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AN02FREV001/REV 4.0 88 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE QUÍMICA FORENSE Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 89 CURSO DE QUÍMICA FORENSE MÓDULO IV Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 90 MÓDULO IV 4 A ABORDAGEM PERICIAL EM OPERAÇÕES POLICIAIS 4.1 EXAMES PERICIAIS Perícias são todos os exames levados a efeito por profissionais da medicina legal ou diversos profissionais capacitados de outras áreas do conhecimento, destinadas a uso como meio de prova judicial. Diante disso, podemos comprovar que a Criminalística conta com o auxílio de todas as áreas do conhecimento por meio de seus profissionais (FIGURA 41). FIGURA 41 - RELAÇÃO ENTRE AS ÁREAS DO CONHECIMENTO FONTE: Disponível em: <http://www.ebah.com.br>. Acesso em: 27 set. 2012. AN02FREV001/REV 4.0 91 O objetivo geral da perícia é a produção de um documento técnico, de acordo com a área em questão, denominado de laudo pericial. A perícia pode ser classificada de diversas formas. Na Figura 42 está descrita a classificação. FIGURA 42 - CLASSIFICAÇÃO DAS PERÍCIAS FONTE: Disponível em: <http://www.ebah.com.br>. Acesso em: 27 set. 2012. AN02FREV001/REV 4.0 92 4.1.1 Exame Pericial em Alimentos O exame pericial em alimentos é solicitado sempre que há questionamentos relacionados à qualidade, integridade, inocuidade e/ou presença de qualquer irregularidade que os torne impróprios ao consumo. Os crimes relacionados a alimentos são: Crimes contra as Relações de Consumo e Crimes contra a Saúde Pública. O laudo pericial é, portanto, o instrumento utilizado na confirmação ou não de avarias e fraudes em alimentos. Para a documentação do laudo pericial, as avaliações dos alimentos são feitas de acordo com vários critérios, por peritos qualificados. São avaliadas as embalagens, a fim de verificar o prazo de validade, a presença das informações nos rótulos que são obrigatórias e o estado de conservação das mesmas. São realizadas análises sensoriais dos alimentos com o objetivo de verificar o aspecto, a cor, o odor, a consistência e a textura. Os alimentos são avaliados também quanto à presença de sujidades, corpos estranhos e presença de micro-organismos. Para a realização dessa etapa, muitas vezes são utilizados microscópios. Diante dessas análises, o alimento é classificado em: Alimento genuíno Um alimento genuíno corresponde a um alimento saudável, livre de qualquer tipo de substância não autorizada. São alimentos que cumprem as exigências e especificações regulamentárias. Alimento adulterado O alimento é considerado adulterado quando é impuro, impróprio ou nocivo à saúde. Alimento Alterado O alimento alterado é aquele em que sua composição química ou suas características organolépticas foram alteradas por processos físicos, químicos ou microbianos. Essas alterações podem ocorrer no processo de fabricação, conservação ou transporte. AN02FREV001/REV 4.0 93 Alimento Falsificado Um alimento é considerado falsificado quando é elaborado com a finalidade de copiar a aparência e características gerais de outro alimento legítimo e se denominam como este, porém não são. Alimento contaminado Um alimento é considerado como contaminado quando apresenta micro- organismos, substâncias liberadas por esses e/ou substâncias químicas que acarretam danos à saúde. 