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RESUMO fundi 2 Relatório

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RESUMO
A educação de jovens e adultos como uma modalidade de ensino específica da educação básica que se propõe a desenvolver o conhecimento e a integrar a diversidade cultural dentro de um processo educacional aberto para atender a um público ao qual foi negado o direito a educação durante a infância e a adolescência. Esse tipo de ensino tem uma realidade diferente das demais modalidades. Nesse sentido, este artigo tem por objetivo refletir e demonstrar alguns pontos críticos e desafios analisados durante o estágio de observação do ensino EJA. O referido estágio foi desenvolvido em uma sala com alunos do oitavo ano na Escola Municipal Manoel Januário Carvalho na cidade de Palestina - AL. A proposta de estágio foi delineada a partir do conhecimento teórico adquirido em discussões em sala durante as aulas da disciplina Educação de Jovens e Adultos. O estágio contemplou várias etapas: fundamentação teórica, caracterização da escola, observação das aulas e regimento. Os acadêmicos realizaram entrevistas com os alunos e professores, fizeram uma análise do currículo EJA e buscaram identificar a concepção de educação empregada teoricamente e na prática no contexto escolar.
1. INTRODUÇÃO
A educação ergueu-se a principio como um produto para as classes dominantes, isolada do mundo, sem qualquer relação com o cotidiano, com um currículo limitado.  E só passou a abrangi a classe menos favorecida quando os dominantes perceberam a necessidade de aprimorar um pouco a classe trabalhadora, porém com o intuito de se obter através dessa instrução um rendimento muito maior. "Os 'ignorantes' deveriam socializar-se, isto é deveriam ser 'educados' para se tornar bons cidadãos e trabalhadores disciplinados" HARPER... et al (Org.) (2000).
Tempos mais tarde emerge de lacunas do sistema educacional do Brasil a modalidade de ensino chamada Educação de Jovens e Adultos, educação esta que travou (e continua travando) grandes batalhas para que muitos jovens e adultos tenham a oportunidade de voltar às escolas, retomando seu potencial e aplicando seus conhecimentos adquiridos ao longo da sua vida na prática escolar. Antes de iniciar este estudo é necessário conhecer um pouco da historia dessa modalidade de ensino.
1.1 Um Pouco Sobre EJA
A Educação de Jovens e Adultos surgiu com a educação Jesuítica no processo da colonização em 1549, sendo que estes catequizavam e instruíam adultos e adolescentes tanto nativos quanto colonizadores (CAFÉ, 1966). [...] Com a expulsão dos jesuítas e as reformas feitas Pelo Marquês de Pombal, não puseram fim à influência jesuítica no setor educacional, visto que os novos mestres-escola e os preceptores da aristocracia rural foram formados pelos jesuítas; e os mestres leigos das aulas e escolas régias se mostraram incapazes de incorporar a modernidade que norteava a iniciativa pombalina. O processo de substituição dos educadores jesuítas durou treze anos, período em que a uniformidade de sua ação pedagógica foi substituída pela diversidade das disciplinas isoladas. De algum modo, a saída dos jesuítas estabeleceu o ensino público no Brasil (SACRAMENTO, 2008).
Tanto no período jesuítico como no pombalino, a maioria da população não tem acesso à educação formal. O panorama educacional começou a mudar positivamente com a chegada da Corte Portuguesa, em 1808. [...] foram criados vários cursos, tanto profissionalizantes em nível médio como em nível superior, bem como militares. [...] O ensino no Império era privilégio da elite política. As chamadas "camadas inferiores da sociedade" continuavam alijadas do processo educacional formal. Por muitos séculos, o ensino no Brasil só se constitui objeto de atenção em seus decretos e leis (SACRAMENTO, 2008).
As mobilizações da sociedade em torno da alfabetização de adultos foram abundantes nas primeiras décadas do século XX, em grande parte, geradas pela vergonha dos intelectuais, com o censo de 1890, que constatou que 80% da população brasileira era analfabeta. Surgiram as "ligas", que se organizaram no interior, a exemplo da Liga Brasileira Contra o analfabetismo, em 1915, no Rio de Janeiro (Ibid).
