decreto nº 24.647 e revigora o Decreto nº 22.239. O Decreto-Lei nº 581 passa para o Ministério da Fazenda a incumbência de fiscalizar as cooperativas de crédito urbanas, mantendo as cooperativas de crédito rural sob fiscalização do Ministério da Agricultura.
19 de março de 1941 
O Decreto nº 6.980 regulamenta o Decreto-Lei nº 581, aprovando o regulamento para a fiscalização das sociedades cooperativas.
31 de dezembro de 1942
 O Decreto-Lei nº 5.154 dispõe sobre a intervenção nas sociedades cooperativas.
19 de outubro de 1943
 O Decreto-Lei nº 5.893 revoga novamente o Decreto nº 22.239, assim como o Decreto-Lei nº 581. Retorna ao Ministério da Agricultura a tarefa de fiscalizar todas as cooperativas, independente do tipo. Cria a Caixa de Crédito Cooperativo, destinada ao financiamento e fomento do cooperativismo.
14 de fevereiro de 1944
 O Decreto-Lei nº 6.274 altera disposições do Decreto-Lei nº 5.893.
2 de fevereiro de 1945 
O Decreto-Lei nº 7.293 cria a Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC), dando a essa Superintendência a atribuição de proceder à fiscalização de Bancos, Casas Bancárias, sociedades de crédito, financiamento e investimento, e cooperativas de crédito, processando os pedidos de autorização para funcionamento, reforma de estatutos, aumento de capital, abertura de agências, etc. (art. 3º, k).
19 de dezembro de 1945
 O Decreto-Lei nº 8.401 revoga os Decretos-Leis nº 5.893 e nº 6.274 e revigora, mais uma vez, o Decreto nº 22.239, assim como o Decreto-Lei nº 581. Mantém a incumbência de fiscalizar as cooperativas em geral com o Serviço de Economia Rural do Ministério da Agricultura.
13 de agosto de 1951 
A Lei nº 1.412 transformou a Caixa de Crédito Cooperativo no Banco Nacional de Crédito Cooperativo (BNCC), com objetivo de assistência e amparo às cooperativas.
11 de dezembro de 1951 
O Decreto nº 30.265 aprova o regulamento do Banco Nacional de Crédito Cooperativo.
16 de julho de 1957
 O Decreto nº 41.872 esclarece que as cooperativas de crédito se sujeitam à fiscalização da SUMOC, no que se relacionar com as normas gerais reguladoras da moeda e do crédito, baixadas pelo Governo.
15 de abril de 1958 
O Decreto nº 43.552 reafirma a atribuição do Serviço de Economia Rural (SER) do Ministério da Agricultura de fiscalização das cooperativas.
10 de novembro de 1958
 A Portaria nº 1.079 do Ministério da Agricultura sobrestou, tendo em vista solicitação da SUMOC, novos registros de cooperativas de crédito no SER.
16 de julho de 1959
 O Decreto nº 46.438 cria o Conselho Nacional de Cooperativismo.
11 de dezembro de 1961
 A Portaria nº 1.098 do Ministério da Agricultura reafirma que as cooperativas de crédito estavam sujeitas à prévia autorização do Governo para se constituírem, exceto:
 a) as caixas rurais Raiffeisen; 
b) as cooperativas de créditoagrícolas; 
c) as cooperativas mistas com seção de crédito agrícola; 
d) as centrais de crédito agrícola;
e) as cooperativas de crédito mútuo.
12 de novembro de 1962 
O Decreto do Conselho de Ministros nº 1.503 sobrestou as autorizações e os registros de novas cooperativas de crédito ou com seções de crédito.
31 de dezembro de 1964
 A Lei nº 4.595 equipara as cooperativas de crédito às demais instituições financeiras e transfere ao Banco Central do Brasil as atribuições cometidas por lei ao Ministério da Agricultura, no que concerne à autorização de funcionamento e fiscalização de cooperativas de crédito de qualquer tipo e da seção de crédito das cooperativas que a tenham.
20 de dezembro de 1965 
A Resolução nº 11 do Conselho Monetário Nacional (CMN) determina a extinção das atividades creditórias exercidas por sucursais, agências, filiais, departamentos, escritórios ou qualquer outra espécie de dependência existente em cooperativa de crédito. Veda às cooperativas de crédito o uso da palavra “banco” em sua denominação. Torna a autorizar a constituição e o funcionamento de cooperativas de crédito, sob duas modalidades: – cooperativas de crédito de produção rural com objetivo de operar em crédito; – cooperativas de crédito com quadro social formado unicamente por empregados de determinada empresa ou entidade pública ou privada.
28 de janeiro de 1966 
A Resolução nº 15 estabelece que as cooperativas de crédito e as seções de crédito das cooperativas mistas somente podem captar depósitos à vista de seus associados. Estabelece, ainda, que é vedado deixar de distribuir eventuais sobras apuradas entre os associados.
30 de junho de 1966
 A Resolução nº 27 estabelece que as cooperativas de crédito e as seções de crédito das cooperativas mistas devem receber depósitos exclusivamente de associados pessoas físicas, funcionários da própria cooperativa e de instituições de caridade, religiosas, científicas, educativas e culturais, beneficentes ou recreativas, das quais participem apenas associados ou funcionários da própria cooperativa.
21 de novembro de 1966 
O Decreto-Lei nº 59 revoga definitivamente o Decreto nº 22.239, assim como o Decreto-Lei nº 5.154/1942, e determina que as atividades creditórias das cooperativas somente podem ser exercidas em entidades constituídas exclusivamente com essa finalidade (art. 5º, § 1º). Estabelece que as seções de crédito existentes podem passar a constituir cooperativas de crédito autônomas, cujo registro está assegurado, desde que cumpridas as exigências do Banco Central do Brasil (§ 4º), ou se limitar a fazer adiantamentos aos associados, por meio de títulos de crédito acompanhados de documento que assegure a entrega da respectiva produção, vedado o recebimento de depósitos até mesmo de associados (§ 2º).
19 de abril de 1967
O Decreto nº 60.597 regulamenta o Decreto-Lei nº 59.