4.1.2 Exame Pericial em Locais de Incêndios De acordo com o Decreto nº 7.257, de 04 de agosto de 2010, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Defesa Civil – SINDEC, desastres são resultados de eventos adversos, naturais ou provocados pelo homem sobre um ecossistema vulnerável, causando danos humanos, naturais ou ambientais e consequentes prejuízos econômicos e sociais. O Manual de Planejamento em Defesa Civil volume IV define incêndio como o fogo que escapa do controle do homem, assumindo características de um sinistro ou desastre, causando, assim, grandes danos e prejuízos. São exemplos de incêndios: Incêndios em instalações de combustíveis, óleos e lubrificantes; Incêndios em meios de transporte marítimo e fluvial; Incêndios em áreas portuárias; Incêndios em plantas e distritos industriais; Incêndios em edificações com grandes densidades de usuários; Incêndios em veículos automotivos. AN02FREV001/REV 4.0 94 As proporções dos incêndios são variáveis e, portanto, esses são classificados segundo as mesmas em: Incêndio Incipiente ou Princípio de Incêndio Incêndio Incipiente ou Princípio de Incêndio corresponde ao evento de proporções mínimas que necessita apenas da utilização de um ou mais aparelhos extintores portáteis para sua extinção. Pequeno Incêndio Corresponde a um evento em que as proporções exigem emprego de pessoal e material especializado. É extinto com facilidade. Não apresenta perigo iminente de propagação. Médio Incêndio Corresponde ao evento em que a área atingida e sua intensidade exigem a utilização de meios e materiais especializados, equivalentes a um socorro básico de incêndio. Apresenta perigo iminente de propagação. Grande Incêndio Evento em que ocorre propagação crescente. Necessita do emprego efetivo de mais de um socorro básico para a sua extinção. Incêndio Extraordinário Tipo de incêndio decorrente de abalos sísmicos, atividades vulcânicas, bombardeios e similares. Para a extinção desse tipo de incêndio são necessitados vários socorros e o apoio da Defesa Civil. A investigação pericial de incêndios e dos fatores que influenciam ou contribuem para seu início, propagação ou generalização é de grande importância para a segurança pública. São objetivos de uma investigação pericial de incêndio e explosão: Registrar a ocorrência e os fatos coletados durante o incêndio; Verificar o trabalho operacional; AN02FREV001/REV 4.0 95 Comprovar a causa do incêndio. A investigação pericial divide-se em: a) Investigação pericial objetiva A investigação pericial objetiva é a investigação realizada pelos peritos de incêndio; É baseada em instrumentos técnicos e científicos. É realizada nos locais, mediato e imediato à ocorrência do sinistro de incêndio. O perito realiza a coleta de vestígios de interesse que venham a elucidar a causa do incêndio. b) Investigação pericial subjetiva Na investigação pericial subjetiva são obtidas declarações de testemunhas e demais pessoas relacionadas ao ocorrido. É realizada por demais profissionais como: delegados, peritos diversos e encarregados de inquérito. Diante do exposto, pode ser observada a grande importância das investigações. É apenas por meio delas que são obtidas as provas periciais, que fornecem a certeza das causas do sinistro de incêndio. Dessaforma, os peritos criminais de incêndios realizarão os exames nos locais mediatos e imediatos à ocorrência, almejando a descoberta de vestígios de valor criminalístico e elaborarão um laudo pericial de incêndio e explosão, no qual constarão todas as informações do caso em questão. Exame pericial de incêndio e explosão em locais (edificações urbanas, etc.) O objetivo da perícia em locais de incêndio é a investigação da causa. Essa é influenciada pelo grau de queima dos materiais na zona de origem e próximos ao foco inicial. Diante disso, antes de dar início ao exame pericial é recomendável AN02FREV001/REV 4.0 96 limitar a entrada das pessoas e ações de deslocamento excessivo de materiais no local. Há situações em que esses procedimentos não são possíveis, o que torna os recursos fotográficos e de filmagens de extrema importância para a investigação. O perito líder da investigação é responsável por distribuir as funções aos membros da equipe junto ao cenário e sinistro investigados (escavação, fotografia, desenhista, entrevistador, investigador de prejuízos e investigador da zona de origem/foco inicial, dentre outros). Ao chegar ao