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DEONTOLOGIA, ÉTICA E LEGISLAÇÃO DA MEDICINA VETERINÁRIA ORGANIZADORES ANA CAROLINA MESSIAS DE SOUZA FERREIRA DA COSTA; MICHELE MARTINS TRINDADE Deontologia, ética e legislação da m edicina veterinária GRUPO SER EDUCACIONAL Todas as pro�ssões devem seguir as regras e as leis pertinentes a sua área, mas o respeito à ética e à moral é imprescindível a qualquer prática, seja na vida pessoal ou na pro�ssional. Esta é uma obra abrangente sobre vários aspectos relacionados às leis, à moral e à ética que envolvem a prática médica veterinária. A obra oferece um conteúdo didaticamente preparado e dividido em quatro unidades, como: ética e moral na prática médica veterinária; código de ética, direitos dos animais no ensino e pesquisa; �scalização veterinária; e, por �m, defesa sanitária animal e da inspeção federal. Fundamental para seus estudos, este livro esclarece os principais pontos sobre deontologia, ética e legislação da medicina veterinária. Bons estudos! DEONTOLOGIA, ÉTICA E LEGISLAÇÃO DA MEDICINA VETERINÁRIA ORGANIZADORES ANA CAROLINA MESSIAS DE SOUZA FERREIRA DA COSTA; MICHELE MARTINS TRINDADE gente criando futuro I SBN 9786555581515 9 786555 581515 > C M Y CM MY CY CMY K DEONTOLOGIA, ÉTICA E LEGISLAÇÃO DA MEDICINA VETERINÁRIA Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional. Diretor de EAD: Enzo Moreira Gerente de design instrucional: Paulo Kazuo Kato Coordenadora de projetos EAD: Manuela Martins Alves Gomes Coordenadora educacional: Pamela Marques Equipe de apoio educacional: Caroline Guglielmi, Danise Grimm, Jaqueline Morais, Laís Pessoa Designers gráficos: Kamilla Moreira, Mário Gomes, Sérgio Ramos,Tiago da Rocha Ilustradores: Anderson Eloy, Luiz Meneghel, Vinícius Manzi Costa, Ana Carolina Messias de Souza Ferreira da. Deontologia, ética e legislação da medicina veterinária / Ana Carolina Messias de Souza Ferreira da Costa; Michele Martins Trindade. – São Paulo: Cengage, 2020. Bibliografia. ISBN 9786555581515 1. Medicina veterinária. 2. Ética - Veterinária. 3. Trindade, Michele Martins. Grupo Ser Educacional Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro CEP: 50100-160, Recife - PE PABX: (81) 3413-4611 E-mail: sereducacional@sereducacional.com “É através da educação que a igualdade de oportunidades surge, e, com isso, há um maior desenvolvimento econômico e social para a nação. Há alguns anos, o Brasil vive um período de mudanças, e, assim, a educação também passa por tais transformações. A demanda por mão de obra qualificada, o aumento da competitividade e a produtividade fizeram com que o Ensino Superior ganhasse força e fosse tratado como prioridade para o Brasil. O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – Pronatec, tem como objetivo atender a essa demanda e ajudar o País a qualificar seus cidadãos em suas formações, contribuindo para o desenvolvimento da economia, da crescente globalização, além de garantir o exercício da democracia com a ampliação da escolaridade. Dessa forma, as instituições do Grupo Ser Educacional buscam ampliar as competências básicas da educação de seus estudantes, além de oferecer- lhes uma sólida formação técnica, sempre pensando nas ações dos alunos no contexto da sociedade.” Janguiê Diniz PALAVRA DO GRUPO SER EDUCACIONAL Autoria Ana Carolina Messias de Souza Ferreira da Costa Graduada em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE-PE) e em Ciências Biológicas pela Universidade de Pernambuco (UPE-PE). Tem especialização em Educação Ambiental pela Universidade da Cidade de São Paulo (Unicid-SP), MBA em Gestão Pública e é pedagoga pelo Instituto de Brasileiro de Formação. Mestre em Ciências Veterinárias pela UFRPE e Doutora pela UFRPE em Ciência Veterinária com ênfase em Protozoários entéricos de caráter zoonótico de humanos, caninos e felinos domésticos. Atua como professora Titular da disciplina Doenças parasitárias, parasitologia geral e clínica do Centro Universitário Brasileiro. Michele Martins Trindade Graduada em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM-RS), é mestra em Ciências Veterinárias pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS-RS). Atua como Médica Veterinária. SUMÁRIO Prefácio .................................................................................................................................................8 UNIDADE 1 - Ética e moral na prática médica veterinária ..............................................................9 Introdução.............................................................................................................................................10 1 Princípios elementares ....................................................................................................................... 11 2 Noções legais e princípios para o exercício da profissão ...................................................................15 3 Relação profissional com o cliente ..................................................................................................... 20 4 Conduta no ambiente do trabalho ..................................................................................................... 21 5 A Ciência da Bioética .......................................................................................................................... 22 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................24 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................25 UNIDADE 2 - Código de ética e direitos dos animais no ensino e pesquisa ......................................27 Introdução.............................................................................................................................................28 1 Deveres do profissional ...................................................................................................................... 29 2 Trabalhadores X Empresas – Responsabilidade Técnica.....................................................................31 3 Charlatanismo, casos mais comuns de denúncias ............................................................................. 35 4 Informação e pesquisa científica: direito dos animais? .....................................................................38 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................42 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................43 UNIDADE 3 - Fiscalização veterinária ............................................................................................47 Introdução.............................................................................................................................................48 1 Princípios introdutórios ..................................................................................................................... 49 2 Atividades do MAPA ........................................................................................................................... 52 3 Legislação aplicada a gêneros de interesse veterinário no MAPA .....................................................56 4 Código de conduta dos agentes públicos do MAPA ...........................................................................61 5 Obstáculos da fiscalização do MAPA .................................................................................................. 65em juízo. - Encaminhar toda a documentação e/ou material obtidos ao Fiscal do CRMV de sua Região ou remeter diretamente ao CRMV na capital (SIMON; MARCON, 2007). 4 INFORMAÇÃO E PESQUISA CIENTÍFICA: DIREITO DOS ANIMAIS? Ao longo dos anos, surgiram diversos autores e literaturas debatendo sobre reconhecimento do direito animal. Com isso foi estabelecido, princípios e determinações que definissem o que vem a ser os direitos dos animais. Foi em 1978, com a Unesco, que foi proclamada a Declaração Universal dos Direitos Animais. No Brasil, foi a partir de sua Constituição Federal de 1988, em seu Artigo 225 que passou -se a condenar a crueldade contra o animal (BRASIL,1988). A partir de 1998, com a Lei de Crimes Ambientais, passou a serem crimes os abusos, maus-tratos, ferimentos e mutilações contra os animais sem importar a sua espécie (BRASIL, 1998). Frente a isso, há muitos questionamentos sob várias perspectivas: ideológicas, ética, psicológicas entre outras a respeito da utilização de animais em experimentos científicos e aulas práticas de diversos cursos de graduação e pós graduação. Em revisão realizada por Guimarães et al. (2016) foi observado que conforme definição de alguns pesquisadores experimentação animal vem a ser a prática de realizar intervenções em animais vivos ou recém-abatidos com a finalidade de beneficiar o conhecimento científico. Apesar de ser uma prática utilizada desde a antiguidade, o procedimento ainda é capaz de atingir a compaixão humana e, mais atualmente, gera muitas discussões entre a comunidade acadêmica e a sociedade protetora dos animais. Esse conflito de ideais questiona a real eficiência dos métodos de ensino e pesquisa diante do avanço tecnológico- científico (RODRIGUES et al., 2011). Apesar de toda polêmica atual com severos questionamentos por parte da sociedade, entidades protetoras dos animais, ONGs, alunos e docentes, ainda há centros de pesquisas científicas em universidades que utilizam animais em suas pesquisas com a finalidade de descobrir curas para doenças ou de entender o mecanismo do surgimento de enfermidades que acometem seres humanos e/ou animais. Nesse panorama ficou evidente a necessidade de regulamentação quanto o uso de animais em pesquisas científicas e em ensino no Brasil, que viesse impor limites a essa prática com o objetivo de eliminar atos de crueldade e de maus-tratos em animais que são utilizados em experimentos, pesquisa e ensino e bem como promover o aperfeiçoamento das estruturas 39 metodológicas e éticas em estudos científicos como pode ser observado por Rezende et al. (2008). Em 2008, foi aprovada a Lei nº 11.794, conhecida popularmente como Lei Arouca, em homenagem ao seu autor o Deputado Federal Sérgio Arouca, que normatiza os procedimentos para uso científico de animais. Com essa lei, surgiram Comissões de Ética para Uso de Animais (CEUA) em cada instituição de pesquisa e ensino, assim como o Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA), que passou a ser o responsável por todas as discussões referentes à criação e ao uso de animais em laboratórios científicos e pesquisas (BONELLA, 2009). O Decreto nº 6.899/2009 regulamenta a Lei Arouca e cria o Cadastro das Instituições de Uso Científico de Animais (CIUCA). A Lei dispõe sobre as competências do CONCEA, determinando as normas para o cuidado, as instalações dos centros de criação, o uso humanitário, além da buscar técnicas alternativas para a substituição do uso de animais. Para o cadastramento das instituições tornou-se indispensável a atuação dos CEUAs. O não cumprimento dessas normas implica em penalidades, que podem variar de advertências, multas e interdições (FRANCO et al., 2014). Desde 2014, tramita no Senado o Projeto de Lei 45/2014, o qual tem por objetivo alterar a Lei nº 11.794/2008, para proibir a utilização de animais na pesquisa e no desenvolvimento de produtos cosméticos e de higiene pessoal (BRASIL, 2020). Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: Diversas ciências utilizam animais para fins didáticos, pesquisas e testes de produtos, o que gera muitas discussões e divergências de opiniões visto que há autores que afirmam que a experimentação animal é ilegal, imoral e ineficaz. Tais autores sugerem em seus trabalhos que as técnicas alternativas que devem incluir os testes in vitro, a utilização de vegetais, os estudos clínicos e não invasivos em seres humanos voluntários, os estudos epidemiológicos, as técnicas físico-químicas e os estudos de anatomia em cadáveres. Junto a isso, há o estímulo de que seja usada tecnologia a fim de se criar simulações de computadores, softwares didáticos, filmes, modelos matemáticos, nanotecnologia e manequins. Por outro lado, há outros cientistas 40 que afirmam que o uso de animais com o objetivo de testar novas drogas e cosméticos ainda é fundamental para o avanço da ciência. Eles entendem que há ainda práticas de experimentação animal necessárias, que os estudos não existem sem tais práticas, pois segundo esses autores não há tecnologia que seja suficiente para substituí-las (FRANCO et al., 2014). Em Medicina Veterinária, o direito dos animais gera muitas discussões, um exemplo é utilização dos animais em aulas práticas, bem como em projeto de pesquisas na graduação ou pós graduação. Os animais que normalmente são utilizados são ratos, rãs, gatos, cães, coelhos, minhocas, porcos, pequenos ruminantes dentre outros. Estes animais chegam às salas de aulas de diversas formas, como particulares, biotérios, coletas realizadas na natureza ou aquisição junto ao Centro de Controle de Zoonoses, quando houver na cidade (GREIF, 2003). A utilização de animais em Medicina Veterinária para o ensino de técnicas operatórias é uma prática ainda frequente em todas as universidades brasileiras que oferecem o curso e é tida, também, como prática comum aceitável pela grande maioria dos professores, e que ainda continua sendo tema de debate e questionamentos acerca das mesmas (MORAES, 2005). Trabalhos realizados no Brasil, demonstram por meio de seus resultados que a utilização de animais em aulas práticas ainda está muito culturalmente entranhada entre os docentes e discentes. Em pesquisa realizada por Feijó et al. (2008), foi possível observar que 94,9% dos graduandos acreditam ser indispensável a utilização de animais em aulas práticas a fim de agregar conhecimento a sua formação profissional. Andrade et al. (2009) em seus estudos também apresentaram resultados consideráveis, demonstrando que 80% dos alunos consideram importante essa prática. Estudos apontam que a falta de conhecimento sobre métodos substitutivos ou de pouco conhecimento dos mesmos, é a principal causa da lenta substituição dos animais vivos em aulas, argumenta Rodrigues et al. (2011). De acordo Feijó et al. (2008), a opinião de oposição ou de dúvida referente a substituição de animais pelos métodos alternativos pode vir a ser influenciada, por dois fatores: A resistência dos professores, relativo ao uso de métodos substitutivos, seja por acharem eles são insuficientes para agregar conhecimento aos estudantes, ou por continuarem a seguir metodologia usada durante sua graduação e/ou pós graduação. Sendo o docente multiplicador de conhecimento, suas atitudes servem de modelo aos seus alunos que têm a tendência a seguir a postura de seus docentes. Outro fator seria a falta de conhecimento tantos dos alunos quanto dos professores, referente aos métodos alternativos existentes. No Brasil, algumas universidades da área de saúde já adotaram essa prática alternativa, afirmando que os métodos substitutivos existentes já suprem as necessidades de ensino (PESSOA, 41 2013). Com isso pode - se concluir que futuramente os animais serão cada vez menos utilizados em atividades de ensino e pesquisa. E quando utilizados, terá por parte dos cientistas e docentes uma ampla argumentação para seu o seu uso. 42 Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • Aprender os deveres doprofissional em Medicina Veterinária. • Discernir os campos de atuação. • Conhecer o que é Responsabilidade Técnica. • Saber sobre a prática ilegal em Medicina Veterinária (charlatanismo). • Descobrir os direitos dos animais e métodos substitutivos no ensino e pesquisa. PARA RESUMIR BONELLA, A. E. Animais em laboratórios e a Lei Arouca. Scientia Studia, São Paulo, v. 7, n. 3, p. 507-14, 2009. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1678-31662009000300008. Acesso em: 25 abr. 2020. BRASIL. Decreto-Lei nº 3688, de 3 de outubro de 1941. Lei das Contravenções Penais. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 03 out. 1941. Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3688.htm. Acesso em: 26 abr. 2020. BRASIL. Decreto nº 6.899, de 15 de julho de 2007. Dispõe sobre a composição do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal - CONCEA, estabelece as normas para o seu funcionamento e de sua Secretaria-Executiva, cria o Cadastro das Instituições de Uso Científico de Animais - CIUCA, mediante a regulamentação da Lei no 11.794, de 8 de outubro de 2008, que dispõe sobre procedimentos para o uso científico de animais, e dá outras providências. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 15 jul. 2009. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/ D6899.htm. Acesso em: 28 abr. 2020. BRASIL. Lei nº 4950-A, de 22 de abril de 1966. Dispõe sobre a remuneração de profissionais diplomados em Engenharia Química, Arquitetura, Agronomia e Veterinária. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 22 abr. 66. Disponível em: http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/leis/l4950a.htm. Acesso em: 26 abr. 2020. BRASIL. Lei nº 5.517, de 23 de outubro de 1968. Dispõe sobre o exercício da profissão de médico-veterinário e cria os Conselhos Federal e Regionais de Medicina Veterinária. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 25 out. 1968. Disponível em: https://www.planalto. gov.br/ccivil_03/leis/l5517.htm. Acesso em: 30 abr. 2020. BRASIL. Lei nº 9.605/1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 13 fev. 1998. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/l9605.htm. Acesso em: 27 abr. 2020. BRASIL. SENADO FEDERAL. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. 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Experimentação animal: ética e legislação brasileira. Rev. Nutr., 2008, n. 21, v. 2, p. 237-242. RODRIGUES, G. S.; SANDERS, A.; FEIJÓ, A. G. D. S. Estudo exploratório acerca da utilização de métodos alternativos em substituição aos animais não humanos. Rev. bioet., 2011, n. 19, v. 2, p. 577-596. SIMON, R. A. F.; MARCON, F. M. Exercício ilegal da Medicina Veterinária, 14 dez. 2007. Disponível em: https://www.crmv-pr.org.br/artigosView/43_Exercicio-ilegal-da- Medicina-Veterinaria-e-da-Zootecnia.html. Acesso em: 27 abr. 2020. TELES, A. Charlatanismo e Medicina Veterinária. 2015. Disponível em: http://www. crmv-al.org.br/site/mostraconteudo.aspx?c=308#. Acesso em: 27 abr. 2020. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS UNIDADE 3 Fiscalização veterinária Introdução Você está na unidade de Fiscalização veterinária. Conheça aqui como ocorre as atividades do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) e fiscalizações dos produtos agropecuárias, alimentos para animais, materiais de multiplicação animal e produtos veterinários. Aprenda como as legislações regulamentam essas atividades nos estados e no país. Conheça o papel do médico veterinário no âmbito dessas atribuições e como ocorre o seu trabalho de acordo com o Código de Conduta do agente público do MAPA. Além, de entender sobre os principais impasses deste tipo de atividade profissional. Bons estudos! 49 1 PRINCÍPIOS INTRODUTÓRIOS A unidade de Fiscalização veterinária contém as principais atividades desempenhadas pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) atualmente e ao longo do tempo. Esta unidade visa contribuir para que o estudante compreenda os principais campos de atuação do médico veterinário na fiscalização nacional,estadual e municipal. Diante de um contexto multinacional percebe-se a necessidade da compreensão desta disciplina, uma vez que o médico veterinário é detentor do conhecimento das técnicas e das leis ligados a fiscalização de produtos agropecuários, de alimentos para animais, de materiais de multiplicação animal e de produtos veterinários. Ações de fiscalização se tornam cada vez mais complexas no cenário mundial. O Brasil é considerado um dos grandes exportadores de produtos agropecuários, por isso, o profissional veterinário é peça essencial no contexto econômico do país. Cabe salientar que a supervisão destas atividades tem por finalidade examinar, verificar e apurar condutas de entidades públicas, privadas e individuais ante a uma esfera econômica mundial, nacional, estadual e municipal. Essas transações podem ocorrer entre países com legislações e administrações diferentes, como também dentro de uma mesma localidade. Com isso, ocorre variação nas regras, necessitando de um acordo para que não haja problemas na fiscalização de ambas as áreas. 