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Estado de Perigo - Anotações de Aula

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Estado de Perigo
 Tem natureza jurisprudencial – protege na maioria das vezes a vida.
- Não estava previsto no CCB/1916;
- Está previsto no artigo 156 e seguintes CCB/2002;
- O prazo é decadencial de 4 anos a contar da celebração do ato – Art. 178 II CCB;
- Real, dano existente, mas não há ameaça. Não existe a prática de ameaça;
- É causa invalidante do NJ (anulável);
- A outra parte não provocou o dano;
- Efeitos da sentença Ex nunc;
- Caracteriza-se por proteger a vida, quando uma das partes premida da necessidade de saber-se doente, assume obrigação excessivamente onerosa:
 * Resp. 796739/MT (Recurso)
 * Resp. 918392/RN
 * Resolução normativa da ANS 44/2003 – MPF
-> Hospital recusa a atender paciente? Omissão socorro (esfera penal) ou Estado de Perigo (esfera civil)
- Para Pablo Stows em um sequestro mediante extorsão, uma joia rara é vendida pela quinta parte de seu preço de mercado, o comprador da joia, sabendo da real situação do vendedor, estará cometendo dolo de aproveitamento.
LESÃO
A partir desse instituto podem-se revisar Contas Correntes, Financiamentos.
- Vício de vontade, formação;
- Não existia no CCB/1916;
Art. 157 e seguintes CCB.
- Elemento objetivo:
 * Onerosidade excessiva.
- Elemento subjetivo:
 * Premente necessidade ou inexperiência.
- O Direito Romano já diferenciava a lesão enorme (até 50% do negócio justo) da enormíssima (no mínimo 2/3 do negócio justo):
- Caracteriza-se pelo desequilíbrio entre as prestações do NJ;
- É causa invalidante do NJ;
- Contamina o NJ na sua origem;
- É um vício de formação;
- Lesão é diferente do NJ;
- Cabe revisão e não anulação do NJ. Enunciado 149 e 219 do CJF/STF.
- Finalidade: evitar o negócio da China (Tartuce);
- Enriquecimento sem causa, findado em negócio desproporcional, segundo muitos doutrinadores os financiamento de moradias é o maior exemplo de lesão.
- Caio Mario da Silva Pereira: primeiro a dar os primeiros passos quanto ao instituto da Lesão.
- Diferença entre Lesão e Estado de Perigo: No Estado de Perigo a obrigação é onerosamente excessiva porque a parte tem por finalidade proteger ou salvar uma vida. Já na lesão a prestação assumida decorre de uma necessidade ou da total ausência de conhecimento. 
- É aplicado na Lesão o princípio da conservação do NJ, entendimento este confirmado através do enunciado 149 e 291 do CJF/STF (Conselho da Justiça Federal).
- Lei nº 22626/1933: Primeiro a instituir a lesão usurária (agiotagem). Se o agiota ameaça a vida do devedor, o mesmo responde por Estado de Perigo. 
- Artigo 6;V 
 Artigo 39; V
 Artigo 51; V
Do direito do consumidor previam a lesão, mesmo sem ser instituído no CCB de 16. Tais artigos com seus incisos permitiram as revisões de contrato, e buscar na legislação o equilíbrio contratual.
- P. ex: Um contrato celebrado em Dez/2001 apresenta desequilíbrio em 2010, qual instituto jurídico você utiliza? Para uma corrente minoritária se aplica o código de 2002. Por regra científica e questão de preservação o vício da lesão é analisado no momento do negócio jurídico, dessa forma aplica-se o código de 1916 com a teoria da imprevisão. Sustenta sua nulidade por afronta ao princípio constitucional da função social do contrato, com apoio do entendimento dominante do STJ expressa através do Resp 434687/RJ que considera o objeto do contrato ilícito. 
- Código Civil de 2002 a lesão é causa de anulabilidade. Para o Código de Direito do Consumidor, segundo artigos supracitados considera a lesão causa de nulidade do NJ.
- A lesão no CCB/2002 é causa invalidante do NJ, gera a anulabilidade do contrato. A lesão no CDC/1990 é causa de nulidade absoluta, diante da hipossuficiência do consumidor, podendo apenas ser aplicada para consumidores conforme definido pelo Art. 2 do CDC. A doutrina não concorda com essa classificação diferenciada. Para Pablo Stolze, ambos os contrato teriam quer ser nulos. 
-> Existe dolo de aproveitamento na Lesão? Sim. Só que o nosso ordenamento não exige a configuração do dolo de aproveitamento como requisito de revisão do contrato tendo em vista a lesão. O que nosso ordenamento jurídico exige para a sua configuração?
-> O que é um contrato comutativo?
-> O que é um contrato aleatório?
Consumidor nunca visa lucro naquilo que compra.
->Revisão de contrato por Lesão, só pode ser feita por aqueles que têm a situação cadastral regularizada (a exemplo crefisa). Súmula 596 do STF As disposições do Decreto n. 22.626/33 não se aplicam às taxas de juros e aos outros encargos cobrados nas operações realizadas por instituições públicas ou privadas que integram o sistema financeiro nacional.
