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O Território Federal de Roraima e o planejamento estratégico do II PND o Polororaima como ação do Estado brasileiro (1975-1979)

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Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA 
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS 
COORDENAÇÃO DO CURSO DE HISTÓRIA 
 
 
 
 
 
 
Fábio Gonçalves de Almeida 
 
 
 
 
O Território Federal de Roraima e o planejamento estratégico do II PND: o 
Polororaima como ação do Estado brasileiro (1975-1979) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BOA VISTA 
2013 
 
 
 
FÁBIO GONÇALVES DE ALMEIDA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Território Federal de Roraima e o planejamento estratégico do II PND: o 
Polororaima como ação do Estado brasileiro (1975-1979) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BOA VISTA 
2013 
Monografia apresentada como pré-
requisito para conclusão do curso de 
bacharelado e licenciatura em História, 
pela Universidade Federal de Roraima. 
Orientador: Dr. Nelvio Paulo Dutra 
Santos 
 
 
 
FÁBIO GONÇALVES DE ALMEIDA 
 
 
 
 
O Território Federal de Roraima e o planejamento estratégico do II PND: o 
Polororaima como ação do Estado brasileiro (1975-1979) 
 
 
 
Monografia apresentada como pré-requisito para conclusão do curso de bacharelado e 
licenciatura em História, pela Universidade Federal de Roraima, defendida em 28 de 
novembro de 2013 e avaliada pela seguinte banca examinadora. 
 
 
_______________________ 
Dr. Nélvio Paulo Dutra Santos 
Professor do curso de História 
 
 
______________________________________ 
Dr. Roberto Ramos Santos 
Professor do curso de Ciências Sociais 
 
 
_____________________________________ 
Dr. Maria das Graças Santos Dias 
Professora do curso de História 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Esse trabalho tem por objetivo propiciar um olhar sobre as ações formuladas para o Território 
Federal de Roraima durante a vigência do II Plano Nacional de Desenvolvimento. O período 
estudado compreende os anos de 1975 a 1979, momento de planejamento à Amazônia Legal 
de um modelo de desenvolvimento que propunha uma nova forma de ocupação da região, 
conforme se definia no seio gestor do pensamento geopolítico, comandado pelos militares. O 
isolamento, a falta de efetividade econômica e o caráter estratégico desta região, quanto à 
“segurança nacional” fundamenta o governo de Ernesto Geisel (1974-1979), a aprovação de 
um planejamento estratégico ao território de Roraima. Uma intervenção concreta do Estado 
brasileiro, através do POLORORAIMA, programa que integrava o território aos 15 polos de 
desenvolvimento criados com o segundo plano de desenvolvimento, do governo militar. 
Inicialmente pensa-se a consolidação de um polo agromineral, posteriormente transformado 
em um polo agropecuário, consiste o planejamento num elenco de ações, socioeconômica, que 
preveem a instalação de empresas, mas principalmente a consolidação de uma área de 
contenção. Neste TCC conheceremos quais as ações planejadas e sua integração no projeto de 
desenvolvimento do país. 
 
Palavras chaves: Planos de desenvolvimento; geopolítica; Território Federal de Roraima. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
This work aims to provide a glimpse into the actions formulated for the Federal Territory of 
Roraima for the duration of the Second National Development Plan. The study period covers 
the years 1975-1979, when planning the Legal Amazon of a development model that 
proposed a new form of occupation of the region, as defined within the manager's geopolitical 
thinking, controlled by the military. Isolation, lack of economic effectiveness and strategic 
importance of this region as the "national security" grounds the government of Ernesto Geisel 
(1974-1979), the adoption of a strategic plan to the territory of Roraima. A concrete 
intervention of the Brazilian State, through POLORORAIMA program, which included the 
territory of the 15 development areas created with the second development plan, the military 
government. Initially thought to be the consolidation of a agromineral pole, later transformed 
into an agricultural hub, is planning a set of actions, socio-economic, which provide for the 
installation of companies, but mainly the consolidation of a containment area. In this CBT 
will know which planned actions and their integration in project development. 
 
Key words: Development Plans; geopolitical; Federal Territory of Roraima. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE MAPAS 
 
MAPA 1 – Rede rodoviária principal, existente e projetada na Pan-amazônia........................19 
 
MAPA 2 – Áreas interiores de intercâmbio fronteiriço............................................................20 
 
MAPA 3 – Definição do território brasileiro em 1759.............................................................22 
 
MAPA 4 – Pólos de desenvolvimento idealizados para a Amazônia.......................................34 
 
MAPA 5 – Política nacional de desenvolvimento do II PND...................................................35 
 
MAPA 6 – Organização do espaço regional da Amazônia Legal.............................................41 
 
MAPA 7 – Localização das colônias agrícolas Coronel Mota, Fernando Costa e Braz de 
Aguiar........................................................................................................................................45 
 
MAPA 8 – Localização da produção pecuária em 1970...........................................................46 
 
MAPA 9 – Identificação da extração de minérios em Roraima (1970)....................................47 
 
MAPA 10 – Ocupação territorial do Território Federal de Roraima........................................54 
 
Mapa 11 – Malha viária e equipamentos públicos existentes e projetados para 
Roraima.....................................................................................................................................62 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
 
 
TABELA 1 – Metas e indicadores previstos no II PND...........................................................29 
 
TABELA 2 – Evolução demográfica do ecúmeno roraimense.................................................44 
 
TABELA 3 – Área plantada, quantidade produzida e valor da produção das principais culturas 
exploradas nas colônias agrícolas do Território Federal de Roraima em 
1974...........................................................................................................................................46 
 
TABELA 4 – Produção de peixe em Roraima (1971-1974).....................................................48 
 
TABELA 5 – Previsão orçamentária do POLORORAIMA (1975-1979)................................56 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS 
 
TFR – Território Federal de Roraima 
II PND – II Plano Nacional de Desenvolvimento 
II PDA – II Plano de Desenvolvimento da Amazônia – II PDA 
DSN – Doutrina de Segurança Nacional 
ESG – ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA 
FIDAM – Fundo para Investimentos Privados no Desenvolvimento da Amazônia 
IBAD – Instituto Brasileiro de Ação Democrática 
INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma agrária 
IPES – Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais 
SUDAM – Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia 
PIN – Programa de Integração Nacional 
JBV – Jornal Boa Vista 
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
IPEA – Instituto dePesquisa Econômica Aplicada 
PIB – Produto Interno Bruto 
SUFRAMA – Superintendência da Zona Franca de Manaus 
T.I. – Terra Indígena 
UFSM – Universidade Federal de Santa Maria 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 Introdução....................................................................................................................10 
1. Auscultando a geopolítica brasileira ....................................................................... 14 
1.1 O desenvolvimento teórico do pensamento geopolítico brasileiro.............................. 14 
1.2 A Amazônia brasileira ................................................................................................. 21 
2. O Estado brasileiro como indutor do desenvolvimento...........................................26 
2.1 O II Plano Nacional de Desenvolvimento II PND....................................................... 26 
2.2 O POLAMAZÔNIA e o II Plano de Desenvolvimento da Amazônia (II 
PDA)..............................................................................................................................35 
3. Programa de ação de Governo para o Território Federal de Roraima – 
POLORORAIMA.......................................................................................................43 
3.1 O Território Federal de Roraima.................................................................................. 43 
3.2 Objetivos e diretrizes do POLORORAIMA.................................................................51 
3.3 Programação de políticas públicas do POLORORAIMA............................................ 55 
3.3.1 Agropecuária, Abastecimento e Colonização.............................................................. 56 
3.3.2 Madeira e Mineração................................................................................................... 58 
3.3.3 Recursos humanos e Urbanização............................................................................... 59 
3.3.4 Serviços básicos........................................................................................................... 61 
3.3.5 Energia......................................................................................................................... 63 
3.3.6 Industria e Comércio.................................................................................................... 63 
4. Conclusão.................................................................................................................... 65 
Referências bibliográficas......................................................................................... 68 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
Introdução 
Vivemos em um Estado
1
 nacional, detentor de amplos poderes de coerção e 
imposição. Organizado essencialmente pela democracia representativa que permite a 
delegação de poderes, pelos cidadãos, ao desenvolvimento de ações de Estado. Ações 
políticas que determinam certa estruturação social de desenvolvimento humano e econômico, 
fatores essenciais ao convívio em sociedade. Desta forma é impossível conceber a ideia de 
que as políticas públicas desenvolvidas pelo Estado não têm demonstração histórica. Pois, 
estas possuem identidade de classe e impelem mudanças na vida dos seres humanos, 
transformando o estado social
2
. 
Apresento desta forma a observação de um planejamento estratégico realizado, pelo 
Estado brasileiro, em uma unidade administrativa, durante um período de segregação da 
democracia. Na pesquisa olhou-se para um processo histórico de efetiva busca de 
reorganização do espaço amazônico, especialmente as projeções de integração e 
desenvolvimento idealizadas ao Território Federal de Roraima (TFR). Desta forma o processo 
econômico é importante para compreensão das orientações adotadas, pelo Estado Nacional, 
em meados da década de 1970. 
Vivemos em uma estrutura hegemonizada pelo liberalismo, onde o Estado é 
administrado por representantes deste segmento, apesar das composições heterodoxas 
permeáveis pelo desenvolvimento da democracia burguesa, assumindo este Estado parâmetros 
de organização socioeconômica que produzem acontecimentos concretos na vida do homem. 
Portanto devem-se observar os fatos econômicos como: 
 
