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Trabalho de Processo Civil III - Cláudio P.Batista (2)


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FACULDADE DE DIREITO
TRABALHO DE PROCESSO CIVIL III
Trabalho apresentado à disciplina de Processo Civil III, sob a orientação do Prof. Diogo Durigon, como requisito parcial para aprovação.
 Acadêmico: Cláudio Pereira Batista
Santa Cruz do Sul, novembro de 2015.
Em um determinado processo judicial, o juízo de primeiro grau de Santa Cruz do Sul, em apreciação de pedido de antecipação de tutela, negou o pedido. A parte autora, que postulou referido pedido, ingressou com Agravo de Instrumento, pois entende que haverá dano irreparável se mantida referida decisão. Na análise do Agravo de Instrumento, junto ao Tribunal de Justiça do RS, o desembargador relator conheceu do agravo, mas liminarmente negou-lhe provimento, sob fundamento de consolidação de jurisprudência. Diante de tal situação, qual será o recurso cabível na espécie, qual seu prazo e qual seu objetivo? 
 Conforme caso exposto podemos concluir que neste caso podemos utilizar o recurso conhecido como agravo interno. Ou também denominado agravo inominado ou mesmo agravinho bem como apenas agravo. Bem como entende Luiz Orione Neto esse tipo de recurso é cabível contra aquelas decisões interlocutória monocrática proferida por relator, de natureza terminativa ou definitiva, no âmbito dos tribunais capaz de causar prejuízos às partes. (Luiz Orione Neto, Recursos Cíveis, 3ª Ed. 2ª Tiragem, 2009. p.355 e 358).
 Nesse norte também tem entendimento o Tribunal de Justiça do Estado da Bahia.
	0314690-29.2012.8.05.0000   Agravo Regimental   
	Relator(a): Heloísa Pinto de Freitas Vieira Graddi
	
	Comarca: Salvador
	
	Órgão julgador: Seção Cível de Direito Público
	
	Data do julgamento: 20/02/2014
	
	Data de registro: 21/02/2014
	
	Ementa: PROCESSUAL CIVIL. DECISÃO COLEGIADA. IMPUGNAÇÃO. AGRAVO REGIMENTAL. INADEQUAÇÃO. ART. 319, RITJBA. INCIDÊNCIA. I – A teor da regra inserta no artigo 319 do Regimento Interno do Tribunal de Justiça da Bahia, o agravo interno somente é cabível contra as decisões monocráticas proferidas pelos membros do Tribunal. II - É inviável o recebimento do Agravo Regimental como se Recurso Ordinário Constitucional fosse vez que os ritos são totalmente incompatíveis, não se cogitando na aplicação do princípio da fungibilidade, na hipótese, por se tratar de erro grosseiro. III – Evidenciado que o Agravo Regimental foi interposto contra acórdão da Turma Julgadora, impositivo é o não conhecimento do recurso. AGRAVO REGIMENTAL NÃO CONHECIDO.
 De forma que também o artigo 545 e artigo 557 caput e nos parágrafos §1º-A e §1° possibilita quando cabe o uso dessa modalidade de recurso, o agravo interno. 
 No que tange o prazo para interposição para esse recurso, é de cinco dias, esse contando a partir da intimação da decisão às partes. A respeito do objetivo desse recurso e atingir a decisão monocrática afim que se tenha uma retratação do desembargador que o proferiu, para que de modo se tenha o provimento.
2. (VIII EXAME DE ORDEM UNIFICADO 2012.2 - ADAPTADA) João ingressa com uma ação ordinária em face da empresa XYZ, postulando a revisão de cláusula contratual cumulada com indenização por danos morais e materiais. Após todo o trâmite na 1ª instância, o juízo cível prolata sentença, julgando procedente apenas o pedido de revisão. Irresignado, João interpõe apelação, a qual o Tribunal dá parcial provimento, entendendo somente pelo cabimento da indenização por danos materiais. Após a publicação do acórdão, João interpõe Recurso Especial. Considerando que, em análise, não fora admitido o Recurso Especial interposto, qual será o recurso cabível, qual prazo e à quem cabe analisar o mérito? Fundamente a resposta. 
