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Análise de Balanços 1 ANÁLISE DE BALANÇOS Organizador: Professor Henrique Melo APOSTILA ALUNO: _______________________________________________ TURMA:_______________ BLOCO: ______________ PARNAÍBA / PI Análise de Balanços 2 SUMÁRIO Análise das Demonstrações Financeiras / Contábeis ..................................................... 04 Análise Vertical ................................................................................................................... 04 Análise Horizontal .............................................................................................................. 05 Análise por meio de índices ................................................................................................ 06 Grau de endividamento .................................................................................................... 07 Participação de capitais de terceiros sobre os recursos totais (PCT) ............................... 07 Composição do endividamento (CE) ............................................................................... 07 Imobilização do capital próprio (ICP) .............................................................................. 08 Índice de Liquidez ............................................................................................................ 08 Liquidez Geral .................................................................................................................. 08 Liquidez Corrente ............................................................................................................. 09 Liquidez Seca ................................................................................................................... 09 Liquidez Imediata ............................................................................................................. 09 Índices de rentabilidade .................................................................................................... 10 Rentabilidade do capital próprio (RCP) ........................................................................... 10 Margem Líquida (ML) ou Rentabilidade sobre as Vendas .............................................. 10 Índices Complementares .................................................................................................. 11 Rotação de Estoques ........................................................................................................ 11 Rotação de Matéria-Prima ................................................................................................ 13 Rotação de Produtos em Elaboração ................................................................................ 13 Rotação de Créditos ......................................................................................................... 14 Prazo Médio de Pagamentos ............................................................................................ 15 Giro do Ativo Total .......................................................................................................... 16 Valor Patrimonial das Ações ............................................................................................ 16 Lucro Líquido por Ação ................................................................................................... 17 Preço/Lucro das Ações ..................................................................................................... 17 Capacidade de Pagamento ................................................................................................ 17 Capacidade de Pagamento (fórmula) ............................................................................... 21 Retorno do Ativo (ROA) ................................................................................................. 22 Retorno do Capital Próprio (ROE) .................................................................................. 22 Taxa de Crescimento Interno ........................................................................................... 23 Taxa de Crescimento Sustentável .................................................................................... 23 Estado de Insolvência / Falência ...................................................................................... 24 Capital de Giro – Terminologia ....................................................................................... 25 Capital de Giro ................................................................................................................. 27 Capital de Giro Próprio .................................................................................................... 27 Capital em Giro ................................................................................................................ 27 Capital de Giro Necessário .................................................................................................. 28 Parecer ou Laudo Técnico ................................................................................................ 