19 de setembro de 1968
 A Resolução nº 99 disciplina a autorização para funcionamento de cooperativas de crédito rural.
16 de dezembro de 1971
 A atual Lei nº 5.764 revoga o Decreto-Lei nº 59, assim como seu Decreto nº 60.597, instituindo o regime jurídico vigente das sociedades cooperativas. Define a cooperativa como sociedade de pessoas, de natureza civil. Mantém a fiscalização e o controle das cooperativas de crédito e das seções de crédito das agrícolas mistas com o Banco Central do Brasil.
5 de outubro de 1988
 O artigo 5º da Constituição Federal derroga a Lei nº 5.764 na parte em que condiciona o funcionamento das sociedades cooperativas à prévia aprovação do Governo. As cooperativas de crédito continuam dependentes de prévia aprovação do Governo para funcionar, por força do disposto no artigo 192 da Carta Magna.
21 de março de 1990
 O Decreto nº 99.192 extingue o BNCC.
11 de março de 1992
 A Resolução nº 1.914 revoga as Resoluções nos 11, 27 e 99, veda a constituição de cooperativas de crédito do tipo Luzzatti, assim compreendidas aquelas sem restrição de associados, e estabelece como tipos básicos para concessão de autorização para funcionamento as cooperativas de economia e crédito mútuo e as cooperativas de crédito rural.
31 de agosto de 1995
 A Resolução nº 2.193 permite a constituição de bancos comerciais controlados por cooperativas de crédito, os bancos cooperativos.
27 de maio de 1999 
A Resolução nº 2.608 revoga a Resolução nº 1.914. Atribui às cooperativas centrais o papel de supervisionar o funcionamento e realizar auditoria nas cooperativas singulares filiadas. Estabelece limites mínimos de patrimônio líquido ajustado.
30 de agosto de 2000
 A Resolução nº 2.771 revoga a Resolução nº 2.608. Reduz os limites mínimos de patrimônio líquido, mas com a adoção para as cooperativas de crédito dos limites de patrimônio líquido ponderado pelo grau de risco do ativo, passivo e contas de compensação.
30 de novembro de 2000 
A Resolução nº 2.788 permite a constituição de bancos múltiplos cooperativos.
10 de janeiro de 2002
 Os artigos 1.093 a 1.096 da Lei nº 10.406, o novo Código Civil, estabelecem as características básicas da sociedade cooperativa, reme- tendo a regulamentação do tipo jurídico das cooperativas a lei específica, atualmente a Lei nº 5.764, de 1971.
20 de dezembro de 2002
 A Resolução nº 3.058 permite a constituição de cooperativas de crédito mútuo formadas por pequenos empresários, microempresários e micro empreendedores, responsáveis por negócios de natureza industrial, comercial ou de prestação de serviços, incluídas as atividades da área rural, cuja receita bruta anual, por ocasião da associação, seja igual ou inferior ao limite estabelecido pela legislação em vigor para as pequenas empresas.
25 de junho de 2003
 A Resolução nº 3.106 revoga as Resoluções nº 2.771 e nº 3.058, permite a constituição de cooperativas de livre admissão de associa- dos em localidades com menos de cem mil habitantes, assim como a transformação de cooperativas existentes em cooperativas de livre admissão de associados em localidades com menos de 750 mil habitantes, sendo obrigatórias para essas cooperativas a adesão a fundo garantidor de crédito, exceto se a cooperativa não captar depósito, e a filiação à cooperativa central de crédito que apresente cumprimento regular de suas atribuições regulamentares de supervisão das filiadas, no mínimo três anos de funcionamento, enquadramento nos limites operacionais estabelecidos pela regulamentação em vigor e patrimônio de referência de, no mínimo, R$600.000,00 nas regiões Sul e Sudeste, R$500.000,00 na região Centro-Oeste e R$400.000,00 nas regiões Norte e Nordeste. Permite, ainda, a preservação do público-alvo de cooperativas de quadros sociais distintos, no caso de pedidos de fusão ou incorporação. Permite a continuidade de operação das cooperativas de livre admissão de associados existentes na data de sua entrada em vigor, também conhecidas como cooperativas do tipo Luzzatti, não exigindo a adaptação dessas instituições às regras estabelecidas para as novas cooperativas do tipo, exceto no caso de ampliação da área de atuação e instalação de postos. Estabelece a necessidade de projeto prévio à constituição de qualquer cooperativa de crédito, devendo constar do projeto, entre outros pontos, a descrição do sistema de controles internos, a estimativa do número de pessoas que preenchem as condições de associação e do crescimento do quadro de associados nos três anos seguintes de funcionamento, a descrição dos serviços a serem prestados, da política de crédito e de tecnologias e sistemas empregados no atendimento aos associados.
17 de julho de 2003
 A Circular nº 3.196 dispõe sobre o cálculo do Patrimônio Líquido Exigido (PLE) das cooperativas de crédito e dos bancos cooperativos, reduzindo, para os bancos cooperativos, as cooperativas centrais e as cooperativas singulares filiadas a centrais, as exigências de patrimônio de referência decorrente do grau de risco das operações, para níveis similares aos exigidos dos demais bancos múltiplos e bancos comerciais. Mantém maior exigência de PLE para as cooperativasde crédito não filiadas a centrais.
20 de agosto de 2003
 A Circular nº 3.201 dispõe sobre procedimentos complementares a serem observados pelas cooperativas de crédito relativamente à instrução de processos. A Circular nº 3.201 foi posteriormente alterada pela Circular nº 3.311, de 2 de fevereiro de 2006.
27 de novembro de 2003
 A Resolução nº 3.140 permite a constituição de cooperativas de crédito de empresários participantes de empresas vinculadas diretamente a um mesmo sindicato patronal ou direta ou indiretamente a associação patronal de grau superior, em funcionamento, no mínimo, há três anos, quando da constituição da cooperativa. Permite que as cooperativas de livre admissão de associados, em funcionamento em 26 de junho de 2003, instalem postos sem necessidade de atendimento aos novos requisitos estabelecidos pela Resolução nº 3.106.