 
 
 
 
 
A pesquisa realizada insere-se num determinado contexto espacial, ainda premente na 
vida política brasileira, a busca de desenvolvimento, segundo Caio Prado (1982, p. 193) “[...] 
condição precípua para assegurar ao país e à generalidade de seu povo o conforto e bem-estar 
 
1
 Para Rémond (1996, p. 20) o poder do Estado representa o grau supremo da organização política, nas 
sociedades contemporâneas. 
2
 Para Aróstegui (2006, 322) compreende-se estado social como a “... configuração das estruturas e forças 
sociais, as relações sociais, as instituições e, finalmente, os subsistemas que compõem uma determinada 
sociedade, em um, momento cronológico preciso”. 
“[...] essencialmente dinâmicos, e as situações em que se configuram e onde vamos 
analisa-los representam sempre o termo de um processo, um momento apenas, em 
si insignificante e privilegiado unicamente por ser o último de uma série anterior 
onde se gerou e onde adquire a individualidade e particularidade que o 
caracterizam.”, (CAIO PRADO, 1982, p.179). 
11 
 
material e moral que a civilização e cultura modernas são capazes de proporcionar.”. Assim, o 
principal objeto de estudo consiste em um plano de ações fundamentadas, pelo estado 
brasileiro, ao Território Federal de Roraima, constituindo-se desta forma em um tema à 
observação histórica, tendo em vista que as metas apresentadas imputam diretamente em 
acontecimentos
3
, importantes a serem conhecidos. 
A pesquisa desenvolvida insere-se em um determinado lapso temporal iniciado em 
meados da década de 1970, período de desenvolvimento do II Plano Nacional de 
Desenvolvimento (PND) 
4
. Nosso objetivo é observar como essa ação do Estado brasileiro foi 
idealizada para o Território Federal de Roraima, procurando conhecer as metas existentes no 
planejamento realizado. O recorte temporal concentra-se no período de 1975 a 1979. Quando 
da vigência do II PND, encontrando-se o governo do Território Federal de Roraima, sob o 
comando do Coronel aviador Fernando Ramos Pereira. Sendo o período marcado não só pela 
repressão aos movimentos oposicionistas, mais também por uma proposta de 
desenvolvimento econômico e social, apresentada através de planos de desenvolvimentos que 
figuram nos governos militares entre os anos de 1969 a 1985. 
A ditadura militar instaurada em 1964 trouxe ao centro do poder brasileiro uma 
estrutura centralizadora e autoritária. Os 21 anos, de ditadura, impulsionaram o processo de 
integração nacional, com o Estado brasileiro pensando não só o desenvolvimento econômico, 
mas, a inserção de políticas sociais e de ocupação dos vazios demográficos existentes na 
nação. O desenvolvimento teórico deste pensamento encontra-se na Doutrina de Segurança 
Nacional e Desenvolvimento, construída pela Escola Superior de Guerra (ESG). 
 O ano de 1974 é identificado como o início da distensão, ou seja, abertura política, do 
Estado autoritário imposto 10 anos antes. Esse ano é marcado pelo envio ao Congresso 
Nacional, do II PND. Esse documento marca uma nova visão de ocupação da Amazônia, 
através da constituição do POLAMAZÔNIA, como fundamento essencial a soberania do país, 
e, inserção econômica da região, na economia nacional. Inserida nesta proposta encontramos 
o POLORORAIMA, um programa de ações voltadas ao desenvolvimento socioeconômico do 
Território Federal de Roraima.3
 Compreende-se acontecimento como aquilo “... que tem efeito, por mais breve que seja o tempo, de suspender, 
ou ao menos de interromper o normal.” (NÍSBET Apud ARÓSTEGUI, 2006, 334). Residindo sua análise através 
dos movimentos dos estados sociais, que conforme Aróstegui, “... tem dois sentidos diferentes, o primeiro 
assimilável à noção de „vida cotidiana‟, o segundo a de „mudança social‟.” (ARÓSTEGUI, 2006, 335). 
4
 A partir de 1969, o Estado autoritário inicia um novo processo de organização socioeconômica da nação. 
Surgem os PND que fundamentam o desenvolvimento econômico e social desejado pelas estruturas centrais do 
governo federal, em muitos momentos rompendo com a aliança civil liberalizante que apoiou o golpe militar. 
12 
 
 Segundo Becker (Apud SANTOS 2004), a Amazônia era considerada prioridade 
máxima aos governos militares, onde se buscava, “[...] promover o „equilíbrio geopolítico‟ 
interno e externo, oferecendo uma solução completa para os problemas de tensão social na 
periferia e para o crescimento no Centro, como também servindo para incrementar a 
predominância do Brasil na América do Sul”, (BECKER Apud SANTOS, 2004, p. 78). Esse 
pensamento geopolítico, a partir do período democrático estabelecido em 1946, se concentra, 
conforme Santos, na “... idéia da Amazônia como uma região que deveria ser “integrada” na 
sociedade nacional, oriunda do Estado Novo (1937-1945), permaneceu permeada pelo 
pensamento desenvolvido na Escola Superior de Guerra – voltado, principalmente para a 
segurança nacional.” (SANTOS, 2004, p. 97). 
No primeiro capítulo dedico um olhar sobre o pensamento geopolítico brasileiro, seus 
principais interlocutores, bem como seus fundamentos teóricos para o desenvolvimento 
brasileiro e a manutenção da soberania nacional. Este capítulo também permite uma 
observação sobre como se desenvolve o processo de ocupação da Amazônia. Importante na 
compreensão do contexto da pesquisa entender o caráter político das ondas migratórias, 
sempre relacionadas com ações diretas do Estado. 
Entre os anos de 1974 a 1979 muda-se o pensamento de ocupação da Amazônia, e o II 
PND com o estabelecimento dos pólos de desenvolvimento busca inserir na região um 
processo de produção integrado, abrindo a região ao estabelecimento de grandes e médias 
empresas nacionais e internacionais para exploração de minérios, criação de gado e 
desenvolvimento da agricultura, através da expansão da fronteira agrícola. Essa visão exógena 
do desenvolvimento socioeconômico do ecúmeno amazônico sustenta-se na própria 
compreensão, expressa no II PND, do papel natural do Brasil como exportador de matérias 
primas. 
O segundo capítulo trata de como se delineou o II PND, com suas estratégias, suas 
metas e possibilidades lançadas na busca de transformação econômica e social da nação. O 
contexto socioeconômico e as pretensões de transformar o Brasil numa potência econômica 
mundial são essenciais a fim de compreendermos como se pensa a inserção, do Roraima, no 
contexto de produção e desenvolvimento econômico do país. 
Esse desenvolvimento é coordenado pela Superintendência de Desenvolvimento da 
Amazônia (SUDAM), através do II Plano de Desenvolvimento da Amazônia (II PDA), neste 
capítulo poderemos conhecer como se estabelece os objetivos, delineados pelas propostas de 
integração da região amazônica ao processo de produção nacional e aumento da riqueza do 
país. Somado a necessidade de crescimento econômico frente à crise mundial, idealiza-se 
13 
 
também investimento em um arco de “proteção” ao território nacional, principalmente através 
do estabelecimento de zonas de contenção. Uma dessas cidades selecionadas será Boa Vista, 
capital do então Território Federal de Roraima. 
O planejamento coordenado pela SUDAM é idealizado a partir dos 15 pólos de 
desenvolvimento propostos no II PND. O modelo de irradiação desenvolvimentista fica 
estabelecido no POLAMAZÔNIA, aprovado pelo congresso nacional no ano de 1974, 
prevendo a consolidação de áreas destinadas à exploração empresarial de minérios, da 
agropecuária, da agrícola e da produção de madeira. 
Já o terceiro capítulo nos permitirá entender melhor como se estruturava o Território 
Federal de Roraima, os limites socioeconômicos e a forma de organização do espaço 
territorial, da região. Este olhar permite entender melhor as ações previstas, para o 
POLORORAIMA, no ano de 1975. Este capítulo também tratará de como o Estado brasileiro 
pensa a integração do ecúmeno roraimense ao processo de produção nacional. 
O POLORORAIMA, idealizado, no II PND, como um pólo agromineral, é 
apresentado já na formulação de suas diretrizes, metas e ações, com um amplo enfoque no 
desenvolvimento agropecuário. Temas como infraestrutura básica, ocupação do território, 
energia, saneamento, recursos humanos também serão tratados no desenvolvimento deste 
capítulo. 
Não procuro neste TCC debater ou analisar as ações propostas, no II PND, a serem 
desenvolvidas no Território Federal de Roraima. Nosso enfoque consiste na observação e 
apresentação do planejamento idealizado. Apresentando as metas, ações e objetivos, bem 
como sua correlação com o pensamento geopolítico de desenvolvimento e segurança 
nacional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
1. Auscultando a Geopolítica brasileira 
 
Neste capítulo observaremos como se desenvolve o pensamento geopolítico brasileiro 
e os conceitos de segurança nacional e desenvolvimento socioeconômico que fundamentaram 
as teorias apresentadas no decorrer do século XX. 
A geopolítica possui uma ampla importância no processo de organização do Estado-
nação tendo ampla capilaridade no governo, principalmente após a constituição do Estado 
Novo (1937-1945) e durante os 21 anos de ditadura (1964-1985). Portanto essa compreensão 
teórica é importante para observar melhor o desenvolvimento do principal foco da pesquisa 
que é o POLORORAIMA. 
Ainda neste capítulo estaremos buscando entender como dar-se o processo de 
ocupação da Amazônia, durante o processo histórico de sua conquista pelos portugueses e seu 
desenvolvimento pelos brasileiros, principalmente a partir de meados do século XX. 
 