local, realiza-se a obtenção de informações com as pessoas relacionadas ao sinistro, no intuito de abandonar prejulgamentos e para se ter uma visão do local na posição de terceiros. Depois disso, é dado o início da investigação, que é constituída de várias etapas, sendo: 1) Verificação do aspecto geral do local Nesta etapa, os procedimentos que devem ser adotados pela equipe são: Delimitar as regiões do local sinistrado; Configurar o contorno do local; Determinar as áreas de acesso e de escape do local; Avaliar o local que sofreu o incêndio do alto; Fotografar e filmar toda a área envolvida; Determinar a dinâmica do incêndio, objetivando determinar a zona de origem; 2) Coleta de informações das pessoas relacionadas com a edificação São necessários vários depoimentos de testemunhas para se estabelecer uma ou mais linhas de investigação. Nessa etapa, todo tipo de informação é relevante. As informações básicas coletadas pela equipe são: O nome, a data de nascimento, profissão e a constituição familiar da testemunha; O mês e o ano da construção do prédio ou de reforma da estrutura. AN02FREV001/REV 4.0 97 O estado das trancas e travas em portas e janelas. Inadequação de uso dos aparelhos elétricos ou equipamentos de combustão; As atitudes de pessoas suspeitas antes do incêndio. 3) Escavação Além da fonte de fogo há também o acúmulo de vários objetos queimados que normalmente não são facilmente identificáveis por meio da simples observação. A função da escavação é determinar a sequência de propagação do fogo para os materiais à sua volta e posterior ampliação das chamas e da fumaça. A escavação consiste em encontrar e coletar o material que relaciona o surgimento do fogo à propagação e determinar o seu posicionamento tanto no plano horizontal como no vertical, isolando, assim, as possíveis causas do incêndio, impedindo também a sua propagação. Essa fase é de grande importância nas investigações das causas do incêndio, já que permite inferir quais objetos fazem ou não parte do ocorrido. Deve ser feito o esquadrinhamento de toda a área, ou seja, dividi-la em quadrantes. Deve- se definir uma única rota de entrada e saída no cenário do incidente e maximizar as ações de busca e limpeza dos quadrantes. Da retirada dos materiais caídos: Os primeiros materiais a serem retirados são os provenientes da cobertura ou do teto das edificações. Da escavação na zona de origem A escavação deve ser feita manualmente nos sentidos “DE CIMA PARA BAIXO” e “DO EXTERIOR PARA O INTERIOR” dentro dos quadrantes delimitados. Após a remoção da maior parte dos escombros deve ser iniciada uma nova sequência de registros fotográficos com referências intermediárias de planialtimetria. Não devem ser utilizados materiais perfurocortantes nos trabalhos de escavação. AN02FREV001/REV 4.0 98 São equipamentos utilizados nas escavações: água (como solvente), secadores de ar, baldes, vassouras, ímãs, mangueiras, pincéis, etc. 4) Identificação das fontes geradoras de fogo junto ao foco inicial Nesta etapa, os procedimentos da equipe são: Determinar se há focos de eletricidade no local; Verificar a composição química dos materiais envolvidos no incêndio; Verificar as condições do tempo na região. Após a coleta, todas as informações são confirmadas e os dados devem ser confrontados com os projetos aprovados dos sistemas de prevenção e proteção contra incêndio e pânico combinado com a distribuição do “plant layout” feito pelo responsável ou usuários da edificação. 