17 de dezembro de 2003
 A Resolução nº 3.156 autoriza as cooperativas de crédito a contra- tarem correspondentes no País, nas condições que especifica.
18 de fevereiro de 2004
 A Circular nº 3.226 dispõe sobre a prestação de serviços por parte de bancos múltiplos, bancos comerciais e Caixa Econômica Federal a cooperativas de crédito, referentes à compensação de cheques e ao acesso a sistemas de liquidação de pagamentos e transferências interbancárias (alterada pela Circular nº 3.246, de 14/7/2004. Prazo de adequação estabelecido pela Circular nº 3.306, de 26/12/2005).
29 de março de 2004
 A Resolução nº 3.188 autoriza aos bancos cooperativos o recebimento de depósitos de poupança rural, ficando a contratação de correspondente no País, para esse fim, limitada às cooperativas de crédito rural e às cooperativas de livre admissão de associados.
16 de dezembro de 2004 
A Resolução nº 3.253 revoga o inciso V e os §§ 1º e 2º do art. 10 do Regulamento anexo à Resolução nº 3.106/2003, que estabelecem limite mínimo de aplicação em créditos por parte de cooperativas de crédito de livre admissão de associados.
24 de janeiro de 2005 
O Comunicado nº 12.910 esclarece que não são permitidas associações entre cooperativas de crédito de mesmo nível, nem tampouco de cooperativas de crédito de grau superior naquelas de grau inferior, tendo em vista o art. 29 do Regulamento anexo à Resolução nº 3.106, de 2003.
31 de agosto de 2005
 A Resolução nº 3.309 dispõe sobre a certificação de empregados das cooperativas de crédito, assim como autoriza as cooperativas de crédito a atuarem na distribuição de cotas de fundos de investimento abertos.
30 de setembro de 2005
 A Resolução nº 3.321 revogou a Resolução nº 3.106 e a Resolução nº 3.140, reproduzindo, em linhas gerais, as diretrizes dos normativos revogados. Possibilitou a constituição de cooperativas de livre admissão em regiões com até trezentos mil habitantes, permitiu novas possibilidades de constituição de cooperativas com quadro social segmentado, ampliou o limite de diversificação de risco, tanto para cooperativas singulares, quanto para centrais, possibilitou a instalação de postos de atendimento eletrônico, assim como revogou a proibição de instalação de postos de atendimento por parte de cooperativas Luzzatti, além de outras alterações de menor impacto.
30 de setembro de 2005
 A Circular nº 3.294 alterou, reduzindo para 20%, o fator de ponde- ração de risco das operações realizadas entre cooperativas centrais e suas filiadas e das realizadas entre centrais e bancos cooperativos.
26 de janeiro de 2006 
A Carta-Circular nº 3.223 criou, tendo em vista o disposto na Circular nº 3.294, rubricas no Cosif para registro das operações realizadas entre cooperativas centrais e suas filiadas e das realizadas entre centrais e bancos cooperativos.
2 de fevereiro de 2006
 A Circular nº 3.314 dispõe sobre as modificações no capital social, a constituição do fundo de reserva, a destinação das sobras e a compensação das perdas das cooperativas de crédito.
3 de fevereiro de 2006
 A Carta-Circular nº 3.224 esclarece acerca da base de cálculo do Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social – Fates para cooperativas de crédito.
8 de fevereiro de 2006 
A Resolução nº 3.346 institui e regulamenta o Procapcred, programa destinado ao fortalecimento da estrutura patrimonial das cooperativas singulares de crédito, por meio de financiamentos concedidos a associados para aquisição de quotas-parte de capital.
28 de fevereiro de 2007
 A Resolução nº 3.442 revogou a Resolução nº 3.321 e trouxe, como principais avanços normativos, a possibilidade de transformação de cooperativas de crédito em livre admissão em áreas de ação com até 1,5 milhão de habitantes, a previsão de constituição de uma entidade de auditoria cooperativa, destinada à prestação de serviços de auditoria externa, constituída e integrada por cooperativas centrais de crédito e/ou por suas confederações, aperfeiçoou o relacionamento das cooperativas singulares com os bancos cooperativos e outros dispositivos regulamentares.
24 de abril de 2007
 A Carta-Circular nº 3.274 esclarece acerca dos critérios a serem observados pelas cooperativas de crédito, para a constituição de fundos ao amparo do art. 28, § 1º, da Lei nº 5.764, de 1971.
31 de janeiro de 2008 
A Resolução nº 3.531 possibilita aos bancos cooperativos a contratação de qualquer cooperativa de crédito como correspondente, para fins de captação de poupança rural.
1.2. Constituição Federal de 1988
A Constituição Brasileira, promulgada em 5 de outubro de 1988, diz em seu Artigo 5 - item XVIII: "A criação de associações e, na forma da Lei, a de cooperativas, independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento". 
Por esta decisão, o cooperativismo brasileiro se alinhou com o cooperativismo dos países desenvolvidos, pois ficou decretado o fim da tutela estatal sobre as cooperativas. Porém há que se ressaltar que as cooperativas de crédito são instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional e, nesta condição sujeitam se aos normativos do Conselho Monetário Nacional (CMN) e à fiscalização do Banco Central do Brasil (BACEN). Além disso, submetem-se a todas as exigências da lei 4.595/64, que reformou o Sistema Bancário, da Lei das sociedades por Ações, da Lei 5.764/71, denominada Lei do Cooperativismo e de outras, tais como as dos crimes contra o Sistema Financeiro, de lavagem de dinheiro etc. O capítulo IV constituição Federal de 1988, trata do Sistema Financeiro Nacional e, em seu artigo 192 inciso VIII, faz referência ao cooperativismo de crédito como integrante deste mesmo sistema: “o funcionamento das cooperativas de crédito e os requisitos para que possam ter condições de operacionalidade e estruturação das instituições financeiras”.
Isto representa maior liberdade às cooperativas, o que é positivo. Entretanto, delega ao cooperativismo uma enorme responsabilidade em relação ao seu futuro, o que, por consequência demanda maior organização interna. 
Ora, se a cooperativa é dos associados, cabe a eles traçar as políticas desta empresa, definir as diretrizes, tomar as decisões e manter permanente controle da mesma, para que ela seja efetivamente uma empresa autogestionada.