1.1 O desenvolvimento teórico do pensamento geopolítico brasileiro 
 
Conforme Costa (2010), os estudos geopolíticos até meados da década de 1980, no 
Brasil, tiveram a hegemonia do pensamento militar, através de suas instituições – sofrendo 
diretamente influencia dos conceitos estabelecidos pelos geopolíticos europeus e americanos 
– privilegiando a necessidade da unidade nacional, do domínio integral do território e na 
consolidação de ações antirrepublicanas, antidemocráticas e antifederativas. Essas últimas 
influências, conforme Vesentini (1987 apud SANTOS 2004, p.103), o pensamento 
geopolítico nacional herdou de influencias da elite intelectual do Império, desta forma 
compreende-se principalmente o caráter antidemocrático que fundamenta grande parte da 
história republicana no país. 
A partir dos anos 1930, a geopolítica constitui-se numa área de influência, para o 
Estado, através da ascensão de representantes das forças armadas a postos chaves da 
superestrutura estatal. Os quais fortalecem seu papel com o golpe do Estado Novo (1937), 
procedido por Getúlio Vargas, adquirindo prestígio e extravasando os círculos militares. 
Constituindo-se não apenas como uma corrente de pensamento da estratégia de defesa da 
nação, mas, desenvolvendo reflexões sobre os aspectos gerais e territoriais do 
desenvolvimento nacional, pautando-se na busca do domínio interno do território, através do 
15 
 
desenvolvimento de políticas territoriais, conforme apresenta Ratzel
5
. Essa busca se 
fortaleceráquando da tomada do poder pelos militares em 1964. 
Observando a perspectiva global do Brasil, com dimensões continentais, Costa, 
apresenta uma tese importante à compreensão do envolvimento das pessoas com as teses 
geopolíticas “[...] o pensamento conservador brasileiro, desde o período colonial, passando 
pelo Império e, de certo modo, até os dias atuais sempre tendeu a expressar um conceito de 
nação articulado ao de território, de tal maneira que, frequentemente, a ideia de unidade 
nacional confunde-se com a integridade territorial.” (Costa, 2010, p.185). Identificando desta 
forma o território como meio de identificação nacional, podemos aqui observar uma forte 
influencia de Ratzel. 
Na década de 1920 e 1930, surgem às sistematizações geopolíticas de Everardo 
Backheuser. Para ele, a extensão territorial de um Estado, só é vantajosa economicamente e 
politicamente quando associada à ocupação e povoamento adequados. Apresenta também a 
necessidade de estabelecimento no país da centralização do poder político, bem como, a 
localização do poder central é importante para o estabelecimento de relações de coerção 
eficazes no todo territorial. Essa preocupação apresentada por Backheuser expressa sua busca 
de garantir a extensão do território brasileiro, identificado com vazios a oeste da costa 
litorânea, onde se processa o desenvolvimento do país. 
Outro geopolítico, que desenvolverá seus estudos na década de 1930, é o general 
Mário Travassos, dedicando suas sistematizações especialmente a projeção da nação no 
continente sul-americano, definindo diretrizes nacionais, que conforme o autor, levaria o país 
a torna-se a principal potencia da América do Sul. É o primeiro pensador da geopolítica 
brasileira a elaborar uma proposta de ocupação da Amazônia. Seu intuito era contrapor a 
ascensão da Argentina – que havia chegado através de uma ferrovia a La Paz, capital da 
Bolívia. Sua proposta era a plena utilização das potencialidades fluviais, da Amazônia, para 
integrar a Bolívia a costa do Atlântico. 
Segundo Santos (2004), Travassos desenvolveu sistematizações sobre dois grandes 
pólos estratégicos à America Latina: o maciço boliviano de Charcas e o “mar fechado do 
 
5
 Conforme Costa (2010, p. 38), o Estado, na ótica de Ratzel, pode desenvolver políticas gerais e territoriais. No 
primeiro caso o território é tomado a priori, constituindo-se numa base, onde serão desenvolvidas ações. Já as 
políticas territoriais consistem na apreensão do território como elemento fundamental, exigindo do Estado e do 
povo relações de domínio, sendo as ações necessariamente desenvolvidas com políticas não territoriais como: as 
políticas econômicas e culturais, sem as quais a política territorial tornar-se-á unicamente política de expansão. 
 
16 
 
Caribe”. A primeira definição, difundida posteriormente pela geopolítica brasileira apresenta, 
com base na “heartland de Macklinder”, a necessidade do domínio terrestre da região, a fim 
de garantir o pleno controle das bacias do Prata e da Amazônia, constituindo-se como ponto 
essencial a política expansionista defendida por Travassos. 
No decorrer da década de 40 e 50 surgem vários pensadores geopolíticos que 
fundamentam suas sistematizações em torno da consolidação da unidade do território 
nacional. O Brigadeiro Lysias A. Rodrigues estabelece, em suas análises, a importância da 
unidade nacional, como tema estratégico para o país, principalmente em relação à fronteira 
norte, a qual possui limites fronteiriços naturais com terras da Inglaterra, França e Holanda, 
“países comprovadamente expansionistas”. Defende a centralização do poder político na 
unidade nacional, retirando dos Estados autonomias que possam combater as diretrizes da 
nação, bem como, programas de governo para ocupação do território integralmente, através de 
políticas territoriais que garantam a permanência do imigrante nas regiões isoladas do país. 
A partir do final da década de 1940, o pensamento geopolítico, do Estado Maior das 
Forças Armadas, inaugura a fase de consolidação de uma doutrina militar, com a criação da 
Escola Superior de Guerra (ESG) 
6
, essa estrutura orgânica irá ser responsável pelo 
delineamento da Doutrina de Segurança Nacional (DSN), que terá no general Golbery do 
Couto e Silva seu maior expressivo teórico. A teorização da ESG extrapola os círculos 
militares, abrangendo em suas turmas de formação representantes civis em virtude da adoção 
de uma interpretação de segurança nacional, alinhada a políticas de desenvolvimento. 
Para Furniel (1993), a DSN apresenta um conjunto de medidas que definem: 1º) a 
Segurança Nacional como um certo grau de garantia na consecução da manutenção dos 
objetivos vitais da Nação; 2º) esse “certo grau de garantia” é variável, não tem um valor 
absoluto e é relativa, também, a segurança de outros Países; 3º) as ações que o Estado 
empreende para assegurar a consecução ou manutenção dos objetivos nacionais abrangem 
todos os campos de atividade do Estado: o político, o econômico, o psicossocial e o militar; 
4º) a segurança deve realizar-se em face de quaisquer antagonismos e das pressões que deles 
se originam, mesmo aquelas que possam conduzir à guerra. Portanto desde a criação da escola 
solidifica-se o binômio Segurança e Desenvolvimento. 
Segundo Alves (1989), o desenvolvimento proposto consolida-se pela efetivação de 
uma política econômica de industrialização e organização da infraestrutura do país, com doses 
de intervencionismo do Estado na economia da nação, fundamentando-se principalmente com 
 
6
 É constituída através do decreto presidencial, assinado por Eurico Gaspar Dutra, em 20/08/1949. Sua 
constituição extrapola o âmbito militar, contemplando civis em seus cursos de formação geopolítica. 
17 
 
abertura e benefícios do mercado brasileiro aos produtos, ao capital e aos oligopólios e/ou 
monopólios estrangeiros. Para, Souza e Vieira (2009, p.67), “[...] a Doutrina de Segurança 
Nacional: foi um instrumento importante para perpetuação das estruturas de Estado destinadas 
a facilitar o desenvolvimento capitalista associado
7
 e dependente [...] que combina elementos 
da economia Keynesiana ao capitalismo de Estado”. 
Importante para entendermos o processo de ocupação e desenvolvimento da 
Amazônia, principalmente em Roraima, é conhecermos as sistematizações feitas por Golbery. 
Segundo Costa (2010), o General tinha a questão nacional como enfoque principal do seu 
trabalho, estando-a diretamente relacionada a um Estado forte, centralizador e realizador das 
“aspirações nacionais”, as quais se pautavam no programa “desenvolvimentista”, apresentado 
pela ESG, e, posteriormente trabalhado em outros organismos, constituído pelo Estado em 
articulação com a elite política liberal brasileira, como o Instituto de Pesquisas e Estudos 
Sociais (IPES) 
8
 e o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD) 
9
. O pensamento 
propalado é de que o Estado deve centralizar o poder político, em torno do desenvolvimento 
da nação: 
 
 
 
 
 
O golpe de 1964 permitirá aos militares o desenvolvimento deste projeto, conforme 
Costa, centrado no pensamento desenvolvido por Golbery, pautando-se numa sociedade 
democrático-cristã, onde “O Brasil possuía uma posição estratégica na defesa do Novo 
Mundo” (Costa, 2010, p.200), conforme Spykman10 havia estabelecido na aliança entre as 
Américas, sob a liderança militar e política dos norte-americanos. Para Golbery, o território 
brasileiro constituía-se de um imenso espaço desigualmente ocupado, sem um programa de 
integração que permitisse uma articulação entre “(...) o núcleo central compostopor Rio de 
Janeiro – São Paulo – Belo Horizonte com as três penínsulas Nordeste, Centro-Oeste e Sul, 
além de uma enorme „Ilha‟” (Costa, 2010, p.202). 
 