 Para tal caso quando temos negativa do recurso especial o recurso cabível para ser interposto é o agravo de instrumento, este previsto no artigo 544 do Código de Processo Civil, que conforme § 2º a petição deverá ser dirigida á presidência do tribunal de origem, com o prazo estabelecido dez dias, não dependendo de custas postais. Não se esquecendo dos requisitos estabelecidos no §1º do mesmo artigo. Há jurisprudência consolidada conforme segue para exemplificar o caso.
 Ementa: AGRAVO INTERNO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO COM PEDIDO DE EXCLUSÃO DE INSCRIÇÃO EM CADASTRO DE RESTRIÇÃO AO CRÉDITO. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA DA AÇÃO. MORA AFASTADA. DEFERIMENTO DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA EM SEDE DE EMBARGOS DECLARATÓRIOS. RECEBIMENTO DA APELAÇÃO NA MESMA DECISÃO. CASO EXCEPCIONAL. CONHECIMENTO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO. SENTENÇA QUE RECONHECE CLÁUSULAS ABUSIVAS. MANUTENÇÃO DA DECISÃO SINGULAR. O conteúdo decisório exarado nos embargos declaratórios opostos contra sentença, faz parte integrante desta, sendo atacável através do recurso de apelação. Na hipótese de tutela antecipada concedida em sede sentença, a parte prejudicada somente poderá atacar o conteúdo decisório através de dois caminhos: apelação com pedido de concessão do efeito suspensivo e, na hipótese de negativa, interpor o recurso de agravo de instrumento; ou na apelação postular ao relator o efeito suspensivo (art. 558 do CPC). Quando em caráter excepcional a tutela antecipada é concedida em sede de embargos declaratórios da sentença e, na mesma decisão, equivocadamente o recurso de apelação é recebido apenas no efeito devolutivo, em observância ao princípio constitucional da ampla defesa e direito de petição, se conhece do recurso de agravo de instrumento. Embora a decisão monocrática ora atacada tenha observado a jurisprudência majoritária do Superior Tribunal de justiça, viável a manutenção da tutela antecipada para excluir o nome do autor dos cadastros restritivos, especialmente quando reconhecida em sentença a abusividade de algumas cláusulas contratuais. Recurso de agravo interno provido. AGRAVO INTERNO PROVIDO. (Agravo Nº 70067042804, Décima Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Giovanni Conti, Julgado em 19/11/2015).
 A que desrespeita ao mérito do recurso em questão, deverá ser analisado pelo relator os pressupostos recursais, feito isso se admitido o recurso vai para decisão do colegiado. Poderá, portanto o relator se houver pedido parra tanto, desde logo, ou após ouvir as contra-razões do recorrido, atribuir efeito suspensivo ao recurso ou antecipar desde logo os efeitos da pretensão recursal. Podendo ainda requisitar informações do juiz a quo. Isto conforme (Luiz Guilherme Marinoni, Curso de Processo Civil, V. 2, 2008, p. 550).
3. Após determinada sentença, foram suscitadas, em recurso de apelação, fundamentos e pedidos que, apesar de não abordados na sentença, foram abordados na inicial assim como foram alvo de produção de provas. Tais fundamentos e pedidos podem ser discutidos no Tribunal, mesmo sem ter integrado a sentença? Fundamente sua resposta.
 Sim, pois toda matéria que mesmo que não sido abordada na sentença, mas de certa vez foi abordada na petição inicial e discutida em todo processo, poderá ser abordada na apelação de modo efeito devolutivo. Mesmo que não foram decididos todos os pontos. Cabe de certa vez analise do artigo 515 do CPC. Ainda conforme Luiz Orione o conceito de apelação não fica restrito ao princípio do duplo grau de jurisdição, malgrado seja por intermédio da apelação que o princípio atua amplamente. Que ainda por meio desse recurso que toda matéria impugnada, que seja de fato ou direito recebe no apelamento a possibilidade de ser revista, sem qualquer restrição. (Luiz Orione Neto, Recursos Cíveis, 3ª Ed. 2ª Tiragem, 2009. p.227). 