A matéria jurídica sobre as cooperativas surgiu com a Carta Magna de 1988, pois até então, nenhuma Constituição havia feito referência ao assunto.
Os dispositivos que aludem o cooperativismo são abordados de forma a incentivar a atividade e estão expostas na seguinte ordem:
Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[. . .]
XVIII – a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento.
Ficou evidente o apoio à livre iniciativa, onde a sociedade poderia livremente organizar-se, sem intervenção do governo, podendo este, no máximo atuar como agente normativo e regulador da atividadeeconômica, conforme podemos ver a seguir:
Art. 174 Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.
[. . .]
§ 2° A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de associativismo;
§ 3° O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas, levando em conta a proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social dos garimpeiros;
§ 4° As cooperativas a que se refere o parágrafo anterior terão prioridade na autorização ou concessão para pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de minerais garimpais.
[. . .]
Art. 187. A política agrícola será planejada e executada, na forma da lei, com a participação efetiva do setor de produção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais, bem como dos setores de comercialização, de armazenamento e de transporte, levando em conta, especialmente:
[. . .]
VI – o cooperativismo.
[. . .]
“Art. 192. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir os interesses da coletividade, será regulado em lei complementar, que disporá, inclusive, sobre:
[. . .]
VIII – o funcionamento das cooperativas de crédito e os requisitos para que possam ter condições de operacionalidade e estruturação próprias das instituições financeiras. 
A Constituição Federal também manteve a tutela das cooperativas de crédito submetidas ao Banco Central do Brasil – BACEN, o qual juntamente com o Conselho Monetário nacional – CMN, mantém o controle sobre as cooperativas de crédito, autorizando sua abertura e funcionamento e fazendo intervenções e liquidações quando necessárias. Diante da evolução econômica e social, o Banco Central do Brasil edita resoluções que vão lentamente, dando maior abertura às cooperativas de crédito.
Art. 146. Cabe à lei complementar:
[. . .]
III – estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:
[. . .]
c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas.
A promulgação da Constituição Federal de 1988 fortalece e incorpora valores aos dispositivos da Lei 5764/71, uma vez que, a Constituição Federal de 1969 não trazia qualquer referência à associação. Segundo Ênio Meinen:
“A República Federativa do Brasil, com a noção democrática, pluralista e solidária (arts. 1º, 3º e 170, IV da Lei Suprema), baseia-se em fundamentos como cidadania, dignidade da pessoa humana, valor social do trabalho, livre iniciativa e pluralismo político, bem assim objetivos como liberdade, justiça social, solidariedade, desenvolvimento, redução de desigualdades, promoção do bem comum ou coletivo e não discriminação. Tais postulados compõe exatamente o rol de valores e princípios do cooperativismo, assim secularmente consagrados.”
Entre os dispositivos, o constituinte ofertou tratamento diferenciado às cooperativas, impondo ao Estado a obrigatoriedade de privilegiar tal tipo associativo.
Celso Bastos comenta o § 2° do art. 174 da Constituição Federal de1988, dizendo:
“O estímulo ao cooperativismo encontra inspiração muito visível nas Constituições portuguesa e espanhola. Tal como na nossa, o que ali se procura é fomentar essa modalidade associativa, que apresenta, sem dúvida nenhuma, um grande alcance social, quando levada a efeito, debaixo de um autêntico espírito cooperativo. No entanto, o Estado não pode impor essa modalidade de organização.”
1.4. Lei Nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971
Em 1971, foi editada a Lei n. 5.764, ainda em vigor, que definiu a Política Nacional do cooperativismo e instituiu o regime jurídico das Sociedades cooperativas, e dá outras providências. O novo estatuto dava um prazo de 36 meses para que as cooperativas já registradas a ele se adaptassem. 
Em 1982 houve alteração parcial da Lei 5.764 pelas Leis 6.981/82 e 7.231/84 e mais 34 resoluções do Conselho Nacional de Cooperativismo, bem como nos arts. 1.093 à 1.096 da Lei 10.406/02 – novo Código Civil.
Lei sancionada pelo Presidente da República, instituindo o regime jurídico das sociedades cooperativas e dá outras providências. ” 
Dentro da Lei Nº 5.764, 117 artigos foram analisados. Como são extensos serão citados apenas os subtítulos : Da Política Nacional de Cooperativismo; Das Sociedades Cooperativas; Do Objetivo e Classificação das Sociedades Cooperativas; Da Constituição das Sociedades Cooperativistas; Da autorização de Funcionamento; Do Estatuto Social; Dos livros; do Capital Social; Dos Fundos; Dos Associados; Dos órgãos Sociais; Das Assembleias gerais Ordinárias; Das Assembleias Gerais Extraordinárias; Dos órgãos de Administração; Do Conselho Fiscal; Fusão e Desmembramento; Da Dissolução e Liquidação; Do Ato Cooperativo; Das Distribuições de Despesas; Das Operações da Cooperativa; Dos prejuízos; Do Sistema Trabalhista; Da Fiscalização e Controle; Do Conselho Nacional de Cooperativismo; Dos Órgãos Governamentais; Da Representação do Sistema Cooperativista; Dos Estímulos Creditícios; Das Disposições Gerais e Transitórias. 
Dentre destes subtítulos será tratado alguns tópicos pela relevância, abaixo:
1.5. Constituição das Sociedades Cooperativas 
Existem dois meios para a constituição de uma sociedade cooperativa, a saber, por instrumento público e por deliberação da Assembleia Geral dos Fundadores, desde que constante da respectiva ata. Para tanto, o ato constitutivo terá de atender a alguns requisitos presentes no art. 15, da Lei n. 5764, de 16.12.1971, os quais se não atendidos, resultam na nulidade do ato.
São eles: denominação da entidade, sede e objeto; nome, nacionalidade, idade, estado civil, profissão e residência dos cooperados, bem como a dos fundadores assinantes, e o valor e número da quota-parte de cada um; a aprovação do estatuto da sociedade; e também o nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos associados eleitos para os órgãos de administração, fiscalização e outros. O estatuto se não estiver presente no ato constitutivo, deverá ter a assinatura dos fundadores. 