Contratos comutativos e aleatórios 
“Comutativos são aqueles contratos em que não só as prestações apresentam uma relativa equivalência, como também as partes podem avaliar, desde logo, o montante das mesmas. As prestações são certas e determináveis, podendo qualquer dos contratantes antever o que receberá em troca da prestação que oferece” (Silvio Rodrigues, 2003, 124). Ex: contrato de compra e venda. SÓ NESTES SÃO CABÍVEIS À LESÃO.
 “Aleatórios são os contratos em que o montante da prestação de uma ou de ambas as partes não pode ser desde logo previsto, por depender de um risco futuro, capaz de provocar sua variação” (Silvio Rodrigues, 2003, 124). Ex: contrato de seguro, aposta autorizada nos hipódromos, contratos de safra (cooperativa) etc..
Arts. 458 a 461 CC – apenas se aplicam aos contratos aleatórios.
Art. 441 CC – vícios redibitórios se referem somente aos contratos comutativos.
Art. 157, CC – a maioria da doutrina entende que somente os contratos comutativos estão sujeitos à lesão. Sílvio Venosa (2003, 404) é da opinião de que “havendo abuso exagerado de uma das partes, mesmo no contrato aleatório pode ter campo a lesão, se uma das prestações é muito desproporcional em relação à situação do contrato”.
O contrato é perfeito desde logo, apesar de surgir o risco de a prestação de uma das partes ser maior ou menor, de modo que a incerteza atingirá somente a extensão das vantagens e das perdas dos contraentes.
A existência e a eficácia do contrato estão na dependência de evento futuro e incerto. Ambas as partes poderão ter lucros, sem que o ganho de um represente, necessariamente, prejuízo do outro.
 O Código Civil faz menção a duas modalidades de contratos aleatórios:
1º) os que dizem respeito a coisas futuras, que podem ser, segundo Maria Helena Diniz (2003, 91-2):
a) emptio spei, em que um dos contratantes, na alienação de coisa futura, toma a si o risco relativo à existência da coisa, ajustando um preço, que será devido integralmente, mesmo que nada se produza (art. 458 CC), sem que haja culpa do alienante. Nesta hipótese, emptio spei ou venda da esperança, isto é, da probabilidade de as coisas ou fatos existirem. Caracteriza-se, por exemplo, quando alguém vende a colheita futura, declarando “a venda ficará perfeita e acabada haja ou não safra, não cabendo ao comprador o direito de reaver o preço pago se, em razão de geada ou outro imprevisto, a safra inexistir.”Se o risco se verificar, sem dolo ou culpa do vendedor, adquire este o preço; se não houver, porém, colheita por culpa ou dolo do alienante, não haverá risco, e o contrato é nulo.Costuma-se mencionar, como exemplo da espécie ora tratada, o da pessoa que propõe pagar determinada importância ao pescador pelo que ele apanhar na rede que está na iminência de lançar ao mar. Mesmo que, ao puxá-la, verifique não ter apanhado nenhum peixe, terá o pescador direito ao preço integral, se agiu com a habitual diligência.
b) emptio rei speratae, que ocorre se a álea versar sobre quantidade maior ou menor da coisa esperada (art. 459 CC). Aqui, se o risco da aquisição da safra futura limitar-se à sua quantidade, pois deve ela existir, o contrato fica nulo se nada puder ser colhido. Porém, se vem a existir alguma quantidade, por menor que seja, o contrato deve ser cumprido, tendo o vendedor direito a todo o preço
ajustado. Ou, voltando ao exemplo do pescador, se o terceiro comprou o produto do lanço de sua rede, assumindo apenas o risco de ele conseguir apanhar maior ou menor quantidade de peixes, o proponente se liberará se a rede vier vazia.Venda de coisa existente, mas exposta a risco. A venda de coisa já existente, e não futuras, mas sujeitas a perecimento ou depreciação, disciplinada no artigo 460 CC. Como exemplo, a venda de mercadoria que está sendo transportada em alto-mar por pequeno navio, cujo o risco de naufrágio o adquirente assumiu. É válida, mesmo que a embarcação já tenha sucumbido na data do contrato. Se, contudo, o alienante sabia do naufrágio, a alienação poderá ser anulada como dolosa pelo prejudicado.
2º) os que dizem respeito a coisas existentes, sujeitas ao risco de se perderem, danificarem, ou, ainda, sofrerem depreciação (art. 460, CC). “É a hipótese de mercadoria embarcada que é vendida, assumindo o comprador a álea de ela chegar ou não ao seu destino; mesmo que ela desapareça por ocasião do contrato, devido a naufrágio do navio, a venda será válida e o vendedor terá direito ao preço, se ignorava o sinistro; se sabia do naufrágio, anulada será a alienação, competindo ao adquirente a prova dessa ciência” (art. 461, CC) (Maria Helena Diniz, 2003, 92).
->A lesão é vício invalidante do NJ e nasce com o próprio ato celebrado, enquanto que na teoria da imprevisão (CCB/1916), o NJ celebrado é válido e o desequilíbrio é posterior ao cumprimento do contrato. Na teoria da imprevisão não cabe a ação declaratória de anulabilidade do NJ, porém permite-se a revisão do contrato ou a sua resolução (rescisão).

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