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Sistemas Adesivos O que é adesão? A adesão pode ser definida como a força que une dois materiais distintos, quando são colocados em contato íntimo. Esta definição é distinta de coesão, que é a atração entre átomos ou moléculas similares dentro de uma substância. Um dos requisitos fundamentais para a adesão é que as duas substâncias que serão unidas devem estar em íntimo contato uma com a outra. A importância desta afirmação pode não ser bastante destacada, mas uma forte adesão somente pode ser criada no caso de íntimo contato molecular. Isso pode parecer um requisito simples, mas não é muito fácil de alcançar contato íntimo em nível microscópico, como descrito para os sólidos. A substância que une os dois materiais é definida como adesivo, e as superfícies dos materiais são aderentes ou substratos. O ponto no qual o substrato entra em contato com o adesivo é descrito como interface. O que acontece na interface é de fundamental importância para o sucesso ou falha de uma união adesiva. Isso se aplica igualmente aos adesivos industriais e dentais, portanto é útil, em primeiro lugar, considerar os requisitos gerais de um adesivo e, então, examinar com maior atenção os mecanismos de adesão. Quando lemos a bula de instrução de qualquer adesivo, um dos primeiros requisitos invariavelmente é que as superfícies a serem aderidas estejam ambas limpas e secas. Isso é importante por várias razões. Uma superfície limpa e seca assegura que o adesivo tenha uma melhor chance de criar uma adesão apropriada com o material sólido. A presença na superfície de algo que possa se considerado como um contaminante dificultará a formação de uma adesão forte, já que o contaminante, por si só, estará unido fracamente ao sólido e impedirá a adesão do adesivo ao substrato. Molhamento A capacidade de um adesivo entrar em contato com um substrato depende do molhamento do adesivo sobre o substrato particular. Um bom molhamento é a capacidade de cobrir completamente o substrato, de forma que o benefício máximo seja obtido para qualquer que seja o mecanismo adesivo ativado. A interação entre o substrato e o adesivo é governada por uma força motriz que tende a espalhar o adesivo sobre o substrato, e pela resistência ao escoamento que depende da viscosidade do adesivo, das irregularidades da superfície e da presença de contaminantes. A força motriz é promovida pela energia de superfície do adesivo e do substrato. Energia de Superfície Na estrutura de um sólido ou de um líquido, as moléculas estão sujeitas a forças de atração em todas as direções, de forma que a molécula está em equilíbrio dinâmico com as moléculas circundantes. Na superfície, contudo, esse delicado equilíbrio é destruído, resultando em uma rede de atração interna direcionada para um grande número de moléculas na massa do material. É essa força interna que gera a energia de superfície de um material. No líquido, a energia de superfície é conhecida como tensão superficial. Um dos efeitos da tensão superficial é a tendência de o líquido adquirir uma forma esférica em relação a outra qualquer. Isso ocorre porque uma esfera tem uma área mínima Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce de superfície (assim, uma energia de superfície mínima) para um dado volume de líquido, permitindo que a energia total armazenada no líquido seja mínima. Ângulo de Contato Quando um sólido e um líquido entram em contato, o ângulo entre a superfície do líquido e a superfície do sólido é conhecido como ângulo de contato, e é dependente da tensão superficial do líquido e da energia superficial do sólido. Por meio da mensuração do ângulo de contato entre o líquido e o sólido, obtém-se a medida do molhamento do líquido num determinado substrato. Para o perfeito molhamento, que é a situação ideal para ocorrer adesão, esse ângulo deve ser de zero grau. Neste caso, a superfície é completamente coberta com o adesivo e uma força máxima de adesão pode ser conseguida. A força motriz que faz aumentar esta tendência de um fluido escoar pela superfície do sólido depende da tensão superficial do líquido e da energia de superfície do sólido. Viscosidade Um adesivo efetivo não deve ter apenas a capacidade de entrar em íntimo contato com o substrato, mas também a capacidade de escoar sobre ele, porém não tão facilmente que seja impossível controlá-lo. A força motriz para o escoamento do líquido é estabelecida pela sua capacidade de molhamento na superfície do sólido, e a resistência ao escoamento é dada pela viscosidade do líquido. Uma viscosidade muito alta é indesejável, já que impede o fluido de escoar facilmente sobre a superfície do sólido e de penetrar nas estreitas fendas e rachaduras. Em geral, os ângulos de contato são diretamente proporcionais à viscosidade do adesivo, mas isso pode ser uma afirmação falsa se o adesivo é um solvente contendo aditivos. Rugosidade de Superfície A mensuração dos ângulos de contato supõe que a superfície do substrato é perfeitamente lisa. Na realidade, a superfície pode ser inteiramente rugosa em nível microscópico. Esta rugosidade apresenta a vantagem de aumentar a área potencial de adesão, mas pode também levar ao aprisionamento de ar. Tal aprisionamento de ar reduzirá de forma significativa a área efetiva de adesão e resultará em uma fraca adesão. Trincas e fendas constituem irregularidades de superfície e o adesivo deve ser capaz de fluir para dentro delas. Adesivos com alta viscosidade são particularmente propensos a causar aprisionamento de ar, porque sua rigidez pode ser tal que podem formar pontes sobre pequenas fendas e rachaduras na superfície, ao invés de penetrar no seu interior. Na ausência de ar, a ação capilar assegura que o adesivo penetre nas fendas e rachaduras. Para que esta penetração ocorra facilmente, uma alta tensão superficial do adesivo é desejável, isto significa que a atração capilar também é alta. Esse efeito é demonstrado pelo fato de que quanto maior a tensão superficial de um líquido, maior a quantidade de líquido que subirá em um capilar colocado sobre ele. O adesivo ideal apresentaria uma tensão superficial exatamente inferior à da energia de superfície do sólido. Se essa condição for satisfeita, então, as irregularidades de superfície podem ser vantajosas para melhorar a resistência de união do adesivo. Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce Aninhas Realce “Uma união adesiva pode ser mecânica, física ou química, e mais comumente uma combinação de todas elas.” Adesão Mecânica O método mais simples de adesão é pelo microembricamento mecânico dos componentes. Essa forma de adesãopode resultar da presença de irregularidades na superfície, tais como fissuras e cicatrículas que aumentam as reentrâncias microscópicas. Uma condição primária para essa forma de adesão é que o adesivo pode penetrar facilmente dentro das fissuras antes de tomar presa. Esta condição é determinada pelo molhamento do adesivo no substrato, que é governado pela energia de superfície relativa e pelo ângulo de contato resultante; a situação ideal é aquela em que há perfeito molhamento. Para aumentar o nível de contato, qualquer ar ou vapor nas fissuras deve ser capaz de escapar antes da penetração do líquido. Se o adesivo for capaz de penetrar nesses espaços e solidificar-se, ele permanecerá preso no interior das reentrâncias. O grau de penetração dependerá tanto da pressão utilizada na aplicação do adesivo como das propriedades do adesivo em si. Adesão Física Quando duas superfícies estão em íntimo contato, forças secundárias de atração surgem por meio de interações dipolo-dipolo entre moléculas polares. As forças de atração que são geradas podem ser muito pequenas, mesmo que as moléculas apresentem um momento dipolo permanente ou tenham uma grande polaridade. Este tipo de união é rápida (porque nenhuma energia de ativação é necessária) e reversível (porque as moléculas permanecem quimicamente intactas sobre a superfície). Essa fraca adsorção física é facilmente superada pela energia térmica, e não é adequada se uma união permanente é desejada. Mesmo assim, a formação de pontes de hidrogênio pode ser em particular um importante precursor para a formação de uma ligação química forte. Adesão Química Caso uma molécula se dissocie após a adsorção sobre a superfície e os componentes constituintes, unem-se entre si por forças iônicas ou covalentes, e uma união adesiva forte será formada. Essa forma de adesão é conhecida como quimiossorção e pode ser tanto covalente como iônica em sua natureza. O compartilhamento de elétrons entre dois átomos na ligação química a distingue da interação física. Os adesivos devem ser resistentes e quimicamente atraídos pela superfície de aplicação, de modo que se formem uniões fortes, e isto requer a presença de grupos reativos em ambas as superfícies. Isto se aplica em especial à formação de ligações covalentes, como as que ocorrem na ligação de isocianatos reativos com as superfícies poliméricas contendo grupamentos hidroxila e amina. “Para permitir que dois materiais sejam unidos por outro meio diferente da adsorção física de um sobre o outro (o que seria inadequado), é necessário modificar uma das duas superfícies para que se possa obter a união. Às vezes, uma substância intermediária capaz de se unir a ambos os materiais em questão pode ser utilizada e tal material é conhecido como agente de ligação. Como alternativa, é possível modificar as características da superfície de um ou de dois materiais a fim de que uma união possa ser criada. Esses materiais são conhecidos como primers.” Agentes de Ligação A função do agente de ligação é deslocar a água adsorvida promovendo uma forte ligação química entre os grupos de óxidos da superfície do vidro e as moléculas do polímero da resina. O tratamento de vidros com silanos é comum para este fim. Tal abordagem produz uma forte e resistente união com a água. Sem o agente de união, esta se deterioraria rapidamente, pois a água se difunde através da resina e se readsorve sobre a superfície do vidro, descolando a resina. Primers Os primers, como os agentes de ligação, são outro grupo de substâncias que procuram tornar a superfície do substrato mais adequada para aceitar a união. Os primers são em geral aplicados em conjunto com um adesivo. Um exemplo típico de um primer é aquele usado para selar a superfície da madeira antes da aplicação de um adesivo. Se um primer não fosse aplicado, o adesivo se infiltraria na porosidade da madeira, de forma que nada permaneceria na interface. Há muitos exemplos odontológicos de primers, como o ácido fosfórico, utilizado para preparar a superfície do esmalte, e uma grande variedade de condicionadores de dentina, que são usados em conjunto com os sistemas adesivos dentinários. Infelizmente, na literatura odontológica, a distinção entre primers e agentes de ligação é inadequada, e os dois termos são utilizados reciprocamente. Adesão ao Esmalte O esmalte é o tecido calcificado mais denso do corpo humano e é único, pois é formado extracelularmente. É uma estrutura heterogênea, na qual o esmalte humano maduro consiste de 96% de mineral, 1% de material orgânico e 3% de água por peso. Técnica do Condicionamento Ácido Seu efeito principal é o aumento da rugosidade superficial do esmalte a nível microscópico, aumentando a energia da superfície, que melhora o molhamento. A modificação da superfície do esmalte pelo condicionamento ácido permite a formação de uma íntima união micromecânica entre o esmalte e o componente resinoso do compósito, desde que haja uma próxima adaptação no nível molecular. 