Buscar

Vista minha pele - Análise com uma visão psicológica.

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA
Instituto de Ciências Humanas
Curso de Psicologia‏
Gabriela Borba Stanquini 		RA: C1433I-0
Identidade e a Construção Social
SOROCABA – SP
2015
Vista a minha pele – E as influências sobre o cotidiano
Vista minha pele é um curta metragem que trata sobre a questão de desigualdade racial dentro da sociedade brasileira, mas de uma maneira diferenciada do que de costume. A personagem como qualquer outro individuo é um produto do meio no qual ela está inserida (Guareschi, et al., 2002), e isto influencia demais em sua construção de identidade, tanto individual como coletiva. 
Como se invertem os papéis, a menina branca vivencia todas as dificuldades e os preconceitos que uma menina negra estaria vivenciando. Maria, uma adolescente que é como qualquer outra garota com sonhos, desejos, vontades, e se espelha nas influencias da moda, nas capas revista, mas ela começou a notar: Apenas mulheres negras estampam estes meios, mas por quê? Estes determinantes vão contribuir com a maneira que a sociedade a vê, e como ela se entende como individuo dentro da sociedade na qual vive (Guareschi, et al., 2002).
Os jovens discriminados racialmente se apropriam de certas falas e de discursos quando se deparam com uma situação de preconceito racial que inicialmente não deriva deles, mas foram introjetadas pela sociedade. Como é o caso do pai de Maria que entende que a filha não deve competir na escola contra a Suely, pois ela deve aceitar e respeita o “seu lugar” dentro da sociedade. Buscar onde ocorre esta construção da identidade (Guareschi, et al., 2002) é algo que deve ser visto para que se trabalhem mudanças efetivas no meio.
A sociedade coloca um estigma sobre a minoria que está sendo excluída, sempre são entendidos como marginais e como tal devem ser tratados desta maneira. Este tipo de atitude passa a ser um sinalizador de como estão sendo construídos os estereótipos. No artigo As Relações Raciais na Construção das Identidades, a mídia começa a reforçar os estereótipos negativos e faz com que aqueles que pertencem ao grupo citado se vejam desta forma. Como Maria percebe a mídia retrata apenas sobre uma parcela da população. 
Os indivíduos brancos (no curta) passam por este estigma, eles mesmos aceitam o lugar que lhes é designado por meio da imposição social, podemos perceber isto, pois as meninas nas revistas, novelas, ou as mais bonitas, sempre eram as negras; as brancas deveriam entrar dentro daquele conceito que era disseminado pela mídia, como diz o artigo de Guareschi “O preconceito da sociedade é tomado como algo que contribui para que as informações veiculadas pela mídia sejam transmitidas de forma parcial.” (Guareschi, et al., 2002). 
Durante o documentário podemos ver que Maria carrega este estigma, de que será como sua mãe é, e que é inferior aos demais, e deve se sentir feliz com o que tem, e não obterá nada a mais do que isso. Seu amigo entendeu esta imposição e como consequência não frequenta mais a escola para se dedicar ao trabalho; e isto faz de uma maneira indireta, com que os estereótipos colocados pela maioria psicológica (Mailhiot, 1976) sejam reforçados, pois estes são processos de simplificação do pensamento para o senso comum (Jodelet, D.).
Vemos também que durante a exclusão de Maria, há uma justificação como traz o artigo de (Jodelet, D.), o mundo é justo e os sujeitos recebem o que merecem, e dentro deste contexto é muito difícil adotar uma posição contraria aquela que o grupo ao qual pertencemos coloca como correta (Jodelet, D.).