1.1 Fundamentos da fiscalização veterinária Quando se pensa em fiscalização, percebe-se que existem diversos desafios para o profissional veterinário. Os setores da economia conectados com produtos agropecuários, de proliferação animal, nutrição animal e veterinários são bastante dinâmicos. Como por exemplo, o sistema de exportação de carne aviária – segundo a Embrapa, somos o principal exportador mundial desse tipo de carne. O Brasil cresceu em genética, nutrição, cuidado e modernização das granjas, garantindo alta produção. Isso proporcionou aos brasileiros uma dieta com a presença marcante da carne de frango por seu baixo custo e boa qualidade. Investimentos nesses setores são altos, necessitando de uma fiscalização eficiente para controlar principalmente as fraudes. Por isso, de acordo com o Decreto nº 9.667/2019, o MAPA regulamenta e coordena as atividades agropecuárias no país. Essas atividades podem chegar a representar cerca de 30% do Produto Interno Bruto Brasileiro (PIB). Então, percebe-se a importância do conhecimento do funcionamento do MAPA, da fiscalização e das legislações que regulamentam as atividades agropecuárias e veterinárias. Por isso, essas questões atreladas à técnica veterinária são fundamentais para a formação do médico veterinário. Alguns princípios são primordiais para aprofundar o conhecimento com segurança sobre um assunto difícil, porém, instigante. Dessa forma, falaremos sobre como o profissional veterinário 50 irá realizar a fiscalização estando atento às leis em vigência. Vamos abordar de maneira técnica os principais assuntos dessa matéria. O médico veterinário precisa compreender qual órgão regulamenta o produto a ser fiscalizado e qual fundamentação legal regulamenta a atividade. Para isso, iremos estudar as leis e os órgãos de fiscalização veterinária de maneira mais detalhada. Nesse contexto, falaremos sobre o MAPA e algumas empresas públicas coordenadas pelo ministério, como a Embrapa e a Conab. 1.2 Princípios fundamentais Quando se discursa sobre fiscalização, é importante compreender com clareza suas funções na atividade veterinária, bem como os órgãos que controlam, regulamentam e dão suporte à atividade. Esses fundamentos contribuem para que o fiscal veterinário exerça seus serviços com cuidado e dedicação. Podemos destacar: • MAPA O Poder Executivo Brasileiro é composto por ministérios, e um deles é o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA). Em 24 de agosto de 2001, o MAPA passou à nomenclatura atual por meio da Medida Provisória nº 2.216-37, de 31 de agosto de 2001. O ministério é responsável pelas políticas públicas de fomento e estímulo voltadas ao agronegócio, além de vincular as tecnologias atualizadas à atividade e ao meio ambiente. • SNPA O Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária foi criado em 1992 pela Portaria nº 193 no dia 07 de agosto, sendo autorizado pela Lei Agrícola nº 8.171. O órgão é formado por várias empresas públicas e privadas com interesse na pesquisa agropecuária. • Embrapa Criado em 26 de abril 1973, o projeto Empresa brasileira de pesquisa agropecuária é vinculado ao MAPA e tem por finalidade criar um modelo brasileiro de agricultura agropecuária para superar a limitação na produção de alimentos, fibras e energia. • Conab A Companhia nacional de abastecimento foi criada por Decreto do Presidente e liberada pela Lei nº 8.029, de 12 de abril de 1990. É uma empresa pública do Governo Federal responsável por suprir as necessidades básicas da população através de políticas agrícolas e do controle do abastecimento de produtos agropecuários. 51 • Fiscalização A vigilância de produtos agropecuários de origem animal, vegetal, insumos, alimentos para animais e de produtos veterinários é de responsabilidade do MAPA. Para isso, o órgão estabelece várias normativas com base em leis federais. Além disso, conta com o apoio da fiscalização em todo território nacional por parte dos estados e municípios em parceria com empresas públicas e privadas. Por isso, o médico veterinário exerce atividades fundamentais, sendo responsável pela fiscalização e inspeção de produtos de origem animal (POA), além de controlar o fluxo de saída e entrada de animais e seus produtos dentro e fora do país. Figura 1 - Agropecuária Fonte: Marikond, Shutterstock, 2020. #ParaCegoVer: A imagem é uma fotografia de algumas vacas em um campo, representando a agropecuária brasileira, setor da Economia que tem uma representatividade importante no Produto Interno Bruto, sendo o médico veterinário uma peça fundamental para o desenvolvimento deste âmbito. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 52 Neste segmento, falaremos sobre as principais atividades do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento – MAPA. Será possível expandir a perspectiva e detalhar sobre esses serviços de vigilância conforme a legislação vigente. Iremos exemplificar alguns tipos de fiscalização para demonstrar uma experiência prática e tirar dúvidas sobre atividades não elucidadas. 2 ATIVIDADES DO MAPA Conforme abordado no tópico introdutório, é parte fundamental para a profissão do médico veterinário conhecer o funcionamento do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento e a legislação que assegura suas atividades com o objetivo de orientar o trabalho fiscal veterinário. Nesse contexto, a missão do MAPA é promover o desenvolvimento sustentável da agropecuária, a segurança e a competitividade de seus produtos. 2.1 Principais funções do MAPA Compreender o funcionamento do agronegócio brasileiro com seus diversos aspectos e funções, além de estar preparado para os desafios que podem enfrentar, é uma das principais obrigações do MAPA. Por isso, ele busca investimentos em tecnologia e investe em pesquisa. Tudo isso com a finalidade de melhorar a produtividade, porém, exercendo sempre a preocupação sustentável com o meio ambiente. No Decreto nº 9.667, de 2 de janeiro de 2019, no capítulo I, art. 1º, é possível perceber a natureza e as competências do MAPA: I - política agrícola, abrangidas a produção, a comercialização, o seguro rural, o abastecimento, a armazenagem e a garantia de preços mínimos; II - produção e fomento agropecuário, abrangidos a agricultura, a pecuária, a agroindústria, a agroenergia, as florestas plantadas, a heveicultura, a aquicultura e a pesca; III - política nacional pesqueira e aquícola, inclusive a gestão do uso dos recursos e dos licenciamentos, das permissões e das autorizações para o exercício da aquicultura e da pesca; IV - estoques reguladores e estratégicos de produtos agropecuários; V - informação agropecuária; VI - defesa agropecuária e segurança do alimento, abrangidos: a) saúde animal e sanidade vegetal; b) insumos agropecuários, inclusive a proteção de cultivares; c) alimentos, produtos, derivados e subprodutos de origem animal e vegetal; d) padronização e classificação de produtos einsumos agropecuários; e 53 e) controle de resíduos e contaminantes em alimentos; VII - pesquisa em agricultura, pecuária, sistemas agroflorestais, aquicultura, pesca e agroindústria; VIII - conservação e proteção de recursos genéticos de interesse para a agropecuária e a alimentação; IX - assistência técnica e extensão rural; X - irrigação e infraestrutura hídrica para produção agropecuária observadas as competências do Ministério do Desenvolvimento Regional; XI - informação meteorológica e climatológica para uso na agropecuária; XII - desenvolvimento rural sustentável; XIII - políticas e fomento da agricultura familiar; XIV - reforma agrária, regularização fundiária de áreas rurais, Amazônia Legal, terras indígenas e quilombolas; XV - conservação e manejo do solo e da água, destinados ao processo produtivo agrícola, pecuário, sistemas agroflorestais e aquicultura; XVI - boas práticas agropecuárias e bem-estar animal; XVII - cooperativismo e associativismo na agricultura, pecuária, aquicultura e pesca; XVIII - energização rural e agroenergia, incluída a eletrificação rural; XIX - operacionalização da concessão da subvenção econômica ao preço do óleo diesel instituída pela Lei nº 9.445, de 14 de março de 1997; XX - negociações internacionais relativas aos temas de interesse da agricultura, da pecuária, da aquicultura e da pesca; e XXI - Registro Geral da Atividade Pesqueira. § 1º A competência de que trata o inciso XVIII do caput será exercida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, quando utilizados recursos do orçamento geral da União, e pelo Ministério de Minas e Energia, quando utilizados recursos vinculados ao Sistema Elétrico Nacional. § 2º A competência de que trata o inciso XIV do caput, compreende: I - a identificação, a delimitação, a demarcação e os registros das terras tradicionalmente ocupadas por indígenas; e II - a identificação, o reconhecimento, a delimitação, a demarcação e a titulação das terras ocupadas pelos remanescentes das comunidades dos quilombos. 54 § 3º Cabe ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento exercer, por meio do Serviço Florestal Brasileiro, a função de órgão gestor prevista no art. 53 da Lei nº 11.284, de 2 de março de 2006, em âmbito federal. 2.2 Estrutura organizacional do MAPA O ministério, atualmente, e tem como estrutura órgãos que dão assistência ao ministro e executam funções importantes. No Decreto nº 9.667 de 2 de janeiro de 2019, no capítulo II, art. 2º, verifica-se esta organização: Na administração direta: Superintendências estaduais; Seis secretarias executivas: 1. Secretaria Executiva de Política Agrícola; 2. Secretaria Executiva de Defesa Agropecuária; 3. Secretaria Executiva de Aquicultura e Pesca; 4. Secretaria Executiva de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação; 5. Secretaria Executiva de Agricultura Familiar e Cooperativismo; 6. Secretaria Executiva de Comércio e Relações Internacionais); Na administração indireta: Comitê Gestor Interministerial do Seguro Rural – CGSR; Comissão Coordenadora da Criação do Cavalo Nacional – CCCCN; Comissão Especial de Recursos – CER; Conselho Deliberativo da Política do Café – CDPC; Conselho Interministerial do Açúcar e do Álcool – CIMA; Conselho Nacional de Aquicultura e Pesca – CONAPE; Conselho Nacional de Política Agrícola – CNPA; Comitê Gestor do Garantia-Safra; Comitê Gestor do Programa de Garantia de Preços da Agricultura Familiar. Entidades vinculadas: 55 Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet); Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA); Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac); Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA); Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB; Centrais de Abastecimento de Minas Gerais S.A (Ceasa/MG); Companhia de Armazéns e Silos de Minas Gerais (CASEMG); Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP). 2.3 Importância do MAPA na economia brasileira O nosso país é considerado um dos maiores produtores e exportadores de produtos agropecuários, estando em 1º lugar em produtos como farelo e grãos de soja. Por isso é considerado um dos maiores fornecedores de alimento do mundo. A excelente representatividade brasileira nas exportações transforma nosso saldo em positivo na balança do comércio (KAWANO et al., 2015). Nesse momento é possível perceber a importância do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento porque exerce a função estratégica como coordenador e regulador do agronegócio brasileiro. Atua na sistematização da qualidade em sérvios de inspeção e fiscalização. Considerado o principal estimulador das exportações representando o Brasil Internacionalmente gerando credibilidade mundial. Um exemplo: O Ministério das Relações exteriores em nota 127 em 11 de maio de 2019: O governo brasileiro informa com satisfação que será aberto o mercado mexicano às exportações brasileiras de arroz beneficiado. A medida foi tomada após a aprovação recíproca dos requisitos fitossanitários para o arroz beneficiado do Brasil e o feijão do México, negociados coordenadamente entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e o Ministério das Relações Exteriores, pelo lado brasileiro, e a Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Rural do México. A decisão reforça a posição do Brasil como um dos dez principais exportadores mundiais de arroz e representa um passo importante para a diversificação das relações comerciais com o México, país com mais de 120 milhões de habitantes, que importa cerca de 80% do arroz consumido no país. FIQUE DE OLHO A atuação do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) é tema corriqueiro em concursos de qualquer esfera nacional. Saber sobre suas funções e as relações regulamentadoras que ele estabelece no país é fundamental para quem busca uma vaga em entidades públicas como médico veterinário. Tema sempre presente em provas! 56 3 LEGISLAÇÃO APLICADA A GÊNEROS DE INTERESSE VETERINÁRIO NO MAPA A fiscalização de produtos agropecuários, de alimentos para animais, de materiais de multiplicação animal e de produtos veterinários são regulamentados por lei. E percebe-se que existe uma preocupação dos órgãos competentes em respeitar as exigências para esse tipo de produção. Por isso, vale ressaltar que esses princípios são fundamentais para orientar o médico veterinário no trabalho fiscal criterioso e respaldado. 3.1 Fiscalização agropecuária A Lei nº 8.171, de 17 de janeiro de 1991, dispõe sobre a política agrícola empregada no Brasil. E nela entende-se por atividade agrícola: o comércio, processamento e a produção de produtos e seus derivados, serviços, insumos, planejamento das atividades pecuárias, pesqueiras e florestais ligados à agropecuária e agroindústrias. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: No Art. 2º, a atividade fundamenta-se: Art. 2° A política fundamenta-se nos seguintes pressupostos: I - a atividade agrícola compreende processos físicos, químicos e biológicos, onde os recursos naturais envolvidos devem ser utilizados e gerenciados, subordinando-se às normas e princípios de interesse público, de forma que seja cumprida a função social e econômica da propriedade; II - o setor agrícola é constituído por segmentos como: produção, insumos, agroindústria, comércio, abastecimento e afins, os quais respondem diferenciadamente às políticas públicas e às forças de mercado; 57 III - como atividade econômica, a agricultura deve proporcionar, aos que a ela se dediquem, rentabilidade compatível com a de outros setores da economia; IV - o adequado abastecimento alimentar é condição básica para garantir a tranquilidade social, a ordem pública e o processo de desenvolvimento econômico-social; V - a produção agrícola ocorre em estabelecimentos rurais heterogêneos quanto à estrutura fundiária, condições edafoclimáticas, disponibilidade de infraestrutura, capacidade empresarial, níveis tecnológicos e condições sociais,econômicas e culturais; VI - o processo de desenvolvimento agrícola deve proporcionar ao homem do campo o acesso aos serviços essenciais: saúde, educação, segurança pública, transporte, eletrificação, comunicação, habitação, saneamento, lazer e outros benefícios sociais. Diante de um cenário internacional, o Art. 2º da Lei n° 8.174, de 30 de janeiro de 1991, protege nossos produtos agrícolas: Os produtos agrícolas que receberem vantagens, estímulos tributários ou subsídios diretos ou indiretos no país de origem, desde que os preços de internação no mercado nacional caracterizem se em concorrência desleal ou predatória, terão tributação compensatória, ouvido o Conselho Nacional de Política Agrícola – CNPA. 3.2 Fiscalização de Alimentos para animais A Lei nº 6.198, de 26 de dezembro de 1974 é conhecida por regulamentar a inspeção e fiscalização obrigatória dos produtos voltados a alimentação animal. Esta norma trata das diversas atividades de inspeção e fiscalização inerentes à industrialização e à comercialização de matérias primas voltadas a nutrição animal. Os preços são fixados pelo MAPA em regime público e ajustado quando necessário. Nesta Lei, nos artigos 1º, 2º, 3º e 4º, trata sobre as normas da fiscalização: Art. 1º A inspeção e a fiscalização dos produtos destinados à alimentação animal, (Vetado)serão efetuadas, em todo o território nacional, obrigatoriamente, desde a produção até a comercialização, nos termos desta Lei. Art. 2º A inspeção e a fiscalização referidas no art. 1º, a cargo do Ministério da Agricultura, terão em vista os aspectos industrial, bromatológico e higiênico ¬sanitário e far-se-ão: a) nos estabelecimentos que forneçam matérias ¬primas destinadas ao preparo de alimentos para animais, (Vetado); b) nos portos e postos de fronteira, quando se tratar de comércio interestadual e importação e exportação de matérias ¬primas e alimentos preparados, (Vetado); c) nos estabelecimentos industriais; 58 d) nos armazéns, inclusive de cooperativas, e estabelecimentos atacadistas e varejistas; e) em quaisquer outros locais previstos no regulamento da presente Lei. Art. 3º Somente as pessoas físicas ou jurídicas, inclusive cooperativas, associações de classe e entidades congêneres, devidamente registradas no órgão competente do Ministério da Agricultura, poderão receber, manipular, preparar, acondicionar, armazenar, distribuir ou vender matérias¬ primas ou produtos destinados à alimentação animal, (Vetado). Art. 4º Sem prejuízo da responsabilidade penal cabível, a infração das normas legais relacionadas com o trato das matérias¬ primas ou produtos destinados à alimentação animal, (Vetado) acarretará, isolada ou cumulativamente, nos termos previstos em regulamento, as seguintes sanções administrativas: a) advertência; b) multa de até 10 (dez) vezes o maior salário mínimo mensal, vigente no País; c) apreensão de matérias¬ primas e produtos acabados; d) suspensão, impedimento ou interdição temporária ou definitiva de funcionamento; e) cassação ou cancelamento do registro ou licenciamento; f) intervenção. Exemplificando uma situação em que uma empresa no ramo de manipulação de alimentos para animais é aberta, quais as licenças necessárias para seu funcionamento? O código da Classificação Nacional de Atividades Econômicas que regulamenta é o CNAE 1066-0/00- Fabricação de Alimentos para Animais, que classifica a atividade como indústria. Esta subclasse compreende: - a fabricação de rações e forragens balanceadas e de alimentos preparados para animais (bovinos, suínos, aves, coelhos etc.) - a fabricação de alimentos preparados para gatos, cachorros e outros animais domésticos - a fabricação de rações e forragens balanceadas e de alimentos preparados para animais (bovinos, suínos, aves, coelhos etc.) - a fabricação de alimentos preparados para gatos, cachorros e outros animais domésticos - a obtenção de sal mineralizado. São necessários para o exercício da atividade: o alvará de funcionamento na prefeitura da cidade, alvará da vigilância sanitária para manipulação de alimentos para animais e o 59 Licenciamento Ambiental. 3.3 Fiscalização de produtos de multiplicação animal O cenário de fiscalização para atividades ligadas a produtos para propagação animal é novo e muitos desafios precisam ser desdobrados. Existe um grande interesse internacional nessa atividade. Por isso, o MAPA tem desburocratizado alguns modelos de exportação para garantir o mercado externo. Um exemplo é o Certificado Zoossanitário Internacional (CZI) para exportação de material de multiplicação animal genético avícola e sêmen bovino que serve como padrão para negociação com qualquer país, desde que este aceite as condições sanitárias apresentadas. O médico veterinário é extremamente importante neste tramite, pois, o documento deve ser emitido e chancelado por Serviço Oficial Veterinário garantindo a sanidade durante o trânsito internacional dos animais ou do material biológico. A instrução normativa do MAPA nº 24, de 15 de julho de 2014, garante os procedimentos de exportação animal: Art. 1º Estabelecer o procedimento administrativo a ser observado na exportação de animais vivos e materiais de multiplicação animal, exceto animais aquáticos. Parágrafo único. A exportação de animais aquáticos e seus materiais de multiplicação obedecerão às normas estabelecidas pelo Ministério da Pesca e Aquicultura. Art. 2º A exportação de animais vivos e de materiais de multiplicação animal será autorizada em portos, aeroportos, postos de fronteira e aduanas especiais que disponham de Unidade de Vigilância Agropecuária instalada e que possuam estrutura e equipamentos adequados para a realização dos procedimentos de fiscalização e demais controles oficiais. Parágrafo único. Será disponibilizada, na página oficial do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) na rede mundial de computadores, a lista de portos, aeroportos e postos de fronteira habilitados para ingresso e egresso de animais vivos, levando em consideração: I - a disponibilidade de instalações e equipamentos requeridos para a fiscalização; II - a disponibilidade de servidores; III - a localização geográfica; e IV - as espécies animais. Art. 3º A exportação será autorizada mediante emissão de Certificado Zoossanitário Internacional (CZI). Art. 4º A emissão do CZI será feita nas seguintes unidades: I - Serviço de Saúde Animal - SSA/DDA/SFA; 60 II - Serviço de Inspeção e Saúde Animal - SISA/DDA/SFA; III - Serviço de Fiscalização, Inspeção e Saúde Animal - SIFISA/DDA/SFA; IV - Unidade Técnica Regional de Agricultura - UTRA/SFA; V - Serviço de Vigilância Agropecuária - SVA/DDA/SFA; e VI - Unidade de Vigilância Agropecuária - UVAGRO/DDA/SFA. Parágrafo único. Caso conste no CZI a exigência de procedimentos de fiscalização dos animais e material de multiplicação animal no ponto de egresso, a emissão do certificado ficará a cargo do SVA ou UVAGRO. Art. 5º O CZI será emitido em modelo oficial elaborado e aprovado previamente pelo Departamento de Saúde Animal (DSA). 