7
 O capitalismo associado se constitui numa aliança entre o Estado, a burguesia nacional e as empresas 
multinacionais (Furniel, 1993, p.44). 
8
 Fundado em 02 de fevereiro de 1962. 
9
 Fundado em maio de 1959 é extinto por decisão judicial em 20 de dezembro de 1963. 
10
 N. Spykman é norte-americano, professor da universidade de Yale e diretor do instituto de estudos 
internacionais. Elabora sistematizações geopolíticas sobre a predominância americana no mundo, suas 
formulações surgem no período da guerra fria. 
Resulta daí haver o conceito de Segurança Nacional, entendido – é claro – na sua 
mais ampla e ativa acepção permeando aos poucos o domínio todo da política 
estatal, condicionando quando não promovendo ou determinando todo e qualquer 
planejamento, seja da ordem econômica, seja de natureza social ou política, para 
não falar dos planos propriamente militares, tanto de guerra como de paz. (Couto 
e Silva, 1981 apud Costa, 2010, p.34) 
18 
 
No desenvolvimento desta integração apresenta três fases sucessivas. A primeira 
destinava-se a integração do Nordeste e do Sul do país ao núcleo central, a segunda o avanço 
em torno do noroeste do país, transformando a plataforma central, numa base de integração do 
território. Por último a que nos detém maior interesse, em virtude do trabalho desenvolvido, 
apresenta a necessidade de ocupação civilizatória da “hileia amazônica” partindo do centro-
oeste, em articulação com a ocupação Leste-Oeste. Tendo como referência o eixo do rio 
Amazonas. 
Na década de 1970 surge um discurso triunfalista, baseado na ideia do Brasil - 
Potência, sendo o seu maior representante o General Meira Mattos. Segundo Santos (2004), 
Meira Matos defende que a consolidação da nação dar-se-á através da conquista da 
Amazônia, possibilitando o desenvolvimento, a ocupação do território e a proeminência do 
Brasil - Potência, principalmente através de um amplo programa de construção de estradas, 
articuladas com o potencial hidroviário da região (ver mapa 1). 
O General Meira Mattos, em sua obra Uma Geopolítica
11
 Pan-Amazônica (1980), 
aponta que seu pensamento desenvolve-se a partir da compreensão de que as “[...] condições 
do meio físico condicionam o tipo de sociedade e suas aspirações [...]” 12. A submissão 
biológica ao coletivo social apresenta-se como uma das proposições do determinismo 
instaurado nas sistematizações geopolíticas, baseadas em grande parte na superioridade de 
uma raça ou de um povo. 
Meira Mattos (1980), defende que as forças imanentes da continentalidade, expressa 
através da integração entre Brasil, Peru, Venezuela e Bolívia, propiciará soluções para o 
desenvolvimento econômico e social da hiléia amazônica e do país através da integração do 
interior com a costa, transformando o Brasil na potência mundial, a qual era seu destino. Para 
sustentar sua sistematização utiliza como exemplo os Estados Unidos da América e a União 
Soviética que desenvolveram o pleno domínio de sua massa continental, transformando-se 
ambas as nações em potências econômicas, políticas e militares. A fim de efetivar o 
desenvolvimento econômico e social almejado estes países idealizaram que: 
 
 
 
 
11
 Conforme Meira Mattos o conceito de geopolítica consiste em ser a política aplicada aos espaços geográficos. 
Notemos aqui uma influência de Haushofer (1869-1946) que defendia em suas formulações a necessidade de 
aplicabilidade de seus conceitos geopolíticos. Meira Mattos, 1975, p.160. 
12
 Essa aspiração além de fundamenta-se no pensamento de Ratzel é amparada, por Meira Mattos nas 
sistematizações apresentadas pelo historiador Arnold Toynbee. 
A potencialidade tecnológica e econômica destes países define-se na [...] 
conquista de seu próprio território, de integrar suas porções marítima e 
continental, mostra-nos a importância de uma estratégia de transportes terrestres e 
de povoamento, capaz de materializar no chão geográfico, a vontade política do 
Estado. (MATTOS, 1980, p.165). 
19 
 
Mapa 1: Rede Rodoviária principal, existente e projetada na Pan-Amazônia 
 
 Fonte: MATTOS, 1980, p. 127 
 
 A busca de integração da fronteira econômica com a fronteira política necessitava, 
conforme Meira Mattos (1980), da superação de dificuldades existentes, e que se baseiam: na 
necessidade da cooperação entre nações, para o pleno domínio da massa continental, situação 
encaminhada com a assinatura do Tratado de Cooperação Amazônica
13
; a ampla extensão da 
área a ser integrada; as condições impostas pela natureza; e a dificuldade de povoamento. Para 
suprir esses empecilhos, Meira Mattos, apresenta o sistema de pólos de desenvolvimento para 
garantir o completo domínio da continentalidade. Definindo as áreas interiores de intercâmbio 
fronteiriço, dividida em três áreas pólos (ver mapa 2) que são: 
 
 
13
 O Tratado de Cooperação Amazônica foi assinado em 1978 
20 
 
Mapa 2: Áreas interiores de intercâmbio fronteiriço 
 
 Fonte: MATTOS, 1980, p. 154 
 
1) Rios Negro e Branco. Aqui encontramos a proposta de duas subáreas, a primeira no 
Rio Branco definida pelo triângulo Boa Vista (Brasil), Santa Helena do Uairén 
(Venezuela) e Lethen (Guiana), sendo necessária a ligação com Georgetown, 
considerada precária, frente à recém-aberta BR 174 que possibilitava a interligação de 
Caracas-Manaus. A segunda localiza-se no alto Rio Negro, tendo como base das 
políticas de desenvolvimento e ocupação as localidades de São Gabriel da Cachoeira e 
Cucuí (Brasil) e Barcelos e Mitu (Colômbia). A ligação destas subáreas seria efetivada 
pela Perimetral Norte e as vias longitudinais. 
2) Rio Solimões que se constituirá na interligação de três nações a partir das localidades 
de Tefé, São Paulo de Olivença, Tabatinga, Bejamim Constant (Brasil), Letícia 
(Colômbia) e Ramón Castilla e Iquitos (Peru). A rodovia Mitu-Tabatinga-Cruzeiro do 
Sul articulará a primeira com a segunda área pólo. 
3) Consistem na articulação dos sistemas fluviais dos rios Madeira e Purus, tendo como 
suporte as localidades de Porto Velho, Guajará-Mirim e Rio Branco (Brasil), Guyará-
Mérim, Riberalta e Cobija (Bolívia). A rodovia Humaitá-Rio Branco interligará essa 
área pólo a uma grande massa interior. Essa terceira área pólo consiste na busca de 
1
2
3
21 
 
domínio econômico e político do divisor das bacias hidrográficas do Prata e 
Amazonas, fomentada nas sistematizações do General Travassos e aprofundada por 
Couto e Silva. Essa área pólo já possuía uma ligação rodoviária com a plataforma 
central definida por Couto e Silva. 
 
Segundo Meira Mattos (1980, p.174), essas três frentes articuladas “(...) produzirão 
irradiações de desenvolvimento econômico e social que difundiriam energia renovadora em 
círculos concêntricos crescentes, cujo poder e velocidade de difusão variariam conforme a 
força do dínamo gerador.”. Desta forma garantir-se-ia a preservação do meio ambiente e o 
respeito às reservas indígenas, pois o processo de desenvolvimento giraria em torno de pólos 
“bem distribuídos”, ligados por sistemas viários que garantiriam “(...) um verdadeiro centro 
de progresso social e econômico (...)” (Meira Mattos, 1980, p.174). 
Até aqui podemos observar como se constrói o pensamento geopolítico brasileiro, o 
mesmo encontrará espaço concreto ao pleno desenvolvimento de suas sistematizações em 
dois períodos históricosda República Brasileira: o Estado Novo e o governo Militar. Ambas 
as estruturas autoritárias que chegam ao centro do poder da República e desenvolvem ações 
voltadas ao “progresso econômico” do país. Uma das principais definições geopolíticas foi à 
aprovação da Amazônia Legal
14
, estabelecendo, conforme Meira Mattos, uma clareza para o 
processo de ocupação e desenvolvimento socioeconômico, principalmente pela capacidade 
de formulação de políticas públicas e garantia de incentivos. 
 
1.2 A Amazônia brasileira 
 
Historicamente o território amazônico constituiu-se como um amplo espaço para o 
desenvolvimento da empresa colonial portuguesa. Aproveitando-se do interesse espanhol na 
exploração de ouro e da prata, nas minas existentes no que se definiu como América 
espanhola, bem como da unificação das coroas
15
, integrando Portugal a União Ibérica. Estes 
dois pontos possibilitam um processo de ocupação pacífica do “grande rio”, por portugueses. 
 Essa presença portuguesa permitiu o alargamento das fronteiras do reinado lusitano 
após o fim da União Ibérica, definindo as novas fronteiras dos empreendimentos coloniais do 
 
14
 A Amazônia Legal prevista no artigo 199 da Constituição de 1946 é regulamentada pela Lei 1.806 de 1953 
que constitui o território segundo critérios político, fisiógrafo e geográfico envolvendo os Estados do Pará e 
Amazonas, o norte do paralelo 16° do Estado de Mato Grosso, norte do paralelo 13° do Estado de Goiás, oeste 
do meridiano 44° do estado do Maranhão e os Territórios Federais de Guaporé, Rio Branco e Acre. 
15
 No ano de 1580 os Reinos de Portugal e Espanha são unificados sob a orientação política do Império 
Espanhol. O domínio político Espanhol sobre os portugueses durará até o ano de 1640. 
22 
 
Maranhão e Grão Pará e do Brasil
16
. A assinatura do Tratado de Madri
17
 (1750) (ver mapa 3), 
posteriormente alterado pelo Tratado de Santo Idelfonso (1777), estabelece um novo marco de 
divisão das terras, ao sul do “Novo Mundo”, com Portugal assumindo a gestão do território 
que se constituem nos marcos territoriais da atual
18
 República Federativa do Brasil. 
 
