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Aula 03. A FORMULAÇÃO DE HIPÓTESES.QUESTÕES DE ESTUDO

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Aula 03. A FORMULAÇÃO DE HIPÓTESES/QUESTÕES DE ESTUDO
Disciplina: PESQUISA E PRÁTICA EM EDUCAÇÃO VI
(p.2) Objetivo desta aula
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Perceber a importância da formulação de questões/hipóteses de estudo e saber diferenciá-las; 
2. conhecer diferentes tipos de variáveis; 
3. compreender a operacionalidade de hipóteses e variáveis e analisar a conveniência ou não na elaboração de hipóteses de acordo com as características do estudo; 
4. realizar estudos e reflexões que permitam a elaboração de questões ou hipóteses para o seu projeto monográfico levando em conta o Memorial Descritivo elaborado em PPEV.
(p.3) FORMULAR QUESTÕES OU HIPÓTESES DE ESTUDO?
Como temos visto, o processo de problematização é vital para a pesquisa, pois é a partir dele que vamos formular uma reflexão conscistente sobre o tema de modo a conceber um objeto de estudo. Mas a problematização não se encerra na delimitação de um objeto. A partir do nosso modo de ver as coisas, das teorias que conhecemos, das ideologias as quais nos filiamos, somos impelidos a desmembrar o problema de investigação em seus processos e elementos constituintes. Afinal, nenhum pesquisador dá conta de compreender toda a multiplicidade de dimensões de um fenômeno.
Maria Regina Bortolini
(p.4) Como vimos em PPEV, por exemplo, o estudo do problema da evasão escolar envolve diferentes dimensões, o que nos remete a diferentes fatores e questões a serem investigados:
Dimensão econômica: os alunos evadem para ir trabalhar? Para ajudar suas famílias? Para ter acesso a bens de consumo? Por que querem independência econômica?
Dimensão psicológica: como se percebem? Têm uma imagem positiva ou negativa de si mesmos? Experimentam um sentimento de fracasso?
Dimensão pedagógica: quais os fatores intraescolares que contribuem para a evasão? Os materiais e métodos de ensino são diversificados de modo a atender diferentes condições de aprendizagem? As relações humanas na escola são motivadoras?
(p.5) As perguntas formuladas nessa etapa da problematização nortearão o processo de investigação.
Elas são “uma tentativa de criar indagações [formulações] a serem verificadas na investigação”. (DESLANDES, 1994).
A elaboração de questões/hipóteses de estudo é um exercício de imaginação criativa. Geralmente elas têm origem na nossa observação da realidade, análise dos resultados de outras pesquisas e reflexão teórica aliada a certa intuição.
(p.6) Na formulação de questões/hipóteses de estudo, necessariamente vamos buscar compreender como alguns fatores se articulam na determinação do objeto de estudo, ou seja, vamos estabelecer relações entre algumas variáveis.
(p.7) Variáveis são aspectos de um fenômeno que podem ser observados e que podem variar ( comportar-se de modo diferente em relação ao mesmo ou a outros fenômeno). Existem vários tipos de variáveis:
Variáveis nominais: servem para caracterizar e nomear as coisas. Ex: sexo e estado civil.
Variáveis ordinais: além de caracterizar, estabelecem uma ordem entre as coisas. Ex: escolaridade e renda
Variáveis dependentes: são aquelas que estão estreitamente relacionadas, que dependem do objeto e das condições da pesquisa.
Variáveis independentes: são aquelas que independem do objeto e das condições de investigação, mas que serão consideradas no estudo.
(p.8) As questões/hipóteses podem trabalhar com uma ou mais variáveis, que podem ter entre si uma relação de causalidade, complementaridade, direção etc.
Como nossa aproximação à realidade é sempre resultado de um recorte, toda pesquisa exige uma delimitação mais precisa de que dimensões estaremos valorizando em nosso estudo, com que aspectos, fatores estaremos trabalhando.
(p.9) Ander-Egg (apud MARKONI e LAKATOS) aponta três níveis de limites a que a pesquisa pode estar limitada:
 Quanto ao objeto: selecionando um maior ou menor número de variáveis que intervêm no fenômeno a ser estudado (Quais dimensões serão consideradas? Que aspectos dessas dimensões serão estudados?). 
 Quanto ao campo de investigação: localizando o fenômeno no tempo e no espaço ( A que período temporal nos referimos? Estaremos estudando a manifestação do fenômeno no presente ou no passado? Em que espaço geopolítico ele se insere? Em que dimensão:internacional, nacional, regional, local, institucional?).
Considerada a pesquisa nas ciências humanas, poderíamos incluir aqui uma outra limitação de campo referente aos sujeitos a serem investigados (Que grupos serão considerados? No campo educacional: professores, alunos, pais, funcionários?).
Quanto ao nível de investigação: exploratório, de investigação ou comprovação de hipóteses.
(p.10) A consideração de algumas variáveis e não de outras está relacionada ao modo como vemos o problema de investigação. Há portanto, diferentes maneiras de organizarmos esses elementos. Esse processo pode se mais ou menos estruturado, ou seja, envolver a definição prévia e mais detalhada das variáveis e hipóteses a serem observadas no trabalho de campo ou trabalhar com variáveis que, embora estejam presentes na formulação das questões de estudo, vão ser melhor detalhadas e organizadas após a coleta de dados ao longo da categorização dos resultados.
IMPORTANTE
Nos dois casos, os pesquisadores vão organizar as variáveis em categorias (categorias a priori oi a posteriori) e formular algumas ideias (questões ou hipóteses) acerca do seu problema de investigação.
(p.11) Por exemplo, para o problema das causas do fracasso escolar há várias possibilidades de abordagem.
