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Direito Penal I 
 
 Página 1 
 
CRONOGRAMA DA MATÉRIA: 
 
 Princípios Constitucionais do Direito Penal 
 Fontes do Direito penal. Princípio da Legalidade. Conflito aparente. 
 Lei penal no tempo. Lei penal no espaço. Eficácia pessoal da lei penal. 
 Disposições Finais do Título e da parte Geral do Código Penal. 
 Da Conduta. Do fato típico. Tipo e Tipicidade. 
 Delito comissivo doloso. Do erro de tipo. Do delito culposo. Do delito omissivo. 
 Da Antijuridicidade. Causas de justificação. Excesso nas justificantes. 
 Punibilidade. 
 Culpabilidade. 
 Formas de realização do delito: Crime consumado/tentado. 
 Concurso de agentes. 
 Extinção da punibilidade. 
DIREITO PENAL – INTRODUÇÃO 
1.Conceito: 
 
1.1. Aspecto formal: sob o aspecto formal, direito penal é um conjunto de normas que 
qualifica certos comportamentos humanos como infrações penais, define seus agentes e fixa as 
sanções a serem-lhe aplicadas. O direito penal é setor ou parcela do ordenamento jurídico pátrio que 
estabelece as ações e omissões delitivas, cominando-lhes determinadas conseqüências jurídicas ou 
medida de segurança. 
 Para a proteção de bens jurídicos relevantes, o legislador previu a tutela penal. O direito penal 
é visto como uma ordem de paz pública e tutela das relações sociais cuja missão é proteger a 
segurança da vida em sociedade. Tem pois, o direito penal as funções de proteção e garantia. 
 
 1.2. Enfoque sociológico: já sob o enfoque sociológico, o Direito penal é mais um instrumento 
de controle social de comportamentos desviados, visando assegurar a necessária disciplina social, 
bem como a convivência harmônica dos membros do grupo. 
 A doutrina moderna busca estudar o direito penal de acordo com sua função. A teoria é 
chamada FUNCIONALISMO e tem duas correntes: 
 
1) Teleológico: o fim do direito penal é assegurar bens jurídicos indispensáveis a convivência dos 
homens (Roxin). Tal doutrina trabalha com o princípio da Insignificância. A ação é valorada no 
tipo penal de acordo com a necessidade abstrata de pena, cujo fim é preventivo geral. Analisa 
se o agente merece uma pena pelo injusto praticado e o pressuposto mais importante da 
responsabilidade é a culpabilidade. 
 
2) Sistêmico: o fim do Direito Penal é resguardar o sistema /império da norma. Conceitua o 
delito e suas categorias a partir dos fins da pena, com função preventiva geral positiva. A 
Direito Penal I 
 
 Página 2 
 
missão da pena é a manutenção da norma como modelo de orientação para os contatos 
sociais. Tutela da função que cumpre determina norma. 
 
2. Direito Penal Objetivo X Direito Penal Subjetivo 
 
2.1. Direito Penal Objetivo: é o conjunto de leis penais em vigor no país. Ex. Código Penal. O 
direito penal objetivo é expressão do Poder Punitivo estatal. 
 
 2.2. Direito Penal Subjetivo: é o direito de punir do Estado (princípio da Soberania). 
A doutrina costuma dizer que essa divisão não tem mais sentido, uma vez que se complementam, 
estão umbilicalmente ligadas. 
 
Características do Direito Penal Subjetivo: 
 
 Condicionado: o direito de punir Estatal é limitado, merecendo destaque os limites 
a) Temporal = Prescrição 
b) Espacial = territorialidade (art. 5º, CP) 
c) Modal = Humanização das penas (um dos motivos / princípios que ensejou a 
inconstitucionalidade do regime integralmente fechado) 
 Monopólio estatal: é competência do Estado em punir, sob pena de caracterizar crime de 
exercício arbitrário das próprias razões. O Direito de perseguir a pena é diferente do direito de 
punir. O direito de perseguir a pena, em regra é Estatal, encontrando exceção na Ação Penal 
Privada. Já o direito de punir é monopólio estatal. Mas há exceção? 
Lei 6.001/73 = Estatuto do Índio: Punição tribal de seus membros paralelamente ao Estado, 
desde que não seja cruel ou infamante, nem caracterize pena de morte (art. 57). 
OBS: e o Tribunal Penal Internacional? O TPI (criado pelo Estatuto de Roma) respeita o 
princípio da Complementariedade, isto é, não pode intervir indevidamente nos sistemas 
judiciais nacionais que continuam tendo a responsabilidade de investigar e processar os 
crimes cometidos em seus territórios, salvo se os Estados não demonstrem capacidade ou 
efetiva vontade de punir os criminosos (o TPI somente será chamado a intervir SE e 
QUANDO a justiça do Estado se mostrar insuficiente ou não agir). 
 
3. Fontes do Direito Penal: 
 Referem-se a origem (material) e modo (formal) de revelar o Direito. 
 
3.1. Fonte material: é a fonte de produção – órgão encarregado de criar o Direito Penal, que no Brasil 
é a União, em regra. 
Art. 22, I, CR/88: “Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;" 
 Excepcionalmente, nos termos do art. 22 parágrafo único da Constituição Federal, compete ao 
Estado membro legislar sobre questões específicas, caso autorizado por meio de Lei Complementar. 
Direito Penal I 
 
 Página 3 
 
Art. 22. ... Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das 
matérias relacionadas neste artigo. 
 
3.2. Fonte Formal: é a fonte de conhecimento (meio de revelação do Direito Penal) se divide em: 
a) Imediata = Lei (princípio da Legalidade); 
b) Mediata = Costumes e Princípios Legais do Direito. 
 
Costumes: 
 
São comportamentos uniformes e constantes pela convicção de sua obrigatoriedade e 
necessidade jurídica. Costumes não podem criar crimes nem cominar penas (veda-se o costume 
incriminador no Brasil). 
? Costume revoga infração penal? Para responder a tal questionamento, surgiram três 
correntes, quais sejam: 
 
1ª Corrente: Admite-se costume abolicionista aplicado nos casos em que a infração penal não sofre 
mais reprovação social. Para tal corrente, a contravenção penal do jogo do bicho foi formal e 
materialmente revogada. 
2ª Corrente: não se admite o costume abolicionista, mas quando o fato não é mais indesejado pela 
sociedade, a lei não deve ser aplicada. O jogo do bicho, para tal corrente, permanece contravenção, 
mas sem aplicação prática. É o que entende o prof. Luiz Flávio Gomes. 
3ª Corrente: Não existe costume abolicionista. Enquanto não revogada por outra lei, a norma tem 
plena eficácia. É o que dispõe a Lei de Introdução ao Código Civil e o que prevalece na doutrina. 
 
Costume interpretativo: é perfeitamente possível o costume interpretativo – serve para aclarar o 
significado de uma palavra ou expressão trazida pelo tipo penal. Ex. repouso noturno no furto – art. 
155, §1º, CP – Repouso noturno é o período em que a comunidade se recolhe para repousar e isso 
depende do costume da comunidade. 
 
Princípios gerais do direito: 
 
 Trata-se do direito que vive na consciência comum de um povo, podendo estar expressa ou 
implicitamente no ordenamento jurídico. 
Doutrina Tradicional Doutrina moderna 
Fontes: 
a) Material 
b) Formal 
b.1) Imediata – Lei 
b.2) Mediata – Costumes e Princípios 
gerais do Direito. 
 
Fontes: 
a) Material; 
b) Formal 
b.1) Imediata = Lei (única capaz de criar 
crimes e cominar penas) 
- Tratados internacionais de direitos 
humanos; 
Direito Penal I 
 
 Página 4 
 
E a CF? 
E os tratados de direitos humanos que tem no 
mínimo status de supralegalidade? 
E o fato de o STF declarar a 
inconstitucionalidade de normas penais em 
branco? 
E as jurisprudências? 
E a Súmula Vinculante? 
 
- Princípios Gerais do Direito; 
- Complemento das normas penais em 
branco. Ex. portaria que define drogas; 
- Jurisprudência. Ex. crime continuado e 
prazo de trinta dias. 
 
b.2) Mediata – Doutrina (resultado da 
atividade jurídica científica. 
O costume é fonte INFORMAL DO DIREITO 
PENAL. 
 
4. Interpretação da Lei penal: 
 
4.1. Quantoao Sujeito: 
 
4.1.1) Autêntica ou legislativa: dada pela própria lei. Ex. art. 327, CP que dá o conceito de funcionário 
público para fins penais; exposição de motivos do CPP. 
 
4.1.2) Doutrinária ou científica: é a interpretação dada pelos estudiosos. Ex. exposição de motivos do 
Código Penal. 
 
4.1.3) Jurisprudencial: resultado das decisões reiteradas dos tribunais. Em regra não vincula o juiz, 
mas há exceção das súmulas vinculantes. (é feita pelo Judiciário, ao aplicar a Lei ao caso concreto). 
 
4.2. Quanto ao modo: 
 
4.2.1) Gramatical ou literal: leva em conta o sentido literal das palavras. 
 
4.2.2) Teleológica: indaga-se a vontade objetivada na LEI. 
 
4.2.3) Histórica: procura-se a origem da Lei. Há uma discussão atual que se resolve pela interpretação 
histórica: art. 41 da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006) = diz que não se aplica a Lei dos Juizados 
Especiais. Alguns dizem que por isso é ação penal pública incondicionada e por isso não se exige a 
representação (Lembrar que o STJ consolidou o entendimento de que, no caso de lesões corporais 
leves a ação penal é pública condicionada a representação da vítima). 
 
4.2.4) Sistemática: Lei interpretada com o conjunto da legislação o mesmo dos princípios gerais do 
direito ou da doutrina. 
 
4.3.5) Progressiva: interpretação de acordo com o avanço das ciências. 
 
Direito Penal I 
 
 Página 5 
 
4.4. Quanto ao resultado (+ cai) 
 
4.4.1 Declarativa: a letra da lei corresponde exatamente aquilo que o legislador quis dizer (há 
declaração do sentido lingüístico). 
 
