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Direito ImobiliaI-rio - Unidade 6

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Núcleo de Educação a Distância
O assunto estudado por você nessa disciplina foi planejado pelo 
professor conteudista, que é o responsável pela produção de conteúdo 
didático, e foi desenvolvido e implementado por uma equipe composta 
por profissionais de diversas áreas, com o objetivo de apoiar e facilitar o 
processo ensino-aprendizagem.
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Coordenação do Núcleo de Educação a Distância: Lana Paula 
Crivelaro Monteiro de Almeida Supervisão Administrativa: 
Denise de Castro Gomes Produção de Conteúdo Didático: Darlene 
Braga Araújo Monteiro Design Instrucional: Andrea Chagas 
Alves de Almeida Projeto Instrucional: Amália Campos Farias 
Roteiro de Áudio e Vídeo: Glauber Peixoto Rocha Produção 
de Áudio e Vídeo: José Moreira de Sousa Identidade Visual/
Arte: Diego Silveira Maia Cordeiro da Silva, Sérgio Oliveira Eugênio 
de Souza, Viviane Cláudia Paiva Programação/Implementação: 
Jorge Augusto Fortes Moura Editoração: Régis da Silva Pereira 
Revisão Gramatical: Luís Carlos de Oliveira Sousa
Créditos
DIREITO IMOBILIÁRIO
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DIREITO IMOBILIÁRIO
Unidade 6: Escritura Pública
Para uma melhor compreensão do conteúdo, o objetivo da unidade será apresentado a seguir:
Objetivo
A Unidade 6 tem como objetivo o estudo do título administrativo mais utilizado 
nas transferências de direitos reais sobre imóveis: a escritura pública. No ensejo, 
apresentaremos a documentação necessária e demais exigências para a sua 
lavratura, face às determinações legais.
1 Escritura Pública
1.1 Conceito
Escritura pública é o documento ou instrumento no qual se materializa o ato jurídico ou 
contrato, praticado ou ajustado entre as partes. Chama-se esta de pública porque é feita por oficial 
público, achando-se revestida de todas as formalidades previstas em lei. Os efeitos da escritura pública 
são “interpartes”, ou seja, enquanto não registrada no cartório de registro de imóveis competente, 
somente gera efeito entre as partes contratantes.
1.2 Exigibilidade da escritura pública 
Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos 
que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de 
valor superior a trinta vezes o maior salário-mínimo vigente no País. Acrescente-se ainda que, se no 
negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem instrumento público, este é da substância 
do ato, consoante previsão constante nos Arts. 108 e 109 do Código Civil.
1.3 Exceção à exigibilidade
Sempre que se alguma lei dispor de forma contrária, fica dispensada a forma pública dos 
contratos imobiliários, mesmo que preenchidas as exigências dos artigos 108 e 109 do Código Civil. 
CC. Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial 
à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, 
modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a 
trinta vezes o maior salário-mínimo vigente no País.
Sumário: 1. Escritura Pública (3) 1.1. concEito (3) 1.2. ExigibilidadE da Escritura Pública (3) 1.3. ExcEção à ExigibilidadE 
(3) 2. VantagEns E dEsVantagEns da laVratura da Escritura Pública (4) 2.1. VantagEns (4) 2.2. dEsVantagEns (5) 3. EfEitos 
da Escritura Pública (5) 4. rEquisitos da Escritura Pública (6) 5. Estrutura básica da Escritura Pública (8) 5.1. a rEtificação 
da Escritura Pública (9) 6. Escrituras Públicas não sujEitas ao rEgistro imobiliário (10) rEfErências (12) anotaçõEs (14)
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CC. Art. 109. No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem 
instrumento público, este é da substância do ato.
Neste sentido, podemos citar como exceção à exigibilidade, os negócios jurídicos que tenham como 
objeto imóveis transacionados pelo Sistema Financeiro Habitacional, em que o contrato particular terá 
força de escritura pública (art. 61, § 5º da Lei n° 4.380/64). Some-se a este exemplo, os negócios jurídicos 
que tenham como objeto imóveis transacionados pelo Sistema Financeiro Imobiliário, em que o contrato 
particular terá efeito de escritura pública (art. 38 da Lei n° 9.514/97, alterada pela Lei nº 10.931/2004).