Paschoal Leme fez a primeira tentativa oficial de organizar o ensino Supletivo nas décadas de 30 e 40, ao mesmo tempo em que surgiram experiências extra-oficiais na alfabetização de adultos, como o uso da Literatura de Cordel e a carta de ABC. Os movimentos de educação e cultura popular nas décadas de 50 e 60, em sua grande maioria foram inspirados em Paulo Freire, utilizando seu método, que propunha uma educação dialógica que valorizasse a cultura popular e a utilização de temas geradores. Esses movimentos procuravam a conscientização, participação e transformação social, por entenderem que o analfabetismo é gerado por uma sociedade injusta e não igualitária (Ibid).
Em 1963, Paulo Freire integrou o grupo para a elaboração do Plano Nacional de Alfabetização junto ao Ministério da Educação, processo interrompido pelo Golpe Militar, que reduziu a alfabetização ao processo de aprender a desenhar o nome. O Governo importou um modelo de alfabetização de adultos dos Estados Unidos, de caráter evangélico: a Cruzada ABC (Ibid).
Com um conteúdo acrítico e material padronizado, além de não garantir a continuidade dos estudos, o Mobral - Movimento Brasileiro de Alfabetização - criado em 1967, foi mais um programa que fracassou (SACRAMENTO, 2008). Pois em 15 anos reduziu em 7,8% o número de analfabetos, resultado modesto pela quantidade de recursos gastos. (CAFÉ, 1966)
Em 1985, na Nova República, nasceu a Fundação Educar, com o objetivo de acompanhar e supervisionar as instituições e secretarias que recebiam recursos para executar seus programas. Foi extinta em 1990, quando ocorreu um período de omissão do governo federal em relação às políticas de alfabetização de jovens e adultos. Contraditoriamente, a Constituição de 1988 estendeu o direito à educação para jovens e adultos. "a educação é direito de todos e dever do Estado e da família..." (Artigo 205) e ainda, ensino fundamental obrigatório e gratuito, inclusive sua oferta garantida para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria. (Constituição Federal de 1988 - Artigo 208).
Em consonância com a Constituição, a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, estabelece que "O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de ensino, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria". (Artigo 4)
Em 1996 foi lançado o PAS - Programa de Alfabetização Solidária - polêmico por utilizar práticas superadas, como o assistencialismo. Em 1998, com o objetivo de atender às populações nas áreas de assentamento, foi fundado o PRONERA - Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária - e, em 2003, o governo Lula lançou o programa Brasil Alfabetizado, que dá ênfase ao voluntariado, apostando na mobilização da sociedade para resolver o problema do analfabetismo (SACRAMENTO, 2008).
Cabe ressaltar que não houve uma preocupação eminentemente cronológica dos fatos, mas após esta breve contextualização sobre a EJA (educação de jovens e adultos) é inegável o fato de que a alfabetização de adultos é parte da historia da humanidade. Sendo assim, pode-se perceber facilmente, toda a problematização ocorrida com esta modalidade de ensino e com seus atores.
O desafio atual da EJA é reconhecer os jovens e adultos como sujeitos formados de conhecimento para além das teorias curriculares da prática docente. É inserir a teoria na contextualização da aula, elaborando novas formas de pensar, investir e agir em EJA renovando-á junto à realidade do aluno e para o interesse destes.
Nesse sentido, este trabalho busca apontar alguns pontos críticos e desafios  analisados durante o estágio de observação em uma sala de Educação de Jovens e Adultos na Escola Municipal Manoel Januário Carvalho na cidade de Palestina - AL.
2. Estado Da Arte
Olhando para a historia da EJA é fácil perceber a herança marcante para o sistema educacional atual, sobretudo que a mesma não se restringe
apenas ao campo educacional, mas abarca também todos os domínios da vida social.
