Buscar

Do estado de defesa e do estado de sítio

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Do estado de defesa e do estado de sítio
 O estado de defesa Consiste numa legalidade extraordinária instaurada em um determinado tempo em locais restritos e determinados por meio de um decreto presidencial ouvidos o Conselho da República e o da Defesa Nacional visando preservar a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente perigo a estabilidade das instituições democráticas ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza (art.136 CF) e objetiva preservar ou restabelecer a ordem pública ou a paz social ameaçadas. José Afonso da Silva classifica o estado de defesa em dois pressupostos: o de fundo e o de forma, o primeiro constitui-se da existência de grave e iminente instabilidade institucional que ameace a ordem pública e paz social ou da ocorrência de calamidade pública de grande proporção natural que chegue ao ponto de atingir a mesma ordem pública e paz social para justificar a implantação do estado de defesa; o segundo se baseia na prévia manifestação dos Conselhos da República e de Defesa Nacional onde o Presidente da República somente poderá instaurar o mesmo depois de ouvidos tais Conselhos, o tempo de duração desse decreto não passará de trinta dias podendo ser prorrogado pelo mesmo período se constatadas a persistência das razões que motivaram o estabelecimento do mesmo. Nele estarão contidas as especificações das áreas que serão abrangidas com sua implantação bem como a indicação de medidas coercitivas (art.136,§1ºCF), dentre elas: as restrições aos direitos de reunião, ainda que exercida por associações (I,a); o sigilo de correspondência (b), o sigilo de comunicação telegráfica e telefônica (c); a ocupação e o uso temporário de bens e serviços públicos, em que pese a alegação de calamidade pública, respondendo a União pelos danos e custos decorrentes.
 Embora a consulta aos referidos Conselhos não possua força vinculante, se os mesmos opinarem contra a decretação da medida, o Presidente ficará com a grave responsabilidade de, ao decretá-la sem a anuência deles, e, após análise no prazo de vinte e quatro horas pelo Congresso Nacional (art.136,§4º), for reprovada por maioria absoluta, correrá o risco de responder por crime de responsabilidade sob pena de impeachment.
 A decretação do mesmo não se constitui em uma arbitrariedade do Presidente e sim um instituto previsto constitucionalmente e submetido a controles político e jurisdicional. No controle político, há a submissão do decreto em dois momentos no Congresso Nacional em que, no primeiro, ele é apreciado – tanto o de instauração quanto o de prorrogação – depois de decorridos vinte e quatro horas de sua edição estando acompanhado de devida justificação em que o parlamento brasileiro aprovará ou rejeitará a implementação da mesma por maioria absoluta; sendo que, em primeiro caso, acarretará da manutenção das medidas tomadas, e, no caso posterior, cessará imediatamente seus efeitos sem prejuízo da responsabilidade pelos ilícitos causados por seus executores e agentes; no segundo é posterior ao período de ocorrência das medidas tomadas durante o estado de defesa com a apuração das mesmas verificando se houve algum excesso por parte do Presidente pedindo justificativas do mesmo. No controle jurisdicional há a previsão de prisão a quem praticar crime contra o Estado pelo executor da medida e este comunicará ao juízo competente que analisará as circunstâncias do preso, podendo relaxar ou não a punição.
 O estado de sítio é instaurado em situações críticas de extrema necessidade em ocasiões extraordinárias e estão expressas no art.137 da CF onde necessita de: grave comoção de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa (I), declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira (II), no primeiro caso é necessário que haja uma efetiva rebelião ou revolução que ponha em perigo as instituições democráticas assim como a existência de um governo erguido sob bases populares e na conversão do estado de defesa em estado de sítio; no segundo diz respeito a situações de guerra declarada, isto é, contra Estado estrangeiro. A instauração do mesmo dependerá de audiência do Conselho da República e da Defesa Nacional, autorização por maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional para sua decretação em atendimento a solicitação fundamentada do Presidente da República e do seu anterior decreto, caso o parlamento esteja em recesso, este será convocado extraordinariamente pelo Presidente do Senado Federal a fim de apreciar o decreto dentro de um lapso de cinco dias.
 A duração dessa instauração não poderá passar de trinta dias e nem prorrogada por prazo superior, podendo mesmo ser decretada por todo o tempo que perdurar a guerra ou a agressão estrangeira. Publicada a mesma, o Presidente designará o executor das medidas específicas e as áreas abrangidas, objetivando preservar ou restaurar a normalidade constitucional e assegurar o funcionamento do Estado Democrático de Direito e suas instituições, onde, para conseguir tal finalidade, poderão ser aplicadas medidas coercitivas e a suspensão de direitos e garantias constitucionais (art.139 CF), são elas: (I) a obrigação de permanência em localidade determinada, (II) detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns, o que acaba por deter as pessoas em prisão dos quartéis da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, (III) restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, importando-se em uma censura aos meios de comunicação em geral regulamentadas em lei a vigorar durante esse período; (IV) suspensão da liberdade de reunião, (V) busca e apreensão em domicílio – derrogando-se a inviolabilidade de domicílio – (VI) intervenção nas empresas de serviços públicos, (VII) requisição de bens.
 Assim como no estado de defesa, no estado de sítio cessarão seus efeitos sem prejuízo da responsabilidade pelos ilícitos causados por seus executores ou agentes; e também fica sujeito a controles político e jurisdicional, o primeiro realizado pelo Congresso Nacional em três momentos (prévio, concomitante e sucessivo), e o segundo realizado pelo Poder Judiciário, onde é analisado se houve abusividade dos executores ou agentes do estado, ficando sujeitos à correção por via jurisdicional ou qualquer meio judicial hábil caso comprovado o excesso.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando