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Resumo de Direito Civil III - 1º e 2º Semestres_Contratos


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RESUMO DIREITO CIVIL III – 1º e 2° SEMESTRE
TEORIA GERAL DOS CONTRATOS
1- CONCEITO DE CONTRATO
“É o negócio jurídico bilateral, ou plurilateral, que sujeita as partes à observância de conduta idônea à satisfação dos interesses que a regulam.”	Orlando Gomes
“Trata-se do ajuste de vontades por meio do qual são constituídos, modificados ou extintos os direitos que uma das pessoas tem, muitas das vezes em benefício de outro.”	Roberto Lisboa
“O contrato é uma espécie de negócio jurídico que depende, para sua formação, da participação de pelo menos duas partes. É, portanto, negócio jurídico bilateral ou plurilateral. [...] Sempre, pois, que o negócio jurídico resultar de um mútuo consenso, de um encontro de duas vontades, estaremos diante de um contrato.”
						Carlos Roberto Gonçalves
2- ESTRUTURA
2.1- PARTES:
Bipolaridade da relação contratual, alteridade e composição de interesses.
2.2- OBJETOS:
2.2.1- IMEDIATO: 
Operação/ verbo: dar, vender, alugar, etc. 
2.2.2- MEDIATO: 
Bens jurídicos materiais ou imateriais: automóvel, imóvel, dinheiro, crédito, etc.
3- NATUREZA JURÍDICA
3.1- TEORIAS
3.1.1- TEORIAS OBJETIVAS
TEORIA NORMATIVA:
Acordo de vontades que possui a função criadora do direito.
TEORIA PERCEPTIVA:
As cláusulas contratuais têm na natureza preceito jurídico.
3.1.2- TEORIAS SUBJETIVAS
TEORIA VOLUNTARISTA:
A vontade é o fundamento dos contratos.
TEORIA DECLARATIVA:
A vontade declarada por ambas as partes é o fundamento dos contratos.
4- CONDIÇÕES DE VALIDADE
Contratos são negócios jurídicos, e por essa razão desdobram-se nos três planos da escada ponteana:
Art. 104 do CC: A validade do negócio jurídico requer:
I- Agente capaz;
II- Objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III- Forma prescrita ou não defesa em lei.
Além disso, o objeto deve ser suscetível de apreciação econômica.
VIDE: Art. 2035 do CC
Art. 2.035. A validade dos negócios e demais atos jurídicos, constituídos antes da entrada em vigor deste Código, obedece ao disposto nas leis anteriores, referidas no art. 2.045, mas os seus efeitos, produzidos após a vigência deste Código, aos preceitos dele se subordinam, salvo se houver sido prevista pelas partes determinada forma de execução.
5- PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO CONTRATUAL
5.1- LIBERDADE DE CONTRATAR:
Autonomia da vontade (Pacta sunt servanda) ( As pessoa são livres para contratar. 
Arts. 421 e 425 do CC
O princípio da autonomia da vontade se alicerça exatamente na ampla liberdade contratual, no poder dos contratantes de disciplinar os seus interesses mediante acordo de vontades, suscitando efeitos tutelados pela ordem jurídica.
5.2- SUPREMACIA DA ORDEM PÚBLICA
Interesse público > interesse particular.
Art. 2035, parágrafo único do CC.
Art. 17 da LINDB.
O interesse da sociedade deve prevalecer quando colide com o interesse individual.
A ideia de ordem pública é constituída por aquele conjunto de interesses jurídicos e morais que incumbe à sociedade preservar. Por conseguinte, os princípios de ordem pública não podem ser alterados por convenção entre os particulares.
5.3- CONSENSUALISMO
Liberdade das formas.
Art. 107 do CC.
De acordo com o princípio do consensualismo, basta, para o aperfeiçoamento do contrato, o acordo de vontades.
5.4- FUNÇÃO SOCIAL E ECONÔMICA DO CONTRATO
Art. 421 do CC.
Art. 2035, parágrafo único.
Enunciados 22 e 23- Jornada de Direito Civil.
A função social do contrato serve precipuamente para limitar a autonomia da vontade quando tal autonomia esteja em confronto com o interesse social e este deva prevalecer. Tem por escopo promover a realização de uma justiça comutativa, aplainando as desigualdades substanciais entre os contraentes.
Princípio da Retroatividade Motivada.
5.5- OBRIGATORIEDADE
Intangibilidade dos contratos ( força vinculante dos contratos.
O princípio da força obrigatória do contrato significa, em essência, a irreversibilidade da palavra empenhada.
Fundamentos:
A necessidade de segurança nos negócios;
A intangibilidade ou imutabilidade do contrato ( pacta sunt servanda.
Art. 389 do CC: consequências do inadimplemento.
A única limitação a esse princípio, dentro da concepção clássica, é a escusa por caso fortuito ou força maior, consignada no art. 393 e parágrafo único do Código Civil.
5.6- RELATIVIDADE DOS EFEITOS DO CONTRATO
Os efeitos do contrato só se produzem em relação às partes, àqueles que manifestaram a sua vontade, vinculando-os ao seu conteúdo, não afetando terceiros nem seu patrimônio.
Enunciado 21- Jornada de Direito Civil.
5.7- REVISÃO DOS CONTRATOS
Teoria da Cláusula Implícita: o cumprimento do contrato pressupõe inalterabilidade das citações de fato.
Teoria da Imprevisão: consiste, portanto, na possibilidade de desfazimento ou revisão forçada do contrato quando, por eventos imprevisíveis e extraordinários, a prestação de uma das partes tornar-se exageradamente onerosa — o que, na prática, é viabilizado pela aplicação da cláusula rebus sic stantibus (voltar as coisas como eram antes).
Arts. 478, 479, 480 do CC
Art. 317 do CC: a regra se aplica para ambas as partes.
Em resumo, as modificações supervenientes que atingem o contrato podem ensejar pedido judicial de revisão do negócio jurídico, se ainda possível manter o vínculo com modificações nas prestações (arts. 317 e 479 do CC), ou de resolução, nos termos dos arts. 317 e 478.
5.8- BOA-FÉ E DA PROBIDADE
Art. 422 do CC.
O princípio da boa-fé exige que as partes se comportem de forma correta não só durante as tratativas, como também durante a formação e o cumprimento do contrato.
A boa-fé objetiva impõe ao contratante um padrão de conduta, de agir com retidão, ou seja, com probidade, honestidade e lealdade, nos moldes do homem comum, atendidas as peculiaridades dos usos e costumes do lugar.
A probidade é um dos aspectos objetivos do princípio da boa-fé, podendo ser entendida como a honestidade de proceder ou a maneira criteriosa de cumprir todos os deveres, que são atribuídos ou cometidos à pessoa.
Funções da boa-fé:
Função Interpretava: as relações jurídicas decorrentes do contrato devem ser interpretadas à luz da boa-fé. Tal mandamento se direciona tanto às partes envolvidas no contrato, quanto o magistrado. A função interpretativa está contida no art. 113 do CC.
Função criadora de deveres jurídicos: a boa-fé objetiva é fonte dos deveres de condutas (deveres anexos, deveres secundários e deveres laterais).
Função de controle: a boa-fé objetiva, combinada com a disciplina jurídica do abuso do direito – art. 187 do CC – é utilizada para considerar ilícito, os atos atentatórios à boa-fé objetiva, e, por isso, proibir a sua execução. Busca vedar ou punir o exercício de direito subjetivo quando se caracteriza abuso da posição jurídica.
Enunciado 362 - IV Jornada de Direito Civil.
6- CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
6.1- QUANTO À FORMA:
6.1.1- CONTRATOS PARITÁRIOS:
Regulados pelo Direito Civil, são aqueles em que as partes discutem livremente as condições, porque se encontram em situação de igualdade.
6.1.2- CONTRATOS DE ADESÃO:
Regulados pelo CDC, são contratos cuja polarização se dá entre consumidor e fornecedor.
Arts. 2º e 3º do CDC.
Contrato de adesão é aquele em que as cláusulas são previamente estipuladas por um dos contraentes, de modo que o outro não tem o poder de debater as condições, nem introduzir modificações no esquema proposto; ou aceita tudo em bloco ou recusa tudo por inteiro (‘é pegar, ou largar’).
Ex.: contrato de seguro, de consórcio, de transporte...
6.2- QUANTO AO MOMENTO DE APERFEIÇOAMENTO DO CONTRATO
6.2.1- CONTRATOS CONSENSUAIS:
Aperfeiçoados pela declaração de vontade, não depende da entrega imediata da coisa.
Ex.: art. 482 – compra e venda de bem imóvel.
6.2.2- CONTRATOS REAIS:
Precisam da efetiva entrega da coisa no momento da celebração do contrato.
Ex.: art. 579 – contrato comodato.A efetiva entrega do objeto não é fase executória, porém, requisito da própria constituição do ato.
6.3- QUANTO À MANEIRA DE APERFEIÇOAMENTO DO CONTRATO
6.3.1- CONTRATOS SOLENES:
Art. 108 do CC.
São os contratos que devem obedecer à forma prescrita em lei para se aperfeiçoar. Quando a forma é exigida como condição de validade do negócio, este é solene e a formalidade constitui a substância do ato – art. 109 – (escritura pública na alienação de imóveis, pacto antenupcial, testamento público etc.). 
Não observada a forma, o contrato é nulo (CC, art. 166, IV).
6.3.2- CONTRATOS NÃO-SOLENES:
São os de forma livre, basta o consentimento para a sua formação.
Art. 107 do CC.
Têm as partes permissão para estipular que determinado contrato só poderá ser celebrado por instrumento público. Neste caso, este será da “substância do ato” (CC, art. 109). E o contrato que em princípio era não-solene, passa a ser solene.
6.4- QUANTO À TIPICIDADE
6.4.1- CONTRATOS TÍPICOS:
São os regulados pela lei, os que têm seu perfil nela traçado.
Ex.: contrato de locação.