Mapa 3: Definição do território brasileiro em 1759, após assinatura do Tratado de Madri. 
 
 Fonte: arquivo geral de Simancas, acessado em 23/02/2012. 
 
 
16
 Até o ano de 1822 Portugal administrou duas colônias na América do Sul a Maranhão e Grão Pará e do Brasil 
que apesar de manterem relações entre si possuíam estruturas diferentes subordinadas à coroa lusitana. 
17
 O estabelecimento do critério de “Uti possidetis” permitiu a definição do novo marco territorial entre Espanha 
e Portugal. Garantindo a Portugal a posse da terra a onde já estivessem estabelecido colonos Portugueses. 
18
 Excluídas as questões fronteiriças com a Inglaterra, França e Bolívia que seriam resolvidas posteriormente ao 
Tratado de Santo Idelfonso através dos tratados estabelecidos pela arbitragem do Rei Vitório Emanuel III (1904) 
do Presidente da Confederação Suíça (1900), pelo Tratado de Petrópolis (1903), respectivamente. 
23 
 
O estabelecimento do marco legal permitia a Portugal a continuidade do processo de 
colonização das margens do “grande Rio” e seus afluentes. A geógrafa Bertha Becker19 
(2001) apresenta três níveis conceituais para a compreensão do processo de ocupação da 
Amazônia. 
 O primeiro nível se caracteriza pelo padrão econômico
20
, pautado na exportação de 
produtos ao mercado internacional
21
. Conforme Becker a esse padrão de ocupação da 
Amazônia associa-se “[...] duas características básicas [...]” (Becker, 2001, p.135). A primeira 
consiste em intervenções econômicas organizadas por iniciativas externas ao espaço 
amazônico e a segunda a importância geopolítica da região. Esse padrão econômico é 
observado, por Becker, através de “(...) surtos devassadores ligados à valorização 
momentânea de produtos no mercado internacional, seguidos de longos períodos de 
estagnação.” (Becker, 2001, p.135). 
O segundo nível conceitual, o político-ideológico, baseia-se na distinção entre os 
processos de ocupação, pautados pela autora como modelos exógenos e endógenos. O 
primeiro pauta-se na defesa da soberania e na relação com a metrópole para a organização do 
espaço-territorial, baseado numa postura centralizadora do desenvolvimento local. O segundo 
modelo consiste na busca de uma organização local, pautando-se na autonomia e no 
desenvolvimento local. 
Interessa-nos esse último padrão de ocupação, tendo em vista que se baseia no 
processo de integração nacional, após o golpe de 1964, amparado nos princípios geopolíticos 
que defendiam uma ampla política de integração da Amazônia legal, ao ecúmeno nacional e 
ao processo de produção capitalista, desenvolvido no Brasil, a partir da década de 1950
22
. 
 
19
 Publica o artigo “Revisão das políticas de ocupação da Amazônia: é possível identificar modelos para projetar 
cenários?”. Onde rediscute as políticas de ocupação e o caráter geopolítico dado a região pelo Estado brasileiro, 
através de intervenções que permitiram a posse do território. 
20
 Becker, 2001, p.135. “Tal dominância se vincula ao fato da ocupação do que é hoje a Amazônia, o Brasil e 
toda a América Latina, constituir um episódio do amplo processo de expansão marítima das empresas comerciais 
européias, formando-se como as mais antigas periferias da economia-mundo capitalista. Em outras palavras, 
forjaram-se no paradigma sociedade-natureza denominado “economia de fronteira”, em que o progresso é 
entendido como crescimento econômico e prosperidade infinitos, baseados na exploração de recursos naturais 
percebidos como igualmente infinitos”. 
21
 Podemos aqui identificar dois grandes ciclos estabelecidos na Amazônia. O primeiro dar-se no período 
colonial, com a garantia das “Drogas do Sertão”, amplamente consumidas na Europa. O segundo coincidirá com 
a segunda revolução industrial, quando a Amazônia torna-se a maior exportadora de borracha para os centros 
industriais da Europa e dos EUA, englobando um período que vai de meados do século XIX até o primeiro 
quartel do século XX. 
22
 A partir de 1950 desenvolve-se no país, durante o governo de Getúlio Vargas, o processo de organização da 
infraestrutura de energia e aço para dar suporte ao incremento de substituição das importações que se 
materializou no Brasil desde a década de 1930, sendo incrementada principalmente a partir do governo de 
Jucelino Kubitschek. 
24 
 
Podemos observar anteriormente que o pensamento geopolítico brasileiro adotou 
medidas visando o desenvolvimento do país. A ocupação da Amazônia, conforme Becker, 
respondia a interesses específicos dos militares, respondendo as questões de âmbito nacional 
como: as tensões oriundas da modernização da agricultura e da consolidação dos latifúndios 
como forma de organização da exploração econômica da terra, buscando evitar o 
desenvolvimento de focos revolucionários. No âmbito internacional os militares 
fundamentavam as ações à Amazônia com intuito de manter seu poder político sobre a região, 
ameaçado pelo direcionamento de ocupação, dos países fronteiriços de suas Amazônias e pelo 
desejo de exploração dos países industrializados. 
O terceiro nível consiste no padrão das relações externas estruturadas no 
desenvolvimento exógeno de redes de comunicação, as quais garantem o processo de 
produção econômica (extração de recursos naturais) à exportação, em contraponto ao modelo 
endógeno que se pauta em áreas extensas voltadas a produção de produtos naturais locais. 
Conforme Becker essesmodelos se complementam: 
 
 
 
 
 
 
Importante salientar as observações de Furniel (1993), onde podemos acrescentar as 
aspirações de fortalecimento do desenvolvimento capitalista do país, através da exploração 
econômica da Amazônia, principalmente na possibilidade de exploração dos recursos 
minerais existentes na região
23
 e desenvolvimento agropecuário. O II plano de 
desenvolvimento apresentado (1974) iria fundamentar uma política de Estado, visando 
garantir a definitiva ocupação da região amazônica, pautando suas ações numa ampla política 
de infraestrutura, incentivos fiscais e subsídios a empresas nacionais e multinacionais. 
Para subsidiar a nova estrutura de organização da região, o Governo brasileiro, adota 
um elenco de medidas a fim de fortalecer a presença do Estado na Amazônia brasileira. O ano 
de 1966 é marcado pela ação direta da burocracia estatal no arcabouço necessário ao 
financiamento da integração econômica da região. A criação da Superintendência de 
 
23
 Conforme Oliveira (1989) 74% das descobertas mineralógicas da Amazônia ocorre entre os anos de 1966 a 
1980, principalmente através de parceria firmada entre o governo militar e o governo norte-americano. O último 
disponibilizou sua força área (USAF) para realizar levantamentos aerofotogramáticos do país entre 1967 e 1970. 
Certamente redes e áreas sempre se combinam. Dois critérios, contudo, permitem 
associar tais geometrias respectivamente aos modelos exógeno e endógeno: o 
privilégio dado à exportação versus o desenvolvimento local, e a predominância 
de sua utilização. (Becker, 2001, p.136) 
25 
 
Desenvolvimento da Amazônia, SUDAM, e, a transformação do Banco da Borracha S/A em 
Banco da Amazônia S/A (Lei 5.173) e a criação do Fundo para Investimentos Privados no 
Desenvolvimento da Amazônia, FIDAM (Lei 5.122). Essa estrutura financeira visava 
fomentar o desenvolvimento das ocupações empresariais na Amazônia brasileira, 
principalmente ao longo das rodovias federais abertas e projetadas. 
Outro passo importante para o cumprimento dos objetivos, propostos pelos militares, 
no processo de ocupação da Amazônia é a definição do Programa de Integração Nacional – 
PIN – publicado pelo Decreto-Lei24 1.106, de 16/06/1970, tem como principal objetivo a 
integração física da nação, através da construção de rodovias que permitiriam: 1º articular a 
Amazônia e o Nordeste às regiões do Centro-Oeste, Centro-Sul e Sul; 2º interiorização da 
prosperidade e do progresso
25
; 3º Criar condições para a ocupação metódica da Amazônia, de 
forma racional e planejada; 4º melhoramento de áreas para absorver o excesso populacional, 
principalmente do Nordeste. 
Outros três instrumentos legais consolidados pelo governo militar são: o Código de 
Mineração, estabelecido pelo Decreto-Lei 227, de 28/02/1967, e, alterado pelo Decreto-Lei 
318/1967 que estabeleceu a responsabilidade da União administrar os recursos minerais, a 
indústria de produção mineral e distribuição, o comércio e o consumo de produtos minerais; o 
INCRA, criado pelo Decreto-Lei 1.100 de 09/07/1970, centralizando neste órgão as ações 
desenvolvidas pelas autarquias Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, Instituto Nacional de 
Desenvolvimento Agrário e o grupo Executivo de Reforma Agrária; e, o Estatuto da Terra 
criado pela lei 4.504, de 30/11/1964 que regulamenta o uso da terra no país e disciplina a 
prioridade a posse privada, bem como, fundamenta a ação do governo em torno do que se 
estabelece no artigo 14 que define ao poder público facilitar e prestigiar a criação e expansão 
de empresas rurais de pessoas físicas e jurídicas. 
Podemos então concluir que o processo de ocupação da Amazônia idealizado pelos 
militares, após o golpe, sustenta-se em três objetivos específicos: 1º servir de válvula de 
escape aos conflitos de terras estabelecidos no Nordeste, Sudeste e Sul do país; 2º ocupar o 
grande “vazio demográfico” do ecúmeno nacional; 3º permitir a estruturação do processo de 
exploração e escoamento dos recursos amazônicos. 
 