1.6. Registro e Legalização 
Para que a cooperativa se torne sujeito de direitos e obrigações na órbita civil, mister se faz o seu registro na Junta Comercial. A partir do arquivamento dos documentos dela neste órgão e com a publicação dos mesmos, a sociedade cooperativa adquire personalidade jurídica, e logo estará apta a funcionar (Lei n. 5764/1971, art.18, § 6º). 
1.7. Arquivamento na Junta Comercial 
Normalmente é o diretor ou representante legal da cooperativa quem faz a requisição do arquivamento dos atos constitutivos perante a Junta Comercial. Tal requerimento deverá vir acompanhado dos seguintes documentos: 
a) Estatuto em três vias de igual teor; 
b) Ata de constituição da cooperativa em três vias; 
c) GARE recolhida em três vias, no código 370-0, em nome da Cooperativa, conforme tabela da JUCESP; 
d) Ficha Cadastral mod. 2, para cada membro do Conselho Administrativo e ou Diretoria, em duas vias; 
e) Documento de identidade autenticado dos membros eleitos, e declaração de desimpedimento criminal; 
f) Declaração de desimpedimento criminal, caso não esteja no corpo da Ata, para cada membro do Conselho Administrativo e ou Diretoria. 
Igualmente o pedido de arquivamento de alterações estatutárias conterá certos documentos indispensáveis. São eles: 
a) Ata da assembleia Geral que aprovou a alteração, em três vias; 
b) Três vias do Estatuto, se houve eleição do Conselho Administrativo e ou Diretoria; 
c) Documento de identidade autenticado dos membros eleitos e declaração de desimpedimento criminal; 
d) GARE recolhida em três vias, de acordo com a tabela da JUCESP; 
e) DARF de acordo com a tabela da JUCESP; 
f) Ficha Cadastral mod. 2, em duas vias. 
1.8. Estatuto e Livros Obrigatórios das Sociedades Cooperativas 
Quanto ao estatuto da cooperativa, nele deverão constar: 
a) A denominação, sede, prazo da duração, área de ação,objeto da sociedade, fixação do exercício social e da data do levantamento do balanço geral; 
b) Os direitos e deveres dos associados, natureza de suas responsabilidades e as condições de admissão, demissão, eliminação e exclusão dos mesmos e as normas para a representação deles perante as assembleias gerais; 
c) O capital mínimo, o valor da quota-parte, o mínimo de quotas partes a ser subscrito pelo associado, o modo de integralização das quotas-partes, as condições de retirada dela nos casos de demissão, eliminação ou de exclusão do associado; 
d) A maneira em que se dará a devolução das sobras registradas aos cooperados, ou do rateio das perdas levantadas por insuficiência de contribuição para cobertura de despesas da sociedade; 
e) O modo de administração e fiscalização, com a denominação dos respectivos órgãos, definição das atribuições dos mesmos, poderes e funcionamento, a representação ativa e passiva da sociedade em juízo ou fora dele, o prazo do mandato, assim como o processo de substituição dos administradores e conselheiros fiscais; 
f) As devidas formalidades para convocação das assembleias gerais e a maioria requerida para a sua instalação e validade de suas deliberações, defeso o direito a voto aos com interesse particular em relação a elas, porém sem privá-los da participação nos debates; 
g) As hipóteses de dissolução voluntária da sociedade; 
h) O modo e o processo de alienação ou oneração de bens imóveis da sociedade; 
i) O modo de reformar o estatuto; 
j) O número mínimo de cooperados. 
Quanto aos livros obrigatórios, primeiramente as sociedades cooperativas deverão possuir um Livro de Matricula, no qual constará em ordem cronológica a data de admissão dos associados. Certos requisitos terão de serem observados na confecção desse livro, entre eles: o nome, a qualificação e residência do associado; a data de admissão e demissão a pedido (se houver), eliminação ou exclusão; a conta-corrente das respectivas quotas-partes do capital social. 
Outros livros também são obrigatórios: de Atas das Assembleias Gerais; de Atas dos Órgãos de Administração; de Atas do Conselho Fiscal; de Presença dos Associados nas Assembleias Gerais e outros fiscais e contábeis. A sociedade poderá optar, assim como outras empresas, por livros de folhas soltas ou por fichas. 
1.9. Capitais Sociais e Fundos de Reserva e Assistência
De início, ressalta-se o fato de que o capital social investido será dividido em quotas-partes, cujo valor unitário não poderá ultrapassar o maior salário mínimo vigente no país. 
Nas hipóteses de cooperativas singulares, o associado não poderá subscrever mais de 1/3 do total das quotas-partes, exceto naquelas em que a subscrição esteja atrelada proporcionalmente ao movimento financeiro do cooperado ou ao quantitativo dos produtos a serem comercializados, beneficiados ou transformados, ou ainda, em relação à área cultivada ou número de plantas e animais em exploração. 
Destaca-se que as pessoas jurídicas de Direito Público não estão sujeitas a esses limites, quando participam de Cooperativas de Eletrificação, Irrigação e Telecomunicações. 
Salvo os juros de até 12%, as cooperativas não podem distribuir qualquer tipo de benefícios às quotas-partes de capital. Paralelamente, elas também não podem conceder vantagens e privilégios a nenhum associado ou terceiro. 
A formação do capital social poderá se dar mediante prestações periódicas independentemente de chamada, seja através de contribuições ou outra forma a critério dos órgãos executivos federais responsáveis. 
Para a transferência de quotas-partes, haverá a necessidade de se averbar a mesma no Livro de Matrículas, no qual constará termo com a assinatura do cedente, do cessionário e do diretor designado pelo estatuto. Como observação é importante acrescentar que as quotas-partes são inalienáveis para fora da cooperativa, e em caso de autorização da Assembleia Geral poderão ser comercializadas internamente. 
O aumento de capital social e a integralização das quotas-partes poderão ser feitos com bens avaliados previamente e após homologação em Assembleia Geral ou mediante retenção de certa porcentagem de valor do movimento de cada cooperado. Circunstância não aplicável às cooperativas de crédito, às agrícolas mistas com seção de crédito e às habitacionais.
