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Matéria: Direito Civil - Parte Geral – Prof: André Roberto DISCIPLINA: DIREITO CIVIL PROFESSOR: ANDRÉ ROBERTO (andreroberto@smga.com.br) MATÉRIA: PARTE GERAL DE DIREITO CIVIL Indicações de bibliográficas: “Direito Civil Esquematizado”, do PEDRO LENZA e CARLOS ROBERTO GONÇALVES. “Manual de Direito Civil”, do FLÁVIO TARTUCE. Acompanhar os informativos do STJ e do STF. Cursos Completos (“coleções”) do CARLOS ROBERTO GONÇALVES, PABLO STOLZE, NELSON ROSENVALD, FLÁVIO TARTUCE. Livro do FÁBIO AZEVEDO (bem aprofundado na Parte Geral do Direito Civil). “Código Civil interpretado conforme a Constituição”, coordenado por TEPEDINO (Editora Renovar). Leis e artigos importantes: Artigos 14; 139, III; 479; 1.219; 1.255; 2.035; 2.038 todos do CC/02. Artigos 1º; 2º; 3º; 4º; 5º; 6º; todos da LINDB. Art. 16, da CF/88. Art. 4º, da Lei 9.434/97. Art. 8º, da LC 95/98. Art. 42, p.ú., do CDC. ADPF 165, STF. Enunciado 277, do CJF. Palavras-chave: COMENTÁRIOS AOS ARTIGOS 1º AO 6º, DA LINDB. TEMA: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB) PROFESSOR: ANDRÉ ROBERTO LINDB (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro) Do artigo 1º ao artigo 6º = Eficácia da Lei no tempo. Artigo 7º e seguintes = Eficácia da Lei no espaço. Questões mais atinentes ao direito internacional privado do que ao direito civil (exceção: “domicílio”). Matéria: Direito Civil - Parte Geral – Prof: André Roberto 1. NORMA CC/1916 Lei anterior. CC/02 Lei Nova. 1.1. Art. 1º, da LINDB: não tendo a norma dito o momento em que ela entrará em vigor (no silêncio do legislador), este art. 1º, da LINDB, vai preencher essa lacuna. Ou seja, 45 dias após a sua publicação. Art. 1 o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país * quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. 1ª dúvida: A LC 95/98, no seu art. 8º diz que toda Lei nova deveria, expressamente, estabelecer o momento inicial da sua eficácia, o momento inicial que ela passará a vigorar. E ainda faz uma ressalva: a regra da “entrada imediata em vigor” deveria ser restrita às normas de pequenos impactos sociais (porque quando for normas de grandes impactos sociais deveria dar um tempo para que a sociedade se adequasse àquela nova realidade). Art. 8º A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar prazo razoável para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula "entra em vigor na data de sua publicação" para as leis de pequena repercussão. No entanto, na prática, como a LC 95/98 não estabelece punição para os casos em que o legislador não a obedece (quanto à obrigatoriedade de a Lei nova estabelecer, expressamente, o momento inicial de vigência), é comum que normas sejam publicadas sem fazer referência à data em que entrará em vigor. Nesse caso, não há solução na LC 95/98, mas sim na Lei de Introdução (LIND), no art. 1º, que seria 45 dias após a sua publicação para a Lei nova produzir eficácia. * Princípio da obrigatoriedade simultânea da Lei em todo o território nacional Ou seja, a Lei não vai entrar em vigor numa região determinada e depois de tantos dias entraria em vigor em outra região do país, mas sim a Lei entraria em vigor simultaneamente em todo o território nacional. ## QUESTÃO DE CONCURSO DE 2010 ## Em 2009 foi aprovada uma Lei nova que alterava significativamente a Lei de Locação de Imóveis Urbanos (que não é Lei de pequena complexidade ou pequenos impactos sociais). Essa Lei foi aprovada pelo Congresso Nacional em dezembro de 2009 e seu último dispositivo dizia que ela entraria em vigor na data de sua publicação. A LC 95/98 já preconizava que isso não poderia ocorrer, pois somente as “leis de pequena repercussão” poderiam ter eficácia imediata (art. 8º, da LC 95/98). A Presidência da República vetou esse último dispositivo pelos motivos acima expostos. Portanto, essa Lei acabou sendo publicada sem data para a sua entrada em vigor. Por isso, pergunta-se: Essa Lei entrou em vigor: (a) 03 meses após a sua publicação. Matéria: Direito Civil - Parte Geral – Prof: André Roberto (b) 01 ano após a sua publicação. (c) 45 dias após a sua publicação. R: No silêncio do legislador, a entrada em vigor da Lei segue o disposto no art. 1º, da LINDB. Art. 1 o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. As Normas Jurídicas vão se submeter a planos de existência, validade e eficácia, que terão os seus requisitos/ pressupostos. Uma vez aprovada a Lei, ela EXISTE. Com a sua publicação há presunção de que todos conheçam aquela Lei e ela será VÁLIDA se estiver em conformidade com o fundamento de validade, tanto no aspecto formal (o processo de elaboração e aprovação da Lei), quanto no seu aspecto material (se o seu conteúdo é compatível com a norma que lhe dá fundamento). Ex: O nosso Código Civil de 2002 precisa estar em conformidade com a nossa Constituição Federal (tanto no aspecto formal, quanto no material). Quando a Lei é publicada, presume-se que todos a conheçam e que ela é válida. Mas pode ser que não seja (daí, o controle de constitucionalidade será feito). A eficácia da Lei vai acontecer, normalmente, no momento em que está Lei entrar em vigor. Mas, excepcionalmente a Lei entrará em vigor no momento em que for publicada, conforme preceitua a LC 95/98. :: Obs :: A vigência da norma, normalmente, está associada ao período de eficácia (ou seja, no período de vigência da norma ela seria eficaz). Assim, a norma começa a produzir efeitos no momento em que inicia sua vigência e deixa de produzir efeitos quando for revogada. No entanto, essa é uma regra, que comporta exceções. Pode uma norma ter iniciado a sua vigência e ainda não ser eficaz E pode uma norma ter sua vigência encerrada e ainda produzir efeitos. Ex.01: Art. 16, da CF/88: a Lei entraria em vigor naquele momento da publicação, mas a eficácia dessa norma somente se extrairia na eleição seguinte à vigência da Lei. Nesse caso, a vigência e a eficácia não ocorreram no mesmo momento! Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 4, de 1993) Ex.02: Art. 2.038, do CC/02: O CC/16, embora revogado e, portanto, não mais vigente, continuará produzindo efeitos no que diz respeito às enfiteuses constituídas na sua vigência. Ou seja, o CC/02 (Lei nova) proíbe a constituição de enfiteuses, mas as já constituídas estarão submetidas, quanto aos seus efeitos, ao antigo Código Civil de 1916. Matéria: Direito Civil - Parte Geral – Prof: André Roberto Existe uma ultratividade da Lei revogada, que não é mais vigente, ainda tem eficácia sobre esta situação jurídica. Art. 2.038. Fica proibida a constituição de enfiteuses e subenfiteuses, subordinando-se as existentes, até sua extinção, às disposições do Código Civil anterior, Lei n o 3.071, de 1 o de janeiro de 1916, e leis posteriores. Essa ULTRATIVIDADE da Lei Revogada pode, também, ocorrer de forma tácita. Ex: Aquelas situações em que o ato jurídico perfeito, celebrado no passado, tenha previsto expressamente o modo de execução com base naquela Lei revogada. Por isso, na preservação do ato jurídico perfeito, mesmo entrando em vigor a Lei nova, a Lei antiga continuará produzindo efeitos. Nesse caso, pelo fato de o ato jurídico perfeito ser protegido pela Lei antiga, esta continuaria produzindo efeitos, apesar de não produzir mais vigência! 1.2. Art. 2º, da LINDB: Se não for Lei temporária, a Lei terá vigência até que outra a modifique ou revogue. Art. 2 o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. (Vide Lei nº 3.991, de 1961) § 1 o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare *, quando seja com ela incompatível ** ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior ***. § 2 o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. § 3 o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência * Art. 2º, §1º: o CC/02 revogou totalmente o CC/1916. Houve uma revogação expressa TOTAL (utiliza-se a expressão ab-rogação quando a revogação for TOTAL). No que diz respeito ao Código Comercial de 1850, houve uma revogação expressa PARCIAL (utiliza-se a expressão derrogação quando a revogação for PARCIAL). ** No caso de revogação tácita (quando a Lei nova é incompatível com a anterior), é necessário combinar este dispositivo com o brocardo Lex generalis non derrogat lex especialis: A Lei Geral não revoga e nem modifica a Lei Especial que lhe é anterior. Elas, portanto, convivem! A pegadinha está na palavra LEX. Se entender como diploma legal, não se utilizará a norma hermenêutica de forma correta. Assim sendo, LEX significa dispositivo legal e não diploma legal. O CC/02 é diploma legal, de natureza geral, mas possui dispositivos que tratam de forma específica certos temas. Então, é possível que o CC/02 tenha revogado tacitamente Lei anterior? Sim, desde que a parte do CC/02 seja específica, porque não se leva em conta o diploma, mas sim o dispositivo. Matéria: Direito Civil - Parte Geral – Prof: André Roberto Ex: O CC/02 contém 01 dispositivo (art. 14,), que trata de um tema que já havia Lei especial anterior (Lei 9.434/97, que é uma Lei específica de transplante de órgãos) Art. 14, do CC/02. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte. Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo. Este art. 14, do CC/02 dita uma regra que é diferente e incompatível com o art. 4º, da Lei 9.434/97. Art. 4 o, , da Lei 9.434/97: A retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas falecidas para transplantes ou outra finalidade terapêutica, dependerá da autorização do cônjuge ou parente, maior de idade, obedecida a linha sucessória, reta ou colateral, até o segundo grau inclusive, firmada em documento subscrito por duas testemunhas presentes à verificação da morte. (Redação dada pela Lei nº 10.211, de 23.3.2001) Art. 4º, da Lei 9.434/97 = a manifestação de vontade da pessoa falecida não é válida, porque esta Lei específica exige autorização do cônjuge ou parente no caso de retirada de tecido ou órgãos de pessoas falecidas para transplantes (a opinião do morto não tem relevância, nesse caso). O familiar precisa dizer que autoriza. Art. 14, do CC/02 = é válida a disposição do próprio corpo para depois da morte, podendo essa manifestação de vontade ser revogada a qualquer tempo. A doutrina, de um modo geral, defende a prevalência do art. 14, do CC/02, pois a Lei Nova (CC/02) tratou de maneira diversa aquilo que tratava a Lei Específica anterior. Houve uma modificação tácita da Lei anterior. >> Pegadinha >> Você pensa que a Lei nova de caráter geral não poderia revogar e nem modificar a Lei especial anterior (Lex generalis non derrogat lex especialis). Mas nesse caso, o diploma é geral, mas esse dispositivo (art. 14) foi específico. Nesse mesmo sentido, Enunciado 277, do CJF. Enunciado 277 – Art.14. O art. 14 do Código Civil, ao afirmar a validade da disposição gratuita do próprio corpo, com objetivo científico ou altruístico, para depois da morte, determinou que a manifestação expressa do doador de órgãos em vida prevalece sobre a vontade dos familiares, portanto, a aplicação do art. 4º da Lei n. 9.434/97 ficou restrita à hipótese de silêncio do potencial doador. Na prática, os hospitais continuam colhendo autorização do familiar para depois fazer o transplante dos tecidos ou órgãos do falecido. Mas para fins de concurso público, defender o art. 14, do CC/02. *** Art. 2º, § 1º, da LINDB: “regule inteiramente a matéria anterior”. Matéria: Direito Civil - Parte Geral – Prof: André Roberto Ex: O CC/1916 ao tratar de Condomínio, tratava apenas do Condomínio em Geral. A Lei 4.591/64 tratou de outros tipos de condomínios (condomínio edilício, condomínios especiais e incorporação imobiliária). O CC/02 tratou do condomínio edilício (não tratou do condomínio em geral), mas tratou inteiramente dessa matéria, de forma muito mais completa que a Lei anterior de 1964. Então, a Lei nova passou a ter prevalência. Assim sendo, cuidado mais uma vez com o brocardo Lex generalis non derrogat lex especialis, pois a Lei nova (que é geral), tratou de forma específica de um tema que era tratado por uma Lei Específica anterior. E assim, revogou tacitamente a anterior. - Art. 2º, §3º, da LINDB: trata da REPRISTINAÇÃO da Lei Revogada. O legislador, neste dispositivo, não falou que não poderia haver o efeito repristinatório, mas sim que ele pode ocorrer excepcionalmente. Efeito repristinatório = é aquele que restaura a eficácia e a vigência de uma norma anteriormente revogada. Ex: Uma Lei nova trouxe novas regras quanto à “Compra e Venda”. Por ter sido muito criticada, o Poder Legislativo cria uma nova Lei revogando essa Lei que havia estabelecido novas regras de Compra e Venda. E resolve restabelecer a vigência e a eficácia da norma anterior, até discutir novamente as mudanças. Lei A = foi revogada pela Lei B. Lei C = revoga a Lei B e restabelece a vigência da Lei A. Isso pode ocorrer, desde que a Lei C restabeleça, de forma expressa, os efeitos da Lei A (não é efeito automático). :: Obs :: No controle de Constitucionalidade também pode ocorrer efeito repristinatório. Isso quando o STF declara a inconstitucionalidade da norma e a retira do Ordenamento. Aquele dispositivo dela que havia revogado a anterior, por não ser mais eficaz, restabelece os efeitos da Lei anterior. Aquilo que é nulo seria inapto a produzir efeitos, então é como se aquilo nunca tivesse produzido qualquer efeito. 1.3. Art. 3º, LINDB Art. 3 o Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. Não posso descumprir uma Lei imperativa e dizer que não sabia que existia tal Lei, como forma de me proteger das sanções. Mas isso não significa que não possa existir erro de direito em certas circunstâncias, desde que isso não signifique escusa no cumprimento de uma Lei. < 1º exemplo de erro escusável fundado em erro de direito > Art. 139, III, do CC/02. Matéria: Direito Civil - Parte Geral – Prof: André Roberto Art. 139. O erro é substancial quando: III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico. Ex: Eu, acreditando que determinada regra é válida, celebro um negócio jurídico, utilizando esta norma como sendo o único comando legal. Ou seja, vamos supor que eu assine uma partilha amigável com base unicamente nessa determinada regra prevista numa Lei. Posteriormente,o STF julga tal Lei (sobre direito sucessório) inconstitucional. Então, aquela escritura de partilha amigável só foi feita nos moldes que foi feita, em razão daquela determinada Lei. Portanto, eu vou afirmar que eu anui com aquela partilha porque estava em erro de direito. Ou seja, se eu soubesse que aquela Lei era inconstitucional, eu não teria anuído daquela forma. Então, em razão do erro de direito poderia ter um pleito de anulação do negócio jurídico. < 2º exemplo de erro escusável fundado em erro de direito > Art. 42, p.ú., do CDC Art. 42. Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável. Assim sendo, se o fornecedor demonstrar que a cobrança se deu em erro justificável (escusável) = não terá que devolver a quantia em dobro. Ex: Uma Fornecedora de Energia Elétrica está cobrando um adicional na conta dos consumidores porque há uma Resolução da Agência Reguladora autorizando a cobrança desse adicional. Alguns meses seguintes, aquela Resolução foi considerada inconstitucional ou ilegal e foi derrubada. Assim sendo, essa cobrança passou a ser indevida. Então, o que foi descontado indevidamente deveria ser devolvido ao consumidor. Mas de forma simples ou em dobro? Nesse caso, a cobrança seria simples, pois o fornecedor cobrou em erro de direito, em erro justificável, com base numa Resolução que ainda não havia sido afastada. :: Obs :: O que não pode acontecer é falar que não vai cumprir uma Lei porque não sabia que ela existia. 1.4. Art. 4º, da LINDB Art. 4 o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. Fontes supletivas: Analogia Matéria: Direito Civil - Parte Geral – Prof: André Roberto Costumes Princípios gerais de direito A EQUIDADE (juízo de equidade) está restrita às hipóteses em que a Lei expressamente determinar a sua utilização. No silêncio da Lei, aplicam-se essas 03 fontes supletivas (previstas no art. 4º, da LINDB), que devem ser aplicadas nessa ordem. Como os Princípios integram o corpo normativo do nosso Ordenamento Jurídico, eles não terão aplicação subsidiária, mas sim imediata. As demais normas deverão ser interpretadas à luz dos princípios. Ex: O CC/02 ao tratar da excessiva onerosidade, diz que se um contrato de trato sucessivo, por razões supervenientes, passar a ser oneroso para uma das partes, este contrato poderá ser extinto, desobrigando o devedor. Mas o art. 479, do CC/02 diz que se o réu se oferecer em reduzir a vantagem, poderá reduzir. E se ele não se oferecer? Então, nesse caso iria extinguir. Acontece que um dos princípios previstos no CC/02 é o da preservação/ conservação. Assim, interpreta-se o art. 479 não só pelo réu, mas sim pelo autor. Se qualquer das partes (autor ou réu) pleitear a revisão, a revisão conserva o negócio. Ou seja, o princípio serviu para interpretar a norma existente. A TUTELA DA CONFIANÇA pode fazer com que os costumes sejam mais importantes que a analogia e, até mesmo, mais importantes que uma legislação expressa. Teoria dos atos próprios (condutas reiteradas passam a ser mais importantes do que determinações de algumas leis expressas). Quanto à analogia: Existe a analogia legis Dentro de um mesmo sistema normativo, existe uma norma aplicável a uma situação semelhante e que vai servir analogicamente para preencher a lacuna da outra situação. Ex: Art. 1.255 (mas não previu o direito de retenção) e art. 1.219 (se quem faz uma obra menor de boa fé tem direito de retenção, então se aplica esse direito de retenção, por analogia, ao art. 1.255), ambos do CC/02. Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio PERDE, em proveito do proprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de boa-fé, terá direito a indenização. Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis. Matéria: Direito Civil - Parte Geral – Prof: André Roberto Existe a analogia juris Estamos diante de 02 sistemas normativos diferentes. Então, as situações não são análogas com as que estamos acostumados a lidar. Mas existiria um princípio de direito que traria identidade entre as 02 situações, embora de sistemas jurídicos diferentes. E por isso, se poderia aplicar, por analogia, a regra de um sistema ao outro sistema. Ex.01: O CDC e a CLT. Existe um princípio em comum. Princípio da Proteção ao vulnerável. Por princípio, o consumidor é vulnerável. Por princípio, o trabalhador e vulnerável. Daí poderia sustentar que a regra prevista em um sistema e não prevista ao outro, seria possível, por analogia, aplicar ao outro sistema. Ex.02: Diálogo das Fontes através de uma analogia juris (e não analogia legis) = O STJ, numa decisão da 1ª Turma, há alguns anos atrás, entendeu que as regras de boa fé objetiva previstas no CC/02 poderiam ser aplicáveis à Administração Pública. E a conexão foi feita através do princípio da moralidade administrativa (arts. 113, 187 e 422, do CC/02 sendo aplicado na relação administrativa). 1.5. Art. 5º, da LINDB: está dizendo como a lei será aplicada. Art. 5 o Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum. 1.6. Art. 6º, da LINDB. Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. (Redação dada pela Lei nº 3.238, de 1957) § 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. (Incluído pela Lei nº 3.238, de 1957) § 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por êle, possa exercer, como aquêles cujo comêço do exercício tenha têrmo pré-fixo, ou condição pré- estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. (Incluído pela Lei nº 3.238, de 1957) § 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso. (Incluído pela Lei nº 3.238, de 1957) No caso deste dispositivo supramencionado, a eficácia inicia junto da vigência. Assim, a Lei em vigor terá eficácia imediata e geral. Mas será eficácia para frente ou para trás? Eficácia para frente (eficácia ex nunc) - Art. 2.035, do CC/02. Matéria: Direito Civil - Parte Geral – Prof: André Roberto Art. 2.035. A validade dos negócios e demais atos jurídicos, constituídos antes da entrada em vigor deste Código, obedece ao disposto nas leis anteriores, referidas no art. 2.045, mas os seus efeitos, produzidos após a vigência deste Código, aos preceitos dele se subordinam, salvo se houver sido prevista pelas partes determinada forma de execução. ## QUESTÃO CERTA DE CONCURSOS EM 2015 ## O art. 2.035, do CC/02, está dizendo a mesma coisa que o art. 6º, da LINDB. O ATO JURÍDICO tem a sua existência e a sua validade avaliadas no momento da sua celebração. Mas os seus efeitos podem ser produzidos ao longo do tempo, nas chamadas relações jurídicas continuativas (ex: contratos de execução por trato sucessivo). Então, pelo fato de os efeitos serem produzidos ao longo do tempo, haverá a incidência da regra geral Tempus Regit Actum. Assim sendo, a Lei anterior era existente na época da criação daquele ato jurídico.Por isso, a existência e a validade estariam atreladas à Lei anterior (Tempus Regit Actum). A Lei Nova terá eficácia imediata e geral. Por isso, os efeitos produzidos a partir da vigência da Lei Nova, terão efeitos ex nunc (ou seja, os efeitos produzidos após a vigência da Lei Nova serão regidos por ela – Tempus Regit Actum). À priori, isso não viola os atos jurídicos perfeitos. A proteção aos atos jurídicos perfeitos está prevista na parte final do dispositivo: “salvo se houver sido prevista pelas partes determinada forma de execução”. Ou seja, quando as partes regulam os efeitos, é preciso averiguar se a forma como as partes estabeleceram eram válidas. Portanto, quando, lá na frente, ocorrerem tais efeitos, no contrato haverá a forma como será interpretado aquele efeito. Então, seguirá a regra prevista no ato jurídico perfeito, e não a regra prevista na Lei nova. Isso é tranquilo se a Lei nova for NORMA DISPOSITIVA (porque esta norma preenche lacunas, admite disposição em contrário). Assim, prevalece o que as partes convencionaram, sem nenhuma controvérsia. O problema é se a Lei Nova for NORMA DE ORDEM PÚBLICA. Isso porque a Lei nova terá caráter cogente, imperativo. E aí surge a controvérsia. # Se a Lei Nova for de Ordem Pública e caráter obrigatório, a disposição em contrário, contida no ato jurídico anterior prevalece ou a norma nova prevalece? R: Tem 02 posições (uma antiga e outra recente). - Posição antiga – ADI 493, STF (década de 90) Nem a Lei dispositiva e nem a Lei de Ordem Pública podem afetar o ato jurídico perfeito. Ou seja, se as partes previram expressamente uma coisa, isso deverá ser aplicado. Não poderia interferir no que já foi combinado. - Posição atual Se a Norma nova for de Ordem Pública e a relação jurídica for continuativa, A LEI NOVA TERÁ APLICAÇÃO IMEDIATA E GERAL, AFASTANDO DALI PRA FRENTE, AS DISPOSIÇÕES EM CONTRÁRIO (ou seja, as disposições em contrários se Matéria: Direito Civil - Parte Geral – Prof: André Roberto tornariam ineficazes, de lá pra frente Supremacia do interesse público sobre o individual, em relação aos efeitos futuros). Seria uma eficácia imediata e não retroativa. # Por quê essa questão deve cair em Concurso Público nos próximos meses? R: Está em julgamento, no STF, a ADPF 165 (diz respeito a milhares de ações que estão em curso nos Tribunais do País discutindo o direito dos poupadores em receberem a remuneração das suas aplicações, nos moldes que a Lei previa na época em que eles fizeram suas aplicações). O MPF apresentou um novo parecer e o julgamento deve ocorrer em qualquer momento. Processo: ADPF 165 DF Relator(a): RICARDO LEWANDOWSKI Julgamento: 12/03/2009 Publicação: DJe-051 DIVULG 17/03/2009 PUBLIC 18/03/2009 Parte(s): CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO SISTEMA FINANCEIRO - CONSIF SERGIO BERMUDES E OUTRO(A/S) ARNOLDO WALD As cadernetas de poupança são remuneradas a cada 30 dias. Se tirar antes dos 30 dias, não recebe nada. Trato sucessivo. Em relação aos depósitos mantidos depois do plano econômico = não há polêmica, eles vão receber remuneração daqui pra frente. O que está em discussão? Apliquei (na caderneta de poupança) na vigência da Lei antiga, mas o aniversário de 30 dias está na Lei nova. Se a Lei nova já estava vigente, esta seria utilizada. Como a Lei nova estabeleceu um cálculo em que diminuiu a remuneração do poupador, então briga-se pelo período anterior, pela Lei que vigorava na época em que aplicaram seus dinheiros na Caderneta de Poupança. A ADPF foi proposta pela Confederação Nacional das instituições financeiras (capitaneada pelo Arnoldo Wald e pelo Sérgio Bermudes). Eles defendem que o interesse público contido nos planos econômicos deve acarretar na manutenção do que foi estabelecido. Ou seja, deve-se manter do jeito que está, sem pagamento de nenhum expurgo inflacionário. Parecer do MPF Não entra no mérito se a Lei deve ou não retroagir. Mas sim, que o custo benefício da decisão do STF não se justifica, porque impor às instituições financeiras um prejuízo (que seria equivalente a 45% do seu patrimônio líquido, de pagar tudo que foi expurgado), ao passo que o benefício social obtido com esses planos (com a inflação nesses anos) foi maior. Ou seja, no custo benefício, isso deve ser mantido como está. Neste caso, seria melhor deixar do jeito que está. (não significa que a Lei possa retroagir, mas nesse caso vai manter). Portanto, RESUMINDO: Matéria: Direito Civil - Parte Geral – Prof: André Roberto Argumento 01 = Lei de ordem pública poderia retroagir (interferir em situações pendentes, desde que em nome de um interesse público maior). Argumento 02 = não necessariamente poderia retroagir, mas já que neste caso o fato já estaria consumado e o custo benefício da reversão seria muito grande, então iria manter do jeito que está. Argumento 03 = Improvável o STF levar em consideração o posicionamento antigo adotado na ADI 493 (o ato jurídico perfeito não poderia ser alterado, apesar de a Lei Nova ser uma Norma de Ordem Pública). Argumento 04 = O STF pode concordar que a Lei Nova, por ser de Ordem Pública, deveria interferir na validade dos atos praticados após a sua edição. Ou seja, o ato jurídico anterior não iria interferir no que a Lei Nova determinasse “dali pra frente”(o fato é consumado, já se operou os efeitos a muito tempo, não houve culpa do particular, então deixa tudo como está). Argumento 05 = Ou o STF pode ir além e dizer que a Lei Nova, por ser de Ordem Pública, poderia atingir, até mesmo, situações pendentes anteriores à sua vigência (efeito retroativo ex tunc). Quanto a isso, o Professor acha muito improvável dizer que os bancos deveriam restituir a todos os poupadores os expurgos inflacionários. :: Obs ::O que o STF decidir será questão de prova, pois é uma questão importante! - Art. 2.035, p.