6.4.2- CONTRATOS ATÍPICOS:
São os que resultam de um acordo de vontades, não tendo, porém, as suas características e requisitos definidos e regulados na lei. P ara que sejam válidos basta o consenso, que as partes sejam livres e capazes e o seu objeto lícito, possível, determinado ou determinável e suscetível de apreciação econômica.
Art. 425 do CC.
6.5- QUANTO À PRESENÇA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
6.5.1- CONTRATOS DE DIREITO PÚBLICO:
A administração pública figura em um dos polos. São regidos pelas normas de direito público e, subsidiariamente, por normas de direito privado, no que não lhe for incompatível.
Ex.: licitações
OBS: financiamentos feitos pela CAIXA são de direito privado.
6.5.2- CONTRATOS DE DIREITO PRIVADO:
Firmado entre particulares e regidos pelas normas de direito privado. Podem ser de direito comum, mercante ou de consumo.
6.6- QUANTO À RECIPROCIDADE
6.6.1- CONTRATOS UNILATERAIS:
São os contratos que criam obrigações unicamente para uma das partes.
Ex.: o mútuo, o comodato, o depósito, a doação pura, o mandato, a fiança.
6.6.2- CONTRATOS BILATERAIS:
São os contratos que geram obrigações para ambos os contratantes.
São também chamados de sinalagmáticos, pois as obrigações são recíprocas. 
Para caracterizar a bilateralidade, não é necessário que essas prestações sejam equivalentes, segundo um critério objetivo: “basta que cada parte veja na prestação da outra uma compensação suficiente à sua própria prestação”.
6.6.3- CONTRATOS PLURILATERAIS:
São os contratos que contêm mais de duas partes
Há direitos e deveres recíprocos entre as partes.
Ex.: contratos de sociedade, contratos de consórcio.
6.6.4- CONTRATOS BILATERAIS IMPERFEITOS:
São contratos unilaterais, que por circunstância acidental, ocorrida no curso da execução, gera alguma obrigação para o contratante que não se comprometera.
Ex.: o depósito e o comodato ( surgir para o depositante e o comodante, no decorrer da execução, a obrigação de indenizar certas despesas realizadas pelo comodatário e pelo depositário.
6.7- QUANTO ÀS VANTAGENS PATRIMONIAIS DAS PARTES
6.7.1- CONTRATOS GRATUITOS OU BENÉFICOS:
Há vantagem ou benefício a uma das partes. Há uma prestação sem que haja uma contraprestação a ela correlata e proporcional.
Ex.: comodato, doação pura.
6.7.2- CONTRATOS ONEROSOS:
Há vantagens e sacrifícios patrimoniais para ambas as partes.
Nos contratos onerosos ambos os contraentes obtêm proveito, ao qual, porém, corresponde um sacrifício. Eles impõem ônus e, ao mesmo tempo, acarretam vantagens a ambas as partes, ou seja, sacrifícios e benefícios recíprocos.
Ex.: troca, compra e venda.
6.8- QUANTO À DETERMINAÇÃO DO OBJETO CONTRATUAL
6.8.1- CONTRATOS COMUTATIVOS:
As partes sabem com exatidão suas prestações e contraprestações. O objeto é determinado.
6.8.2- CONTRATOS ALEATÓRIOS:
Há a presença do risco, que pode recair na própria existência da coisa (contrato de esperança), quanto na quantidade da coisa (contrato de coisa esperada). O objeto é determinável.
Caracteriza-se, ao contrário do comutativo, pela incerteza, para as duas partes, sobre as vantagens e sacrifícios que dele podem advir. É que a perda ou lucro dependem de um fato futuro e imprevisível.
Ex.: contrato de seguro, compra antecipada de safra.
6.9- QUANTO ÀS RELAÇÕES INTERCONTRATUAIS
6.9.1- CONTRATOS PRINCIPAIS:
São os que têm existência própria, autônoma e não dependem, pois, de qualquer outro.
Ex.: compra e venda, locação.
6.9.2- CONTRATOS ACESSÓRIOS:
São aqueles que guardam uma relação de dependência com outro contrato, existindo em função dele (Princípio da Gravitação Jurídica).
Ex.: contrato de fiança, promessa de compra e venda.
6.9.3- CONTRATOS COLIGADOS:
Contratos principais por natureza, mas que, por vontade das partes estão unidos por um nexo funcional.
Ex.: compra e venda de 2 terrenos para um único fim.
6.10- QUANTO AO MOMENTO DE SEU CUMPRIMENTO
6.10.1- CONTRATOS DE EXECUÇÃO IMEDIATA:
São os que se consumam num só ato, sendo cumpridos imediatamente após a celebração. Cumprida, a obrigação, exaurem-se. A solução se efetua de uma vez só e por prestação única, tendo por efeito a extinção cabal da obrigação.
Ex.: compra e venda à vista.
6.10.2- CONTRATOS DE EXECUÇÃO DIFERIDA:
São contratos a termo, que deverão ser adimplidos em sua totalidade na data do vencimento ajustado.
6.10.3- CONTRATOS DE EXECUÇÃO CONTINUADA:
Aqueles cuja execução se dará de forma periódica.
Ex.: locação, compra e venda a prazo.
6.11- QUANTO AO AGENTE
6.11.1- CONTRATOS PERSONALÍSSIMOS:
Apenas podem ser celebrados pela pessoa constante no contrato.
São os contratos celebrados em atenção às qualidades pessoais de um dos contraentes. Por essa razão, o obrigado não pode fazer-se substituir por outrem. 
Geralmente dão origem a uma obrigação de fazer, cujo objeto é um serviço infungível, que não pode ser executado por outra pessoa.
6.11.2- CONTRATOS IMPESSOAIS:
São contratos cuja prestação pode ser cumprida indiferentemente por qualquer pessoa.
6.12- CONTRATOS DE ADESÃO
Art. 54 do CDC: é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo.
Art. 47 do CDC: as cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor.
SUJEITOS:
Predisponente ou Estipulante.
Aderente
Cláusulas abusivas: serão nulas
Arts. 423 e 424 do CC
7- ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO
7.1- CONCEITO
Nessas modalidades, uma pessoa convenciona com outra que concederá uma vantagem ou benefício em favor de terceiro, que não é parte no contrato. Dá-se a estipulação em favor de terceiro, pois, quando, no contrato celebrado entre duas pessoas, denominadas estipulante e promitente, convenciona-se que a vantagem resultante do ajuste reverterá em benefício de terceira pessoa, alheia à formação do vínculo contratual.
Princípio da Relatividade dos Efeitos do Contrato:
Os efeitos do contrato só se produzem em relação às partes que manifestaram sua vontade.
As estipulações em favor de terceiros são exceções expressamente consignadas na lei (arts. 436 a 438 do CC).
Ex.: contratos de seguro.
7.2- SUJEITOS
7.2.1- ESTIPULANTE:
Aquele que cede seu benefício contratual a terceiro.
7.2.2- PROMITENTE:
O outro contraente (contratado), devedor da obrigação em favor de terceiro.
7.2.3- BENEFICIÁRIO:
Terceiro que não participa do pacto contratual, mas se beneficia.
7.3- OUTRAS CONSIDERAÇÕES:
A capacidade só é exigida dos dois primeiros, pois qualquer pessoa pode ser contemplada com a estipulação, seja ou não capaz.
Porém, o art. 793 do Código Civil estabelece uma restrição, nos contratos de seguro, proibindo a instituição de beneficiárioinibido de receber a doação do segurado, como a concubina do homem casado.
Na formação do contrato o beneficiário se torna credor do promitente.
No instante de sua formação, o vínculo obrigacional decorrente da manifestação da vontade estabelece-se entre o estipulante e o promitente, não sendo necessário o consentimento do beneficiário. Tem este, no entanto, a faculdade de recusar a estipulação em seu favor. Portanto, embora a validade do contrato não dependa da vontade do beneficiário, sem dúvida a sua eficácia fica nessa dependência.
A estipulação em favor de terceiro proporciona uma atribuição patrimonial gratuita ao favorecido, ou seja, uma vantagem suscetível de apreciação pecuniária, a ser recebida sem contraprestação. A eventual onerosidade dessa atribuição patrimonial invalida a estipulação.
8- PROMESSA DE FATO DE TERCEIRO - ARTS. 339 e 340 CC
8.1- CONCEITO
Trata-se do denominado contrato por outrem ou promessa de fato de terceiro. O único vinculado é o que promete, assumindo obrigação de fazer que, não sendo executada, resolve-se em perdas e danos. Isto porque ninguém pode vincular terceiro a uma obrigação.
Não se confunde com o mandato, por faltar-lhe a representação.
Também não se confunde com a fiança, pois esta é contrato acessório.
8.2- SUJETOS
8.2.1- CREDOR:
Aquele que se beneficia com a obrigação.
8.2.2- PROMITENTE:
É o que promete a obrigação de terceiro em favor do credor.
8.2.3- TERCEIRO:
É o prometido pelo promitente para o cumprimento da obrigação
9- VÍCIOS REDIBITÓRIOS
9.1- CONCEITO
São defeitos ocultos que tornam a coisa imprópria para uso a que se destina ou que, se fossem conhecidos, impediriam a realização do contrato. Autoriza o comprador a rejeitar a coisa recebida e redibir o contrato ou a pedir o abatimento do preço pago (ação estimatória).
9.2- REQUISITOS CARACTERIZADORES DOS VÍCIOS REDIBITÓRIOS
1- Que a coisa tenha sido recebida em virtude de contrato comutativo, ou de doação onerosa, ou remuneratória.
2- Que os defeitos sejam ocultos:
Se o agente já os conhecia e não os julgou capazes de impedir a aquisição presumir-se-á que assim renunciou à garantia legal da redibição. 
3- Que os defeitos existam no momento da celebração do contrato e que perdurem até o momento da reclamação.
4- Que os defeitos sejam desconhecidos do adquirente.
5- Que os defeitos sejam graves.
9.3- EFEITOS
Se o bem, objeto do negócio jurídico contém defeitos ocultos, o adquirente pode enjeitá-lo ou pedir o abatimento no preço (art. 441 e 442 do CC).