A EJA é antes de tudo um caminho de socialização e conscientização do ser, enquanto sujeito inserido e agindo na sociedade, que constrói o mesmo a partir da realidade cotidiana e do conhecimento. No entanto, esta modalidade de ensino ainda sofre preconceitos e discriminações, sendo desvalorizada e rotulada como uma educação para "burros e pobres", como nos revela Torres (1995, p.28):
[...] "uma educação tapa buracos", destinada a remediar as falhas do sistema social e educativo, encarregada de ensinar aqueles adultos que deveriam ter aprendido na escola quando crianças; [...] uma educação de pobres para pobres, como remédio, uma educação compensatória. 
As formas através as quais a sociedade seleciona, classifica , distribui, transmite e avalia o conhecimento educativo considerado públicos refletem a distribuição do poder e dos princípios de controle social (Bernstein, 1971:47). Arroyo (2001, p.10) ainda complementa que "os olhares sobre a condição social, política, e cultural dos alunos de EJA têm condicionado as diversas concepções de educação que lhes é oferecida [...]".
Ou seja, significando que se o aluno tem condições econômicas precárias ela consequentemente merecerá uma má educação também.
Entre desigualdades e conflitos, a educação de jovens e adultos tornou-se uma grande conquista, um direito que teria sido arrancado e que agora está voltando aos poucos; que deve desenvolver processos pedagógicos com a finalidade de escolarizar, indo além de alfabetizar, trata-se de construir a realidade a partir das culturas negadas e da conscientização política do que é mundo. Tornando o seu alunado apto a conhecimentos que lhes foram negados, ora pela necessidade de trabalhar exaustivamente e não conseguir conciliar as duas ações, ora pelo fato de serem excluídos dos direitos sociais básicos para viver em sociedade, dos quais faz parte a educação. A esse respeito Silva (2009) comenta que:
Não basta somente capacitação dos alunos para futuras habilitações nas especializações tradicionais. Trata-se de ter em vista a formação destes para o desenvolvimento amplo do ser humano, tanto para o mercado de trabalho, mas também para o viver em sociedade.
O espaço de aprendizagem em EJA não deve ser constituído por abstrações, desligado da realidade. É necessário que os sujeitos viabilizem a sua existência, como professores, diretores, alunos, familiares etc., e as relações que estabelecem entre si, inclusive as de conhecimento, por meio de suas propostas pedagógicas, curriculares, metodológicas, etc.
Construir uma EJA que produza seus processos pedagógicos, considerando quem são esses sujeitos, implica pensar sobre as possibilidades de transformar a escola que os atende em uma instituição aberta, que valorize seus interesses, conhecimentos e expectativas; que favoreça a sua participação; que respeite seus direitos em práticas e não somente em enunciados de programas e conteúdos; que se proponha a motivar, mobilizar e desenvolver conhecimentos que partam da vida desses sujeitos; que demonstre interesse por eles como cidadãos e não somente como objetos de aprendizagem. (ANDRADE, 2004, p.1).
Mesmo com várias mudanças significativas no sistema educacional de ensino no Brasil, A educação de jovens e adultos convive cotidianamente com uma situação desafiadora, a de conciliar o currículo e a realidade do seu aluno. Arroyo (1996) ressalta que:
Trabalhar com Jovens e Adultos é uma prática desafiadora para o profissional da educação, visto estes serem estes sujeitos históricos concretos, ativos na sociedade onde estão inseridos e que voltam à escola muitas vezes depois de muitos anos sem estudar. Não é pertinente, portanto, que sejam tratados da mesma forma que os alunos do ensino regular. A própria organização do trabalho escolar tem de ser diferenciada.
Daí surge à questão: como dar significado ao currículo escolar para que ele se torne relevante durante a vida cotidiana do sujeito inserido no processo de ensino/aprendizagem? Geralmente o que se tem presenciado não só na EJA, mas também na modalidade de ensino regular, são conteúdos curriculares vazios, que após o período de escolarização não tem nenhuma utilidade para a construção do conhecimento cotidiano, só servem apenas para a obtenção de notas e um certificado de conclusão de escolaridade.  Além disso, "o professor não passa de um boneco de ventríloquo: ou ele aplica saberes produzidos por peritos que detém a verdade a respeito de seu trabalho ou é o brinquedo inconsciente no jogo de forças sociais que determinam seu agir (...)" (TARDIF (2000) apud Antunes & Kurzawa (2009), p.114-115).