ú., do CC/02: Art. 2.035, Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a função social da propriedade e dos contratos. Então, este dispositivo está dizendo o seguinte: “daqui pra frente” prevalece a lei nova e assim, o ato jurídico perfeito (anterior) será ineficaz caso descumpra os preceitos de ordem pública.. ## CASO QUE ESTÁ SENDO APRECIADO PELO STF ATUALMENTE ## Plano de Saúde. Estatuto do Idoso, que estabeleceu a vedação ao reajuste por causa da faixa etária em prejuízo ao idoso. Ou seja, a partir dos 60 anos, não poderia ter reajuste prejudicial por causa da faixa etária ao consumidor, mas tão somente os reajustes inflacionários. Diversas Turmas Recursais vêm decidindo = Aquelas pessoas que mudaram de faixa etária (atingiram os 60 anos de idade), já na vigência da Lei, não mais poderiam sofrer os reajustes prejudiciais, mesmo que previstos no contrato, sob 02 argumentos: 1. Se o contrato foi feito depois da Lei = a regra contratual que previa o reajuste por causa da faixa etária é ilegal. 2. Se o contrato foi celebrado antes da Lei = a Lei Nova de Ordem Pública entrou em vigor e, como o aniversário de 60 anos do idoso ocorreu na sua vigência (deste Estatuto), então, é essa Norma que deve prevalecer (vedação ao reajuste). # O que os Planos de Saúde alegam? Matéria: Direito Civil - Parte Geral – Prof: André Roberto R: Eles sustentam que a Lei nova só poderia restringir o reajuste aos contratos novos, celebrados depois da vigência dela. Enquanto que os contratos antigos continuariam eficazes (mesmo se o consumidor completasse 60anos após), sustentando a tese da ADI 493 (a regra estabelecida no contrato deve ser obedecida mesmo depois com a vigência de novas Leis). Professor acha que a ideia é outra. Uma coisa são situações já havidas na vigência da Lei nova, outra coisa é que nenhuma convenção vai prevalecer depois da entrada em vigor de Lei nova, se esta for Lei de Ordem Pública (aplicação do parágrafo único, do art. 2.035, do CC/02). Matéria: DIREITO CIVIL - Prof.: ANDRÉ ROBERTO DISCIPLINA: DIREITO CIVIL – PARTE GERAL PROFESSOR: ANDRÉ ROBERTO MATÉRIA: CAPACIDADE Indicações de bibliográficas: Direito esquematizado do Pedro Lenza e Carlos Roberto Gonçalves. Vol. 1. Editora saraiva. Manual de direito civil, do Cristiano Sobral. Manual de direito civil, da editora Gen. Código civil interpretado conforme a constituição. Gustavo Tepedino, editora renovar, vol. 1. Obra para completar o estudo. Direito civil parte geral, prof. Fabio Azevedo, editora Lumen iuris. Nelson Rosenvald, editora Juspodium Leis e artigos importantes: ARTS. 2º, 5º, 129 da CRFB/88. ARTS. 1º, 2º, 3º, 4º, 5º, 11, 13, 50, 166, 185, 927, 928, 932 do CC/02. ARTS. 1º ao 6º da LINDB. Palavras Chaves: Lei no tempo, LINDB, efeito repristinatório. TEMA: CAPACIDADE PROFESSOR: ANDRÉ ROBERTO andreroberto@smga.com.r Facebook: facebook.com/prof.andreroberto. A parte geral do direito civil se divide em: Livro I – Das pessoas, devendo destacar: o Capacidade, abrangendo emancipação. o Direito da personalidade o Desconsideração da personalidade jurídica → artigo 50 do CC/02. Livro II – Dos Bens Livro III – Dos Fatos Jurídicos Matéria: DIREITO CIVIL - Prof.: ANDRÉ ROBERTO Art. 1º. Pessoa como sujeito de direito Art. 1 o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. Pessoa às vezes vai ser usado pela doutrina como adjetivo. Art. 2º do CC/02. Personalidade → sentido subjetivo. Art. 2 o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. Aptidão genérica para ser sujeito do direito. Entes despersonalizados → legitimidade especial pata certas e determinadas relações jurídicas. Espólio representa conjunto de bens e direitos deixado pela pessoa falecida, como a herança é um todo universal indivisível até a partilha. O direito será representado pela figura do espólio. Todos os herdeiros passam a ser representados pelo espólio, ente despersonalizado. Embora não tenha aptidão genérica, pode ter específica desde que seja conferido. Nascituro: discussão se ele seria ente despersonalizado ou pessoa. 1ª Corrente (mais conservadora de Caio Mário): Posição Natalista → defende de que a personalidade só viria com o nascimento com vida. Desta forma, seria despersonalizado com legitimidade especial para certas e determinadas relações. Assim o nascituro só teria expectativa de direito, que só se tornariam direitos adquiridos desde o nascimento com vida, cujo efeito seria ex nunc. 2ª Corrente: Posição concepcionistas (Flavio Tartuce) → Entende o nascituro como sujeito de direitos desde a concepção, todavia só é apto para titularizar relações extrapatrimoniais, ficando os patrimoniais ficariam pendentes do nascimento. 3ª Corrente: Teoria da Personalidade Condicional → o nascituro não é imediatamente dotado de personalidade, pois esta dependeria do nascimento com vida, entretanto, o nascimento produziria efeito ex tunc. O principal argumento é o direito sucessório, já que ele poderá ser herdeiro mesmo antes de nascer, durante a gestação. ╬ Concepturo – não é mencionado no artigo 2º, e representa o embrião em vitro ainda não implantado no útero. Ele foi tratado pelo STF como bem jurídico pela natureza humana do material, mas que não seria pessoa. Matéria: DIREITO CIVIL - Prof.: ANDRÉ ROBERTO ╬ Estado individual o Sexo o Capacidade Artigo 11 do CC/02: Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. No artigo 2º personalidade foi usada no sentido objetivo, enquanto aqui esta no sentido subjetivo. No sentido objetivo → é o conjunto de atributos inerentes e essenciais a pessoa estão diretamente relacionados à dignidade humana. O sexo e nome não poderiam ser modificados, a lei registral continua a mesma. Contudo no ano de 2000 o STJ homologou a 1ª sentença estrangeira de mudança de sexo. O Art. 17 da LINDB afirma que pode haver homologação quando compatível com a legislação brasileira e o STJ usou como fundamento a dignidade da pessoa humana. Assim hoje é possível o transgênero, se muda o sexo, é direito mudar o nome em razão da mudança de sexo. Os médicos eram proibidos de transgenitalização que eram proibidos de realizar este procedimento, passaram a poder, inclusive com custeamento no sistema único de saúde. Havendo laudo médico indicando e por não contrariar os costumes pode ser realizado. Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes. Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial. Ainda é controvertido, é o sigilo da informação. Em 2009 o STJ teve um precedente da 3ªT, que pela primeira vez determinou o sigilo da razão da mudança. Passou a ter um divisor de opiniões, alguns entendem que esta deve ser uma decisão pública, e em outros caso deve haver o sigilo. Outro aspecto controverso é a possibilidade de mudar o registro do nome, sem tirar o órgão sexual masculino. Não está pacificada esta questão. Obs.: a mudança no registro civil do transgênero importaria na consequência de mudança do registro da sua prole, pois aquela pessoa que está no registro dos filhos não é mais aquela pessoa. Matéria: DIREITO CIVIL - Prof.: ANDRÉ ROBERTO O STJ tem afirmado que é possível mudança do nome no caso de divórcio em virtude da mudança de nome. ╬ A capacidade pode ser: o De direito/aquisição → pessoas naturais e jurídicas possuem. o De exercício/fato → maioridade, emancipação. Trás presunção relativa de capacidade. Não tem haver com aptidão, mas com discernimento para o exercício. ╬ Incapacidades: A incapacidade não é forma de punir, e sim de proteção do incapaz. o Absoluta → art. 3º do CC/02. É necessária representação legal em sentido amplo, que abrange a representação legal em sentido estrito (poder familiar) e judicial (tutela ou curatela). Art. 3 o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: I - os menores de dezesseis anos; II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. Obs.: pode haver curatela de menor, se esse estiver sido emancipado, ou se os pais foram interditados, a curatela do pai irá se estender ao filho. Poder familiar - Poderes jurídicos que uma pessoa tem sobre a outra, sujeitando a outra a sua vontade. Não é direito potestativo, pois este é um poder direito, detenho poder para satisfazer um direito. Enquanto o poder familiar é no interesse de quem está no estado de sujeição.Regra: o ato ou negócio jurídico praticado sem a representação acarretará a sua nulidade absoluta, art. 166, I do CC/02. O ato ilícito extracontratual não exige representação (art. 186 do CC/02) → trás como efeito a obrigação de reparar (Art. 927 do CC/02), que recairá sobre o representante (art. 932, I e II do CC/02) de forma objetiva. A obrigação de reparar também recai sobre o incapaz, para proteger a vitima com base no artigo 928 (subsidiariamente). Matéria: DIREITO CIVIL - Prof.: ANDRÉ ROBERTO O ato-fato é mero ato licito que não exige vontade qualificada. Não precisaria da representação para prática do ato de forma eficaz. Assim, se uma criança pesca o peixe, ela o adquire sem representação. Negócios jurídicos de pequena monta: 1ª Corrente entende que ali existe representação, mas ela é presumida, presumi-se que o menor foi autorizado a praticar aquele ato. Com pegar um ônibus. 