 A celebração de negócios jurídicos que tenham imóveis com valores inferiores a 
30 vezes o maior salário-mínimo vigente no país também não possui a escritura pública como da 
essência do ato, assim como a incorporação de bens imóveis para formação ou aumento de capital 
social de empresa (art. 64 da lei n° 8.934/94) e transferências oriundas de determinação judicial, além 
de contratos oriundos do Patrimônio da União.
Vale lembrar que mesmo nos casos em que o contrato particular poderá ser levado a registro, 
deverão ser observados os requisitos gerais e específicos para que possa ser efetivado o registro dos mesmos.
Exceções à Elegibilidade de Escritura Pública para a Transmissão de Bem Imóvel:
SFH – imóveis transacionados pelo Sistema Financeiro Habitacional, onde o contrato particular 
terá força de escritura pública (art. 61, § 5º da Lei n° 4.380/64);
SFI – imóveis transacionados pelo Sistema Financeiro Imobiliário, onde o contrato particular 
terá força de escritura pública (art. 38 da Lei n° 9.514/97, alterada pela MP n° 2.223/01);
Art. 108, CC – imóveis com valores inferiores a 30 vezes o maior salário-mínimo vigente no país;
Incorporação de bens imóveis para formação ou aumento de capital social de empresa (art. 64 
da lei n° 8.934/94);
 Instrumentos judiciais.
2 Vantagens da Lavratura de Escritura Pública
2.1 Vantagens
 A lavratura da escritura pública oferece algumas vantagens que levam algumas pessoas a optar 
por ela mesmo quando a Lei não a exige. Ela garante a segurança da validade no negócio jurídico por 
meio da observância da legislação vigente, pois os serviços públicos tem a função de garantir a eficácia 
dos atos jurídicos que lhes são apresentados; permite a publicidade do negócio jurídico efetivado, 
autorizando a qualquer interessado solicitar um traslado da escritura lavrada, mediante pagamento 
dos emolumentos devidos; possibilita o arquivamento de caráter perpétuo da documentação que 
embasou o negócio jurídico por ela formalizado em virtude da obrigação do Notário de conservar os 
livros e documentos em seu poder (Art. 1º, § 3º, Lei nº 7.433/85); atua como forma de prevenção de 
litígios, visto que devem ser observados os aspectos legais vigentes. 
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Importante
Vantagens Alferidas na Lavratura de Escritura Pública:
a) Garante a segurança da validade no negócio jurídico por meio da observância 
da legislação vigente, pois os serviços públicos tem a função de garantir a eficácia 
dos atos jurídicos que lhes são apresentados;
b) Permite a publicidade do negócio jurídico efetivado, permitindo a qualquer 
interessado solicitar um traslado da escritura lavrada mediante pagamento dos 
emolumentos devidos;
c) Possibilita o arquivamento de caráter perpétuo da documentação que embasou 
o negócio jurídico por ela formalizado em virtude da obrigação do Notário de 
conservar os livros e documentos em seu poder (Art. 1º, § 3º, Lei nº 7433/85).
Exceção: Art. 2º, DEC. 93.240;
d) Atua como forma de prevenção de litígios, visto que devem ser observados os 
aspectos legais vigentes.
2.2 Desvantagens
Como desvantagens da lavratura da escritura pública, podemos citar que onera a celebração do 
contrato, visto que serão pagos os emolumentos relativos à lavratura do instrumento público e aumenta 
o lapso temporal para celebração do documento de materialização do negócio jurídico, em virtude da 
quantidade de escrituras a serem lavradas na mesma época. Lembrando que, salvo cláusula em contrário, 
ficarão as despesas de escritura e registro a cargo do comprador, e a cargo do vendedor, as da tradição.