Para que haja um progresso de base na educação do século XXI, os homens e as mulheres não podem mais ser "brinquedos inconscientes não só de suas idéias, mas das próprias mentiras. O dever principal da educação é armar cada um para o combate vital para a lucidez". MORIN (2002, p.33).
Chega de professores com a "cabeça cheia" de conteúdos, que sentem a obrigação de depositar todo seu conhecimento sobre seus alunos. Os livros didáticos não podem ser uma forma de controlar o trabalho docente e o currículo, tem de ser um recurso que some de forma positiva, junto ao currículo cultural. Embora seja preciso termos consciência de que "enquanto os textos dominarem os currículos ignorá-los como não sendo dignos de uma séria atenção ou de uma luta política é viver em um mundo divorciado da realidade" Apple (1995:101). No entanto os professores têm o poder e devem ter o discernimento, o compromisso e a sensibilidade de acabar com mera transmissão de conhecimentos vazios. É reavaliando sua prática pedagógica, recontextualizando o currículo escolar de acordo com a vivência a ser trabalhada, respeitando os saberes trazidos pela realidade e experiência do educando que ambos construíram conhecimentos.
2.1  Sujeitos De Cultura Própria
A caminho do primeiro dia do estágio observacional, encontramos Mara, uma jovem aluna do 8º ano da EJA, sala em que iria estagiar, ao longo da conversa, perguntei o que ela achava da EJA, ela respondeu: "é um bom estudo, as professoras não exigem tanto, entendem o que agente pode ou não fazer, e também sendo um estudo a noite eu tenho mais tempo para cuidar das coisas de casa". Novamente perguntei se estudar fazia sentido em sua vida e ela respondeu: "às vezes sim, porque agente tem que saber de alguma coisa, para não passar por 'burro', mas tem alguns assuntos (conteúdos pragmáticos) que eu não entendo pra que serve e como vou usar fora da sala". Como já estávamos entrando em sala, ela não quis mais falar sobre o assunto.  Como graduante em Pedagogia este depoimento só reforçou um pouco do que já havia em meu conhecimento sobre o universo educacional e sobre o fazer e ser na prática curricular docente.
De fato a EJA na escola Municipal Manoel Januário Carvalho tem um papel de reprodução, mas nela também ocorre a produção e troca de saberes, a partir daí percebemos que seria necessário investigar um pouco sobre as pessoas, suas visões de mundo e suas expectativas. Elaboramos uma mesa de conversa, com os docentes e discentes, breve e aberta para quem se dispusesse a responder, longe de qualquer tipo de obrigação, pois muitos demonstravam estar envergonhados ao falar. Iniciamos com perguntas sobre a rotina de cada um, suas dificuldades, seus pensamentos sobre o mundo em que vivem, sobre os conteúdos que são estudados em sala e por fim sobre o que pensam diante da educação de jovens e adultos.
Alunos e professoras são sujeitos simples, trabalham, estudam, têm suas famílias, suas responsabilidades. Modos de viver semelhantes, mas ao mesmo tempo tão diferenciados, cada um tem sua própria cultura, mas também reconhecem serem sujeitos inacabados, que estão dispostos a mudar de acordo com o tempo assim como qualquer ser humano. Do mundo há pensamentos variados, alguns demonstram criticidade diante da sociedade, dizem que de certa forma são excluídos do resto do mundo, "afinal
quem liga pra esse fim de mundo", diz a aluna Rosana.
"o mundo não é pra pobre, e agente não pode fazer nada, apenas cuidar da própria vida, enquanto a gente ainda pode. você vê agente trabalha tanto e nada muda de verdade, o salário aumenta, e os preços também, mas fazer o que, é melhor viver o que dá e pronto" (aluna Fátima).