24
 O Decreto-Lei consiste numa saída administrativa aprovada na constituição que permite a definição de 
políticas pelo executivo sem necessitar aprovação do plenário do congresso nacional, instituída na constituição 
de 1967. 
25
 Devemos perceber que esta noção de progresso é enaltecida em virtude do amplo crescimento econômico 
conquistado pelo país após entrada em vigor do I Plano Nacional de Desenvolvimento, baseado na substituição 
de importações através da consolidação da abertura do mercado nacional a empresas e industrias multinacionais, 
esse período historicamente ficou conhecido como “milagre brasileiro”. 
26 
 
2. O Estado brasileiro como Indutor do Desenvolvimento 
O governo federal no intuito de romper com a baixa densidade demográfica da região, 
bem como inserir a região amazônica no processo de desenvolvimento que o país vivenciou 
durante a vigência do I PND, lança um novo programa quinquenal, denominado II PND. 
Antes de estudarmos detalhadamente as metas elencadas para o TFR é necessário 
conhecermos como se pensou a inserção da Amazônia ao crescimento econômico brasileiro. 
Desde a chegada dos portugueses a foz do Amazonas que a região sofre com ações de 
desenvolvimento econômico e social, as intervenções sempre pautadas na garantia de posse 
do território e na ocupação do solo com pessoas. O desenvolvimento republicano e a busca de 
superação dos desequilíbrios regionais possibilitou uma política mais definida, à Amazônia, 
no decorrer do século XX. Inicialmente com os Planos de Desenvolvimento da Amazônia 
(PDA), porém estes desarticulados das políticas públicas idealizadas as outras regiões 
brasileiras, principalmente as direcionadas ao núcleo central do capital brasileiro. 
O II PND apresenta a sociedade brasileira e aos poderes públicos um conjunto de 
ações que permeiam o desenvolvimento econômico e social do país, porém, um de seus 
pilares consiste na busca da integração econômica das regiões brasileiras, assumindo a 
Amazônia, um papel especialmente destinado ao fomento de matérias primas aos centros 
produtores do capital nacional e internacional. Portanto como veremos a ocupação continuará 
sendo necessária à garantia da soberania nacional sobre o território, mas, a lógica de 
disponibilidade de terras sofre uma transformação profunda, o cidadão perde lugar para a 
empresa em nome do Brasil Potência. 
A SUDAM apresenta no ano de 1976 o Programa de Ação do Governo para a 
Amazônia, mais conhecido como II Plano de Desenvolvimento da Amazônia – II PDA, onde 
a proposta de inserção segue a lógica de desenvolvimento preconizado no II PND, porém 
ultrapassa o método da criação dos polos de desenvolvimento. Neste capítulo conheceremos 
um pouco como se fundamenta a ação da autarquia frente às ações programadas pelo governo 
do país. 
 
2.1 O II Plano Nacional de Desenvolvimento – II PND 
 
Em 10 de setembro de 1974, o Presidente da República, Gal. Ernesto Geisel, anuncia 
ao seu corpo administrativo de Ministros de Estado os objetivos do II Plano Nacional de 
Desenvolvimento (II PND), estabelecido para definir a política econômica e social a ser 
27 
 
consolidada entre os anos de 1974 e 1979. Em 6 de dezembro de 1974 é publicada, no diário 
oficial da República, a Lei nº 6.151, de 4 de dezembro de 1974, sancionada pelo Presidente da 
República, após aprovação do congresso nacional. 
Em sua apresentação a sociedade e encaminhamento da proposta ao congresso, em 10 
de setembro de 1974, Ernesto Geisel, esclarece as dificuldades de âmbito externo e interno 
enfrentadaspelo país. Segundo seu pronunciamento os principais problemas a serem 
enfrentados, pelo país, são: a) a crise do sistema monetário internacional; b) a crise de energia 
e matérias-primas essenciais; c) a inflação epidêmica; d) crise do comércio exterior; e) crise 
da balança de pagamentos; f) crise de confiança na estabilidade; g) a inquietação social. 
O quadro econômico, relatado pelo Presidente da República, esclarece a imensa crise 
do sistema capitalista no período, oriunda da crise do petróleo, que desregulamentou a 
estrutura do sistema, apesar de ser uma crise setorial, não estrutural como a que vivemos a 
partir de 2008. Para os fomentadores da ideia “Brasil Potência”, fundamentada na assertiva de 
Meira Mattos e Golbery, o presidente Gal. Geisel afirma que: 
 
 
 
 
 
 
 
Desta forma era necessário um amplo esforço nacional do Estado e das empresas e 
associações privadas, mas, principalmente da população brasileira. Segundo Silva (1983) o 
milagre
26
 começa, entretanto, a mostrar sua fraqueza ao longo do governo. A crise do petróleo 
e a pobreza, “... acentuam o descontentamento com o regime, alvo de profundas críticas, 
acusado, em particular, de ter acentuado as desigualdades regionais e sociais, com brutal 
concentração de renda junto aos mais ricos.”, (Silva, p. 330). Portanto é necessário que esse 
povo cumpra seu papel neste momento histórico, conforme apresentou o Presidente da 
República em seu discurso: 
 
 
 
26
 O Milagre Econômico é o período histórico de amplo crescimento da economia brasileira (1971 a 1973) onde 
o Brasil cresceu a uma média de 9% o seu PIB, baseada a uma política de substituição de importações de bens 
não duráveis, pautado na abertura do mercado a grandes empresas e conglomerados internacionais. 
Cumpre, pois, aos responsáveis, em todos os escalões de chefia ao longo do 
multiforme processo de desenvolvimento nacional, compensar os pecados 
imanente a um planejamento tal, inserido como se vê num clima todo de 
incertezas, pela ação pronta e ágil, sábia no aproveitamento de oportunidades 
novas que se ofereçam, e capaz de atingir, a despeito dos obstáculos imprevistos 
que não deixarão de ocorrer, os objetivos prefixados para a marcha ininterrupta 
do País aos destinos que almejamos. (Ernesto Geisel, Brasília, 10/09/1974) 
[...] e, mais do que isso, à incansável e provada tenacidade de nosso povo tão 
sofrido, mas que não se deixará abater pelo espectro de dificuldades acrescidas, 
as quais temos razões para crer sejam transitórias e certamente superáveis. 
(Ernesto Geisel, Brasília, 10/09/1974). 
28 
 
 No desenvolvimento das ações de crescimento econômico previstas, no II PND, o 
governo brasileiro destaca o caráter liberal e “entreguista” orientador da política econômica, 
durante a ditadura militar, pautando a solidariedade do povo às empresas internacionais “... 
oferecemos à cooperação internacional
27
 – a capitais, tecnologia, trabalho qualificado – porto 
seguro e acolhedor na incerteza na hora presente.”, (Ernesto Geisel, Brasília, 10/09/1974). 
 Em seu discurso, Ernesto Geisel, apresenta a necessidade de manter o crescimento da 
produção doméstica pautando esta ação principalmente nos desestímulos econômicos, 
principalmente o fim de subsídios à indústria nacional, ampliando o parque industrial 
brasileiro a produção de não-ferrosos, fertilizantes, novas fontes de energia e bens de capital. 
O disciplinamento da balança comercial com novas frentes de exportação e ajuste na pauta de 
importações é apresentado como essencial para garantir um adequado escalonamento da 
dívida externa e aumento das reservas monetárias. 
A ocupação dos espaços vazios, amplamente preconizados pela geopolítica brasileira, 
é apresentada como uma das tarefas mais fascinantes. Os 10 anos de golpe proporcionaram 
“Caminhos físicos, na trama de uma infraestrutura ampliada e vitalizada...” (Ernesto Geisel, 
Brasília, 10/09/1974), ao sertão nordestino, a hileia amazônica e a vastidão do planalto 
central. Permitindo uma ação integrada através da associação do Estado, empresas e 
trabalhadores para impulsionar novos programas e projetos “... os quais transformarão, 
econômica e socialmente, áreas antes marginalizadas e estagnadas e darão densidade 
econômica a vazios de homens e riquezas, sem os perigos da depredação do valioso 
patrimônio de nossos recursos naturais”, (Ernesto Geisel, Brasília, 10/09/1974). 
O II PND está dividido em 4 partes: 1ª Desenvolvimento e Grandeza: O Brasil como 
Potência Emergente; 2ª Grandes temas de hoje e amanhã; 3ª Perspectivas: O Brasil no fim da 
década; e 4ª Ação para o desenvolvimento. O Plano possui um total de 15 capítulos que 
definem as ações e prioridades do governo para o quinquênio: A inovação tecnológica da 
produção industrial e agropecuária; o desenvolvimento urbano – principalmente das regiões 
metropolitanas; a distribuição de renda; a geração de empregos e a melhoria dos indíces 
nacionais de educação, saúde, habitação, trabalho, treinamento profissional, previdência e 
assistência social; e a inserção da Amazônia no processo de produção nacional são temas 
abordados no planejamento. 
 