1. O processo do condicionamento aumenta a rugosidade da superfície do esmalte. Quando o ácido fosfórico é aplicado na superfície do esmalte, uma reação ácido- base é iniciada, que causa da dissolução da hidroxiapatita e diferentes fenômenos tópicos podem surgir. Eles incluem a perda predominante da periferia dos prismas de esmalte; a perda predominante do núcleo dos prismas; e um padrão no qual não existe evidência específica de estrutura prismática. O efeito geral é o aumento da rugosidade superficial e, portanto, da área de união, tornando possível aderir a essa superfície por um processo de embricamento micromecânico. A rugosidade superficial aumentada oferece como vantagem adicional a melhoria da adesão por meios químicos por causa do aumento da área da superfície, embora sejam ligações secundárias. 2. O ácido possui o efeito de aumentar a energia da superfície do esmalte pela remoção dos contaminantes superficiais. Isso promove um melhor molhamento do adesivo na superfície do esmalte. O esmalte não tratado possui energia de superfície menor que p tratado e, portanto, não possui as condições ideais para promover um adequado molhamento. Normalmente, a superfície do esmalte é coberta por uma camada de película que possui uma energia de superfície muito baixa. Essa camada é removida pelo ácido e expõe a superfície subjacente do esmalte com sua alta energia de superfície e, portanto, alta reatividade. A resina se adaptará bem a essa superfície com alta energia superficial, desde que ela esteja completamente seca. O embricamento micromecânico assegurará que a resina não se separará do esmalte. Desta forma, a adesão ao esmalte com a técnica do condicionamento ácido é de natureza essencialmente mecânica. O procedimento de condicionamento ácido do esmalte deve ser realizado sob isolamento absoluto do campo operatório, seguido de uma limpeza rigorosa do esmalte, com total remoção de sujidades e contaminantes. Uma boa limpeza do esmalte deve ser feita com pasta de pedra-pomes e água, uma vez que as pastas profiláticas comerciais contem, em sua composição, alguns óleos que podem alterar a superfície do esmalte. A aplicação do ácido fosfórico a 37% deve ser feita e ter duração entre 15 e 30 segundos. A lavagem deve ser feita abundantemente por cerca de 20segundos, seguida da secagem do esmalte por spray de ar. Algumas indicações dos sistemas adesivos aplicados em esmalte condicionado: ■ Reanatomização dentária; ■ Colagem de braquetes e outros dispositivos; ■ Ferulização (ortodontia, periodontia); ■ Próteses adesivas diretas e indiretas com retentores metálicos; Adesão à Dentina A dentina é composta de aproximadamente 70% de matéria inorgânica, 20% de material orgânico e10% de água por peso. O material inorgânico é principalmente a hidroxiapatita, e o material orgânico é predominantemente colágeno. Um aspecto característico da dentina é o arranjo dos túbulos dentinários que atravessam toda a espessura. A presença desses túbulos torna a dentina permeável às drogas, substâncias químicas e toxinas, que podem se difundir pela dentina e lesionar a polpa. A composição heterogênea da dentina torna-a um substrato particularmente difícil para união com um adesivo. Um segundo problema é que a pressão diferencial entre a polpa e o soalho dentinário causa o bombeamento do fluido para fora dos túbulos dentinários, de forma que não é possível criar uma superfície dentinária seca. A secagem vigorosa da dentina pode provavelmente resultar em dano irreversível da polpa vital e, portanto, não é uma opção. A superfície dentinária ainda está coberta por uma camada de dentina desorganizada conhecida como camada de lama dentinária. A lama dentinária consiste essencialmente em uma camada gelatinosa superficial de proteína coagulada, de espessura em torno de 0,5 a 5 µm. Ela é, via de regra, altamente contaminada por bactérias do processo carioso e contém resíduos dos instrumentos cortantes. Portanto, os problemas com a adesão dentinária podem ser resumidos da seguinte maneira: ■ a dentina é hidrofílica, enquanto que a maioria dos adesivos é hidrofóbica; ■ a dentina é um tecido vital; ■ a dentina consiste tanto em material inorgânico como em orgânico; e ■ a dentina é coberta por uma camada de lama dentinária. Os sistemas adesivos dentinários possuem três componentes essenciais: ■ um primer; ■ um agente de união; ■ um selante. Condicionadores Dentinários O papel do condicionador dentinário é modificar a camada de lama dentinária que é formada na dentina pela ação de corte da broca durante o preparo cavitário ou por exposição aos abrasivos, tais como creme dental, em lesão de cárie de superfície lisa e lesões de abrasão/erosão. A aplicação de um ácido na superfície dentinária produz uma reação ácido-base com a hidroxiapatita. Isto causa a dissolução da hidroxiapatita e resulta na abertura dos túbulos dentinários e na criação de uma camada superficial desmineralizada de dentina, em geral de até 4 μm de profundidade. Quanto mais forte o ácido, mais pronunciados são estes efeitos. Primers O papel do primer é atuar como adesivo nos sistemas adesivos dentinários, já que ele promove um meio de aderir os compósitos hidrofóbicos e os compômeros à dentina hidrofílica. Assim, os primers atuam como um agente intermediário e consistem em monômeros bifuncionais dissolvidos num solvente adequado. O monômero bifuncional é de fato um agente de união que é capaz de se combinar com dois materiais distintamente diferentes. A situação é análoga àquela da união da resina ao vidro nos compósitos, onde é usado o agente de união silano. É muito importante que o primer seja capaz de penetrar totalmente e saturar a camada de colágeno desmineralizado. Se isso não ocorrer, então uma fina camada de colágeno permanecerá desmineralizada. Essa camada não será reforçada pela resina e formará uma região interfacial fraca. Com o objetivo de obter uma boa profundidade