Quanto ao currículo muitos alunos disseram que é perca de tempo, tanto faz existir como não, os professores disseram que não é bem assim, ele é muito importante no processo de ensino/aprendizagem, a aluna Maria de imediato retruca, "que nada, um monte de besteira que não serve pra nada". A professora Quitéria esclarece: "eu acho que ainda está muito caótico e dificultoso, mas acredito que se tivesse um planejamento bem mais pensado, talvez se pudesse melhorar um pouco esse modelo para que a turma de EJA fosse realmente uma realidade de EJA".
"É planejar mais e melhor é bom, mas muitas vezes não estamos tão dispostos para ensinar, passamos o dia todo trabalhando, sem mencionar que a nossa remuneração não é das melhores, não há estimulo, nem motivação; nós professores sofremos com a falta de valorização de nosso trabalho, a sociedade não nos dá valor, nem muito menos o governo" (professora Betânia).
Ainda falando de currículo a educadora Maria Aparecida revela que:
"não é fácil relacionar o conhecimento curricular e o do cotidiano, pois fomos formadas de acordo o modelo tradicionalista, em que somente o professor é fonte de saber e o mesmo deve apenas transmitir o que lhe foi ensinado, ou melhor, repassado. Hoje inserir novas práticas requer tempo e muito estudo, algo que é um pouco complicado, sendo que trabalhamos o dia todo, e, além disso, o conteúdo pragmático do currículo escolar é cobrado de nós sempre".
Percebe-se que as falas tanto de educadores e educandos, se relacionam e concordam-se entre si, entre as respostas há visões da realidade bastante semelhantes, o que muda na verdade é apenas o modo de falar, mas a essências de suas falas é a mesma.
3. Caracterização Da Escola
3.1  Histórico
A Escola Municipal Manoel Januário Carvalho foi construída na Rua Silvino de Carvalho, sendo a proprietária do terreno Maria Carolina.
Fundada pelo saudoso ex-administrador Odilon José da Silva em 1972, possuindo apenas uma sala de aula. A escola recebeu o nome de Manoel Januário de Carvalho em homenagem ao primeiro proprietário do terreno e pai de Maria Carolina Januário de Carvalho e Antonia Rosa Januário de Carvalho, ambas as herdeiras do terreno onde foi construída a escola.
Em outras administrações forma construídas mais duas salas de aula, uma diretoria e dois sanitários. Tendo como primeiros professores: Maria Emilia de Carvalho, Adélia Nogueira, Creuza dos Santos Lisboa, Gedalva Anjos de Carvalho, Maria Aleide Aleixo Andrade, Maria Helena Santos, Maria Madalena Neta, Maria Helena de Carvalho e Marina Silva.
Em 1979, funcionava-se o departamento de educação, sendo a primeira supervisora Angelita da Silva e Diretor geral Onofre Costa da Silva.
3.2  Aspectos Gerais Da Escola 
Localizada na Rua Silvino de Carvalho, Nº97, centro de Palestina ? AL, a escola possui um terreno de 310,93 m² e fácil localização. Fazendo parte de uma região erguida pelo empreendedorismo do fundador da cidade José Ferreira de Melo, com uma economia baseada na maior parte da rentabilidade familiar vem do serviço público.
Atualmente é uma escola de ensino fundamental com população estudantil total de cento e oitenta e nove alunos no ano letivo de 2010. Funcionando no período matutino o 2º, 3º ano e uma sala do Programa Se Liga do Governo Federal, no vespertino o 1º, 4º e 5º ano e no noturno há duas salas de EJA (Educação de Jovens e Adultos) 7º e 8° ano e mais duas do Programa Brasil Alfabetizado, ambos a escola cedeu o espaço. A escola tem no total vinte funcionários, entre estes onze professoras, uma diretora, cinco auxiliares de serviço geral, dois auxiliares administrativos e um vigilante de segurança.
As salas são amplas, com alguns trabalhos confeccionados pelos discentes, entretanto é pouco arejada, há salas de aula e materiais das mesmas necessitando de reforma. A instituição possui pouco material eletrônico, apenas um equipamento de som, um televisor e um DVD, não há microcomputadores. Não há sala própria para uma biblioteca, mas percebe-se um bom e diversificado acervo, com livros didáticos, revistas, livros de literatura infantil e juvenil.