30 Como elaborar uma analise das demonstrações financeiras ............................................... 30 Análise econômico-financeira .......................................................................................... 31 Outras informações .......................................................................................................... 31 Exercícios ............................................................................................................................ 31 Análise de Balanços 3 Exercícios de Análise de Balanços ..................................................................................... 40 Alavancagem, Ponto de Equilíbrio (Contábil, Econômico e Financeiro) e Margem de Segurança ........................................................................................................................... 56 Alavancagem Empresarial .................................................................................................. 56 Ponto de Equilíbrio ............................................................................................................. 59 Ponto de Equilíbrio Contábil (PEC) ................................................................................. 60 Ponto de Equilíbrio Econômico (PEE) ............................................................................ 62 Ponto de Equilíbrio Financeiro (PEF) .............................................................................. 63 Ponto de Equilíbrio com múltiplos produtos ................................................................... 64 Margem de Segurança ......................................................................................................... 66 Exercícios ............................................................................................................................ 67 Estudo de Caso 1 ................................................................................................................. 70 Estudo de Caso 2 ................................................................................................................. 71 Estudo de Caso 3 ................................................................................................................. 71 Estudo de Caso 4 ................................................................................................................. 72 Formação do Preço de Venda .......................................................................................... 75 O “verdadeiro” lucro embutido no preçode venda ............................................................. 77 Exercícios ............................................................................................................................ 78 Estudo de Caso 1 ................................................................................................................. 83 Estudo de Caso 2 ................................................................................................................. 84 Estudo de Caso 3 ................................................................................................................. 86 Referências ......................................................................................................................... 89 Análise de Balanços 4 1 Análise das Demonstrações Financeiras / Contábeis Os demonstrativos financeiros / contábeis visam um melhor disclosure das informações (evidenciação), para os diversos clientes da informação contábil, os reflexos das decisões operacionais, de investimento e financiamento nas situações econômico-financeiras. Quando constata-se a análise, deseja-se avaliar a organização quanto à capacidade de gerar lucros (situação econômica) e sua capacidade de pagamento (situação financeira). Pode-se entender então que a análise das demonstrações financeiras e ou contábeis, é uma técnica contábil que permite ao contador ou administrador financeiro, analisar, comparar, interpretar e controlar os dados contábeis da melhor forma possível, transformando-os em informações úteis ao gestor nas tomadas de decisões. É importante saber que, as demonstrações contábeis analisadas são: Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício, Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, Demonstração de Fluxo de Caixa e Demonstração do Valor Adicionado. O desenvolvimento da função financeira implica na constante avaliação de grande numero de informações relacionadas com os fluxos de fundos. Essas informações surgem da analise e interpretação dos dados brutos transmitidos através das demonstrações financeiras (Braga, 1995). A análise financeira tradicional pode ser observada sob os seguintes aspectos: análise horizontal; análise vertical; análise de liquidez; análise econômica (FILHO, et al. 2008, p. 55), ou seja, os processos que mais utilizamos para análise das demonstrações contábeis são: • Análise vertical; • Análise horizontal; • Análise por meio de índices. 