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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI BACHARELADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 4º PERÍODO CRISTIANO DA SILVA ELISALDO JÚNIOR RELATÓRIO TÉCNICO VISITA AS INSTALAÇÕES DA INDÚSTRIA FERRONORTE Teresina - PI Dezembro de 2015 CRISTIANO DA SILVA ELISALDO JÚNIOR RELATÓRIO TÉCNICO VISITA AS INSTALAÇÕES DA INDÚSTRIA FERRONORTE Atividade Discente realizada para a disciplina de Resistência dos Materiais, do curso de bacharelado em Engenharia de Produção da faculdade Uninovafapi como requisito parcial para complementação de carga horária. Orientador: Profª. Msc. Bárbara Cristina Alves de Costa Teresina - PI Dezembro de 2015 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4 1. OBJETIVO .............................................................................................................. 5 2. SOBRE A VISITA ................................................................................................... 6 2.1. BREVE DESCRIÇÃO DA EMPRESA................................................................ 6 2.2. PARQUE FABRIL .............................................................................................. 7 2.2.1 Síntese do processo de corte e dobra de vergalhões .................................. 7 2.2.2 Descrição dos vergalhões produzidos na Ferronorte ................................... 8 3. ANÁLISE DA RESISTÊNCIA DO AÇO NO LABORATÓRIO .............................. 10 4. RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS E A ENGENHARIA DE PRODUÇÃO ............. 12 5. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 13 4 INTRODUÇÃO Os alunos do curso de engenharia de produção do 4º período tiveram a oportunidade de conhecer as instalações da metalúrgica Ferronorte bem como conhecer um pouco sobre a produção dos materiais comercializados e o seu laboratório de tração, onde na oportunidade se viu uma serie de itens importantes para a boa compreensão dos itens vistos em sala de aula. A visita a uma indústria grande como a Ferronorte é sempre uma experiência única para quem realmente deseja absorver conhecimento prático que nem sempre a teoria nos contempla, principalmente se levarmos em conta que não existe estrutura laboratorial na instituição de ensino que contemple aspectos práticos para os acadêmicos, daí a importância de se conhecer o laboratório de testes da Ferronorte. Além de observar sobre a produção dos vergalhões, armações, pregos, vergalhões e outros produtos, os alunos da engenharia de produção puderam observar também os processos de logística, sistemas de produção, maquinário, noções de segurança do trabalho, divisão de funções, chefia, liderança, e etc., principalmente se considerarmos os conselhos dados pelo nobre gerente de fábrica e pelo seu auxiliar que muito gentilmente nos mostrou a realidade do profissional de engenharia de produção, até porque eles também são profissionais da área. Através de um bate papo muito interessante vimos os desafios da profissão, as novas tendências para a área, as habilidades que esse profissional deve ter, as situações de dificuldade que tendem a aparecer com o tempo, em fim, muitas dicas importantes foram repassadas para os alunos. A visita no seu olhar geral foi de grande importância não apenas para a contemplação de aspectos da Resistência dos Materiais, mas como um grande agregado de itens de extrema importância para a nossa vida profissional futura. 5 1. OBJETIVO O principal objetivo da visita as instalações da Ferronorte foi apresentar aos alunos a aplicação prática de tópicos de Resistência dos Materiais vistos em sala e que são aplicados, por exemplo, ao aço, um material tão amplamente usado em nosso dia-a-dia e do qual podemos ver uma série de pontos sobre tração, compressão, elasticidade, resistência, carga de ruptura, e etc. Também se teve como objetivo secundário mostrar aos alunos o maquinário empregado nos processos de análises laboratoriais que não puderam ser vistos na faculdade em face desta não dispor de infraestrutura para acomodar um espaço de testes da disciplina de Resistência dos Materiais. Igualmente importante foi compartilhar informações com profissionais da área de engenharia de produção que já estão familiarizados com a área e com o mercado de trabalho podendo assim transmitir aos acadêmicos um pouco da sua experiência e fazer com que estes aprendam um pouco sobre o mercado e as dificuldades da profissão, bem como os seus pontos positivos. 