3.4 Fiscalização de produtos veterinários Com o crescimento do mercado de produtos veterinários, o MAPA, pela Portaria 74, criou o Grupo de Trabalho Técnico (GTT) para avaliar a fabricação desses produtos conforme o risco. Criado em março de 2020, o grupo terá seis meses prorrogáveis por noventa dias para padronizar ações de fiscalização sobre esses produtos, reduzindo os riscos de fraude. Esses novos procedimentos visam contribuir com a melhoria dos recursos humanos e financeiros atrelados à comercialização destes produtos. A Lei nº 12.689, de19 de julho de 2012, no Art. 1º, traz alguns conceitos de produtos Veterinários: Art. 1º Parágrafo único: Para os efeitos deste Decreto-Lei, adotam-se os seguintes conceitos: I -produto de uso veterinário: toda substância química, biológica, biotecnológica ou preparação manufaturada cuja administração seja aplicada de forma individual ou coletiva, direta oumisturada com os alimentos, destinada à prevenção, ao diagnóstico, à cura ou ao tratamento das doenças dos animais, incluindo os aditivos, suprimentos promotores, melhoradores da produção animal, medicamentos, vacinas, antissépticos, desinfetantes de uso ambiental ou equipamentos, pesticidas e todos os produtos que, utilizados nos animais ou no seu habitat, protejam, restaurem ou modifiquem suas funções orgânicas e fisiológicas, bem como os produtos destinados ao embelezamento dos animais; II -medicamento de referência de uso veterinário: medicamento veterinário inovador registrado no órgão federal competente e comercializado no País, cuja eficácia, segurança e qualidade foram comprovadas cientificamente nesse órgão, por ocasião do registro; 61 III -medicamento similar de uso veterinário: medicamento de uso veterinário que contém o mesmo princípio ativo do medicamento de referência de uso veterinário registrado no órgão federal competente, com a mesma concentração e forma farmacêutica, mas cujos excipientes podem ou não ser idênticos, devendo atender às mesmas especificações das farmacopeias autorizadas e aos padrões de qualidade pertinentes e sempre ser identificado por nome comercial ou marca; IV -medicamento genérico de uso veterinário: medicamento que contém os mesmos princípios ativos do medicamento de referência de uso veterinário, com a mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica, podendo ser com este intercambiável, permitindo-se diferir apenas em características relativas ao tamanho, formato, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veículos do produto, geralmente produzido após a expiração ou a renúncia da proteção patentária ou de outros direitos. Os medicamentos genéricos tiveram um crescimento importante no mercado veterinário, e por isso foi necessária a criação de normas para registro: Art. 2º em complementação ao Decreto-Lei nº 467, de 13 de fevereiro de 1969, passa a vigorar acrescido dos seguintes arts. 3º-A, 3º-B, 3º-C: Art. 3º-A. Para fins de registro de medicamento genérico de uso veterinário no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o interessado deverá comprovar, cumulativamente: I -bioequivalência em relação ao medicamento de referência de uso veterinário; II-equivalência terapêutica nas espécies animais a que se destina; III -taxa de excreção, determinação de resíduos e período de carência equivalentes aos do medicamento de referência de uso veterinário, quando destinados a animais de consumo e exigidos no regulamento deste Decreto-Lei. Art. 3º-B. Os medicamentos de referência e similares de uso veterinário ostentarão também, obrigatoriamente, com o mesmo destaque e de forma legível, nas embalagens, nos rótulos, nas bulas, nos impressos, nos prospectos e nos materiais promocionais, a DCB ou, na sua falta, a DCI. Parágrafo único. A DCB e a DCI deverão ser grafadas em letras ou em caracteres cujo tamanho não seja inferior a 2 (duas) vezes o tamanho das letras e caracteres do nome comercial ou da marca. Art. 3º-C. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento fará análise fiscal do medicamento genérico de uso veterinário, mediante coleta de amostras do produto na indústria e no comércio, para confirmação da bioequivalência. 4 CÓDIGO DE CONDUTA DOS AGENTES PÚBLICOS DO MAPA É importante saber sobretudo que mesmo com a existência de um Código de Ética Profissional 62 do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, instituído pelo Decreto n° 1.171, percebeu- se, a necessidade a necessidade de complementação deste Código, instituindo-se então o 1º Código de Conduta Ética dos Agentes Públicos do MAPA na Portaria nº 249, de 22 de fevereiro de 2018. Nesta portaria, considera-se como agentes públicos do MAPA: § 2º Para os fins deste Código, considera-se: I – Agentes Públicos do MAPA – os servidores efetivos e empregados públicos em exercício no MAPA, ainda que em gozo de licença ou afastamento; os ocupantes de cargos em comissão ou função de confiança; os servidores ou empregados públicos cedidos ao MAPA por outros Órgãos Públicos; além daqueles que, por força de lei, contrato ou qualquer outro instrumento jurídico, prestem serviços ao MAPA, seja de natureza permanente, temporária ou excepcional; Art. 2º No ato de posse o agente público no MAPA deverá assinar o “Termo de Compromisso Formal de Obediência ao Código de Conduta Ética dos Agentes Públicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA”, segundo modelo aprovado pela Comissão de Ética – CE/MAPA, sem prejuízo, conforme o caso, da observância ao disposto no Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal e no Código de Conduta da Alta Administração Federal. 4.1 Direitos e deveres do fiscal veterinário no MAPA Quando existe um grupo de fiscais veterinários e outras categorias que trabalham como agentes públicos é necessário que objetivos, direitos e deveres sejam esclarecidos e padronizados. Visto a responsabilidade e importância do técnico no mercado interno e nas exportações brasileiras. E por tratar-se de um mercado econômico promissor e em que há movimentação de milhões em dinheiro, além de poder comprometer a saúde humana e animal. Riscos devem ser avaliados e regras seguidas de maneira rígida, evitando as fraudes. Com isso, é importante que o médico veterinário tenha conhecimento sobre as regras que devem ser cumpridas para empregar a fiscalização eficiente. Na Portaria nº 249, de 22 de fevereiro de 2018, observamos os direitos e deveres dos agentes públicos: CAPÍTULO III - DIREITOS E DEVERES FUNCIONAIS Art. 7º É direito de todo agente público do MAPA: I – trabalhar em ambiente adequado, que preserve sua integridade física, moral e psicológica; II – ter acesso aos meios e condições de trabalho dignos, eficazes, seguros e compatíveis com o desempenho das atribuições do cargo; III – ser tratado com equidade na avaliação de desempenho individual, bem como ter acesso às informações a ele inerente; IV – estabelecer interlocução livre com colegas e superiores, podendo expor ideias, pensamentos e opiniões; e 63 V – ter respeitado o sigilo das informações de ordem pessoal, que somente a ele digam respeito, em especial as médicas. Art. 8º Além dos deveres fundamentais previstos no inciso XIV da Seção II do Capítulo I do Anexo ao Decreto nº 1.171, de 22 de junho de 1994, são deveres dos Agentes Públicos do MAPA: I – prestar atendimento digno ao cidadão, observadas as regras sobre acessibilidade e prioridades; II – ter elevada conduta profissional, agindo com lealdade, honradez e dignidade, de forma compatível com a moralidade administrativa; III – atuar de modo a assegurar a exatidão e a qualidade na realização do trabalho sob sua responsabilidade; IV – conhecer, aplicar e divulgar as normas de conduta constantes deste Código; V – zelar pela utilização adequada dos recursos de tecnologia da informação, nos termos da Política de Segurança da Informação e demais normas aplicáveis; VI – evitar assumir posição de intransigência perante a chefia ou colegas de trabalho, respeitando os posicionamentos e as ideias divergentes; VII – desempenhar plenamente as atribuições do vínculo funcional com integridade e transparência; VIII – compartilhar os conhecimentos e informações necessários ao exercício das atividades próprias da sua área de atuação; IX – conhecer e cumprir as normas legais, bem como as boas práticas formalmente descritas e recomendadas, visando desempenhar suas responsabilidades com competência e obter elevados níveis de profissionalismos na realização dos trabalhos; X – assegurar a transparência quanto às informações sobre ato, fato ou decisão divulgáveis ao público, ressalvados os casos de sigilo previstos em lei; XI – exercer juízo profissional independente, mantendo imparcialidade no tratamento com o público e demais agentes; XII – disseminar no ambiente de trabalho informaçõese conhecimentos obtidos em razão de treinamentos ou de exercício profissional e que possam contribuir para a eficiência dos trabalhos realizados pelos demais servidores; XIII – submeter consulta a CE/MAPA, ou no Sistema Eletrônico de Conflito de Interesses – SECI, sempre que se deparar com situação prevista ou não neste Código, que possa ensejar dúvidas; XIV – atuar e encorajar outros agentes públicos a proceder de forma ética e de modo a assegurar a credibilidade da Instituição; XV – quando em ação fiscal, identificar-se aos entes fiscalizados como agente público fiscalizador e, 64 se necessário, utilizar vestimentas e equipamentos compatíveis com a atividade a ser desempenhada; XVI – atender às requisições e convocações da CE/MAPA; XVII – desempenhar suas atividades com responsabilidade socioambiental, zelando, especialmente, pela racionalização do consumo de recursos materiais e naturais e pela correta destinação de resíduos sólidos; XVIII – Realizar denúncias por meio dos canais próprios existentes no MAPA. 4.2 Princípios éticos do agente público veterinário do MAPA Neste momento, é preciso fazer uma reflexão sobre o aprendizado, capacidades e atribuições que serão colocadas em prática durante o processo de fiscalização. Lembrar das habilidades firmadas com a categoria veterinária ao juramento na colação de grau. Saber sobre os compromissos firmados ao assinar o termo de compromisso formal de obediência ao Código de Conduta do agente fiscal público. E inerente a isso, entender que deve existir interação e respeito com os animais e as pessoas em uma relação justa e honesta. Sabendo que todas essas normas foram assumidas pelo profissional de forma voluntária e por aptidão. A Portaria nº 249, de 22 de fevereiro de 2018, no Art. 6º, mostra os princípios fundamentais para exercício da profissão: Seção I Dos Aspectos Fundamentais Art. 6° São princípios e valores éticos que deverão nortear a conduta profissional dos agentes públicos do MAPA: I – o interesse público e a preservação do patrimônio público; II – a legalidade, a impessoalidade, a moralidade, a publicidade, a economicidade e a eficiência; III – a honestidade, a dignidade, o decoro, o zelo, a probidade, o respeito à hierarquia, a dedicação, a cortesia, a assiduidade e a presteza; IV – a dignidade da pessoa humana, a cooperação, a criatividade e o orgulho profissional; V – a independência, a objetividade, a imparcialidade, a acessibilidade, a credibilidade, a efetividade, a modernidade e a probidade; VI – a responsabilidade socioambiental; VII – a integridade e transparência, assegurando a preservação da informação sigilosa; VIII – a competência e o desenvolvimento profissional; IX – o respeito à diversidade político-partidária, religiosa, ideológica e de gênero. 65 No convívio do ambiente de trabalho é importante que o fiscal mantenha a cordialidade e respeito gerando bem-estar e segurança a todos os colegas de profissão. Esse espírito de equipe deve existir independente do Cargo que exerce. A Portaria nº 249, de 22 de fevereiro de 2018, no Art. 17, parágrafo único, fala sobre essa convivência: Parágrafo único. Dos agentes públicos do MAPA são esperadas ainda as seguintes condutas: I – contribuir para um ambiente de trabalho livre de ofensas, difamação, exploração, discriminação, repressão, intimidação, assédio e violência verbal ou não verbal; II – dispensar aos ex-servidores e empregados, inclusive aposentados ou licenciados, o mesmo tratamento conferido ao público em geral, quando estes demandarem serviços do MAPA; III – zelar pela correta utilização de recursos materiais, equipamentos, serviços contratados e veículos oficiais ou de prestadores de serviço colocados à sua disposição no interesse do serviço público; e IV – identificar-se com a filosofia organizacional, sendo um agente facilitador e colaborador na implantação de mudanças administrativas e de políticas públicas. 5 OBSTÁCULOS DA FISCALIZAÇÃO DO MAPA Neste tópico, serão contempladas as dificuldades para exercer a fiscalização em decorrência de diversos fatores. Um deles é a falta de mão de obra qualificada. O fiscal é um profissional que exerce funções específicas no MAPA, por isso deve conhecer a legislação brasileira e receber cursos de qualificação e atualização com frequência. Outro fator são os recursos financeiros escassos empregados às pesquisas para modernização das técnicas, capacitação pessoal e compra de materiais. 5.1 Carência de recursos humanos A carência de pessoas qualificadas é algo que foi debatido pela Comissão de Agricultura e FIQUE DE OLHO Existe um Código de Ética para servidor civil federal, porém, foi criado o Código de Ética do agente público do MAPA (CESP) para uniformizar as atividades no órgão. No entanto, algumas atividades, principalmente em cargos de alto escalão, devem estar em conformidade com o Código Federal. O agente público fica sendo regulamentado pelos dois! O CESP-MAPA não descredencia as normativas já existentes para a conduta federal. 66 Reforma Agrária (CRA) em audiência pública em Acórdão 2.302/2019 – Plenário e número de Processo: TC 021.468/2018-4 na sessão de 25 de setembro de 2019 do Tribunal de Contas da União. O ministro Weder Oliveira citou: “O bom funcionamento das atividades de fiscalização e inspeção contribui para aprimoramento do setor agropecuário brasileiro e garantia da saúde dos consumidores”. E o Tribunal de Contas da União concluiu que existe carência de pessoal. Nesta ocasião, realizou-se auditoria ouvindo órgãos e entidades estaduais e de defesa agropecuária. Para isso, certificou o MAPA sobre seu quadro de fiscais que irão aposentar-se e os contratos temporários de médicos veterinários que finalizaram. Além disso, por conta dos cortes orçamentários, foi recomendado ao MAPA a unidade operacional nos sistemas administrativos para agilizar a execução de atividades de fiscalização. 5.2 Gestão de riscos O agronegócio brasileiro é muito importante para a economia. Por isso deve-se exercer uma gestão sobre os riscos de perdas na produção. O Brasil já dispõe de uma política de gestão de riscos, mas vários fatores são necessários para aumentar a eficiência dos mecanismos de produção. Uma antecipação aos acontecimentos é preciso para que soluções inteligentes sejam tomadas de maneira rápida e eficaz (LOPES, 2017). O fiscal público do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento participa efetivamente dessas ações estratégicas, por isso, precisa estar atualizado no cenário mundial para desenvolver seu papel na administração de riscos. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: Finalmente, é importante que o médico veterinário compreenda as atividades desempenhadas pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, estando atento à legislação que normativa as atividades agropecuárias, de matérias de multiplicação animal, de produtos veterinários e de alimentos para animais. O cuidado durante a fiscalização, o respeito às normativas e principalmente à vida animal e humana devem fazer parte do profissional veterinário fiscal do futuro. 67 Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • Conhecer as atividades e conceitos preliminares das atividades do MAPA e das fisca- lizações. • Apreender sobre alguns órgãos e entidades que fazem parcerias com o MAPA. • Compreender a base legal e os primórdios das fiscalizações que regem as ações dos profissionais na inspeção de materiais de multiplicação animal, de alimentos para animais, do agronegócio e de produtos veterinários. • Aprender sobre as normas que regem o Código de Conduta do agente público do MAPA. • Estudar sobre os principais obstáculos enfrentados pela fiscalização do MAPA. PARA RESUMIR BRASIL. Lei nº 6.198, de 26 de dezembro de 1974. Dispõe sobre a inspeção e a fiscalização obrigatórias dos produtos destinados à alimentação animal e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 27 dez. 1974.Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1970-1979/L6198.htm. Acesso em: 05 maio 2020. BRASIL. Lei nº 8.029, de 12 de abril de 1990. Dispõe sobre a extinção e dissolução de entidades da administração Pública Federal, e dá outras providências. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 13 abr. 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/L8029cons.htm. Acesso em: 03 maio 2020. BRASIL. Lei nº 8.171, de 17 de janeiro de 1991. Dispõe sobre a política agrícola. Brasília, DF: Presidência da República. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 18 jan. 1991. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8171.htm. Acesso em: 07 maio 2020. BRASIL. Medida Provisória nº 2.216-37, de 31 de agosto de 2001. Altera dispositivos da Lei nº 9.649, de 27 de maio de 1998, que dispõe sobre a organização da Presidência da República e dos Ministérios, e dá outras providências. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 1 set. 2001. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/mpv/2216-37. htm. Acesso em: 05 maio 2020. BRASIL. Lei nº. 12.689, de 19 de julho de 2012. Altera o Decreto-Lei nº 467, de 13 de fevereiro de 1969, para estabelecer o medicamento genérico de uso veterinário; e dispõe sobre o registro, a aquisição pelo poder público, a prescrição, a fabricação, o regime econômico-fiscal, a distribuição e a dispensação de medicamentos genéricos de uso veterinário, bem como sobre a promoção de programas de desenvolvimento técnico-científico e de incentivo à cooperação técnica para aferição da qualidade e da eficácia de produtos farmacêuticos de uso veterinário. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 20 jul. 2012. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011- 2014/2012/Lei/L12689.htm. Acesso em: 07 maio 2020. BRASIL. Lei nº. 9.667, de 2 de janeiro de 2019. Aprova a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das Funções de Confiança do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, remaneja cargos em comissão e funções de confiança, transforma cargos em comissão e funções de confiança e altera o Decreto nº 6.464, de 27 de maio de 2008, que dispõe sobre a designação e atuação de adidos agrícolas junto a missões diplomáticas brasileiras no exterior. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 3 jan. 2019. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019- 2022/2019/decreto/D9667.htm. Acesso em: 06 maio 2020. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA VETERINÁRIA. Instrução Normativa nº 24, de 15 de julho de 2014. Estabelece o procedimento administrativo a ser observado na exportação de animais vivos e materiais de multiplicação animal, exceto animais aquáticos. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 16 jul. 2014. Disponível em: https://www.diariodasleis. com.br/legislacao/federal/227789-exportacao-de-animais-vivos-e-materiais-de- multiplicacao-animal. Acesso em: 05 maio 2020. CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA VETERINÁRIA. Portaria nº 249, de 22 de fevereiro de 2018. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 23 fev. 2018. Disponível em: http://antigo. agricultura.gov.br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/integridade/programa-de- integridade. Acesso em: 05 maio 2020. KAWANO, B. R.; MORES, G. V.; SILVA, R. F.; CUGNASCA, C. E. Estratégias para resolução dos principais desafios da logística de produtos agrícolas exportados pelo Brasil. Rev. Economia e Agronegócio, v. 10, n. 1, 3 jun. 2015. LOPES, M. A. Escolhas estratégicas para o agronegócio brasileiro. Rev. Política Agrícola, n. 1, p. 151-154, mar. 2017. UNIDADE 4 Defesa sanitária animal e inspeção sanitária Você está na unidade Defesa sanitária animal e inspeção sanitária. Conheça aqui os programas abrangidos pela defesa sanitária animal, quais doenças contidas em cada um deles e quais estratégias de prevenção e controle utilizadas com o intuito de alcançar a saúde animal e humana. Vamos iniciar? Bons estudos! Introdução 73 1 ATIVIDADE NA DEFESA SANITÁRIA ANIMAL A defesa sanitária animal de um modo geral está presente na vida cotidiana das pessoas, garantindo segurança alimentar e estabilidade agropecuária. É uma atividade que deve ser integrada entre o governo, setor privado e o serviço veterinário por meio de emprego de ações e diretrizes com o intuito de prevenção, controle e erradicação de doenças que causam grande abalo na economia e de importância zoonótica, visando à valorização da pecuária nacional e à saúde pública. A defesa sanitária animal é amparada por legislações, como o Decreto nº 24.548, de 14 de julho de 1934, que regulamenta o serviço de defesa sanitária animal, e o Manual de Legislação, de 2009, que apresenta os Programas Nacionais de Saúde Animal do Brasil. O médico veterinário tem importante papel nessa atividade e é primordial que possua as atribuições necessárias, cuja obtenção depende da qualidade da formação em veterinária, tanto inicial como contínua. Os cursos de graduação em Medicina Veterinária geralmente não contam com uma disciplina específica de defesa sanitária animal em sua grade curricular, de modo que seu conteúdo se encontra distribuído em diversas disciplinas, não fornecendo ao aluno conhecimento aprofundado sobre o assunto. É importante que os médicos veterinários conheçam a legislação na área de saúde animal, bem como dos programas sanitários de controle e erradicação de doenças e suas estratégias para a saúde pública. O conceito de saúde pública foi definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1975 e qualifica a estrutura de execução das atividades que utilizam conhecimentos e recursos da Medicina Veterinária para proteger e melhorar a saúde da população humana, fazendo usando também de conhecimentos e recursos da agricultura, a saúde animal, a educação, o ambiente e a saúde humana, com objetivo único de promover a saúde das populações (CARVALHO et al., 2017). Os programas sanitários são instituídos com o intuito de atender os objetivos da defesa sanitária animal e nada mais são que documentos que normatizam as ações de prevenção, vigilância, controle e erradicação de doenças dos animais terrestres e aquáticos (MACHADO, 2019). Quase todos os programas têm enfoque no controle, a fim de evitar a propagação de doenças, tendo em vista fortalecer o país, através de diretrizes. 74 Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: Os programas são elaborados e desenvolvidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), sendo eles: • Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa • Programa Nacional de Controle Nacional de controle e Erradicação da Brucelose e Tuber- culose Animal – PNCEBT • Programa Nacional de Sanidade Avícola • Programa Nacional de Sanidade dos Caprinos e ovinos • Programa Nacional de Sanidade dos Equídeos • Programa Nacional de Sanidade Suídea • Programa Nacional de Prevenção e Controle das Encefalopatias Espongiformes • Programa Nacional de Controle da Raivas dos Herbívoros • Programa Nacional de Sanidade do Animais Aquáticos • Programa Nacional de Sanidade Apícola 2 PNCEBT Tendo em vista a alta prevalências de brucelose e tuberculose, considerando os prejuízos econômicos e por serem zoonoses, em 2001, foi criado o manual do Programa Nacional de Controle Nacional de controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal (PNCEBT) na tentativa de controlar e erradicar essas doenças e diminuir os impactos negativos das mesmas na saúde pública e na economia. O manual aborda a vacinação dos rebanhos, sendo obrigatório 75 para brucelose conforme a prevalência da doença em cada estado, e não havendo vacinação para tuberculose, também traz normas para certificação de propriedades por meio de monitoramento sorológico. Ao Longo do tempo ocorreram mudanças na legislação, sendo aprovada a Instrução Normativa nº 10/2017, na qual fica normatizado que os Estados ficam comprometidos a realizar a monitoria sorológica para ambas as doenças e a partir daíser feita a classificação sanitária. A determinação da obrigatoriedade ou não da vacinação para a Brucelose se dá com bases nos resultados do monitoramento. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 2.1 Brucelose Enfermidade transmissível, considerada zoonose que acomete diversas espécies. Os tipos de Brucella são: • B. abortus Acomete bovinos e bubalinos a nível de Brasil e América do Sul. • B. suis Acomete suínos. • B. canis Acomete cães. • B. ovis Acomete ovinos. • B. melitensis 76 Acomete caprinos e ovinos, sendo exótica no Brasil. É uma enfermidade que tem por característica a baixa mortalidade e elevada morbidade. Em humanos, a brucelose pode ser denominada de febre ondulante, febre mediterrânica ou febre de Malta. Sendo, uma doença que afeta frequentemente indivíduos que trabalham diretamente com os animais, como produtores rurais, tratadores e médicos veterinários, ou ainda, quem tem contato direto com produtos de origem de animal, como funcionários de matadouros ou de laboratórios. Dentro das especificações, no Brasil deve-se notificar os seguintes casos: Brucella melitensis Notificação imediata em caso suspeito ou laboratorial. Brucella abortus e Brucella suis Notificação imediata de qualquer caso confirmado. Brucella ovis Notificação mensal de qualquer caso confirmado. Entre os sinais clínicos estão aborto, nascimento de animais mortos ou fracos, em touros manifesta-se orquite, epididimite, diminuição de libido e infertilidade. Deparando-se com uma situação suspeita de brucelose, o material ideal para ser enviado para análise corresponde à secreção vaginal, placenta, feto, linfonodos, fígado, baço e leite. Seguindo a Instrução Normativa nº 10/2017, devem ser feitos testes sorológicos em laboratório credenciado ao MAPA. Como trata- se de uma enfermidade de controle oficial, devendo ser consideradas as características dela para adoção de um protocolo de diagnóstico. A legislação nacional definiu a realização pelo método direto, por meio da detecção da presença da bactéria, ou indireto, através da pesquisa de resposta imune ao micro-organismo. Também definiu os testes oficiais que devem ser utilizados: o Teste do Antígeno Acidificado Tamponado (AAT), o Teste do Anel do Leite (TAL), o 2 Mercaptoetanol (2-ME), o teste de Fixação do Complemento (FC) e o Teste de Polarização Fluorescente (FPA). O primeiro, sendo um teste de triagem, o segundo de monitoramento para propriedades leiteiras e os três últimos, confirmatórios (SANTOS, 2019). Como medidas de controle são preconizadas a vacinação obrigatória em fêmeas bovinas e bubalinas entre 3 a 8 meses de idade com a vacina B19 ou RB51 (somente bovinos), os machos não são vacinados. O transporte de animais com 24 meses de idade deve ser realizado com a guia de vacinação, acima de 24 meses de idade é necessário atestado de exame diagnóstico. Fêmeas vacinadas devem ser marcadas no lado esquerdo da cara. Diagnóstico de animais positivos deve 77 ser providenciado o sacrifício ou abate sanitário em até 30 dias após a realização do exame confirmatório. Leite cru proveniente de propriedades rurais somente poderá ser recebido por estabelecimentos de leite e derivados mediante comprovação da regularidade da vacinação e de exames periódicos para brucelose. 2.2 Tuberculose Doença transmissível, assim como a brucelose é considerada uma zoonose, de notificação obrigatória de casos confirmados. Em bovinos e bubalinos o agente etiológico é o Mycobacterium bovis, promove o desenvolvimento de lesões granulomatosas e pode infectar também os humanos. A espécie Mycobacterium tuberculosis apresenta o homem como hospedeiro primário, também pode infectar suínos, cães e gatos, causa lesões, principalmente, nos pulmões, embora possa afetar outros órgãos. A fonte de infecção são os animais infectados e as principais vias de eliminação são o ar expirado, leite, fezes, sêmen, urina e fluidos corporais. A evolução da enfermidade a campo é caracterizada por ser crônica, ou seja, demora a ser manifestar e os animais quando identificados e encaminhado para abate sanitário. Podem ser observadas lesões granulomatosas com comprometimento pulmonar, também podem ser constatados abscessos viscerais. Dentre os métodos para diagnóstico estão o teste da prega caudal, teste cervical simples e teste cervical comparativo. Como medidas de controle são preconizadas o diagnóstico, descarte ou abate sanitário dos animais positivos e desinfecção adequada do ambiente. Para ambas enfermidades, as propriedades certificadas devem cumprir medidas previstas no PNCEBT, deve haver a supervisão técnica de profissional médico veterinário habilitado, utilizar o sistema de identificação individual dos animais aprovado pelo serviço veterinário oficial e atualização do rebanho. Quando há propriedades com focos de brucelose é necessário que seja feito o saneamento atendendo devidas condições e ser realizado por médico veterinário habilitado, sob supervisão do serviço veterinário oficial. 3 OUTROS PROGRAMAS Veja a seguir outros programas relacionados à defesa sanitária animal. 3.1 Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa A febre aftosa é uma doença que considerando alto grau de contágio e que que pode causar prejuízos bem expressivos aos agronegócios, é classificada na lista A do Código Sanitário Internacional (SAMARA et al., 2004). É uma doença que representa um grande desafio para o Brasil, visto que é considerado livre da doença mediante vacinação, pois esta doença representa barreiras comerciais que impedem as exportações de carne para países com status sanitário 78 superior (livres sem vacinação) e detém a entrada do produto brasileiro a novos mercados. É uma enfermidade que causa impactos prejudiciais na economia de muitos países, visto que dependem da fidedignidade dos alimentos de origem animal, que devem ser procedentes de animais isentos dessa doença, que além de diminuir a produtividade do rebanho, também reduz os alimentos disponíveis aos consumidores. Com Isso, é possível perceber como a saúde pública está interligada com o ambiente e o bem estar sócio econômico. (SILVA; MIRANDA, 2006). A aftosa é uma doença infectocontagiosa aguda com alto poder de contagiosidade entre os animais susceptíveis. Causada por um vírus da família Picornavirus, gênero Aphtovirus, entre os animais afetados estão os biungulados domésticos e selvagens, como bovinos, suínos, bubalinos, ovinos e caprinos. Caracterizada por lesões vesiculares na mucosa oral, epitélio lingual, nasal, mamário, também podem ser observadas lesões na região dos cascos e nos espaços interdigitais. O agente etiológico é dividido em sete tipos diferentes, classificados em A, O, C, SAT-1, SAT-2, SAT- 3 e Asia-1. (CANAL et al., 2005). É uma enfermidade, considerada como uma zoonose, apesar de raramente o homem ser afetado pela doença, sendo um hospedeiro acidental. Fato comprovado pelo reduzido número de descrições de caso em humanos pelo mundo, apesar da facilidade de exposição ao agente, a distribuição geográfica e a alta ocorrência em animais domésticos (ANDRADE, 2008). Cada país desenvolve suas próprias estratégias de controle de seus pontos de entrada e importação diante da febre aftosa. Algumas legislações utilizadas na prevenção da entrada da doença inclui a proibição da importação de animais de países onde a febre aftosa seja endêmica. Outros países são mais rigorosos, permitindo apenas alguns produtos que tenham sofrido algum tipo de tratamento, assegurando assim que não contenha o vírus (OIE, 2016). A supressão da febre aftosa é complexa devido aos altos custos que acarreta e que nem todos os países afetados possuem condições pecuniárias para tomar medida de erradicação ou não possuem o interesse na sua erradicação pelo fato de ser pouco importante para sua economia pecuária. Na América, o controle da enfermidade é importante, porque a produção bovina e suína é para o abastecimento mundial. Esta doença éprioridade de exclusão para órgãos internacionais e FIQUE DE OLHO A queda na produtividade e perda de mercados acarretam prejuízos considerando as barreiras sanitárias impostas pelos importadores de carne, os gastos públicos e privados com a prevenção, controle e erradicação, e indenização, quando necessário o sacrifício dos animais doentes. Os prejuízos também são oriundos das despesas necessárias para retomar os status de área livre da doença conforme regras do OIE. 79 governos, pois sua presença significa fechamento das fronteiras para as exportações. A erradicação da febre aftosa figura uma maior lucratividade para as empresas e produtores, sendo o caminho para o aumento na produtividade animal. Ainda, contemplando as exigências do mercado mundial por qualidade e segurança sanitária nos produtos de origem animal. A fim de atender essa demanda foram implantadas normas específicas como o Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa (PNEFA) em 2007, que dá as diretrizes gerais para a erradicação e a prevenção da Febre Aftosa em todo território nacional. O programa ainda prevê compartilhamento de responsabilidades entre os governos federal e estadual e o setor privado, tendo bem definidas as atribuições de cada uma das partes. Em 2017, foi aprovado o Plano Estratégico do Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa, que partiu da necessidade de reformulação do PNEFA através da Portaria nº 116/2017, levando em conta o cenário nacional e regional da febre aftosa. O objetivo deste plano foi a criação medidas que garantissem o status de país livre da febre aftosa e ampliassem as zonas livres de febre aftosa sem vacinação, protegendo a pecuária brasileira, gerando assim benefícios a todos os envolvidos e à sociedade. Buscando fortalecimento na vigilância para doenças vesiculares, a prevenção e avanço de zonas livres de febre aftosa sem vacinação, alcançando todo o território nacional, desse modo, contribuindo com a saúde dos rebanhos brasileiros. O Plano está regrado com o Código Sanitário para os Animais Terrestres, da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), e as diretrizes do Programa Hemisférico de Erradicação da Febre Aftosa (PHEFA), com o propósito também da erradicação da doença na América do Sul (SANTOS, 2019). A produção, controle de qualidade, comercialização e emprego de vacinas contra a febre aftosa, foi regulamentada pela Instrução Normativa nº 11 de 2018. 3.2 Programa Nacional de Sanidade Suídea O Programa Nacional de Sanidade Suídea (PNSS) trata-se do controle sanitário que deve ser realizado nos estabelecimentos de criação de suídeos que tenham por atividades e por produção, reprodução e comercialização e distribuição de suídeos, também impedir a entrada de doenças exóticas, controlar e erradicar as enfermidades já existentes no país. O programa tem por objetivo manter a sanidade do rebanho suíno tendo por foco a Doença Aujeszky (DA) e a Peste Suína Clássica (PSC), que quando atingem o rebanho comercial causam grandes prejuízos econômicos. A PSC, também conhecida como febre suína ou aida cólera dos porcos, é uma enfermidade viral infectocontagiosa que tem como agente etiológico um vírus da família Flaviviridae, gênero pestivirus, com predileção pelo sistema linfático e circulatório dos suídeos, apresentando alta morbidade e letalidade, manifestando-se com hemorragias e problemas reprodutivos (MELDAU, 2020). É uma doença de notificação obrigatória e imediata. A transmissão se dá, principalmente, de forma direta pelas secreções, excreções e sangue, por meio de fômites e ainda infecção transplacentária. 80 A doença de Aujeszky, também denominada de peste de coçar ou pseudoraiva, é uma doença viral que afeta suínos, causando quadros febris e comprometendo o sistema nervoso, sendo uma enfermidade de notificação obrigatória e imediata. É causada por um vírus da família Hespeviridae, gênero Varicellovirus. A transmissão ocorre por contato direto e fômites, principalmente. Logo, o PNSS busca minimizar os impactos negativos dessas doenças no mercado agropecuário por meio de legislação específica, a qual vai orientar as ações e procedimentos para precoce e imediata notificação e confirmação de suspeita das doenças, buscando a sua erradicação. Com isso, faz-se necessário um plano de contingência que trace estratégias para alcançá-las. A busca pela erradicação das enfermidades iniciou-se em 1934 com o Decreto nº 24.548/34, o qual caracteriza como obrigatória a notificação da Doença de Aujeszky, sendo um reflexo das preocupações com as barreiras sanitárias. Em 2001, com a Instrução Normativa nº 01/2001 proíbe a entrada em zonas livres de suídeos, seus produtos e subprodutos que sejam considerados veiculadores do vírus peste suína clássica. Ou seja, barreiras internas são criadas para que os animais livres não tenham contato com o vírus. Com a Instrução Normativa nº 19/2002, da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), são aprovadas normas para certificação das granjas de reprodutores suídeos, ou seja, as granjas que quiserem comercializar suínos para reprodução terão que ser certificadas e livres de determinadas doenças, dentre elas a peste suína clássica e a doença de Aujeszky. A Instrução Normativa nº 06/2004, aprova as normas para erradicação da PSC, devendo serem observadas em todo Brasil, com medidas estratégias na vigilância sanitária visto que é o alicerce para qualquer programa, notificação obrigatória e imediata em caso de suspeita ou ocorrência da doença, assistência imediata aos focos (em no máximo 12 horas), controle do trânsito de suídeos, e controle e desinfecção dos equipamentos, veículos e ambiente. A Instrução Normativa nº 47/2004 aprova o Regulamento Técnico do Programa nacional de Sanidade Suídea (PNSS), que prevê o controle dos estabelecimentos que criam suínos para produção, reprodução, comercialização, bem como material para multiplicação; também prevê medidas para impedir doenças exóticas, prevenir e controlar doenças existentes. 3.3 Programa Nacional de Prevenção e Controle das Encefalopatias Espongiformes A Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) é uma doença infecciosa; não contagiosa, neurodegenerativa progressiva, fatal, originada da suplementação da alimentação com farinha de ossos ou carne contendo a proteína príon. É uma doença que não tem relação com a genética ou sexo dos animais. Antes dos sinais neurológicos, os animais apresentam perda de peso e baixa produção de leite, bem como alteração no comportamento (inquietude, olhar assustado) e locomoção. O Programa tem por objetivo prevenção da entrada do agente, sendo a situação sanitária ideal, o mínimo risco de contrair a enfermidade, por meio do controle da alimentação de 81 ruminantes; controle das fábricas de ração, a fim de evitar contaminação cruzada da ração de ruminantes. Assim como, correto controle e destinação dos resíduos dos abatedouros. O controle de importação visa a prevenção da entrada do agente é feita por meio de: proibição da importação de ruminantes, seus produtos e subprodutos, de países de risco para EEB; identificação individual e monitoramento dos bovinos importados, exceto para abate imediato; e controle da importação de alimentos para ruminantes A vigilância é realizada por meio de exames na população alvo com o objetivo de provar que a ausência de notificação da doença é baseada numa busca de animais suspeitos. Desde 1997, é considerada uma doença de notificação obrigatória, conforme estabelecido pela Portaria nº 516/97. A Instrução Normativa nº 18, de 15 de dezembro de 2003, proíbe o abate de bovino e bubalino importados de país onde tenha tido casos da doença ou de país de risco para a doença. A Instrução Normativa nº 18, de 15 de fevereiro de 2002, regulamentou as Normas que devem ser adotadas, visando promover a vigilância epidemiológica para detecção de Encefalopatias Espongiformes Transmissíveis (EET) em ruminantes. Já a Instrução Normativa nº 8, dePARA RESUMIR ..............................................................................................................................67 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................68 UNIDADE 4 - Defesa sanitária animal e inspeção sanitária.............................................................71 Introdução.............................................................................................................................................72 1 Atividade na defesa sanitária animal ................................................................................................. 