Importante
As Desvantagens da Lavratura de Escritura Pública:a) Onera a celebração do contrato, visto que serão pagos os emolumentos relativos 
à lavratura do instrumento público. Ver art. 490, CC;
b) Aumenta o lapso temporal para celebração do documento de materialização 
do negócio jurídico em virtude da quantidade de escrituras a serem lavradas na 
mesma época.
3 Efeitos
A escritura pública é um documento administrativo, feito perante um tabelião de notas, um 
particular a quem o Estado delega uma função pública. Em razão da delegação, o notário possui fé 
pública e, consequentemente, os atos por ele praticados possuem presunção relativa de verdade, ou 
seja, enquanto não cancelada, retificada ou anulada, produz prova plena, assim como estabelece o art. 
215 do Código Civil Brasileiro. Lavrada a escritura, tudo que nela está contido é tido como verdadeiro.
Lei
Art. 215. escritura pública, lavrada em notas de tabelião, é documento dotado de fé pública, 
fazendo prova plena.
 
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Enquanto não registrada, os efeitos da escritura ficam restritos às partes que compareceram ao 
ato, ou seja, se um imóvel for vendido, a venda somente gera efeitos para compradores e vendedores. 
Somente com o registro do título* no cartório de registro de imóveis competente (Princípio da 
Circunscrição*). Os efeitos entre as partes estão relacionados aos direitos e deveres estabelecidos e 
contraídos pelos participantes do ato solene, ou seja, da lavratura da escritura pública.
Em resumo, é possível dizer que a escritura é um documento que gera efeitos entre as partes, 
possui fé pública e pode ser apresentada para registro e gerar efeitos erga omnes*. Além disso, por 
ser feita perante um notário, fica arquivada e pode ser reconstituída a qualquer tempo, desde que 
solicitado novo traslado da mesma.
4 Requisitos
Sabe-se que os serviços notariais devem estrita observância aos Princípios da Legalidade e 
da Formalidade, razão pela qual, na lavratura de uma escritura pública, deverão ser observados os 
requisitos legais para que seja considerada válida e possa gerar os efeitos desejados pelos interessados.
Como se trata da materialização de um negócio jurídico, deve conter os requisitos de validade fixados 
no Código Civil que podem ser considerados como requisitos gerais, quais sejam: agente capaz, objeto lícito, 
possível, determinado ou determinável, forma prescrita ou não defesa em lei nos termos do Art. 104, CC.
Há ainda os requisitos específicos que devem ser observados, tendo em vista que a escritura 
pública será apresentada para registro, então, em observância aos Princípios da Continuidade e da 
Legalidade, o oficial de registro verificará, quando do exame da legalidade da escritura, se os elementos 
mencionados no documento coincidem com os constantes no registro do imóvel.
Assim, a escritura deverá conter a qualificação das partes (art. 176, da Lei nº 6.015/73, art. 1º 
“caput”, Lei nº 7.433/85, art. 1º, I, Decreto nº 93.240/86, art. 215, III, 219, CC). Se a parte for Pessoa 
Física deverá ser mencionado na escritura o nome completo, RG, CPF, nacionalidade, estado civil, 
profissão e endereço, se casado, igual qualificação do cônjuge, época do casamento e regime de bens, 
bem como, escritura de pacto antenupcial e seu registro respectivo, se for o caso. Se for Pessoa Jurídica 
deverá ser mencionado na escritura a denominação social, CNPJ, endereço da sede e representante 
legal, indicando o instrumento que lhe confere poderes de representação.
Glossário: Título - A escritura pública é considerada um título. Todos os documentos apresentados no registro 
imobiliário são denominados de títulos.
Glossário: Princípio da Circunscrição - Segundo esse princípio, o registrador de imóveis somente pode efetuar registros 
de escrituras de imóveis localizados dentro da zona imobiliária estabelecida como sendo de sua competência. Lembrando 
que a competência territorial do registrador é estabelecida por lei estadual.
Glossário: Erga Omnes são efeitos que atingem todas as pessoas que solicitarem certidão no registro de imóveis e este 
está disponível para todos como consequência do Princípio da Publicidade.