Quando a subscrição do capital for diretamente proporcional ao movimento ou à expressão econômica de cada associado, obrigatoriamente constará no estatuto a revisão periódica do mesmo. 
É obrigação das cooperativas constituírem dois fundos. O Fundo de Reserva tem como finalidade atender ao desenvolvimento da cooperativa e a reparar perdas (art.89, da Lei n. 5764/1971). Serão constituídos de no mínimo 10% das sobras liquidas do exercício. 
Quanto ao Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social, este deverá ser formado ao menos com 5% das sobras líquidas resultantes do exercício (art. 28), nele incluído os resultados das operações com terceiros (art. 87, da referida lei). A função desse fundo é prestar assistência aos associados, bem como as suas famílias e, desde que previsto no seu estatuto, aos empregados. Convênios com entidades públicas e privadas poderão ser feitos com vista a atender os fins, para os quais é destinado esse fundo. 
Outros fundos também poderão ser criados – rotativos ou não – via Assembleia Geral, com recursos destinados a fins específicos, com a fixação do modo de formação, aplicação e liquidação (art. 28, § 1º, Lei n. 5764/1971). 
2. Dos Cooperados 
2.1. Entrada dos associados 
Como requisito para uma pessoa ser admitida na cooperativa é que ela exerça as atividades próprias da sociedade, e dentro da área de atuação da mesma. Maria Cecília Ladeira de Almeida expõe como exemplo a Cooperativa de Cafeicultores de Rio Preto e demais municípios, na qual poderão se associar àqueles que exerçam o cultivo dessa planta como atividade econômica dentro do limite territorial desses municípios, ainda que sua residência se localize em outro local. 
Ao contrário de outras sociedades, as cooperativas em razão do princípio da porta-aberta, em regra, não restringe a entrada de novos associados. Mas pode acontecer de haver impedimento em alguns casos, como quando há impossibilidade técnica de prestação de serviços, acima de um certo de número de associados (art. 4º, I), restrição em razão da atividade ou profissão do candidato ou se este for agente de comércio ou empresário que atue no mesmo segmento econômico da sociedade cooperativa (art. 29, §§ 1º e 4º). 
Após a entrada na cooperativa, o novo cooperado deverá subscrever as quotas-partes de capital social e assinar o Livro de Matrícula. 
2.2. Rompimento do cooperado 
Quanto à saída do cooperado, ela pode ser através de demissão, eliminação ou exclusão. A primeira só ocorre a pedido do associado. Já em relação às outras, certos critérios terão de ser acatados. 
A eliminação é uma medida punitiva em razão de alguma infração a lei ou estatuto da sociedade. Para sua concretização, é necessário firmar um termo em reunião da Diretoria ou Conselho de Administração, no qual conste o motivo da eliminação. Esse termo será lavrado no livro de matrícula e a direção da cooperativa terá o prazo de 30 dias para comunicar ao interessado a sua retirada, porém o mesmo terá direito a recurso, que manterá as deliberações da Assembleia Geral suspensas até o julgamento do mérito. 
Já a exclusão acontecerá, principalmente, dentro das hipóteses a seguir: dissolução da pessoa jurídica; morte da pessoa física; por incapacidade civil não suprida; e por deixar de atender aos requisitos estatutários de ingresso ou permanência na cooperativa. 
2.3. Assembleias Gerais 
Como órgão supremo, as Assembleias Gerais para sua convocação dependem de quórum qualificado. Na primeira convocação é necessário dois terços de associados, para a segunda, metade mais um e terceira, 10 pessoas – salvo o caso de Cooperativas Centrais, Federações e Confederações de Cooperativas, as quais se iniciarão com qualquer número.
Cabe,as assembleias, a destituição dos membros dos órgãos de administração ou fiscalização e a designação de outros membros provisórios para esses respectivos órgãos até a eleição dos efetivos, cuja realização deverá ocorrer dentro do prazo de 30 dias. 
A ação de anulação de uma assembleia prescreve no prazo de 4 anos a partir da concretização da mesma. Estão sujeitas à anulação as assembleias viciadas de erro, dolo, fraude, simulação ou quando violarem lei ou estatuto. 
2.4. Assembleia Geral Ordinária 
A Assembleia Geral Ordinária, cuja realização ocorrerá nos primeiros três meses após o termino do exercício social, irá deliberar sobre os seguintes pontos: 
1) Prestação de contas dos órgãos administrativos com o relatório da gestão, balanço e demonstrativo das sobras e perdas, além do parecer do Conselho Fiscal; 
2) Destino das sobras ou rateio das perdas; 
3) Eleição dos membros dos órgãos de administração e fiscalização, além de outros se houver; 
4) A fixação do valor dos honorários dos componentes dos Conselhos de Administração e Fiscalização, caso seja previsto; 
5) Outros assuntos de interesse social, exceto os exclusivos da Assembleia Geral Extraordinária. 
2.5. Assembleia Geral Extraordinária 
É de competência exclusiva dessa modalidade de Assembleia a deliberação sobre os seguintes assuntos:
1) Reforma do Estatuto; 
2) Fusão, incorporação ou desmembramento da Sociedade; 
3) Mudança de objetivo da mesma; 
4) Dissolução voluntária e nomeação de liquidantes; 
5) Contas do liquidante. 
A realização desse tipo de assembleia acontecerá sempre que necessário e poderá ser objeto de suas reuniões qualquer assunto relevante para o interesse da sociedade, desde que conste no edital. 
2.6. Administração e Fiscalização 
2.6.1 Órgãos de administração 
A cooperativa será administrada por uma diretoria ou Conselho de Administração com associados eleitos em Assembleia Geral Ordinária. O mandato deles não poderá ultrapassar quatro anos, sendo obrigatório renovação de pelo menos um terço do Conselho de Administração. O estatuto poderá prever em seu bojo outros órgãos cuja finalidade seja atuar na área da administração. 
Francisco de Assis Alves ainda menciona que os órgãos de administração poderão contratar gerentes técnicos ou comerciais, externos ao quadro de associados e com remuneração e atribuições. 
