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1 1 Direito Tributário II Parte 2 Por Rommel Andriotti 2º Semestre de 2013 2 Direito falimentar pt. 2 – Rommel Andriotti 1. Lançamento Tributário Aula 09 (09.10.2013) - CTN, art 142 a 150) 1.1 Crédito tributário vs Débito tributário Crédito e débito tributário são a mesma coisa. Na verdade, eles são duas facetas da mesma moeda, sendo que na perspectiva de um sujeito da relação esse valor é passivo e do outro lado ativo. 1.2 Constituição do crédito Trata-se do surgimento/nascimento do crédito tributário. Teoricamente a obrigação tributária surge com a prática do fato imponível. No entanto, o código, no artigo 142 diz diferente: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Então, se formos prestar exames de ordem, etc, a resposta esperada é a do código, ou seja, a constituição do crédito tributário se dá com o lançamento, e não com o fato imponível. Academicamente, é majoritária a posição de que a constituição do crédito tributário se dá abstratamente com a prática do fato imponível. 1.3 Lançamento Tributário Ato administrativo (CTN, art. 142), da categoria dos simples, modificativos, ou assecuratórios e vinculados (CTN, art. 142, par. único), mediante o qual se declara o acontecimento de fato jurídico tributável, se identifica o sujeito passivo da obigação correspondente, se determina a base de 3 Direito falimentar pt. 2 – Rommel Andriotti cálculo e a alíquota aplicável, formalizando o crédito e estipulando os termos de sua exigência. - Paulo de Barros Carvalho 1.4 Mas para que serve o lançamento? Quando há a prática de um fato imponível, a obrigação é que surge é ilíquida, incerta e inexigível. O lançamento fará com que o crédito seja formalizado, ou seja, o transformará em uma obrigação líquida, certa e exigível. Essa formalização declara que o fato imponível realmente aconteceu, indica quem é o sujeito passivo da obrigação tributária (normalmente previsto em lei), estabelece a base de cálculo e a alíquota aplicável (Previsto em lei), por fim estabelecendo os termos da exigibilidade do tributo. Uma definição mais simples para o lançamento é o ato de aplicação da lei tributária material ao caso concreto. Alberto Xavier Nota: O responsável pelo lançamento tributário é o sujeito ativo. Nos casos de parafiscalidade a responsabilidade pelo lançamento passa a ser do ente delegado, ainda que seja sujeito de direito privado. Nota 2: Antigamente não havia como pagar o tributo sem o carnê do IPTU. Hoje em dia há uma importância menor para o envio da formalização do crédito (A folhinha ou carnê). Atualmente qualquer um que tenha o número do contribuinte pode realizar o pagamento sem problemas no banco, intenet banking, etc. Em alguns casos, quem estipula lançamento tributário é o próprio sujeito passivo, quando o lançamento se demonstra muito dificultoso ao fisco. O melhor exemplo é o pagamento do ICMS, pois nesse caso o próprio sujeito passivo faz a formalização do tributo que que ele mesmo vai pagar. O 4 Direito falimentar pt. 2 – Rommel Andriotti dono da loja de roupa não fica esperando o fisco enviar o cálculo de ICMS pela venda de todas as roupas que ele venderá. O próprio contador dele fará o cálculo, e então ele pagará o valor encontrado. A única diferença nesses casos é que o fisco poderá homologar o cálculo ou não. Por incrível que pareça, na maior parte dos tributos essa formalização é feita da segunda forma, pelo sujeito passivo, pois o fisco não tem recursos humanos suficientes para formalizar todos os tributos do país inteiro. 1.5 Natureza jurídica do lançamento O lançamento é um ato jurídico administrativo. Mas o código diz que lançamento é "procedimento administrativo" tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. 1.5.1 Observações sobre a definição do código Não se trata de procedimento, mas sim de ato administrativo. Procedimento é um conjunto de atos. Propor penalidade cabível não se trata no caso, pois confunde-se ato fiscais com atos sancionatórios. 1.6 Vinculação É ato vinculado: Art. 142. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. 