de penetração, o agente de união é, portanto, dissolvido num solvente, como o etanol ou a acetona. Os solventes são muito eficazes na busca por água e no seu deslocamento (“captura da água”), levando junto o agente de união conforme o solvente penetra na dentina desmineralizada. No entanto, é importante que a dentina não seja excessivamente desmineralizada, pois a profundidade da desmineralização pode se tornar excessiva para que ocorra a completa penetração do primer. A superfície dentinária é então intimamente selada com a resina, que é aderida à dentina à custa do agente de união contido no primer. Esse selante se unirá facilmente à resina composta. A camada resultante da interpenetração de dentina e resina é normalmente chamada de camada híbrida. Técnica de Adesão Úmida à Dentina Se a dentina for excessivamente seca, a consequência disto é que a camada de colágeno desmineralizado colapsará na superfície de dentina mineralizada, produzindo uma estrutura densa e de difícil penetração pelo primer. Se a dentina estiver excessivamente desidratada, o colágeno colapsado pode ser reidratado com água. Por sua vez, se a camada de colágeno desmineralizado for mantida úmida, a estrutura porosa será mantida, e o primer poderá infiltrar essa camada facilmente, formando uma união de entrelaçamento molecular. Por isso, é necessário remover apenas a umidade superficial excessiva. Todavia, as instruções do fabricante variam dependendo da composição do primer. Alguns primers contêm água como veículo e, para eles, é possível que o colágeno desmineralizado se reidrate suficientemente após secagem, permitindo a penetração do primer pela estrutura colágena. ∞ O desenvolvimento dos sistemas adesivos dentinários significou que a superfície dentinária podia ser selada, e a sensibilidade pós-operatória devido ao efeito hidrodinâmico poderia ser evitada, desde que fosse alcançada uma união entre a dentina e a restauração. ∞ Apresentação dos Sistemas Adesivos Três Passos Apresentados como sistemas de três passos, são compostos de um condicionador dentinário, um primer e um selante dentinário, e funcionava como descrito. O condicionador dentinário é geralmente uma solução de ácido fosfórico a 35%; o primer pode ter de ser composto de um monômero único, bifuncional fotoativado em um solvente ou pode exigir a mistura de dois componentes para a ativação química. O selante dentinário pode ter também um componente, composto por uma resina com ativação química ou por luz, geralmente de dupla polimerização. Portanto, o número de seringas/frascos pode chegar a cinco. Dois Passos Um meio de reduzir o número de componentes e possivelmente o número de etapas foi combinar a ação de alguns desses componentes. Com o objetivo de simplificar a apresentação e o uso dos sistemas adesivos dentinários, essencialmente duas abordagens diferentes foram adotadas. Novos sistemas adesivos dentinários de dois passos foram desenvolvidos; em alguns casos combinando o primer e o selante, e em outros combinando o condicionador dentinário e o primer. O primeiro caso é normalmente chamado de sistemas adesivos de frasco único, enquanto que o último é denominado primer autocondicionante. Os sistemas adesivos de frasco único continuam a usar separadamente a etapa do condicionamento ácido antes da infiltração com primer/adesivo. Neste caso, o objetivo é que o processo da hibridização da dentina desmineralizada e o selamento dos túbulos dentinários ocorram simultaneamente. Passo Único O desenvolvimento de um sistema adesivo dentinário de um passo foi apresentar o adesivo em dois componentes que precisam ser misturados antes da aplicação na superfície do esmalte e da dentina sem a necessidade de nenhum tratamento prévio do esmalte ou da dentina. O procedimento adesivo envolve quatro passos, consistindo em (1) dispensa e/ou mistura dos dois componentes, (2) aplicação na superfície do esmalte e da dentina, (3) secagem e (4) fotopolimerização. A vantagem dessa abordagem não é apenas a sua simplicidade, mas também evita a etapa ambígua da secagem da dentina. Resinas Compostas Um compósito, como o nome indica, consiste em uma combinação de dois ou mais materiais. Cada um desses materiais contribui para as propriedades gerais do compósito, e está presente em sua forma separada. Resinas compostas são possivelmente os materiais disponíveis mais disseminados na Odontologia, pois são usados numa grande variedade de aplicaçõesclínicas, abrangendo materiais restauradores, agentes de cimentação, restaurações indiretas e revestimento de metais para pinos endodônticos e núcleos. Uma adição relativamente recente a esse já grande número de materiais odontológicos à base de resina é a resina composta modificada por poliácido, ou compômeros, na forma abreviada. Materiais restauradores baseados em resinas compostas (“compósitos” na forma resumida) que são usados na Odontologia possuem três componentes principais: ■ uma matriz resinosa orgânica; ■ uma carga inorgânica; ■ um agente de união. A resina forma a matriz do material composto, unindo as partículas individuais de carga por meio do agente de união. Matriz Resinosa A resina é o componente quimicamente ativo do compósito. Ela é inicialmente um monômero fluido, mas é convertida em um polímero rígido por uma reação de adição por radicais. É essa habilidade de se converter de uma massa plástica em um sólido rígido que permite ouso desse material para restauração de dentes. Monômeros de Bis-GMA e uretano dimetacrilato são fluidos altamente viscosos por causa de seus elevados pesos moleculares; a adição mesmo de uma pequena quantidade de carga poderia produzir um compósito com uma rigidez excessiva para uso clínico. Para superar esse problema, monômeros de baixa viscosidade conhecidos como controladores de viscosidade são adicionados, tais como metil metacrilato (MMA), etileno glicol dimetacrilato (EDMA) e trietileno glicol dimetacrilato (TEGDMA); este último é o mais usado. A matriz resinosa também contém sistemas ativador/inibidor para atingir a polimerização. Esses componentes dependem do tipo de reação empregada, que pode ser polimerização química ou fotopolimerização. Carga A inclusão das cargas proporcionou cinco potenciais e principais benefícios: ■ A polimerização do monômero de metil metacrilato está sujeita a uma elevada contração de polimerização (21% vol.), mesmo quando usada com um sistema pó- líquido (7% vol.). Pela incorporação de grandes quantidades de partículas de vidro, a contração de polimerização é muito reduzida porque a quantidade de resina usada é diminuída e a carga não participa do processo de polimerização. Entretanto, a contração não é totalmente eliminada e dependerá do monômero usado e da quantidade de carga incorporada. ■ Monômeros de metacrilato têm um alto coeficiente de expansão térmica (quase 80ppm/°C). Esse coeficiente é reduzido pela adição de partículas cerâmicas, que tem um coeficiente de expansão térmica similar àquele dos tecidos dentários (8- 10ppm/°C). ■ A carga pode melhorar as propriedades mecânicas tal como a dureza e a resistência à compressão. ■ O uso de metais pesados, tais como bário e estrôncio incorporado no vidro, proporciona radiopacidade. ■ As cargas proporcionaram o meio ideal para o controle de várias características estéticas, tais como: cor, translucidez e fluorescência. Agente de União Para um compósito ter propriedades mecânicas aceitáveis, é da maior importância que a carga e a resina estejam fortemente unidas umas às outras. Se existir uma falha nessa interface, o estresse desenvolvido quando uma carga é aplicada não será distribuído eficientemente por todo o material; a interface agirá como uma fonte primária de fratura, levando à subsequente desintegração do compósito. A união é alcançada pelo uso de agentes de união que são incorporados na resina. Esses agentes de união são os silanos e um dos mais usados em resinas compostas com carga de vidro é o γ-metacriloxipropiltrietoxisilano, ou γ-MPTS. ∞ Onde existe uma interface do ar com a resina, a resina não será polimerizada e uma superfície pegajosa será prontamente discernível. Isso é um benefício quando da realização de procedimento de colocação de incrementos, pois assegura que uma camada do compósito se unirá bem à outra. Entretanto, isso pode ser um problema quando o último incremento é colocado. Quando é possível, usar uma tira de matriz, isto é em geral suficiente para eliminar o oxigênio e a resina será totalmente polimerizada até a superfície. Para a maioria dos sistemas resinosos, essa camada superficial inibida pelo oxigênio não é superior a poucos micrometros abaixo da superfície. Assim, ela é facilmente removida com uma bolinha de algodão, por exemplo, quando uma fissura é selada. No entanto, existem alguns sistemas resinosos em que a inibição do oxigênio é considerável e é necessário usar um gel especial para evitar o contato com o oxigênio no ar. ∞ Classificação das Resinas Compostas Crítica aos primeiros compósitos era que eles tinham uma superfície final rugosa e uma resistência ao desgaste insuficiente. Ambas são diretamente afetadas pela escolha da carga usada no compósito. Os fatores de interesse na seleção da carga são: composição e tamanho da partícula. Composição A carga mais usada até recentemente era o quartzo, mas hoje muitos dos compósitos empregam uma ou outra de uma variedade de cargas de vidro à base de sílica, incluindo a sílica coloidal, a sílica de vidro alumínio-lítio e vidros de sílica contendo bário ou estrôncio. Tamanho Médio das Partículas e Distribuição O tamanho médio da partícula e a distribuição do tamanho das partículas de uma carga são importantes, uma vez que determinam a quantidade de carga que pode ser adicionada à resina, sem as características de manipulação necessárias serem perdidas. O tamanho da partícula também tem um efeito acentuado no acabamento final da superfície da restauração em compósito, de modo que quanto menor for o tamanho da partícula de carga, mais lisa será a superfície. (Deveria ser dito que a dureza da carga, em relação à matriz, é outro fator que deveria ser considerado quando da avaliação da qualidade de acabamento.) Resina Macropartículas: Quartzo Tamanho médio de 70µm; Superfície irregular, de difícil acabamento; 70-80% peso/ 60-70% volume. Resina Micropartículas: Sílica coloidal; Tamanho médio de 0,04µm (0,01 a 0,05 µm); Necessidade de grande quantidade de matriz para o umedecimento das cargas, tornando difícil o uso na pretensão de se obter um material com grande quantidade de carga; Pode existir comercialmente com particulas pré-polimerizadas de 5-50 µm. Indicadas para faces vestibulares de dentes anteriores. Resina Híbrida/Micro-híbrida: Vidros e sílica coloidal; 10-20% p. em micropartículas de sílica e 50-60% p. em partículas de vidro ou de metais pesados (0,6-1 µm); 60-85% da carga em peso/ 50-70% da carga em volume Resina nanoparticulada: Zircônio, sílica; Silanização de aglomerados e nanoclusters de 0,6 µm; Ampla distribuição deas partículas, com consequente grau elevado de incorporação de carga, aumentando resistência e melhorando manipulação. Resina nano-híbrida: Sílica, vidro-cerâmico; Também é uma mistura de partículas; Desempenho similar ao das micro-hibridas. Propriedades das Resinas Compostas Resistência e dureza superficial: Resistência à abrasão; União adequada entre a matriz e as cargas; Relaciona-se à fase inorgânica. Sorção de àgua: Acompanhada pela expansão do compósito; Compensa parte da contração de polimerização; Minimiza gaps e melhora selamento; Ligada à proporção de carga. Polimento: Varia de acordo com a composição e o tamanho das partículas de carga. Estabilidade de cor: Manchamento