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ELETROTERMOFOTOTERAPIA Disciplina: História e Fundamentos da Fisioterapia Profa. Virginia Piassarolli ELETROTERAPIA Toma por base a utilização da eletricidade, parte da física que estuda as manifestações elétricas. Tales de Mileto, século VII a.C. conhecia a propriedade apresentada pelo âmbar amarelo (resina fóssil de cor amarela empregada em joalheria e ornamentação) de atrair corpos leves quando atritado por um pano tipo lã. A palavra eletricidade origina-se daí, pois, em grego, elektron significa âmbar. ELETROSTÁTICA E ELETRODINÂMICA A eletricidade divide-se em duas partes: eletrostática e eletrodinâmica; Eletrostática: estuda os corpos elétricos em repouso. Todos os corpos são formados por um grande número de átomos. No seu núcleo central, há prótons e nêutrons; em torno do núcleo circundam os elétrons. O próton tem carga positiva, o elétron carga negativa e o nêutron não possui carga elétrica. Íon: É o átomo que tenha adquirido carga elétrica pelo ganho ou perda de elétrons. Denominam-se cátions (positivo)s e ânions (negativos). Eletrodinâmica: Estuda os corpos elétricos em movimento. Para que os elétrons possam se deslocar de um lado para outro, é necessária uma força que os impulsione – força eletromotriz, a qual ocorre quando, em determinado material, há zonas com falta ou excesso de elétrons (diferença de potencial). Corrente elétrica: Fluxo ordenado de elétrons que se produz quando existe uma diferença de potencial entre os extremos de um condutor. A intensidade da corrente é proporcional à tensão aplicada, ou seja, quanto mais alto valor da tensão (diferença de potencial), maior a intensidade da corrente que circula no circuito (força eletromotriz). A intensidade de medida da corrente é o Ampére (A). Na prática fisioterápica utilizam-se aparelhos com submúltiplos – miliAmpére (mA) e o microAmpére (μA). Os metais que permitem fácil movimentação das cargas elétricas através de sua estrutura são denominados condutores de eletricidade. Borracha e plástico não permitem uma boa movimentação, sendo denominados isolantes ou dielétricos Resistência: Dificuldade oferecida pelo condutor à passagem da corrente elétrica. Quando elétrons fluem, através de um condutor, colidem com os átomos existentes no material do condutor, transferindo energia para esses átomos, gerando aquecimento do condutor. A unidade utilizada para a mensuração dessa energia é o joule (J). Classificação das correntes elétricas: Contínua: quando é unidirecional, ou seja, os elétrons se deslocam em uma única direção; Alternada: quando é bidirecional, ou seja, seus elétrons ora se deslocam em uma direção, ora em outra. Frequência: É uma característica dependente do tempo e é mensurada em Hertz (Hz). Refere-se à frequência com que os elétrons passam na corrente ou ao número de pulsos existentes durante um segundo. Divide-se em: Baixa frequência - na faixa de 1Hz a 1000Hz; Média fequência – na faixa de 1000Hz a 100000Hz; Alta frequência – de 100.000Hz em diante. A frequência interfere no limiar sensitivo, isto é, frequências maiores provocam percepções menores, pois apresentam resistências menores da pele à passagem da corrente elétrica. TIPOS DE CORRENTES CORRENTE GALVÂNICA É a forma mais antiga de eletroterapia. Galvani, em 1786, observou pela primeira vez a contração dos músculos da pata de uma rã sobre uma placa metálica quando estalava uma centelha entre os eletrodos de uma máquina elétrica de fricção. Entre 1900 e 1912, Leduc demonstrou que era possível introduzir íons medicamentosos em organismo animal, provocando efeitos terapêuticos (IONTOFORESE). Definição: corrente contínua de fluxo de elétrons com direção e intensidade constantes e com efeitos polares. Também conhecida como corrente contínua e unidirecional. O fluxo de corrente se dá do negativo para o positivo Efeitos fisiológicos: Produção de calor Fenômeno do eletrotônus: alteração da excitabilidade e condutibilidade do tecido tratado Vasodilatação Aumento do metabolismo: Aumento da ação do sistema imunológico Efeitos terapêuticos: Analgesia; Estimulação nervosa; Ação anti-inflamatória; Atuação nos transtornos circulatórios INDICAÇÕES: Distensão muscular; Contusão muscular; Transtornos tróficos; Fibroses musculares; Paralisia facial; Neuralgia do trigêmeo; Tendinite; Bursite; Escoliose, .... Contraindicações: Presença de “vertigens” durante o tratamento; Presença de irritabilidade cutânea; Utilização de marca-passo cardíaco; Implantações