4.4.2. Extensiva: amplia-se o alcance da palavra para que corresponda a vontade do texto. (vai além 
do texto legal). 
 
4.4.3. Restritiva: reduz o alcance da palavra para que corresponda a vontade do texto. (está aquém 
do texto legal). 
 
?? É possível interpretação extensiva contra o réu? O artigo 157, §2º do CP fala do emprego de 
violência com “arma”, mas o que é arma?? 
 
1ª Corrente: arma deve ser tomada somente em sentido próprio: instrumento fabricado com 
finalidade bélica. Trata-se de interpretação restritiva. 
2ª Corrente: Arma deve ser tomada em sentido amplo (impróprio): qualquer instrumento, com ou 
sem finalidade bélica, capaz de servir ao ataque. Trata-se de interpretação extensiva. No STF e no STJ 
prevalece a ideia de arma no sentido impróprio. 
 A minoria doutrinária diz ser aplicável a interpretação restritiva, emprestando o princípio do 
in dúbio pro réu (que é de provas). 
Interpretação Provas 
Dúvida 
 “ARMA”??? 
Dúvida 
 In dúbio pro réu 
 Art. 22, §2º, Estatuto de Roma: Em caso de ambigüidade será interpretada em favor da pessoa 
objeto de inquérito, acusado ou condenado. 
 Essa é uma corrente que deve ser adotada em provas de defensoria vez que benéfica ao réu. 
Mas é necessário observar que prevalece tanto no STF como no STJ que o conceito de arma se dá em 
sentido impróprio. 
 
5. Interpretação extensiva X Interpretação Analógica: 
 
 Na interpretação analógica, o significado que se busca é extraído do próprio dispositivo, 
levando-se em conta as expressões genéricas e abertas do legislador. Depois de exemplos, o 
legislador encerra de forma genérica, permitindo ao aplicador encontrar outras hipóteses. 
Ex. art. 121, CP = Matar mediante paga ou promessa de recompensa (exemplo) ou outro motivo 
torpe. ( encerramento de modo genérico, permitindo outras hipóteses). 
Ex. art. 306, CTB = “ou qualquer outra substância psicoativa” – há encerramento genérico = 
interpretação analógica. 
 
Analogia: 
Direito Penal I 
 
 Página 6 
 
 
 As hipóteses de interpretação acima expostas não se confundem com a analogia. Nesse caso, 
ao contrário dos anteriores, partimos do pressuposto que não existe uma lei a ser aplicada ao caso 
concreto, motivo pelo qual se socorre daquilo que o legislador previu par outro caso similar. 
 
Interpretação extensiva Interpretação analógica Analogia 
 Existe lei para o 
caso. 
 Amplia-se o 
alcance de uma 
palavra. Ex. 
“ARMA” 
 Existe lei para o 
caso. 
 Exemplos seguidos 
de encerramento 
de fórmula 
genérica. Ex. fogo, 
explosivo, meio 
insidioso. 
 Não existe lei para ocaso. 
 Empresta-se lei de caso similar. 
É forma de integração. É admitida quando 
favorável ao réu. 
Ex. Fato A previsto em determinada Lei, 
que é aplicada ao fato A1 por ausência de 
previsão legal e por se tratar de situação 
similar. 
 
5. Princípios Gerais do Direito Penal: 
 
 São pilares sobre os quais se assentam as instituições jurídico-penais. Para melhor estudo, 
serão divididos em quatro grupos: 
 
5.1. Princípios relacionados com a missão fundamental do Direito Penal;: 
 
a) Princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos: impede que o Estado venha utilizar o direito 
penal para proteção de bens ilegítimos, limitando a sua missão no sentido de proteger os bens 
jurídicos mais relevantes do homem. 
 Ex. direito penal não pode punir a doutrina laica. 
 
b) Princípio da Intervenção mínima: o Direito Penal só deve ser aplicado quando estritamente 
necessário, mantendo-se subsidiário e fragmentário. O Direito Penal é seletivo. 
 
Dos fatos humanos indesejados se extrai o Princípio da Intervenção mínima, o qual se divide em: 
a) Subsidiariedade: orienta a intervenção EM ABSTRATO. O direito penal só atua quando 
ineficazes os demais ramos do direito. “É a derradeira trincheira nos combates aos 
comportamentos humanos indesejados”. O direito penal atua como a ultima ratio. 
b) Framentariedade: orienta a intervenção NO CASO CONCRETO. O direito penal só intervém no 
caso concreto quando houver relevante e intolerável lesão / perigo de lesão ao bem jurídico. 
FATOS
HUMANOS
DESEJADOS
INDESEJADOS
DA NATUREZA
Direito Penal I 
 
 Página 7 
 
Só devem ser protegidos penalmente os bens jurídicos em razão de certas formas de 
agressão. 
Está aqui o princípio da insignificância, como desdobramento lógico do princípio da 
fragmentariedade. 
Obs. O princípio da intervenção orienta o Direito Penal onde deve intervir (positivamente) e 
onde deve deixar de intervir. Ex. adultério, sedução, rapto consensual, casa de prostituição. 
 
Princípio da insignificância: atua como instrumento de intervenção restritiva do tipo penal. 
Tal princípio também é denominado princípio da bagatela, devendo ser analisado sob as 
óticas do STF e do STJ, senão vejamos: 
 
STF STJ 
Critérios – utilizados por ambos: 
1) Mínima ofensividade da conduta do agente; 
2) Nenhuma periculosidade social da ação; 
3) Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; 
4) Inexpressividade da lesão jurídica provocada. 
Obs. Atente-se que há julgados condicionando a aplicação do princípio da insignificância ao 
comportamento do agente, basicamente, primariedade, motivo pelo qual não tem sido 
aplicado tal princípio em benefício do criminoso habitual. Outros criticam tal posição já que 
a insignificância está no fato e não na qualidade do agente. Há também julgados nesse 
sentido. 
Admite nos crimes funcionais, quando 
presentes os requisitos exigidos. 
Prevalece ser incabível nos crimes funcionais, 
pois aqui se protege também a moralidade 
administrativa que é incompatível com tal 
princípio. 
Ambos os tribunais não admitem a aplicação do princípio nos delitos contra a fé pública e o 
STF entendeu que não se aplica no crime de moeda falsa. 
É um princípio geral do direito penal, não sendo cabível exclusivamente a crimes contra o 
patrimônio. 
 
 
5.2. Princípios relacionados com o fato do agente: 
 
a) Princípio da exteriorização ou materialização do fato: o Estado só pode incriminar penalmente 
condutas humanas voluntárias, isto é, fatos. O art. 2º do CP é onde nasce o princípio em questão. Tal 
princípio é condizente com o direito penal do fato, só podendo ser punido o fato. Há afastamento do 
direito penal do autor que punepensamentos, estilo de vida. 
Art. 60, LCP = Tal artigo punia a Mendicância, mas foi abolido o tipo pela Lei 11.923/09 por estar em 
confronto com o direito penal do fato e punir estilo de vida. Nessa oportunidade, observe-se o que o 
legislador poderia ter abolido também a contravenção penal da vadiagem, ainda vigente. 
Direito Penal I 
 
 Página 8 
 
 
b) Legalidade (adiante). 
 
c) Ofensividade (lesividade): para que ocorra o delito, é imprescindível a efetiva lesão ou perigo de 
lesão ao bem jurídico tutelado. Ao se falar em tal princípio começa a ser questionada a 
inconstitucionalidade de se punir crimes de perigo abstrato, isto é, aqueles em que o perigo advindo 
da conduta é ABSOLUTAMENTE presumido por lei. (Bittencourt fala que tais tipos penais são 
inconstitucionais). 
 Crimes de perigo concreto são aqueles em que o perigo advindo da conduta deve se 
comprovado, deve ser real, de efetivo risco ao bem jurídico. 
 A doutrina diz que crimes de perigo abstrato ofendem o princípio da lesividade, uma vez que 
não exigem perigo concreto para que haja punição. Há ainda ofensa ao princípio da ampla defesa já 
que a presunção é absoluta. Daí o STF passou a entender que o porte de arma sem munição não é 
crime. No entanto, usar arma desmuniciada para praticar assalto é roubo. 
STF 
Até 2005 Em 2005 Em 2009 
Admitia crime de perigo 
abstrato: porte de arma sem 
munição era crime. 
Passou a admitir a inexistência 
de crime de perigo abstrato. Ex. 
não era crime arma sem 
munição. 
A regra é não admitir crimes de 
perigo abstrato. Em casos 
excepcionais, admite-se. Ex. 
tráfico de drogas. 
 
 
5.3. Princípios relacionados com o agente do fato: 
 
a) Princípio da responsabilidade penal pessoal: proíbe-se o castigo penal pelo fato de outrem (não 
existe no direito penal, responsabilidade penal coletiva). Esse é o motivo pelo qual o juiz pune alguém 
de forma isolada ainda que em concurso com agentes. Muitas vezes, a denúncia referente a crimes 
tributários cometidos pelas pessoas jurídicas é feita de forma genérica, vaga, o que gera nulidade. 
Aqui é necessário observar que o STF faz distinção entre a denúncia genérica e a denúncia geral, 
sendo admitida a denúncia geral. 
 
b) Princípio da responsabilidade subjetiva: não basta que o fato seja materialmente causado pelo 
agente, só podendo ser responsabilizado se o fato foi querido, aceito ou previsível (só tem sentido 
castigar fatos desejados ou previsíveis). Não há responsabilidade penal objetiva, isto é, sem dolo ou 
culpa. 
Exceções: 1. Embriaguez não acidental completa: a lei antecipa a análise da voluntariedade ao 
momento em que foi ingerida a bebida alcoólica. 
2. Rixa: briga generalizada = o CP diz que se alguém morre ou sofre lesão grave a rixa será 
qualificada para todos, não se apurando quem matou ou lesionou gravemente. 
A doutrina moderna faz interpretação no sentido de que não sejam aplicadas as exceções 
citadas. 
Direito Penal I 
 
 Página 9 
 
 
c) Princípio da Culpabilidade: trata-se de postulado limitador do direito de punir. Assim, só pode o 
Estado punir agente imputável, com potencial consciência de ilicitude, quando dele exigível conduta 
diversa. 
 
d) Princípio da Isonomia: tem guarida constitucional. Todos são iguais perante a lei. No entanto, 
sabendo que a igualdade é material (e não formal), é possível haver distinções justificadas pelas 
desigualdades do fato. 
 Art. 24 da Convenção Americana de Direitos Humanos. 
 
e) Princípio da Presunção de Inocência: é garantido ao cidadão, a presunção de inocência até o 
trânsito em julgado da condenação penal. Art. 5º, LVII, CR – “Ninguém será considerado culpado até 
o trânsito em julgado d sentença condenatória”. Daí porque muitos doutrinadores o denominam de 
princípio da presunção de não culpabilidade ou não culpa, o que é mais coerente com o sistema da 
prisão preventiva. 
 Art. 8º, II da Convenção Americana de Direitos Humanos adota a presunção de inocência; 
 Súmula vinculante 11 do STF – Uso de algemas – se embasa no princípio da inocência. 
 