27
 Conforme Olivira (1989) a cooperação proposta pelo governo ficou marcada pelos grandes incentivos fiscais e 
financeiros dispensados pelo governo brasileiro aos empreendimentos internacionais, principalmente em relação 
aos programas de desenvolvimento da Amazônia brasileira conforme veremos adiante. 
29 
 
Vários economistas ao analisarem as propostas apresentaram criticas em virtude da 
inviabilidade de cumprimento dos objetivos econômicos propostos, principalmente no que se 
refere ao crescimento do PIB a 10% ao ano. Para Lessa (1981) o II PND era impossível de ser 
implementado, em função do seu gigantismo e da crise econômica mundial, uma vez que se 
tratava de Nação-Potência, não apoiado pelas bases do regime militar. 
Já Sandroni (2000) identifica que o Plano conquistou significativos avanços na 
geração de bens de capital, de energia, prospecção de petróleo e produção de álcool, mas o 
alcance dos objetivos estaria muito aquém do que foi traçado para o aumento do PIB, da renda 
per capta, das exportações e do mercado consumidor, conforme a tabela 1 que apresentam 
alguns indicadores econômicos para o período. 
 
Tabela 1: Metas e Indicadores previstos no II PND 
Magnitudes Globais Previsão 1974 Indicador 1979 Aumento no 
período 
Produto interno Bruto (em 
bilhões de CR$) 
785 1.264 61% 
População (em milhões) 104,2 119,7 15% 
PIB per Capita (em milhares de 
CR$ de 1975) 
7,5 10,5 40% 
PIB (US$ bilhões 1973) 78 125 61% 
PIB per Capita (US$ de 1973) 748 1.044 40% 
Investimento bruto fixo (em de 
bilhões de CR$ de 1975) 
196 316 61% 
Consumo Pessoal (Em bilhões de 
CR$ de 1975) 
546 847 55% 
Produto Industrial (Em bilhões 
de CR$ de 1975) 
212 374 76% 
Produto da indústria de 
transformação (em bilhões de 
CR$ de 1975) 
154 274 78% 
Produto agrícola (em bilhões de 
CR$ de 1975) 
93 130 40% 
População economicamente 
ativa (em milhões) 
32,9 38 16% 
Emprego industrial (em milhões) 6,1 8,1 33% 
Emprego na indústria de 
transformação (em milhões) 
3,3 4,2 27% 
Exportação de mercadorias (em 
bilhões de US$) 
8 20 150% 
 Fonte: Brasil, 1974, p. 32 
 
Apesar de não ser interesse o desenvolvimento da análise sobre o desempenho 
econômico do II PND, vejo como essencial a apresentação da tabela acima a fim de 
compreendermos as metas econômicas apresentadas na proposta. Pode-se observar o caráter 
ousado em muitas áreas, aexemplo do crescimento da produção industrial girando na casa de 
30 
 
70%, mesmo diante das políticas protecionistas e da falta de crédito no sistema monetário 
internacional, em virtude da ampla crise do capital. 
O capítulo 3º, do Plano, ao apresentar sua estratégia de industrialização e 
fortalecimento da agropecuária, apresenta que se espera a taxa de crescimento, da indústria, a 
12% ao ano, na busca de definição do perfil industrial do Brasil, propõe-se: expansão pela 
utilização da capacidade subutilizada, ampliação de fábricas, nova fase de substituição de 
importações, priorizando o setor de insumos básicos “[...] para corrigir desbalanceamentos na 
estrutura industrial e para poupar divisas.”, (Brasil, 1974, p. 37). 
O modelo brasileiro de capitalismo industrial proposto pelos militares preconizava o 
amplo fortalecimento do setor privado, garantindo uma participação da empresa nacional, a 
qual não teria, porém as políticas de incentivos financeiros adotados até o II PND, desta forma 
viabilizavam-se: 
 
 
 
 
 
Essa participação das empresas nacionais seria preconizada através de fusões e 
incorporações de vários setores, buscando construir oligopólios e trustes que pudessem 
disputar o mercado com as empresas multinacionais que possuíam acesso livre ao país, desde 
o governo de Vargas (1951-1954), incrementado a partir do governo de Jucelino (1955-1960), 
e por fim consolidada, a abertura do mercado, no governo militar. 
Os grupos de insumos básicos fomentadores de investimento está principalmente no 
fortalecimento da extração mineral, conforme o plano de desenvolvimento, os objetivos 
nacionais preveem o desenvolvimento dos setores de: produtos siderúrgicos e suas matérias-
primas; Metais não-ferrosos e suas matérias-primas; produtos petroquímicos e suas matérias-
primas; fertilizantes e suas matérias-primas; papel e celulose; matérias-primas para indústria 
farmacêutica; e cimento, enxofre, outros minerais não-metalícos. 
Em relação a Amazônia, o II PND, apresenta a necessidade de fortalecimento da Zona-
Franca de Manaus, como pólo central de desenvolvimento, aliado a busca de integração do 
processo de produção industrial a agropecuária e a exploração mineral, como oportunidades 
de integração da Amazônia brasileira ao processo de desenvolvimento do País. 
A estratégia agropecuária prevê a ampliação do setor, buscando “[...] efetivar a 
vocação do Brasil como supridor mundial de alimentos, matérias-primas agrícolas e produtos 
[...] o desenvolvimento da indústria através do setor privado, e, de outro lado, 
assegurar à empresa nacional papel importante na estrutura industrial moderna e 
poderosa que se deseja consolidar, no País. (Brasil, 1974, p. 37). 
31 
 
agrícolas industrializados.” (Brasil, 1974, p. 41). Essa visão incluía diretamente a expansão da 
fronteira agrícola, em um primeiro momento estruturada para ocupação do centro-oeste, 
porém, a Amazônia não escapou destas incursões produtivas “[...] tendo em vista que o 
gigantesco sistema viário já construído colocou à disposição do setor imensas áreas no centro-
oeste e na Amazônia.”, (Brasil, 1974, p. 42). Um dos objetivos era impedir que esse 
incremento de terras caminhasse para uma agricultura de subsistência, não possuindo o caráter 
empresarial desejado. 
Aqui se fundamenta uma das mudanças no processo de ocupação da Amazônia, já 
mencionado anteriormente. Busca-se o desenvolvimento da agricultura empresarial, em 
detrimento da colonização das terras com pequenos posseiros, em pequenas parcelas de terra. 
O latifúndio que era uma realidade dura aos trabalhadores do campo, no nordeste e centro-sul 
iria começar a estruturar-se na região a ser ocupada pelo capital. Poderemos observar, ao 
conhecermos as metas propostas no governo de Ramos Pereira, no POLORORAIMA, que 
esse modelo é idealizado no desenvolvimento agropecuário do Território Federal de Roraima 
A proposta de desenvolvimento apresentada, no II PND, é contra estatização, 
definindo um modelo econômico de mercado “[...] a fim de que haja estabilidade e eficiência 
do sistema.”, (Brasil, 1974, p. 48). Importante entender esse modelo para mensurar como se 
desenvolve o processo de ocupação da Amazônia com os pólos de desenvolvimento. 
Apresenta que os setores de infra-estrutura (energia, transporte e comunicações) são 
atribuições do Estado, devendo o setor privado atuar através de concessões 
complementarmente. Bem como as áreas de desenvolvimento social (educação, saúde, 
previdência social) devem desenvolver-se em ação conjugada com a iniciativa privada. A 
habitação constitui-se como uma ação executiva do setor privado geralmente. 
Já o processo de produção a indústria, a agropecuária, o comércio, o sistema financeiro 
são campos exclusivamente do setor privado, onde o Estado assume o papel de subsidiá-lo: 
 
 
 
 
 