5) A identificação do sentido da queima pela profundidade de carbonização A identificação do sentido da queima é realizada pela verificação da profundidade da carbonização com o auxílio de um profundímetro. Exame pericial de incêndio e explosão em veículos automotivos Com relação a incêndios e explosões em veículos, há duas possibilidades: incêndios intencionais diretos (incêndios criminosos diretos), os incêndios intencionais indiretos (são os incêndios decorrentes de negligência, imperícia, imprudência – criminosos indiretos) e os incêndios naturais (decorrentes de algum problema mecânico). Um veículo pode ser mais ou menos suscetível a incêndios. São características que influenciam e devem ser avaliadas antes de dar início à perícia propriamente dita: Tipo de veículo; A utilização; O tempo de uso; AN02FREV001/REV 4.0 99 O estado de conservação; Os materiais de construção do veículo; Os materiais transportados pelo veículo. O passo seguinte é determinar se o incêndio e explosão iniciaram-se a partir do veículo (em seu interior ou exterior) ou se o veículo foi atingido por incêndio próximo ao mesmo. Para isso, sempre que possível, a perícia deve ser realizada no local do acontecido. O perito deve estar atento a todo tipo de vestígio, como pegadas e marcas de pneus, que podem ser um indicativo da presença de terceiros. A direção e intensidade do vento também são de extrema importância. Normalmente são preferidos por criminosos locais ermos para a realização de incêndios intencionais. Muitas vezes é necessária a remoção do veículo incendiado do local do sinistro para ser submetido a exames mais adequados e apropriados, que habitualmente são realizados em oficinas mecânicas especializadas. Nesta situação, o perito deve estar ciente das avarias que podem ocorrer ao veículo. O passo seguinte da investigação é a caracterização do veículo e a identificação do seu código alfanumérico do chassi (VIN), que fornece informações importantes sobre o veículo. Muitas vezes o VIN é removido do veículo incendiado, o que é um forte indício da intencionalidade do incêndio (FIGURA 43). FIGURA 43 - SUBTRAÇÃO DO CÓDIGO ALFANUMÉRICO DE CHASSI EM VEÍCULO INCENDIADO FONTE: Disponível em: <http://www.periciacriminal.com>. Acesso em: 27 set. 2012. AN02FREV001/REV 4.0 100 Outro procedimento que deve ser realizado pelo perito é a constatação da posição original das portas e tampas dos compartimentos do motor e de bagagem, a situação original de abertura ou fechamento dos vidros das portas e ventarolas e também da tampa de fechamento do tanque de combustível. Esses procedimentos são importantes já que os padrões de queima das portas são conclusivos quantoà situação de abertas e fechadas. Por exemplo: vidros fechados por ocasião de incêndio tendem a exibir intenso esfumaçamento na sua superfície interna; a concentração de vidro fundido no setor inferior interno das portas significa que os vidros encontravam-se abertos; a existência de vidros quebrados sem esfumaçamento na superfície interna denuncia que a fratura dos vidros ocorreu antes do incêndio, indicativo, portanto, de incêndio intencional. A existência de um maior número de portas abertas comparadas ao possível número de ocupantes do veículo pode significar a abertura deliberada das portas para a entrada de ar visando alimentar o incêndio com ar atmosférico, ou ainda, para a retirada de objetos. O perito deve estar atento também para vestígios de arrombamento no veículo. A ausência de componentes e acessórios no veículo é um forte indicativo de incêndios intencionais. No exame da carroceria devem-se localizar, por meio do exame visual externo, as regiões de maior intensidade de ação do calor, o que dá boa indicação do foco do incêndio. Dessa forma, uma ação direta da chama na carroceria resulta no consumo total da película de tinta, resultando em uma chapa viva (espelho metálico) (FIGURA 44). AN02FREV001/REV 4.0 101 FIGURA 44 - CHAPAS METÁLICAS DAS PORTAS SUBMETIDAS A FOGO EXTERNO FONTE: Disponível em: <http://www.periciacriminal.com>. Acesso em: 27 set. 2012. Já uma ação indireta é caracterizada pela presença de restos de pintura, com formação de uma casca de fácil desprendimento (FIGURA 45). FIGURA 45 - AÇÃO INDIRETA FONTE: Disponível em: <http://www.periciacriminal.com>. Acesso