5.4. Princípios relacionados com a pena: 
 
a) Princípio da proibição da pena indigna: a ninguém pode ser imposta pena ofensiva à dignidade 
humana. 
 
b) Princípio da Humanidade / Humanização das penas: nenhuma pena pode ser cruel, perpétua e, 
em regra, a pena de morte também é proibida. 
 São desdobramentos lógicos do princípio da dignidade da pessoa humana. 
 Art. 5º, XLVIII, CF; 
 Art. 5º, §§ 1º e 2º da Convenção americana de Direitos Humanos. 
Obs: Com base em vários princípios, especialmente esses dois acima citados foi declarada a 
inconstitucionalidade do regime integralmente fechado. Agora estão discutindo quanto ao Regime 
Disciplinar Diferenciado – RDD: o STJ entende ser constitucional e o TJSP tem decisão em sentido 
contrário. 
! Curiosidade! No Brasil, a pena de morte é executada por fuzilamento. 
 
c) Princípio da Proporcionalidade da Pena: a pena deve ser proporcional a gravidade do fato, 
considerando as qualidades do agente (Princípio implícito no mandamento da Individualização da 
Pena), devendo ser observado: 
 Na criação do crime – legislador; 
 Na aplicação da pena – juiz; 
 Na execução da pena – juiz. 
A análise de características pessoais se dá em virtude da individualização da pena. 
Direito Penal I 
 
 Página 10 
 
 
d) Princípio da pessoalidade da pena (personalidade, intransmissibilidade): art. 5º, XLV, CF 
“Nenhuma pena passará da pessoa do condenado”. 
 
??? Tal princípio é absoluto? 
1ª Corrente: trata-se de princípio relativo, admitindo exceção trazida pela CR/88, qual seja, a pena de 
confisco. Art. 5º, XLV – perdimento de bens (estendido aos sucessores). É o entendimento de Flávio 
Monteiro de Barros. 
2ª Corrente: trata-se de princípio absoluto, não admitindo exceções. Confisco não é pena, mas efeito 
da condenação segundo tal doutrina. É o entendimento de Luiz Flávio Gomes e da maioria da 
doutrina. É mais coerente tal corrente com a Convenção Americana de Direitos Humanos (art. 5º, 3). 
 
e) Princípio da Vedação ao Bis in idem: deve ser analisado em três significados: 
 
1) Processual: ninguém pode ser condenado duas vezes pelo mesmo crime; 
 
2) Material: Ninguém pode ser condenado pela segunda vez em razão do mesmo fato; 
 
3) Execucional: ninguém pode ser executado duas vezes por condenações relacionadas ao mesmo 
fato. 
Significa que, par cada fato, só há de ser aplicada uma norma penal que excluirá as demais e só 
autorizará a punição do autor em um único delito. 
?? Reincidência fere o princípio da vedação ao bis in idem? 
Passado Presente 
Condenado a pena 
de um ano. 
Art. 155, CP 
Praticou novo crime 
Art. 213 – 06 anos 
+ 1/6 – 07 anos 
 
1ª Corrente: a reincidência fere o princípio da vedação do bis in idem, pois considera duas vezes o 
mesmo fato em prejuízo do agente (1 vez para condenar e outra pra agravar a pena do novo crime). É 
o que entendem Paulo Queiroz e Paulo Rangel. É corrente a ser adotada em provas de DEFENSORIA 
PÚBLICA. 
 
2ª Corrente: o fato de o reincidente ser punido mais severamente do que o primário não viola a 
vedação do bis in idem, pois visa tão somente reconhecer maior reprovabilidade na conduta daquele 
que é contumaz violador da lei penal (individualização da pena). É a corrente adotada pelo STJ. 
Princípio da Legalidade 
 Art. 1º do CP: 
Anterioridade da Lei 
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. 
1ª Corrente: Princípio da legalidade é sinônimo de princípio da reserva legal. 
Direito Penal I 
 
 Página 11 
 
 
2ª Corrente: Princípio da Legalidade é ≠ da Reserva Legal. 
 
 Lei em sentido amplo Lei em sentido estrito (LO / LC) 
 (inclusive MP) 
 
3ª Corrente: é a que prevalece. 
 
Princípio da Legalidade = Reserva legal + Anterioridade 
O princípioda legalidade constitui uma real limitação ao poder estatal de interferir na esfera 
de liberdades individuais. (garantia contra poder punitivo estatal). 
Previsão: 
 Art. 5º, XXXIX, CR; 
 Art. 9º da Convenção Americana de Direitos Humanos; 
 Art. 22 do Estatuto de Roma (TPI) 
 
?? Quando nasceu o princípio da legalidade? 
1ª Corrente: nasceu no Direito Romano 
2ª Corrente: nasceu na Carta de João Sem Terra (1215) 
3ª Corrente: nasceu no Iluminismo, tendo sido recepcionado pela Revolução Francesa (mais adotada 
pelos penalistas). 
 
Fundamentos e desdobramentos do princípio da legalidade: 
 
Fundamentos: 
1) Político: exigência de vinculação do executivo e do judiciário a leis formuladas de forma 
abstrata, impedindo o poder punitivo com base no livre arbítrio; 
2) Democrático: respeito ao princípio da divisão de poderes ou funções. O parlamento, 
representante do povo, deve ser o responsável pela criação dos tipos penais; 
3) Jurídico: uma lei prévia e clara produz importante efeito intimidativo. 
 
Desdobramentos: 
 
 O art. 1º fala que não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação 
legal. As contravenções penais são espécies de infração penal pelo que também estão abrangidas 
pelo princípio da legalidade. 
 No que tange as medidas de segurança, há divergência: 
 
1ª Corrente: não abrange, pois a medida de segurança não tem caráter punitivo, mas sim, curativo. É 
adotada por Francisco de Assis Toledo. 
Direito Penal I 
 
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2ª Corrente: abrange Medida de Segurança, pois sendo espécie de sanção penal, não se pode negar 
seu caráter aflitivo. É adotada pelo STF e a maioria da doutrina. 
 
Releitura do art. 1º: NÃO HÁ INFRAÇÃO PENAL SEM LEI ANTERIOR QUE A DEFINA, NEM SANÇÃO 
PENAL SEM PRÉVIEA COMINAÇÃO LEGAL. 
Ao se falar em crime sem LEI, necessário se faz analisar qual a espécie de lei, para que o 
cidadão, de fato, se proteja do Estado. Fala-se em Lei em sentido estrito. E a Medida provisória? A 
matéria é controvertida, merecendo destaque as correntes: 
1ª Corrente: direito penal não pode ser objeto de MP, pouco importando se incriminador ou não. A 
análise é feita com base na Constituição (art. 62, §1º, b – limita e veda MP em Direito Penal). 
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de 
lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. 
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: 
 I - relativa a: 
b) direito penal, processual penal e processual civil; 
 
2ª Corrente: só não é cabível MP para criar crimes e cominar penas. É possível MP em direito penal 
não incriminador. É adotada pelo STF que, no RE 254818/PR, discutindo os efeitos benéficos trazidos 
pela MP 1571/97 (permitiu o parcelamento dos débitos tributários e previdenciários com efeito 
extintivo da punibilidade) proclamou sua admissibilidade em favor do réu. 
 
! Lei Delegada e Direito Penal: permanece a idéia de ser incabível lei delegada versando sobre direito 
penal, conforme dispõe o art. 68, §1º, II da CR. (fala sobre direitos individuais, nos quais se inclui o 
direito penal). Há quem diga na doutrina que é possível quando tratar de direito penal não 
incriminador como na Medida de Segurança. 
 
Resolução TSE / CNJ / CNMP e Direito Penal: em nenhuma dessas hipóteses há lei em sentido 
estrito, logo não cria crimes nem comina penas. 
 
 Em face disso, para ser atendido o princípio da legalidade, é necessário que a lei seja anterior, 
escrita, estrita, certa e necessária, senão vejamos: 
 
1) Lei Anterior: deve ser anterior aos fatos que busca incriminar. A lei não deve ser uma surpresa, o 
que impede a retroatividade maléfica da Lei penal. Já a retroatividade benéfica é 
constitucionalmente determinada. Art. 3º, CPM. “As medidas de segurança regem-se pela lei (princípio da 
reserva legal) vigente no tempo da sentença, prevalecendo, entretanto, se diversa, a lei vigente ao tempo da 
execução” – não respeita o princípio da anterioridade, pelo que não foi recepcionado tal dispositivo 
pela CF/88. 
2) Lei escrita: positivada. Impede o costume incriminador. Não impede o costume interpretativo. Art. 
155, §1º do CP – Repouso noturno. 
3) Lei estrita: impede a analogia incriminadora. Já a analogia não incriminadora é possível. 
Direito Penal I 
 
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4) Lei certa: princípio da taxatividade ou mandado de certeza. Exige-se na criação dos tipos penais, 
clareza. O tipo penal deve ser de fácil compreensão. Lei 7170/83 – Crimes contra a Segurança 
Nacional – o art. 20 fala da punição de atos de terrorismo, mas o que é ato de terrorismo? A 
expressão é muito porosa, sem definição, pelo que a doutrina aduz que tal dispositivo fere o 
princípio da legalidade. 
A expressão ato libidinoso do art. 214 do CP também é ambígua. 
5) Lei necessária: é desdobramento lógico do princípio da Intervenção Penal Mínima. 
 