73 2 PNCEBT...............................................................................................................................................74 3 Outros programas .............................................................................................................................. 77 4 Inspeção sanitária .............................................................................................................................. 88 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................90 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................91 Esta é uma obra abrangente sobre vários aspectos que envolvem a prática médica veterinária no que diz respeito à moral, ética e legislações que regulam a área. Na primeira unidade, vamos abordar ética e moral na prática médica veterinária, discorrendo sobre os conceitos, conflitos e consenso na geração da ética fundamentada nos valores morais. Explicaremos aqui como gerenciar os desafios da profissão na mediação de conflitos e fazer uma reflexão crítica sobre a prática do médico veterinário na prestação de serviços com responsabilidade. A fundamentação legal para o exercício da profissão do médico veterinário e o Código de Ética que ele deve seguir serão apresentados nesta unidade também. A segunda unidade tratará do código de ética, direitos dos animais no ensino e pesquisa, onde conheceremos os deveres do profissional de medicina veterinária, a responsabilidade técnica e as leis reguladoras. Falaremos também sobre o charlatanismo nessa área e as devidas penalidades, além dos direitos dos animais e os deveres do profissional em situações que envolvem a prática diária no exercício profissional. Na terceira unidade, abordaremos a fiscalização veterinária, ou seja, vamos ver como ocorrem as atividades do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) e as fiscalizações dos produtos agropecuários, alimentos para animais, materiais de multiplicação animal e produtos veterinários. Mostraremos aqui como as legislações regulamentam essas atividades nos estados e no país. Falaremos sobre o papel do médico veterinário no âmbito dessas atribuições e como ocorre o seu trabalho tendo em vista o Código de Conduta do Agente Público do MAPA. A quarta unidade tratará da defesa sanitária animal e da inspeção federal, onde explicaremos sobre os programas abrangidos pela defesa sanitária animal, as doenças que fazem parte desse programa e quais são as estratégias de prevenção/controle utilizadas com o objetivo de alcançar a melhor saúde animal e humana. Inicie seus estudos com foco! Bons estudos! PREFÁCIO UNIDADE 1 Ética e moral na prática médica vete- rinária Você está na unidade Ética e moral na prática médica veterinária. Neste momento, você será capaz de aprender sobre os conceitos, conflitos e consenso na geração Ética fundamentada nos valores morais. Aprenda a gerenciar os desafios da profissão na mediação de conflitos e refletir sobre a prática do médico veterinário na prestação de serviços com responsabilidade nas espécies animal e humana. Compreenda a fundamentação legal para o exercício da profissão do médico veterinário dentro dos princípios estabelecidos pela Lei nº 5.517, de 23 de outubro de 1968. Conheça, ainda, o Código de Ética do médico veterinário aprovado na Resolução CFMV nº 1.138, publicada no Diário Oficial da União em 25 de janeiro de 2017. Bons estudos! Introdução 11 1 PRINCÍPIOS ELEMENTARES Esta unidade mostrará conceitos, conflitos e consensos empregados pela Ciência Veterinária no exercício da profissão de forma ética e moral. As concepções apresentadas colaboram para o desenvolvimento técnico e crítico do estudante da mesma maneira que proporciona um respaldo para o exercício da profissão amparado pelos princípios estabelecidos pela Lei nº 5.517. A disciplina é imprescindível para formação do médico veterinário, pois é fundamental na orientação dos prolegômenos éticos e morais para o exercício da profissão de maneira responsável à saúde humana e animal. Cabe ressaltar que a deontologia é uma ciência aplicada aos deveres do médico veterinário, o que retrata, ações de maneira disciplinada no comportamento durante o desempenho profissional. Essas ações são regidas pelo Código de Ética aprovado na Resolução CFMV nº 1.138, em que, no capítulo II (Art. 6º) são enumeradas as obrigações do médico veterinário. E no preâmbulo 5, o exercício da medicina veterinária deve ser realizado de forma íntegra, respeitosa, com dignidade e consciência segundo normas previstas no código e na legislação vigente. Com isso, o médico veterinário torna-se profissional essencial, diante do cenário mundial, na atenção técnica e sanitária animal, promovendo dessa maneira a diminuição dos riscos de doenças à população humana. Figura 1 - Ética e valores profissionais Fonte: 3D Generator, shutterstock, 2020. #ParaCegoVer: Na imagem é possível observar vários norteadores para exercício profissional em um céu com nuvens de fundo, indicando um contexto global futuro. 1.1 Conflitos e consenso para o profissional médico veterinário Adiante ao que foi tratado, os conflitos e consensos são desafios que geram moral e ética no exercício da profissão médica veterinária. Existem diversos setores de atuação para médicos e 12 médicas veterinárias, segundo o Conselho Federal de Medicina Veterinária são mais de 80 áreas de atuação. Essas funções podem ser exercidas na promoção da saúde e bem estar animal, saúde pública, produção de alimentos, além da preocupação com a sustentabilidade ambiental. Por isso, o médico veterinário está sujeito a conflitos morais na tomada de decisão, como por exemplo, durante a escolha da eutanásia. Segundo a Resolução nº 1.000, de 11 de maio de 2012, o Conselho Federal de Medicina Veterinária, no Art. 3º, indica que a eutanásia pode ser indicada nas situações em que: I - o bem-estar do animal estiver comprometido de forma irreversível, sendo um meio de eliminar a dor ou o sofrimento dos animais, os quais não podem ser controlados por meio de analgésicos, de sedativos ou de outros tratamentos; II - o animal constituir ameaça à saúde pública; III - o animal constituir risco à fauna nativa ou ao meio ambiente; IV - o animal for objeto de atividades científicas, devidamente aprovadas por uma Comissão de Ética para o Uso de Animais – CEUA; V - o tratamento representar custos incompatíveis com a atividade produtiva a que o animal se destina ou com os recursos financeiros do proprietário. Noções de princípios éticos e morais são necessárias durante este tipo de ação para dar segurança na tomada de decisão, principalmente, por se tratar de um assunto difícil e complexo. Segundo Nautath (2015) em seus estudos muitos profissionais têm sofrimento psíquico quando realizam eutanásia e ressalta a necessidade de avaliação dos efeitos à saúde dos profissionais envolvido com tal procedimento. Esta atitude, na maioria dos casos, deve ser tomada juntamente com o tutor do animal, pois, rotineiramente a última palavra é dele. Agora é importante conhecer de maneira técnica os principais conceitos desta disciplina.25 de março de 2004, proibiu em todo o território brasileiro a produção, a comercialização e a utilização de produtos para a alimentação de ruminantes que em sua composição inclua proteínas e gorduras de origem animal. Com Instrução Normativa nº 41, de 25 de 2009, foi aprovado conjunto de procedimentos adotados na fiscalização de alimentos de ruminantes em estabelecimentos de criação e na destinação dos ruminantes que foram alimentados com subprodutos de origem animal. E finalmente a Instrução Normativa nº 44, de 17 de março de 2013, normatiza o Programa Nacional de Prevenção e Vigilância de Encefalopatia Espongiforme Bovina. (VAZ; SENA, 2017). 3.4 Programa Nacional de Controle da Raiva dos Herbívoros O Programa Nacional de Controle da Raiva dos Herbívoros (PNCRH) visa a redução a ocorrência da doença em herbívoros domésticos, dentre suas estratégias: controle de transmissores, vacinação dos herbívoros domésticos em situações especificadas no programa, vigilância epidemiológica e outros procedimentos de defesa sanitária animal, com o objetivo de proteger a saúde humana e controlar a doença em herbívoro. A raiva considerada zoonose, é enfermidade pertencente ao gênero Lyssavirus que causa uma encefalomielite fatal em mamíferos, de importância socioeconômica e para saúde pública. Sua transmissão se dá forma direta e indireta. É uma doença de notificação obrigatória de suspeita da doença e quando animais apresentarem mordeduras por morcegos ou quando da existência de abrigos de animais hematófagos. Os herbívoros são hospedeiros acidentais da raiva, não sendo fonte de transmissão, salvo na forma acidental. Seu principal transmissor é o morcego hematófago Desmodus rotundus. O PNCRH foi normatizado em 2002 com a Instrução Normativa nº 5, que conforme seu Artigo 5º, tem como objetivo baixar a prevalência da doença na população de herbívoros domésticos, bem como fornecer orientações e traçar estratégias de vacinação a fim de alcançar tal objetivo. 82 Ainda em 2002, a Instrução Normativa nº 69/2002 regulamento a produção e comercialização de vacinas contra raiva em herbívoros. Os estados podem legislar complementarmente sobre a necessidade de vacinação compulsória em áreas de risco. Em 2005, através da Portaria nº 168, é aprovado e determinação sua publicação o Manual Técnico para controle da Raiva em Herbívoros, com o objetivo de padronizar as medidas de controle. (BRASIL, 2009). 3.5 Programa Nacional de Sanidade do Animais Aquáticos A defesa agropecuária voltada a animais aquáticos abrange: peixes, camarões, rãs, jacarés, algas, zooplâncton, fitoplâncton e moluscos em qualquer fase do desenvolvimento. Com intuito de proteção contra introdução e/ou introdução de agentes patogênicos, tem-se como principal ato normativo a Instrução Normativa nº 4/2015 que cria o Programa Nacional de Sanidade de Animais Aquáticos que foi atualizada pela Instrução Normativa nº 4/2019. A atuação da defesa dentro do programa se dá por cadastramento das propriedades, fiscalização e certificação dos produtos, controle de trânsitos dos animais, produtos ou subprodutos; emissão de GTA, vigilância epidemiológica; intervenção imediata em caso de suspeita ou foco de doenças de notificação obrigatória; colheita de material biológico para exames; isolamento e sacrifício de animais doentes; educação sanitária. O programa foi instituído pela Portaria 573/2003. Dentre as doenças em peixes de notificação obrigatória, nenhuma foi diagnosticada no Brasil; não havendo obstáculos para exportação até o momento. Ocorrem em espécies poucos cultivadas como salmão ou truta, por exemplo. (MACHADO, 2019). 3.6 Programa Nacional de Sanidade Apícola A economia brasileira depende bastante da sanidade das abelhas, delas dependem em média 35% da produção de alimento por meio de sua polinização. No Brasil, são utilizadas por apicultores abelhas, africanizadas, um polihíbrido resultado de gerações com grande variabilidade genética e mais resistentes aos patógenos e parasitas do que as europeias. Atualmente, ainda não se sabe ao certo a real da situação sanitária dos apiários no país; dos meliponários e das demais abelhas nativas, devido à alta de laboratórios, pesquisas, recursos humanos e financeiros. As abelhas estão sumindo, entre as causas estão mudanças climáticas, destruição de ambientes naturais, mudanças no uso da terra (monocultivo intensivo), uso indiscriminado de agrotóxicos, pesticidas, doenças e pragas e ainda desnutrição, fome, falta de manejo. (BRASIL, 2009) O PNSAP foi instituído por meio Instrução Normativa nº 16, de 8 de maio de 2008, com a finalidade o fortalecimento da cadeia produtiva apícola através de ações de vigilância e defesa sanitária animal. As ações realizadas com intuito de prevenção, diagnóstico, controle e erradicação 83 de doenças e pragas que possam causar danos a cadeia produtiva apícola, o PNSAP vai ter por metas promover atividades, como: • Educação sanitária. • Estudos epidemiológicos. • Controle do trânsito. • Cadastramento, fiscalização e certificação sanitária. • Intervenção imediata quando da suspeita ou ocorrência de doenças ou pragas de notifi- cação obrigatória. 3.7 Programa Nacional de Sanidade Avícola A preocupação do Brasil com Sanidade Avícola já vem de longa data, considerando que é um dos países líderes em agronegócios, que os mercados consumidores estão cada vez mais exigindo produtos de qualidade, a alta competitividade da carne de frangos no cenário internacional, as possíveis barreiras sanitárias (doenças que podem acometer as aves) e comerciais (por exemplo, países que não compram de outros em decorrência do status sanitário). Além disso, também há importante necessidade de um produto de qualidade, com preço atrativo, que respeite as legislações nacional e internacional relativo a bem estar animal, bem como utilização de insumos que atendam às exigências do mercado internacional. A fim de atender essas necessidades e considerando a importância da produção avícola para a economia brasileira, o Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA) foi consolidado pelo MAPA através de sua Portaria 193/94. O PNSA, basicamente normatiza os serviços veterinários nas áreas de campo, laboratório e inspeção; viabiliza estratégias de medidas de controle e erradicação de principais enfermidades em aves: micoplasmoses, doença de Newcastle, influenza aviária e salmonelas. Em 2007, foi estabelecida a Instrução Normativa nº 56/2007 a fim de atender as necessidades de padrões sanitários mais rígidos voltados a atender mercados interno e externos, estabelecendo procedimentos registros, fiscalização e controle de estabelecimentos avícolas. Em 2002, por meio da Instrução Normativa nº 59/2009, o MAPA alterou os padrões e prazos estabelecidos na Instrução Normativa nº 56. Atendendo, com isso, uma reivindicação do setor que não teve tempo hábil e condições para cumprir as exigências da instrução normativa anterior. (BRASIL, 2009) A Instrução Normativa SDA nº 10/2013, teve por objetivo definir o programa de gestão de risco diferenciado, tendo por base a vigilância epidemiológica e adoção de vacinas em estabelecimentos avícolas de maior sensibilidade à entrada e propagação de agentes patogênicos entre os plantéis brasileiros e para estabelecimentos avícolas que dentre suas atividades exercidas precisem de medidas sanitárias mais rigorosas (MACHADO, 2019). 84 A Instrução Normativa SDA nº 8, de 17 de fevereiro de 2017 altera a Instrução Normativa nº 10, de 11 de abril de 2013 (MACHADO, 2019). A Instrução Normativa nº 44/2001 estabeleceu as provas laboratoriais e amostras a serem utilizadas para monitoramento e diagnósticos das doenças abrangidas pelo PNSA. A medidas de controle e biossegurança a serem tomadas conforme estabelece a Instrução Normativa nº 44/2001 frente a resultados positivos são: Sacrifício/abate do núcleo quando positivo para Micoplasma galissepticum, Mycoplasma synovae em linhagens puras, bisavós e avós importadasou nascidas no Brasil. Em perus, abate/sacrifício do núcleo quando positivo para Micoplasma galissepticum, Mycoplasma synoviae e Mycoplasma meleagridis (MACHADO, 2019). • Para realização de exportações, um estabelecimento avícola deve estar certificado como livre de micoplasmose aviária (Mycoplasma gallisepticum, Mycoplasma synoviae e My- coplasma meleagridis). O estabelecimento avícola que participe do PNSA não pode fazer uso de vacinas, conforme descrito: • Para estabelecimentos de controle permanentes, não pode ser usada vacina de qualquer natureza contra a micoplasmose aviária. • Durante 4 semanas que antecedem a realização de provas laboratoriais, não pode ser utilizada qualquer vacina preparada com adjuvante oleoso. • Não pode ser usada qualquer droga que possa interferir nos resultados durantes três semanas antes serem feitas provas laboratoriais. • As empresas devem fornecer calendário de colheitas com cronograma de nascimentos de importação. A Influenza Aviária (IA) é uma enfermidade grave de notificação obrigatória, zoonose com mortalidade em seres humanos e exótica no brasil. A Doença de Newcastle (DNC) é também muito relevante, mas atualmente o Brasil considerado livre da mesma. A Portaria 182/94 e a Instrução Normativa nº 32/2002 normatizam que em caso de suspeita dessas doenças todas as notificações deverão ser imediatamente investigadas e deve ser providenciado o envio de amostras para laboratório oficial ou credenciado ao MAPA (BRASIL, 2009). Também deve haver interdição das propriedades ou do estabelecimento avícola e registros das categorias de aves, com indicação do número de mortes, e de aves com sinais clínicos e assintomáticas. Deve ser feita manutenção das aves nos locais de alojamento ou confinadas em outros locais onde devem estar isoladas e sem movimentação; a biosseguridade deve ser reforçada; deve ser providenciado sequestro da carne e/ou ovos de aves produzidas durante o período de incubação da doença. Ainda referente à DNC, a Instrução Normativa nº 17/2006 aprova o plano nacional de prevenção da IA e do controle e prevenção da DNC, baseada em dois tipos de vigilância: a vigilância passiva, com inspeção de granjas observação da apresentação de sinais clínicos e o diagnóstico de exclusão quando há casos de mortalidade anormal; a vigilância ativa será a partir do isolamento 85 viral e/ou testes moleculares conduzidos principalmente em abatedouros com fiscalização do SIF e, também, por meio de acompanhamentos das vigilância clínicas e sorológicas, trabalhando com a ideia de foco. (BRASIL, 2009). Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: Somente vacinas registradas e aprovadas pelo mapa devem ser usadas. Para IA, por ser uma doença exótica no país, somente será realizada quando autorizada pelo DDA/SDA após comprovada a ocorrência da doença e avaliado o risco e análise da situação epidemiológica. Em suspeita de algum foco de IA e DNC no Brasil, o Plano Nacional de Contingência deve ser colocado em prática. O plano é um conjunto de medidas e estratégias a serem aplicadas emergencialmente em caso de foco e além de definir as responsabilidades e competências do serviço veterinário oficial, nas esferas federal e estadual e no setor produtivo. Ficou estabelecido pela Instrução Normativa SDA nº 21/2014, normas técnicas para a Certificação Sanitária da Compartimentação da Cadeia Produtiva Avícola das granjas de reprodução, de corte e incubatórios, de galinhas ou perus (MACHADO, 2019). Para a Salmonelose, a Portaria 78/2003, definiu medidas para o monitoramento de estabelecimentos avícolas de controles permanentes e eventuais, com exceção de exceto postura comercial, frango de corte e ratitas; em estabelecimentos que realizam o comércio ou a FIQUE DE OLHO Quando se trata de vacinação, no caso de DNC, é facultativa desde que observada a situação epidemiológica local e obrigatória em estabelecimentos de controle permanente. Eventualmente, também pode ser determinada pelo MAPA. 86 transferência nacional e internacional de seus produtos, que serão utilizados para a reprodução e produção de aves e ovos férteis, ficando obrigados a realizarem o monitoramento de seus plantéis, obedecendo os critérios do Programa Nacional de Sanidade Avícola – PNSA (BRASIL, 2009). O estabelecimento avícola participante do PNSA não poderá utilizar: vacina que contenha adjuvante oleoso por quatro semanas antes de realização dos testes laboratoriais, nem qualquer droga que possa interferir nos testes sorológicos e/ou dificulte o isolamento durante três semanas antes de testes laboratoriais. Em estabelecimentos de criação de matrizes, em situações que as aves estejam em tratamento medicamentoso para S. Enteritidis e S. Typhimurium, com acompanhamento do MAPA, as empresas devem encaminhar um calendário mensal contemplando o cronograma de nascimento, importação e as datas das coletas rotineiras de material para equilibrar com as datas de colheitas oficiais e a fiscalização e supervisão no referido estabelecimento. A Instrução Normativa SDA nº 20/2016 estabeleceu regras para o controle e o monitoramento de Salmonella spp em estabelecimentos avícolas comerciais de frangos e perus de corte e em estabelecimentos com abate de frangos, galinhas, perus de corte e reprodução devidamente acompanhados pelo Serviço de Inspeção Federal – SIF. (MACHADO, 2019). 