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PRÁTICA PENAL -FASE PROCESSUAL – MEMORIAIS

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22/11/2015 PRÁTICA PENAL ­FASE PROCESSUAL – MEMORIAIS (7.2) « PARA ACESSAR O MATERIAL ATUALIZADO, ACESSE: www.forumcriminal.…
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Memoriais
Fundamento: artigos 403, § 3º, e 404, parágrafo único, ambos do CPP.
Conceito:  é  a  peça  cabível  ao  término  da  instrução  probatória,  em  substituição  aos
debates orais – encerrada a audiência, as partes manifestam­se oralmente, e, logo após, é
proferida  a  sentença.  No  entanto,  em  hipóteses  excepcionais,  a manifestação  pode  ser
feita  por  meio  de  memoriais  (ou  seja,  por  escrito,  em  petição  endereçada  ao  juiz  que
proferirá a sentença).
Prazo: 05 (cinco) dias.
Como  identificá­los:  o  problema  dirá  que  já  ocorreu  a  audiência  de  instrução  e
julgamento, mas não  fará qualquer menção à sentença. Vejamos o enunciado a seguir,
extraído do Exame de Ordem 2009.2: Na fase processual prevista no art. 402 do Código de
Processo Penal, as partes nada requereram. Em manifestação escrita, o Ministério Público
pugnou  pela  condenação  do  réu  nos  exatos  termos  da  denúncia,  tendo  o  réu,  então,
constituído advogado, o qual foi intimado, em 15/6/2009, segunda­feira, para apresentação
da peça processual cabível.
Dica: no rito do júri, é o momento para pedir a absolvição sumária prevista no artigo 415 do
CPP.  Da  sentença  de  absolvição  sumária,  cabe  apelação  –  para  a  acusação,
evidentemente.
Importante: peça todos os benefícios possíveis para o caso de uma eventual condenação,
como a fixação de pena no mínimo legal ou a sua substituição, ainda que a tese principal
de defesa seja absolutória. Explico: na prova 2009.2, o CESPE trouxe diversos quesitos
nesse sentido. Peque pelo excesso, mas não deixe de alegar tudo o que for favorável ao
réu.
Atenção: a ausência de memoriais gera nulidade absoluta do processo. Por esse motivo, o
juiz não pode mandar desentranhá­los por terem sido oferecidos fora do prazo.
Comentários:  peça  com  imensas  chances  de  cair.  Como  há  uma  infinidade  de  teses
possíveis, pode ser a escolhida da FGV para o Exame de Ordem 2010.2.
 
