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Ruy Mauro Marini

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Origem e trajetória da sociologia latino-americana
O que representa a sociologia no processo do pensamento humano? 
Ponto de partida para indagar sobre o surgimento e o desenvolvimento da sociologia latino-americana e suas perspectivas. 
A sociologia só pode surgir em certos tipos de sociedades, é uma expressão particular de certa linha de pensamento, reflexão sobre as estruturas e os processos, que parte de concepções totalizadoras para chegar, mais tarde, às ciências especiais. 
Sociologia e Capitalismo
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
SOCIOLOGIA IV
PROFESSORA: ADÉLIA
ESTUDANTE: PAULO.
MARINI, Ruy Mauro. Dialética da Dependência: uma antologia da obra de Ruy Mauro Marini. [organização e apresentação de Emir Sader.] Petrópolis, RJ: Voze; Buenos Aires: CLACSO, 2000. Pp. 255-267.
Por uma Ciência Social totalizante. 
Com a pergunta sobre o que seria a sociologia no processo do pensamento humano os autores abordam o pensamento de Ruy Mauro Marini buscando a própria sociologia como ponto de partida para saber como surgiu e se desenvolveu a sociologia na América Latina. 
Começam fazendo uma explanação sobre capitalismo e socialismo, citando, desde a Grécia Antiga com Platão e Aristóteles. Depois, cita o período feudal e o seu rompimento com a lógica do capitalismo, com a constituição dos Estados nacionais. E na medida que o capitalismo vai se consolidando, por meio dos mecanismos econômicos e ideológicos, como meios de dominação, a burguesia assume o controle do poder político. 
Por um lado, a burguesia se utiliza da economia política para se atacar a oligarquia. Por outro, depois, ela será usada para servir de crítica ao capitalismo. Marx, em o Capital, vai fazer a chamada “Critica a economia política”. Depois, Comte, vai fazer críticas a ordem social burguesa e também Durkheim vai buscar consolidar a sociologia como ciência empírica. 
Na América Latina, já no século XIX, a sociologia chega como ideia importada, pois o período colonial, com intensa escravidão não permitiu o desenvolvimento do pensamento local. Para a época ser culto é estar em dia com as novidades. Assim, dentro de uma linha de pensamento imitativo e reflexo, foi cômodo abraçar o liberalismo que atendia as necessidades de reprodução do capital. Contudo, alguns intelectuais observavam a diferença entre a realidade local e o modelo de pensamento importado, o que gerava angustia. 
O positivismo deixou um rastro de discriminação e fortaleceu um modelo de pensamento racista e excludente em relação ao mestiço visto por muitos intelectuais como inferiores. Outros, tentavam descobrir na própria população as qualidades e recursos que as tornavam aptas a desenvolverem um futuro melhor para os países latino americanos. No caso brasileiro, destaca-se Euclides da Cunha que mostrou um sertanejo como um forte e resistente aos desafios. 
A sociologia surge neste cenário de tentativa de se afirmar como ciência para responder as questões postas por um passado colonial recente. Estamos no período de industrialização no Brasil e também das grandes guerras mundiais e com isso, surgem os atores do novo processo econômico de produção, os operários, a classe média. A oligarquia agrário-comercial e a burguesia constituíram os novos tipos de Estado, com base no nacionalismo. 
E ao mesmo tempo a América Latina vai se consolidando com uma certa autonomia, desenvolvendo relações comerciais e políticas entre os países da região. A visão que se tinha, principalmente por parte da esquerda, era de que na América Latina surgiria uma “China do extremo ocidente”, numa espécie de pangermanismo ou pan-eslavismo. 
Contudo, os intelectuais, com base no marxismo, estabelecerão as bases firmes de uma tradição que se tornara original e independente no aspecto teórico. Rapidamente se deu a institucionalização da sociologia e da economia e as ciências sociais. Teve a criação da Escola Livre de Sociologia Política, e depois o desenvolvimento de um pensamento chamado de pré-sociológico. Vários trabalhos de alta qualidade foram produzidos com Florestan, Guerreiro Ramos e outros. No campo da economia, a CEPAL, deu contribuições valiosas, com seus pensadores e os da teoria da independência. Enfim, a produção intelectual na América Latina chega num grau que impressiona por sua riqueza e originalidade com novas e ricas correntes de pensamento que vão surgindo do nosso solo fertilizado. 
Hoje podemos falar de uma sociologia latino-americana que nos dá condições de interpretar este mundo novo e até de transformá-lo. Porém, a especialização coloca o problema as especializadas, o que por um lado ajuda a refinar o caráter teórico metodológico; mas, implica também na perda da visão da sociedade como um todo e da falta de percepção do que seja os fenômenos sociais. Portanto, faz-se necessário, para avançarmos, uma sólida formação de base na disciplina. É preciso manter vínculos com as demais ciências sociais, contudo, a formação dos jovens deve leva-los a serem aptos a fazer sociologia, enquanto ciências especiais, de forma que não percam a aspiração de uma ciência social total. Para tanto, é importante recorrer a filosofia e a história, para assegurar esta visão totalizante. 
Enfim, um compromisso com a sociedade, esta deve ser a meta a ser proposta de uma sociologia que se decida permita assumir o compromisso de uma maioria que vive na opressão. O esforço solidário, a busca por valores sociais, a luta contra a desigualdade e a injustiça, devem mover os futuros sociólogos.

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