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TEORIA DE ATIVAÇÃO DE LINDSEY

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TEORIA DE ATIVAÇÃO DE LINDSEY
Esta teoria procura explicar as reações emocionais através de uma ativação cortical seletiva. Essa ativação seria originada no sistema ativador reticular ascendente (SARA), aonde os impulsos somáticos e viscerais que chegam ao SNC seriam integrados. 
O hipotálamo, segundo Lindsey (1951), considerou que os impulsos somáticos e viscerais convergiam para formação reticular do tronco encefálico. Os impulsos seriam, então, integrados e distribuídos ao hipotálamo, de onde estimulariam o centro encefálico das reações de despertar, e também ao sistema talâmico difuso, através do qual atuariam o córtex.
Quando as aferências desse sistema são baixas, o organismo está relaxado e atividade elétrica do cérebro assemelha-se a do sono, ao aumentar essa aferência, o organismo alerta-se e orienta-se em direção ao estimulo: a atividade elétrica, então assemelha-se a do despertar, ou seja atividade rápido em baixa voltagem.
Lindsey aceitou o hipotálamo como sede primaria na organização da expressão emocional, resultando entretanto, o fato de que a substancia reticular deve ser ativada para que qualquer expressão emocional se torne significativa. Assim, animais com lesões reticulares mostram-se sonolentos, apáticos e incapazes de manifestar emoções. 
Considerou o sistema reticular responsável pela gênese da excitação e da atenção em cujos parâmetros as várias formas de emoções poderiam se manifestar-se por meio do hipotálamo. Achados recentes, entretanto, demostraram ser o hipotálamo parte da substancia reticular, tendo possibilidades próprias de ativação seja por suas conexões com o córtex cerebral, seja pelas atividades autônomas, que, por sua vez, também podem ativar a substancia reticular (GELHORM,1961). 
Fig 1-Diagrama da substância ativadora reticular ascendente (SARA) e suas principais conexões. Os estímulos sensoriais enviam informações inespecíficas para a formação reticular. Vias aferentes que ascendem a áreas corticais específicas também enviam colaterais para a formação reticular (setas). As eferências da formação reticular são distribuídas difusamente para todas as áreas corticais. A partir de evidências obtidas desde as descobertas de Magoun, em 1954, sabemos que no seio da formação reticular estão imersos diversos núcleos contendo neurotransmissores específicos (acetilcolina, dopamina, serotonina, noradrenalina) que não estão representados na figura.
FORMAÇÃO RETICULAR DO TRONCO ENCEFÁLICO
A formação reticular é uma região evolucionária muito antiga, apresenta uma estrutura intermediária entre a substância branca e a substância cinzenta. Ocupando a parte central do tronco encefálico, a formação reticular, cuja principal função é ativar o córtex cerebral, se projeta cranialmente um pouco para dentro do diencéfalo, e caudalmente à porção mais alta da medula espinhal. 
Com suas conexões com todo o SNC (córtex cerebral, tálamo, hipotálamo, sistema límbico, cerebelo, nervos cranianos e medula espinhal), a formação reticular do tronco encefálico controla a atividade elétrica cortical (sono e vigília), a sensibilidade (atenção seletiva), atividades motoras somáticas complexas (que envolvem centros reflexos como o respiratório, o vasomotor e o locomotor), o SNA e o eixo hipotálamo-hipófise (controlando o sistema neuro-endócrino). 
É a estrutura que explica as alterações físicas, emocionais e mentais ocasionadas pela estimulação de algumas áreas periféricas (pele, músculos ou articulações). Devido à sua grande importância, vamos nos deter, com mais detalhes, na descrição das funções dessa estrutura. 
REGULAÇÃO DA VIGÍLIA, DO SONHO E DO SONO
O Sistema Ativador Reticular Ascendente (SARA), é a estrutura da formação reticular que, presente na parte mais cranial da mesma, principalmente no mesencéfalo, é responsável pela ativação cortical e consequente estado de vigília. Sinais sensitivos externos (como um som de forte intensidade), ao chegar ao córtex, descem à formação reticular e sobem, fazendo conexão com centros talâmicos, até chegar novamente ao córtex, trazendo-nos ao estado vigil, se estivermos dormindo, ou ao estado de atenção (córtex pré-frontal) se acordados. Esse efeito sempre é reforçado pela parte posterior do hipotálamo, que também se relaciona com a vigília. Além disso, o próprio córtex pode estimular o SARA, mantendo-se ativado (acordado), utilizando para isso o poder da vontade, de centro físico inexistente ou ainda desconhecido. Certas drogas ativadoras corticais também agem nesse mecanismo para manter o córtex “ligado”. 
Já certas áreas da formação reticular, presentes na ponte e no bulbo, “desligam” ativamente o córtex cerebral, induzindo ao sono. A partir de uma fase inicial de grande relaxamento muscular, entra-se na fase de sono propriamente dito que, do ponto de vista eletroencefalográfico, não é homogêneo. Cabe aqui uma breve descrição dos padrões eletroencefalográficos de vigília e sono. 