1.7 Irretroatividade Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, 5 Direito falimentar pt. 2 – Rommel Andriotti ainda que posteriormente modificada ou revogada. Deve-se aplicar a lei em vigor por ocasião da ocorrência do fato imponível. Mas cuidado pois há exceções à irretroatividade no artigo 106, CTN. A que mais nos interessa no momento é: Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Então, se a lei posterior prever uma penalidade menos gravosa, aplica-se a penalidade da menos gravosa. Na próxima aula: modalidades de lançamento (direto/ofício; misto/declaração; por homologação/autolançamento) 2. Modalidades de lançamento tributário Aula 10 (16.10.2013) A doutrina critica o termo modalidades, sendo que na verdade as modalidades são de procedimento, e não de lançamento. Para alcançar as modalidades, levaremos em consideração quem participa da formalização do lançamento. Para se saber a qual modalidade especificamente se destina alguns tributos, consulta-se a lei que o prevê. 2.1 Direto ou de ofício (CTN, art. 149) Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: I - quando a lei assim o determine; 6 Direito falimentar pt. 2 – Rommel Andriotti Participa desse lançamento a autoridade administrativa (fisco), realizando todo o lançamento. Esse artigo 149 contém nove incisos. Os oito restantes serão comentados posteriormente. Ex.: IPTU. No caso desse tributo, toda a declaração da ocorrência do fato é realizada completamente pela prefeitura. Ex. 2: IPVA. O contribuinte não precisa fazer nada para honrar com as obrigações do IPVA. 2.2 Misto ou Por Declaração CTN, art. 147 Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. Participam desse lançamento o sujeito passivo e o fisco. Nesse caso, o sujeito passivo presta ao fisco informações, e então o fisco verifica a incidência do tributo e formaliza o crédito realizando o lançamento tributário. Após o lançamento o contribuinte realiza o pagamento do que for indicado. Alguns dizem que atualmente não há nenhum exemplo de tributo brasileiro se submete a este tipo de modalidade. Outros autores indicam pelo menos três exemplos. 2.2.1 Tributos que incidam sobre comércio exterior ITBI - quando alguém compra um imóvel, e vai realizar a averbação, é necessário demonstrar o pagamento do ITBI.O contribuinte então informa uma série de informações ao sistema de prefeitura, que informará pra ele, usando valores e tabelas próprias, quanto o contribuinte deverá pagar. 7 Direito falimentar pt. 2 – Rommel Andriotti 2.3. Por homologação ou auto lançamento (CTN, art. 150) Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. Participa do "lançamento" somente o sujeito passivo, que declara a ocorrência do fato tributável, verifica a base de cálculo e alíquota, faz a conta, formaliza a obrigação tributária, e por fim realiza o pagamento. Ex.: ICMS. O vendedor que realiza todo o procedimento do lançamento, e o eventual pagamento. Na maior parte dos casos o ISS também se enquadra nessa modalidade. Atenção pois o imposto de renda faz parte da terceira modalidade. Embora haja uma "declaração" de renda, é o contribuinte que realiza todo o procedimento, cabendo depois ao fisco Esse é o único caso em que o pagamento não necessariamente extingue a obrigação tributária, pois será necessária a homologação pelo fisco, que pode ser feita de forma expressa (o fisco declara que o tributo foi pago corretamente), ou tacitamente, quando o fisco não anuncia nada e, se terminar o prazo do CTN, o pagamento se presumirá homologado: CTN. Art. 150. § 4º - Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se 8 Direito falimentar pt. 2 – Rommel Andriotti comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. 2.4 Lançamento x notificação do lançamento O que o contribuinte recebe em seu domicílio é a notificação do lançamento, e não o lançamento em si. A notificação do lançamento está para o lançamento como a intimação da sentença está para a sentença. 