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Modernismo Contra a arte esclerosada, caduca, que não retrata a cultura e o povo brasileiros Irreverência, ironia, humor, velocidade do mundo contemporâneo, mundo urbano e tecnologia, livre associação de ideias, desobediência às regras gramaticais – valorização da linguagem simples, que retrata o imigrante, o pobre e o excluído -, verso livre (influência cubista e futurista) A estudante – Anita Malffati A Boba - Anita Mallfati 1922- Semana de Arte Moderna Urgente necessidade de renovar a cultura Chocar a classe dominante Rompimento com todas as estruturas do passado Pronominais (Oswald de Andrade) Dê-me um cigarro Diz a gramática Do professor e do aluno E do mulato sabido Mas o bom negro e o bom branco Da Nação Brasileira Dizem todos os dias Deixa disso camarada Me dá um cigarro Abaporu – Tarsila do Amaral Aba (homem) + porá (gente) + ú (comer) Deglutição da cultura estrangeira, incorporando-a na realidade brasileira para dar origem a uma nova cultura transformada, moderna e representativa da nossa cultura. Movimento Antropofágico Modernismo – 1ª. Fase – 1922-1930 O moderno, o original, o polêmico, convivem com: Nacionalismo – volta às origens (pré-colonial) – valorização do índio verdadeiramente brasileiro; Língua “brasileira” (do povo) Paródia, sátira erro de Português (Oswald de Andrade) Quando o português chegou Debaixo duma bruta chuva Vestiu o índio Que pena! Fosse uma manhã de sol O índio tinha despido O português Literatura extremamente vinculada à realidade brasileira Casebres, favelas Língua sem erudição, com erros, como falamos Revelação do Subúrbio – Carlos D Quando vou para Minas, gosto de ficar de pé contra a vidraça do carro, vendo o subúrbio passar. O subúrbio todo se condensa para ser visto depressa, com medo de não repararmos suficientemente em suas luzes que mal têm tempo de brilhar. A noite logo come o subúrbio e logo o devolve, ele reage, luta, se esforça, até que vem o campo onde pela manhã repontam laranjais e à noite só existe a tristeza do Brasil. Pueblito (Morro Da Favela II) • Aspectos temáticos: ‐ a inserção do cotidiano das pessoas comuns; ‐ a passagem do tempo como característica fundamental da arte moderna; ‐ a leitura do Brasil, sua gente, seus hábitos; ‐ o desenho da formação irregular de nossas cidades; ‐ um desenho da cidade ainda muito próximo de um imaginário rural, do campo. Aspectos formais: ‐ liberdade e simplicidade formal; ‐ verso livre e irregular; ‐ traços e formas pictóricas simples, sem detalhes e rebuscamentos; ‐ vocabulário cotidiano, coloquial; Modernismo Brasileiro – 2ª.fase (1930 - 1945) Poesia: Carlos Drummond, Jorge de Lima, Murilo Mendes e Cecília Meireles Prosa: Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Érico Veríssimo. Características: Ironia mais refinada e sutil; Reflexão sobre o destino do ser humano – preocupação constante; Mais vigor no questionamento da realidade Artista passa a se questionar como indivíduo Exploração e interpretação do estar-no-mundo – fragilidade do eu Soluções coletivas Universo despersonificado Esperança x desesperança Poesia lírico-amorosa mais frequente (Vinícius de Moraes) Prosa Mais liberdade para utilizar uma linguagem próxima da fala brasileira Menos estética e mais denúncia social Regionalismo Região Nordeste: contrastes sociais marcantes, seca, cangaço e misticismo Influência das ideias socialistas Coletivo Realidade urbana: povo pobre, vivendo em terra fértil e mal aproveitada - neorrealismo Estilo: Rudeza, captação direta dos fatos Visão crítica das relações sociais Homem se dissolve na massa: mais um Fragmentação temporal e espacial Desumanização Vidas Secas Foco narrativo: 3ª pessoa Discurso Indireto Frases curtas, indiretas, enxutas Paisagem árida Animalização Fragmentos de pensamento e linguagem Eloquência das situações (descrição) Cinema Arte e indústria (Anatol Rosenfeld) Entretenimento, maior público, estética menos apurada Adaptação literária – obra de arte? 1950 – Cinema Novo: Cinema de conteúdo, sem os moldes do americano Nordeste Luz e sombra – mudanças e impulsos na narrativa Vidas Secas Livro – Graciliano Ramos Caráter psicológico Filme – Nelson Pereira dos Santos Caráter social Vidas Secas Graciliano Ramos CAPÍTULO VII — INVERNO É inverno, faz frio e há goteiras lá fora: A família estava reunida em torno do fogo, Fabiano sentado no pilão caído, Sinha Vitória de pernas cruzadas, as coxas servindo de travesseiro aos filhos. A cachorra Baleia, com o traseiro no chão e o resto do corpo levantado, olhava as brasas que se cobriam de cinzas. Estava um frio medonho, as goteiras pingavam lá fora, o vento sacudia os ramos das catingueiras, e o barulho do rio era como um trovão