Um modo de concebê-lo seria formular uma pergunta mais aberta a diferentes possibilidades de resposta como:
“Quais as causas do fracasso escolar?”
Neste caso, estamos elaborando uma questão para a qual não temos uma perspectiva de resposta e, apenas no trabalho de campo, com a coleta dos dados, é que estaremos nos aproximando dos fatores/causas possíveis. Não queremos testar nenhuma ideia que tivemos, queremos estar livres para ver o que o trabalho de campo nos trará. Ou seja, não estaremos abertamente trabalhando com variáveis que identificamos antes de ir a campo, mas estaremos formulando categorias a partir do trabalho de campo.
Mas também poderíamos considerar, a partir de nossas leituras e reflexão apurada, uma resposta provisória para nosso problema antes mesmo de ir a campo. Neste caso, estaríamos formulando uma hipótese de estudo.
(p.12) As hipóteses podem se referir às características do objeto, à frequência dos acontecimentos, aos processos e condições de funcionamento das coisas. A hipótese geralmente é apresentada na forma de uma afirmativa que terá sua validade confirmada ou não a partir dos dados de campo. Em nosso exemplo: A causa do fracasso escolar é diferença entre a cultura da escola e a cultura do universo social de origem da criança.
(p.13) Estabelecemos as variáveis determinantes do fenômeno e suas relações antes mesmo de ir a campo. Em nosso exemplo, estamos considerando como variáveis cultura da escola e cultura do aluno. Dentre as possíveis relações entre essas variaveis estamos considerando a sua diferença. Essa forma de organizar essas variáveis a partir dessa relação expressa nossa ideia que temos como resposta ao nosso problema e que queremos verificar sua validade através da pesquisa.
Mas, para ser uma hipótese aplicável a uma pesquisa científica, é fundamental que ela esteja relacionada a evidências empíricas ou formulações teóricas e esteja ao alcance das técnicas disponíveis para a coleta de dados (Gil, 1996), ou seja, uma hipótese deve estar bem fundamentada, não deve se basear em valores. (DESLANDES, 1994).
Ou seja, a hipótese é uma “suposição objetiva e não uma mera opinião”. Embora em nossa vida cotidiana, frequentemente, elaboremos hipóteses para responder às nossas dúvidas mais imediatas (Será que vai chover? Considerando o vento úmido, acho que sim. Se chover, confirmamos nossa hipótese, se não chover nossa hipótese não é confirmada, simples assim), não se concebe que na pesquisa científica se gaste tempo e recursos para testarhipóteses que não consideraram todo o conhecimento disponível ( o conhecimento científico é cumulativo, o que permite seu avanço, seu desenvolvimento). 
(p.14) Embora não haja regras para a elaboração de hipóteses, vários autores vão apresentar alguns critérios que devem ser considerados na sua formulação. Segundo Rudio, as hipóteses devem: 
Ser plausíveis, indicar uma situação, condição possível dentro dos parâmetros da realidade;
Ter consciência, não admitir enunciados contraditórios e não estar em contradição com a teoria que a fundamenta;
Ser específicas, bem delimitadas, evidenciando aquilo que deve ser observado;
Ser formuladas em termos e conceitos claros, que não levem a uma interpretação ambígua do seu significado;
Ser explicativas, ou seja, não são mera repetiçã do problema, mas explicação, resposta para o problema.
(p.15) Os estudos quantitativos geralmente trabalham com categorias/hipóteses muito estruturadas, pois partem do pressuposto de que o rigor científico está fundado nesse controle das variáveis. Nos estudos qualitativos, busca-se uma relação dialógica com o campo, com abertura para a emergência e o reconhecimento de aspectos que o pesquisador não havia considerado antes de sua investigação empírica.
De qualquer forma, o rigor acadêmico exige que o pesquisador tenha a clareza e o cuidado necessários em sua análise do problema para identificar as variáveis que permitem a elaboração de explicações plausíveis para os fenômenos investigados. Ou seja, ainda que ele opte por trabalhar com questões norteadoras, como é o nosso caso, ele deve se preocupar em fazer ima consistente revisão da bibliografia pertinente de modo a não formular questões ingênuas.
Dessa forma, faça uma cuidadosa revisão da bibliografia que voce levantou e reflita sobre as teorias, pesquisas e dados encontrados. A partir daí, procure desmembrar o seu problema de pesquisa em diferentes aspectos e dimensões. Identifique que variáveis vai considerar em seu projeto e como elas podem estar relacionadas. Elabore questões para orientat sua investigação.
(p.16) Lembre-se, o fato de estarmos trabalhando com questões não elimina sua construção a partir de algumas ideias que voce gostaria de verificar a validade ou não no campo, mas exige a sua redação na forma de pergunta.
Bem...reveja o item “Questões norteadoras no modelo de projeto” e... Mãos à obra!
(p.17) 
O QUE VEM NA PRÓXIMA AULA
Definição e tipos de hipóteses; 
conceito e tipos de variáveis; 
a operacionalização de hipóteses; 
enunciação de hipóteses ou questões; 
características textuais e formais do item "Hipóteses/questões de estudo" do TCC. 
 
SÍNTESE DA AULA
Nessa aula você:
Compreendeu o significado da problematização a ser elaborada sobre o tema; analisou os critérios para a definição de problemas de pesquisa e conheceu as características textuais e formais dos itens “Apresentação do tema” e “Definição do problema”. Levando em conta o Memorial Descritivo elaborado em PPEV, você também realizou a focalização progressiva do tema até a delimitação de um problema para a sua pesquisa monográfica. 
REGISTRO DE FREQUENCIA
RESPOSTAS: 1-4, 2-3.

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