em: 27 set. 2012. AN02FREV001/REV 4.0 102 Um procedimento importante que deve ser realizado pelo perito é o exame da superfície inferior do teto, que é um bom indicativo do foco quando o incêndio inicia-se no interior do veículo. Outro exame que deve ser realizado é a detecção de substâncias acelerantes no incêndio. A evidência desse tipo de substância pode ser observada pela ocorrência de diversas colorações, devido às diversas camadas de tinta presentes no veículo (FIGURA 46). FIGURA 46 - PADRÕES DE COLORAÇÃO INDICATIVOS DE UTILIZAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS ACELERANTES FONTE: Disponível em: <http://www.periciacriminal.com>. Acesso em: 27 set. 2012. O perito, ao final da perícia, deve realizar uma comparação final do veículo incendiado, com outro idêntico, em perfeitas condições, com o objetivo de compreender a configuração original do veículo incendiado. 4.1.3 Exame Pericial em Medicamentos, Cosméticos e Saneantes Os exames periciais em medicamentos, cosméticos e saneantes visam detectar, pela análise dos materiais, se houve adulteração, alteração, falsificação ou corrupção. AN02FREV001/REV 4.0 103 Medicamentos e cosméticos A avaliação de medicamentos pelo perito ocorre em várias etapas e visa à detecção de anormalidades que indiquem a possível fraude. As principais etapas são: 1) Avaliação das embalagens dos medicamentos sob suspeita As embalagens são classificadas em dois tipos: primárias, que são as que se encontram em contato direto com o medicamento e secundárias, que são as que contêm as embalagens primárias. As embalagens secundárias são as primeiras a serem analisadas pelos peritos e estas devem conter informações básicas, como: Nome comercial do medicamento (ausente no caso de medicamentos genéricos); Denominação genérica do princípio ativo; Nome, endereço e CNPJ do detentor de registro no Brasil; Nome do fabricante e local de fabricação do produto; Número do lote; Data de fabricação (no mínimo mês/ano); Data de validade (no mínimo mês/ano); Sigla “MS” seguida do número de registro no Ministério da Saúde, conforme publicado em Diário Oficial da União (D.O.U), sendo necessários os 13 dígitos; Telefone do Serviço de Atendimento ao Consumidor – SAC; Cuidados de conservação, indicando a faixa de temperatura e condições de armazenamento. 2) Análise das características de segurança AN02FREV001/REV 4.0 104 A segunda etapa realizada pelo perito é a avaliação das características de segurança presentes na embalagem secundária. Essas características são: a tinta reativa e a inviolabilidade (lacre ou selo de segurança) (FIGURA 47). FIGURA 47 - CARACTERÍSTICAS DE SEGURANÇA DAS EMBALAGENS DE MEDICAMENTO FONTE: ANVISA, 2010. A tinta reativa é uma ferramenta de extrema importância no combate à falsificação de medicamentos. Essa tinta reage quando raspada com algum objeto de metal, possibilitando visualizar a palavra “Qualidade” e a logomarca da empresa (FIGURA 48). AN02FREV001/REV 4.0 105 FIGURA 48 - TINTA REATIVA FONTE: ANVISA, 2010. Já o lacre de segurança deve ter como características o rompimento irrecuperável e detectável, ser adesivo e personalizado (FIGURA 49). FIGURA 49 - INVIOLABILIDADE FONTE: ANVISA, 2010. As empresas fabricantes de medicamentos, para seu funcionamento, devem obter prévia autorização junto à ANVISA. Devem manter arquivo informatizado com o registro de todas as suas transações comerciais. As mesmas etapas são válidas nos casos de cosméticos. Os peritos devem estar atentos a todo vestígio que indique uma possível anormalidade e devem tomar as medidas cabíveis com relação aos suspeitos de conduzirem a fraude. AN02FREV001/REV 4.0 106 Saneantes São considerados saneantes todos os produtos utilizados na limpeza de ambientes. São exemplos de produtos saneantes: Detergente líquido; Detergente em pó e sabão em pó; Cera; Água sanitária; Inseticida, repelente de insetos