Se o alienante não conhecia o vício, ou o defeito, isto é, se agiu de boa-fé, “tão somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato. Mas se agiu de má-fé, além de restituir o que recebeu, responderá também por perdas e danos (art. 443 CC).
Ainda que o adquirente não possa restituir a coisa portadora de defeito, por ter ocorrido seu perecimento, a responsabilidade do alienante subsiste, se o fato decorrer de vício oculto, já existente da tradição (art. 444 CC).
9.4- AÇÕES CABÍVEIS
As ações destinadas a combater os vícios redibitórios são também chamadas de ações edilícias (redibitória ou estimatória).
Qual a diferença entre vício redibitório para erro ou dolo?
Erro ou dolo são vícios de consentimento diretamente ligados à coisa ou a uma característica da essencial da coisa. Não existe a princípio defeito. Ex.: a compra de uma bijuteria pensando ser joia.
Já o vício redibitório é um defeito não aparente da coisa, mas não existe a princípio, dúvida em relação à coisa propriamente dito. Ex.: comprou uma bijuteria, sabendo ser bijuteria, mas o feixe não funcionava.
Uma doação pura de um automóvel, tido como perfeito pelo donatário, mas possui diversos defeitos ocultos, pode ser enjeitada quando os vícios forem descobertos?
Não. Somente doações onerosas ou remuneratórias podem ser enjeitadas ( art. 441, parágrafo único, CC.
Defeitos de fácil constatação ensejam redibição?
Não. Para que enseje redibição o defeito tem que ser oculto.
DA COMPRA E VENDA
 	A origem histórica e remota do contrato de compra e venda está ligada á troca. Efetivamente, numa fase primitiva da civilização, predominava a permuta de objetos, trocando o que se precisava pelo que sobejava para o outro.
 	Denomina – se compra e venda o contrato bilateral pelo qual uma das partes (vendedor) se obriga a transferir o domínio de uma coisa á outra (comprador), mediante a contraprestação de certo preço em dinheiro:
Art. 481, CC: Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar – lhe certo preço em dinheiro. 
 O contrato pode ter por objeto bens de toda a natureza: 
Corpóreos, compreendendo móveis e imóveis (A transferência do domínio depende de tradição, para os bens móveis; e o registro, para os bens imóveis).
→ Obs: O contrato de alienação fiduciária constitui exceção à regra apontada, pois transfere o domínio independentemente da tradição. 
Incorpóreos.
Obrigações: 
→ Vendedor: 
- É obrigação do vendedor, entregar a coisa no tempo, local e modo combinado, transferindo ao comprador a propriedade do bem. 
- É obrigação do vendedor, garantir ao comprador a efetividade do direito da coisa.
→ Comprador:
- É obrigação do comprador, receber a coisa. 
- É obrigação do comprador, entregar o importe convencionado ao vendedor. 
Natureza jurídica/ Classificação da compra e venda
Os contratos em tela são bilaterais perfeitos, uma vez que, geram obrigações recíprocas, sendo para o comprador a de pagar o preço em dinheiro e para o vendedor, a de transferir o domínio de certa coisa. Esta característica faz com que as obrigações se entrelacem de tal modo que a execução da prestação de um dos contraentes é causa do adimplemento da do outro.
Em regra, por tratar de acordo de vontade, os contratos em questão são consensuais. Em certos casos, a lei exige uma determinada forma, além do acordo de vontade das partes, caracterizando então um contrato consensual solene. 
Os contratos de compra e venda são onerosos, pois ambos os contratantes obtêm proveito, ao qual corresponde um sacrifício, sendo o pagamento do preço e recebimento da coisa. 
Em regra, os referidos contratos são comutativos, porque de imediato se apresenta certo o conteúdo das prestações recíprocas, de modo que, tais prestações são certas e as partes podem antever as vantagens e os sacrifícios, que geralmente se equivalem. 
Em regra, não solene, isto é, de forma livre; em certos casos, contudo, como na alienação de imóveis, é solene, sendo exigida a escritura pública.
Elementos essenciais da compra e venda
Consentimento
Preço
Coisa/Objeto 
Forma (Exigida na compra de bens imóveis. Não é o último requisito, todavia essencial na generalidade dos casos, não retirando da compra e venda o genérico caráter consensual).
Consentimento
 	O consentimento pressupõe a capacidade das partes (assistidas) para vender e comprar, chamada de capacidade específica para alienar (o cumprimento da obrigação de entregar a coisa pressupõe o poder de disposição do vendedor, e no tocante ao comprador, basta a capacidade de obrigar-se), e deve necessariamente ser livre e espontâneo, sob pena de anulabilidade, e recair sobre os outros dois elementos:
A coisa e o preço.
 	Será anulável também, se houver erro sobre o objeto principal da declaração ou sobre as suas qualidades essenciais. 
 	No erro sobre o objeto principal, o consentimento recai sobre objeto diverso daquele que o agente tinha em mente, por exemplo, o comprador acredita que alugará uma casa na cidade, quando na realidade trata – se de casa no campo. O erro sobre as qualidades essenciais do objeto, ocorre quando o motivo determinante do consentimento é a suposição de que este possui determinada qualidade que, posteriormente, se verifica inexistir, como por exemplo a pessoa que paga alto preço em obra de arte acreditando que é um item famoso, quandonão passa de uma mera cópia. 
As incapacidades dos arts. 3º e 4º do Código Civil são supridas pela representação, pela assistência e pela autorização do juiz.
Preço
 	De inicio, o preço deve ser FIXO, CERTO e DETERMINADO, cabendo excepcionalmente o preço determinável em 3 hipóteses:
Quando deixado ao arbítrio de um terceiro individuo não contratante (jamais o arbítrio pode ser de uma das partes).
Quando respectivo a preço de mercado ou de bolsa.
Quando tratar – se de preço indexado. 
 	Sendo assim, o preço deve ser determinado ou determinável, O art. 486 do Código Civil permite que se deixe a fixação do preço à taxa do mercado ou de bolsa, em certo e determinado dia e lugar, entre outros modos de determinação futura do preço podem ser escolhidos pelos contraentes, contanto que o preço seja definido, mesmo que num futuro certo.
 	Deve ser, também, sério e real, correspondente ao valor da coisa, e não valor fictício, por exemplo a venda de um edifício suntuoso pelo preço de R$ 1,00. Dessa forma, é possível que as partes convencionem, contanto que não ocorra erro, nem lesão, que se configura quando alguém obtém um lucro exagerado, desproporcional, valendo-se da premente necessidade ou inexperiência da outra parte.
Coisa
 	Inicialmente, frisa – se que a coisa pode ser ATUAL (já existente na celebração do contrato) ou FUTURA (ainda não existe no momento da celebração do contrato), bem como pode ser DETERMINADA ou DETERMINÁVEL, contanto que esteja em comércio, ou seja, não esteja afetada por patrimônio público ou cláusula de inalienabilidade. 
 Dessa forma, a coisa, como objeto da compra e venda, deve atender a determinados requisitos:
Existência: É nula a venda de coisa inexistente. A lei se contenta com a existência potencial da coisa, como a safra futura, por exemplo. São suscetíveis de venda as coisas atuais e as futuras, corpóreas e incorpóreas. A venda de coisas incorpóreas, como o crédito e o direito à sucessão aberta, por exemplo, é denominada cessão de crédito. 
Individuação: O objeto da compra e venda há de ser determinado, ou suscetível de determinação no momento da execução. Admite- -se, assim, a venda de coisa incerta, indicada ao menos pelo gênero e quantidade, que será determinada pela escolha, bem como a venda alternativa, cuja indeterminação cessa com a concentração. 
Disponibilidade: A coisa deve encontrar-se disponível, isto é, não estar fora do comércio. Encontram-se nessa situação os direitos da personalidade, os órgãos do corpo humano, as coisas insuscetíveis de apropriação e as legalmente inalienáveis, sejam estas indisponíveis por força de lei ou devido à cláusula de inalienabilidade colocada em doação ou testamento. Nem sempre, porém, a coisa pode ser transferida ao comprador, pois se a coisa for alheia, não deve ser comercializada, salvo se o adquirente estiver de boa-fé e o alienante adquirir depois a propriedade. Nesse caso, considera-se realizada a transferência desde o momento em que ocorreu a tradição.
Efeitos da compra e venda
Gerar obrigações recíprocas para os contratantes: para o vendedor, a de transferir o domínio de certa coisa, e para o comprador, a de pagar-lhe certo preço em dinheiro.
Acarretar a responsabilidade do vendedor pelos vícios redibitórios e pela evicção.
Efeitos secundários ou subsidiários do contrato de compra e venda
Responsabilidade pelos riscos: Até o momento da tradição dos móveis e o registro dos imóveis, a coisa pertence ao vendedor, e, portanto os riscos de a coisa perecer ou se danificar, até esse momento, correm, portanto, por sua conta. Entretanto, se já houve a transferência do domínio, pela tradição ou pelo registro, quem sofre as consequências do perecimento é o comprador; e da perda do dinheiro, depois de pago, é o vendedor. 
Repartição das despesas: Trata – se de questão situação, de modo que, as despesas não tem ao certo um responsável. Ficarão as despesas da escritura e registro a cargo do comprador, e a cargo do vendedor as da tradição, podendo ser adotada outra solução, de comum acordo.
Direito de reter a coisa ou o preço (art. 491 e 495 CC): Na compra e venda à vista, as obrigações são recíprocas e simultâneas, porém cabe ao comprador o primeiro passo: pagar o preço. Antes disso, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa, podendo retê-la, ou negar-se a assinar a escritura definitiva, até que o comprador satisfaça a sua parte.