superficial/marginal/interno; O manchamento interno relaciona-se muitas vezes à presença do iniciador químico; A estabilidade de cor é melhor assegurada pelo uso de resinas fotoativadas. Contração de Polimerização: Inversamente proporcional à quantidade de carga inorgânica; Relação de stress (tensão) de polimerização vs. força de adesão. Expansão térmica: Diretamente proporcional à quantidade de matriz orgânica; Compensa a contração de polimerização; É minimizada pela fase inorgânica. Viscosidade: Proporcionada pela o uso de solventes na matriz orgânica; Opacidade: Proporcionada pela carga inorgânica, principalmente pela presença de metais de alto número atômico em associação às partículas de vidro; Biocompatibilidade: Capacidade do material em desempenhar suas funções sem efeitos adversos; Resposta biológica apropriada; Condutibilidade térmica: A matriz orgânica é um bom isolante térmico! Adesividade: Relaciona-se ao emprego correto dos sistemas adesivos; Pode ser critério de escolha de cimentos resinosos autoadesivos e de resinas fluidas autoadesivas. Cimentos Resinosos Os cimentos resinosos são resinas compostas, porém com menor quantidade de carga, a fim de apresentarem a fluidez necessária à cimentação. Isso quer dizer que a base é o sistema monomérico BIS-GMA (Bisfenol-A metacrilato de glicidila) em combinação com monômeros de baixa viscosidade, além de cargas inorgânicas (vidros com cargas metálica,Si02) tratadas com silano. As partículas inorgânicas se apresentam nas formas angulares, esféricas ou arredondadas, com conteúdo em peso variando entre 36 a 77% e diâmetro médio entre 10 e 15um. Os agentes de união são monômeros resinosos bifuncionais polimerizáveis (4-META, PMDM, HEMA e outros) e solventes orgânicos: água, acetona e álcool. Isso confere a adesão à dentina e a adesão ao esmalte é conferida pelo condicionamento ácido. Quanto à reação de polimerização, os cimentos resinosos podem ser classificados em: autopolimerizaveis, polimerizaveis por ação de luz visível e dupla reação ("dual"). este a reação de polimerização é iniciada pela emissão da luz visível e por reação química (peróxido de benzoila), monômeros fotoiniciadores, como as acetonas aromáticas (canforoquinona) e aminas promotoras da reação de polimerização. Essa categoria serve para assegurar a completa polimerização do cimento, mesmo sob restaurações opacas e espessas, onde a luz não é capaz de alcançar. A espessura de película é uma das propriedades de grande importância na eleição de um cimento. Caso ela seja excessivamente alta, pode resultar em recidiva de cárie e/ou deslocamento e remoção da peça cimentada. A espessura de película é característica inerente a cada cimento, relacionada a fatores como o tamanho e a forma das partículas, consistência e grau de polimerização. Mas deve-se ressaltar que a quantidade de partículas de um cimento resinoso está ainda relacionada as suas propriedades mecânicas, ou seja, quanto maior for a sua espessura de película,melhores serão suas propriedades mecânicas e menor a contração de polimerização. A capacidade de adesão dos cimentos resinosos às estruturas dentárias, bem como As restaurações indiretas 6, em grande parte, responsável pelo selamento das restaurações. Nessas restaurações existe maior quantidade de área de aderência (superfície dentária de restauração) do que livre, ou seja, a linha de cimento resinoso. Sendo assim, quando ocorre a contração de polimerização, não existe área suficiente para o relaxamento das tensões geradas, desta forma, estas tendem a se concentrar justamente na interface adesiva, dai a importância de haver resistência elevada, tanto na interface dente/cimento resinoso, quanto na interface material restaurador/cimento resinoso. Os cimentos resinosos duais revelam significativamente maior chance de alterarem a cor com o passar do tempo do que os cimentos resinosos fotopolimerizáveis. Isso provavelmente se deve a amina presente na reação de dupla cura. É muito importante ressaltar ainda, que sempre o cimento resinoso quando está coberto pela restauração indireta descolore menos do que quando está exposto ao meio bucal. Considerando que em dentes anteriores, muitas vezes a margem de cimento fica exposta em urna faceta de porcelana por exemplo, a descoloração marginal comprometia e muito o resultado estético com o passar do tempo. É essencial então que os cimentos resinosos tenham radiopacidade suficiente para a detecção de excessos marginais, margens gengivais abertas, bem como recorrência de caries em areas gengivais. É importante que o cimento utilizado seja suficientemente radiopaco para posterior verificação do completo envolvimento de cimento pelo pino, bem como sua presença no interior do canal, se esse necessitar de um retratamento endodôntico. A radiopacidade dos cimentos resinosos deveria ser maior que a da dentina e idealmente ser igual ou maior que a do esmalte. Os cimentos exibem menor desgaste quando utilizados sob restaurações indiretas de resina composta e desgaste superior quando associados à porcelana. Isto ocorre pois as porcelanas são materiais friáveis, portanto não absorvem forças mastigatórias e as transmitem para o material de cimentação. As indicações de uso clinico dos cimentos resinosos são varias, podendo atualmente ser usados para cimentação de restaurações indiretas metálicas, de resina composta, de cerâmica, facetas de porcelana, de pinos intrarradiculares, entre outros. Para cada caso clinico e tipo de material restaurador empregado, tratamento e técnicas diferentes deverão ser utilizadas. Amálgama Dental O amálgama e formado quando o mercúrio e misturado com um outro metal ou metais. O mercúrio e liquido na temperatura ambiente (solidificação a –39°C) e reage facilmente com metais como prata, estanho e cobre, produzindo materiais sólidos. Quando o dentista