e raticidas; Desinfetante. A ANVISA é o órgão responsável pela liberação da comercialização dos saneantes, exigindo das empresas fabricantes produtos saneantes seguros, que proporcionem bons resultados e com rigoroso controle de qualidade. Dessa forma, todo produto colocado à venda deve ser previamente liberado pelo Ministério da Saúde. Os produtos clandestinos ou piratas não possuem a liberação do Ministério da Saúde, portanto, não apresentam avaliação de qualidade e não são seguros ao uso da sociedade. Nestes casos os exames periciais são simples e baseados na observação da embalagem. São características das embalagens de produtos saneantes: Apresentar o rótulo (FIGURA 50) de descrição do produto. As principais informações que devem estar contida nos rótulos são: Nome do fabricante ou importador, com endereço completo, telefone; Nome do técnico responsável pelo produto; A frase “Produto notificado na ANVISA” ou número do registro no Ministério da Saúde; A frase “Antes de usar leia as instruções do rótulo”. Avisos sobre os perigos e informações de primeiros-socorros; O número de telefone do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC); AN02FREV001/REV 4.0 107 Caso esteja escrito no rótulo “PROIBIDA A VENDA DIRETA AO PÚBLICO” ou “USO PROFISSIONAL” este produto somente poderá ser utilizado por profissional habilitado. FIGURA 50 - ROTULAGEM DE SANEANTES FONTE: ANVISA, 2010. O rótulo não pode estar rasgado, descolado da embalagem, manchado ou ilegível. 4.1.4 Exame Pericial em Combustíveis – Análise de Adulteração A Agência Nacionaldo Petróleo (ANP) é o órgão responsável pela determinação das especificações da composição química dos combustíveis. A adulteração de combustíveis é a mistura de substâncias diferentes ou acima das especificações permitidas, originando um produto de qualidade inferior. Ela pode ocasionar aos consumidores significativos prejuízos de ordem econômica, em razão de problemas mecânicos nos motores dos veículos, prejuízos ao erário em razão da sonegação fiscal vinculada à adulteração, além de estimular a concorrência desleal e, muitas vezes, estar relacionada com grandes organizações criminosas. Os principais combustíveis que sofrem adulterações são: Diesel; Gasolina; Etanol. AN02FREV001/REV 4.0 108 Gasolina Considera-se gasolina adulterada aquela que não está dentro das especificações legais, ou seja, que possui mais álcool ou mais solventes que a lei permite apesar da lei fixar em 2% o limite máximo de solvente a ser misturado na gasolina e em 24% o do álcool. Muitos postos não estão respeitando estes valores. Isso ocorre porque ao adulterar a gasolina aumentando a mistura de solventes, que são produtos químicos mais baratos, melhora a rentabilidade do negócio em até 10%. São problemas causados pela adulteração da gasolina: O entupimento da bomba da gasolina (que fica no tanque e leva o combustível até o motor). Corrosão do sistema de injeção eletrônica (um conjunto de peças que injetam a quantidade exata de gasolina nos cilindros para o motor funcionar, evitando desperdícios). Uma das principais adulterações praticadas na gasolina é a adição de álcool etílico anidro combustível (AEAC) em porcentagens superiores às estabelecidas pela ANP. Outra é a adição de solventes derivados do processamento do petróleo, como querosene, aguarrás, hexano, benzenos, toluenos, xilenos, entre outros. Álcool No caso do álcool etílico, a adulteração mais comum é a adição de água. O etanol é facilmente misturado à água sem que se possa perceber visualmente a irregularidade. Outra forma de adulteração do etanol é a adição de metanol, uma prática que vem crescendo. O metanol é extremamente tóxico, podendo, em altas concentrações, causar cegueira e até mesmo a morte. Análises de qualidade de combustíveis Diante das questões crescentes de adulteração, têm-se observado um aumento em pesquisas relacionadas