Legitimidade das partes e suas implicações (Limitações de compra e venda)
Diz respeito ás pessoas que não tem legitimidade para realizar tal negócio jurídico, em razão de determinadas circunstâncias ou da situação (não se confundindo com capacidade das partes):
Venda de ascendente a descendente:
 	Prescreve o art. 496 do Código Civil: 
	A finalidade da vedação é evitar as simulações fraudulentas: o adiantamento de legitima, ou seja, doações inoficiosas disfarçadas de compra e venda. Os outros descendentes e o cônjuge devem fiscalizar o ato do ascendente, para evitar que faça doação a um só dos filhos. A anuência dos sucessores deve ser expressa, e não há requisito solene sobre a forma, sendo concedida em casos respectivos a bens imóveis, por instrumento público.
 	Se realizada a venda com inobservância do disposto no art. 496, a mesma torna - se anulável, estando legitimados para a ação anulatória os descendentes preteridos.
 	Frisa – se que se for a situação contrária, sendo a compra e venda realizada de descendente para ascendente, não implica qualquer problema na efetivação do negócio jurídico. 
 	O art. 179, CC refere – se ao prazo para requerer a anulação do negócio jurídico:
 	Dessa forma, será de 2 anos o prazo para anulação da compra e venda, a contar de sua celebração, se não houver disposição especifica expressa de prazo no corpo da lei. 
Obs: Se um dos descendentes é menor, ou nascituro, cabe ao juiz nomear- lhe curador especial. Verificada a inexistência de propósito fraudulento, este comparecerá à escritura, para anuir à venda em nome do incapaz. Se a hipótese é de recusa em dar o consentimento, ou de impossibilidade, pode o ascendente requerer o suprimento judicial.
Aquisição de bens por pessoa encarregada de zelar pelos interesses do vendedor (Não podem ser cobrados em hasta pública [leilão e praça]):
 	A intenção é manter a isenção de ânimo naqueles que, por dever de ofício ou por profissão, têm de zelar por interesses alheios, como o tutor, o curador, o administrador, o empregado público, os leiloeiros e seus prepostos, o juiz e outros, que foram impedidos de comprar bens de seus tutelados, curatelados etc.
 	Ressalta – se que no que se refere ao inciso III do art. 497, não compreende os casos de compra e venda ou cessão entre co-herdeiros, ou em pagamento de dívida, ou para garantia de bens já pertencentes a pessoas designadas no referido inciso.
Venda entre cônjuges:
 	Um cônjuge, qualquer que seja o regime de bens, exceto no da separação absoluta de bens, só estará legitimado a alienar ou hipotecar os bens imóveis depois de obter a autorização do outro, ou o suprimento judicial de seu consentimento. 
 	Inadmissível, todavia, a doação entre cônjuges casados o regime da separação legal ou obrigatória, por desvirtuar as suas características e finalidades.
Vendedor casado, vendendo imóvel:
 	A regra preleciona que se o vendedor for casado, é necessário a anuência do cônjuge para que o negócio jurídico seja concretizado, exceto se o matrimônio tiver sido concebido em regime de separação absoluta de bens
 	O prazo para anulação do negócio jurídico é de 2 anos a contar da dissolução do vinculo conjugal, seja por falecimento ou separação. 
Venda da parte indivisa em condomínio: 
 	O condômino não pode alienar a sua parte indivisa a estranho, se outro consorte a quiser, porque sempre os condôminos possuem preferência (Art. 27 a 30 e 34 – Lei do Inquilinato 8.245/91).
→ O condômino que não anuir poderá depositar o valor em juízo e tomar a fraçãocorrespondente que foi tomada para si por terceiro.
 	 Se mais de um condômino se interessar pela aquisição, preferirá o que tiver benfeitorias de maior valor e, na falta destas, o de quinhão maior, se as partes forem iguais, todos que quiserem poderão adquirir a parte vendida, depositando o preço (Se não utilizados os termos do art. 504 CC, ocorrerá o desfazimento do negócio jurídico). 
 Obs: Caso de apartamento compartilhado por mais de uma pessoa → Se o apartamento pertencer também a outras pessoas, estas devem ser notificadas para exercer a preferência legal e se a coisa é divisível, nada impede que o condômino venda a sua parte a estranho, sem dar preferência aos seus consortes, pois estes, se não desejarem compartilhar o bem com aquele, poderão requerer a sua divisão.
Vendas especiais
Venda “ad corpus” e venda “ad mensuram”: O art. 500 do Código Civil apresenta regra aplicável somente à compra e venda de imóveis. 
 	Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão, ou se determinar a respectiva área, e esta não corresponder, em qualquer dos casos, às dimensões dadas, o comprador terá o direito de exigir o complemento da área, e, não sendo isso possível, o de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional ao preço (Não pode ser pleiteada a resolução da avença, ou abatimento no preço, se puder ser feita a complementação).
 	O § 3º do citado art. 500 prescreve que não haverá complemento de área, nem devolução de excesso, se o imóvel for vendido como coisa certa e discriminada, tendo sido apenas enunciativa a referência às suas dimensões, pois nesse caso, o imóvel é adquirido como um todo, presumindo que o comprador adquiriu a área pelo conjunto que lhe foi mostrado e não em atenção à área declarada.
 	Por definição, a expressão latina ad corpus, cujo significado seria “por inteiro” ou “assim como está”, é utilizada nas transações imobiliárias para exprimir uma venda cujo preço foi estipulado sobre a propriedade como um todo, na forma como foi apresentada ao comprador, não existindo qualquer tipo de referência ou amarração à sua metragem. Salvo convenção, subentende – se que a cláusula “ad corpus” está presente em todos os contratos (mesmo que não seja expresso). 
 	Em contrapartida, a expressão ad mensuram, serve para designar aquela transação imobiliária cuja estipulação do preço foi condicionada à especificação das dimensões e da área do imóvel, o que enseja ao comprador o direito à complementação da área, abatimento do preço e, até mesmo, ao desfazimento do contrato. É importante frisar que a referida diferença para ser relevante precisa exceder a um vigésimo da área total anunciada, ou seja, 5% da área (o contratante e o vendedor podem reclamar a diferença).
 	Ou seja, o reclamante poderá exigir o complemento da área, e, não sendo isso possível, o de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional ao preço. Salienta – se que não pode ser pleiteada a resolução da avença, ou abatimento no preço, se puder ser feita a complementação. Se houver excesso na área vendida, e o vendedor puder provar que tinha motivos para ignorar a medida exata da área vendida, caberá ao comprador completar o valor correspondente ao preço ou devolver o excesso.
→ Prazo para reclamação: 1 ano, a partir da emissão na posse. 
Obs.: Havendo débitos sobre o objeto vendido, o vendedor responderá por eles até o momento da tradição. 
Das cláusulas especiais á compra e venda (As cláusulas especiais à compra e venda devem ser incluídas em um negócio jurídico de forma expressa).
Da retrovenda: 
Constitui esta um pacto adjeto, pelo qual o vendedor reserva-se o direito de reaver o imóvel que está sendo alienado, em certo prazo, restituindo o preço, mais as despesas feitas pelo comprador, ou seja, as partes implementam expressamente uma cláusula pela qual o vendedor tem direito de retrato, onde no prazo máximo de 3 anos, o vendedor pode recomprar o bem imóvel vendido
→ Exercício do direito: Caso venha a ser exercido, o direito será implementado por meio da restituição do preço recebido e reembolsando as despesas do comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram com a sua autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias.
→ Diante da recusa do comprador em disponibilizar o imóvel para o vendedor recompra-lo: Nessa situação o vendedor consegue assegurar a recompra do imóvel mediante depósito judicial.
Direito de retrato é aquele, previsto na cláusula especial expressa de retrovenda, do vendedor reaver o bem imóvel vendido.
→ Só pode ter por objeto bens imóveis, pois os móveis se transferem por simples tradição, dificultando o exame da situação e está em atual desuso.
O direito de resgate pode ser cedido a terceiro, transmitido a herdeiros e legatários e ser exercido contra o terceiro adquirente e o alienante conserva a sua ação contra os terceiros adquirentes da coisa retrovendida, ainda que não conhecessem a cláusula de retrato, pois adquiriram a propriedade resolúvel.
→ Se duas ou mais pessoas tiverem o direito de exercer o “direito de retrato”: Se a duas ou mais pessoas couber o direito de retrato sobre o mesmo imóvel, e só uma o exercer, poderá o comprador intimar as outras para nele acordarem, prevalecendo o pacto em favor de quem haja efetuado o depósito, contanto que seja integral.
→ Prazo máximo para que o vendedor exerça tal direito: 3 anos. 
Da venda a contento e da sujeita à prova: 
Constitui pacto adjeto a contratos de compra e venda relativos, em geral, a gêneros alimentícios e a bebidas finas, onde a coisa precisa ter as qualidades asseguradas pelo vendedor e precisa ser idônea para o fim a que se destina. 
Entende- -se realizada sob condição suspensiva, ainda que a coisa lhe tenha sido entregue (CC, art. 509), ou seja, o contrato só será reputado perfeito se após a prova, o comprador sentir – se satisfeito com o objeto e manifestar sua aceitação (enquanto o adquirente não manifestar o seu agrado, não se reputa perfeita a venda). Dessa forma, o aperfeiçoamento do negócio depende exclusivamente do arbítrio, isto é, do gosto do comprador, não podendo o vendedor alegar que a recusa é fruto de capricho. Vencido o prazo sem manifestação do comprador, reputa-se perfeita a venda.
Obs.: As obrigações do comprador, que recebeu, sob condição suspensiva, a coisa comprada, são as de mero comodatário, enquanto não manifeste aceitá-la. 
Exemplo: O vendedor que facultativamente disponibiliza ao comprador a utilização da mercadoria (carro) por uma semana, e se o objeto agradar o adquirente, reputa – se perfeita a venda assim que ele manifestar seu contento com o produto. 
Venda mediante amostra: Amostra é o mesmo que paradigma. Se a mercadoria entregue não for em tudo igual à amostra, caracteriza-se o inadimplemento contratual, devendo o comprador protestar imediatamente, sob pena de o seu silêncio ser interpretado como correta e definitiva a entrega (para acautelar-se, pode este requerer a vistoria da mercadoria).
Ou seja, é a venda caracterizada pelo contato prévio com uma amostra do produto, onde presume – se que a coisa possua as mesmas características e qualidades asseguradas pelo vendedor, e seja idônea para o fim a que se destina. 