metálicas no campo de aplicação; Locais com solução de continuidade. CORRENTE GALVÂNICA - IONTOFORESE Iontoforese: penetração de substância terapêutica através de pele íntegra por intermédio da corrente galvânica. Além do efeito da corrente elétrica ocorre também o efeito da substância utilizada. Conhecida também como ionização Indicações: Principalmente em afecções nas quais a atuação da eletricidade e do fármaco se fazem necessários em conjunto. Afecções cutâneas superficiais; Lesões de nervos periféricos; Fraturas e contraturas; Artropatias reumatológicas e traumatológicas; Cicatrizes com tendência à quelóide; Coadjuvante no tratamento da celulite e obesidade. Aplicabilidade em estética: Fibro Edema Gelóide - Celulite; Gordura Localizada; Rugas; Acne; Limpeza profunda; Nutrição; Flacidez superficial FES Eletroestimulação funcional - Functional Eletrical Etimulation – FES Em 1961, Liberson idealizou um gerador de pulsos cujos eletrodos estimulavam o nervo fibular, tendo sido colocados na fossa poplítea, promovendo o movimento de flexão dorsal do pé durante a fase de passagem, permitindo uma marcha mais eficiente. Vodovnik denominou essa técnica de FES. O objetivo da FES é promover contração em músculos privados de controle nervoso, resultando em movimento funcional. Bases da excitabilidade: a técnica tem como base a produção de contração através de estimulação elétrica, a qual despolariza o nervo motor, gerando uma resposta sincrônica em todas as unidades motoras do músculo. Esse mecanismo promove uma contração eficiente, mas é necessário o treinamento específico a fim de ser evitada a fadiga precoce, a qual impediria a utilização funcional do método, ou seja, é necessária a participação efetiva da cinesioterapia Objetivos: Diminuição da espasticidade; Auxílio à reorganização da atividade motora; Aceleração da recuperação do controle voluntário; Restituição, por controle elétrico, de movimentos simples e complexos; Fortalecimento muscular Contraindicações: situações que dificultam a aplicabilidade da técnica; discinesias, síndromes hipertônicas graves, irritabilidade da pele, obesidade, úlceras de decúbito. Corrente Russa No final dos anos 70, os países da extinta União Soviética aumentaram o interesse pela eletroterapia , pois se afirmava que a ativação elétrica regular do músculo era mais efetiva que o exercício no fortalecimento do músculo esquelético em atletas de elite. Em 1977, Yakov Kots apresentou os resultados de uma pesquisa desenvolvida a partir de uma técnica de eletroestimulação que aumentou em 30 a 40% a força muscular de atletas de elite e cosmonautas, sendo que esse ganhos eram superiores aos obtidos apenas com a realização de exercícios. Indicações: Estimulação e/ou fortalecimento em condições patológicas como: contração voluntária inibida por lesão; Ação muscular não ocorre sob controle voluntário sem prática (assoalho pélvico na incontinência urinária) Aprendizado de nova função muscular (transposição de músculo ou nervo); Estabilização de articulações; Incontinência; Pós-operatório (meniscectomia, fraturas, ruturas ligamentares); Aumento e/ou manutenção da força muscular; Fortalecimento no esporte de alto nível; Estética – evitar flacidez em abdômen, glúteos e membros inferiores; Tonificação e fortalecimento muscular no pós-parto, pós-emagrecimento. Contraindicações: Lesões musculares, tendinosas e ligamentares (absolutas); Inflamações articulares em fase aguda; Fraturas não consolidadas; Espasticidade; Miopatias que impeçam a contração muscular fisiológica. TENS Neurostimulação sensorial transcutânea- TENS É uma técnica de neuroestimulação sensorial superficial, não invasiva e não lesiva, utilizando eletrodos transcutâneos, visando ao tratamento da dor. Apesar de poder provocar contrações musculares, seu objetivo principal é o controle da dor. Mecanismos de ação do TENS: Teoria das comportas – a teoria da porta da dor preconiza que a entrada de impulsos dolorosos no sistema nervoso central (SNC) seria regulada por neurônios e circuitos nervosos existentes nas colunas posteriores da medula espinhal, funcionando como um portão, permitindo ou não a entrada desses impulsos. A teoria estabelece que, pela medula, entram informações pelas fibras de grosso calibre (tato e pressão) e pelas fibras de fino calibre (sensação de dor); Peptídeos opióides endógenos – diversas áreas cerebrais possuem receptores opiáceos, especialmente as do sistema de analgesia. Das substâncias opiáceas encontradas as mais importantes são: a beta-endorfina, a dinorfina, a metencefalina e a leucenfalina. Esse sistema é capaz de bloquear os sinais dolorosos em seus Indicações: Dor aguda; Dor crônica. Contraindicações: Poucos problemas são relatados pela literatura. Os principais cuidados são em relação à área cardíaca e ao uso de marca-passo. Dores não diagnosticadas ou de origem desconhecida não indicam o TENS. Microcorrentes Tipo de eletroestimulação que utiliza correntes com parâmetros de intensidade na faixa dos microamperes e são de baixa frequência, podendo ser utilizada de forma contínua ou alternada. O modo normal de aplicação não consegue ativar as fibras nervosas sensoriais subcutâneas e, dessa forma, os pacientes não têm nenhuma percepção de sensação de formigamento, comumente relatada. Essa forma de estimulação elétrica tende a ser em nível subsensorial ou sensorial muito baixo, com operação abaixo de 1000 microamperes. O plano de atuação das microcorrentes é profundo, podendo atingir nível muscular e apresenta- se com imediata atuação no plano cutâneo e subcutâneo. Em comparação com o TENS, a terapia com microcorrentes, além de eliminar a dor ou reduzi-la, acelera o processo curativo. Efeitos fisiológicos: Restabelecimento da bioeletricidade tecidual por trauma; Síntese de adenosina trifosfato (ATP); Transporte ativo de aminoácidos; Síntese de proteínas; Aumento do transporte ativo através da membrana; Ação de mobilização proteica no sistema linfático; Efeitos terapêuticos; Analgesia; Aceleração do processo de reparação tecidual; Reparação de fraturas/aumento da osteogênese; Ação anti-inflamatória; Ação bactericida /redução de edema Relaxamento muscular melhora do cansaço muscular após atividade. Indicações: Cicatrizes; Rupturas miotendinosas, tendinites, tenosinovites Pós-operatório imediato; Úlceras de decúbito; Síndromes dolorosas; Fraturas; Recuperação de queimaduras; Estética – nos processo de rejuvenescimento. Contraindicações: Alergia ou irritação de pele provocada pela corrente elétrica; Gravidez (sobre a região uterina); Eixo de marca-passo. Termoterapia Modalidade terapêutica na qual são utilizados agentes térmicos como princípio de tratamento. Calor: é a energia em trânsito, ou seja, é a energia que se transfere de um corpo para outro, quando entre eles existir diferença de temperatura. Temperatura: é o grau de agitação térmica de um corpo. Isso fornece o quanto de energia o corpo possui. Para que o aquecimento terapêutico seja eficaz, o nível de temperatura deve ser de 40 a 45º.C (o excesso pode causar lesões teciduais; temperaturas menores podem não atingir o efeito terapêutico desejado). Modalidades termoterápicas Condução: é um método de transferência de calor em que o movimento cinético de átomos e moléculas de um objeto é passado para outro. Na prática terapêutica se dá pelo contato direto da pele com agentes termoterápicos de consistência física mais sólida ou pastosa. É uma aplicação superficial que se limita à região cutânea, alcançando uma profundidade de 1cm aproximadamente, não alterando os tecidos mais profundos, exceto por reações reflexas; Convecção: é o movimento de moléculas móveis no meio de um fluido, ou seja, em líquido ou formação gasosa (turbilhão, forno de Bier, sauna); Conversão: trata-se da conversão de fótons, energia elétrica ou sônica em calor. Tem por base o efeito Joule, o qual utiliza a resistência dos tecidos quando da passagem da corrente elétrica para a produção de calor (ondas curtas, micro-ondas, ultrassom, infravermelho). É uma terapêutica de calor profundo; Seleção da modalidade terapêutica: deve se selecionar a modalidade que produzirá a maior temperatura no local da lesão, sem exceder os limites de tolerância dos tecidos superiores ou inferiores. Devem ser levados em conta os seguintes pontos: Doença crônica ou aguda; Lesão superficial ou profunda; Intensidade do agente. Efeitos fisiológicos genéricos da termoterapia: Produção de calor; vasodilatação; aumento do fluxo sanguíneo; aumento do metabolismo; aumento da viscoelasticidade dos tecidos; diminuição de atividade do fuso muscular; diminuição da excitabilidade dos nervos; facilitação da atividade muscular; aumento da temperatura corpórea; diminuição da pressão sanguínea; aumento de atividade das glândulas sudoríparas; aumento do consumo de oxigênio; aumento da atividade enzimática; diminuição da viscosidade intra-articular; aumento da permeabilidade celular; aumento da fagocitose; aumento da eliminação de metabólitos; aumento do débito