 Cabe também o entendimento jurisprudencial a seguir do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul.
 Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO COLETIVA. INÉPCIA DA PETIÇÃO NÃO VERIFICADA. EXTINÇÃO DO FEITO AFASTADA. TRANSAÇÃO ADMINISTRATIVA. JULGAMENTO DO MÉRITO NOS TERMOS DO ARTIGO 515, § 3º, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA INCIDENTE SOBRE O TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS. REPETIÇÃO DEVALORES. CABIMENTO. ATUALIZAÇÃO DO DÉBITO. ÔNUS SUCUMBENCIAIS. Inépcia da petição inicial afastada - A petição inicial não é inepta. Na exordial foram expostos os fatos e os fundamentos jurídicos com clareza, o pedido foi formulado adequadamente, com observância do que dispõe o artigo 282, do Código de Processo Civil. Extinção do feito que não se justifica. Julgamento pelo artigo 515, §3º, do CPC - Em razão do efeito devolutivo amplo do apelo, resta autorizado o imediato julgamento da controvérsia que circunda a pretensão do autor, forte no artigo 515, § 3º, do Código de Processo Civil. Por conseguinte, tendo em vista a repetitividade da matéria em análise e a desnecessidade de dilação probatória, o entendimento consolidado por esta Câmara é de que os honorários advocatícios devem ser fixados em 3% sobre o valor da condenação. Custas - No âmbito da Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, as pessoas jurídicas de direito público são isentas do pagamento d Regimento de Custas, com a redação conferida pela Lei Estadual nº 13.471/10. O ente público é responsável pelas despesas processuais elencadas no artigo 6º, "c", da Lei nº 8.121/85 em face do resultado da ADI nº 70038755864. DERAM PROVIMENTO AO RECURSO DE APELAÇÃO. UNÂNIME. (Apelação Cível Nº 70064790934, Vigésima Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Helena Marta Suarez Maciel, Julgado em 17/11/2015).
4. Após determinada sentença de parcial procedência, o autor se conformou com o resultado, entendendo que sua derrota fora pequena, de tal modo que não compensaria o tempo despendido na espera de julgamento de um recurso. Porém, o demandado acabou apresentando recurso de apelação, levando à necessidade de remessa do feito ao segundo grau. Diante disso, podemos dizer que o autor perdera a chance de obter a alteração da sentença a seu favor? Fundamente a resposta. 
 Não. Desta forma exemplificada acima o autor não perdera oportunidade de alguma mudança da sentença para seu favor. Neste caso fica ele oportunizado para interpor recurso de apelação na modalidade adesiva de acordo com o Código de Processo Civil no artigo 500 desde que tempestivo e preenchendo as condições de admissibilidade.
 Conforme entende Marinoni somente tem cabimento no caso de sucumbência recíproca, isto é quando, relativamente à determinada sentença ou acordão, sejam simultaneamente vencidas autor e réu. Nesse caso, havendo, por qualquer das partes, a interposição de apelação, embargos infringentes, recurso especial ou recurso extraordinário. (Luiz Guilherme Marinoni, Curso de Processo Civil, V. 2, 2008, p. 550). Conforme ilustra o caso acima segue jurisprudência.
 Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. RECURSO ADESIVO. EMBARGOS À EXECUÇÃO. ÔNUS SUCUMBENCIAIS. 1. Apelação do Município não conhecida quanto à compensação dos honorários advocatícios, em face da ausência de interesse recursal. 2. Manutenção dos ônus sucumbenciais tais como distribuídos em sentença, diante do decaimento recíproco das partes. 3. Honorários fixados em 5% do novo valor da execução. APELAÇÃO CONHECIDA EM PARTE. RECURSOS PARCIALMENTE PROVIDOS. (Apelação Cível Nº 70060970035, Terceira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Matilde Chabar Maia, Julgado em 20/11/2015).
5. Considere a oposição de embargos declaratórios em face de uma sentença. Considere que, na análise de tais embargos, o juiz os desacolheu e, considerando-os protelatórios, estabelecera que não suspendiam o prazo recursal da sentença, de modo que, passadas algumas semanas de sua interposição, já havia se esgotado o prazo para apelação. A partir de tal caso, faça uma análise apontando a exatidão ou equívoco de tal decisão, fundamentando-se sua posição.