2.5 Auto de infração Na hipótese de o cálculo/pagamento feito pelo contribuinte estiver errado, o fisco pune o cidadão com o auto de infração. Nesse auto, há simultaneamente a prática de quatro atos administrativos: Lançamento - lançamento direto do valor correto a ser pago; Auto de infração - o oficial informa que o valor foi pago incorretamente e a multa é cabível; Notificação do lançamento - a correspondência é um ato de notificação do ato administrativo; Notificação do auto de infração - a correspondência é um ato de notificação do ato administrativo; 2.6 Alteração CTN, Art. 145 a 149 Art. 145. O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser alterado em virtude de: I - impugnação do sujeito passivo; Se por alguma razão o contribuinte não concordar com a cobrança, ele pode impugnar o valor; II - recurso de ofício; Veremos posteriormente, no semestre que vem; 9 Direito falimentar pt. 2 – Rommel Andriotti III - iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no artigo 149. Lembra que o 149 tinha 9 incisos e só vimos 1? Então, é aqui que entram os restantes. Leia atentamente os incisos. I - quando a lei assim o determine; II - quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária; III - quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recuse-se a prestá-lo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade; IV - quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória; V - quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte; VI - quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária; 10 Direito falimentar pt. 2 – Rommel Andriotti VII - quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação; VIII - quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior; IX - quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial. Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública. Para esse parágrafo único, leia-se antes a decadência. A veremos no final da matéria. 3. Suspensão do crédito tributário Aula 11 (23.10.2013) CTN, 151 a 155 A Logo a princípio, critica-se a frase "suspensão do crédito tributário", pois na verdade, o que há é a suspensão da exigibilidade do crédito tributário. A suspensão é um período que, praticado um fato, evita temporariamente que o fisco execute a dívida. Obs.: ainda que diante da suspensão do crédito tributário, as obrigações acessórias permanecem, conforme par. Único do 151 do CTN. Obs. 2: se alguém não tem dívida nenhuma com o fisco, ela pode obter uma certidão negativa de débito. Mas e quem tem dívidas suspensas? Nesse caso, é possível obter uma certidão positiva com efeitos de negativa. 11 Direito falimentar pt. 2 – Rommel Andriotti Existe classificação para as causas desse período (art. 151): 3.1 Moratória Dilação do prazo estipulado para o normal recolhimento do tributo, mediante regramento detalhado e sujeito a diversos requisitos. A moratória é concedida sempre pelo fisco, e as situações de moratória são previstas em lei, já que trata-se de dinheiro público. art. 152. A moratória somente pode ser concedida: I - em caráter geral: a) pela pessoa jurídica de direito público competente para instituir o tributo a que se refira; b) pela União, quanto a tributos de competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, quando simultaneamente concedida quanto aos tributos de competência federal e às obrigações de direito privado; Esse dispositivo é muito criticado e considerado inconstitucional, pois lesa o princípio federativo. II - em caráter individual, por despacho da autoridade administrativa, desde que autorizada por lei nas condições do inciso anterior. Parágrafo único. A lei concessiva de moratória pode circunscrever expressamente a sua aplicabilidade à determinada região do território da pessoa jurídica de direito público que a expedir, ou 12 Direito falimentar pt. 2 – Rommel Andriotti a determinada classe ou categoria de sujeitos passivos. 3.2 Parcelamento Forma de pagamento de débito tributário após o período de seus vencimentos, em prestação mensais durante alongado período de tempo. Esse não é aqueles casos de parcelamento de IPTU e IPVA. Nessa situação, surge a obrigação tributária, o contribuinte não paga, e surge uma oportunidade de o contribuinte arcar com suas dívidas. Os parcelamentos são muito vantajosos para o contribuinte. Enquanto ele está adimplente com os pagamentos mensais, a dívidaestará suspensa. Art. 155-A. O parcelamento será concedido na forma e condição estabelecidas em lei específica. § 1º - Salvo disposição de lei em contrário, o parcelamento do crédito tributário não exclui a incidência de juros e multas. § 2º - Aplicam-se, subsidiariamente, ao parcelamento as disposições desta Lei, relativas à moratória. § 3º - Lei específica disporá sobre as condições de parcelamento dos créditos tributários do devedor em recuperação judicial. § 4º - A inexistência da lei específica a que se refere o § 3º deste artigo importa na aplicação das leis gerais de parcelamento do ente da Federação ao devedor em recuperação judicial, não podendo, neste caso, ser o prazo de parcelamento inferior ao concedido pela lei federal específica. 