2ª Corrente - entende que a representação é desnecessária, por ser de pequena repercussão. Artigo 185 do CC/02. Art. 185. Aos atos jurídicos lícitos, que não sejam negócios jurídicos, aplicam-se, no que couber, as disposições do Título anterior. Incapacidade Natural → quando ainda não ocorreu a interdição judicial. Incapacidade de pleno direito → após a interdição, mesmo sem o transito da sentença. Após a sentença de interdição, esta será oponível erga omnes. Discute-se uma vez declarada ela irá retroagir ou não. 1ª Corrente: a capacidade é pré-existente, entende que o efeito é ex tunc, irá retroagir a data que ocorreu a incapacidade. Traria insegurança jurídica à terceiro de boa-fé. 2ª Corrente (majoritária na doutrina e STJ (mas não pacífica)): defende de que a interdição é constitutiva e, portanto, produz efeitos dali para frente. Assim os atos anteriores ficariam sujeitos à anulação caso a caso. o Relativa Neste caso existe discernimento, mas não pleno. Art. 4 o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; IV - os pródigos. Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial. Matéria: DIREITO CIVIL - Prof.: ANDRÉ ROBERTO O menor vai poder praticar alguns atos com a assistência. Assim, a hipótese de pratica de ato sem a assistência é caso de anulabilidade (art. 171, I do CC/02), ato este que poderá ser ratificado. O ato ilícito extracontratual trará responsabilidade (art. 927 do CC/02) de forma subsidiária (art. 928 do CC/02). No caso da prodigalidade, os atos que comprometem a subsistência não podem ser praticados sem assistência. Emancipação - Artigo 5º do CC/02. Antecipação da capacidade plena para quem ainda é menor. Art. 5 o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; II - pelo casamento; III - pelo exercício de emprego público efetivo; IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. A emancipação se subdivida em: Voluntária → decorrente do poder familiar e desde que o menor tenha 16 anos completos. O ato se dará por escritura pública e não precisa de homologação judicial. A emancipação voluntária não exonera os pais por ato ilícito praticado pelo filho. A diferença é que o menor não se enquadra mais no artigo 928, passando a responsabilidade a ser solidária. o O artigo 924 → não caberá direito de regresso se o responsável for ascendente do causador do dano. Se discute se o responsável agiu de forma a trazer prejuízo para o menor, enquanto ele não for menor não caberá direito de regresso, contudo após se tornar maior, discute-se a possibilidade de regresso. Judicial → menor com 16 anos completos sujeito à tutela, pois o tutor não tem poder emancipatório. O tutor não pode ser chamado depois em caso de ato ilícito praticado pelo menor. Matéria: DIREITO CIVIL - Prof.: ANDRÉ ROBERTO Legal → o Casamento - desde que válido segundo a doutrina. O judiciário resiste em admitir que a União estável teria o mesmo efeito. o Exercício de emprego público efetivo, não basta ter passado em concurso. o Colação de grau e não aprovação no vestibular. o Estabelecimento civil desde que o menor subsista com seus próprios rendimentos. A emancipação é irrevogável, não pode voltar a ser incapaz por idade, e sim por outra causa. Mas pode ser anulado o ato. Matéria: Direito Civil - Parte Geral – Prof: André Roberto DISCIPLINA: DIREITO CIVIL_PARTE GERAL PROFESSOR: ANDRÉ ROBERTO (andreroberto@smga.com.br) MATÉRIA: DAS PESSOAS Indicações de bibliográficas: “Direito Civil Esquematizado”, do Pedro Lenza e Carlos Roberto Gonçalves. “Manual de Direito Civil”, do Flávio Tartuce. Acompanhar os informativos do STJ e do STF. Cursos Completos (“coleções”) do Carlos Roberto Gonçalves, Pablo Stolze, Nelson Rosenvald, Flávio Tartuce. Livro do Fábio Azevedo (bem aprofundado na Parte Geral do Direito Civil). “Código Civil interpretado conforme a Constituição”, coordenado por Tepedino (Editora Renovar). Leis e artigos importantes: Artigos 6º, 7º, 8º, 12, 20, p.ú., 22 a 39; 943 todos do CC/02. Art. 3º, da Lei 9.434/97. Art. 88, da Lei 6.015/73. Palavras-chave: O FIM DA EXISTÊNCIA DA PESSOA NATURAL. MORTE REAL. MORTE FICTA. AUSÊNCIA. DECLARAÇÃO DE MORTE PRESUMIDA. COMORIÊNCIA. EFEITO QUE A MORTE PRODUZ NA PERSONALIDADE (NO SENTIDO OBJETIVO). TEMA: FIM DA EXISTÊNCIA DA PESSOA NATURAL PROFESSOR: ANDRÉ ROBERTO LIVRO I – DAS PESSOAS 1. O FIM DA EXISTÊNCIA DA PESSOA NATURAL (artigos 6º, 7º, 8º, 12, p.ú., 14; 20, p.ú. e 22 a 39, todos do CC/02). 1.1. Art. 6º, do CC/02 Art. 6 o . A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. Com a morte estaria extinta a personalidade da Pessoa Natural, especialmente no aspecto subjetivo. Ou seja, aquela pessoa, falecida, deixa de ser sujeito de direito. Matéria: Direito Civil - Parte Geral – Prof: André Roberto Essa morte pode ser uma morte real * ou morte ficta **. * Morte real A morte real está comprovada. Ou seja, o fim da vida pela cessação dos sinais vitais se comprovou, se atestou. Portanto, o óbito foi levado ao Registro Civil de Pessoas Naturais, para que se tenha uma certidão que irá comprovar o óbito para todos os fins de direito. Neste caso, de morte real, terá um médico que vai determinar o momento do óbito e a causa da morte. Existe uma certeza médica do fim da existência da Pessoa Natural. :: Obs.01 :: No caso de morte encefálica (morte pela cessação da atividade cerebral) = precisa de uma Junta médica que ateste essa morte, justamente porque alguns órgãos ainda estão em funcionamento. E a finalidade da declaração de morte neste caso éa remoção de órgãos para fins de transplante. Neste caso, restringe ainda às hipóteses em que o morto é doador de órgãos. Se ele não for doador de órgãos, aguarda-se a cessação dos sinais vitais, daí atesta-se a morte por um médico, não precisaria de Junta Médica (formalismo no caso de morte encefálica). Ver art. 3º, da Lei 9.434/97: Junta médica composta por pelo menos 02 médicos. Art. 3º. A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano destinados a transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica, constatada e registrada por dois médicos não participantes das equipes de remoção e transplante, mediante a utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina. :: Obs.02 :: Figura da Ortotanásia é considerada, pelo Conselho Federal de Medicina como uma conduta lícita do médico. Figura da Eutanásia em contrapartida, seria uma conduta ilícita do médico, pelo Direito Brasileiro. A diferença seria: Na Ortotanásia Na Eutanásia A morte é certa. O quadro clínico de morte já existe. E o que se faz é não aplicar métodos com o propósito de ressuscitar uma pessoa que estaria prestes a morrer. Aqui teria a tentativa de proporcionar uma boa morte para uma pessoa que está em sofrimento. Ex: Parada Cardíaca. A pessoa já estaria morta. Não fará uso de aparelhos, métodos, procedimentos para fazer a pessoa ressuscitar (choques elétricos e etc). Isso porque o quadro clínico indicaria que a pessoa não Seria um ato de benevolência com quem está em sofrimento. Mas aqui, a conduta externa é causa relevante para o resultado. Ou seja, a morte resulta da conduta do médico ou de terceiro. Matéria: Direito Civil - Parte Geral – Prof: André Roberto conseguiria reagir depois, a morte estaria próxima, inevitável. Então, nesse caso, a morte é inevitável e o que se faz é não interferir naquele quadro de morte que já se estabeleceu Eutanásia Positiva Por exemplo com injeções letais, quando a conduta externa provoca (através de uma ação) a morte. Eutanásia Passiva Quando a omissão externa é causa relevante para o resultado morte. O médico não atua de forma ativa e nem de forma passiva para a morte do paciente. Ele apenas não tenta