 Conforme caso exposto acima o juiz tomou decisão de forma equivocada, pois, no caso não suspendem o prazo, mas de certa deverá interromper o prazo para interposição de outros recursos, por qualquer das partes conforme artigo 538 do CPC. Sendo que para o prazo de interposição destes será de cinco dias de acordo o artigo 536, que deverá ser dirigida tal petição ao juiz ou relator.
 Mais ainda de acordo Luiz Orione tais fundamentos para que ensejam o uso dos embargos declaratórios é a obscuridade, a contradição ou ainda a omissão. Daí dessa forma o que se busca desse embargo e justamente completar a decisão para que seja omissa, clara eliminando a obscuridade e suas contradições. Desse modo vale lembrar que se se interpõe esse recurso perante o mesmo juiz prolator da decisão interlocutória, sentença ou acordão. Portanto, será o mesmo juiz que irá completar ou esclarecer ato seu. (Luiz Orione Neto, Recursos Cíveis, 3ª Ed. 2ª Tiragem, 2009. p.371).
 Segue julgado para analise do direito do recurso acima citado.
 Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. Presente o erro na decisão monocrática, devem ser acolhidos os embargos de declaração, conferindo-lhes efeito infringente para anular a decisão embargada. AGRAVO DE INSTRUMENTO. DECISÃO MONOCRÁTICA. AJG. DEMONSTRAÇÃO DA NECESSIDADE DO BENEFÍCIO PLEITEADO. Comprovado pela parte agravante que faz jus ao benefício pleiteado, pois trouxe aos autos documentos capazes de dar guarida a tese de necessidade, impõe-se deferir a AJG de plano. Agravo de instrumento provido. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ACOLHIDOS. (Embargos de Declaração Nº 70067412155, Décima Terceira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Alzir Felippe Schmitz, Julgado em 20/11/2015).
Nos casos embargos protelatórios que reza artigo 538 do CPC no parágrafo único cabe o juiz declarar que são desta forma cabendo condenar o embargante a pagar ao embargado multa não excedente a 1% sobre o valor da causa. Desta forma até caberia no presente caso, mas o magistrado não declarou tal possibilidade. Para exemplificar tal entendimento na jurisprudência que segue:
 Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PROMESSA DE COMPRA E VENDA. AUSÊNCIA DE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE. EMBARGOS DECLARADOS PROTELATÓRIOS. APLICAÇÃO DE MULTA PUNITIVA. Ausência de omissão, contradição ou obscuridade no acórdão embargado (art. 535 do CPC). Pretensão do embargante de ver rediscutida matéria já apreciada por este Colegiado. Impossibilidade, segundo entendimento do STJ e desta Corte. Aplicação de multa de 1% sobre o valor da causa, por manifestamente protelatórios os embargos de declaração, nos termos do art. 538, parágrafo único, do CPC. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DESACOLHIDOS COM APLICAÇÃO DE MULTA. (Embargos de Declaração Nº 70066811936, Décima Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Giovanni Conti, Julgado em 19/11/2015). 
Desta forma chegamos a conclusão que o magistrado se equivocou-se em sua decisão de modo que não segui o artigo 538 do CPC.
REFERÊNCIAS 
- DIDIER JR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil: meios de impugnação das decisões judiciais e processo nos tribunais/ Fredie Didier Jr. Leonardo José carneiro Cunha, volume 3 – 4. Ed. Rev. Amp. e atual. de acordo com a EC/45, o Código Civil, as súmulas do STF, STJ e TST e as Lei Federais n.º 11.232/2005, 11.276/2006, 11.277/2006, 11.280/2006, 11.341/206, 11.382/2006, 11.417/2006, 11.418/2006 e 11.419/2006. Salvador: Ed. Jus Podivm, 2007.
- Vade Mecum Saraiva. Obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Luiz Roberto Curia, Livia Céspedes e Juliana Nicoletti. – 17. ed. atual. e ampl. – São Paulo: Saraiva, 2014.