2.7. Inelegibilidade 
Parentes entre si, em linha reta ou colateral até o segundo grau, são impedidos de participarem simultaneamente da mesma diretoria ou Conselho de Administração. A restrição se estende àqueles por afinidade e ao cônjuge. 
Além desses também se encontram impedidos de compor os órgãos da cooperativa os impedidos por lei; os condenados por pena que vede – embora provisoriamente – o acesso a cargos públicos; ou por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato; ou contra a economia popular, a fé pública ou a propriedade. 
Operações da sociedade cujo escopo macule os interesses de diretor ou associado, não poderão ter em suas deliberações referentes a essas atividades tais pessoas, sendo que incumbe a elas declararem seu impedimento. 
2.8. Responsabilidade dos administradores 
Em regra, os administradores eleitos ou contratados não respondem pessoalmente pelas obrigações contraídas em nome da sociedade. Mas em caso de prejuízo, respondem solidariamente pelo mesmo, caso se confirme que eles tenham agido com dolo ou culpa. A sociedade também responderá, se ela obteve benefícios com os atos desses administradores ou ratificou-os. 
Nos casos em que se oculta a natureza da sociedade para a realização de ato ou operação social, os participantes serão considerados pessoalmente responsáveis pelas obrigações contraídas, e incorrerão inclusive em sanção penal. A sociedade cooperativa também terá, por meio de seus diretores ou associado escolhido em Assembleia Geral, direito de ação contra os administradores com intuito de responsabilizar os mesmos. 
2.9. Conselho Fiscal 
O conselho fiscal é composto por três membros efetivos e três suplentes. São eleitos anualmente podendo se reeleger até um terço desses membros. Os parentes dos diretores até o segundo grau em linha reta ou colateral, além daqueles inelegíveis já mencionados não poderão compor o referido órgão. A cumulação de cargos no órgão de administração e de fiscalização também é vedada. 
3. Alterações Estruturais e Extinção das Sociedades Cooperativas 
Fusão
A fusão cria uma nova sociedade cooperativa (art. 57). Uma comissão mista deverá ser formada com o intuito de realizar os estudos necessários ao surgimento da nova cooperativa, tais como: levantamento de patrimônio, balanço geral, plano de distribuição de quotas-partes, destinação dos fundos de reserva, outros e o projeto de estatuto (art. 57, § 1). 
Assim como qualquer outra cooperativa, essa resultante da fusão também deverá arquivar os documentos relativos a sua constituição na Junta Comercial – requisito necessário para a aquisição da personalidade jurídica - e após a publicação do arquivamento, duas cópias dos mesmos serão enviadas ao órgão executivo de controle ou outro órgão credenciado (art. 57, § 2º). Na hipótese de fusão de cooperativas de crédito, a autorização para funcionamento, bem como o registro estará preso a previa autorização do Banco Central. 
A nova sociedade resultante da fusão substituirá a anterior em direitos e obrigações (art. 58). 
Incorporação 
Através da incorporação, uma sociedade cooperativa engloba o patrimônio, os associados, e assume para si as obrigações e os direitos da outra, ou outras cooperativas (art. 59). 
Com exceção da prévia avaliação do patrimônio das sociedades incorporadas (art. 59, parágrafo único), os requisitos da incorporação são os mesmos necessários à fusão. 
Desmembramento 
Após a deliberação sobre o desmembramento, comissão será designada para levantar as providências necessárias à concretização do mesmo. Em relatório elaborado por ela serão obrigatórios os projetos de estatutos das novas cooperativas e do plano de rateio do ativo e do passivo da sociedade desmembrada pelas novas sociedades.
O capital social das novas cooperativas será proporcional ao número de associados. Se uma das novas cooperativas for designada como Cooperativa Central, o rateio deverá prever em seu bojo o montante das quotas-partes correspondente a cada associada. 
A requisição da personalidade jurídica das novas cooperativas se fará como já fora mencionado. Através do arquivamento dos documentos constitutivos na Junta Comercial correspondente. 
Dissolução e Liquidação 
O artigo 63 da Lei 5764/71 estabelece sete hipóteses em que a cooperativa poderá se dissolver de pleno direito: 
a) Mediante deliberação da Assembleia Geral, desde que os associados – com o número mínimo previsto em lei – não se prontifiquem a continuar as atividades da sociedade; 
b) Após a transcorrer o prazo de duração; 
c) Com o alcance dos fins almejados; 
d) Alteração em sua forma jurídica; 
e) Redução do capital social mínimo ou do número mínimo de associados; 
f) Em decorrência do cancelamento da autorização de funcionamento; 
g) Paralisação de suas atividades por mais de 120 dias. 
Com a ocorrência de uma das hipóteses supramencionadas e inércia dos órgãos administrativos, qualquer associado, credor ou autoridade federal competente poderá requerer judicialmente a dissolução (art. 64). Em razão de sua natureza civil a cooperativa não se sujeita falência, sendo que os direitos de ação contra ela prescrevem na forma do Código Civil. 
A liquidação extrajudicial poderá ser promovida pela autoridade federal responsável, mas caso haja possibilidade, aconselha-se intervenção previamente na sociedade (art. 75).
Sendo a dissolução deliberada pela Assembleia Geral, a mesma também nomeará um liquidante e um Conselho Fiscal – composto por três membros – para dar continuidade ao processo de liquidação. Na realização dos atos para levantar o ativo e pagar o passivo, os liquidantes deverão usar a expressão “Em liquidação”à frente da denominação da cooperativa. 
O saldo remanescente após o reembolso das quotas-partes aos cooperados terá como destino outra sociedade cooperativa. Com relação a esse ponto, Arnoldo Wald nos diz que o patrimônio social não pertence aos sócios, mas sim está vinculado a uma finalidade social, circunstância que aproxima, do ponto de vista da lei, as cooperativas das fundações privadas. 
Transcorrido o referido prazo, se por motivo relevante a liquidação da cooperativa não tiver se efetuado, o órgão que iniciou a mesma poderá decidir por sua prorrogação por mais um ano, com a publicação de tal fato no Diário Oficial – tendo os mesmos efeitos da publicação anterior -, e comprovação da relevância do motivo (art. 76, parágrafo único). 