ao desenvolvimento de metodologias e AN02FREV001/REV 4.0 109 instrumentações inovadoras para prevenir, atestar, monitorar e garantir a qualidade dos combustíveis. A ANP é o órgão responsável pela fiscalização dos postos por meio de seus fiscais e os exames de análise da qualidade dos combustíveis são realizados por seus peritos. O processo de análise da qualidade de um combustível segue uma série de normas técnicas. A princípio, são feitos testes preliminares, que não exigem métodos e equipamentos sofisticados. O primeiro exame a ser realizado é o exame das propriedades físicas (aparência visual e densidade). A densidade de um combustível é medida em um densímetro e é uma propriedade intimamente relacionada à qualidade. Um exemplo: a gasolina padrão tem uma densidade de 0,75 g/ml e a gasolina adulterada tem sempre uma densidade menor, devido à adição de compostos orgânicos menos densos. O próximo passo realizado pelo profissional é a determinação da quantidade de água. Por exemplo, pela legislação vigente, a gasolina deve ser isenta de água, porém, algumas vezes é adicionado à gasolina álcool não anidro. Dessa forma, a presença de água pode ser detectada. Essa análise é realizada pelo método de Karl Fisher. A gasolina também pode receber a adição de etanol acima do permitido. A quantidade de etanol pode ser medida com a adição de uma solução de NaCl e água. Esse procedimento permite a separação bem definida das fases. Após os testes preliminares, o combustível analisado vai para um cromatógrafo. Este aparelho é capaz de separar os vários componentes da amostra. O resultado da cromatografia é expresso em um cromatograma. Cada componente na mistura aparece como um pico e a altura e a área deste pico é proporcional à concentração do componente na mistura. Pela análise do cromatograma é possível, comparando com um cromatograma padrão, dizer se o combustível em questão foi ou não adulterado. Com essa técnica é possível também determinar qual ou quais foram as substâncias adicionadas. Porém, nem sempre as substâncias adicionadas são conhecidas, isto é, não estão presentes em nenhum padrão de referência. Nesse caso, utiliza-se do Espectrômetro de Massas acoplado à técnica de cromatografia gasosa. AN02FREV001/REV 4.0 110 4.2 ANÁLISE DE PLANTAS ALUCINÓGENAS E DE MATERIAIS SUSPEITOS DE SEREM ENTORPECENTES Análise de plantas alucinógenas A evolução da pesquisa contemporânea com plantas alucinógenas deve ser entendida como um reflexo de um século de estudos em modelos animais e humanos, ensaios bioquímicos, bem como da nova perspectiva política acerca das drogas. Drogas alucinógenas são aquelas que possuem propriedades de provocar uma série de distorções do funcionamento normal do cérebro, que trazem como consequência uma variada gama de alterações psíquicas, entre as quais alucinações e delírios, sem que haja uma estimulação ou depressão da atividade cerebral. As drogas alucinógenas podem ser classificadas da seguinte forma: 1) Alucinógenos propriamente ditos ou alucinógenos primários São capazes de produzir efeitos psíquicos em doses que praticamente não alteram outra função no organismo; 2) Alucinógenos secundários São capazes de induzir efeitos alucinógenos em doses que afetam de maneira importante diversas outras funções; 3) Plantas com propriedades alucinógenas No Brasil, o Ministério da Saúde não reconhece nenhum uso clínico dos alucinógenos e sua produção, porte e comércio são proibidos no território nacional. Portanto, a fiscalização é intensa, mesmo relacionada à utilização de plantas medicinais com efeitos alucinógenos. AN02FREV001/REV 4.0 111 Todas as plantas encontradas em locais suspeitos são encaminhadas a laboratórios especializados onde são realizadas análises para determinação dos princípios ativos. Caso seja encontrado algum princípio ativo cuja ação forneça algum efeito que venha a causar dependência