→ Prazo para que o comprador a contento ou mediante amostra manifeste seu aceite: Não havendo prazo estipulado para a declaração do comprador, o vendedor terá direito de intimá-lo para que o faça em prazo improrrogável (Geralmente possui prazo estipulado).
Da perempção/preferência/prelação: 
Trata – se da preferência convencional (e não a legal), resultante de acordo de vontades. Pode ser convencionado que o comprador se obrigue a oferecer ao vendedor a coisa que aquele vai vender, ou dar em pagamento, para que este use de seu direito de prelação na compra, por exemplo, X vendeu uma casa a Y, que por sua vez ofereceu a X o direito de prelação, de modo que, se eventualmente Y quiser revender o imóvel,obrigatoriamente deverá notificar X para avisar que ele está vendendo a casa e questionar se ele quer exercer seu direito de preferência e comprar a residência.
Dessa forma, o direito de preferência deve ser exercido pelo vendedor, intimando o comprador, quando lhe constar que este vai vender a coisa.
→ Pode ser exercido sobre bens móveis e imóveis. 
Limitação temporal a observação do direito de preferência: 
Para o seu exercício pode ser convencionado um prazo não excedente a:
180 dias, se a coisa for móvel.
2 anos, se imóvel .
Vale destacar que em caso de omissão, ou seja, inexistindo prazo estipulado, o direito de preempção caducará se:
Coisa for móvel, não se exercendo nos 3 dias subsequentes à data em que o comprador tiver notificado o vendedor.
Coisa imóvel, não se exercendo nos 60 dias subsequentes à data em que o comprador tiver notificado o vendedor. 
Consequências jurídicas atribuíveis às pessoas que celebrarem contrato de compra e venda em que alguém tenha sido preterido (lesado) de seu direito de preferência: Se o comprador desrespeitar a avença, não dando ciência ao vendedor do preço e das vantagens que lhe oferecerem pela coisa, responderá por perdas e danos, desde que este prove efetivo prejuízo.
Obs.: O direito de preferência não é passível de cessão e nem de sucessão por “causa mortis”.
Da venda com reserva de domínio: 
O vendedor tem a própria coisa vendida como garantia do recebimento do preço. A propriedade permanece com o alienante e só passa àquele após o recebimento integral do preço, ou seja, diz respeito à situação onde o vendedor dá a posse direta do objeto ao comprador, porém, enquanto o mesmo não terminar de pagar integralmente o montante convencionado pela coisa, o vendedor tem o direito de reservar (não transferir) a propriedade efetiva do bem. 
Obs.: Tem a natureza de venda sob condição suspensiva, pois a aquisição do domínio fica subordinada ao pagamento da última prestação. A cláusula de reserva de domínio será estipulada por escrito e depende de registro no domicilio do comprador. 
Embora o domínio e a posse indireta permaneçam com o alienante, os riscos da coisa passam para o adquirente, mero possuidor direto, gerando assim, uma inversão da regra res perit domino, aplicando-se o princípio res perit emptoris (a coisa perece para o comprador).
O Código de Processo Civil regulou a execução do contrato pelo credor, em caso de inadimplemento da obrigação, no capítulo dos procedimentos especiais. Pode o credor optar pela cobrança, desde que as prestações estejam representadas por título executivo, ou pela apreensão e depósito da coisa vendida, comprovada a mora do comprador.
→ Somente pode ser objeto de celebração da venda com reserva de domínio os bens móveis infungíveis
Da venda sobre documentos: Esclarece o art. 529 do Código Civil que, “na venda sobre documentos, a tradição da coisa é substituída pela entrega do seu título representativo e dos outros documentos exigidos pelo contrato ou, no silêncio deste, pelos usos”.
 	 Acrescenta o parágrafo único que “achando- se a documentação em ordem, não pode o comprador recusar o pagamento, a pretexto de defeito de qualidade ou do estado da coisa vendida, salvo se o defeito já houver sido comprovado”. O vendedor, entregando os documentos, se libera da obrigação e tem direito ao preço; e o comprador, na posse justificada de tal documento, pode exigir do transportador a entrega da mercadoria. Estipulado o pagamento por intermédio de estabelecimento bancário, caberá a este efetuá-lo contra a entrega dos documentos, sem obrigação de verificar a coisa vendida, pela qual não responde.
DA TROCA OU PERMUTA 
→ Troca: Diz respeito a objetos móveis. 
→ Permute: Diz respeito a bens imóveis ou direitos.
 	A troca ou permuta é o contrato pelo qual as partes se obrigam a dar uma coisa por outra, que não seja dinheiro. Difere da compra e venda apenas porque, nesta, a prestação de uma das partes consiste em dinheiro, entretanto, esse conceito deve ser relativo, haja vista as possibilidades de troca vigentes:
→ Troca sem torna: Diz respeito ao produto trocado por um ou mais produtos, onde há equivalência próxima entre valores, ou há convenção entre as partes, de modo que, não haja necessidade de qualquer devolução de valores.
→ Troca com torna: Diz respeito ao produto trocado por um ou mais produtos, onde não há equivalência de valores, razão pela qual, a diferença deverá ser ressarcida em dinheiro. Ressalta – se que o valor condizente a referida diferença (troco) não pode ultrapassar a 50% do valor da prestação assumida pelo contratante que paga a torna, sob pena de descaracterizar o contrato de troca e permuta e transformar – se em contrato de compra e venda. 
Classificação: 
 	É negócio jurídico bilateral, oneroso, comutativo e consensual, não tendo caráter real, mas apenas obrigacional: gera para os permutantes a obrigação de transferir, um para o outro, a propriedade de determinada coisa.
Objeto:
 	Todas as observações do objeto de compra e venda serão aplicadas no objeto de troca e permuta, haja vista que, todo objeto que é idôneo para ser vendido, também é objeto idôneo para ser trocado. 
 → Semelhanças e diferenças da compra e venda:
Semelhanças:
Ambos visam à transferência da coisa quando da fase do cumprimento obrigacional assumido pelas partes. 
Em ambos aplica – se a evicção.
Em ambos aplica – se a teoria dos vícios redibitórios. 
Diferenças:
Na venda e compra, troca – se o objeto por dinheiro, e na troca e permuta, troca – se uma coisa predominantemente por outra, ainda que acompanhada em dinheiro (até 50% do valor assumido).
Salvo disposição em contrário, cada um dos contratantes pagará por metade as despesas com o instrumento da troca, ou seja, são dividas meio a meio. 
É anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e descendentes, sem consentimento expresso dos outros descendentes e do cônjuge do alienante - Se os valores são desiguais, e o objeto que pertence ao ascendente é mais valioso, os demais descendentes devem consentir expressamente. 
DO CONTRATO ESTIMATÓRIO/CONSIGNAÇÃO
O contrato estimatório é o negócio jurídico por meio da qual o consignatário recebe do consignante bem móvel, ficando autorizado a vende – lá e obrigando – se a pagar um preço estimado previamente, se não restituir ou adquirir a coisa consignada dentro do prazo ajustado, também pagando por ela. Dessa forma, o consignante entrega bens móveis a outrem (consignatário), para que este os venda pelo preço estimado, pagando-o no prazo determinado, ou se preferir, o consignatário recebe o bem com a finalidade de vendê-lo a terceiro, segundo estimação feita pelo consignante.
→ Obs: Nada impede, porém, que fique com o objeto para si, pagando o preço fixado ou se preferir vendê--lo, auferirá lucro no sobrepreço que obtiver.
Partes contratantes:
→ Consignante: Proprietário do bem.
→ Consignatário: Aquele que recebe o bem para comercializa – lo ou para restitui – lo.
Exemplo: O proprietário de uma BMW X procura um consignatário ofertando essa modalidade de contrato, de modo que, é estimado previamente que o bem móvel deverá ser vendido pelo valor de 500 mil reais. Dessa forma, independente do valor que o consignatário vender o bem, por exemplo, pelo montante de 520 mil reais, ou por 490 mil reais (restituição de valores), o prejuízo ou o lucro resultantes da transação serão destinados ao consignatário, e os 500 mil, serão destinados ao consignante. Considera – se ainda a possibilidade do consignatário se interessar pelo bem e pagar 500 mil par ao proprietário do bem. 
Natureza jurídica: 
Real: pois se aperfeiçoa com a entrega do bem ao consignatário – (reputa – se celebrado somente com a tradição).
Oneroso: visto que ambas as partes obtêm proveito; 
Comutativo: porque não envolve risco; 
Bilateral: pois acarreta obrigações recíprocas.
Faculdades do consignatário:O consignatário tem a faculdade de vender o bem móvel consignado para terceiro, pelo preço que quiser, contanto que pague ao consignante o importe estimado combinado.
O consignatário deve devolver o bem móvel consignado no estado em que o foi entregue. 
O consignatário tem a faculdade de comprar o bem móvel consignado para si. 
 	Principais efeitos:
O consignante não perde o domínio (propriedade) do bem móvel consignado, até que o consignatário negocie com terceiro ou exerça as faculdades a ele permitidas. 
O consignatário deverá pagar as despesas inerentes a custódia, venda, entrega e devolução do bem, ou seja, tudo que for gasto ou acrescentado no sentido de melhoria para agregar ou aumentar o valor do bem móvel fica a cargo do consignatário. 
 A coisa consignada não pode ser objeto de penhora ou sequestro pelos credores do consignatário, enquanto perdurar o contrato, pois o consignante é o seu dono.
O consignante, apesar de continuar sendo o proprietário do objeto, enquanto perdurar o contrato, não poderá dispor do objeto, antes de lhe ser restituída ou de lhe ser comunicada a restituição.
O consignatário não se exonera da obrigação de pagar o preço, se a restituição da coisa integralmente, se tornar impossível (ainda que por fato a ele não imputável), pois o consignante ostenta a condição de dono da coisa móvel (ocorre a inversão da regra do “res perit domino”)
DA DOAÇÃO
Doação é o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra. 