cardíaco; Efeitos terapêuticos genéricos da termoterapia: Diminuição da rigidez articular; alívio da dor; diminuição do espasmo muscular; ação anti- inflamatória; relaxamento muscular; aumento da imunidade. Modalidades termoterápicas: Compressas quentes, bolsa térmica, hydrocollator Banho de parafina Forno de Bier Ultrassom Ultrasom São ondas sonoras (vibrações mecânicas) não percebidas pelo ouvido humano, cujas faixas terapêuticas encontram-se na faixa de 1MHz e 3MHz. Essas ondas são produzidas a partir da transformação da corrente comercial em corrente de alta frequência que, ao incidir sobre um cristal (quartzo) faz com que o mesmo se comprima e se dilate alternadamente, emitindo ondas ultrassônicas na mesma frequência da corrente recebida (acima de 20.000Hz). Som: toda onda mecânica perceptível a ouvido humano. Onda: toda perturbação que se propaga no espaço, afastando-se do ponto de origem. Propaga energia e não matéria. A frequência utilizada com fins terapêuticos varia de 0,7 a 3Hz. Reflexão: dá-se quando uma onda emitida volta ao meio de origem, conservando sua frequência e velocidade. A reflexão em uma superfície ocorre quando a impedância acústica dos meios for diferente. Se os dois meios possuírem a mesma impedância acústica, isso não ocorrerá; Refração: dá-se quando uma onda emitida passa para outro meio, sofrendo mudança na sua velocidade, mas conservando sua frequência. Absorção: é a capacidade de retenção da energia acústica do meio exposto às ondas ultrassônicas onde são absorvidas pelo tecido e transformadas em calor. As proteínas são as que maisabsorvem a energia ultrassônica. Em função disso, tecidos ricos em colágeno absorvem grande parte da energia do feixe ultrassônico que os atravessa. Quanto maior a frequência do ultrassom, menor o comprimento de onda, maior será a absorção; Efeito piezoelétrico: o ultrassom é gerado por um transdutor. O transdutor é um dispositivo que transforma uma forma de energia em outra. O transdutor mais comumente utilizado no ultrassom transforma energia elétrica em energia mecânica. Isso é conhecido como efeito piezoelétrico Cavitação: Estável: as bolhas de gás que são formadas nos líquidos orgânicos sofrem ação das ondas sonoras na fase de compressão e de tração; Instável: se a intensidade for muito elevada ou o feixe ultrassônico ficar estacionário, vai ocorrer colabamento dessas bolhas; ganham energia, entram em ressonância até “explodirem”, provocando um aquecimento muito grande a esse nível No tocante à profundidade: 1Mhz: penetração de 2,5cm a 5cm - profundo 3Mhz: menos de 2,5cm – superficial Efeitos fisiológicos: Mecânico: micromassagem celular (modo contínuo e pulsado); Aumento da permeabilidade da membrana: alteração do potencial da membrana e aceleração dos processos osmóticos com consequente aumento do metabolismo; Efeito térmico: baseado no efeito Joule. É causado pela absorção das ondas ultrassonoras à medida que penetram nas estruturas tratadas. Vasodilatação: considerado como um fator protetor destinado a manter a temperatura corporal dentro dos limites fisiológicos; Aumento do fluxo sanguíneo: ocorre em virtude da vasodilatação, podendo acontecer também através da estimulação reflexa segmentar com ação na região paravertebral. Há autores que afirmam que o fluxo sanguíneo continua elevado por 45 a 60 min após a aplicação do US; Aumento do metabolismo: a lei de Van’t Hoff relaciona o aumento de temperatura com a taxa metabólica (aumento de 1º.C na temperatura corpórea provoca aumento de 10% da taxa metabólica); Ação tixotrópica: propriedade do ultrasssom de “amolecer” estruturas com maior consistência física; Ação reflexa: liberação de substâncias ativas farmacológicas, principalmente a histamina; Efeito sobre os nervos periféricos : sob a forma contínua afeta a velocidade de condução nervosa; Efeitos terapêuticos: anti-inflamatório; analgésico; fibrinolítico; regeneração tissular; relaxamento muscular; regeneração óssea; Indicações: Fraturas; Lombalgias; Lombociatalgias; Cervicobraquialgias; Espondilalgias; Epicondilites; Tendinites; Bursites; Fascites; ...... Contraindicações: Áreas com insuficiência vascular; Aplicação nos olhos; Útero grávido; Sobre área cardíaca; Espondilartrose lombar; Tumores malignos; Testículos/gônadas; Sobre tromboflebites; Osteoporose; Doenças reumatológicas com características degenerativas; Diabetes mellitus; Perda de sensibilidade; Pontas ósseas; Diretamente sobre marca-passo cardíaco.
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