13 Direito falimentar pt. 2 – Rommel Andriotti 3.3 A suspensão por impugnação ou defesa administrativa Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; Caso o contribuinte não concorde com uma cobrança, ele tem duas opções, podendo ou agir em esfera administrativa ou em judicial (não é possível as duas simultaneamente). No entanto, em termos de ajuizamento de demanda judicial, o efeito suspensivo não é automático. O advogado pode conseguir a suspensão mediante concessão de medida liminar ou antecipação de tutela: Art. 151. IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança; V - a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; Se o contribuinte não conseguir a concessão, ele pode depositar judicialmente o valor cobrado pelo fisco com a finalidade de suspender a dívida, conforme o inciso II do mesmo artigo: II - o depósito do seu montante integral; Esse depósito tem de ser integral e em dinheiro, segundo entendimento do STJ. 4. Extinção do crédito tributário Aula 12 (06.11.2013); O artigo 156 do código tributário nacional traz um rol de hipóteses que ensejam a extinção do crédito tributário: Art. 156. Extinguem o crédito tributário: 14 Direito falimentar pt. 2 – Rommel Andriotti I - o pagamento; II - a compensação; III - a transação; IV - remissão; V - a prescrição e a decadência; VI - a conversão de depósito em renda; VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º; VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164; IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória; X - a decisão judicial passada em julgado. XI - a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei. Parágrafo único. A lei disporá quanto aos efeitos da extinção total ou parcial do crédito sobre a ulterior verificação da irregularidade da sua constituição, observado o disposto nos artigos 144 e 149. O mais importante é notar que o rol desse artigo é exemplificativo, como nota-se pelo fato de que a extinção por dação em pagamento era considerada causa extintiva sem estar no rol (ela foi incluída em 2011 no inciso XI), o desaparecimento do sujeito ativo sem deixar sucessor, do 15 Direito falimentar pt. 2 – Rommel Andriotti sujeito passivo sem deixar bens, a confusão (quando cedro e devedor se confundem na mesma pressão). Comentaremos agora as principais formas de extinção. 4.1 - Pagamento O pagamento é modalidade de extinção do crédito tributário por excelência. É quando o sujeito passivo entrega o dinheiro devido ao ativo conforme esperado. Nós temos do artigo 157 até o 164 uma seção tratando somente sobre o pagamento. Alguns desses artigos estarão a seguir sem estarem comentados, pois menos importantes, mas atente para a leitura deles mesmo assim. Art. 157. A imposição de penalidade não ilide o pagamento integral do crédito tributário. Art. 158. O pagamento de um crédito não importa em presunção de pagamento: I - quando parcial, das prestações em que se decomponha; II - quando total, de outros créditos referentes ao mesmo ou a outros tributos. 4.1.1 Tempo Art. 160. Quando a legislação tributária não fixar o tempo do pagamento, o vencimento do crédito ocorre trinta dias depois da data em que se considera o sujeito passivo notificado do lançamento. Parágrafo único. A legislação tributária pode conceder desconto pela antecipação do pagamento, nas condições que estabeleça. 16 Direito falimentar pt. 2 – Rommel Andriotti Se por algum motivo não houver previsão na notificação para o pagamento, então considera-se como prazo trinta dias a partir da notificação do lançamento. Se o lançamento for por homologação, deve haver uma referência expressa na lei sobre o tempo do pagamento. 4.1.2 Lugar Art. 159. Quando a legislação tributária não dispuser a respeito, o pagamento é efetuado na repartição competente do domicílio do sujeito passivo. É o foro do domicílio do contribuinte. 