Poder punitivo estatal Garantias do Cidadão 
 Princípio da legalidade - basilar 
 
 
 
 
 
Sem lei Anterior Escrita Estrita Certa Necessária Sem lei Anterior Escrita Estrita Certa Necessária 
Garantismo: mínimo de poder estatal e máximo de garantias individuais. 
 
Lei Penal: 
 
1) Completa: dispensa complemento normativo ou valorativo, observando que complemento 
normativo é aquele dado por outra espécie legislativa enquanto o complemento valorativo é 
dado pelo juiz. 
Art. 121, CP. 
 
2) Incompleta: depende de complemento normativo / valorativo. Espécies de normas penais 
incompletas: 
2.1) Norma Penal em Branco: depende de complemento normativo (outra espécie normativa) 
e se subdivide em duas espécies: 
a) Em sentido Estrito: heterogênea / própria: o complemento normativo não emana do 
legislador. Emana, por exemplo do poder executivo. Ex. lei de drogas: o conceito de drogas 
está em portaria do Ministério da Saúde: Portaria 344. 
 
b) Em sentido amplo: homogênea / imprópria: o complemento normativo emana do 
legislador. Ela se divide em duas espécies: 
b.1) Homovitelina / Homóloga: complemento emana da mesma instância legislativa, 
do mesmo documento. Ex. conceito de funcionário público do CP = o art. 327 completa 
o art. 312. 
b.2) Heterovitelina / Heteróloga: complemento normativo emana de instância 
legislativa diversa. Está em outro documento. Ex. art. 166, CP e conceito de 
impedimento para o casamento que se encontra no Código Civil. 
 
Direito Penal I 
 
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c) Ao revés: nesse caso, o complemento normativo diz respeito a sanção penal (preceito 
secundário), não ao conteúdo proibitivo. Ex. Lei 2889/56 – Lei de Genocídio – art. 1º faz 
menção as penas do CP. Na NPB ao revés o complemento normativo somente pode ser LEI. 
 
2.2) Tipos abertos: dependem de complemento valorativo, dado pelo juiz na análise do caso 
concreto. Dependem de valoração jurídica e social. Ex. art. 154, CP – a expressão SEM JUSTA 
CAUSA é elemento normativo. Art. 299, CP – a expressão DOCUMENTO. Nos tipos culposos, 
para a análise da existência de negligência, imprudência e imperícia também se exige a 
complementação valorativa. 
Há um tipo culposo – receptação culposa: art. 180, §3º que é fechado e não exige valoração, 
uma vez que o legislador já descreveu os comportamentos negligentes: 
Art. 180. [...]§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela 
desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve 
presumir-se obtida por meio criminoso: Pena - detenção, de um mês a um ano, ou 
multa, ou ambas as penas. 
 
OBS:1) A norma penal em branco fere o princípio da taxatividade? Apesar de formular proibição 
genérica complementável, a norma penal em branco não fere o princípio da taxatividade vez que 
sua eficácia fica sustada até que complementada seja.2) Analisando a lei de drogas complementada por portaria sobre o conceito de drogas: onde fica o 
fundamento democrático do princípio da Legalidade? 
1ª Corrente: a norma penal em branco em sentido estrito (complemento não é dado pelo legislador) 
é inconstitucional porque esta modalidade de norma ofende o princípio da reserva legal, uma vez que 
seu conteúdo poderá ser modificado sem que haja uma discussão amadurecida da sociedade através 
do parlamento (Rogério Greco). É corrente mais benéfica ao réu. 
 
2ª Corrente: o legislador já criou os elementos do crime, delegando apenas dados periféricos. Na NPB 
em sentido estrito existe um tipo penal incriminador que traduz requisitos básicos do delito (verbo do 
tipo, sujeito, objetos jurídico e material, etc). O que a autoridade administrativa pode fazer é 
explicitar um dos requisitos típicos dados pelo legislador. (Luiz Flávio Gomes e a maioria da doutrina). 
 
Legalidade formal e legalidade material: 
 
Legalidade Formal: obediência aos trâmites procedimentais. A lei deve ser discutida, aprovada, 
submetida a sanção, promulgada e publicada. Aqui se fala em uma lei vigente. 
 
Legalidade Material: respeito as proibições e imposições para a garantia dos nossos direitos 
fundamentais. Aqui se fala em lei válida. O STF entendeu que o regime integralmente fechado se 
refere a lei vigente, mas não válida uma vez que fere direitos fundamentais. 
 
Tipo 
culposo 
fechado 
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Eficácia da Lei penal no Tempo 
 
 Indaga-se quando (no tempo) um crime se considera praticado. Há três teorias que explicam a 
matéria: 
 
a) Teoria da Atividade: Considera-se praticado o crime no momento da conduta. 
b) Teoria do Resultado: Considera-se praticado o crime no momento do resultado. 
c) Teoria da Ubiquidade ou mista: Considera-se praticado o crime no momento da conduta ou 
do resultado (consumação). 
O código penal adotou a teoria da atividade, no art. 4º. É exatamente no momento da ação / 
omissão que será analisada a capacidade do agente. Caso o agente tenha atirado quando contava 
com 17anos de idade e a vítima vem a falecer quando já tinha completado a maioridade – aplica-se o 
Estatuto da Criança e do Adolescente. 
É no momento da ação / omissão que são analisadas as condições da vítima. 
Serve também para determinar qual lei irá reger o caso concreto. 
“Tempo do crime - Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, 
ainda que outro seja o momento do resultado”. 
 
Sucessão de Leis Penais no Tempo: 
 
Regra: irretroatividade da Lei penal = art. 1º do CP. 
 
Exceção: retroatividade da lei penal benéfica = art. 2º do CP. 
“Lei penal no tempo - Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, 
cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. 
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que 
decididos por sentença condenatória transitada em julgado.” 
 
Tempo de realização do ato Lei posterior 
Fato atípico Típico – Novatio legis incriminadora 
Art. 1º = irretroatividade. 
Fato típico Atípico (aboliu) – Abolitio Criminis 
Art. 2º = retroatividade 
Fato típico Típico + pena mais grave – Novatio legis in pejus 
Art. 1º = irretroatividade 
Fato típico Típico + pena mais branda – Novatio legis in mellius 
Art. 2º = retroatividade 
 
Art. 2º “Caput”: traz a expressão da figura criminosa “abolitio criminis”, cuja natureza jurídica é de 
a) Causa de exclusão da tipicidade: o fato deixou de ser típico. Flávio Monteiro de Barros; 
b) Causa de extinção da punibilidade: art. 107, III do CP. 
Direito Penal I 
 
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Lei abolicionista não respeita coisa julgada (art. 5º, XXXVI, CR). O art. 2º do CP não ofende a 
constituição, pois o mandamento constitucional tutela garantia individual e não o direito de punir do 
Estado. É para o particular utilizar em face do Estado. 
A abolitio criminis extingue os EFEITOS PENAIS da sentença condenatória. Já os efeitos 
extrapenais permanecem. 
 
Art. 2º, par. Único, CP: Lei mais favorável: “Lex mitior” – beneficia o agente ainda que transitada em 
julgado a sentença, não respeitando a coisa julgada. 
 Após o trânsito em julgado, segundo a súm. 611 do STF compete ao Juiz da Execução a 
aplicação de lei mais benigna. Mas é incompleta tal súmula, devendo ser interpretada: se de 
aplicação meramente matemática (causa de diminuição em razão da menoridade) é o juiz da 
execução. No entanto, se a lei conduzir a um juízo de valor (pequeno prejuízo para a vítima, 
por exemplo), faz-se necessária a revisão criminal. 
 É possível retroatividade benéfica quando a lei ainda esta em vacatio legis? 
1ª Corrente: sabendo que a finalidade primordial da vacatio é tornar a lei conhecida, não 
faz sentido que aqueles que já se inteiraram de seu teor, fiquem impedidos de lhe prestar 
obediência, em especial quando o preceito é mais brando. (Bittencourt e Nelson Hungria). 
2ª Corrente: lei na vacatio não tem eficácia jurídica ou social, devendo imperar a lei 
vigente. É a prevalece. 
 É possível haver combinação de leis penais? (se refere a conjugação de aspectos de 
diferentes leis penais) 
Tempo do fato – Lei A Sentença – Lei B 
Pena: 2 a 4 anos (-) Pena: 4 a 8 anos (+) 
Multa: 100 a 1000 dias (+) Multa: 10 a 100 dias (-) 
1ª Corrente: não se admite combinação de leis, pois, assim agindo o juiz eleva-se a legislador, 
criando uma terceira lei. É o que entendem Nelson Hungria e a 1ª Turma do STF. RHC94802. 
2ª Corrente: admite-se a combinação de leis, pelo menos em casos especiais. Se o juiz pode 
aplicar o “todo de uma lei ou de outra” para favorecer o sujeito, pode escolher parte de uma 
ou de outra para o mesmo fim. É o que entendem a doutrina moderna e a 2ª Turma do STF 
HC95435. É esse também o entendimento de Frederico Marques e Cezar Roberto Bittencourt. 
 Na continuidade delitiva, sobrevindo lei mais gravosa, esta será aplicada? 
Lei A (pena: 2 a 4anos)Lei B (pena: 2 a 5anos) 
 155 155 155 155 155 155 
 
Prevalecendo das mesmas circunstâncias: 
a) Tempo 
b) Local art. 71, CP Ficção Jurídica = Crime único 
c) Modo de agir 
 
1ª Corrente: aplica-se a ultratividade ou a retroatividade da lei mais benéfica. 
2ª Corrente: aplica-se a lei vigente antes da cessação da atividade criminosa, ainda que mais grave. O 
agente que prosseguiu na continuidade delitiva após o advento da lei nova tinha a possibilidade de 
Direito Penal I 
 
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motivar-se pelos imperativos desta, ao invés de prosseguir na prática de seus crimes. Submete-se, 
portanto, ao novo regime ainda que mais grave, sem surpresas e sem violação ao princípio da 
Legalidade. É a posição do STF estampada na Súm. 711. 
 