reverter o quadro clínico de morte instalado. Ex: Na Itália. O pai pleiteou a eutanásia da sua filha que estava há 17 anos em Coma. Nesse caso, com autorização judicial, houve a eutanásia passiva = eles deixaram de alimentar a filha. Quando o Conselho Federal de Medicina editou a Resolução CFM 1.805/2006, o Ministério Público ajuizou uma Ação Civil Pública, porque o CFM estaria entrando numa seara que não era competente, estaria legislando em uma matéria que não seria da sua seara. Isso porque haveria uma “proximidade perigosa” entre Ortotanásia e Eutanásia Passiva, o que demandaria maior discussão. Chegou a ser suspensa a eficácia dessa Resolução (por uma Liminar) Mas anos mais tarde, a ACP foi julgada improcedente e a eficácia da Resolução foi restabelecida. Então, o médico orientando a família sobre o quadro clínico do paciente poderia obter autorização para praticar a Ortotanásia (o médico estaria se valendo de um ato lícito). :: Obs.03 :: Diretivas Antecipadas da Vontade (também chamado de Testamento Vital). O Conselho Federal de Medicina mais uma vez regulamenta, por ausência de Lei a respeito. Tratam-se de manifestações, em vida, que orientem o médico sobre o tratamento que aquela pessoa, eventualmente, não desejaria receber, caso ela esteja inconsciente. Ex.01: A recusa da pessoa em receber transfusão de sangue (por motivos de orientação religiosa). Assim sendo, essa informação iria constar nos registros médicos para orientar os médicos, no caso de essa pessoa estar inconsciente. Ex.02: A condição de doador de órgãos e tecidos Essa informação iria constar nos registros médicos para orientar os médicos, no caso de essa pessoa estar inconsciente, que ela gostaria de doar órgãos e tecidos se vier à óbito. São formas de orientar o médico do que a pessoa gostaria de fazer. Matéria: Direito Civil - Parte Geral – Prof: André Roberto Da mesma forma, a pessoa poderia falar que se ela estivesse num quadro clínico irreversível, que ela não gostaria que fossem utilizados certos procedimentos que não iria conseguir reverter seu quadro clínico de morte. Ou seja, a pessoa pode falar com o médico a respeito da Ortotanásia. - Ministério Público Federal Critica a FORÇA PROBATÓRIA DA VONTADE DO PACIENTE presente naquele Prontuário que o médico faz, porque não teria testemunha e nem fé pública. Ou seja, ficaria impossível comprovar se, de fato, o paciente externou essa vontade mesmo, ou se o médico escreveu aquilo no prontuário médico. Assim, critica-se essa força probatória ** Morte ficta Art. 6º, in fine, e no art. 7º, do CC/02. Art. 6 o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. Art. 7 o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. São situações em que não há a certeza do óbito, mas que seria proveitoso que se pudesse dar destinação aos interesses daquela pessoa, como se ela morta estivesse. Então, vai dar tratamento legal àquela pessoa como se ela estivesse porta, tanto no aspecto de direito de família, quando no aspecto patrimonial (herança). Essa morte ficta pode ocorrer por 02 caminhos diferentes: Art. 6º, in fine (caminho mais longo) *** Art. 7º (caminho bem mais curto) ****. *** Art. 6º, parte final: Ausência Quanto á ausência, o procedimento não é um procedimento declaratório de morte. O que se declara é a ausência. E só no momento superveniente é que, dessa ausência, se presume a morte. AUSÊNCIA (arts. 22 a 39, do CC/02) A ausência é um instituto que exige o preenchimento de certos requisitos: Matéria: Direito Civil - Parte Geral – Prof: André Roberto (1º) Não presença no Domicílio; (2º) Falta de notícias (é preciso que a pessoa ausente esteja desaparecida); (3º) Declaração Judicial de Ausência. Cumpridos os 03 requisitos estaremos diante da ausência do art. 6º, parte final + arts. 22 a 39, do CC/02. :: Obs.01 :: O ausente não é necessariamente incapaz para os atos da vida civil. O que há de comum entre um ausente e um incapaz? O fato de lhe ser nomeado um CURADOR. Todavia, o ausente não seria necessariamente um incapaz, porque muitas vezes essa pessoa estaria na plena capacidade no local em que fosse encontrado. Portanto, a curadoria, neste caso, seria para administrar bens e interesses no domicílio original daquele ausente e não para tornar aquele ausente um interdito (incapacitado de realizar atos da vida civil). :: Obs.02 :: Validade e eficácia dos atos praticados pelo ausente, exceto se colidirem com atos do curador em relação aos bens arrecadados. Possibilidade de haver um conflito entre os atos praticados pelo ausente e os atos praticados pelo seu curador em relação aos mesmos bens. Ex: Uma pessoa desaparecida do seu domicílio, no RJ,pode estar completamente capaz e imagina que este ausente comprou outro imóvel onde ele está localizado, em Porto Alegre. Vamos supor que ele queira vender seu imóvel do RJ. Vamos supor que a ausência já foi declarada. Já lhe foi nomeado um curador. E o curador está vendendo esse imóvel para conservar os demais imóveis do ausente. Então, haverá um ato praticado pelo Curador do ausente (no RJ) querendo vender este imóvel e, ao mesmo tempo, terá o ato do ausente (lá em Porto alegre) vendendo o mesmo imóvel. Quando o ato de venda chegar ao conhecimento dos familiares do ausente, isso será prova de notícia e, consequentemente, fará cessar a curadoria do ausente. No caso de conflito entre o ato praticado pelo ausente e o ato praticado pelo curador, prevalece que o ato praticado pelo curador. É o que valerá e produzirá os efeitos, uma vez que no RJ, as certidões locais indicariam a ausência e que havia um curador nomeado. (ou seja, prevalece os atos do curador, não porque o ausente seja incapaz, mas sim para garantir segurança jurídica). :: Obs.03 :: O procedimento de Ausência independe de bens a partilhar. Matéria: Direito Civil - Parte Geral – Prof: André Roberto Para o CC/1916: Além dos 03 requisitos supracitados, a doutrina apontava mais 01 requisito: a existência de bens (que o ausente deixasse algum bem para ser administrado), caso contrário, se o ausente não deixasse nenhum bem para ser gerido, o procedimento de Ausência seria inútil (porque o procedimento de ausência levava à administração dos bens e a uma futura partilha e, se não tivesse bem para administrar o procedimento de ausência se mostraria inútil). Mas o CC/02 muda essa perspectiva. (1º) Porque considera o ausente, uma vez aberta a sucessão definitiva, MORTO, o que geraria o fim do vínculo matrimonial. (2º) Porque o legislador prevê a tutela post mortem dos direitos da personalidade. E, se o ausente é considerado presumivelmente morto, só por isso haveria interesse dos familiares em poderem ter reconhecida aquela situação de ausência para ter a tutela da memória do falecido. O art. 20, p.ú., do CC/02 faz referência à tutela dos direitos da personalidade post mortem, senão vejamos: Art. 20, Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes. Para o STJ Mesmo não havendo bens a partilhar, há interesse legítimo no Procedimento da Ausência, nem que seja para resolver questões familiares e permitir a legitimação dos familiares para a proteção dos direitos da personalidade do morto. # Como funciona o Procedimento de Ausência? R: Ordinariamente funciona em 03 fases, excepcionalmente em 02, e mais excepcionalmente ainda em 01 fase. Procedimento de Ausência 1ª Fase: Curadoria dos Bens e interesses do Ausente. Essa 1ª fase só acontece nas ausências comuns. Isso porque se a pessoa ausente já era incapaz/ interditada antes e já havia um curador especial, não haverá a necessidade de passar por essa 1ª Fase (pois vai manter o curador que ela já tinha). O mesmo acontece se a pessoa desaparece, mas antes ela já havia deixado um Procurador com poderes para gerir seus interesses (Ex: a pessoa faria uma viagem e ficaria meses longe de casa), não haverá a necessidade de passar por essa 1ª Fase (pois vai manter o Procurador que ela já tinha). Matéria: Direito Civil - Parte Geral – Prof: André Roberto Nestes casos (de já existir um representante legal ou curador), os familiares precisam esperar 03 anos da última notícia (do desaparecimento) para ingressar em Juízo para requerer a Sucessão Provisória (que seria a 2ª Fase). A 1ª Fase consiste em: Declaração de ausência (preenchidos aqueles requisitos estudados: não presença no domicílio e falta de notícias); Declarada a ausência, haverá a Nomeação de Curador, que será nomeado preferencialmente na seguinte ordem (art. 25) o Cônjuge/ companheiro, o Pais do ausente, o Descendentes (os mais próximos afastam os mais remotos), o Outro. É feita a arrecadação dos Bens do ausente. Depois disso tudo, o curador inicia a arrecadação do ausente. Depois do final da arrecadação dos bens, conta-se 01 ano para que os interessados possam requerer a abertura da Sucessão Provisória. Depois de 01 ano sem requerer, o curador continua nas suas atribuições até fazer a partilha provisória. Dentro desse período, pode acontecer muita coisa: O ausente pode aparecer, Ou ter notícias da confirmação da morte do ausente = nesse caso, acabou o procedimento de ausência, vai direto para a sucessão definitiva (e faz o inventário normal, já que tem a ciência da prova inequívoca da morte do ausente). Passados esse 01 ano da arrecadação dos bens do ausente, torna-se possível a Sucessão Provisória (2ª fase). 