Traços característicos do contrato de doação: 
Natureza jurídica: 
→ Gratuito, porque constitui uma liberalidade, não sendo imposto qualquer ônus ou encargo ao beneficiário.
→ Unilateral, porque cria obrigação para somente uma das partes.
→ Consensual, porque se aperfeiçoa com o acordo de vontades entre doador e donatário, independentemente da entrega da coisa.
→ Solene, porque a lei impõe a forma escrita, salvo a de bens móveis de pequeno valor, que pode ser verbal.
Animus donandi: intenção de fazer uma liberalidade.
Transferência de bens para o patrimônio do donatário.
Aceitação deste. É indispensável e pode ser expressa, tácita ou presumida:
→Expressa: vem expressa no próprio instrumento.
→ Tácita: quando revelada pelo comportamento do donatário. Este não declara expressamente que aceita o imóvel que lhe foi doado, mas, por exemplo, recolhe a sisa devida, demonstrando, com isso, a sua adesão ao ato do doador.
→ Presumida: o doador fixa prazo ao donatário, para declarar se aceita, ou não, a liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a declaração, entender- se-á que aceitou. Tal presunção só se aplica às doações
puras, que não trazem ônus para o aceitante.
A doação constitui ato inter vivos.
Promessa de doação: Tem-se entendido ser inexigível o cumprimento de promessa de doação pura, porque esta representa uma liberalidade plena. Não cumprida, haveria uma execução coativa ou poderia o promitente doador ser responsabilizado por perdas e danos , o que se mostra incompatível com a gratuidade do ato. Tal óbice não existe na doação onerosa, porque o encargo imposto ao donatário estabelece um dever exigível do doador.
Obs.:
Espécies de doação: A doação pode ser:
Pura e simples (ou típica) — Quando o doador não impõe nenhuma restrição ou encargo ao beneficiário, nem subordina a sua eficácia a qualquer condição. Nessa modalidade de doação não se exige que o donatáriofaça por merecer a dádiva.
Onerosa (modal, com encargo ou gravada) — Aquela em que o doador impõe ao donatário uma incumbência ou dever. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito e o encargo pode ser imposto em benefício do doador, de terceiro, ou do interesse geral. O seu cumprimento, em caso de mora, pode ser exigido judicialmente, salvo quando instituído em favor do próprio donatário, valendo, nesse caso, como mero conselho ou recomendação. 
Remuneratória — É a feita em retribuição a serviços prestados, cujo pagamento não pode ser exigido pelo donatário. É o caso, por exemplo, do que faz uma doação a quem lhe salvou a vida ou lhe deu apoio em momento de dificuldade. Se a dívida era exigível, a retribuição chama-se pagamento; se não era, denomina-se doação remuneratória.
Mista — Decorre da inserção de liberalidade em alguma modalidade diversa de contrato (p. ex., venda a preço vil, que é venda na aparência, e doação na realidade). Embora haja a intenção de doar, existe um preço fixado, caracterizando a venda. Pode ocorrer, também, na aquisição de um bem por preço superior ao valor real, de modo que, o sobrepreço inspira-se na liberalidade que o adquirente deseja praticar.
Em contemplação do merecimento do donatário (contemplativa) — Quando o doador menciona, expressamente, o motivo da liberalidade, dizendo, por exemplo, que a faz porque o donatário tem determinada virtude, ou porque é seu amigo, ou renomado profissional, etc,ou seja, decorre de uma dádiva daquela pessoa. 
Feita ao nascituro —Tal espécie de doação valerá, sendo aceita pelo seu representante legal, ou seja, pelos pais, ou por seu curador, nesse caso com autorização judicial. Sendo titular de direito eventual, sob condição suspensiva, caducará a liberalidade, se não nascer com vida.
Em forma de subvenção periódica — Trata-se de uma pensão, como favor pessoal ao donatário, cujo pagamento termina com a morte do doador, não se transferindo a obrigação a seus herdeiros.
Em contemplação de casamento futuro (propter nuptias) — É o presente de casamento, dado em consideração às núpcias próximas do donatário com certa e determinada pessoa, só ficando sem efeito se o casamento não se realizar. O dispositivo permite tal espécie de doação quer pelos nubentes entre si, quer por terceiro a um deles.
Entre cônjuges — A doação de um cônjuge a outro “importa adiantamento do que lhes cabe por herança”. A regra aplica-se às hipóteses em que o cônjuge participa da sucessão do outro na qualidade de herdeiro.
Obs.:
Em comum a mais de uma pessoa (conjuntiva) — Entende-se distribuída entre os beneficiados, por igual, salvo se o doador dispuser em contrário. Se forem marido e mulher, a regra é o direito de acrescer: subsistirá na totalidade a doação para o cônjuge sobrevivo, em vez de a parte do falecido passar aos seus herdeiros.
De ascendentes a descendentes — Importa adiantamento do que lhes cabe por herança. Estes estão obrigados a conferir, no inventário do doador os bens recebidos, pelo valor que lhes atribuir o ato de liberalidade, para que sejam igualados os quinhões dos herdeiros necessários, salvo se o ascendente os dispensou dessa exigência. A doação de ascendente para descendente não depende de anuência dos demais herdeiros necessários.  Segundo a redação do artigo 544 C.C, se o pai ou mãe doar determinado bem a somente um de seus filhos, este bem será considerado como adiantamento de herança ao filho que recebeu a doação, devendo, neste caso, ocorrer uma compensação em favor dos herdeiros quando for aberto o  inventário do doador, consoante disposição do art. 2002 do Código Civil.
Inoficiosa — É a que excede o limite de que o doador, no momento da liberalidade, poderia dispor em testamento. O art. 549 do Código Civil declara nula somente a parte que exceder tal limite, e não toda a doação, podendo o testador dispor de apenas metade dos seus bens, pois o restante, pertence aos herdeiros necessários legítimos. Malgrado o argumento de que, ajuizada a ação declaratória de nulidade da parte inoficiosa (ação de redução) antes da abertura da sucessão, estar- se-ia a litigar em juízo sobre herança de pessoa viva, inclina-se a doutrina pela possibilidade de tal ação ser ajuizada desde logo, não sendo necessário aguardar a morte do doador, porque o excesso é declarado nulo, expressamente, pela lei.
Com cláusula de retorno ou reversão — Permite o art. 547 que o doador estipule o retorno,ao seu patrimônio, dos bens doados, se sobreviver ao donatário. Revela o propósito do doador de beneficiar somente o donatário e não os herdeiros deste, sendo, portanto, intuitu personae. A cláusula de reversão só terá eficácia se o doador sobreviver ao donatário. Se morrer antes deste, deixa de ocorrer a condição, e os bens doados incorporam-se definitivamente ao patrimônio do beneficiário, transmitindo-se, por sua morte, aos seus próprios herdeiros.
Manual — É a doação verbal de bens móveis de pequeno valor. Como a lei não fornece critério para se aferir o pequeno valor, considera-se de pequeno valor a doação que não ultrapassa a dez 10% dos bens.
Feita a entidade futura — Dispõe o art. 554 do Código Civil que a doação à entidade futura caducará se, em dois anos, esta não estiver constituída regularmente. A existência legal das pessoas jurídicas de direito privado começa com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro.
Restrições legais: A lei impõe algumas limitações à liberdade de doar, visando preservar o interesse social, o interesse das partes e de terceiros. Proíbe, assim:
Doação pelo devedor já insolvente: Configura fraude contra credores, podendo a sua validade ser impugnada por meio da ação pauliana.
Doação da parte inoficiosa: É nula a doação quanto à parte que exceder a de que o doador poderia dispor em testamento, no momento de liberdade.
Doação de todos os bens do doador: O art. 548 do Código Civil considera nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para a subsistência do doador. A limitação visa proteger o doador, impedindo que, por sua imprevidência, fique reduzido à miséria, bem como a sociedade, evitando que o Estado tenha de amparar mais um carente.
Doação do cônjuge adúltero a seu cúmplice. Dispõe o art. 550 do Código Civil que tal doação pode ser anulada pelo outro cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal. A doação não é nula mas anulável, pois não pode ser decretada de ofício pelo juiz. A lei limita as pessoas que podem alegá-la: o cônjuge inocente e os herdeiros necessários.
Obs.: 
Da revogação da doação: A doação pode ser revogada por ingratidão do donatário ou por inexecução do encargo (CC, art. 555), bem como pelos modos comuns a todos os contratos, ou seja, se o agente for absolutamente incapaz, o objeto ilícito, impossível ou indeterminável, ou não for observada a forma prescrita, bem como nas hipóteses de inoficiosidade, de compreensão de todos os bens, de ser feita pelo cônjuge adúltero ao seu cúmplice ou entre cônjuges casados no regime da separação legal.
Inexecução/Descumprimento do encargo: 
 	Ocorre a anulação, rescisão ou resolução diante da ingratidão do donatário ou inexecução do encargo, feita a prova em juízo pelo doador, sendo necessário que o donatário tenha incorrido em mora. Se o doador fixa prazo para o cumprimento do encargo, a mora se dá, automaticamente, pelo seu vencimento e não havendo termo, começa ela desde a interpelação judicial ou extrajudicial. 
 	A força maior afasta a mora, porque exclui a culpa, que lhe é elementar. A revogação será de toda a doação, visto que a lei não distingue entre a parte que é liberalidade e a que é negócio oneroso.
 	O encargo pode ser imposto em benefício do doador, de terceiro ou do interesse geral, sendo que, têm legítimo interesse para exigir o seu cumprimento o doador e o terceiro, bem como o Ministério Público (somente se o encargo foi imposto no interesse geral). A revogação da doação, só pode ser pleiteada pelo doador e em juízo, sendo personalíssima a ação. Se vários forem os donatários, e indivisível o encargo, o inadimplemento será considerado total, e assim também a revogação, mesmo que somente um deles não o tenha cumprido, entretanto, se o ônus é divisível, não é justo que a revogação alcance a todos, devendo ser excluídos os que o cumpriram, bem como aqueles a quem o doador quiser perdoar a falta.