4. Considerações Finais
Após a realização deste estágio de observação nota-se a preocupação com a construção de um currículo para a Educação de Jovens e Adultos, Já que o objetivo primeiro da EJA é propiciar ao educando condições para viver em sociedade acima de tudo. No entanto, As práticas em sala de aula, na escola pesquisada, revelaram que o currículo é tratado simplesmente como conhecimento a ser aprendido. Apesar do discurso de que os alunos não devem decorar os conteúdos, algumas atividades e a relação pedagógica dizem exatamente o contrário. O currículo real revela as identidades sociais que são construídas na escola: alunos receptores passivos de um conhecimento que o livro didático institui como legítimo e que a escola muitas vezes aplica sem questionar.
Pode-se perceber que há uma intencionalidade de adotar metodologias inovadoras, mas a preocupação em cumprir o programa curricular estabelecido, torna o tradicionalismo facilmente aplicável, pois o mesmo já vem pronto, só a apenas que se transmitir.
Apesar das mais variadas práticas do currículo único em sala de aula os alunos tentam organizar-se de forma em que se sintam melhor, relacionando-se entre si, construindo conhecimentos e identidades uns com os outros, além das amizades conquistadas.
Portanto, é necessário que se ressignifique a escola, de forma que ela se insira no mundo contemporâneo. A EJA precisa oferecer aos seus educandos a possibilidade de construir o seu conhecimento, levando em consideração a realidade deste, sua condição de adulto, cidadão, que atua ativamente na sociedade. 
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Eliane Ribeiro. Os jovens da EJA e a EJA dos jovens. In: BARBOSA, Inês O., PAIVA, Jane (orgs.). Rio de Janeiro: DP&A, 2004. Disponível em:http://www.forumeja.org.br/files/Programa%203_0.pdf . Acessado em 11 de Novembro de 2010.
ANTUNES, Helenise Sangoi. Kurzawa, Gléce. O Desafio da Construção do Currículo Na Educação de Jovens e Adultos. Disponível em:http://www.alb.com.br/anais15/alfabetica/AntunesHeleniseSangoi.htm. Acessado em 20 de Novembro de 2010.
APPLE, Michael. Professores e textos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
ARROYO, Miguel. Educação básica de Jovens e Adultos, Escola Plural. Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte, 1996.
BERNSTEIN, Basil. On the classification and framing of educacional knowledge. IN: YOUNG, Michael. Knowledge and control: new directions for the sociology od education. Londres: Collier MacMillan, 1971.
CAFÉ, Maria Helena Barcellos. Educação de Adolescentes, Jovens e Adultos: realidade em construção no município de Goiânia. In RAAAB ? Alfabetização e cidadania, n. 4, S. Paulo, dezembro, 1996 p. 55-56.
FERNANDES, Dorgival Gonçalves. Alfabetização de Jovens e Adultos: Pontos críticos e desafios. Porto Alegre: Mediação, 2002.
HARPER...et al. Cuidado, Escola: desigualdades, domesticação e algumas saídas./ apresentado por Paulo Freire; com a colaboração de Monique Séchaud Raymond Fonvieille.(tradução Leticia Cotrim). São Paulo: Brasileiense, 2000.
MORIN, Edgar. Os sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. 3ª. Ed. - São Paulo - Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2001. NÓVOA, Antonio. Os professores e as histórias da sua vida. In: NÓVOA, Antônio. (Org.). Vidas de professores. Porto, Porto Editora, 1992.p.11-30.
SACRAMENTO, Ivonete. A educação de jovens e adultos. publicado em: 07/02/2008. Disponível em:http://www.webartigos.com/authors/1595/Ivonete-Sacramento . Acessado em 11 de Novembro de 2010.
ILVA, Andréia Maciel da. Educação de Jovens e Adultos (Eja) No Brasil. publicado em: 17/07/2009. Disponível em: http://www.artigonal.com/educacao-artigos/educacao-de-jovens-e-adultos-eja-no-brasil-1046328.html.
Acessado em 18 de Novembro de 2010.
 
Anexos
ESCOLA MUNICIPAL MANOEL JANUÁRIO CARVALHO

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