Com a aprovação final das contas e o encerramento da liquidação, extingue-se a cooperativa. A ata de encerramento deverá ser arquivada na Junta Comercial e publicada (art. 74). Mauro Rodrigues Penteado destaca que a lei prevê ao cooperado insatisfeito direito de ação – dentro do prazo de 30 dias após a publicação da ata -, mas silencia quanto ao credor não satisfeito (art. 74, parágrafo único). 
Importante também de se mencionar, é que a hipótese de dissolução não é cabível quando a pedido dos associados, exceto nas hipóteses do art. 63 dessa lei, conforme previsão expressa da Lei das Cooperativas. 
Como último esclarecimento referente ao processo de liquidação e dissolução das sociedades cooperativas se têm que ambos são regidos pelas normas embutidas no art. 1218, VII, do Código de Processo Civil. Quanto à liquidação das cooperativas de crédito e da seção de crédito de cooperativas agrícolas mistas, a regência, destas, está prevista em legislação e regulamento específicos.
3.1. Lei Complementar nº 130/09 – Sistema Nacional de Crédito Cooperativo
O cooperativismo de crédito é o primeiro segmento do Sistema Financeiro a conquistar sua lei complementar (Art. 192 da CF/88). Reconhecimento do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo composto pelo sistema de três níveis e entidades controladas – ex: Banco Cooperativo, Corretora de Seguros, Adm. de Consórcios). 
Reafirmação da competência regulamentar do CMN e de supervisão do BACEN. Confere às cooperativas de crédito o direito de acessar todos os instrumentos do mercado financeiro, condição que permita única instituição financeira de seus associados. 
 		A LC 130/2009, destaca desde a fiscalização e supervisão do Conselho Monetário Nacional (artigo 12), o que, sem grandes motivações a qualquer polêmica alavancou o grau de qualidade e solidez das instituições financeiras ‘forma cooperativa’ desde os anos de 1995, bem como questões como inovações no sistema de ‘arrastos’ de responsabilidade dos associados face perdas para exercício posteriores (artigo 9º), mas com as devidas precauções de controle de valor compatível à parcela de cada associado e manutenção de limites conforme regulamentação (nesse ponto é imperioso destacar que ainda deve ser objeto de avaliação pelo BACEN e pelos Sistemas dos conceitos a ‘saldo remanescente de perdas’ e b ‘controle das parcelas’, além dos demais requisitos desse dispositivo).
Com a edição da LC 130/2009, se tem maior segurança jurídica em relação ao estado de Direito anterior, aliás, alcança-se o reconhecimento de um verdadeiro Sistema Financeiro Cooperativo de Crédito.
A reafirmação da competência regulamenta o CMN e de supervisão do BACEN. Confere às cooperativas de crédito o direito de acessar todos os instrumentos do mercado financeiro, condição que permita única instituição financeira de seus associados. 
Captação de recursos e a concessão de crédito e garantias restritas aos próprios associados (exceção: operações de repasse). É vedado o ingresso no quadro social de pessoas jurídicas de direito público interno (União, Estado, DF e Município), incluindo autarquias, fundações e estatais. 
O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou em 17/4/09 a Lei complementar que insere as cooperativas de crédito no Sistema Financeiro Nacional (SFN), ou seja, elas passarão a seguir as mesmas regras das instituições financeiras.
Cabe avaliar que a partir da nova LC 130/2009, pelo artigo 2º, os dantes denominados ‘serviços bancários’, pois antes eram permitidas somente aos bancos e por isso as cooperativas tinham que contratá-los, passaram a incluir o rol de prerrogativas do gênero instituições financeiras.
Com a edição da LC 130/2009, se tem maior segurança jurídica em relação ao estado de Direito, aliás, alcança-se o reconhecimento de um verdadeiro Sistema Financeiro Cooperativo de Crédito. Isso é muito importante, pois leva à consideração por meio de um marco legal, e que é de considerável vulto, a peculiaridade do que é a forma cooperativa aplicada no mercado financeiro, porém, também destaca essa fiscalização maior para as cooperativas (singulares e centrais), passando-se, igualmente, à fiscalização das confederações e criação de mecanismos de controle, gestão, auditorias, dentre outros, mais incisivo. 
A LC 130, de 2009, revogou os arts. 40 e 41 da Lei no 4.595, de 31 de dezembro de 1964, e o §3º do art. 10, o § 10 do art. 18, o parágrafo único do art. 86 e o art. 84 da Lei no 5.764, de 16 de dezembro de 1971 e estabelece que as instituições financeiras constituídas sob a forma de cooperativas de crédito:
a) submetem-se: à referida Lei Complementar, bem como à legislação do Sistema Financeiro Nacional - SFN e das sociedades cooperativas; e
b) as competências legais do Conselho Monetário Nacional - CMN e do Banco Central do Brasil em relação às instituições financeiras aplicam-se às cooperativas de crédito. As cooperativas de crédito destinam-se, precipuamente, a prover, por meio da mutualidade, a prestação de serviços financeiros a seus associados, sendo-lhes assegurado o acesso aos instrumentos do mercado financeiro.
Para finalizar, não se pode olvidar de trazer a lição do Mestre Ênio Meinen que em suas considerações à nova LC 130/2009 lecionou e quanto à qual seguimos com o ensinamento do Padre Espanhol Don José María: 
“Em verdade, embora cada componente, na individualidade, preserve sua autonomia jurídico-administrativa, o grupo de entidades, sistemicamente organizadas, forma um bloco, um todo, assumindo os bônus e os ônus de uma organização única. Nesse diapasão (tendo o CMN e o BACEN o necessário conforto legal), abre-se o caminho para, entre outras evoluções, mais adiante, instituir-se, via ajuste regulamentar, a consolidação das demonstrações financeiras e da estrutura patrimonial, aliás, essa visão e ação unificadas, possivelmente, serão o único meio de as cooperativas conviverem com corporações bancárias em condições semelhantes de competitividade”.

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