seleciona um determinado amalgama dentário, ele e efetivamente a seleção de uma liga com a qual o mercúrio será misturado e reagirá. Estritamente falando, o termo amálgama dentário não pode ser usado ate se referir ao material produzido como consequência da reação entre o mercúrio e a liga. A liga pode variar tanto na composição como na forma, e os fabricantes de amalgama dentário utilizam- se destas variantes para produzir uma ampla gama de produtos. A Liga A prata é o constituinte principal, presente em combinação com o estanho na forma do composto intermetálico Ag3Sn, conhecido como fase γ. Essa fase γ reage rapidamente com o mercúrio para formar o amalgama dentário. A liga é usada na forma de pó, e o tamanho e a forma das partículas são fundamentais na determinação das características de manipulação e nas propriedades finais da restauração. As partículas tipo limalha são produzidas pelo torneamento mecânico do lingote sólido da liga no esmeril. A liga é apresentada na forma de pó de granulação grossa, média ou fina, cada uma com manipulação ligeiramente diferente. Os fragmentos individuais são altamente reativos com o mercúrio devido ao esmerilhamento. Em consequência, a reação de presa é muito rápida, a menos que um tratamento térmico (para aliviar as tensões internas) seja realizado. A produção de partículas esféricas é feita de uma forma diferente. Os vários ingredientes da liga são fundidos juntos e então vaporizados numa atmosfera inerte, onde as gotículas se solidificam na forma de pequenas esferas de tamanhos variados. Esse método de fabricação possui as vantagens de não necessitar de nenhum outro processo mecânico e de que a composição da liga pode ser facilmente modificada. Há ainda a liga de fase dispersa, na qual um terço é composto por liga convencional do tipo limalha e dois terços de liga eutética de formato esferoidal. Elemento constituinte Papel desempenhado Ag ↑ resistência da restauração; ↓ creep e ↓escoamento do amálgama sob forçasmastigatórias; ↑expansão de presa. Sn Facilita a amalgamação à temperatura ambiente; ↓ expansão (compensatória à da Ag); Acima de 27% : ↓ resistência e dureza, ↑ contração, ↑ escoamento. Cu Substitui parcialmente a Ag; ↑ resistência; ↓ escoamento e a corrosão. Zn Atua como agente desoxidante durante a fusão da liga; + de 0,01% - ligas com Zn (necessitam obrigatoriamente de isolamento absoluto para evitar a expansão tardia); - de 0,01% - ligas sem Zn . Hg Aumenta o tempo de presa e o tempo de trabalho de maneira diretamente proporcional à sua concentração total na liga; In ↑ resistência à compressão e fratura; ↓ creep; ↓ quantidade de Hg necessária para a amalgamação; ↓ brilho e ↑ rugosidade. Reação das ligas convencionais com o mercúrio: Ag3Sn γ (s) + Hg(l) → Ag3Sn γ (s) + Ag2Hg3 γ1 (s) + Sn7-8Hg γ2 (s). Quanto maior a proporção de fase γ, melhores as propriedades. Quanto maior a proporção de γ2, piores as propriedades. Reação de cristalização em liga com alto teor de cobre: Ag3Sn γ (s) + AgCu + Hg → Ag3Sn γ (s) + Ag2Hg3 γ1 (s) + Cu6Sn5 η(eta) (s) + AgCu. O uso do cobre na composição da liga diminui a formação de Sn8Hg, fraco e mais susceptível à corrosão O amálgama dental normalmente é usado em: Faces palatinas de incisivos superiores e na distal de caninos; CL I e II de pré molares e molares; Reconstituição de cúspides; Núcleos de preenchimento; Restaurações em decíduos. Vernizes Cavitários Os vernizes cavitários consistem em um líquido límpido ou amarelado que contém resinas naturais, tais como copal, colofônia e sandáraca, ou resinas sintéticas sandarac, tal como o poliestireno. As resinas são dissolvidas em um solvente, como álcool, clorofórmio, éter ou acetona, e são aplicadas no soalho cavitário com um pincel ou bolinha de algodão. O solvente é evaporado, deixando para trás uma fina camada de resina. Este processo pode ter que ser repetido até três vezes para assegurar uma camada uniforme de resina. Estes vernizes atuam como isolantes térmicos, reduzem a irritação pulpar, impedem por obliteração a penetração de produtos de corrosão do amálgama nos túbulos dentinários, possuem alta solubilidade, contudo, devido à fina espessura, não atuam como isolantes térmicos. São indicados sob todas as restaurações de amálgama, sobre materiais de presa lenta (p. ex. cimentos ionoméricos), em preparos, desde que aplicados antes da cimentação de restaurações metálicas indiretas cuja cimentação se dará com cimento fosfato de zinco, e sobre restaurações metálicas para diminuir a sensibilidade ao galvanismo. São contraindicados sob restaurações em resina composta e cimentos ionôméricos. Vantagens Limitações Adaptabilidade às paredes cavitárias; Estética; Resistência aos esforços mastigatórios; Tempo de avaliação clínica; Fragilidade quando em espessuras menores que 2mm. Insolúvel no meio bucal; Corrosão; Alterações dimensionais toleradas pelos dentes; Superfície brilhante; Ação galvânica; Fácil manipulação; Escultura fácil e imediata; Defeitos marginais; Polimento final satisfatório; Tolerado pelo tecido gengival; Não reforça a estrutura dental remanescente; Durabilidade; Baixo custo; Toxicidade elevada, principalmente ao profissional; Técnica simples; Condutibilidade baixa e menor que metais puros; Descarte problemático. Fácil remoção. Cimentos de Hidróxido de Cálcio Este material é fornecido em duas pastas, uma branca e outra amarelo-clara. Uma pasta consiste em uma mistura de hidróxido de cálcio (50%), óxido de zinco (10%) e sulfonamida (40%). A outra pasta consiste em dissalicilato de butileno glicol (40%) com quantidades variadas de dióxido de titânio e sulfato de cálcio. Estes cimentos são notáveis pela ação antibacteriana e de neutralizantes de ácidos. Além disso, induzem a formação de dentina e induzem uma reação inflamatória no tecido pulpar, que ainda que seja mediada por uma etapa de necrose