Durante a vigília, o eletroencefalograma (EEG) demonstra um padrão dessincronizado, com ondas assimétricas de alta frequência (14 a 24 ciclos/s) e baixa amplitude, as ondas beta. No relaxamento, no transe hipnótico e no estado de sonho surgem ondas ainda dessincronizadas, semelhantes ao padrão de vigília, mas com menor frequência (8 a 13 ciclos/s), as ondas alfa. 
Nessa fase de sonho, descoberto em 1.953 pelo pioneiro na pesquisa sobre o sono Nathaniel Kleitman, a despeito do grande relaxamento muscular, obtido por meio de suspensão da produção de alguns neurotransmissores ativadores e produção de outros inibidores, observa-se um rápido movimento dos olhos, por isso mesmo conhecido como sono paradoxal ou sono REM (Rapid Eye Movement). Nesses períodos que duram, em geral, entre 90 a 120 minutos por noite, o ritmo respiratório e o cardíaco se tornam irregulares, a temperatura corporal não mais é regulada (se iguala com a do ambiente) e os corpos cavernosos, nas genitálias externas em ambos os sexos, se enchem de sangue, independentemente da ocorrência ou não de sonhos sensuais (ereção peniana e clitoridiana). 
Alguns grupos neuronais da formação reticular, dos quais o locus ceruleus, situado na ponte, é o mais importante, são os responsáveis pelo desencadear do sono paradoxal e foram denominados de neurônios indutores do sonho. O consumo energético cerebral é o mesmo do estado de vigília e é nesse estado que ocorrem nossos sonhos mais vívidos. 
Já no sono profundo, o sono não-REM, essas ondas se apresentam sincronizadas, com baixa frequência (4 a 8 ciclos/s) e alta amplitude, as ondas teta. Esse padrão também surge nos momentos em que surgem os sonhos vívidos e pode estar relacionado com a criatividade e a intuição. Um pequeno grupo de células na base do encéfalo tem sua atividade levada ao máximo durante o sono não-REM e foram denominadas de neurônios do sono. 
A despeito das amplas pesquisas e investigações científicas, uma pergunta crucial permanece: por que dormimos? A função do sono permanece um mistério para a ciência, mas algumas hipóteses estão se firmando, baseadas em evidências experimentais científicas, filosóficas e psicológicas. 
SELEÇÃO DAS INFORMAÇÕES SENSORIAIS
Duas outras estruturas da formação reticular (a substância cinzenta peri-aquedutal e os núcleos da rafe) têm participação ativa no mecanismo das sensações, como tato ou dor, causando analgesia ou anestesia seletiva. Essa seletividade pode ser observada no fato de “esquecermos” algum sinal incômodo (como uma dor), quando estamos concentrados em outra coisa. Não sentir a pressão da cadeira sobre as nádegas, enquanto concentrados num filme é um exemplo dessa seletividade. 
Os estímulos sensoriais, antes de chegar ao córtex, fazem conexão com a substância cinzenta peri-aquedutal do mesencéfalo, de onde seguem aos núcleos da rafe, presentes em toda a formação reticular, na linha mediana do tronco cerebral. Desses núcleos partem fibras que se conectam com neurônios inibidores presentes na medula espinhal e no núcleo do trato espinhal do nervo trigêmeo (nervo sensitivo
da cabeça). Essa inibição da via da dor se faz através da liberação de um opióide endógeno conhecido como encefalina. 
Entende-se assim, como a introdução de uma agulha em uma parte do corpo pode causar alívio da dor em um ponto doloroso muito distante, ou diversas outras mudanças, correlacionadas com as funções da formação reticular. 
CONTROLE DO SISTEMA NERVOSO EMOCIONAL, DO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO E NEUROENDÓCRINO 
Numerosas projeções da formação reticular fazem sinapses com o sistema límbico, hipotálamo e tálamo, estruturas relacionadas com as emoções, com uma função aparentemente reguladora. Mas não se pode descartar a possibilidade de essas fibras levarem comandos originadores do fenômeno emocional. Conexões, por sua vez, provenientes daquelas regiões, chegam à formação reticular e dessa seguem aos neurônios do SNA, regulando suas respostas, de acordo com as emoções. 
Essa estimulação do SNA pela formação reticular, se faz através de sinapses com os neurônios pré-ganglionares do tronco cerebral, da medula espinhal tóraco-lombar e sacral. Já o controle endócrino se faz através de conexões da formação reticular com o hipotálamo. Dessa forma se justifica a liberação de ACTH (hormônio do estresse) e de hormônio antidiurético que se seguem a estímulos elétricos originados na formação reticular. 
CONTROLE DA MOTRICIDADE
Estímulos em determinados centros da formação reticular determinam respostas motoras reflexas complicadas cuja execução envolve áreas diversas e ocasionalmente distantes do SNC. Respostas motoras como o do vômito (centro bulbar do vômito), da deglutição (centro pontino da deglutição), do movimento ocular (núcleo pontino parabducente) e a da locomoção (centro locomotor no mesencéfalo), são de responsabilidade da formação reticular. Pelas suas conexões com as áreas motoras do córtex e do cerebelo, atua também na contração muscular, regulando o tônus muscular, a postura e o equilíbrio. 
Mas a regulação de maior importância à manutenção da “vida” do corpo físico, se faz através de dois centros: o centro bulbo-pontino da respiração e o centro bulbar vasomotor (responsável pelo ritmo cardíaco e controle da pressão arterial).

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