6 2. SOBRE A VISITA 2.1 BREVE DESCRIÇÃO DA EMPRESA A metalúrgica Ferronorte Industrial Ltda é uma empresa de grande porte sediada em Teresina – PI na Via Estrutural Arterial 02, S/N – Km 13 – Pedra Miúda – bairro Pólo Industrial Sul e tem como exploração principal a produção de estruturas de aço para uso diverso, sendo, entretanto, a construção civil o seu mercado principal. A visita as suas instalações ocorreu no dia 25 de novembro de 2015, as 08h40mim da manhã e finalizou-se as exatas 11h00min, tendo sido organizado pelos professores Linardy de Moura Sousa da disciplina de Ambiente e Segurança do Trabalho e pela professora Bárbara Cristina Alves de Costa da disciplina de Resistência dos Materiais da faculdade Uninovafapi, tendo os alunos do 4º período do curso de bacharelado em Engenharia de Produção sido acompanhados pelos responsáveis principais da empresa, senhor Jivago Monteiro gerente de fábrica e Wilder Márcio o responsável pela programação de produção da empresa. Antes de irmos conhecer o chão de fábrica foi-se feita uma apresentação da empresa pelo gerente de fabrica onde este nos familiarizou com os processos industriais, a matéria-prima, os volumes produzidos, as características do produto, as funções de cada pessoal, as ferramentas de gestão, e etc., bem como nos transmitiu uma série de informações importantes sobre a atuação do profissional de engenharia de produção nas indústrias tais como a Ferronorte o que foi de grande importância para o nosso aprendizado e para conhecimento do mercado como um todo. 7 2.2 PARQUE FABRIL 2.2.1 Síntese do processo de corte e dobra de vergalhões A etapa de corte e dobra de vergalhões na Ferronorte é feita de maneira muito simples, iniciando-se pela separação dos vergalhões a serem dobrados e cortados para em seguida serem enviados por esteira para as máquinas denominadas de estribadeiras sendo estas de dois fabricantes diferentes a Schnell Brasil S.A. e a Eurobend S.A. As estribadeiras são usadas para cortar e dobras aço com diâmetros de 4.2, 5.0, 8.0 e 12.5 mm de espessura, em seguida esses materiais cortados são enviados para os locais designados para armazenagem e catalogação pela equipe de logística para então serem enviadas aos clientes. Este processo de corte e dobra traz muitos benefícios para os clientes que os adquirem conforme citou o gerente de fabrica sendo estes os mais importes: perda zero de aço uma vez que cortando em aço em dimensõesexatas evita-se perdas de pontas, sobras e extravios de aço na obra, bem como elimina riscos de perfuração e corte de membros; redução de mão-de-obra em até 65% dispensando ainda a utilização de equipamentos antiquados e de baixa produtividade no canteiro de obras; aumento de produtividade uma vez que as pecas saem da Ferronorte já com as dimensões especificadas pelo fabricante e em acordo restrito com as normas da ABNT NBR a cerca dos padrões de aço para a construção civil. O processo de corte e dobra de vergalhões Ferronorte é um dos mais sofisticados da região nordeste do Brasil, pois conta com um aperfeiçoamento anual em pesquisa e desenvolvimento, bem como com pessoas treinadas e habilitadas para operarem esse maquinário. Outro item muito importante que pudemos ver é que o processo evita perdas em basicamente 99% da matéria-prima, e o subproduto final ainda é reutilizado em outras etapas, portanto, não é jogado nada fora, tudo é aproveitado. 8 2.2.2 Descrição dos vergalhões produzidos na Ferronorte Na Ferronorte conhecemos o seu principal elemento de venda, os vergalhões de aço, que nada mais é do que partes que integrarão o concreto armado usado em construções, podendo ter diferentes diâmetros e resistências. Os vergalhões para concreto armado classificam-se como barras, quando obtidas exclusivamente por laminação a quente, e como fios os obtidos por trefilação ou laminação a frio. A norma NBR 7480 especifica três categorias de aço: CA-25, CA-50 e CA-60. Os vergalhões em barras (CA-25 e CA-50) são utilizados como matéria-prima para fabricação das armaduras empregadas na construção em concreto armado. Os fios de aço (CA-60) são utilizados na fabricação de telas eletrossoldadas, armações treliçadas e estribos, também destinados à construção civil. O que determina a classe de um vergalhão são suas características mecânicas, como resistência à tração e ao escoamento. A barra deve suportar cargas e sobrecargas até os limites