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Sobre Pacto Antenupcial e Regime de Bens, vale ressaltar os seguintes aspectos: a 
obrigatoriedade quando os nubentes escolhem um regime de bens diverso do legal; sua constituição 
se dá mediante escritura pública e registro no cartório de registro de imóveis da circunscrição do 
domicílio dos cônjuges na época do casamento ou quando do registro no cartório competente (Art. 
1.653, CC); nos casos do regime Obrigatório, qual seja, o da separação de bens, por força do art. 1.641, 
do Código Civil, não há lavratura de pacto antenupcial; o regime legal, antes da Lei nº 6.515/77, era o 
da comunhão universal de bens e após a Lei nº 6.515/77 é o da comunhão parcial de bens (art. 1.640, 
CC); o regime de bens adotado antes do advento do novo código civil era imutável (art. 1.639, § 2° c/c 
art. 2.039, CC); e atualmente existe a possibilidade de venda de imóveis entre cônjuges (art. 499, CC).
Caso conste na escritura procuradores, é necessário mencionar a qualificação do procurador 
e a forma de representação, ou seja, qual o instrumento de mandato (público, particular ou judicial). 
Deverão ainda ser qualificados na escritura os intervenientes, ou seja, pessoas interessadas no direito 
real objeto da escritura pública – art. 292, Lei nº 6.015/73; os anuentes – outorga uxória* ou autorização 
marital e descendentes, no caso de venda de imóveis de ascendentes para descendente (arts. 220, 
496,533, II, CC); as Testemunhas podem ser dispensadas consoante § 5º, art. 215, Código Civil.
Na escritura deverá ser consignada expressamente a Identificação do Objeto, ou seja, a 
caracterização física do imóvel, com indicação de suas medidas, confrontantes, pontos cardeais e áreas 
(art. 225, da Lei nº 6.015/73), conforme conste no registro. Poderá o tabelião descrever resumidamente o 
imóvel, nos termos da faculdade inscrita no art. 2º § 1º, Lei nº 7.433/85 e art. 3º, Decreto nº 93.240/86. A 
caracterização jurídica do imóvel também não pode faltar na escritura, devendo ser expressa a indicação 
do registro e do cartório respectivo (art. 222, da Lei nº 6.015/73). Quanto ao imóvel, a escritura deverá 
consignar se a venda é ad corpus ou ad mensuram, nos termos do Art. 500, Código Civil.
Atenção
Outro elemento importante da escritura é o valor do negócio, tendo em vista que 
é esse valor que vincula as partes ao fisco federal no que se refere ao imposto de 
renda. Todavia, é bom deixar claro que para fins de recolhimento do imposto 
de transmissão, o fisco municipal não se vincula à declaração feita pelas partes. 
Acrescente-se ainda que, caso haja alguém como direito de preferência sobre o imóvel 
(locatário, superficiário ou enfiteuta), esse direito será exercido tendo como base o 
valor declarado pelas partes na escritura.
Este valor será informado pelo notário através da emissão da DOI (Declaração sobre Operações 
Imobiliárias) para a secretaria da receita federal e os emolumentos das serventias notariais e de registro 
Glossário: Outorga Uxória - Autorização da esposa, cônjuge virago.
Glossário: Ad Corpus ou Ad Mensuram - Expressões latinas utilizadas para caracterizar vendas realizadas com 
vinculação às medidas exatas do imóvel (ad mensuram) ou pelo que estiver no local, ou seja, nesse caso, o preço não 
está vinculado às medidas do imóvel (ad corpus).
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(lavratura de escritura e registro) serão calculados com base no valor de avaliação do fisco e não no 
valor declarado pelas partes. 
No final da escritura deverá constar as assinaturas das partes contratantes, por si ou por seus 
representantes, bem como a do tabelião que lavrou a escritura e demais comparecentes. Se algum 
comparecente não puder ou não souber escrever, outra pessoa capaz assinará por ele, a seurogo.