distante. Fabiano esfregou as mãos satisfeito e empurrou os tições com a ponta da alpercata. Não era propriamente conversa: eram frases soltas, espaçadas, com repetições e incongruências. Às vezes numa interjeição gutural dava energia ao discurso ambíguo. Na verdade nenhum deles prestava atenção às palavras do outro: iam exibindo as imagens que lhes vinham ao espírito, e as imagens sucediam-se, deformavam-se, não havia meio de dominá-las. Como os recursos de expressão eram minguados, tentavam remediar a deficiência falando alto. Fabiano tornou a esfregar as mãos e iniciou uma história bastante confusa, mas como só estavam iluminadas as alpercatas dele, o gesto passou despercebido. O menino mais velho abriu os ouvidos, atento. Se pudesse ver o rosto do pai, compreenderia talvez uma parte da narração, mas assim no escuro a dificuldade era grande.” José Carlos Drummond de Andrade E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? e agora, você? você que é sem nome, que zomba dos outros, você que faz versos, que ama, protesta? e agora, José? Está sem mulher, está sem discurso, está sem carinho, já não pode beber, já não pode fumar, cuspir já não pode, a noite esfriou, o dia não veio, o bonde não veio, o riso não veio não veio a utopia e tudo acabou e tudo fugiu e tudo mofou, e agora, José? E agora, José? Sua doce palavra, seu instante de febre, sua gula e jejum, sua biblioteca, a lavra de ouro, seu terno de vidro, sua incoerência, seu ódio - e agora? Com a chave na mão quer abrir a porta, não existe porta; quer morrer no mar, mas o mar secou; quer ir para Minas, Minas não há mais. José, e agora? Se você gritasse, se você gemesse, se você tocasse a valsa vienense, se você dormisse, se você cansasse, se você morresse... Mas você não morre, você é duro, José! Sozinho no escuro qual bicho-do-mato, sem teogonia, sem parede nua para se encostar, sem cavalo preto que fuja a galope, você marcha, José! José, para onde? Quando nasci, um anjo torto / desses que vivem na sombra/ disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida. As casas espiam os homens/ que correm atrás de mulheres./ A tarde talvez fosse azul,/ não houvesse tantos desejos. O bonde passa cheio de pernas:/ pernas brancas pretas amarelas./ Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração./ Porém meus olhos não perguntam nada. O homem atrás do bigode/ é sério, simples e forte./ Quase não conversa./ Tem poucos, raros amigos/ o homem atrás dos óculos e do bigode. Meu Deus, por que me abandonaste/ se sabias que eu não era Deus/ se sabias que eu era fraco. Mundo mundo vasto mundo,/ se eu me chamasse Raimundo/ seria uma rima, não seria uma solução./ Mundo mundo vasto mundo, mais vasto é meu coração. Eu não devia te dizer/ mas essa lua/ mas esse conhaque/ botam a gente comovido como o diabo. 3ª. Fase ou Pós modernismo – 1945 – A mulher na literatura Assim como em diversas áreas do saber, a mulher foi, na literatura, definida segundo os interesses do mundo masculino. Mas, quando a mulher se torna escritora, as denúncias contra a opressão de que são vítimas se fazem notar. Aos poucos, a mulher brasileira conquista seu espaço na sociedade e na arte literária: Tarsila do Amaral Anita Malfatti Rachel de Queirós Cecília Meirelles Clarice Lispector Adélia Prado Hilda Hilst Quando nasci um anjo esbelto,/ desses que tocam trombeta, anunciou:/ vai carregar bandeira./ Cargo muito pesado pra mulher,/ esta espécie ainda envergonhada. Aceito os subterfúgios que me cabem,/sem precisar mentir./ Não sou feia que não possa casar,/ acho o Rio de Janeiro uma beleza e/ ora sim, ora não, creio em parto sem dor./ Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina./ Inauguro linhagens, fundo reinos/ — dor não é amargura./ Minha tristeza não tem pedigree,/ já a minha vontade de alegria,/ sua raiz vai ao meu mil avô./ Vai ser coxo na vida é maldição pra homem./ Mulher é desdobrável. Eu sou. Poema de Sete Faces/ Com licença poética Quando nasci, um anjo torto / desses que vivem na sombra/ disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida. As casas espiam os homens/ que correm atrás de mulheres./ A tarde talvez fosse azul,/ não houvesse tantos desejos. O bonde passa cheio de pernas:/ pernas brancas pretas amarelas./ Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração./ Porém meus olhos não perguntam nada. O homem atrás do bigode/ é sério, simples e forte./ Quase não conversa./ Tem poucos, raros amigos/ o homem atrás dos óculos e do bigode. Meu Deus, por que me abandonaste/ se sabias que eu não era Deus/ se sabias que eu era fraco. Mundo mundo vasto mundo,/ se eu me chamasse Raimundo/ seria uma rima, não seria uma solução./ Mundo mundo vasto mundo, mais vasto é meu