Memoriais – Problemas
PROBLEMA
Carlito, de 20 anos, foi denunciado pela prática do crime previsto no artigo 157, § 2º, I e III,
do CP, pois subtraiu, mediante grave ameaça, a quantia de R$ 10 mil reais que estava em
poder da vítima José, motoboy da empresa Valores S.A. Iniciada a audiência de instrução e
julgamento, Carlito foi o primeiro a ser ouvido, e confessou a prática do crime. No entanto,
afirmou  desconhecer  o  fato  de  a  vítima  estar  transportando  a  vultosa  quantia.  Logo  em
seguida, foi ouvida a vítima, José, que reconheceu o acusado, e relatou estar, no momento
do roubo – que ocorreu mediante o emprego de arma de fogo ­, transportando até o Banco
Dinheiro  a  quantia  pertencente  à  empresa  Valores  S.A.,  para  que  fosse  depositada.
Afirmou ainda que, quando o acusado tomou­lhe a mochila onde estava o dinheiro, apenas
questionou se havia um celular em seu interior, sem fazer qualquer menção aos R$ 10 mil,
22/11/2015 PRÁTICA PENAL ­FASE PROCESSUAL – MEMORIAIS (7.2) « PARA ACESSAR O MATERIAL ATUALIZADO, ACESSE: www.forumcriminal.…
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pois possivelmente desconhecia a existência do dinheiro. Submetido o revólver utilizado
no crime à perícia, ficou comprovado um defeito que impossibilita o seu uso. O Ministério
Público, em alegações por escrito, pediu a condenação de Carlito nos termos da denúncia.
Como advogado, elabore a peça adequada ao caso.
SOLUÇÃO
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CRIMINAL DA COMARCA
DE ____.
Processo n.:____,
CARLITO, já qualificado nos autos do processo criminal em epígrafe, vem à presença de
Vossa  Excelência,  dentro  do  prazo  legal,  por  intermédio  do  seu  advogado  (procuração
anexada), apresentar MEMORIAIS, com fulcro no artigo 403, § 3º, do Código de Processo
Penal, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:
I. DOS FATOS
Segundo a denúncia, no dia ____, o acusado subtraiu, mediante o emprego de arma de
fogo, a mochila pertencente à vítima, José, que transportava, naquele momento, a quantia
de R$ 10 mil pertencentes à empresa em que trabalha.
Recebida  a  denúncia,  e  apresentada,  dentro  do  prazo  legal,  resposta  à  acusação,  foi
designada e realizada audiência de instrução e julgamento, em que o réu foi o primeiro a
ser ouvido.
Naquela oportunidade, o acusado confessou o crime, mas afirmou desconhecer o fato de a
vítima estar transportando a quantia pertencente à pessoa jurídica Valores S.A.
A  vítima,  ouvida  em  seguida,  afirmou  que  o  acusado,  aparentemente,  desconhecia  a
existência da quantia, visto que somente fez referência à existência ou não de um telefone
celular no interior da mochila.
A arma do crime, um revólver calibre 38, segundo a perícia de  fls. ____/____, é  inócua,
pois possui um defeito que impossibilita o seu uso.
O  Ministério  Público,  em  memoriais,  requereu  a  condenação  de  Carlito  nos  termos  da
denúncia, pela prática do crime previsto no artigo 157, § 2º, I e III, do Código Penal.
II. DO DIREITO
Entretanto,  como  veremos  a  seguir,  o  entendimento  do Parquet  não  encontra  respaldo
legal, não sendo possível, portanto, a condenação do acusado nos termos da denúncia.
a) Preliminar – Nulidade
De acordo  com o artigo 400 do Código de Processo Penal,  a  audiência  de  instrução e
julgamento deve seguir a seguinte ordem, sob pena de nulidade:
“Na  audiência  de  instrução  e  julgamento,  a  ser  realizada  no  prazo  máximo  de  60
(sessenta)  dias,  proceder­se­á  à  tomada  de  declarações  do  ofendido,  à  inquirição  das
testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto
no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao
reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando­se, em seguida, o acusado”.
No  presente  caso,  como  já  relatado  anteriormente,  ocorreu  a  inversão  dos  atos,  tendo
ocorrido, primeiramente, o interrogatório do acusado, e só após foi ouvida a vítima.
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Portanto,  nos  termos  do  artigo  564,  IV,  do  Código  de  Processo  Penal,  a  audiência  de
instrução e julgamento é nula, devendo ser novamente realizada.
b) Da Inexistência das Causas de Aumento
Em relação à causa de aumento referente à vítima que “está em serviço de transporte de
valores”, é  importante  ressaltar que o  réu desconhecia a situação, como relatou em seu
interrogatório.
A vítima, no mesmo sentido, afirmou que o réu demonstrou desconhecer a existência da
quantia roubada – em verdade, o interesse maior do réu era, aparentemente, a subtração
de um telefone celular.
Segundo o artigo 157, § 2º, III, do Código Penal, é necessário que o agente saiba que a
vítima está, no momento do crime, realizando o transporte de valores – a subtração do bem
transportado, destarte, deve ser o objetivo do delito. Contudo, no caso em debate, não se
verifica tal situação.
Quanto à causa de aumento do uso de arma, prevista no artigo 157, § 2º,  I,  do Código
Penal, o seu afastamento se faz necessário, visto que o laudo de potencial lesivo provou a
sua inépcia para o disparo de projéteis.
Destarte,  as  duas  causas  de  aumento  não  podem  prosperar,  visto  que,  no  caso  em
julgamento,  não  encontram  embasamento  legal  para  serem  aplicadas.  Ademais,  a
audiência  foi  realizada  em  desconformidadecom os  ditames  legais,  sendo  imperiosa  a
declaração de sua nulidade.
“Ex  positis”,  requer  seja  declarada  a  nulidade  do  processo  desde  o  interrogatório  do
acusado,  realizado em inversão à ordem determinada pela legislação, com fulcro no artigo
564, IV, do Código de Processo Penal.
Subsidiariamente, caso Vossa Excelência entenda de forma diversa, requer o afastamento
de  ambas  as  causas  de  aumento  de  pena,  haja  vista  a  sua  inocorrência,  bem  como  a
aplicação das atenuantes da confissão espontânea e da menoridade relativa, com base no
artigo 65, incisos I e II, “d”, do Código Penal.
Nos termos acima, pede deferimento.
Comarca, data.
Advogado,
OAB/___ n. ____.

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