As Quitações de Obrigações também deverão constar na escritura, tais como a quitação 
condominial (Lei nº 4.591/64, Art. 4º, p.u e Lei nº 7.433/85, Art. 2º, § 2º); quitações fiscais; recolhimento de 
impostos (ITBI e/ou ITCD – Art. 1º, § 2º, Lei nº 7433/85, Art. 1º, II, Decreto nº 93.240/86); recolhimento 
de laudêmio devido à União (Decreto nº 95.760/88, Decreto-Lei nº 2.398/87 e Lei nº 9.636/98).
Atenção
Alguns documentos específicos que devem constar na escritura pública: autorizações 
judiciais (ex. alvará judicial para venda de bem pertencente a Espólio ou a menor); 
autorização municipal em escrituras com desmembramento ou unificação de 
terrenos; certidão do registro imobiliário com validade de 30 dias (art. 1º, IV, Decreto 
nº 93.240/86); autorização da Secretaria do Patrimônio da União para imóveis de 
marinha ou acrescidos de marinha.
5 Estrutura básica da Escritura Pública
Diante de todos os requisitos e documentos necessários à lavratura da escritura pública, 
passaremos a demonstrar a estrutura básica estabelecida pelo Código Civil.
CC. Art. 215. A escritura pública, lavrada em notas de tabelião, é documento 
dotado de fé pública, fazendo prova plena.
§ 1º Salvo quando exigidos por lei outros requisitos, a escritura pública deve 
conter:
I – data e local de sua realização;
II – reconhecimento da identidade e capacidade das partes e de quantos 
hajam comparecido ao ato, por si, como representantes, intervenientes ou 
testemunhas;
III – nome, nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e residência das 
partes e demais comparecentes, com a indicação, quando necessário, do 
regime de bens do casamento, nome do outro cônjuge e filiação;
IV – manifestação clara da vontade das partes e dos intervenientes;
V – referência ao cumprimento das exigências legais e fiscais inerentes à 
legitimidade do ato;
VI – declaração de ter sido lida na presença das partes e demais comparecentes, 
ou de que todos a leram;
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VII – assinatura das partes e dos demais comparecentes, bem como a do 
tabelião ou seu substituto legal, encerrando o ato.
§ 2o Se algum comparecente não puder ou não souber escrever, outra pessoa 
capaz assinará por ele, a seu rogo.
§ 3o A escritura será redigida na língua nacional.
§ 4o Se qualquer dos comparecentes não souber a língua nacional e o tabelião 
não entender o idioma em que se expressa, deverá comparecer tradutor público 
para servir de intérprete, ou, não o havendo na localidade, outra pessoa capaz 
que, a juízo do tabelião, tenha idoneidade e conhecimento bastantes.
§ 5o Se algum dos comparecentes não for conhecido do tabelião, nem puder 
identificar-se por documento, deverão participar do ato pelo menos duas 
testemunhas que o conheçam e atestem sua identidade.
A escritura pública conterá o reconhecimento da identidade e capacidade das partes e de 
quantos hajam comparecido ao ato, por si, como representantes, intervenientes ou testemunhas; 
nome, nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e residência das partes e demais comparecentes, 
com a indicação, quando necessário, do regime de bens do casamento, nome do outro cônjuge e 
filiação; descrição do Objeto (imóvel), podendo esta ser resumida; Título aquisitivo; Valor do negócio 
(lembrando-se dos reflexos: Tributário, Emolumentos e Direito de Preferência); Cláusulas especiais: 
transações diferentes para cada negócio jurídico; manifestação clara da vontade das partes e dos 
intervenientes; Certidão atualizada do registro do imóvel; Recolhimento do imposto devido (com 
base na avaliação do poder público, se superior ao valor do negócio); Quitações fiscais; referência ao 
cumprimento das exigências legais e fiscais inerentes à legitimidade do ato; Assinaturas; Especificação 
do ato notarial: serventia, livro, folha, data.
A escritura pública, lavrada em notas de tabelião, é documento dotado de fé pública, fazendo 
prova plena. Será redigida na língua nacional e conterá a declaração de ter sido lida na presença das 
partes e demais comparecentes ou de que todos a leram.