Art. 3º, CP: Lei Excepcional e Temporária: 
 
Lei temporária: é também chamada lei temporária em sentido estrito. É aquela que tem prefixado 
em seu texto o tempo de duração (vigência). 
Ex. Lei A (01-01-2010) __________ Lei B (01-12-2012) 
 
Lei excepcional: Lei temporária em sentido amplo. É a que atende a transitórias necessidades 
estatais, tais como calamidades, guerras, epidemias, etc. Ela perdura por todo tempo excepcional. 
Ex. Lei B (01-01-2010) Enquanto durar a epidemia 
O art. 3º fala que um fato praticado durante a lei excepcional ou temporária, ainda que 
cessada a vigência da lei continua sendo punível para garantir o cumprimento da Lei excepcional ou 
temporária. 
 Se não fosse o art. 3º se sancionaria o absurdo de reduzir as disposições destas leis a uma 
espécie de ineficácia preventiva em relação aos fatos por ela validamente vetados, que fossem 
cometidos na iminência do vencimento. 
 
OBS: o art. 3º foi recepcionado pela CF? 
CP/84 – ultra-atividade maléfica (art. 3º) 
CF/88 – determina sempre a retroatividadebenéfica. 
 Para Zaffaroni, percebendo que a CF não traz qualquer proibição da ultra-atividade maléfica, 
julga o art. 3º não recepcionado pela CF. Já para a maioria não existe ofensa ao princípio da 
retroação mais benéfica (art. 5º, XL, CR). Nestas leis, temos como elemento do tipo, o fator tempo , 
de modo que ao deixar de viger, não lhe sucede nenhuma lei nova, mas apenas existe um retorno 
daquela que regulava a situação anterior. Por serem normas diferentes não incide a norma 
constitucional (Luiz Flávio, Nucci, Damasio). 
 
?? Como fica a sucessão de complemento de norma penal em branco? 
 
NPB própria = Lei complementada por espécie normativa diferente. Ex. portaria. 
NPB Imprópria = Lei complementada por outra lei. Homóloga – no mesmo documento. Heteróloga 
– em documento distinto. 
 
1ª Corrente: tratando-se de NPB imprópria, a alteração do complemento, se mais beneficia, retroage. 
Tratando-se de NPB própria é imprescindível saber se a alteração foi da matéria da proibição, com 
redução da área de incidência do tipo ou simples atualização de valores monetários. Na primeira 
hipótese retroage, na segunda não irá retroagir. É adotada por Francisco de Assis Toleldo. 
Exemplos: 
1. Art. 237, CP – Casar com impedimentos (NPB Imprópria) 
Direito Penal I 
 
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CC – Lei abolindo impedimentos: RETROATIVIDADE 
2. Art. 269 – médico não comunicar doença (portaria) de comunicação obrigatória (NPB Própria) 
Lei aboliu doença de notificação compulsória: RETROATIVIDADE, uma vez que houve redução da área de incidência do 
tipo. 
3. Art. 2º, VI, Lei 1.521/51 – Vender mercadoria acima das tabelas (portaria – NPB própria) 
Lei atualiza a tabela aumentando de R$20,00 para R$40,00: NÃO RETROATIVIDADE, uma vez que houve mera atualização 
monetária. 
2ª Corrente: não interessa se o complemento advém de lei ou de ato infralegal, pois a retroatividade 
depende exclusivamente do caráter temporário ou definitivo da norma. Se definitivo, a alteração 
benéfica retroage (art.2º); se temporário, não retroage (art. 3). É adotada por Fernando Capez. 
 Rapto – Lei 11.105/05: 
Antes Depois Efeito 
Violento (art. 219, CP) Migrou para art. 148,§1º, V Princípio da Continuidade 
Normativo típica 
Consensual (art. 220, CP) Foi abolido Abolitio criminis 
 
 Atentado violento ao pudor – lei 12.015/2009 
Antes Depois Efeito 
Art. 214, CPC Migrou para art. 214, CP Princípio da Continuidade Normativo 
típica – não há supressão, há migração 
do tipo. 
 
Abolitio criminis: tem-se supressão formal e material, ou seja, supressão da figura criminosa. A 
intenção do legislador é não mais considerar o fato como crime. Ex. art. 217, 220, 240, CP. 
 
Princípio da Continuidade Normativo típica: há alteração formal e manutenção do conteúdo 
criminoso do fato. Em resumo, há a migração do conteúdo proibido. Ex. 214, 219, CP. 
 
APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO ESPAÇO: 
 
 Sabendo que um fato punível pode, eventualmente, atingir os interesses de dois ou mais 
Estados igualmente soberanos, o estudo da lei penal no espaço visa a descobrir qual é o âmbito 
territorial e aplicação da lei penal brasileira, bem como de que forma o Brasil se relaciona com outros 
países em matéria penal. 
 
Princípios para solução dos possíveis conflitos: 
 
1) Territorialidade: aplica-se a lei penal do local do crime, não importando a nacionalidade do 
agente, vítima ou bem jurídico. 
2) Nacionalidade ativa: aplica-se a lei penal da nacionalidade do agente, não importando a 
nacionalidade da vítima, do bem jurídico ou do local do crime. 
Direito Penal I 
 
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3) Nacionalidade passiva: aplica-se a lei penal da nacionalidade do agente somente quando 
atingir um cocidadão, não importando o local do crime. 
4) Defesa ou real: aplica-se a lei penal da nacionalidade da vítima ou do bem jurídico, não 
importando o local da nacionalidade do agente. 
5) Justiça Penal Universal: o agente fica sujeito à lei do país onde for encontrado, não 
importando sua nacionalidade, do bem jurídico lesado ou do local do crime. Está 
normalmente em tratados internacionais. 
6) Representação ou da bandeira: a lei penal nacional aplica-se aos crimes cometidos em 
aeronaves e embarcações privadas, quando no estrangeiro e aí não sejam julgados. 
 
O Brasil adotou como princípio regra, nos termos do art. 5º do CP, o da territorialidade. 
“Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime 
cometido no território nacional. 
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves 
brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e 
as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo 
correspondente ou em alto-mar. 
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras 
de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, 
e estas em porto ou mar territorial do Brasil.” 
 O princípio da territorialidade adotado pelo Brasil foi o da territorialidade absoluta ou 
temperada? O Brasil adota uma territorialidade temperada porque há casos em que mesmo 
cometido no Brasil, não será aplicada a Lei Brasileira: convenções, tratados e regras de direito 
internacional. Ex. na imunidade diplomática, apesar de cometido no Brasil, sofrerá imposição de lei 
estrangeira. 
 Quando a lei estrangeira se aplica a fato cometido no Brasil, tem-se o princípio da 
intraterritorialidade. Assim, o artigo 5º adota a territorialidade excepcionada pela 
intraterritorialidade. 
 
Território nacional: limite da Lei Penal Brasileira. É não somente o espaço geográfico, mas também o 
espaço jurídico (ou por equiparação / ficção / extensão) previsto nos §§ 1º e 2º do art. 5º do CP. 
 
Resumo: 
a) Quando os navios ou aeronaves forem públicos ou a serviço do governo brasileiro, quer se 
encontrem no território nacional, ou não, são considerados parte de nosso território. 
b) Se privados, quando em alto-mar ou espaço aéreo correspondente, aplica-se a alei da 
bandeira que ostentam já que lá nenhum país exerce soberania; 
c) Quanto aos estrangeiros, se privados, são considerados parte do nosso território quando 
aqui atracados ou em pouso. Se públicos ou a serviço do governo não se aplica a lei nacional 
(princípio da reciprocidade) 
 
Situações: 
Direito Penal I 
 
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1) Em alto-mar, um navio de bandeira brasileira é destruído e estando um argentino e um 
brasileiro, constroem uma jangada, oportunidade em que o argentino pratica um homicídio 
(art.121, CP) contra o brasileiro = Aplica-se a lei brasileira porque os destroços do navio 
continuam ostentando a bandeira brasileira. 
2) Em alto-mar, duas embarcações privadas, uma de bandeira brasileira e outra de bandeira 
holandesa colidem e é construída uma jangada com os destroços de ambos navios, local em 
que um americano pratica um homicídio contra um brasileiro = como a jangada foi 
construída com destroços dos navios da Holanda e do Brasil, aplicar-se a Lei da nacionalidade 
do agente (EUA). 
3) Navio colombiano em porto brasileiro = tráfico em que o marinheiro sai do navio e comete 
crime em solo nacional: se desceu por motivos particulares, aplica-se a lei brasileira; se desceu 
a serviço do país de origem, aplica-se a lei colombiana. 
4) Em alto-mar navio holandês faz campanha e provoca abortos em mulheres brasileiras = 
navio abortador = trafega em alto-mar de forma imune, já que na Holanda o aborto não é 
crime. 
Lugar do Crime = quando se considera praticado o crime? 
 
a) Teoria da atividade: considera-se lugar do crime onde ocorreu a conduta. 
b) Teoria do resultado:considera-se lugar do crime onde ocorreu a consumação. 
c) Teoria da ubiqüidade ou mista: considera-se lugar do crime onde ocorreu a conduta ou a 
consumação. É adotada no Brasil = art. 6º, CP. 
 
“Lugar do crime - Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em 
parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.” 
 
OBS: LUTA = 
LU – LUGAR DO CRIME = UBIQUIDADE. 
TA – TEMPO DO CRIME = ATIVIDADE 
 
OBS: Se em território brasileiro unicamente ocorre o planejamento ou preparação do crime, o fato 
não interessa ao direito brasileiro. É imprescindível o início da execução. 
 Já se entendeu que crime cometido dentro do território nacional a bordo de avião que apenas 
sobrevoa o país sem intenção de pousar, aplica-se a lei brasileira, pois a execução “tocou” o território 
nacional. 
 Hoje, porém, se aplica a passagem inocente: não incide a lei brasileira quando o navio ou 
aeronave passa pelo território nacional apenas para chegar a seu destino (no nosso território não 
atracará ou pousará). É também caso de intraterritorialidade previsto em tratado internacional. 
 