3.8 Programa Nacional de Sanidade dos Caprinos e Ovinos O Programa Nacional de Sanidade de Caprinos e Ovinos (PNSCO) teve início com a Portaria SDA 47/204 que criou o Comitê Consultivo do PNSCO, com a Instrução Normativa nº 87/1994 que aprova o regulamento do programa, e a Instrução Normativa nº 20/2005 que aprova os procedimentos para cadastro sanitários de estabelecimentos (BRASIL, 2009). O programa tem por principal objetivo a vigilância epidemiológica e sanitária das principais doenças que acometem esses animais por meio de atendimentos da vigilância em propriedades e estabelecimentos, fazendo a vistoria dos animais, verificação de suspeitas de doenças e monitoramento de suas ações. Sua estratégia de prevenção, controle e erradicação de doenças em rebanhos de caprinos e ovinos por meio da educação sanitária, fiscalização e controle de trânsito de animais e cadastramento, fiscalização e certificação de propriedades, também são recomendados os estudos epidemiológicos que são fundamentais na Unidade de Sanidade Animal e Vegetal e por fim interdição de qualquer propriedade que seja suspeita ou em que esteja ocorrendo doença de notificação obrigatória. Dentre as doenças de notificação obrigatória destacam-se a Scrapie (ou prurido lombar), doença neurodegenerativa fatal, que acomete o sistema nervoso de ovinos entre 2 e 5 anos de idade devido a alimentação com produtos de origem animal que contenham a partícula infectante, denominada príon. Os principais sinais clínicos são pruridos intensos, incoordenação 87 motora e tremedeira ou estado convulsivo. Outra enfermidade é a Maedi-Visna (MV), parecida com artrite encefalite dos caprinos, doença crônica causada por um Lentivirus que afeta SNC e pulmões de ovino jovens. Sinais clínicos dificilmente são observados, mas entre estão dificuldade respiratória, emagrecimento e podendo apresentar a forma nervosa paralítica. Também cabe destacar a Linfadenite Caseosa (ou mal do caroço), doença crônica infectocontagiosa causada pelo Corybacterium pseudotuberculosis, que caracteristicamente provocar abscessos em linfonodos e órgãos. Por fim, epididimite infecciosa ovina (ou brucelose ovina), causada pela Brucella ovis, com tendência a uma evolução crônica caracterizada por lesões genitais, epididimite nos machos, placentite nas fêmeas, mortalidade de recém nascidos ou nascimento abaixo do peso. 3.9 Programa Nacional de Sanidade dos Equídeos O Programa Nacional de Sanidade dos Equídeos (PNSE) foi criado visando de fortalecimento do setor agropecuário dos equinos por meio de ações de vigilância e defesa sanitária animal. Esteprograma tem por principais atividades: educação sanitária, estudos epidemiológicos, controle de trânsito, fiscalização e certificação sanitária, intervenção imediata em caso de suspeitas de ocorrência de enfermidades de notificação obrigatória. As principais enfermidades abrangidas pelo programa são Anemia Infecciosa Equina e Mormo. O PNSE, foi instituído em 2008 pela sua Instrução Normativa nº 17/2008 visando medidas de ações de vigilância e defesa sanitária animal (BRASIL, 2009). Anemia Infecciosa Equina Enfermidade também conhecida como febre do Pântanos e Aids dos Equinos. É uma doença que ocorre no mundo todo, e em todo o Brasil, principalmente em áreas pantanosas, considerada de notificação obrigatória para Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). É uma doença viral do gênero Lentivirus, com um período de incubação longo, afetando exclusivamente equinos. A transmissão ocorre por picada de insetos hematófagos, iatrogênica, fômites e verticalmente. As normas para prevenção e controle da Anemia Infecciosa Equina foram em 2004 por meio Instrução Normativa nº 45/2004 (MACHADO, 2019). Mormo Doença contagiosa, zoonose geralmente fatal, causada pela bactéria Burkholderia mallei, de curso agudo ou crônico, acomete principalmente equinos podendo ou não ter sinais clínicos. De baixa morbidade e alta mortalidade. Infecção se dá via oral, transcutânea e respiratória. De notificação obrigatória, sendo incluída ao PNSE em 2018 pela Instrução Normativa nº 6/2018 88 (MACHADO, 2019). 4 INSPEÇÃO SANITÁRIA Tem-se o conhecimento que é direito das pessoas obterem produtos de qualidade e adequados. Em muitas das etapas de controle desses produtos ocorrem falhas operacionais que resultam em danos ou doenças. Logo, entende-se a importância da inocuidade dos alimentos que chegam ao consumidor. E atende-se minimamente as expectativas referentes a essa inocuidade por meio de inspeção sanitária. A inocuidade tem relação com possibilidade de ocorrer sua contaminação física, química ou biológica, o controles deve ser realizado em todas as etapas da cadeia produtivas, ou seja, desde do produtor até o produto final que chega ao consumidor, a partir dessa ideia é importante que estejam estabelecidas as ferramentas (boas práticas de fabricação, sistema de análise de perigos e pontos críticos de controle, procedimentos padrão de higiene operacional, programas de autocontrole etc.) para as indústrias poderem controlar seus processos, evitando ou minimizando a ocorrência de contaminação. Figura 1 - Fiscalização de produtos veterinários Fonte: Phovoir, Shutterstock, 2020. #ParaCegoVer: Na imagem temos a representação de uma médica veterinária realizando fiscalização de produtos de origem animal e preenchendo as informações em uma prancheta. A Lei nº 1.283 de 18 de dezembro de 1950, que obriga a inspeção sanitária em produtos de origem animal, sendo a responsabilidade pela execução do Governos Federal, Estadual ou Municipal, conforme 89 para onde o comércio se destina. Em 1952, com o Decreto nº 30.691, de 29 de março de 1952, o Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA), aprovado e ficaram definidos os regulamentos, em todo Brasil a inspeção sanitária dos produtos de origem animal. (BRASIL, 2009). Em 2017, o RIISPOA sofreu uma atualização considerando a Operação Carne Fraca. O novo RIISPOA foi publicado através do Decreto nº 9.013, de 29 de março de 2017 e alterado pelo Decreto nº 9.069, de 31 de maio de 2017. (MACHADO, 2019). Em 1989, com a Lei nº 7.889 ficou estabelecido os três níveis de inspeção, que depende da abrangência da área de comercialização da indústria, essa lei também foi atualizada pelo Decreto nº 9.013, de 29 de março de 2017 e alterado pelo Decreto nº 9.069, de 31 de maio de 2017. Para o comércio dentro no próprio município o registro é obtido junto às secretarias ou departamentos de agricultura dos municípios (Serviço de Inspeção Municipal – SIM); para o comércio em dentro do mesmo Estado, o registro é obtido junto às secretarias ou departamentos de agricultura dos Estados (Serviço de Inspeção Estadual – SIE), para comercialização interestadual ou internacional, o registro é obtido junto ao MAPA –Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Serviço de Inspeção Federal – SIF). Logo, todos os estabelecimentos que elaboram produtos de origem animal, devem dispor de registro e inspeção. (MACHADO, 2019). O Decreto nº 5.741/2006 regulamentou o funcionamento do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (SUASA). O SUASA, vem a ser um sistema de inspeção, organizado de forma unificada, descentralizada e integrada entre a União (por meio do MAPA), que coordena o sistema. Seu objetivo é garantir a saúde dos animais e a sanidade dos vegetais, a idoneidade dos insumos e dos serviços e a identidade, qualidade e segurança higiênico-sanitária e tecnológica dos produtos destinados ao consumo (BRASIL, 2009). 90 Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • Aprender sobre a defesa sanitária animal. • Identificar diferentes legislações. • Distinguir os programas sanitários que buscam a prevenção e o controle de doenças. • Verificar as medidas básicas de biossegurança para coleta de material com suspeita de Raiva. • Conhecer noções de inspeção. PARA RESUMIR ANDRADE, J.P.J. A importância da febre aftosa no contexto da saúde pública e animal. Rev. Cient. Elet. Medicina Veterinária, Garça, n. 10, jan. 2008. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. Portaria nº 116, de 20 de setembro de 2017. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 2 out. 2017, Seção 1, p. 3. Disponível em: http://www.in.gov.br/materia/-/ asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/19330984/do1-2017-10-02-portaria-n- 116-de-20-de-setembro-de-2017-19330966. Acesso em: 7 maio 2020. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. Departamento de Saúde Animal. Manual de Legislação: programas nacionais de saúde animal do Brasil. Brasília: MAPA/SDA/DSA, 2009. CARVALHO, L. R. O. et al. A atuação do médico veterinário em saúde pública: histórico, embasamento e atualidade. J. Health Sci. Inst., n. 35, v. 2, p. 131-136, 2017. Disponível em: http://www.unip.br/presencial/comunicacao/publicacoes/ics/edicoes/2017/02_ abr-jun/V35_n2_2017_p131a136.pdf. Acesso em: 8 maio 2020. CANAL, I. 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Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP, São Paulo, v. 15, n. 2, p. 54-66, dez. 2017. Todas as profissões devem seguir as regras e as leis pertinentes a sua área, mas o respeito à ética e à moral é imprescindível a qualquer prática, seja na vida pessoal ou na profissional. Esta é uma obra abrangente sobre vários aspectos relacionados às leis, à moral e à ética que envolvem a prática médica veterinária. A obra oferece um conteúdo didaticamente preparado e dividido em quatro unidades, como: ética e moral na prática médica veterinária; código de ética, direitos dos animais no ensino e pesquisa; fiscalização veterinária; e, por fim, defesa sanitária animal e da inspeção federal. Fundamental para seus estudos, este livro esclarece os principais pontos sobre deontologia, ética e legislação da medicina veterinária. Bons estudos!É de suma relevância que o médico veterinário reconheça de forma detalhada a fundamentação legal e os órgãos que norteiam os princípios técnicos, morais e éticos que norteiam a disciplina de Deontologia Geral. Para que você se acostume com as nomenclaturas iremos citar as principais: CFMV – Conselho Federal de Medicina Veterinária, Código de Ética do Médico Veterinário (CEMV) e a Lei nº 5.517, de 23 de outubro de 1968, que dispõe sobre o exercício da profissão de médico veterinário e cria os Conselhos Federal (CFMV) e Regional de Medicina Veterinária (CRMV). Os regimentos e normas que eles preparam serão inquiridos nos tópicos subsequentes. 1.2 Concepções fundamentais Quando se discute sobre ética, moral, deontologia e bioética para exercer a profissão médica veterinária, é habitual que esses termos gerem dúvidas. O esclarecimento desses conceitos é 13 extremamente importante para que o profissional veterinário consiga exercer a profissão com responsabilidade. Observe as definições: Ética É um aprendizado do que é bom ou mal, certo ou errôneo, honrado ou desmerecido, apropriado ou impróprio. Neste contexto busca justificativas para os preceitos propostos pela moral e o Direito. Procura meditar sobre as ações humanas (GLOCK; GONDIM, 2003). A ética significa, nas relações profissionais, um compromisso com o ofício e com o correspondente. Por isso, comportamentos, aptidões e princípios são incorporados na prática profissional (ALARCÃO, 2001). Sendo assim, na Resolução nº 1.138, de 16 de dezembro de 2016 é estabelecido no Código de Ética do médico veterinário o juramento: Juro que, no exercício da Medicina Veterinária, cumprirei os dispositivos legais e normativos, respeitando o Código de Ética profissional, buscando harmonia entre ciência e arte, aplicando meus conhecimentos para o desenvolvimento científico e tecnológico em benefício da saúde única e bem- estar dos animais, promovendo o desenvolvimento sustentável. Assim eu juro! Moral Significa a codificação das regras, leis, regulamentos, princípios e incentivos que atuam nos comportamentos e ações (REZENDE, 2006). Entende-se que as concepções morais garantem uma identidade entre profissionais que não se conhecem, mas utilizam equivalentes representatividade (GLOCK; GONDIM, 2003). Deontologia Quando se fala em ética profissional é necessário fazer referência ao termo deontologia, pois, torna-se o vocábulo mais adequado para discutir conduta no exercício profissional (RASCHE, 2006). Sendo importante no sentido de uniformizar as ações dos médicos veterinários visando construir uma identidade da categoria, gerando respeito e confiança. Por isso, são deveres do médico veterinário contidos na Resolução nº 1.138, de 16 de dezembro de 2016 do Código de Ética: Art. 6º São deveres do médico veterinário: I - aprimorar continuamente seus conhecimentos e usar o melhor do progresso científico em benefício dos animais, do homem e do meio-ambiente; II - exercer a profissão evitando qualquer forma de mercantilismo; III - combater o exercício ilegal da Medicina Veterinária denunciando toda violação às funções específicas que a ela compreende; IV - assegurar, quando investido em função de direção, as condições para o desempenho profissional do médico veterinário; V - relacionar-se com os demais profissionais, valorizando 14 o respeito mútuo e a independência profissional de cada um, buscando sempre o bem-estar social da comunidade; VI - exercer somente atividades que estejam no âmbito de seu conhecimento profissional; VII - fornecer informações de interesse da saúde pública e de ordem econômica às autoridades competentes nos casos de enfermidades de notificação obrigatória; VIII - denunciar pesquisas, testes, práticas de ensino ou quaisquer outras realizadas com animais sem a observância dos preceitos éticos e dos procedimentos adequados; IX - não se utilizar de dados estatísticos falsos nem deturpar sua interpretação científica; X - informar a abrangência, limites e riscos de suas prescrições e ações profissionais; XI - manter-se regularizado com suas obrigações legais junto ao seu CRMV; XII - facilitar a participação dos profissionais da Medicina Veterinária nas atividades dos órgãos de classe; XIII - realizar a eutanásia nos casos devidamente justificados, observando princípios básicos de saúde pública, legislação de proteção aos animais e normas do CFMV; XIV - não se apropriar de bens, móvel ou imóvel, público ou privado de que tenha posse, em razão de cargo ou função, ou desviá-lo em proveito próprio ou de outrem; XV - comunicar ao CRMV, com discrição e de forma fundamentada, qualquer fato de que tenha conhecimento, o qual possa caracterizar infração ao presente código e às demais normas e leis que regem o exercício da Medicina Veterinária; XVI – comunicar aos órgãos competentes e ao CRMV de sua jurisdição as falhas nos regulamentos, procedimentos e normas das instituições em que trabalhe, sempre que representar riscos a saúde humana ou animal. Bioética Aqui, o médico veterinário leva em consideração o princípio da igualdade entre os seres em que qualquer um pode ser afetado por uma ação. A dor e o sofrimento devem ser evitados não importa a raça ou espécie. O médico veterinário deve promover o bem-estar animal, a bioética é considerada a solução para a mediação de conflitos entre seres humanos e os animais. Diante desse conflito foi criada a Lei nº 11.794/08 de 8 de outubro de 2008 que regulamenta o uso de animais para procedimentos de pesquisa. Além disso, a Resolução nº 1.236, de 26 de outubro de 2018, foi empregada para dispor de normas sobre a conduta dos médicos veterinários frente as questões de maus tratos e crueldade inferidos aos animais. Nesse contexto, após uma sucinta explicação sobre as concepções fundamentais é importante aprofundar os conceitos e exemplificar de maneira prática prováveis indagações ainda não apresentadas. FIQUE DE OLHO O CFMV viabiliza em sua página oficial o Código de Ética do Médico(a) Veterinário(a) e a Lei nº 5517, de 23 de outubro de 1968 que dispõe sobre o exercício da profissão de médico veterinário e cria os Conselhos Federal e Regionais de Medicina Veterinária. Os documentos estão disponíveis nos links: http://portal.cfmv.gov.br/lei/index/id/157 e http://portal.cfmv. gov.br/pagina/index/id/62/secao/2. 15 2 NOÇÕES LEGAIS E PRINCÍPIOS PARA O EXERCÍCIO DA PROFISSÃO De acordo com as concepções fundamentais apresentadas aqui é de suma importância para o médico veterinário conhecer a legislação vigente, os órgãos que regulamentam o exercício da profissão, os princípios que norteiam a identidade profissional, e por último, a fundamentação ética e técnica para apoio as práticas exercidas. 2.1 Lei nº 5.517, de 23 de outubro de 1968 Chamada igualmente como Lei do exercício da profissão do médico veterinário, essa lei não só traz normas para exercer a atividades, mas também quais órgãos fiscalizam os serviços realizados. Entre os pontos fundamentais estão: Art. 2º Só é permitido o exercício da profissão de médico-veterinário: a. aos portadores de diplomas expedidos por escolas oficiais ou reconhecidas e registradas na Diretoria do Ensino Superior do Ministério da Educação e Cultura; b. aos profissionais diplomados no estrangeiro que tenham revalidado e registrado seu diploma no Brasil, na forma da legislação em vigor. Art. 3º O exercício das atividades profissionais só será permitido aos portadores de carteira profissional expedida pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária ou pelos Conselhos Regionais de Medicina Veterinária criados na presente lei. Art. 4º Os dispositivos dos artigos anteriores não se aplicam: a) aos profissionais estrangeiros contratados em caráter provisório pela União, pelos Estados, pelos Municípios ou pelos Territórios, para função específica de competência privativa ou atribuição de médico veterinário; b) às pessoas que já exerciam função ou atividade pública de competência privativade médico veterinário na data da publicação do Decreto-lei nº 23.133, de 9 de setembro de 1933. Art. 7º A fiscalização do exercício da profissão de médico-veterinário será exercida pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária, e pelos Conselhos Regionais de Medicina Veterinária, criados por esta Lei. Art. 8º O Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) tem por finalidade, além da fiscalização do exercício profissional, orientar, supervisionar e disciplinar as atividades relativas à profissão de médico-veterinário em todo o território nacional, diretamente ou através dos Conselhos Regionais de Medicina Veterinária (CRMV). O capítulo IV desta Lei determina que apenas os profissionais com inscrição no conselho 16 podem exercer suas atividades. Observa-se: Art. 25 O médico-veterinário para o exercício de sua profissão é obrigado a se inscrever no Conselho de Medicina Veterinária a cuja jurisdição estiver sujeito e pagará uma anuidade ao respectivo Conselho até o dia 31 de março de cada ano, acrescido de 20% quando fora desse prazo. Em caso de pessoa jurídica, também é obrigatório o registro para exercer suas atividades previstas nos artigos 5º e 6º da Lei nº 5.517, de 1968. 2.2 Decreto n° 64.704, de 17 de junho de 1969 No capítulo V deste Decreto é possível ter conhecimento sobre quais empresas e ramos de atividades devem ser obrigatoriamente registrados no Sistema do CFMV e no CRMV ao qual estado a empresa desenvolve suas atividades. São firmas empresas e associações dispostas neste decreto: Art. 9º As firmas, associações, sociedades, companhias, cooperativas, empresas de economia mista e outras cuja atividade requer a participação de médico veterinário, estão obrigadas ao registro nos Conselhos de Medicina Veterinária das regiões onde se localizem. Art. 10. Só poderá ter em sua denominação as palavras VETERINÁRIA ou VETERINÁRIO a firma comercial ou industrial cuja direção esteja afeta a médico veterinário. Art. 11. As entidades estatais, paraestatais, autárquicas e de economia mista que tenham atividades de medicina veterinária, ou se utilizem dos trabalhos de profissionais dessa categoria, são obrigadas, sempre que solicitado, a fazer prova de que têm a seu serviço profissional habilitado na forma deste Regulamento. 