2ª Fase: Sucessão Provisória Vai requerer ao Juiz a abertura da Sucessão Provisória, que não presume a morte. A partilha provisória dos bens. Matéria: Direito Civil - Parte Geral – Prof: André Roberto A imissão na posse (do quinhão) aos sucessores, mediante caução real * (Ou seja, a imissão na posse nos bens da futura herança está condicionada à caução real que os herdeiros terão que oferecer eles deverão oferecer garantias reais com bens próprios ou de terceiros em valor suficiente para assegurar ao ausente, caso ele retorne e encontre seu patrimônio dilapidado). * Com uma exceção: Os herdeiros necessários (descendentes, cônjuges e ascendentes) não precisam prestar caução real para serem imitidos na posse do quinhão. Os demais precisarão prestar caução, sob pena de não receber o quinhão da garantia. # O que poderia acontecer com o sucessor que não ofereceu garantia? R: Outro herdeiro (que já imitiu na posse), interessado em usufruir aquele quinhão, oferece garantia extra (adicional) para usufruir daquela quota que está sobrando. Se oferecer garantia suficiente = ele pega aquela quota. Como a Sucessão é Provisória, os poderes que são transmitidos aos sucessores são os poderes de usar e fruir do quinhão, mas não o poder de dispor (eles usam e fruem, mas não dispõem). ## QUESTÃO DE CONCURSO ## Sobre “FRUIR” Qual é a Extensão do poder de fruição do sucessor? R: Depende da categoria de sucessor: Se forem os herdeiros necessários podem fruir plenamente = eles têm a plenitude da fruição. Os demais sucessores = têm a fruição limitada em 50% (os outros 50% deverão ser depositados em juízo, ficando à disposição dos ausentes). Se o ausente retornar = Ele retoma a posse dos bens + levanta os frutos depositados. Exceto se o desaparecimento foi sem Justa Causa (o ausente desapareceu porque quis, ele quis viajar pelo mundo sem avisar a ninguém), como sanção, ele não poderá levantar os frutos que serão levantados pelo Sucessor Provisório (ele recupera a posse dos bens, mas não poderá recuperar os frutos depositados). A sucessão Provisória dura, no mínimo 10 anos, contados do Trânsito em Julgado da decisão que declarou aberta a Sucessão Provisória. Passado os 10 anos = qualquer interessado poderá requerer a Sucessão Definitiva. REPARE: até agora não há morte presumida. Matéria: Direito Civil - Parte Geral – Prof: André Roberto 3ª Fase: Sucessão Definitiva Finalmente agora vai ter a morte ficta. Irá requerer ao juiz que proceda à abertura da Sucessão Definitiva. O efeito é a presunção de morte do ausente (o efeito é ex nunc = não retroage = presume-se a morte do ausente, dali pra frente). Assim sendo, com a presunçãode morte do ausente, ocorrerá a partilha definitiva da herança. Não há exigência de caução (ou seja, as garantias dadas cessam e não se exigem novas garantias). Os herdeiros recebem a propriedade do quinhão hereditário (e não apenas a posse direta, como era antes). Mas com uma ressalva, nos primeiros 10 anos (contados da abertura da Sucessão Definitiva), a propriedade é resolúvel (porque se o ausente retornar, ele retoma o patrimônio do jeito que estiver); Somente depois dos 10 anos que a propriedade será plena. Opera-se a Dissolução do matrimônio. ## Conclusão >> Mais de 20 anos para que o patrimônio se torne definitivo e plenamente dos herdeiros (porque teve o procedimento de Curadoria, depois a Sucessão Provisória e depois aguardar mais 10 anos para requerer a abertura da Sucessão Definitiva). Tudo isso ocorre porque não há elementos probatórios que comprovem ao juiz que houve a morte, mas tão somente o desaparecimento. ## Quanto à dissolução do matrimônio após a sucessão Definitiva e o retorno do ausente >> O retorno do ausente não restabelece a eficácia do matrimônio anterior, especialmente se já houve um 2º matrimônio. Neste caso, serão considerados divorciados, embora sem uma sentença de divórcio. O cônjuge que se julgava viúvo será considerado divorciado, assim como o ausente será tratado como divorciado fosse, embora não tenha havido um processo de divórcio. O restabelecimento do matrimônio anterior ficaria a cargo da vontade dos ex-cônjuges, mas não seria uma consequência automática do retorno (como defende uma corrente minoritária). Matéria: Direito Civil - Parte Geral – Prof: André Roberto Excepcionalmente o Procedimento de Ausência ocorrendo em apenas 01 Fase É possível que esse procedimento já comece na Sucessão Definitiva, desde que presentes, cumulativamente 02 requisitos: A pessoa Desaparecida deve contar com 80 anos de idade ou mais. E deve estar desaparecida há pelo menos 05 anos. Cumpridos esses 02 requisitos, pode começar direto pela Sucessão Definitiva Ex: Imaginemos que a pessoa desapareceu com 77 anos de idade. Passados 05 anos de desaparecimento, hoje, essa pessoa teria 82 anos de idade. Iria começar direto pela Sucessão Definitiva. Se, antes tivesse requerido a Sucessão Provisória, poderia passar direto para a Sucessão Definitiva. Então, isso permite que se abrevie o procedimento. 1.2. Art. 7º, do CC/02: **** Declaração de Morte Presumida (não depende do Procedimento de Ausência). Art. 7 o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. Agora o procedimento objetiva exclusivamente a declaração da morte presumida (não quer partilha provisória de bens e nem curadoria). Então, estamos diante da Declaração de Morte Presumida independente do Procedimento de Ausência – art. 7º, do CC/02 c/c art. 88, da Lei 6.015/73. Há uma Ação de Justificação Especial * de Óbito. * “Especial”, porque vai adotar procedimento cautelar de justificação apenas no que couber, complementado pelo Procedimento do art. 88, da Lei 6.015/73 (não é uma mera cautelar de justificação, porque aqui existe contraditório, existe uma decisão de mérito, existe interesse processual). Portanto, trata-se de um Procedimento especial de Justificação (aplica no que couber). Para essa pretensão da Ação de Justificação Especial de óbito ser acolhida, tem que observar o esgotamento das buscas pela Autoridade competente. Ou seja, a autoridade Matéria: Direito Civil - Parte Geral – Prof: André Roberto competente tem que dar por encerradas as buscas, de modo que aquela pessoa seja presumivelmente dada como morta. E se continuar a ser procurada, será de forma não oficial. Então, dada por enceradas as buscas oficiais, a família poderia ajuizar Ação de Justificação Especial de óbito. Haverá sentença Declaratória de morte presumida, que falará a data provável da morte (com essa sentença, levará ao registro civil para expedir certidão de óbito, o que permitirá iniciar o inventário e todos os procedimentos de sucessão). É diferente do procedimento de pessoas que desapareceram (ausentes). Ex.01: É muito comum em acidentes aéreos e naufrágios, em que não se encontra o corpo. Assim, tudo levaria a crer que houve morte presumida. Ex.02: Caso Amarildo e caso Samúdio. :: Obs :: Prisioneiros das FARC’s ou Grupos Radicais Islâmicos nesse caso, resolveria pelo Procedimento de Ausência, porque não poderia presumir a morte dele, até que efetivamente chegasse uma prova concreta de que houvesse ocorrido o óbito. 1.3. Art. 8º, do CC/02: Comoriência Art. 8 o Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. Trata-se de uma presunção relativa de morte simultânea. Quando duas ou mais pessoas (sucessivas entre si) morrem na mesma ocasião sem conseguir provar quem morreu primeiro. Se não consegue definir o momento da morte, não tem como definir a premoriência do autor da herança. Com a comoriência = todos são pré-mortos, simultaneamente. Ex: João é Maria são casados. Possuem 01 filho. Os pais morrem num acidente aéreo, sem saber quem morreu primeiro. Então, presuma-se a morte simultânea. Assim sendo, a herança de João vai exclusivamente para o filho. A herança de Maria vai exclusivamente para o filho. (Mas repare, se não houvesse Comoriência: se definisse que João morresse 1º, haveria a partilha entre Maria e o filho). Matéria: Direito Civil - Parte Geral – Prof: André Roberto 2. QUAL É O EFEITO QUE A MORTE PRODUZ NA PERSONALIDADE (NO SENTIDO OBJETIVO)? (A Personalidade no sentido objetivo é a personalidade enquanto conjunto de atributos inerentes e essenciais à pessoa. Bens jurídicos da personalidade). Ex: Joaquim, em vida, sofre violação a direito da personalidade. Dessa ofensa nasce uma pretensão consistente em exigir a reparação do dano moral, imputar responsabilidade civil ao ofensor pelo dano moral que ele sofreu. Numa 1ª hipótese Joaquim ingressa com a ação e exerce a sua pretensão. Porém, no curso do processo, Joaquim morre. A morte dele não extingue o processo. O espólio passará a ingressar no feito, por sucessão de Joaquim. E o valor obtido com a reparação será partilhado como herança. Numa 2ª hipótese Não houve a propositura da ação, enquanto Joaquim estava vivo. Ou seja, Joaquim morre antes de propor a ação. A partir daí surgem 02 correntes: 1ª corrente >> MAJORITÁRIA >> A PRETENSÃO é um direito patrimonial que se transfere aos herdeiros, com a abertura da sucessão. Seria a aplicação do art. 943, do CC/02. Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança. Esse dispositivo não faz a ressalva se é o direito à indenização por danos morais ou por qualquer dano, apenas diz que esse direito de perceber a indenização ou o dever de indenizar, se transmitirá com a herança, porque seriam direitos patrimoniais. (nem os herdeiros poderiam se eximir de, nas forças da herança, indenizar os ofendidos pelo morto/ como também não poderiam os ofensores se esquivarem de indenizar por aquela ofensa que produziramà pessoa ainda viva e terem que indenizar o espólio). O legitimado para propor a ação seria o espólio ou herdeiros (que farão na proporção do quinhão hereditário). Normalmente é o espólio que assume a legitimidade da ação e ao final, partilha-se a indenização aos herdeiros. O STJ travou essa questão no final do ano passado! 2ª corrente >> Essa pretensão é personalíssima. Ou seja, somente o Joaquim poderia ajuizar a ação. Como ele morreu, os herdeiros não poderiam ingressar/ distribuir essa ação (eles poderiam continuar se o processo estivesse tramitando). Essa posição já foi majoritária, mas atualmente não é mais! Numa 3ª hipótese Ofensa a Joaquim, já morto. Nesse caso, ocorre a morte antes da ofensa, que é dirigida ao morto. A partir daí surgem alguns problemas: Matéria: Direito Civil - Parte Geral – Prof: André Roberto o 1º problema >> Se a ofensa é dirigida ao morto, qual direito da personalidade é violado? Se a personalidade se extingue com a morte, então não haveria mais direito da personalidade a ser violado. Logo, não nasceria pretensão e, portanto não teria responsabilidade civil. o 2º problema >> Mas o art. 12, p.ú. e art. 20, p.ú., dizem outra coisa = Existe a expressa previsão de tutela após a morte. Art. 12, Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau. Art. 20, Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes. Muitas correntes doutrinárias tentam justificar isso, senão vejamos: 1ª corrente >> Não prevalece no STJ >> A morte extingue apenas o aspecto subjetivo da personalidade, mas não no seu sentido objetivo. E a personalidade no sentido objetivo se transmitiria aos herdeiros. Então, os direitos da personalidade seriam transmitidos. Então, o herdeiro sofreria a ofensa e iria exercer a pretensão própria. Legitimados = considerar a ordem de vocação. 2ª corrente >> Predomina nos Precedentes Jurisprudenciais >> A personalidade, tanto subjetiva quanto objetiva, se extingue com a morte e o que resta é a memória da pessoa falecida (que inclui a imagem gravada, a voz, os escritos), seria um bem jurídico que pertenceria aos familiares, em razão do sentimento familiar, ao sentimento que nutrem pela preservação dessa memória. Então, o bem jurídico que seria tutelado seria a memória. Legitimidade concorrente entre os herdeiros na tutela da memória. - 3ª corrente >> O direito da personalidade não se extingue, mas ele fica sem titular. Então, a personalidade que se extingue é a subjetiva, e a personalidade objetiva não se extinguiria, mas não haveria titular, porque não há transmissão. Então esse direito ficaria numa situação análoga aos direitos difusos (direito ao meio ambiente, ao patrimônio histórico e artístico), em que haveria um legitimado especial para tutela, mas ele não seria o legitimado para o direito. Haveria uma Legitimidade extraordinária = tutela de um direito sem titular (semelhança ao MP quanto aos direitos difusos). Matéria: DIREITO CIVIL - Prof.: ANDRÉ ROBERTO DISCIPLINA: DIREITO CIVIL – PARTE GERAL PROFESSOR: ANDRÉ ROBERTO MATÉRIA: CAPACIDADE Indicações de bibliográficas: Direito esquematizado do Pedro Lenza e Carlos Roberto Gonçalves. Vol. 1. Editora saraiva. Manual de direito civil, do Cristiano Sobral. Manual de direito civil, da editora Gen. Código civil interpretado conforme a constituição. Gustavo Tepedino, editora renovar, vol. 1. Obra para completar o estudo. Direito civil parte geral, prof. Fabio Azevedo, editora Lumen iuris. Nelson Rosenvald, editora Juspodium Leis e artigos importantes: ARTS. 2º, 5º, 129 da CRFB/88. ARTS. 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 52 do CC/02. Enunciados 1, 398, 399, 400 do CJF. Sumula 227 do STJ Palavras Chaves: Direitos da Personalidade, conceito, características, indenização. TEMA: DIREITO DA PERSONALIDADE PROFESSOR: ANDRÉ ROBERTO andreroberto@smga.com.r Facebook: facebook.com/prof.andreroberto. A parte geral do direito civil se divide em: Livro I – Das pessoas, devendo destacar: o Capacidade, abrangendo emancipação. o Direito da personalidade o Desconsideração da personalidade jurídica → artigo 50 do CC/02. Livro II – Dos Bens Livro III – Dos Fatos Jurídicos Matéria: DIREITO CIVIL - Prof.: ANDRÉ ROBERTO 1.209.474/SP. Informativo 532 do STJ. RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. CONTRATO DE CARTÃO DE CRÉDITO CELEBRADO APÓS A MORTE DO USUÁRIO. INSCRIÇÃO INDEVIDA NOS ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. EFICÁCIA POST MORTEM DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE. LEGITIMIDADE ATIVA DA VIÚVA PARA POSTULAR A REPARAÇÃO DOS PREJUÍZOS CAUSADOS À IMAGEM DO FALECIDO. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 12, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CÓDIGO CIVIL. 1. Contratação de cartão de crédito após a morte do usuário, ensejando a inscrição do seu nome nos cadastros de devedores inadimplentes. 2. Propositura de ação declaratória de inexistência de contrato de cartão de crédito, cumulada com pedido de indenização por danos morais, pelo espólio e pela viúva. 3. Legitimidade ativa da viúva tanto para o pedido declaratório como para o pedido de indenização pelos prejuízos decorrentes da ofensa à imagem do falecido marido, conforme previsto no art. 12, parágrafo único, do Código Civil. 4. Ausência de legitimidade ativa do espólio para o pedido indenizatório, pois a personalidade do "de cujus" se encerrara com seu óbito, tendo sido o contrato celebrado posteriormente. 5. Doutrina e jurisprudência acerca do tema. 6. Restabelecimento dos comandos da sentença acerca da indenização por dano moral. 7. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE PROVIDO. (REsp 1209474/SP, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 10/09/2013, DJe 23/09/2013) Legitimados enumerados expressamente no artigo 12 do CC/02. DIREITOS DA PERSONALIDADE JURIDICA Conceito: “Sob a denominação de direitos da personalidade, compreendem-se os direitos essenciais ao desenvolvimento da pessoa humana que a doutrina moderna preconiza a disciplina, a fim de resguardar a sua dignidade”. (Orlando Gomes). As pessoas jurídicas poderiam titular direitos desta categoria? No sentido objetivo a pessoa jurídica poderia ter esses direitos. O artigo 52 do CC/02 daria a entender que sim, que estaria em conformidade com a súmula 227 do STJ. Súmula: 227 A pessoa jurídica pode sofrer dano moral. Numa prova discursiva, pois muitos doutrinadores discordam, tanto que no CJF foi aprovado enunciado 286 discordando. Afirmando que a pessoa jurídica não produz atributos inerentes a personalidade humana, assim não sofre dano moral. Para esta corrente doutrinária, o que a pessoa sofreria, seria um dano patrimonial ilíquido a ser arbitrado pelo judiciário. Art. 52. Os direitos da personalidade são direitos inerentes e essenciais à pessoa humana, decorrentes de sua dignidade, não sendo as pessoas jurídicas titulares de tais direitos. Matéria: DIREITO CIVIL - Prof.: ANDRÉ ROBERTO Antes o dano estava atrelado ao sofrimento humano, acontece que houve um crescimento significativo de que muitas vezes o dano moral é in re ipsa, independente de ter ocorrido dor, bastando que haja uma violação. Embora não tenha caráter vexatório ou lucrativo, há violação quando a pessoa não queria
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