5.1 A Retificação da Escritura Pública
A escritura pública só pode ser corrigida com a emissão de outra escritura pública, de 
retificação. Normalmente a retificação não repete todo o ato notarial já praticado, retifica somente o 
que precisa ser corrigido e ratifica as demais partes não afetadas pela correção.
Pode ser lavrada em qualquer Ofício de Notas e não necessariamente pelo notário que lavrou a 
escritura originária. Todavia, necessita da assinatura de todos que participaram da escritura originária. 
Pode alterar, inclusive, o objeto da escritura originária e incluir novos elementos, tendo em vista que 
constitui novo ato notarial. Irá gerar um ato de averbação após o registro já realizado.
Caso se verifique o equívoco antes do registro da escritura originária, deverá apresentar a 
escritura primitiva com a re-ratificação ao cartório competente para o registro. O ofício imobiliário 
poderá praticar um só ato registral e mencionar que o está fazendo com base nos dois documentos 
apresentados que formam um só corpo jurídico.
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A depender do que se quer corrigir, cabe a lavratura de uma das escrituras:
Escritura de Re-ratificação
• Pode ser lavrada em qualquer Ofício de Notas;
• Necessita da assinatura de todos que participaram da escritura originária;
• Pode alterar, inclusive, o objeto da Escritura Originária e incluir novos elementos;
• Novo ato notarial;
• Gera averbação só após o registro da anterior.
Escritura Declaratória ou de aditamento (correção do traslado)
• Lavrada pelo mesmo tabelião que lavrou a originária;
• Só o tabelião assina;
• Corrige erros e omissões da escritura originária;
• Não pode alterar o objeto nem mencionar novo documento;
• Sempre gera averbação.
6 Escrituras Públicas não Sujeitas ao Registro Imobiliário 
É bom destacar que existem escrituras públicas que geram direitos entre as partes, mas não 
podem gerar efeitos erga omnes, ou seja, não são consideradas títulos aptos ao registro de imóveis. 
Dentre elas podemos citar a Cessão de Direitos Hereditários que habilita o cessionário a requerer 
abertura da sucessão hereditária; Transferência de posse, o qual se configura um excelente meio de 
prova em ação de usucapião.
Há ainda as escrituras de constituição de Enfiteuse que o Art. 2.038 do Código Civil proíbe 
sua constituição e mantém as existentes regulamentadas pelos Arts. 678 a 694 – Código Civil de 1916. 
Como não foram totalmente abolidas, ainda existem muitos imóveis espalhados pelo país sujeitos a 
este regime, razão pela qual é bom fixar os aspectos mais importantes sobre este instituto jurídico. 
Lei
Artigo 2.038. Fica proibida a constituição de enfiteuses e subenfiteuses, subordinando-se as 
existentes, até a sua extinção, às disposições do Código Civil anterior, Lei 3.071, de 1º de 
janeiro de 1916, e leis posteriores.
A palavra enfiteuse tem origem grega (en phyteusis), importada pelo Direito Romano, com o 
significado de plantar, semear e cultivar. Era aplicável para facilitar aos latifundiários o arrendamento 
de terras aos colonos, e poderia ser conhecida por aprazamento ou aforamento. Era o mais amplo dos 
direitos reais sobre coisas alheias. No entanto, assemelha-se à locação, possui caráter perpétuo e pode 
ser transmitida a terceiros por negócio “inter vivos” ou “causa mortis”. É a subdivisão da propriedade 
em duas partes ideais, quais sejam: domínio útil e direto. Tem como pessoas envolvidas o Senhorio 
(proprietário do domínio direto do imóvel, recebedor do foro e do laudêmio) e o Enfiteuta (proprietário 
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do domínio útil, pagador do foro e do laudêmio); e, como obrigações, o Foro (contraprestação anual 
devida pelo enfiteuta) e o Laudêmio (devido ao senhorio pelo enfiteuta no percentual de 2,5% sobre o 
preço da alienação.Não devido nas transferências não onerosas).