Crimes a distância X Crimes plurilocais: 
 
Direito Penal I 
 
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 Crimes a distância ou de espaço máximo: o crime percorre diferentes territórios de dois ou 
mais países soberanos. Surge um conflito internacional de jurisdição, devendo ser aplicado o 
art. 6º do CP. 
 
 Crimes plurilocais: o crime percorre diferentes territórios do mesmo país soberano (não sai 
do país). Tem-se conflito interno de competência. Aplica-se o art. 70 do CPP que adota a 
teoria do resultado. 
 
Extraterritorialidade: 
 
 A art. 7º do CP expõe oito casos de extraterritorialidade: 
Extraterritorialidade Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I - os crimes: 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República – princípio da defesa ou real. 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de 
empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; - princípio da defesa 
ou real. 
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; - princípio da defesa ou real. 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil – há três correntes: 
1 – Princípio da Justiça Universal; 
2 – Princípio da Defesa ou real (genocídio de brasileiros) 
3 – Princípio da Nacionalidade ativa (errado) 
 EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA: A lei brasileira será aplicada ainda que o agente 
seja absolvido ou condenado no estrangeiro. (§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei 
brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.) 
 
 
 
II - os crimes: 
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir – Princípio da Justiça Universal 
b) praticados por brasileiro – Princípio da Nacionalidade Ativa 
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território 
estrangeiro e aí não sejam julgados. – Princípio da representação ou da bandeira. 
 EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA: A lei brasileira, para ser aplicada depende das 
condições do §2º: 
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições 
a) entrar o agente no território nacional; 
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; 
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a 
lei mais favorável. 
 
 
 
 
 
Direito Penal I 
 
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§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições 
a) entrar o agente no território nacional; 
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; 
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a 
lei mais favorável. 
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, 
reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: 
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 
b) houve requisição do Ministro da Justiça. 
Traduz divergência: 
1ª Corrente: Nacionalidade passiva (Flávio Monteiro de Barros e LFG) 
2ª Corrente: Princípio da defesa ou real: é a que prevalece. 
Se adotada a segunda corrente, o princípio da nacionalidade ativa é o único não abarcado pelo CP. Já se adotada a 
primeira corrente, todos os princípios estão incluídos. 
 EXTRATERRITORIALIDADE HIPERCONDICIONADA: DEPENDE DAS CONDIÇÕES DOS §§2º E 3º. 
 
Obs.: Se estrangeiro mata para roubar Presidente da República Federativa do Brasil em outro país: 
é latrocínio, aplicando-se o art. 7º, §3º. Não será extraterritorialidade incondicionada, mas sim 
hipercondicionada uma vez que o latrocínio é crime contra o patrimônio e não contra a vida / 
honra do Presidente. 
 
Requisitos para ocorrência da extraterritorialidade condicionada (Cumulativos): 
 Entrar o agente em território nacional: basta entrar no território nacional, ainda que aqui não 
permaneça. Saliente-se que é preenchida a condição ainda que se refira ao território jurídico. 
Ex. se entra em navio público. Trata-se tal condição, de condição de procedibilidade, pelo que 
não poderá sequer ser iniciado o processo. Se iniciada, cabe HC para trancar a ação penal. 
 Ser o fato punível também no país em que foi praticado. Ex. lugares que admitem a poligamia 
= aqui no Brasil não poderá ser punido. Trata-se de condição objetiva de punibilidade. 
 Estar o crime incluído entre os quais a lei brasileira autoriza a extradição: há uma coincidência 
entre as hipóteses em que o Brasil autoriza a extradição e estende o território, ou seja: 1) 
crime punido com reclusão; 2) pena superior a 01 ano = art. 67 do Estatuto do Estrangeiro. 
Trata-se de condição objetiva de punibilidade. 
 Agente não tenha sido absolvido ou cumprido pena no estrangeiro. Trata-se de condição 
objetiva de punibilidade. 
 Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou por qualquer motivo não estar extinta a 
punibilidade pela lei mais favorável. É também condição objetiva de punibilidade. 
 
Requisitos para ocorrência da extraterritorialidade hipercondicionada: 
Requisitos do § 2º cumulativos, e ainda: 
 Não foi pedida ou foi negada a extradição; 
 Houve requisição do Ministro da Justiça 
 
Direito Penal I 
 
 Página 23 
 
Questão de prova: Um brasileiro, na cidade de Nova Iorque matou um estrangeiro em um hotel. Logo 
após o crime, o brasileiro vem para o Brasil. Qual a lei será aplicada? 
a) O brasileiro entrou no território nacional; 
b) O homicídio também é crime nos EUA; 
c) O homicídio está entre os crimes que o Brasil autoriza a extradição; 
d) O brasileiro não foi julgado no estrangeiro; 
e) Não foi perdoado e a punibilidade não foi extinta. 
 Será aplicada a lei brasileira. Mas quem será competente para aplicar a lei brasileira? A 
competência, em regra, é da justiça estadual uma vez que não resta presente alguma das hipóteses 
do art. 109 da CR que disciplina a competência da Justiça Federal. 
 O território competente será o da capital do estado em que o agente mora ou morou no 
Brasil. Se ele nunca morou no Brasil, capital da República (DF) = art. 88, CPP. 
Obs: A extraterritorialidade, especialmente a incondicionada excepciona o princípio da vedação ao 
bis in idem eo art. 8º nasce para atenuar esse evidente bis in idem uma vez que: 1) atenua a pena 
imposta no Brasil, se distintas; 2) computa a pena, se idênticas. 
Ex. EUA e BRASIL 
1ª hipótese = penas idênticas: 
EUA – 10 anos de pena privativa de liberdade; 05 anos serão cumpridos no Brasil. 
Brasil – 15 anos de pena privativa de liberdade Computa-se a pena cumprida no estrangeiro. 
2ª hipótese = penas distintas 
EUA – multa A multa atenua a pena aqui aplicada. 
Brasil – 01 ano de pena privativa de liberdade 
 
Caso de extraterritorialidade em Lei penal especial: A Lei de tortura traz hipótese de 
extraterritorialidade (Lei 9455/96) em que não são atribuídas condições. 
 
 
Validade da Lei penal em relação as pessoas: 
 
 O art. 5º, I da CF garante isonomia. Alguns sujeitos são dotados de prerrogativas que não 
ferem o art. 5º, mas são compatíveis com a isonomia substancial. 
 Inicialmente, é necessário observar a distinção existente entre privilégio e prerrogativa. Os 
privilégios se referem à pessoa enquanto as prerrogativas dizem respeito ao cargo ocupado pelo 
agente, senão vejamos: 
Privilégio Prerrogativa 
- Exceção da lei comum deduzida da situação de 
prioridade das pessoas que a desfrutam; 
- É subjetivo e anterior a lei; 
- Essência pessoal; 
- Poder frente à lei; 
- Comum nas aristocracias das ordens sociais. 
- Conjunto de precauções que rodeia a função e 
sevem para o exercício desta. 
- É objetiva e deriva da lei; 
- Qualidade do órgão; 
- Conduto para que a lei se cumpra; 
- Aristocracias das instituições governamentais. 
Direito Penal I 
 
 Página 24 
 
 
1. Imunidade diplomática: 
 
 É uma garantia (prerrogativa) de direito público internacional de que desfrutam: 
a) Os chefes de governo ou Estado estrangeiro e seus familiares e membros da comitiva; 
b) Embaixadores e familiares; 
c) Funcionários do corpo diplomático e família; 
d) Funcionários de organizações internacionais quando em serviço. Ex. ONU. 
 A lei penal é constituída de um preceito primário e um secundário (conseqüências). O 
diplomata deve respeitar as normas penais brasileiras, mas caso as descumpra terá conseqüências 
segundo a lei de seu país. 
 Apesar de todos deverem obediência ao preceito primário da lei penal do país em que se 
encontrem (generalidade da Lei Penal), os diplomatas escapam da sua conseqüência jurídica 
(punição) permanecendo a lei penal do Estado a que pertencem (CASO DE INTRATERRITORIALIDADE), 
observando-se que a presente imunidade não impede a 
investigação policial. 
 
?? Pode haver renúncia à imunidade? A pessoa jamais pode renunciar a imunidade uma vez que a 
prerrogativa é do cargo e não da pessoa. Mas o país do qual pertence o diplomata pode retirar a 
imunidade de seu diplomata. Essa imunidade diplomática alcança crimes funcionais ou não. 
 Assim, resta incabível a renúncia à imunidade feita pelo agente, enquanto é permitido 
ao Estado que a outorga retirar referida imunidade de seu agente diplomático. 
 
?? O cônsul tem imunidade diplomática (agentes consulares)? Há quem diga que eles não têm 
imunidade alguma, mas os agentes consulares, em razão das suas funções meramente 
administrativas não desfrutam da imunidade diplomática, SALVO SE EM RELAÇÃO AOS ATOS DE 
OFÍCIO. 
 Assim, apenas em relação aos atos de ofício os cônsules possuem imunidade 
diplomática. 
 AS EMBAIXADAS NÃO SÃO EXTENSÃO DO TERRITÓRIO QUE REPRESENTAM, MAS SÃO 
ELAS INVIOLÁVEIS. 
 
2. Imunidades Parlamentares: 
 
2.1. Imunidade absoluta (substancial, material, real, inviolabilidade, indenidade): 
Previsão legal: art. 53, caput, CF: inviolabilidade civil e penal por quaisquer de suas palavras, 
opiniões e votos. Abrange as searas administrativas e política, segundo o STF. O art. 53 se 
refere aos deputados e senadores. 
Natureza jurídica: 
a) Causa excludente de crime: Pontes de Miranda; 
Direito Penal I 
 
 Página 25 
 
b) Causa que se opõe a formação do crime: Basileu Garcia; 
c) Causa pessoal de exclusão de pena: Aníbal Bruno; 
d) Causa de irresponsabilidade penal: Magalhães Noronha; 
e) Causa de incapacidade pessoal penal por razões políticas: Frederico Marques; 
f) Causa de atipicidade: Luiz Flávio Gomes e STF – adotar a sexta corrente importa em não 
punição para os partícipes e coautores. 
Súmula 245, STF: fala que a imunidade parlamentar não se estende ao corréu sem essa 
prerrogativa. Se refere as imunidades relativas e não absolutas. 
 