A questão do bode expiatório entra em destaque neste momento, vemos que a nós favorecemos o grupo no qual somos ligados (Jodelet, D.) e nossa imagem encontra ligado a ele. Vemos que Suely desconta sobre Maria toda sua raiva, como se a culpasse por algo que indiretamente está ligado a ela. Quando necessitamos descontar este “algo de ruim” vamos direcionar o ódio a algum individuo ou grupo que participe de alguma minoria psicológica, que são aqueles indivíduos que são maioria demográfica (quantidade) mas dependem de um outro grupo para exista, eles entendem suas limitações, percebendo-se como menor (Mailhiot, 1976).
“Em resumo, a hipótese do bode expiatório prega que indivíduos, quando frustrados, tendem a deslocar sua agressividade para grupos visíveis, relativamente sem poder e por quem nutrem, de antemão, sentimentos de repulsa.” (Rodrigues Aroldo et al. Psicologia Social. 2009. p.155) 
Esta apropriação de discurso ganha um novo sentido a cada individuo que a interpreta. E a cada vez que é disseminado aos demais, ele ganha mais força e vira uma verdade concreta e imutável (Rodrigues, 2009). Por este motivo os mais novos tem como referencia estes discursos. Como o artigo As Relações Raciais na Construção das Identidades nos traz, o primeiro passo é alterar estas práticas discursivas, e novas reflexões, como este documentário e a própria Maria nos faz pensar nesta inversão de papeis.
Ao realizar esta inversão de papeis conseguimos ver as diversas faces deste fenômeno de ponto de vista diferentes. A mudança efetiva é a busca que todo individuo e principalmente o psicólogo social deve ter em mente. De acordo com o texto de Ciampa “A individualidade do outro reflete na minha e a minha na dele” (Ciampa, A.) nós nos influenciamos mutuamente; a maneira que eu me vejo e vejo ao outro vai alterar completamente todas as estruturas sociais.
Somos personagens dentro do contexto social, estamos interpretando os papeis sociais e nos influenciando mutuamente. Somos nós mesmos e os outros, e é neste ponto que a identidade se forma como algo multifatorial (Ciampa, A.). Vemos que Maria é uma e varias; dentro de sua casa, com seus amigos brancos, e seus amigos negros, na escola, na rua; cada uma dessas marias é a mesma e outra. E a construção social de sua posição ocupada inluencia.
Se utilizarmos o método de pesquisa e ação buscaremos enxergar o fenômeno em sua totalidade sem desassociar os fatos que o levaram a chegar até aquele ponto, isto é discutido no livro de Gérald Bernard Mailhiot. Ele expõe como “[..] as atitudes coletivas encontram-se no inicio e no fim do encadeamento dos fenômenos dinâmicos que produzem os comportamentos de grupo.” (Mailhiot, Gérald. Dinâmica e Gênese de Grupos. 1976. p. 51). Ou seja, as atitudes coletivas (como a exclusão de Maria) estão no inicio e no fim dos comportamentos realizados, fazendo com que estes cessem ou continuem.
Que as atitudes de mudança também sejam transferidas para as maiorias psicológicas (Mailhiot, 1976), e que estas parem de enxergá-los apenas como bodes expiatórios, mas sim como cidadãos pertencentes de seu mesmo grupo. Cada posição que se ocupa determina o sujeito de certa forma (Ciampa, A.), e colocar os brancos, que na nossa realidade são os negros, em um lugar de igualdade e enxerga-los como pertencentes ao mesmo grupo que o nosso, é primordial para a mudança efetive-se na sociedade!
Referências
GUARESCHI, N.; OLIVEIRA, F.; GIANNECHINI, L.; COMUNELLO, L.; PACHECO, M.; NARDINI, M. As Relações Raciais na Construção das Identidades. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/pe/v7n2/v7n2a07.pdf>. Acesso em: 11 de Set. 2015.
RODRIGUES, A.; JABLONSKI, B.; ASSMAS, E. Psicologia Social. 27ª ed. Editora: Vozes, Petrópolis, 2009.
MAILHIOT, GÉRALD B. Dinâmica e Gênese dos Grupos. 3ª ed. Editora: Vozes, São Paulo, 1976.
JODELET, D. Os Processos Psicossociais da Exclusão. In SAWAIA, B. (Org.) As Artimanhas da Exclusão, p. 53-66.
CIAMPA. A. C. Identidade. In LANE, S. M. T. Psicologia Social: O Homem Em Movimento, p. 58-75.

Continue navegando