Ingratidão do donatário: 
 	O art. 557 do Código Civil admite a revogação da doação também por ingratidão do donatário, mas somente se for pura e simples. Assim, tal direito é de ordem pública e, portanto, irrenunciável antecipadamente, sendo nula cláusula pela qual o doador se obrigue a não o exercer. Como o domínio resolve-se por causa superveniente, subsistem os direitos por eles adquiridos e se não puder restituir em espécie as coisas doadas, transferidas a terceiro, indenizará o doador, pagando-lhe o valor médio.
 	Atentado contra a vida do doador ou cometimento de crime de homicídio doloso é a primeira causa de revogação da doação por ingratidão do donatário (o homicídio culposo fica excluído). Também constituem causa para a revogação ofensas físicas cometidas pelo donatário contra o doador, sendo necessário que a agressão tenha se consumado e havido dolo (não cabendo alegação de difamação).
 	A revogação, por qualquer desses motivos, deve ser postulada dentro de um ano, a contar de quando chegue ao conhecimento do doador o fato que a autorizar, e de ter sido o donatário o seu autor. Trata-se de ação personalíssima, pois o direito de pleitear a revogação não se transmite aos herdeiros do doador, nem prejudica os do donatário. A iniciativa da ação pertence exclusivamente ao doador injuriado, e só pode ser dirigida contra o ingrato donatário. Mas, se o primeiro falecer depois de tê-la ajuizado, podem os herdeiros nela prosseguir, assim como pode ser continuada contra os herdeiros do donatário, se este veio a falecer depois do ajuizamento.
 	Com efeito, proclama o art. 564 do Código Civil que “não se revogam por ingratidão:
I — as doações puramente remuneratórias; 
II — as oneradas com encargo já
cumprido;
III — as que se fizerem em cumprimento de obrigação
natural; 
IV — as feitas para determinado casamento.
DA LOCAÇÃO DE COISAS (art. 565/578 CC + leis extravagantes + Lei do inquilinato)
 	Locação é o contrato pelo qual uma das partes se obriga mediante contraprestação em dinheiro a conceder a outra, temporariamente uso e gozo de coisa não fungível. 
→ Partes contratantes: 
Locador/Arrendador/Alucador/Senhorio: É aquele que pega a posse direta de outrem.
Locatário/Arrendatário/Inquilino: Quem recebe o valor do aluguel. 
Legitimidade: 
Condômino tem preferência perante terceiro para ser o locatário.
Tutor e curador podem alugar o bem que é de posse do incapaz ou curatelado sem alvará/autorização judicial, contanto que realizem a locação em preço conveniente:
→ Ressalta – se que preço conveniente não é sinônimo de preço de mercado, e sim no sentido de relativização de preços, quando considera – se que é melhor ter um inquilino que pague um montante abaixo do valor de mercado, do que não ter nenhum inquilino. 
 	
 Obs.: Locação pomposa/de ostentação → É a locação de objetos fungíveis a caráter de infungível, de modo que, trata – se de algo que poderia ser consumido, mas diante da situação para a qual foi enquadrada, torna – se inconsumível (ex: whisky utilizado para ostentação em casamentos). 	
 	Segundo se infere do art. 571, é permitido ao locador reaver a coisa locada antes do vencimento do prazo, desde que seja ressarcido o locatário das perdas e danos resultantes. Admite-se, também, que a coisa seja devolvida ao locador, desde que o locatário pague, proporcionalmente, a multa prevista no contrato.
 Natureza Jurídica: 
Bilateral: envolve prestações recíprocas.
Oneroso: ambas as partes obtêm proveito.
Consensual: aperfeiçoa-se com o acordo de vontades. O consentimento pode ser expresso ou tácito.
Comutativo: não envolve risco.
Não solene: a forma é livre.
Trato sucessivo: prolonga-se no tempo.
Elementos fundamentais/específicos da locação de coisas
 	O objeto pode ser coisa móvel infungível ou imóvel, porém, existe a exceção no que diz respeito à locação de coisa móvel fungível quando o seu uso tenha sido cedido para ornamentação, como uma cestade frutas com adornos raros, por exemplo.
Características: 
Infungível 
Material
Imaterial
Inconsumível (Via de regra, salvo na hipótese da locação a pompa e ostentação).
Móveis
Imóveis
Modalidades e aplicação prática em relação ao objeto móveis e imóveis:
→ Bem móvel: O remédio processual para a retomada do objeto se ele não for devolvido espontaneamente é a ação de reintegração de posse. Via de regra utiliza – se o Código Civil e excepcionalmente, lei extravagante, como por exemplo, a lei de leasing. 
→ Bem imóvel (prédio): O remédio processual para a retomada do objeto se ele não for devolvido espontaneamente é a ação de despejo. É necessário analisar a situação concreta para verificar se trata de imóvel rural ou urbano:
Rural: Considera – se a finalidade e destinação econômica da locação, e não sua locação, ou seja, uma horta localizada no centro de uma grande cidade, porém que possua a destinação econômica de produzir alimentos é dotada de caráter rural. Considera – se o art. 95 da Lei 4.504/64 (Estatuto da Terra). 
Urbano: Considera – se a finalidade e destinação econômica da locação, e não sua locação, ou seja, uma reunião de trabalho realizada em um sitio distante, é dotada de caráter urbano. Considera – se o art. 2036 do Código Civil, bem como a Lei 8.245/91 (Lei do Inquilinato).
Obs.: Os remédios processuais possíveis para a retomada da coisa alugada são ação de despejo (bens imóveis) e ação de reintegração de posse (bens móveis). 
Remuneração: O preço, denominado aluguel ou remuneração, é essencial para a sua configuração, sob pena de caracterizar comodato. Será fixado pelas partes ou mediante arbitramento, ou ainda por ato governamental (aluguel de táxis, p. ex.). 
É necessário que seja real, determinado ou ao menos determinável e embora o pagamento deva ser feito, via de regra, em dinheiro, nada impede que se convencione outro modo, podendo ser misto.
→ Remuneração determinada: Logo no inicio do contrato é estipulado um valor X para o aluguel. 
A locação por tempo determinado cessa de pleno direito findo o prazo estipulado e se o locatário continuar na posse do bem, sem oposição do locador, presumir-se-á prorrogada, sem prazo, pelo mesmo aluguel. Já no caso da locação sem prazo determinado exige prévia notificação do locatário. Se este, notificado, não restituir a coisa, pagará, enquanto a tiver em seu poder, o aluguel que o locador arbitrar, e responderá pelo dano que ela venha a sofrer, embora proveniente de caso fortuito.
→ Remuneração determinável: Aluguel convencionado de modo que, é arbitrada uma porcentagem X sobre o faturamento do mês ou um valor Y especifico para o aluguel, sendo que, no momento do pagamento verifica – se o de maior valor e opta pela porcentagem ou pelo valor especifico fechado. 
 Obs.:	A falta de pagamento do aluguel enseja ao locador o direito de cobrá-lo sob a forma de execução ou de pleitear a resolução do contrato, ressaltando que é capaz de locar quem tem poderes de administração. 
Temporariedade: Diz respeito à ideia de no término do contrato existir o dever de devolver a coisa.
Obrigações do locador:
 	As obrigações do locador, especificadas no art. 566 do Código Civil, consistem em:
Entregar ao locatário o objeto alugado em estado de servir ao uso a que se destina: A entrega deve ser feita com os acessórios, salvo os expressamente excluídos, em estado de servir ao uso a que se destina. 
Manter a coisa no mesmo estado, ou seja, realizar a manutenção do objeto alugado, salvo estipulação contratual em sentido contrário: Compete ao locador realizar os reparos necessários para que a coisa seja mantida em condições de uso, salvo convenção em contrário. Mas correm por conta do locatário as reparações de pequenos estragos, que não provenham do tempo ou do uso, nas locações de imóveis. Se o bem deteriorar-se no curso da locação, sem culpa do locatário, este poderá pedir redução proporcional do aluguel ou rescindir o contrato, caso já não mais sirva para o fim colimado.
Garantir o uso pacífico da coisa: Deve o locador abster-se da prática de qualquer ato que possa perturbar o uso e gozo da coisa, como também garantir o locatário contra perturbações de terceiros.
Obrigações do locatário:
 	As obrigações do locatário consistem em:
Usar a coisa alugada para e tratá-la como se sua fosse.
Pagar pontualmente o aluguel e os demais encargos nos prazos ajustados.
Restituir/devolver a coisa, finda a locação, no estado em que a recebeu, salvo as deteriorações naturais. Se empregar a coisa em uso diverso do ajustado, ou do a que se destina ou danificá-la abusivamente, poderá o locador, além de rescindir o contrato, exigir perdas e danos.
Cessão de Locação:
 	Locação é o contrato, verbal ou escrito, que se destina a proporcionar o uso e gozo temporário de coisa infungível, mediante renumeração. 
	Dessa forma, pode o locatário original ceder sua posição a outro inquilino mediante o instituto da cessão de crédito, mantendo o mesmo contrato, por exemplo, há um contrato de aluguel entre A e B, e B cede sua posição contratual para C, que ao ingressar no polo não trás nenhuma inovação. 
 	Apesar de ser consensual, o contrato de locação, não é personalíssimo (intuitu personae) nem para o locador e nem para o locatário, vez que o mesmo admite a cessão e a sublocação, não se extinguindo assim pela morte de qualquer deles.
→ Esse tipo de contrato tem como partes: o locador (senhorio ou arrendador) e o locatário (inquilino ou arrendatário). 
Cessão de Sublocação:
 	A cessão, no contrato de locação, é a forma comum de transferência dos direitos pessoais (uso e gozo das coisas), onde o cessionário ou terceiro assume a posição daquele que cede (cedente/locatário), ficando este imune a qualquer responsabilidade, a qual é transferida diretamente para o cessionário, com o qual se entenderá o locador. Ou seja, a cessão é a transferência parcial ou total a outrem da posição atual do locatário, bem como dos deveres que lhe competiam. Assim, o locatário desligar-se definitivamente da sua condição de locatário primitivo, vinculando assim o cessionário ao locador do imóvel.