a quem fizer uso, o plantio, produção e comercialização dessa planta tornam-se proibidos em todo o território nacional. As principais análises feitas em plantas suspeitas de terem efeitos alucinógenos são: Análises cromatográficas do extrato da planta suspeita; Utilização da espectrometria de massas. Análises de materiais suspeitos de serem entorpecentes Para a Toxicologia, o termo drogas/entorpecentes refere-se a qualquer substância que contenha um ou mais fármacos capaz de modificar o sistema fisiológico ou um estado patológico, mas cuja administração não visa alcançar benefícios ao organismo. Já para fins jurídicos, drogas/entorpecentes são substâncias ou produtos capazes de causar qualquer tipo de dependência. O uso de drogas/entorpecentes é proibido e a fiscalização é intensa. A química forense tem um papel de extrema importância para a justiça. Os químicos forenses realizam análises que auxiliam a justiça nos processos investigativos. Os passos para uma avaliação toxicológica eficiente são: Métodos de triagem, realizada sempre que as substâncias investigadas não são conhecidas. Devem ser sensíveis, eficientes e abrangentes; Utilização de reagentescolorimétricos ou combinação destes – reagem com o nitrogênio, que quase sempre estão presentes nos compostos entorpecentes; Realização de técnicas modernas e aprofundadas (Espectrometria de Massas, Espectroscopia no infravermelho, Difração de Raios-x e Ressonância Magnética Nuclear - RMN). FIM DO MÓDULO IV AN02FREV001/REV 4.0 112 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BERGSLIEN, E. Teaching To Avoid the “CSI Effect”. Journal Of Chemical Education. v. 83, n. 5, May 2006. BRUICE, P. Y. Organic Chemistry. 4. ed. Cleveland: Prentice Hall, 2004. GAENSSLEN, R. E. How do I become a forensic scientist? Educational pathways to fo-rensic science careers. Anal Bioanal Chem (2003) 376:1151– 1155. GAENSSLEN, R. E. et al. Instrumentation and Analytical Methodology in Forenslc Sci-ence. Journal Of Chemical Education. v. 62, n. 12, December 1985. HAZDRA, J. J. Chemistry in the Justice System. Journal Of Chemical Education, v. 57, n. 1, January 1980. INMAN, K., RUDIN, N. Principles and Practice of Forensic Science: The Profession of Fo-rensic Science. Handcover: CRC Press, 2000. KAZIENKO, J. F. Assinatura Digital de Documentos Eletrônicos Através da Impressão Digital. UFSC. Dissertação de Mestrado – Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação, UFSC, 2003. KERR, F. M.; HAQUE, F.; HAQUE, F. et al. Organic based powders for latent fingerprint detection on smooth surface, part I e II. Canadian Society of forensic Science Journal. 1983; 16:140-142 e 39-44. KIMBROUGH, D. R. Solving the Mystery of Fading Fingerprints with London Dispersion Forces. Journal Of Chemical Education. v. 75, n. 10, October 1998. LAUFER, B. History of the fingerprint system. The Print – SCAFO. v. 16, march/april 2000. AN02FREV001/REV 4.0 113 MENZEL, E. R.; ALMOG, J. Latent fingerprint development by frequency- doubled neo-dymium: yttrium aluminum garnet (Nd:YAG) lasers for latent fingerprint development. Journal of Forensic Sciences. Philadelphia, v. 30, n. 2, p. 371-382, 1985. OLIVEIRA, T. H. G.; SANTOS, N. F.; BELTRAMINI, L. M. O ADN: uma sinopse histórica. Revista Brasileira de Ensino de Bioquímica e Biologia Molecular, n. 1, dezembro 2004. REIS, E. L. T. et al. Identificação de resíduos de disparos de armas de fogo por meio da técnica de espectrometria de massas de alta resolução com fonte de plasma indutivo. Química Nova. v. 27, n. 3, p. 409-413, 2004. SILVA, L. A.; MARTINS, C. R.; ANDRADE, J. B. Por que todos os nitratos são solúveis? Química Nova. v. 27, n. 6, p. 1016-1020, 2004. SODHI, G. S.; KAUR, J. Chemical Methods for Developing Latent Fingerprints. Journal Of Chemical Education. v. 76, n. 4, April 1999. FIM DO CURSO!
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