2.3 Resolução CFMV nº 1.041, de 13 de dezembro de 2013 Ao concluir o curso de graduação em medicina veterinária e ainda não recebeu o diploma você poderá exercer sua profissão desde que realize a inscrição provisória no Conselho Regional conforme estabelecido pela no Art. 5º da Resolução CFMV nº 1.041/2013. Porém, no ato da inscrição só poderão se inscrever aqueles que possuem certidão de colação de grau emitida por instituição de ensino autorizada pelo MEC. Esta cédula de identidade profissional perdurara por 12 meses. Após este período deverá ser apresentado diploma e graduação para substituição pela cédula permanente. Uma pessoa que veio de outro pais poderá exercer a profissão de médico veterinário desde que se inscreva no CRMV ao qual irá atuar. É necessário que apresente a documentação comprobatória Art. 4º e 6º da Resolução CFMV nº 1.041/2013. O procedimento é realizado de forma presencial em que é preenchido um requerimento de inscrição. Em caso de mudança de endereço, se for de forma provisória com prazo de até 90 dias o profissional não precisa realizar nova inscrição no CRMV dentro do Estado Brasileiro. Se o prazo 17 ultrapassar os 90 dias o profissional deve requerer ao presidente do Conselho do estado que irá permanecer exercendo as atividades a transferência juntando os documentos no Art. 7º da Resolução CFMV nº 1.041/2013. A cédula de identidade antiga fica retida no Conselho e uma nova é emitida. Nesta resolução é possível ser mais específica em relação aos procedimentos de registro de pessoa jurídica e microempreendedor individual no CRMV conforme estabelecido no Art. 27., da Resolução CFMV nº 1.041/2013. Contém neste artigo: Art. 27. Para o registro da pessoa jurídica e do microempreendedor individual no CRMV correspondente à região onde ela estiver atuando proceder-se-á da seguinte forma: I – preencher e protocolizar o requerimento de registro ao Presidente do respectivo Conselho (anexo nº 02), declarando sob as penas da lei que as informações prestadas são verdadeiras; II – juntar ao requerimento de registro de que trata o inciso I os seguintes documentos: a) prova de existência jurídica por instrumento legal devidamente registrado em órgãos competentes: Contrato social e/ou estatuto, mediante cópias autenticadas ou folhas do Diário Oficial que as publicou; b) comprovante de inscrição e situação cadastral junto às Receitas Federal, Estadual e/ou Municipal, quando exigíveis; c) formulário de anotação de responsabilidade técnica (anexo nº 07), devidamente preenchido e assinado pelo contratante e contratado; d) prova de pagamento da taxa de registro, da anuidade, certificado de regularidade e anotação de responsabilidade técnica. §1º As taxas de registro, expedição de certificado de regularidade, anotação de responsabilidade técnica e anuidade devem ser pagas, simultaneamente, no ato do requerimento do registro, mediante guia fornecida pelo CRMV, por via bancária, sendo o seu pagamento necessário para a conclusão do registro da pessoa jurídica. §2º Os órgãos e entidades da Administração Direta e Indireta, os jardins zoológicos oficiais, as instituições oficiais de ensino e/ou de pesquisa, as entidades de fins filantrópicos reconhecidas como de utilidade pública cujos diretores não percebam remuneração, além das atividades de aquicultura caracterizadas como de subsistência, embora obrigadas ao registro, ficam dispensadas do pagamento da taxa de registro, anuidades e da expedição de certificado de regularidade. (6) §3º Os zoológicos, instituições de ensino e/ou Pesquisa que sejam privados e tenham fins lucrativos estão obrigados a registro e pagamento da taxa de registro e anuidade (7) §4º A exigência da alínea “a” do inciso II não se aplica ao microempreendedor individual. 2.4 Resolução CFMV nº 1.177, de 17 de outubro de 2017 Diante de um novo cenário, com crescimento promissor da carreira do médico veterinário, diversas atividades empresariais surgiram, e por isso, foi necessário estabelecer novos parâmetros legais. Para tanto, instituiu-se no Artigo 1º da Resolução CFMV nº 1.177/2017 com os principais ramos. A resolução no seu contexto, como todo, desde o artigo 1º até 6º trata dos detalhes das atividades empresariais veterinárias e revoga o §4º, artigo 30, da Resolução 1.041/2013 e demais disposições em contrário. Artigo 1º: Art. 1º Estão obrigadas ao registro no Sistema Conselhos Federal e Regionais de Medicina Veterinária (Sistema CFMV/CRMV) as empresas públicas e privadas, sociedades de economia mista, associações, companhias, cooperativas, organizações não governamentais (ONGs) e demais estabelecimentos cuja atividade básica ou àquela pela qual prestem serviços à terceiros seja privativa 18 ou peculiar à Medicina Veterinária e/ou à Zootecnia, nos termos previstos no artigo 5º da Lei nº 5517, de 1968, e artigo 3º da Lei nº 5.550, de 1968. 2.5 Resolução nº 1.138, de 16 de dezembro de 2016 Com o objetivo de criar um instrumento normativo para manter o padrão do comportamento do médico veterinário em qualquer lugar do Território brasileiro e fora dele, tendo como base uma conduta exemplar e respeitosa, a Resolução aprova o Código de Ética do médico veterinário. O CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA VETERINÁRIA - CFMV no uso das atribuições: [...] resolveram se submeter a instrumento normativo capaz de mantê-los em uniformidade de comportamento social, baseado em conduta profissional exemplar; considerando que o médico veterinário deve manter uma conduta profissional e pessoal idôneas; RESOLVE: Art. 1º Aprovar o Código de Ética do médico veterinário , conforme Anexo Único desta Resolução. O médico veterinário é responsável por seus atos, portanto deve exercera profissão de forma idônea. Qualquer feito imprudente deve faz com que o mesmo responda de forma civil e ou até penalmente. O código foi criado na finalidade de elencar princípios de responsabilidade a serem seguidos. No capítulo V, artigo 9º: Art. 9º O médico veterinário será responsabilizado pelos atos que, no exercício da profissão, praticar com dolo ou culpa, respondendo civil e penalmente pelas infrações éticas e ações que venham a causar dano ao paciente ou ao cliente e, principalmente; I - praticar atos profissionais que caracterizem: a) a imperícia; b) a imprudência; c) a negligência. II - delegar atos ou atribuições privativas da profissão de médico veterinário; III - atribuir seus erros a terceiros e a circunstâncias ocasionais que possam ser evitadas, mesmo quando solicitadas pelo cliente; IV - deixar de esclarecer ao cliente sobre as consequências socioeconômicas, ambientais e de saúde pública, provenientes das enfermidades de seus pacientes; V - deixar de cumprir, sem justificativa, as normas emanadas dos órgãos ou entidades públicas, inclusive dos Conselhos Federal e Regionais de Medicina Veterinária; VI - deixar de atender às requisições administrativas e intimações emanadas pelos órgãos ou entidades públicas dentro do prazo determinado; VII - praticar FIQUE DE OLHO O seguro-saúde para animais domésticos é regulamentado por lei. Porém não é regido pela Agência Nacional de Saúde (ANS). São conhecidos como plano de saúde pet e oferecem uma ampla variedade de profissionais e procedimentos. Com o seu crescimento o CRMV precisou estabelecer na Resolução nº 1.275/2019 condições específicas para atendimento de animais de pequeno porte. 19 qualquer ato profissional sem consentimento formal do cliente, salvo em caso de iminente risco de morte ou de incapacidade permanente do paciente. Na relação com outros parceiros de profissão, é vetado ao profissional médico veterinário condutas de maneira equivocadas. E para que não houvesse dúvidas de como proceder, o Código de Ética criado nesta Resolução, no capítulo VI, fala sobre essa relação: Art. 10. É vedado ao médico veterinário: I - a conivência com o erro ou qualquer conduta antiética em razão da consideração, solidariedade, apreço, parentesco, amizade, inimizade ou ainda com finalidade de manutenção de vínculo empregatício; II – utilizar de posição hierárquica para impedir que seus subordinados atuem dentro dos princípios éticos; III - participar de banca examinadora estando impedido de fazê-lo; IV - negar sem justificativa sua colaboração profissional a colega que dela necessite; V - atrair para si, por qualquer modo, cliente de outro colega, ou praticar quaisquer atos de concorrência desleal; VI - fazer comentários desabonadores sobre a conduta profissional ou pessoal de colega; VII - desrespeitar as cláusulas dos contratos de sociedade ou as regras de contratos trabalhistas quando entre colegas; VIII - deixar de atender com cortesia colegas que necessite de orientação o na sua área de competência. Quando o médico veterinário desenvolve serviços prestados, gera honorários que devem ser pagos pelo cliente. No Código Civil Brasileiro: “toda espécie de serviço e trabalho lícito pode ser contratado mediante remuneração”. Por isso, código de ética do médico veterinário prevê no capítulo VIII sobre essa questão de remuneração e ainda sugere que seja realizado em acordo com o cliente e por escrito, quando possível. Além do que, muitas vezes se depararem com situações em que o cliente atrasa ou não paga as consultas, por isso a importância de um contrato de prestação de serviços. Uma outra discussão importante é sobre a gratuidade dos serviços prestados que não é permitida, além de gerar preços abaixo do mercado por atividades profissionais desenvolvidas. No capítulo VIII, no Artigo 12 do Código de Ética, lista-se as normas para os honorários: Art. 12. Os honorários profissionais devem ser fixados atendendo os seguintes requisitos: I - o trabalho e o tempo necessários para realizar o procedimento; II - a complexidade da atuação profissional; III - o local da prestação dos serviços; IV - a qualificação e o renome do profissional que o executa; V - a condição socioeconômica do cliente. Observe os exemplos: Quando não há um contrato que guarneça a prestação dos serviços, caberá ao médico veterinário provar que ocorreu tratamento médico. Já Houve casos em que o profissional necessitou averba ação judicial para provar com testemunhas o serviço prestado. (Apelação Cível nº 598123701. Décima Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS). Um outro exemplo é quando o médico veterinário provou que realizou o atendimento, porém, o cliente não conseguiu atestar a quitação das atividades realizadas pelo profissional (Apelação 20 com Revisão nº 1124927001, Comarca: Cubatão, Órgão Julgador: 34ª Câmara de Direito Privado). Existem muitos conflitos gerados durante a prática médica veterinária, principalmente, quando se trata da expectativa do cliente em receber boas notícias ao tratamento do seu animal. Por isso, que procedimentos como eutanásia são tão difíceis na tomada de decisão. Um outro fator, são as divergências entre os próprios profissionais médicos veterinários tornando mais complicado de resolver, devido a convivência diária no trabalho. Na pesquisa o profissional pode encontrasse em situações conflituosas enquanto ao uso de animais em estudos e este tenha que ser sacrificado. Por isso, é importante que o profissional tenha seus princípios éticos e morais solidificados. 3 RELAÇÃO PROFISSIONAL COM O CLIENTE Essa relação pode ser desde harmoniosa a conflituosa. Para tanto, o médico veterinário tem que estar disposto a enfrentar as diversas divergências que possam surgir. É importante que todo procedimento a ser realizado seja esclarecido e ambas as partes concordem com a prestação dos serviços. 3.1 Gestão das expectativas do cliente na Medicina Veterinária A responsabilidade do médico veterinário na promoção do bem-estar animal é bem ampla, principalmente no que se refere a maneira comportamental e mental (MOLENTO, 2007). Para que esta atuação ocorra é necessária uma estreita relação entre humanos e animais; humanos e humanos (MOLENTO, 2007). Os animais estão sendo tratados como parte da família. Por isso, muitos clientes não terão a visão do animal “como um animal” e muitas vezes, essa relação é intensa. Esse vínculo é tão forte que o mesmo procura serviços veterinários de qualidade e são extremamente exigentes. Para tanto é necessário que o profissional possa se posicionar e criar uma reestrutura e autoavaliação das atividades desenvolvidas. Nesse contexto é de suma importância que o médico veterinário consiga gerir as expectativas do cliente se comunicando de maneira adequada, utilizando todos os princípios que norteiam sua profissão, desde a situação de saúde ao qual o animal se encontra até o valor necessário para investimento em consultas e procedimentos (GOMES, 2017). A valorização do cliente durante o atendimento deve ser levada em consideração, o médico veterinário deve escutar o cliente, sem desprender ironias. Trazer o consumidor para participar do processo de solução do problema pode ser uma importante ferramenta para se chegar ao consenso sem conflitos. 21 3.2 Decisões conjuntas Quando o cliente (dono do animal) é chamado para coopera com a solução do problema, decisões importantes, podem ser tomadas de forma conjunta e sem contendas. Um exemplo deste contexto é a indicação da eutanásia. Para tanto é importante que o médico veterinário explique para o tutor que a indicação está relacionada com a sobrevida, doenças graves e prognóstico desfavorável. E que a morte deverá ocorrer sem dor ou sofrimento (NAUTATH, 2015). Essa decisão deve ser realizada de maneira conjunta em que o tutor terá plena convicção de que será realizado o melhor para seu animal. Um outro fator é conduta que será tomada na terapêutica do paciente. O dono do animaldeve compreender o porquê de cada procedimento, além dos riscos de vida ao qual o paciente será submetido. É importante que o veredito final seja em concordância de ambos envolvidos no processo. 4 CONDUTA NO AMBIENTE DO TRABALHO As atitudes no ambiente de trabalho são imprescindíveis para a harmonia e respeito entre os profissionais. Quando ocorre desavenças essa relação se torna bastante intensa devido ao diário contato dos profissionais. E chegar na solução é uma necessidade. 4.1 Conflitos entre profissionais Detectar problemas entre os profissionais de forma precoce é de suma importância para previr conflitos mais intensos. Em qualquer desacordo existe um motivo. Muitas vezes a explicação para o problema é fútil ou por falha na comunicação. Portanto é importante estabelecer possibilidades, boa comunicação e não existir favoritismo. É importante que tudo seja realizado de maneira justa e transparente (NAUTATH, 2015). Um outro fator é que todos os profissionais devem conhecer as normas estabelecidas no código de ética do médico veterinário que fala das relações estabelecidas entres os profissionais. No código existe várias normativas que estruturam esta relação. 4.2 Pressão ocupacional Existem muitas situações de estresse no dia-a-dia do médico veterinário e manter-se equilibrado é uma tarefa difícil, porém necessária. E muitas vezes o profissional médico veterinário se vê sozinho com toda carga que recebe. Quando há perda de animais durante procedimentos, as famílias em alguns casos descarregam toda carga emocional no profissional e que algumas vezes é desrespeitado (LESNAU; SANTOS, 2013). Nesse momento o habilitado necessita conter seus sentimentos e agir de maneira impessoal. 22 Um outro procedimento é durante a escolha da morte do animal, conhecida por eutanásia. Os efeitos psicológicos desenvolvidos em profissionais que realizam essa prática precisam ser debatidos. Muitas vezes esse profissional está submetido a uma carga emocional ao qual não se preparou e revisar sobre esse assunto é preciso (NAUTATH, 2015). Em seus estudos, Nautath (2015, p.1) observou que: O resultado fundamental deste estudo conclui que profissionais médico veterinários que participaram deste inquérito têm variedade grande de conflitos éticos e são afetados por sofrimento psíquico quando da realização de uma eutanásia, com infinidade de sentimentos envolvidos na questão. Os resultados recomendam um maior aprofundamento e reflexão sobre conflitos bioéticos existentes no profissional médico veterinário e necessidade de implementação de programas visando conhecer efeitos deletérios e agravos à saúde relacionados à profissionais envolvidos e formulação de mecanismos que possam atenuar danos ao profissional. 5 A CIÊNCIA DA BIOÉTICA A questão dos direitos dos animais é bastante discutida. Porém deve haver uma discussão sobre o uso destes animais em experimentos científicos ou para gerar alimentos de forma coerente. O médico veterinário é um dos profissionais envolvido neste cenário, principalmente por ser responsável técnico de indústrias de produção de alimentos de origem animal ou até incumbidos de zelar por biotérios. Com tudo, a medicina veterinária tornou-se bastante envolvida nas capacidades para novas questões de biotecnológicas gerando reflexão sobre atitudes na vida dos animais (Almeida e Nunes, 2018). Além desse contexto é importante atentar-se para os direitos dos animais que sofrem com maus tratos, esse cenário sofreu modificação e já existem uma maior conscientização. 5.1 Qualidade de vida e bem-estar animal na Ciência Entendendo que os animais são capazes de sentir e pensar, concordando com os princípios do bem-estar animal e reconhecendo que temos as devidas obrigações com eles, nos permite entender, que a utilização dos mesmos para qualquer finalidade vai além da ciência. Para tanto as discussões sobre o uso dos animais estão se tornando mais frequentes e Comitê de Ética para o Uso de animais tem sido criados (Almeida e Nunes, 2018). 5.2 Maus tratos aos animais Foi criada a Resolução nº 1.236, de 26 de outubro de 2018 que normatiza sobre a questão dos maus tratos aos animais e regulamenta a conduta do médico veterinário nestes casos. No artigo 4º (§2°) considera-se obrigação do médico veterinário a constatação de maus tratos: §2° - O médico veterinário deve registrar a constatação ou suspeita de crueldade, abuso ou 23 maus-tratos no prontuário médico, parecer ou relatório, e o zootecnista, em termo de constatação, parecer ou relatório, para se eximir da participação ou omissão em face do ato danoso ao(s) animal(is), indicando responsável, local, data, fatos e situações pormenorizados, finalizando com sua assinatura, carimbo e data do documento. Tal documento deve ser remetido imediatamente ao CRMV de sua circunscrição, por qualquer meio físico ou eletrônico, para registro temporal, podendo o CRMV enviar o respectivo documento para as autoridades competentes. Finalmente, é importante, ressaltar que o profissional veterinário esteja atento às normativas atualizadas que envolvem a Ética, a moral e a Deontologia e seus respectivos conceitos. O gerenciamento de conflitos na prática profissional através de consenso e princípios de moral e ética. 24 Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • Conhecer os princípios elementares, suas diferenças e aplicabilidade. • Compreender a legislação que norteiam as atividades do médico veterinário e os órgãos que realizam sua fiscalização (CFMV e CRMV). • Aprender sobre os diversos conflitos profissionais. • Entender como a Ética e a moral podem gerar consensos. • Relacionar como Bioética pode auxiliar o profissional na ciência e contra os maus tratos. PARA RESUMIR ALARCÃO, I. Formação reflexiva de professores: estratégias de supervisão. Porto Alegre: Artmed, 2001. BRASIL. Lei nº 5.517, de 23 de outubro de 1968. Dispõe sobre as sociedades por ações. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 24 out. 1968. Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/Leis/L5517.htm. Acesso em: 27 abr. 2020. BRASIL. Lei nº 11.794/08 de 8 de outubro de 2008. Regulamenta o Inciso VII do § 1º do Art. 225 da Constituição Federal, estabelecendo procedimentos para o uso científico de animais; revoga a Lei nº 6.638, de 8 de maio de 1979 e dá outras providências. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 2009. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ ato2007-2010/2008/lei/l11794.htm. Acesso em: 26 abr. 2020. CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA VETERINÁRIA. Decreto n° 64.704, de 17 de junho de 1969. Aprova o Regulamento do exercício da profissão de médico veterinário e dos Con- selhos de Medicina Veterinária. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 1969. Disponível em: http://portal.cfmv.gov.br/lei/index/id/550. Acesso em: 24 abr. 2020. CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA VETERINÁRIA. Resolução nº 1.000, de 11 de maio de 2012. Dispõe sobre procedimentos e métodos de eutanásia em animais e dá outras pro- vidências. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 2012. Disponível em: http://portal.cfmv. gov.br/lei/index/id/326. Acesso em: 27 abr. 2020. 