determinados sem deformar-se permanentemente. Os ensaios necessários são os de tração - determinação das propriedades mecânicas, como limite de escoamento, limite de resistência e alongamento - ensaios físicos - determinação da massa linear e dimensões das nervuras - e ensaios de dobramento. Desde 1999 os vergalhões para concreto armado estão sujeitos à avaliação compulsória de conformidade pelo INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), a partir da verificação de resultados de ensaios, de garantia de manutenção dos resultados e do próprio sistema de qualidade do produtor. A certificação contribui principalmente para que pequenas empresas, que reduziram seus custos com a realização de ensaios laboratoriais no aço, simplifiquem o processo de recebimento e avaliação da qualidade dos vergalhões. Para verificar se o material recebido na obra é certificado é necessário observar se a etiqueta possui o logotipo do INMETRO e do órgão certificador. Além disso, a NBR 7480 prescreve que toda barra nervurada (barras de aço CA- 50), em todas as bitolas, apresente marcas de laminação em relevo, identificando o produtor com o registro no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), identificação do produtor e categoria do material e seu respectivo diâmetro nominal. 9 Recomendo-se ainda que sejam especificados os níveis de desbitolamento aceitáveis pela construtora. Outro item muito bem observado pelo senhor Márcio durante a visita ao chão de fábrica foi com relação às especificações dos vergalhões sendo que algumas falhas na especificação podem acarretar o mau desempenho do produto, como a subespecificação (uso de áreas de aço menor que o necessário). Além disso, a operação de dobramento das barras requer uma atenção especial, em função da preocupação em se respeitarem as características do aço empregado, impedindo que ocorram fissurações na parte tracionada. Daí a necessidade de considerarem, na operação de dobramento, as prescrições da NBR 6118, que estabelece o diâmetro correto do pino de dobramento usado nas bancadas de dobra, que variam em função do diâmetro e da classe do aço, segundo ele nos informou. A Tabela abaixo cedida pela Ferronorte nos mostra os principais tipos de vergalhões de aço fabricados pela empresa. Tabela 1 – Modelos de vergalhões Ferronorte especiais para concreto armado Tabela 2 – Modelos de vergalhões Ferronorte comum para concreto armado VERGALHÕES DE AÇO FERRONORTE COMUM VERGALHAO CA 50 – 10,00 mm VERGALHÃO CA 50 – 12,50 mm VERGALHÃO CA 50 – 16,00 mm VERGALHÕES DE AÇO FERRONORTE ESPECIAIS VERG. CA – 60 6,50 mm FN-60/BARRA VERG. CA – 60 7,00 mm FN-60/DOBRADO VERG. CA-60 7,00 mm FN-60/RETO VERG. CA – 60 7,00 mm FN-60/ROLO VERG. CA – 60 8,00 mm FN-60/BARRA VERG. CA-60 8,00 mm FN-60/DOBRADO VERG. CA – 60 8,00 mm FN-60/RETO VERG. CA – 60 8,00 mm FN-60/ROLO VERG. CA-60 9,00 mm FN-60/DOBRADO VERG. CA – 60 9,00 mm FN-60/RETO 10 3. ANÁLISE DA RESISTÊNCIA DO AÇO NO LABORATÓRIO Para a realização deste ensaio mecânico de teste de tração foram utilizados os seguintes materiais: Máquina universal de ensaios SHIMADZU modelo AG-X, com capacidade máxima de carga de 10 KN com Certificado de aferição recente. Computador responsável pelo monitoramento dos dados coletados pelo Equipamento. Corpo de prova: aço de baixo teor de carbono, usinado, não polido. Para a realização deste experimento o corpo de prova utilizado sofreu processo de usinagem, porém não sofreu polimento. Ambos os processos mecânicos são recomendados como parte integrante da norma de modo a eliminar as imperfeições superficiais da peça. Tais ações corretivas são de grande importância para a veracidade e qualidade dos resultados. A máquina SHIMADZU AG-X foi configurada de modo a tracionar o material a uma velocidade constante de 0,5 mm/min. Com a preparação concluída, o corpo de prova foi preso às garras da máquina universal em ambos os lados. Como resultado da aplicação de força inicial da máquina no material, foi desprezado uma curva inicial no gráfico resultante do ensaio. Conforme a aplicação de tensão, o material do corpo de prova entra na sua região de deformação elástica. Durante o período que segue, nota-se aumento da temperatura na região próxima ao local que sofre estricção. Passada a região de escoamento, facilmente identificada no gráfico pelo patamar quase retilíneo, o material entra na sua fase plástica. Toda e qualquer força aplicada a partir desse ponto vai gerar deformação