 	Na sublocação se tem uma nova locação, porém o subcontrato não é autônomo, visto que este permanece vinculado ao contrato básico, cuja sua existência depende, ou seja, o contrato novo é acessório, e portanto, segue a sorte do principal. Somente existe cessão quando houver o pleno consentimento por escrito do locador e também quando não houve nenhuma cláusula contratual que impossibilite esse procedimento.
 	Salienta-se ainda que sublocação não existe qualquer vínculo entre o locador e o sublocatário, assim não há possibilidade de ação direta daquele contra este, excetos em casos excepcionais em que a lei autorize, para que o locador possa exigir o cumprimento das obrigações decorrentes do contrato.
→ A cessão tem como partes contratuais: o cedente (locatário), cedido (locador) e o cessionário (terceiro).
Locação de prédios:
 	 O Código Civil de 2002 não dispõe a respeito da locação de prédios. A locação urbana rege-se, hoje, pela Lei n. 8.245/91 que proclama continuarem regidas pelo Código Civil as locações de imóveis de propriedade da União, dos Estados, dos Municípios; de vagas autônomas de garagem ou de espaços para estacionamento de veículos; de espaços destinados à publicidade; de apart-hotéis, hotéis-residência ou equiparados; e o arrendamento mercantil. As normas do Código Civil têm, pois, aplicação restrita aos referidos imóveis. 
 	O contrato de locação predial pode ser estipulado por qualquer prazo, embora não deva ser perpétuo (por definição, é temporário), e durante o prazo convencionado, não poderá o locador reaver o imóvel alugado.
 	
DO EMPRÉSTIMO
Conceito: Empréstimo é o contrato pelo qual uma das partes entrega uma coisa fungível ou infungível à outra parte que se obriga a restitui – lá futuramente. Pode ser oneroso ou não, dependendo da sua espécie. 
→ Obs.:A entrega do objeto faz com que o contrato seja classificado sempre como real, isto porque, reputa – se celebrado mediante a entrega do objeto (tradição).
Dependendo da espécie de empréstimo, verifica – se idoneidade do objeto, sendo os bens fungíveis respectivos ao contrato de mutuo, e os bens infungíveis respectivos ao contrato de comodato.
Finalidade do empréstimo:
USO: Se a finalidade for o uso do objeto emprestado → Infungível (natureza insubstituível), respectivo ao contrato de comodato – Art. 579 a 585 C.C.
CONSUMO: Se a finalidade for o consumo do objeto emprestado → Fungível (substituídos por outros de mesmo gênero/espécie, quantidade e qualidade), respectivo ao contrato de mutuo – Art. 586 a 592 C.C.
DO COMODATO
 Conceito: É o contrato unilateral e a título gratuito, pelo qual alguém entrega a outrem coisa infungível, para ser usado temporariamente e depois restituído. 
 	Têm por objeto a entrega de uma coisa, para ser usada e depois restituída, sendo caracterizado empréstimo apenas para uso (empréstimo gratuito de coisas não fungíveis). Tem como características essenciais à gratuidade do contrato, infungibilidade do objeto, aperfeiçoamento com a tradição deste, e temporariedade. 
Gratuidade: decorre de sua própria natureza, sob pena de caracterizar locação.
Infungibilidade: implica a restituição da mesma coisa recebida em empréstimo, sob pena de caracterizar contrato mútuo (O comodato de bens fungíveis ou consumíveis só é admitido quando destinado à ornamentação, como o de uma cesta de frutas). Pode reger bens móveis e imóveis (fungível por excelência). 
Tradição: seu aperfeiçoamento torna-o um contrato real. Desdobra-se a posse em direta e indireta, permanecendo esta com o comodante.
Temporariedade: Não permite a usucapião de bens, haja vista que, já existe a condição de temporariedade. 
Partes contratantes:
→ Comodante: Empresta a coisa (Ressalta – se que não precisa ser proprietário do objeto, basta que tenha sua posse licitamente englobada em seu patrimônio jurídico).
→ Comodatário: Recebe a coisa emprestada. 
Natureza jurídica do contrato de comodato:
Gratuito por excelência: O comodatário não poderá jamais recobrar do comodante as despesas feitas com o uso e gozo da coisa emprestada. 
Unilateral: Porque, aperfeiçoando-se com a tradição, gera obrigações apenas para o comodatário. Só por exceção o comodante pode assumir obrigações posteriormente.
Real: Celebra – se mediante tradição. 
Temporário: O ajuste pode ser por prazo determinado ou indeterminado.
Intuitu personae: Celebrado em função de características especificas de alguém. 
Não solene: A lei não exige forma especial para a sua validade, podendo ser utilizada até a verbal.
Contrato de trato sucessivo: Pode viger por prazo determinado ou indeterminado. 
→ Obs.: Quando o contrato vigorar por prazo indeterminado, e o comodante quiser a retomada da coisa, deve notificar o comodatário por meio de denúncia e estabelecer um prazo para que este devolva o objeto. Frisa – se que não existe um prazo especifico fixado em lei, mas usualmente utiliza – se o prazo de 30 dias a partir da notificação formal. Caso o comodatário não devolva a coisa, origina – se o interesse de agir do comodante em requerer a posse do bem. 
Obrigações do Comodatário: Consistem, basicamente, em:
Conservar a coisa: o comodatário deve conservar a coisa como se sua própria fora, evitando desgastá-la, não podendo alugá-la ou emprestá-la. Responde pelas despesas de conservação, não podendo recobrar do comodante as comuns (as despesas extraordinárias devem ser comunicadas ao comodante, para que este as faça ou autorize o comodatário a fazê-las). Como possuidor de boa-fé, tem direito à indenização das benfeitorias e à retenção da coisa, salvo convenção em contrário.
Usar a coisa de forma adequada: O comodatário não pode usá-la senão de acordo com o contrato, ou a natureza dela, sob pena de responder por perdas e danos e resolução do contrato. 
Restituir a coisa: Deve esta ser restituída no prazo convencionado, ou, não sendo este determinado, findo o necessário ao uso concedido. O comodatário que se negar a restituir a coisa praticará esbulho possessório e estará sujeito à ação de reintegração de posse, além de responder pelos riscos da mora por meio do aluguel putativo arbitrado pelo comodante durante o tempo do atraso.
→ Obs.: Em relação à reintegração de posse, é preciso verificar se há a possibilidade do autor pedir liminar. É POSSÍVEL pedir referida liminar quando o esbulho da posse for NOVO, ou seja, ocorrer a mesmo de 1 ano e 1 dia. Ademais, se o esbulho for de posse VELHA, ou seja, ocorre a mais de 1 ano e 1 dia, o autor NÃO terá o direito de utilizar – se de liminar. 
Comodato Modal: É o empréstimo gratuito e temporário de bem infungível, com a obrigação do comodatário de cumprir determinados encargos. Tais encargos não são difluentes do comodato puro, como os de uso conforme a natureza e o contrato, restituição no prazo etc, mas sim encargos transcendentes à normalidade. Dessa forma, o comodatário precisa respeitar o modo e o encargo estipulado pelo comodante, por exemplo, a empresa Kibon empresta uma geladeira própria para um estabelecimento, imputando como encargo que nela só poderá constar produtos Kibon. A geladeira permanecerá no local até que as vendas não sejam mais interessantes ou se o comerciante utilizar a geladeira para fim diferente do que aquele estabelecido. 
Aluguel putativo: A lei prevê que o contrato de comodato é gratuito, de modo que, não se pode cobrar remuneração pelo uso do objeto, porém, excepcionalmente é possível cobrar – se uma espécie de aluguel da coisa, desde que referido aluguel não seja remuneratório e sim putativo, ou seja, aplicado como sanção ao descumprimento da restituição do objeto no prazo determinado pelo comodante. 
→ Para cobrar o aluguel putativo, é necessária que esteja estipulado no contrato ou na notificação formal a data de restituição do objeto, implicando que se a coisa não for devolvida até determinada data, será cobrada sanção putativa para o atraso, estipulado pelo comodante. Dessa forma, força – se o comodatário a restituir a coisa, sendo devido o aluguel putativo a partir da constituição da mora e perfaz – se até a devolução do objeto ao comodante. 
Extinção do Comodato: Extingue-se o comodato nas hipóteses elencadas:
Pelo advento do termo convencionado ou, não havendo estipulação nesse sentido, pela utilização da coisa de acordo com a finalidade para que foi emprestada.
Pela resolução, por iniciativa do comodante, em caso de descumprimento, pelo comodatário, de suas obrigações.
Por sentença, a pedido do comodante, provada a necessidade imprevista e urgente.
Pela morte do comodatário, se o contrato foi celebrado intuitu personae, pois nesse caso as vantagens dele decorrentes não se transmitem ao herdeiro. 
DO MÚTUO
Conceito: O mútuo é o contrato pelo qual uma das partes empresta (contrato real) a outra, coisa fungível, tendo a outra parte a obrigação de restituir (transferência da propriedade é temporária) igual quantidade de bens do mesmo gênero e qualidade, em momento oportuno. É empréstimo para consumo, pois o mutuário não é obrigado a devolver o mesmo bem, do qual se torna dono, podendo consumi-lo, aliená-lo, abandoná-lo, etc, pois pode dar continuidade ao contrato, cumprindo sua obrigação com coisa da mesma espécie. 
Natureza do contrato de mútuo: 
Real: porque aperfeiçoa-se com a entrega da coisa emprestada, não bastando o acordo de vontades ou promessa de emprestar.
Gratuito ou Oneroso: É tratado no Código como contrato gratuito, embora o empréstimo de dinheiro seja, em regra, oneroso, com estipulação de juros, sendo por isso denominado mútuo feneratício. 
Unilateral: porque entregue a coisa emprestada (instante em que se aperfeiçoa) nada mais cabe ao mutuante, recaindo as obrigações somente sobre o mutuário.
Não solene: por não ser exigida nenhuma formalidade