4.1.3 Modo Art. 162. O pagamento é efetuado: I - em moeda corrente, cheque ou vale postal; II - nos casos previstos em lei, em estampilha, em papel selado, ou por processo mecânico. § 1º - A legislação tributária pode determinar as garantias exigidas para o pagamento por cheque ou vale postal, desde que não o torne impossível ou mais oneroso que o pagamento em moeda corrente. § 2º - O crédito pago por cheque somente se considera extinto com o resgate deste pelo sacado. § 3º - O crédito pagável em estampilha considera-se extinto com a inutilização 17 Direito falimentar pt. 2 – Rommel Andriotti regular daquela, ressalvado o disposto no artigo 150. § 4º - A perda ou destruição da estampilha, ou o erro no pagamento por esta modalidade, não dão direito a restituição, salvo nos casos expressamente previstos na legislação tributária, ou naquelas em que o erro seja imputável à autoridade administrativa. § 5º - O pagamento em papel selado ou por processo mecânico equipara-se ao pagamento em estampilha. Muitos dos modos de pagamento previstos legalmente já estão ultrapassados. Ninguém paga o tributo com papel selado ou estampilha por exemplo. Hoje em dia são aceitas novas formas de pagamento não previstas anteriormente legalmente, como o pagamento de boletos e pagamentos via internet banking. 4.1.4 Indébito tributário Arts. 165 a 169 Ocorre quando o contribuinte paga incorretamente. Dessa forma, toda a vez que o contribuinte paga algo errado em favor do fisco, há a devolução da quantia. Essa devolução deveria ser voluntária, mas normalmente isso não ocorre, sendo que o contribuinte tem que provocar o fisco para esse fazê-lo. Ha uma ação que se presta para requerer essa devolução, e essa é chamada "ação de repetição de indébito tributário". 4.2 Conversão do depósito em renda Esse depósito é aquele que já tratamos, que deve ser integral e em dinheiro, quando o contribuinte deposita o valor do tributo cobrado para 18 Direito falimentar pt. 2 – Rommel Andriotti tentar ver suspensa a exigibilidade do tributo. A conversão do depósito em renda ocorre quando o contribuinte perde uma ação em razão de uma decisão desfavorável a ele e que essa decisão seja irreformável. Quando isso ocorre, aquele depósito que ele havia feito em juízo é convertido emrenda, ou seja, é entregue ao fisco como pagamento pelo tributo. 4.3 - Pagamento antecipado E homologação do lançamento Se aplica aos tributos que se sujeitam ao lançamento por homologação ou auto lançamento. Lembre-se que nos casos de lançamento por homologação ou auto lançamento, o pagamento por si só não extingue a obrigação tributária. Como é o sujeito passivo que calcula a quantia devida, é óbvio que ele pode ter errado, sendo então imprescindível que haja a homologação, expressa ou tácita. Veja que nós temos o pagamento E homologação, portanto as duas coisas estão cumuladas. 4.4 Consignação em pagamento Art. 164. A importância de crédito tributário pode ser consignada judicialmente pelo sujeito passivo, nos casos: I - de recusa de recebimento, ou subordinação deste ao pagamento de outro tributo ou de penalidade, ou ao cumprimento de obrigação acessória; II - de subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências administrativas sem fundamento legal; III - de exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de tributo idêntico sobre um mesmo fato gerador. 19 Direito falimentar pt. 2 – Rommel Andriotti § 1º - A consignação só pode versar sobre o crédito que o consignante se propõe pagar. § 2º - Julgada procedente a consignação, o pagamento se reputa efetuado e a importância consignada é convertida em renda; julgada improcedente a consignação no todo ou em parte, cobra- se o crédito acrescido de juros de mora, sem prejuízo das penalidades cabíveis. Essa consignação não pode ser confundida com aquele depósito feito em juízo para suspender a exigibilidade do título. A consignação em pagamento é uma medida judicial que está à disposição do sujeito passivo para que ele possa realizar a liquidação do débito, nas hipóteses acima. Enquanto o depósito é realizado para discussão do valor em juízo, a consignação em pagamento tem razão para liquidar o crédito. Obviamente, a consignação para extinguir o crédito deve ser julgada procedente. 