coração. Eu não devia te dizer/ mas essa lua/ mas esse conhaque/ botam a gente comovido como o diabo. Quando nasci um anjo esbelto,/ desses que tocam trombeta, anunciou:/ vai carregar bandeira./ Cargo muito pesado pra mulher,/ esta espécie ainda envergonhada. Aceito os subterfúgios que me cabem,/sem precisar mentir./ Não sou feia que não possa casar,/ acho o Rio de Janeiro uma beleza e/ ora sim, ora não, creio em parto sem dor./ Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina./ Inauguro linhagens, fundo reinos/ — dor não é amargura./ Minha tristeza não tem pedigree,/ já a minha vontade de alegria,/ sua raiz vai ao meu mil avô./ Vai ser coxo na vida é maldição pra homem./ Mulher é desdobrável. Eu sou. TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS Inovação formal – Estética Negação do verso tradicional Poema-produto: objeto útil Poesia concreta 1956 – Exposição Nacional de Arte Concreta Décio Pignatari, Haroldo de Campos, Augusto de Campos Poema-objeto Crise do verso – crise do artesanato – revolução industrial Múltiplos recursos: acústico, visual, carga semântica, espaço tipográfico, disposição geométrica dos vocábulos Tensão de palavras-coisas no espaço-tempo Multiplicidade de movimentos concomitantes Estrutura-conteúdo Leitura múltipla: participação ativa do leitor Valorização do significante vai e vem e e vem e vai José Lino Grunewaldi 1 2 2 3 3 3 4 4 4 4 c i n c o José Lino Grunewaldi Décio Pignatari Décio Pignatari Décio Pignatari Haroldo de Campos 40 Ronaldo de Azeredo José Paulo Paes Augusto de Campos Segundo Mikhail Bakhtin, a obra submete-se à ideologia do cotidiano que determina o seu lugar na sociedade. Assim, o artista popular, mesmo sem a organização acadêmica dos grandes mestres da literatura, da música, da pintura e da escultura, consegue interpretar a sociedade de seu tempo, as aspirações humanas, a relação com o mundo. Considerar uma expressão artística como popular sugere que exista uma outra, erudita, e que, portanto, optaríamos por classificar a arte, ferindo os próprios princípios da Arte. Pós-64: Pós Moderno No contexto da ideologia pós-moderna, no pós-64, destaca-se a literatura marginal, cuja proposta pode ser traduzida no lema Onde se lê poesia, leia-se vida. Segundo Flora Sussekind, “são as vivências cotidianas do poeta, os fatos mais corriqueiros que constituirão a matéria da poesia”. happy end (Cacaso) o meu amor e eu nascemos um para o outro agora só falta quem nos apresente É PROIBIDO PISAR NA GRAMA O jeito é deitar e rolar.(Chacal) CAPITALISMO MAIS REACIONÁRIO Tragédia em um ato Personagens:patrão/empregado Época: atual ATO ÚNICO Empregado: Patrão, eu queria lhe falar seriamente. Há quarenta anos que trabalho na empresa e até hoje só cometi um erro. Patrão: Está bem, meu filho, está bem. Mas de agora em diante tome mais cuidado. (pano rápido). [Millôr Fernandes] Nadando Por incrível que pareça, talvez o melhor estilo para um poeta moderno seja o estilo clássico, ou nado de peito. Ele exige certa contenção. Você desliza n'água mansa- mente, como se hesitasse. Ao atingir a borda, é impossível virar cam- balhota, daí talvez ele ser chamado clássico, ou quem sabe é porque é o que serve melhor para se observar o que se passa ao redor, isto é, fotografá-lo, ou — evitando o anacronismo, e já que falamos de água — espelhá-lo, visto que o espelho é por excelência a metáfora do clássico. Nadar é como uma cobra: um constante enrodilhar-se em pensamento por vezes nada sublimes (que belo traseiro ali adiante, etc.); daí, em vez de estilo clássico, talvez fosse mais correto falar-se em mescla de estilos. Nadar: um poema longo em redondilha maior com andamento de prosa em que é difícil manter o mesmo ritmo sempre (Poe não dizia que um poema deve necessariamente ser breve?). Começa-se a arfar, os músculos pesam, respira-se irregular- mente, o nado, apesar de clássico, agora assemelha-se a um poema moderno (ou a um desaprendizado), um poema que tivesse uma piscina por tema, e um nadador que insistisse, já que escrever poesia (principalmente hoje em dia) é uma espécie de nada. Nada. Nada. Nada. Nada. A arte moderna representa um universo no qual o homem deixou de ser um sujeito único para ser múltiplo, coletivo; a arte pós-moderna, ao contrário, buscou uma individualização do ser. Segundo Gilles Lipovetsky, autor de A Era do Vazio, trata-se uma atitude narcísica, em que se busca a expressão de um Eu sem que haja preocupação com o Outro. E esse “outro” inclui a sociedade como um todo. É preciso, então, que novos rumos na vida e na arte sejam assumidos, em busca de um sentimento mais consolidado para a existência humana, ou permaneceremos na “era do vazio”.
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