superficial, culmina no reparo da pulpa. Podem ser encontrados sob a forma de soluções e suspensões e de cimentos, sendo estes autoativados ou fotoativados. Os autoativados apresentam-se sob a forma de pasta- pasta, sendo a pasta base composta por TiO2, glicol salicilato, Ca(OH)2 e pigmentos; e apasta catalisadora compost apor etiltolueno e sulfonamida. Os sistemas fotoativados são geralmente associados a monômeros resinosos, como UDMA, juntamente com BaSO4 e Ca(OH)2. Devido a estas propriedades, são indicados na limpeza de cavidades, na proteção do complecxo dentino-pulpar, na cimentação de resinas indiretas, sob resinas diretas e como cimentação provisória. Cimentos de Óxido de Zinco Estes materiais apresentam-se sob forma de pasta-pasta ou pasta-liquido. Sua reação de presa se dá pela seguinte reação ácido-base: ZnO + H2O → Zn(OH)2 → Zn(OH)2 + 2HE → ZnE2 (eugenolato) + 2H2O. São indicados em restaurações temporárias (máx. 15 dias) e intermediárias (3 meses), desde que para este tipo se faça o reforço do material com EBA (o ác. etoxibenzoico estimula a formação de uma estrutura cristalina, que confere uma maior resistência ao material após o final da presa) e polímeros. Podem ser usados em endodontia numa consistência mais fluida. Servem como isolantes térmicos. O cimento reagido possui um pH de 6,6 a 8 e possui praticamente nenhum efeito sobre a polpa quando colocado em cavidades profundas. A presença de eugenol livre possui um efeito sedativo sobre a polpa, e reduz a dor que pode ser associada às propriedades antibacterianas do cimento. Contudo, seu uso não é recomendado quando existe suspeita de exposição pulpar, pois ele é levemente irritante à polpa quando entra em contato direto com ela. O eugenol também é conhecido por inibir a polimerização das resinas, por isso os cimentos contendo eugenol não podem ser usados em conjunto com materiais restauradores resinosos. Sua manipulação inicia-se com o proporcionamento do pó e sua compactação numa forma retangular em placa de vidro, seguindo-se da divisão em duas porções e combinação com o liquido. A homogeneização deve ser obtida por espatulaçãoaté que se atinja uma massa com aspecto similar ao de “massa de vidraceiro”. Cimentos de Fosfato de Zinco O cimento de fosfato de zinco é um dos cimentos mais antigos ainda disponível e continua a ser popular devido a sua longa história de sucesso clínico e suas propriedades favoráveis de manuseio. Esse cimento se apresenta como um pó branco que é misturado a um líquido transparente. O pó consiste basicamente em óxido de zinco, com inclusão de até 10% de óxido de magnésio, e o líquido é uma solução aquosa de ácido fosfórico numa concentração de 45%-64%. A aplicação mais comum para o cimento de fosfato de zinco é como agente de cimentação para coroas, pontes metálicas e metalocerâmicas, embora seja também utilizado para outras aplicações como cimentação de bandas ortodônticas e como restauração temporária. A manipulação se dá em placa de vidro resfriada, com posterior proporcionamento, compactação e “porcionamento” do pó, depois o líquido, e espatulação de no máximo 90s. Esses cimentos apresentam várias vantagens, uma vez que: ■ são de fácil manipulação; ■ possuem um tempo de presa bem definido, exato; ■ possuem uma resistência à compressão suficientement alta para resistir às forças de condensação do amálgama; ■ baixo custo. As características de fácil manipulação associada a suas propriedades retentivas adequadas tornaram os cimentos de fosfato de zinco muito popular entre os dentistas por mais de um século. Entretanto,as desvantagens são que estes cimentos: ■ possuem um potencial para irritação pulpar devido ao seu baixo pH; ■ não têm ação antibacteriana; ■ são frágeis; ■ não possuem qualidades adesivas; ■ são relativamente solúveis no meio bucal. Esses fatores contribuem para a incidência de cáries recorrentes associada a restaurações fundidas. Cimento Ionomérico de Vidro Os cimentos de ionômero de vidro (CIVs), também denominados cimentos de polialcenoato de vidro, são materiais restauradores que consistem em um pó e um líquido que, quando misturados, produzem uma massa plástica que subsequentemente toma presa, formando um sólido rígido. Geralmente baseiam-se num pó de silicato de alumínio reagindo com acido poliacrílico liquido, formando o cimento polialcenoato. Este, dependendo do uso e finalidade clínica, apresenta-se em diferentes tamanhos de partículas. I Cimentação Alta fluidez e escoamento; Particulas finas (menores ou iguais a 15 µm). II-1 Restaurador estético Granulação de 45 µm; Translúcidos. II-2 Restaurador reforçado Granulação de 45 µm; Reforço com metais ou resina composta; Usado em reconstruções e núcleos de preenchimento. III Base, forramento e selamento Resistentes e radiopacos; Partículas de granulação entre 25-35 µm. Suas propriedades gerais são a boa adesividade e biocompatibilididade (desde que haja proteção prévia da polpa por Ca(OH)2 em cavidadesprofundas, estética, boa resistencia à abrasão e uma espessura de película favorável à cimentação. Os fenômenos de sinérese (perda de água) e embebição são críticos no período de 1 hora, o que pode ser contornado pelo uso de esmalte ou base de unha por sobre o material externalizado. Sua manipulação não requer espatulação, e o brilho da massa implica na presença de ácido livre na superfície da mistura, favorecendo uma adesividade pela atuação destes sobre os minerais de esmalte e da dentina, num processo similar, porém mais brando, ao que ocorre no emprego do condicionamento ácido. Tendo por base estas características, a indicação para o uso de CIV’s são: selamento, forramento, restaurações CL III e V, I e II incipientes, em casos de abrasão e erosão, como agente de cimentação, núcleos de preenchimento e alguns outros.
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