4.5 Compensação Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução maior que a correspondente ao 20 Direito falimentar pt. 2 – Rommel Andriotti juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer entre a data da compensação e a do vencimento. Art. 170-A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. Em poucas palavras, a Compensação é o encontro de contas do fisco e do contribuinte quando forem credor e devedor um do outro. A compensação para ocorrer depende de lei. A validade tem relação com o valor da compensação, sendo que se o contribuinte credor for devedor ao fisco de valor superior ao seu crédito, ele pagará ainda a diferença do que faltou. Há muitos outros detalhes abordáveis sobre a compensação, conforme trazido pelos artigos, que não serão abordados agora pois matéria do próximo semestre, mas recomenda-se a leitura dos artigos para a prova. 4.6 Transação Art. 171. A lei pode facultar, nas condições que estabeleça, aos sujeitos ativo e passivo da obrigação tributária celebrar transação que, mediante concessões mútuas, importe em determinação de litígio e conseqüente extinção de crédito tributário. Parágrafo único. A lei indicará a autoridade competente para autorizar a transação em cada caso. Acordo firmado entre fisco e contribuinte, com base em lei. 21 Direito falimentar pt. 2 – Rommel Andriotti O simples acordo não extingue a obrigação, mas sim o cumprimento dele. Logo, o que extingue na verdade é o pagamento, e não a transação propriamente dita. 4.7 Remissão Art. 172. A lei pode autorizar a autoridade administrativa a conceder, por despacho fundamentado, remissão total ou parcial do crédito tributário, atendendo: I - à situação econômica do sujeito passivo; II - ao erro ou ignorância excusáveis do sujeito passivo, quanto a matéria de fato; III - à diminuta importância do crédito tributário; IV - a considerações de eqüidade, em relação com as características pessoais ou materiais do caso; V - a condições peculiares a determinada região do território da entidade tributante. Parágrafo único. O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicando-se, quando cabível, o disposto no artigo 155. Remissão é o perdão do débito tributário (multa e correção inclusos). Não confundir remissão com anistia!!! A remissão é o perdão do tributo e a anistia é o perdão somente da multa, que pode ser parcial ou total. 4.8 Dação em pagamento de bens imóveis É entregar um bem para pagamento de um tributo. Isso deve estar previsto em lei. Além disso, entende-se que bens móveis também podem ser dados em dação. 22 Direito falimentar pt. 2 – Rommel Andriotti O problema dessa forma é a avaliação, o que resulta inúmeros litígios. 5. Decadência Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados: I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. Art. 150. § 4º - Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. 23 Direito falimentar pt. 2 – Rommel Andriotti É a decadência sob a perspectiva do fisco. É a perda do direito de lançamento pelo fisco em razão de sua inércia durante um período de tempo. Note que os marcos temporais são muito importantes aqui, trazidos pelos incisos I e II do artigo. Quanto ao inciso I, vemos que se o lançamento poderia ser feito em um ano e não foi, a decadência começa a contar do ano seguinte ao que ele deveria ser feito. Ex.: IPTU de 2013 não foi lançado. Começando a contar de 2014, a decadência se dará em 2018. Para efeitos do inciso II, temos o seguinte: 5.1 conceito A decadência nada mais é do que a perda do direito do fisco para realizar o lançamento. A decadência pode ser arquiva de ofício pelo juiz ou mediante provocação da parte. 5.2 O início da contagem de prazo Varia teorias são defendidas, e versam sobre o art. 173 e 150, par. 4º. Uma das teorias mais aceitas é a de que cada um deles se aplica a certa esfera. O 173 vale para lançamentos diretos ou mistos, enquanto o 150, par. 4º vale para os lançamentos de homologação. Art. 173.O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados: I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício 24 Direito falimentar pt. 2 – Rommel Andriotti formal, o lançamento anteriormente efetuado. O prof. Paulo de Barros Carvalho entende ser a única causa de interrupção do lançamento. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. Art. 150. § 4º - Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Na situação da exceção do final desse artigo, entende-se que se aplica o art. 173, I, CTN. 5.2.1 Observação sobre as decisões Decisão administrativa irreformável - É a decisão que na esfera administrativa é definitiva e FAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. Claro, tem que ser favorável, pois se não for não há que se falar em anulação do lançamento, sendo que o contribuinte pagará o lançamento original que estava em discussão na ação perdida. Decisão judicial transitada em julgado - É idêntica à anterior, mas judicial. 25 Direito falimentar pt. 2 – Rommel Andriotti 6. Prescrição Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva. Parágrafo único. A prescrição se interrompe: I - pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; II - pelo protesto judicial; III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo devedor. É prescrição sob a perspectiva do fisco. É a perda da ação de execução fiscal pelo seu não exercício durante um certo período de tempo. Note que aqui o lançamento já esta feito, mas não foi pago o tributo, então cabe o fisco mover a respectiva execução fiscal nesse tempo. PORTANTO, TEMOS QUE A DECADÊNCIA ESTÁ INTIMAMENTE LIGADA COM O LANÇAMENTO, ENQUANTO A PRESCRIÇÃO ESTÁ LIGADA COM A EXECUÇÃO FISCAL (“AÇÃO DE COBRANÇA DO FISCO”). 6.1 Conceito É a perda do direito da ação que protege o direito. Em outras palavras, é a perda do prazo para promover a execução fiscal. Entende-se que o juiz não pode reconhecer de ofício. 26 Direito falimentar pt. 2 – Rommel Andriotti 6.2 Início da contagem do prazo Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva. Considera-se o lançamento como definitivo quando há o transcurso do prazo de trinta dias para a impugnação. Claro que se houver a impugnação, o lançamento só será definitivo quando a questão for decidida definitivamente na esfera administrativa e tiver transcorrido o prazo dado por esta decisão. 6.3 Interrupção da contagem do prazo de prescrição Parágrafo único. A prescrição se interrompe: I - pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; II - pelo protesto judicial; III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo devedor. 6.4 Suspensão da contagem do prazo prescricional As mesmas hipóteses do 151. Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: I - moratória; II - o depósito do seu montante integral; 27 Direito falimentar pt. 2 – Rommel Andriotti III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança. V - a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; VI - o parcelamento. Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das obrigações assessórios dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela conseqüentes. Lei das execuções fiscais (6830/80), art. 2º, par. 3º § 3º - A inscrição, que se constitui no ato de controle administrativo da legalidade, será feita pelo órgão competente para apurar a liquidez e certeza do crédito e suspenderá a prescrição, para todos os efeitos de direito, por 180 dias, ou até a distribuição da execução fiscal, se esta ocorrer antes de findo aquele prazo. Conteúdo da prova Na prova cairá tudo até aqui. Dicas: Memorizar art. 151 (suspensão) Memorizar o artigo 156 (extinção) Memorizar art. 175 (exclusão do crédito tributário) 28 Direito falimentar pt. 2 – Rommel Andriotti Aula 13 (13.11.2013) 7. Exclusão do débito tributário Vão dos art. 175 ao 182 As causas são a isenção e a anistia. 7.1 Anistia É o perdão da falta cometida por aquele que comete uma infração tributária e da sua penalidade. Em outras palavras, é o perdão da multa. 7.2 Remissão É o perdão da dívida em si. 7.3 Isenção Lembrando, é hipótese de não incidência legalmente qualificada. Não é considerada modalidade de exclusão, pois em casos de isenção o tributo nunca chegou a existir. É competente o ente político competente para a instituição do tributo. CF 155, par. 2º, XII, e: Nesses casos, excepcionalmente a constituição concede isenção. As isenções podem ser revogadas, salvo se concedida por prazo certo e com condições específicas, pode ser revogada a qualquer tempo Leia-se: respeite o princípio da anterioridade prevista na constituição (art. 150, CF), matéria do fim do semestre passado. Ler a respeito de garantias e privilégios para as provas que virão. Na regimental essa matéria não cai, e está nos artigos subsequentes do CTN. FIM Por Rommel Andriotti
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