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Introdução 29 1 DEVERES DO PROFISSIONAL O profissional de Medicina Veterinária possui deveres a cumprir no decorrer do exercício diário de sua profissão, conforme o Código de Ética, aprovado pela Resolução CFMV nº 1.138 de dezembro de 2016, que entrou em vigor no dia 09 de setembro de 2017, Dia do médico veterinário. No capítulo II, no seu Artigo 6º do Código de Ética constam os deveres do médico veterinário, são eles: I. “aprimorar continuamente seus conhecimentos e usar o melhor do progresso científico em benefício dos animais, do homem e do meio-ambiente”. Ou seja, o profissional em Medicina Veterinária, deve buscar meios de atualização de seu conhecimento a fim de agregar ao já adquirido durante sua graduação, por meio de pesquisas, cursos, pós graduações ou especializações trazendo com isso benefício não só para si próprio, mas também para o meio que o cerca e aos animais. II. “exercer a profissão evitando qualquer forma de mercantilismo”. O médico veterinário deve evitar valores abusivos ou extremamente abaixo do mercado, pela prestação de seus serviços. III. “combater o exercício ilegal da Medicina Veterinária denunciando toda violação às funções específicas que a ela compreende”. O profissional de Medicina Veterinária tem a obrigação de denunciar toda e qualquer forma de exercício ilegal da profissão, a fim de evitar o charlatanismo. IV. “assegurar, quando investido em função de direção, as condições para o desempenho profissional do médico veterinário”. Quando em cargo de chefia, o profissional deve garantir que equipe tenha todas condições necessárias para o exercício da profissão com excelência. V. “relacionar-se com os demais profissionais, valorizando o respeito mútuo e a independência profissional de cada um, buscando sempre o bem-estar social da Comunidade”. O bom relacionamento e respeito mútuo não se restringe apenas a outros colegas de profissão, mas também com demais profissionais, mantendo a ética. 30 VI. “exercer somente atividades que estejam no âmbito de seu conhecimento Profissional”. Um exemplo prático: Em uma manhã aparece em sua casa, um tutor com seu gato apresentando lesões sérias dermatológicas, solicitando uma consulta. Você é médico veterinário que tem por especialidade inspeção sanitária. O mais indicado, visto que não abrange sua área de conhecimento, a fim de evitar um possível diagnóstico errôneo, encaminhá-lo a uma clínica veterinária onde o animal terá o devido atendimento e acompanhamento por especialista. VII. “fornecer informações de interesse da saúde pública e de ordem econômica às autoridades competentes nos casos de enfermidades de notificação obrigatória”. Há diversas doenças que quando se tiver o conhecimento, o médico veterinário deve proceder com a notificação, entre elas a Raiva e a febre aftosa. VIII - denunciar pesquisas, testes, práticas de ensino ou quaisquer outras realizadas com animais sem a observância dos preceitos éticos e dos procedimentos adequados; IX - não se utilizar de dados estatísticos falsos nem deturpar sua interpretação científica; X - informar a abrangência, limites e riscos de suas prescrições e ações profissionais; XI - manter-se regularizado com suas obrigações legais junto ao seu CRMV; XII - facilitar a participação dos profissionais da Medicina Veterinária nas atividades dos órgãos de classe; XIII - realizar a eutanásia nos casos devidamente justificados, observando princípios básicos de saúde pública, legislação de proteção aos animais e normas do CFMV; XIV - não se apropriar de bens, móvel ou imóvel, público ou privado de que tenha posse, em razão de cargo ou função, ou desviá-lo em proveito próprio ou de outrem; XV - comunicar ao CRMV, com discrição e de forma fundamentada, qualquer fato de que tenha conhecimento, o qual possa caracterizar infração ao presente código e às demais normas e leis que regem o exercício da Medicina Veterinária; XVI – comunicar aos órgãos competentes e ao CRMV de sua jurisdição as falhas nos regulamentos, procedimentos e normas das instituições em que trabalhe, sempre que representar riscos a saúde humana ou animal. 31 Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 2 TRABALHADORES X EMPRESAS – RESPONSABILIDADE TÉCNICA A Medicina Veterinária tem opções de diferentes campos de atuação: clínica médica ou cirúrgica de pequenos animais, clínica de equinos, reprodução, inspeção, fisioterapia e muitas outras. Figura 1 - Atuações do médico veterinário Fonte: Tyler Olson, Shutterstock, 2020. #ParaCegoVer: A imagem é uma fotografia de uma médica veterinária aplicando uma injeção em um cachorro de pequeno porte. Mas, uma atividade ainda pouco aproveitada pelos profissionais, porém muito necessária, é a de Responsável Técnico. Sendo uma área que pode ser bastante rentável. Porém, deve se ter 32 cuidado: é preciso atender às regras exigidas pelos conselhos de classe para evitar as penalidades previstas em legislação. O médico veterinário pode ser Responsável Técnico (RT) de estabelecimentos que trabalhemcom a criação, manipulação, comercialização de animais, bem como com a prestação de serviços ou vendas de produtos de origem animal, entre outras atividades. Algumas empresas são obrigadas por lei a ter em seu quadro de funcionários um profissional RT, por exemplo, uma agropecuária com venda de medicamentos, um laboratório credenciado para diagnósticos oficiais em saúde animal. A regulação da atividade de RT se dá pela Resolução nº 683 de 16 de março de 2001 do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV). De acordo com essa norma, toda a prestação de serviço na área da Medicina Veterinária realizada por pessoa física é passível de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), que é a forma pela qual ao profissional RT vai registrar as atividades técnicas solicitadas através de contratos (escritos ou verbais) para qual foi contratado. A atividade de RT é extremamente similar com a de um fiscal sanitário que deve obedecer às legislações e regulamentações vigentes da Vigilância Sanitária, dos órgãos de controle municipais, estaduais e federais. Para tal, o interesse público deve vir antes o privado, considerando que o objetivo é a garantia da saúde e qualidade da cadeia produtiva, bem como bem-estar dos consumidores. Contudo, o RT deve também aglutinar valor ao produto ou serviço prestado, além de contribuir para o desenvolvimento do empreendimento para qual presta serviço. Ser o Responsável Técnico em um estabelecimento significa responder não apenas legalmente pela parte técnica, mas também eticamente por tudo que é feito na empresa. O profissional RT deve ter a ciência de que sua função não é unicamente referente a empresa, mas que seu dever é de proteger a sociedade contra abusos e danos. Faz parte de seu trabalho, realizar registros de todos os atos administrativos como procedimentos preventivos e corretivos das situações encontradas e cursos de capacitação realizados pela equipe. A atividade de Responsável Técnico só pode ser realizada por profissionais formados em Medicina Veterinária, com devido conhecimento na área e que tenham registro no conselho de classe do seu estado. Montezuma (2017, s.p.) elenca alguns pontos importantes que devem ser considerados ao receber a proposta para atuar como RT em um estabelecimento: É primordial a conversa com o proprietário ou representante da empresa sobre os assuntos relativos a atividade a ser realizada, como por exemplo, a necessidade de melhora contínua dos padrões técnicos, a carga horária semanal a ser contratada e a remuneração a ser paga pelo serviço a ser prestado. 33 O profissional em Medicina Veterinária deve possuir o conhecimento da legislação relativa à atividade desempenhada pelo empregador, bem como conhecer toda a cadeia produtiva desde a compra de matéria prima até o produto final que chega ao consumidor, checando e prevendo possíveis imprevistos. Providenciar o registro de nova Anotação Responsabilidade Técnica junto ao CRMV na região onde a empresa realiza suas atividades. Referente à remuneração, a Lei nº 4.950-A, de 22 de abril de 1966 dispõe sobre a remuneração de médicos veterinários. Na mesma Lei, ficou estabelecida a remuneração referente às atividades que necessitam de seis ou mais horas diárias. A mesma, não prevê situações em que o RT precise de menos que isso, ou seja, seis horas diárias para o desenvolvimento das atividades para o qual foi contratado. O que se encontra são legislações que os CRMVs publicam com a finalidade de normatizar esse assunto. O CRMV do Rio Grande do Sul, por exemplo, estabelece que se deve ter por base o salário mínimo profissional do médico veterinário, estabelecido pela Lei n° 4.950-A/66 (CRMV, 2005). Deve ainda ressaltar que na remuneração deve levada em conta o trabalho a ser realizado somando-se a isso, as horas efetivamente trabalhadas no local e horas gastas na preparação dos relatórios e anotações. Também, deve ser observado e negociado o devido ressarcimento referente a deslocamentos e desgastes de equipamentos que forem utilizados. Um equívoco frequente que ocorre, é que alguns profissionais Médicos Veterinários pensam, que só são responsáveis pelo o que ocorre dentro do local de trabalho, apenas quando está cumprindo sua carga horária, e não por todo o período que durar seu contrato de prestação de serviço. O que não é verdade. Isso é importante de ser observado, visto que mesmo quando o RT já tenha solicitado a baixa de sua Anotação de Responsabilidade Técnica, por exemplo, no caso de produtos que possuem prazos maiores de validade, sua responsabilidade vai durar por igual período. A carga horária de trabalho do profissional Responsável Técnico, vai variar de acordo com cada Estado. Com isso, deve ser sempre consultado o manual de responsabilidade técnica do CRMV da região em que será prestado o serviço. Em Minas Gerais, a carga horária mínima semanal, por estabelecimento, deve ser de 6 horas e no máximo 48 horas semanais, conforme estipulado na Resolução nº 357/2016 (CRMV/MG, 2016). Em São Paulo, é determinada apenas a carga horária FIQUE DE OLHO Estudante, você sabe quais os procedimentos necessários para cadastrar uma nova Anotação de Responsabilidade Técnica (ART)? Eles são de extrema importância para o exercício legal como profissional RT. 34 máxima, que é de 48 horas. Ficando a cargo do profissional RT estipular o período que deve estar presencialmente em cada estabelecimento (CRMV/SP, 2019). Já no Estado do Paraná, o tempo de permanência depende do volume de trabalho no estabelecimento, não podendo ultrapassar 56 horas semanais (CRMV/PR, 2014). A quantidade de estabelecimentos em que o veterinário pode atuar como Responsável Técnico, vai depender das regras estabelecidas para o estado em que ele reside. Por exemplo, se o veterinário mora em um local onde a carga horária mínima é de 6 horas e o máximo é de 48 horas semanais, ele poderá ter até 8 estabelecimentos sob sua responsabilidade. Lembrando que, o profissional RT deve ir a todos os estabelecimentos em que atua durante a semana. Além de preencher todos os requisitos listados anteriormente, o médico veterinário RT precisa estar sempre atualizado e devidamente capacitado. Isto, porque a falta de conhecimento das legislações vigentes ou um entendimento errôneo delas pode acarretar atrasos na produtividade de indústrias e das empresas prestadoras de serviços, além de poder trazer grandes prejuízos financeiros direta ou indiretamente as mesmas. Como dito anteriormente, na atuação profissional do RT, o interesse público deve vir antes do interesse privado, suas decisões devem ser amparadas no conhecimento técnico para mostrar vícios, defeitos ou práticas comerciais que possam comprometer a qualidade do produto ou serviço com a finalidade de garantir ao consumidor final um produto e/ou serviço de qualidade, por vezes podendo ir contra aos interesses de seu empregador, por isso uma ação preventiva é importante, sendo a mais adequada e menos cara do que a ação corretiva (MONTEZUMA, 2017). Lembrando que fornecer produtos ou serviços inadequados ao consumidor é de responsabilidade do RT e da empresa, mas é sobre o profissional RT que recai a maior parte da responsabilização, pois ao saber da irregularidade, ele tem por dever cessar qualquer fornecimento ou prestação de serviços aos consumidores. Junto a isso, é preciso que seja sempre realizado o registro administrativo para comprovar seus atos, de que é feita a oferta de cursos de capacitação para quadro de colaboradores, ações preventivas e corretivas frente situações encontradas de irregularidades, sendo importante guardar os comprovantes da escrituração para se isentar de responsabilidades em caso de extravio ou perda. Os estabelecimentos devem sempre possuir um livro para uso exclusivo, com as páginas numeradas, a fim do RT realizar os registros de suas atividades, de suas orientações e averiguações, que devem estar sempre à disposição da fiscalização oficial para fins de comprovaçãoda atuação do mesmo e dos devidos registros. O Responsável Técnico, em caso da comprovação da presença de irregularidades, poderá responder por negligência, imperícia, imprudência e omissão de sua atuação profissional, podendo implicar em indenização, processo ético e até a prisão (MONTEZUMA, 2017). 35 Um médico veterinário que atue como RT desde faça tudo conforme normatizado em legislação e regulamentações específicas, com ações preventivas e com a seriedade e ética, bem como realizando a escrituração administrativa, a atividade exercida pode vir a ser uma forma de destacar o profissional qualificado e com isso seu reconhecimento, bem como oferecer ao mercado produtos de qualidade (MONTEZUMA, 2017). Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 3 CHARLATANISMO, CASOS MAIS COMUNS DE DENÚNCIAS Assim como em outras profissões, em Medicina Veterinária existem muitos indivíduos que acreditam, que mesmo sem possuir a devida formação profissional específica, possuem a capacidade e habilidade na realização e execução de atividades que são privativas de profissionais formados em Medicina Veterinária, são os conhecidos charlatões. Esses indivíduos duvidosos podem prejudicar o estado de saúde de um paciente, causar a disseminação de agentes patogênicos e de doenças sem nenhuma forma de controle adequada, causar danos à saúde animal e humana, além de causar o óbito de animais devido a diagnósticos errôneos e/ou tratamentos inadequados. Conforme, o Código Penal, em seu Artigo 283, charlatanismo é a exploração da credulidade pública, por meio de práticas pseudocientíficas, apregoadas por alguém com vantagens para si, pecuniárias no não, ludibriando a outros por inculcar ou anunciar cura através de meio secreto ou infalível. Caracterizado como um crime praticado contra a saúde pública. Podendo ser aplicada penalidade de detenção, de três meses a um ano e multa (BRASIL, 2017). É importante ressaltar que, mesmo havendo a necessidade de pessoas com capacitação a 36 fim de prestar algum auxílio aos profissionais Médicos Veterinários, de acordo com a Lei nº 5.517 de 23 de outubro de 1968, é privativo do médico veterinário o exercício da prática da clínica em todas as suas modalidades e a assistência técnica e sanitária aos animais sob qualquer forma (BRASIL, 1968) Porém, a população em geral tem certa dificuldade em diferenciar o profissional médico veterinário de um charlatão, mesmo o cidadão possuindo o direito de exigir a apresentação da carteira de registro do profissional que está prestando o serviço. Esta prática muitas vezes pode até gerar um certo desconforto por parte do profissional e constrangimento para ambas as partes, embora não seja caracteriza como infração. Diante de uma situação de charlatanismo, a vítima ou o médico veterinário deve dirigir-se à delegacia de polícia mais próxima de onde o fato tenha ocorrido, registrar o fato e colaborar para que esta prática seja completamente interrompida, a fim de que o indivíduo seja penalizado, bem como a valorização e o reconhecimento do profissional cada vez sejam mais evidenciados (TELES, 2015). O CRMV-RS (2017) tem reforçado constantemente a importância das denúncias e o empenho da classe médico veterinária e zootécnica contra o charlatanismo. Conforme o ex-presidente do CRMV-RS (LORENZONI, 2016), o exercício ilegal da Medicina Veterinária é considerado apenas contravenção nos termos do Artigo 47 da Lei de Contravenções Penais: “Exercer profissão ou atividade econômica ou anunciar que a exerce, sem preencher as condições que por lei está subordinado o seu exercício: Pena: prisão simples, de 15 dias a 3 meses, ou multa” (BRASIL, 1941). Tramita no Congresso um projeto de lei, que transforma esta prática em crime, passível de punição com 3 a 4 anos de cadeia. Este projeto de lei, em 2020, ainda se encontra em tramitação, tendo sido apensado ao mesmo o PL 166/2020 no qual tipifica o exercício ilegal em Medicina Veterinária no Artigo 282 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (BRASIL, 2017). 2016 Em 2016, no Espírito Santo, o CRMV/ES recebeu uma denúncia de que um estudante de Medicina Veterinária estaria oferecendo seus serviços sem estar ainda formado e devidamente registrado no CRMV/ES. Não foi possível instaurar um processo ético, pois o mesmo só é realizado com profissionais devidamente registrados junto ao seu conselho. A denúncia foi encaminhada ao Ministério Público (MP), o qual após audiência, firmou acordo com o acusado, no qual extinguiu a penalidade, mediante a prestação pecuniária e sem possibilidade de mais ações do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV/ES, 2017). 2018 Outro de relato de prática ilegal de Medicina Veterinária ocorreu na Bahia em 2018, onde foi 37 realizada a denúncia a autarquia de que uma profissional de fisioterapia oferecia seus serviços de exercícios e fisioterapias em animais com problemas ortopédicos, neurológicos, estresse e recém- operados. Cabendo recurso da pena de repreensão ao Conselho Federal de Fisioterapia. Apesar disso, a profissional não ficou impedida de continuar em atividade na área de sua formação, visto que o PL 7.323/2014 que torna crime a prática ilegal de Medicina Veterinária ainda não foi aprovado, como mencionado anteriormente (CRMV/BA, 2019). 2019 Também na Bahia, em 2019, ocorreu mais um caso de prática ilegal da profissão. Um rapaz que alegava ser estudante de Medicina Veterinária, praticava a profissão utilizando o registro de outro profissional, e ainda trabalhava em estabelecimento não registrado pelo CRMV/BA. O denunciado aceitou, em audiência, a proposta de transição penal elaborada pelo Ministério Público, sendo condenado a uma pena restritiva de direitos, consistente no pagamento de cestas básicas (CRMV/BA, 2019). 2020 Mais recentemente, no Rio Grande do Norte, o CRMV/RN flagrou em diversas cidades a prática de exercício ilegal da profissão, como o funcionamento de estabelecimento clandestino, sem registro, sem Responsável Técnico registrado no Conselho Regional de Medicina Veterinária, venda de medicamentos e aplicação de vacinas por charlatão em pet shop. Além do processo administrativo, os envolvidos poderão responder judicialmente. Os autos foram encaminhados para o Ministério Público e à Vigilância Sanitária, para a ciência e as devidas providências cabíveis. Entre as penalidades impostas aos estabelecimentos flagrados com atendimento por charlatães, o CRMV-RN aplicou o previsto pela Resolução CFMV 682, em seu Artigo 8º: “A pessoa jurídica comerciante de produtos veterinários que permitir a vacinação de animais ou qualquer outra prática da clínica veterinária em seu estabelecimento pagará multa no valor de R$ 18.000,00 (dezoito mil reais), dobrada na reincidência até o limite de R$ 36.000,00 (trinta e seis mil reais)” (CRMV/RN, 2020). E quais providências tomar quando saber de uma prática ilegal da profissão de médico veterinário? Segundo os CRMVs, devem ser tomadas seguintes providências: A) Se foi presenciada a prática ilegal: - Ir até a Delegacia de Polícia mais próxima e registrar um boletim de ocorrência (BO), narrando o fato presenciado com todos os detalhes possíveis, acompanhado de uma ou duas testemunhas que também tenham presenciado o ocorrido. Será considerada uma testemunha apta quem não for: menor de 16 (dezesseis) anos ou incapaz; parentes próximos do comunicante do fato; amigos íntimos. - Encaminhar o Boletim de Ocorrência para o CRMV, para que a Assessoria Jurídica possa tomar as medidas legais necessárias e encaminhamento ao Ministério Público Estadual. 38 B) Tem conhecimento sobre prática ilegal por terceiros: - Fazer uma declaração por escrito, contendo: nome, endereço, CPF e RG do informante; o nome e endereço da pessoa ou estabelecimento que está praticando o exercício ilegal da profissão; e a informação, propriamente dita. O informante deve datar e assinar a respectiva declaração. - Verificar a possibilidade do informante servir de testemunha