Possui Natureza Jurídica de Direito Real sobre coisa alheia (jus in re aliena), tendo como objeto 
terras não cultivadas, destinadas a construção e terrenos de marinha. Antigamente eram registradas nas 
inscrições enfitêuticas ou nas matrículas dos imóveis. Têm como formas de extinção a Escritura Pública 
de Resgate de Aforamento; Ação Judicial (resgate ou desconstituição); Usucapião; Desapropriação; 
Falecimento do enfiteuta, sem herdeiros; Deterioração ou destruição do prédio aforado ou o Comisso, 
que consiste no não pagamento do foro por três anos consecutivos, que extingue o aprazamento com 
a consolidação da propriedade em nome do senhorio direto.
O primeiro livro indicado apresenta a grande vantagem do serviço notarial para a 
sociedade: a segurança jurídica, a qual se reflete em pacificação social. O segundo 
oferece ao leitor uma visão completa da atividade notarial e da lavratura de escrituras.
1) COMASSETTO, Miriam Saccol. A Função Notarial como forma de prevenção 
de litígios. Porto Alegre: Ed. Norton, 2002.
2) BRANDELLI, Leonardo. Teoria Geral do Direito Notarial. Porto Alegre: 
Livraria do Advogado, 1998.
Leitura Complementar
Concluímos mais uma unidade da disciplina. Agora é momento de 
você interagir com seus colegas no ambiente virtual de aprendizagem. 
Aproveite para tirar todas suas dúvidas!
Direito Imobiliário
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Referências Bibliográficas
AGHIARIAN, Hércules. Curso de Direito Imobiliário. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2001.
ALMEIDA, Júnior. Tratado Teórico e Prático dos Contratos. São Paulo. Editora Saraiva. 1999.
ARIMATÉA, José Rodrigues. O Direito de Propriedade: Limitações e Restrições Públicas. 
São Paulo: Lemos & Cruz, 2003.
ARONNE, Ricardo. Propriedade e Domínio: Reexame Sistemático das Noções Nucleares 
de Direitos Reais. Rio de Janeiro: Renovar, 1999.
BRANDELLI, Leonardo. Teoria Geral do Direito Notarial. Porto Alegre: Livraria do 
Advogado, 1998.
CAMPOS, Antônio Macedo. Comentários à Lei de Registros Públicos. São Paulo: Javoli, 1977.
CENEVIVA, Walter. Lei dos Registros Públicos Comentada. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
CHERON, Newton Cláudio. Registros Públicos: A dúvida registrária à Luz da Lei nº. 
6.015/73. Curitiba: Juruá, 2006.
COMASSETTO, Miriam Saccol. A Função Notarial como forma de prevenção de 
litígios. Porto Alegre: Ed. Norton, 2002.
DINIZ, Maria Helena. Sistemas de Registros de Imóveis. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
FOLLMER, Juliana. A atividade notarial e registral como delegação do poder público. 
Porto Alegre: Norton Editor, 2004.
JUNQUEIRA, Gabriel J. P. Teoria e Prática do direito imobiliário: aquisição, perda, 
defesa, ações: de acordo com o novo Código Civil, Lei nº. 10.406 de 10 de janeiro de 2002. 
3. ed. São Paulo: EDIPRO, 2002.
KOLLET, Ricardo Guimarães. Tabelionato de Notas. Porto Alegre: Ed. Norton, 2003.
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MEIRELLES, Helly Lopes. Direito de Construir. São Paulo: Malheiros, 1990. 
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MIRANDA, Gladson Rogério de Oliveira. Registro de Imóveis: Perguntas e Respostas. 
Porto Alegre: Norton, 2005.
PASSOS, Tatiana. Registro de Imóveis para profissionais do Direito: guia prático para o 
cotidiano jurídico-imobiliário-registral. Campinas: Russell, 2005.
PEDROTTI, Irineu Antônio, CÉSAR, José Maria de Almeida. Serviços Notariais e de 
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PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. 11. ed. Rio de Janeiro: 
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Anotações

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