O capítulo 5, do Plano, nos interessa em virtude do objeto de estudo desta pesquisa, o 
qual estabelece a integração nacional e a ocupação do universo brasileiro. Duas preocupações 
fundamentam o processo de integração nacional: 1º o melhor equilíbrio econômico-político 
entre as diferentes regiões, seja dentro do centro-sul ou das outras macrorregiões em relação 
[...] não apenas o Governo confia seu desenvolvimento à iniciativa privada, como 
procura provê-la das condições para um desempenho satisfatório, através de 
incentivos fiscais, financeiros, política de preços e outros estímulos. (Brasil, 1974, 
p. 49). 
32 
 
ao centro-sul
28
; e, 2º A colocação geopolítica da interação entre utilização econômica do 
grande espaço brasileiro, realização da vocação do Brasil de supridor de produtos agrícolas e 
política de população. Pode-se perceber a noção clara da divisão internacional do capital, 
onde países em desenvolvimento possuem o papel tático de fomentador de insumos ao 
desenvolvimento industrial dos grandes centros, seja internamente ou em relações a outras 
nações, tendo a política demográfica um papel significativo neste processo. 
A política demográfica estabelecida, no II PND, busca responder a questões, de caráter 
estratégicos, seja no âmbito do planejamento e processos de desenvolvimento sócio-
econômico quanto de segurança. A necessidade de uma política de ocupação demográfica, do 
planalto central e da Amazônia, se expressa claramente sob a ótica da sustentação do modelo 
econômico “ [...] pode representar significativa contribuição do Brasil à redução da escassez 
mundial de alimentos, minerais e outras matérias-primas [...]” (Brasil, 1974 pág. 58). 
A estratégia de integração nacional expressa a busca de uma noção de conjunto, no 
intuito de reforçar as relações das demais macrorregiões com o centro-sul industrializado “ 
[...] do ponto de vista principalmente do fluxo de mercadorias, num sentido e no outro, e do 
fluxo de capitais e tecnologia, do centro-sul para as outras áreas.” (Brasil, 1974 pág. 60). Esse 
processo caracteriza-se por duas premissas: 1º Início da contribuição significativa das novas 
áreas ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), principalmente em agricultura, pecuária 
e mineração e 2º integração efetiva entre as regiões, tendo como principal suporte a 
infraestrutura de transporte e de comunicações. 
Quatro pontos se caracterizam como essenciais, ao governo, para execução de sua 
meta de integração das regiões nordeste, norte e centro-oeste ao complexo produtivo do 
centro-sul: 1º efetivação de programa de investimento, prevendo a aplicação de Cr$ 165 
bilhões em 4 anos; 2º Utilização do enfoque de áreas integradas caracterizadas pelos pólos de 
desenvolvimento, tendo como fundamento de sua identificação “[...] à base dos recursos 
agrícolas, pecuários, florestais,minerais e etc, a serem aproveitados.” (Brasil, pág. 60). Aqui 
encontramos a definição da inserção econômica da Amazônia no desenvolvimento capitalista 
brasileiro alicerçado em pólos agropecuários e agrominerais. Essa política visava “[...] 
permitir uma ação concentrada do Governo e do setor privado [...]”(Brasil, pág. 60), visando o 
desenvolvimento de uma economia de escala. 
A terceira premissa apresenta o desenvolvimento de uma política de colonização e 
desenvolvimento agropecuário orientado, mesclando as áreas de ocupação com projetos que 
 
28
 Notemos aqui o conceito de núcleo central formulado por Golbery. 
33 
 
contemplasse pequenos produtores com iniciativas de fomento a empresas rurais e de 
colonização, Oliveira (1989) apresenta os conflitos de terra que essa política ocasionou, 
permanecendo sem solução até nossos dias. Ao fundamentar sua estratégia de execução, o 
governo, explicita que o fomento a colonos e pequenos produtores terá prioridade no nordeste, 
limitado a algumas áreas da Amazônia e centro-oeste, ou seja, o processo de distribuição do 
acesso a terra será através de empreendimentos empresariais, principalmente voltados a 
criação de gado e extração mineral, conforme apresenta Oliveira (1989). 
A última diretriz estabelece a preocupação com a preservação dos recursos naturais, 
principalmente da Amazônia, tendo como principal estratégia o desenvolvimento da pesquisa 
que deveria fomentar as intervenções econômicas na região. Parece-me que este ponto surge 
apenas para justificar a ação exploratória na região, pois é apresentado em apenas três linhas, 
deixando o governo de definir como agiria para evitar a devastação dos recursos naturais, 
observada pelos processos de pecuária e mineração que imporiam diversos crimes ambientais, 
hoje aumentados em virtude da contínua busca de expansão da fronteira agrícola em direção a 
Amazônia, não mais para criação de gado, e sim, para plantação de grãos, especificamente 
soja. 
O II PND apresenta sua estratégia de ocupação produtiva da Amazônia, vinculada ao 
processo de ocupação do centro-oeste, identificando que a Amazônia “[...] constitui um 
desafio agrícola de proporções gigantescas.” (Brasil, pág. 65). A base de ocupação é 
apresentada ao longo dos eixos naturais de penetração e das rodovias recentemente abertas e 
das referidas áreas integradas possibilitaria o desenvolvimento de três programas: 1º 
Aproveitamento Integrado de Vales; 2º Setoriais de Base Empresarial e 3º Colonização ao 
Longo dos Novos Eixos Viários. 
A integração econômica proposta através dos subsídios e financiamentos do Estado 
brasileiro propõe o desenvolvimento da pecuária de corte, extração e industrialização da 
madeira, mineração e indústrias eletrolíticas, lavouras selecionadas de caráter comercial, 
pesca empresarial e turismo. Sendo definidos três campos de atuação: 1º o programa de pólos 
agrominerais e agropecuários (POLAMAZÔNIA); 2º Complexo Minero-metalúrgico da 
Amazônia Oriental e 3º a Política de desenvolvimento de Recursos Florestais e Uso Racional 
dos solos da Amazônia. 
O Plano atendendo as diretrizes previstas no POLAMAZÔNIA
29
 prevê a implantação 
na região de 7 pólos agropecuários sendo: 1 nos Estados Amazonas, Acre, Maranhão e Pará, 2 
 
29
 Criado através do Decreto 74.607, de 25 de setembro de 1974, contava com um orçamento de Cr$ 4 bilhões. 
34 
 
no norte do Mato Grosso e 1 que engloba os limites norte do antigo Estado de Goáis
30
 e 
Maranhão. Também descreve o desenvolvimento de 6 pólos agrominerais 1 nos Estados e 
Territórios de Mato Grosso, Rondônia, Roraima, Pará e Amapá, o Pólo de Carajás-Itaqui 
engloba a região limitrofe dos Estados do Pará e antigo Goiás. Toda essa infra-estrutura 
estaria ligada a três grandes pólos urbanos São Luís, Belém e Manaus. 
 
Mapa 4: Pólos de desenvolvimento idealizados para a Amazônia 
 
 Fonte: Brasil, 1974, pag. 67 
 
 Podemos identificar que ao Território Federal de Roraima foi definido um pólo 
agromineral, conhecido como POLORORAIMA, apesar de vermos mais a frente que a 
programação do POLAMAZÔNIA e do II Plano de Desenvolvimento Amazônico, projetam 
um pólo agropecuário, ao território. Mas, o II PND também apresenta em sua política de 
urbanização, expressa no capítulo IX a necessidade de dinamização não apenas dos pólos 
urbanos previstos, mas também das cidades de Cuiabá, Campo Grande, Corumbá, Dourados, 
Macapá, Rio Branco e Boa Vista, conforme mapa 5. Estrategicamente cidades localizadas em 
 
30
 A região hoje pertence ao Estado de Tocantins. 
35 
 
zonas fronteiriças, importantes à manutenção da unidade nacional e controle de intervenções 
externas, conforme preconizava a doutrina de segurança nacional. 
 Os principais programas dessa dinamização se constituem em políticas de 
infraestrutura baseadas em disponibilidade de serviços de saneamento e habitação. Ações que 
fomentam diretamente o processo de movimentação de pessoas dentro do território nacional. 
 
Mapa 5: Política nacional de desenvolvimento do II PND 
 
 Fonte: Brasil, 1974, pag. 91 
 
2.2 O POLAMAZÔNIA e o II Plano de Desenvolvimento da Amazônia – II PDA 
 
A Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia – SUDAM apresenta em 1976, 
a segunda proposta de organização econômica do espaço amazônico, o documento está 
dividido em 7 capítulos, sendo estes: o meio geográfico; caracterização socioeconômica; 
ações recentes do governo para a Amazônia; potencialidades regionais e suas condições de 
 Núcleos de apoio ao processo de ocupação 
 Regiões metropolitanas 
 Áreas de programas especiais 
 Área de controle 
Área de dinamização 
 Área de contenção 
 Eixos viários de penetração 
 Regiões de turismo 
 Área de disciplina e dinamização 
 
36 
 
aproveitamento; objetivos, estratégias e instrumentos do II PDA; organização racional do 
espaço; e ação programada do governo federal para a Amazônia. 
A política de desenvolvimento da Amazônia em consonância com as metas propostas 
no II PND previa manter as altas taxas de crescimento do PIB, principalmente através: a) da 
geração de divisas, resultantes da exportação; b) economia de divisas pela produção de 
insumos básicos à região centro-sul; c) liberação de produtos exportáveis, comprometida pela 
demanda interna. Note-se que o plano exacerba a importância econômica da região amazônica 
frente à crise mundial e o objetivo de transforma-se, o País, em uma potencia econômica. Os 
objetivos, apresentados abaixo, elencados pela SUDAM, à Amazônia, expressam claramente 
o papel que a região teria na formação da riqueza nacional, principalmente através da 
integração das regiões com os produtos extraídos da Amazônia servindo ao desenvolvimento 
industrial do centro-sul: 
 
a) Objetivo central 
Crescimento do produto e distribuição mais equitativa da renda, no contexto nacional de 
redução das desigualdades inter-regionais; 
b) Objetivos derivados 
Acelerar o crescimento regional com base no aproveitamento das vantagens comparativas 
de setores ou produtos selecionados; 
Intensificar a integração da Amazônia na economia do país por meio da elevação do 
volume de trocas inter-regionais; 
Contribuir substancialmente para o aumento da receita cambial líquida do país; 
Elevar o nível de renda da população, através da expansão do emprego produtivo, do 
aumento da produtividade e do poder de compra dos efetivos residentes na região; 
Promover a ocupação territorial e a elevação

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