residual em materiais dúcteis. A estricção do corpo de prova em sua região central é notável. Logo em seguida, é aplicada a força máxima de tração e em poucos instantes o material se rompe exatamente na região que sofreu estricção. Certa análise pode verificar que o material sofreu fratura do tipo taça-cone, resposta de ruptura típica de materiais dúcteis. Uma análise mais cuidadosa e aproximada identifica que o tipo de fratura é a transgranular, característica também observada em materiais dúcteis. Uma prova clara é a impressão fosca percebida no plano de fratura do material. Materiais frágeis sofrem 11 fraturas intergranulares, dando aspecto brilhante ao plano de ruptura do corpo de prova. Esses materiais também têm como características, serem sensíveis às tensões aplicadas ortogonalmente ao eixo uniaxial do corpo de prova – tensões normais. O software utilizado pela máquina Shimadzu é interessante, pois corrige automaticamente a curva obtida pelo método das retastangentes, eliminado a fase inicial de força aplicada – conforme descrição acima – além de eliminar trechos infinitesimais que gerariam erros nos dados devido às imperfeições internas do material, como inclusões, falhas, bolhas e vazios intersticiais. A seguir alguns dados obtidos pelo teste. Tabela 3 – Resultados do teste de resistência na Ferronorte Força máxima 3729,27 N Tensão máxima 310,77 N/mm² Deslocamento máximo 1,31 mm Deformação máxima 2,9% Força de ruptura 2571,4 N Tensão de ruptura 214,28 N/mm² Deformação de ruptura 14% 12 4. RESISTÊNCIA DE MATERIAIS E A ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Dentre todas as engenharias a que apresenta uma maior variedade de habilidades é a Engenharia de Produção, esse profissional deve dominar áreas diversas como RH, contabilidade, finanças, gestão, tecnologia, processos industriais, entre muitas outras áreas. A Resistência dos Materiais está entre os conhecimentos que devem compor o currículo acadêmico do estudante de Engenharia de Produção, e dependendo da área em que este vier a desenvolver suas atividades os conhecimentos obtidos nesta disciplina serão importantes para o seu bom desenvolvimento. A construção civil é uma das várias áreas de trabalho em que engenheiro de produção pode atuar ali este profissional deverá juntamente com os demais profissionais fazer avaliações de impactos de custos diretos e indiretos, deverá analisar os materiais adquiridos pela empresa, verificará catálogos com diferentes produtos e múltiplas informações que ele deverá obrigatoriamente ser capaz de entender, como resistência, escoamento, tração, compressão, torção, e etc., e se ele não tiver uma boa bagagem do que foi visto em sala, fatalmente será excluído do mercado. Por essa simples referência, podemos ver a importância dos conhecimentos obtidos na disciplina de Resistência dos Materiais, para o bom desenvolvimento do profissional de Engenharia de Produção, portanto, não se trata necessariamente de uma disciplina vaga, mais sim de uma oportunidade de agregar valor educacional ao currículo acadêmico bem como ter uma posição de destaque frente a outros profissionais que não dominem tal assunto. 13 5. CONCLUSÃO Os objetivos traçados para esta visita certamente foram obtidos, pois os alunos viram como a Resistência dos Materiais pode ser aplicada ao dia-a-dia, viu-se como os tópicos da teoria foram perfeitamente mostrados nas análises laboratoriais feitas na Ferronorte com o ensaio de tração de uma pequena amostra de vergalhão de aço, que nos permitiu observar de forma clara as propriedades do aço sendo este um material dúctil. Também se pode tirar como conhecimento do ensaio as noções de ruptura e de carga máxima suportada, bem como outros itens importantes. O conhecimento que obtivemos nesta visita foi de vital importância também no que concerne a outras disciplinas vistas neste período como Segurança do Trabalho, Noções de Gestão de Pessoas e Máquinas, Fluxogramas de Processos, Maquinário, e etc. Sem falar na troca de experiência dos profissionais que nos recebeu na Ferronorte, senhor Jivago e Márcio, que nos mostraram a realidade do campo de trabalho do engenheiro de produção, seus desafios, seus pontos bons, e aqueles que ainda precisam melhorar, em fim, foi uma experiência muito gratificante do ponto de vista do conhecimento obtido, não apenas na parte da Resistência dos Materiais, mas de uma forma geral.
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