Limites a imunidade: 
a) 1ª Situação: palavras e opiniões emitidas nas dependências do CN: presume-se 
absolutamente o nexo funcional, ficando o parlamentar imune. 
b) 2ª Situação: palavras e opiniões emitidas fora das dependências do congresso: presume-se 
relativamente o nexo funcional (o ofendido pode provar a ausência do nexo). 
 
2.2. Imunidade relativa: deve ser desmembrada: 
 
2.2.1. Foro para processo e julgamento: art. 53, §1º, CF. Deputados e Senadores têm foro por 
prerrogativa de função no STF, desde a expedição do diploma, até enquanto durar o mandato. 
O foro por prerrogativa de função dá-se em razão da função e não da pessoa, pelo que o 
processo deve retornar ao juízo de origem, findo o mandato. Daí porque foi cancelada a Súm. 
394 do STF (se tratava de privilégio) e qualquer tentativa de repristinação da súmula pelo 
legislador será considerada inconstitucional, o que ocorreu em relação aos artigos do CPP que 
tentaram prever a prerrogativa mesmo após o término do mandado do parlamentar. 
Esse foro por prerrogativa de função é de natureza penal, não abrangendo demanda cível, 
ainda que de improbidade (também considerado inconstitucional o dispositivo do CPP que 
tratava dessa hipótese). 
 
2.2.2. Relativa a Prisão: art. 53,§§3º/5º da CR – Crime cometido após a diplomação. 
§ 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo 
Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo 
voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. 
§ 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias 
do seu recebimento pela Mesa Diretora. 
§ 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato. 
 
Antes EC 35/2001 Após EC 35/2001 
- A imunidade abrangia qualquer crime, 
praticado antes ou após a diplomação 
- O STF necessitava de autorização para 
iniciar o processo contra o parlamentar. 
- Enquanto não autorizado, não corria o 
- A imunidade só abrange crime praticado 
após a diplomação. 
- O STF dispensa a autorização, contudo a 
casa legislativa pode, mediante voto, sustar o 
andamento do processo. 
Direito Penal I 
 
 Página 26 
 
processo. - A sustação do processo suspende também a 
prescrição. 
A prerrogativa extraordinária da imunidade parlamentar prevista no art. 53, §§3º/5º não se 
estende e nem alcança os inquéritos policiais que tenham sido instaurados contra membros 
do Congresso Nacional. (STF). 
 
2.2.3) Relativa a Condição de testemunha: art. 53, §6º, CF. Deputados e senadores não serão 
obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do 
mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiarem ou deles receberem informações. 
§ 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em 
razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações. 
Art.221, CPP = deputado e senador tem prerrogativa para escolher dia, hora e local para 
serem inquiridos, mas essa prerrogativa é na qualidade de testemunha e não como 
investigado ou acusado. 
Art. 221. O Presidente e o Vice-Presidente da República, os senadores e deputados federais, os ministros deEstado, os governadores de Estados e Territórios, os secretários de Estado, os prefeitos do Distrito Federal e dos 
Municípios, os deputados às Assembléias Legislativas Estaduais, os membros do Poder Judiciário, os ministros e 
juízes dos Tribunais de Contas da União, dos Estados, do Distrito Federal, bem como os do Tribunal Marítimo 
serão inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados entre eles e o juiz. 
 
Obs.: As imunidades dos parlamentares permanecem durante o estado de sítio, só podendo 
ser suspensas mediante voto de 2/3 da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do 
recinto do Congresso Nacional que sejam incompatíveis com a execução da medida. (art. 
53,§8º, CF). Assim, dentro do Congresso Nacional, sempre serão mantidas as imunidades. 
 
? Parlamentar Federal que se licencia para exercer cargo no executivo tem mantida a 
imunidade? Não será mantida a imunidade pois esta se refere ao cargo e não a pessoa. Daí 
porque foi cancelada a Súmula 4 do STF que previa a imunidade estendida aquele parlamentar 
investido na função de Ministro de Estado. Apesar de estar perdida a imunidade (absoluta e 
relativa) resta mantido o foro por prerrogativa de função. 
 
*Imunidades de deputados estaduais: 
 
 Tem as mesmas imunidades dos parlamentares federais. 
Parlamentares Federais Parlamentares Estaduais 
Imunidade absoluta 
Imunidade Relativa 
a) Foro 
b) Prisão 
c) Processo 
d) Testemunha 
Imunidade absoluta 
Imunidade relativa 
a) TJ estadual 
b) Princípio da simetria 
c) Art. 27,§ 2º, CF 
d) Princípio da simetria. 
 A súmula 3 do STF foi superada com o advento da CF. 
Direito Penal I 
 
 Página 27 
 
 
*Imunidades dos vereadores: 
 
 Os vereadores têm imunidade absoluta que abrange somente os atos cometidos na 
circunscrição do município em que exerçam o mandato. Não tem os vereadores a imunidade relativa. 
 
Obs.: A constituição estadual pode dar aos vereadores foro por prerrogativa de função que será o 
TJ, o que ocorre, por exemplo no Rio de Janeiro em no Piauí. No entanto a competência do Tribunal 
do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido apenas na Constituição 
estadual, nos termos da Súm. 721 do STF: “A competência do Júri prevalece sobre o foro por 
prerrogativa de função estabelecido apenas na Constituição Estadual”. 
 Assim, quanto ao parlamentar federal, o foro por prerrogativa de função está previsto na 
Constituição Federal pelo que prevalecerá sobre o Tribunal do Júri (Crime doloso contra a vida será 
julgado perante o STF), o mesmo ocorrendo com os parlamentares estaduais cujo foro por 
prerrogativa de função também está contido na Constituição Federal (o Crime doloso contra a vida 
será julgado no TJ). Já quanto ao vereador o foro especial pode estar exclusivamente na constituição 
estadual, e por isso não prevalecerá sobre o Tribunal do Júri (crimes dolosos contra a vida serão 
julgados no Tribunal do Júri). 
TEORIA GERAL DA INFRAÇÃO PENAL: 
 
Introdução: 
 
 O Brasil é adepto do sistema dualista ou binário, ou seja, reconhece duas espécies de 
infração penal, quais sejam: 
a) Crime ou delito; 
b) Contravenção penal (crime anão, delito liliputiano, crime vagabundo) 
 De acordo com a lei de introdução ao Código penal crime é punido com reclusão e 
detenção e contravenção penal é punida com prisão simples. 
 Mas o art. 28 da Lei de Drogas não prevê pena de reclusão, detenção ou prisão simples. 
Então o que estaria tratando o art. 28? Parcela da doutrina diz se tratar de infração sui generis. Já o 
STF diz que o art. 28 se trata de crime pois a CF autoriza outras espécies de penas. 
 Apesar da força da corrente que conduz a ideia de que se trate o art. 28 da Lei de Drogas 
de infração penal sui generis, prevalece no STF que referido dispositivo traz crime ao qual é cominada 
pena distinta da privativa de liberdade, perfeitamente autorizada pela Constituição Federal. 
 
Crime X Contravenção: 
 
 
 A diferença de crime para contravenção é de grau puramente axiológica, não ontológica. 
Os fatos mais graves são rotulados de crimes enquanto os menos graves como contravenções. O que 
é mais ou menos grave depende de opção política do legislador. 
Direito Penal I 
 
 Página 28 
 
Ex. porte ilegal de arma de fogo: 
Até 1997: contravenção 
De 1997/2003: crime ofende os princípios da proporcionalidade 
Após 2003: em alguns casos se tornou inafiançável. e da razoabilidade, segundo o STF. 
 
Diferenças entre crimes e contravenções 
 CRIME CONTRAVENÇÃO 
Tipo de pena privativa 
de liberdade 
Reclusão 
Detenção 
Prisão Simples = art. 6º da LCP: jamais se 
admite regime fechado para 
contravenção, mesmo por meio de 
regressão 
Tipo de ação penal Ação penal Pública 
Ação Penal Privada 
Ação penal pública – art. 17, LCP. 
Exceção: a partir de 1995 a lesão corporal 
passou a ser dependente de 
representação e aí gerou incongruência, 
pois as vias de fato seria crime de AP 
Pública incondicionada apesar de ofender 
menos o bem jurídico tutelado. Aí a 
jurisprudência passou a exigir 
representação. No entanto, o STF não 
admite tal exceção. 
Admissibilidade da 
tentativa 
Admite tentativa Não se pune a tentativa de contravenção 
penal – art. 4, LCP. 
Regras da 
extraterritorialidade 
Admite as regras Não admite as regras. Somente são 
punidas contravenções praticada no 
Brasil. 
Competência para 
processo e julgamento 
Justiça estadual 
Justiça federal 
Justiça estadual – art. 109, IV, CF. 
Exceção: autor da contravenção penal 
tiver foro por prerrogativa de função 
federal. Ex. Juiz Federal. 
Limite das penas Art. 75, CP = 30 anos Art. 10, LCP = 5 anos 
Sursis – período de 
prova 
Em regra é de 02 a 04 anos. É de 01 a 03 anos. Art. 11, LCP 
 
Conceito de crime: 
 
a) Conceito Formal: sob o enfoque formal, crime é aquilo que estabelecido em norma penal 
incriminadora, sob ameaça de pena. 
b) Conceito Material: crime é comportamento humano causador de relevante lesão ou perigo de 
lesão ao bem jurídico tutelado, passível de sanção penal. Ex. furto de caneta Bic – sob o 
enfoque formal é crime, já sob o enfoque material não é crime. 
Direito Penal I 
 
 Página 29 
 
c) Conceito Analítico: leva em consideração os elementos que compõem a infração penal. 
Prevalece que os elementos do crime são: 
a) Fato típico 
b) Ilicitude 
c) Culpabilidade 
 
Crime = sujeitos ativo e passivo: 
 
a) Sujeito ativo: aquele que comete a infração penal. Quem pode figurar como sujeito ativo? 
Pessoa física com 18 anos completos e capaz. 
E quanto a pessoa jurídica? Há três correntes: 
1ª Corrente: a pessoa jurídica não pode praticar crimes ou ser responsabilizada 
criminalmente. A responsabilidade penal da pessoa jurídica ofende os seguintes princípios 
constitucionais: 
 Responsabilidade subjetiva; 
 Culpabilidade; 
 Responsabilidade pessoal; 
 Personalidade da pena. 
2ª Corrente: a pessoa jurídica pode ser autora de crime e portanto, responsabilizada 
penalmente nas infrações ambientais. Rebate a primeira corrente: 
 Trata-se de responsabilidade objetiva autorizada pela CR; 
 A pessoa jurídica deve responder por seus atos, adaptando-se o juízo de culpabilidade; 
 Não viola o princípio da personalidade da pena, transmitindo-se eventualmente efeitos 
da condenação. 
3ª Corrente: apesar de a Pessoa Jurídica ser um ente autônomo e distinto de seus membros, 
dotado de vontade própria, não pratica crimes, mas pode ser responsabilizada penalmente 
nas infrações ambientais (art. 3º, Lei 9.605/98), devendo haver decisão no interesse da pessoa 
jurídica. O art. 3º, p. ún. traz o sistema da dupla imputação: a pessoa física é que deve ser 
denunciada e a pessoa jurídica aparece como beneficiária. Há necessidade de que tanto a 
pessoa física como a pessoa jurídica sejam denunciadas e que a conduta objeto da denúncia 
tenhabeneficiado a pessoa jurídica. 
Trata-se de responsabilidade penal social, necessária = essa terceira corrente é a adotada 
pelo STJ. 
 
Classificação do crime quanto ao sujeito ativo: 
 
1) Comum: o tipo penal não exige qualidade ou condição especial do agente. Admite coautoria e 
participação. Ex. art. 121 do Cp. 
2) Próprio: o tipo penal exige qualidade ou condição especial do agente. Admite coautoria e 
participação. Ex. Peculato. 
Direito Penal I 
 
 Página 30 
 
3) De Mão-própria: o tipo penal exige qualidade ou condição especial do agente. Admite 
participação, mas não admite coautoria. É também chamado de conduta infungível. Ex. falso 
testemunho. Caso o advogado induza a testemunha a mentir, segundo o STF trata-se de caso 
excepcional de coautoria. 
 
b) Sujeito Passivo: a pessoa ou ente que sofre as conseqüências da infração penal. Qualquer 
pessoa física ou jurídica ou ente destituído de personalidade jurídica pode ser sujeito passivo. 
Ex. coletividade. É denominado crime vago aquele em que o sujeito passivo é o ente 
destituído de personalidade. 
 
Espécies de sujeito passivo 
 
1) Formal ou constante: é o Estado interessado na manutenção da paz pública e da ordem social. 
2) Material ou eventual: é o titular do bem jurídico lesado ou colocado em risco. 
 
Observações pertinentes: 
 
 Há crimes que têm sujeito passivo próprio: o tipo exige qualidade ou condição especial da 
vítima. Ex. art. 123, CP – infanticídio: a vítima é o nascente ou neonato. 
 Há crimes em que o tipo penal exige qualidade especial do sujeito ativo e do sujeito passivo. 
São os chamados crimes bipróprios. Ex. Infanticídio; o estupro já foi exemplo, mas não é mais. 
 Morto pode ser sujeito passivo??? Art. 138,§2º,CP – É punível a calúnia contra os mortos. O 
morto, não sendo titular de direitos, não é sujeito passivo de crimes. Pune-se entretanto 
delito contra morto, figurando como vítima a família do morto, interessada na manutenção 
de sua reputação. Na hipótese de calúnia, em que há punição se praticada contra o morto, 
será vítima do delito, a família que tem interesse na reputação do mesmo. 
 Animais podem ser vítimas??? Os animais também não são vítimas de crimes e podem 
aparecer como objeto material do delito, figurando como sujeito passivo o proprietário do 
animal ou a coletividade, nos casos de crimes ambientais. 
 O homem pode ser sujeito ativo e passivo ao mesmo tempo??? O homem não pode ser 
sujeito ativo e passivo do delito, ao mesmo tempo. Rogério Greco admite uma exceção, 
citando o crime de Rixa. 
 Há crimes que necessariamente tem pluralidade de vítimas. São denominados crimes de dupla 
subjetividade passiva. Ex. violação de correspondência: quem envia e o destinatário são 
vítimas. 
 Pessoa jurídica pode ser vítima de extorsão mediante sequestro? Na extorsão mediante 
sequestro temos duas vítimas que nem sempre se reúnem em uma mesma pessoa: 
a) Aquele privado da liberdade; 
b) Aquele lesado em seu patrimônio para pagar o resgate – quanto a este aspecto, é possível 
se enquadrar a pessoa jurídica. 
 Pessoa jurídica pode ser vítima de crime contra a honra? Há divergência 
Direito Penal I 
 
 Página 31 
 
1ª Corrente: pessoa jurídica pode ser vítima apenas de difamação. Não pode ser vítima de 
calúnia pois não pratica crime. Não pode ser vítima de injúria uma vez que não tem honra 
subjetiva (dignidade/decoro). É a posição do STF e do STJ. 
2ª Corrente: pessoa jurídica não pode ser vítima de nenhum crime contra a honra. Os crimes 
contra a honra para tal corrente só protegem pessoas físicas, não abrangendo pessoa jurídica. 
É o que entende Mirabete. 
 
Crime = Objeto Material e Objeto Jurídico: 
 
a) Objeto Material: pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta criminosa. 
? O objeto material se confunde com sujeito passivo? 
Ex. Furto = A furta a carteira de B 
Sujeito passivo: B ≠ 
Objeto material: carteira. 
Homicídio = A mata B 
Sujeito passivo: B = 
Objeto material: B 
 
Em regra, sujeito passivo não se confunde com objeto material. Excepcionalmente, se 
confunde. Ex. homicídio. 
Obs: Crimes sem objeto material: a doutrina aponta dois exemplos: 
 Falso testemunho; 
 Ato obsceno. 
 
b) Objeto Jurídico: traduz o interesse tutelado pela norma incriminadora. Normalmente está no 
título /capítulo do CP a que pertence o crime. 
Ex. antes da Lei 12.015 – Capítulo VI: Crimes contra os costumes. 
Após a lei 12.015 – Capítulo VI: Crimes contra a Dignidade sexual. 
Obs.: São chamados pluriofensivos os crimes que lesam ou expõem a perigo mais de um 
bem jurídico. Ex. latrocínio = ofensa a vida e ao patrimônio. 
NÃO EXISTE CRIME SEM OBJETO JURÍDICO. 
__________________________________________________________________________________ 
TIPICIDADE – Luiz Flávio Gomes 
 
Crime: 
 
1) Fato típico, antijurídico e culpável: é o conceito tripartido seguido pela maioria dos 
doutrinadores 
2) Fato típico e antijurídico: é conceito bipartido chamado finalismo dissidente, no Brasil. 
Segundo tal doutrina, culpabilidade é pressuposto da pena. 
3) Fato formal e materialmente típico e antijurídico: trata-se de teoria mais moderna que se 
diferencia da segunda por se referir a tipicidade material. Entende que a culpabilidade é o elo 
entre o crime e a pena. 
O que se pode concluir é que não há crime sem tipicidade. 
 
Direito Penal I 
 
 Página 32 
 
 
Evolução histórica da Tipicidade: 
 
Causalismo: 
 
 Final do século XIX / início do século XX. 
 Nomes: Von Liszt, Beling (1906) 
 Pela primeira vez se falou em tipicidade. Conceituavam tipicidade afirmando ser objetiva e 
neutra. Tipicidade é a descrição abstrata do crime, sem nenhum conteúdo valorativo, e daí a 
neutralidade. 
 Requisitos do fato típico (válidos até os dias atuais): 
a) conduta humana; 
b) resultado naturalístico (crimes materiais); 
c) nexo de causalidade 
d) adequação típica 
 
Neokantismo: 
 
 De 1900 /1930 
 Nome: Mesger 
 A tipicidade é objetiva e valorativa, ou seja, o tipo penal não é neutro. Se o legislador tipificou 
a conduta esta tem valor negativo. Resta recuperada a teoria dos valores de Kant. Os requisitos do 
tipo são idênticos ao do causalismo, restando apenas incluído o juízo de valor negativo. 
 
Finalismo: 
 
 De 1940 / 1960 
 Nome: Welzel 
 Para Welzel, tipicidade é objetiva e subjetiva. Afirmava que aquilo que “estava na cabeça” do 
réu era a seara subjetiva. Incluía o dolo e a culpa nesse subjetivismo. Tipicidade complexa é a 
tipicidade em Welzel porque tem duas partes: objetiva e subjetiva. 
 Antes de Welzel, o dolo e a culpa eram inseridos no estudo da culpabilidade. 
 
Funcionalismo Teleoloógico ou Moderado: 
 
 Idos de 1970. 
 Nome: Roxin. 
 Para Roxin, a tipicidade é objetiva e tem os requisitos básicos do tipo, mas inclui também a 
seara subjetiva que, para ele, é dolo e outras intenções. Ele retira a culpa do subjetivismo. Roxin 
inclui ainda outra dimensão, a tipicidade que é normativa ou valorativa. 
 É criada a teoria da imputação objetiva por Roxin que significa: 
Direito Penal I 
 
 Página 33 
 
1) A conduta tem que ser valorada. Se ela cria um risco proibido é típica; se não, não será típica. 
Criação ou implemento de um risco proibido relevante. 
2) O resultado tem que ter nexo com o risco criado. Não pode ser confundido com o nexo causal 
(causa e efeito). Aquele é o nexo de imputação. 
3) O resultado tem que estar no âmbito de proteção da norma. 
Obs. Subjetivo (é tudo que está na cabeça do réu) X Objetivo (é o que depende de um juízo de valor, 
constatado pelo Juiz). 
 
Funcionalismo reducionista: 
 
 Década de 80. 
 Nome: Zaffaroni. 
 A tipicidade é objetiva, subjetiva e conglobante. Tipicidade conglobante: se existe uma norma 
que autoriza a conduta ou a fomenta, o que está permitido por uma norma não pode

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