1.1 Análise Vertical A análise vertical é usada como facilitador no entendimento e comparabilidade das estruturas do Ativo e do Passivo (Balanço Patrimonial) e na Demonstração do Resultado do Exercício. Segundo Costa et al. (2008, p. 63), a análise vertical das demonstrações financeiras tem como objetivo verificar a evolução, ao longo do tempo, da composição percentual das principais constas do balanço patrimonial (BP) e da demonstração do resultado do exercício (DRE). O cálculo para se achar o percentual de participação relativa a cada item do Ativo e do Passivo, é feita, dividindo cada item (conta) pelo Total do Ativo ou Total do Passivo. Análise de Balanços 5 Exemplo: BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO valores AV valores AV Ativo Circulante 8.000,00 40,00% Passivo Circulante 8.000,00 40,00% caixa e bancos 2.000,00 10,00% salários a pg 1.500,00 7,50% clientes 3.000,00 15,00% fornecedores 4.500,00 22,50% estoques 3.000,00 15,00% contas a pg 2.000,00 10,00% R.L.P 5.000,00 25,00% E.L.P 2.000,00 10,00% empréstimo 5.000,00 25,00% financiamento 2.000,00 10,00% Permanente 7.000,00 35,00% patrimônio Líquido 10.000,00 50,00% Imobilizado 7.000,00 35,00% capital 8.000,00 40,00% lucro (prejuízo) 2.000,00 10,00% Total do Ativo 20.000,00 100,00% Total do Passivo 20.000,00 100,00% O cálculo percentual em relação aos itens da Demonstração do Resultado do Exercício é feito dividindo-se cada item pelo valor da Receita Líquida, que é considerada como base. Exemplo: DRE Valores AV (+) Receita Bruta 10.000,00 126,98% (-) Impostos sobre vendas 2.125,00 26,98% = Receita Líquida 7.875,00 100,00% (-) C.P.V. 6.000,00 76,19% = Lucro Bruto 1.875,00 23,81% (-) Despesas Operacionais 300,00 3,81% = Lucro Operacional I 1.575,00 20,00% (+/-) Resultado financeiro 250,00 3,17% = Lucro (Prejuízo) 1.325,00 16,83% É importante dizer que é importante utilizar conjuntamente a análise vertical com a análise horizontal, para que as constatações possam ser extraídas com melhor eficácia. 1.2 Análise Horizontal A análise horizontal tem por finalidade verificar a evolução dos elementos patrimoniais (Balanço Patrimonial) ou de resultado (DRE) durante determinados períodos. Permite a comparação entre valores de mesma conta ou grupos de contas em períodos diferentes. É preciso no mínimo dois exercícios para que se consiga uma comparação adequada. Análise de Balanços 6 Afirmação corroborada por Costa et al. (2008, p. 57) quando afirmam que a análise horizontal das demonstrações financeiras corresponde ao estudo comparativo, em períodos de tempo consecutivos da evolução das contas que compõem as demonstrações financeiras em análise. inda segundo os autores, as variações ocorridas ao longo dos anos permitem ao analista avaliar as estratégias adotadas pela empresa no passado. Segundo Hoji (2004:279), a análise horizontal tem a finalidade de evidenciar a evolução dos itens das demonstrações contábeis, por períodos. Calculam-se os números-índices estabelecendo o exercício mais antigo como índice-base 100. Exemplo: BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO 2005 AH 2006 AH 2005 AH 2006 AH Ativo Circulante 8.000,00 100,00% 8.100,00 1,25% Passivo Circulante 8.000,00 100,00% 8.100,00 1,25% caixa e bancos 2.000,00 100,00% 2.500,00 25,00% salários a pg 1.500,00 100,00% 500,00 -66,67% Clientes 3.000,00 100,00% 3.100,00 3,33% fornecedores 4.500,00 100,00% 5.000,00 11,11% Estoques 3.000,00 100,00% 2.500,00 -16,67% contas a pg 2.000,00 100,00% 2.600,00 30,00% R.L.P 5.000,00 100,00% 5.000,00 0,00% E.L.P 2.000,00 100,00% 2.000,00 0,00% empréstimo 5.000,00 100,00% 5.000,00 0,00% financiamento 2.000,00 100,00% 2.000,00 0,00% Permanente 7.000,00 100,00% 7.500,00 7,14% patrimônio Líquido 10.000,00 100,00% 10.500,00 5,00% imobilizado 7.000,00 100,00% 7.500,00 7,14% capital 8.000,00 100,00% 8.000,00 0,00% lucro (prejuízo) 2.000,00 100,00% 2.500,00 25,00% Total do Ativo 20.000,00 100,00% 20.600,00 3,00% Total do Passivo 20.000,00 100,00% 20.600,00 3,00% D.R.E. (Demonstração do Resultado do Exercício) 2005 AH 2006 AH (+) Receita Bruta 10.000,00 100,00% 13.000,00 30,00% (-) Impostos sobre vendas 2.125,00 100,00% 2.762,50 30,00% = Receita Líquida 7.875,00 100,00% 10.237,50 30,00% (-) C.P.V. 6.000,00 100,00% 8.450,00 40,83% = Lucro Bruto 1.875,00 100,00% 1.787,50 -4,67% (-) Despesas Operacionais 300,00 100,00% 325,00 8,33% = Lucro Operacional I 1.575,00 100,00% 1.462,50 -7,14% (+/-) Resultado financeiro 250,00 100,00% 325,00 30,00% = Lucro (Prejuízo) 1.325,00 100,00% 1.137,50 - 14,15% 1.3 Análise por meio de índices A análise por meio de índices é por muito o meio de análise mais usado. A análise por quocientes, é mais utilizada no estudo da solvência, da rotação, do endividamento e da rentabilidade. Análise de Balanços 7 É importante lembrar que o analista pode trabalhar de duas formas, ou seja, através de índices ou percentuais. Por exemplo: 0,50 equivale a 50%, pois, 0,50 = 50 ÷ 100 = 50% Após o calculodos índices, os mesmo podem ser classificados, como: ótimo, bom, satisfatório ou deficiente, isso, se compara-los com outros índices de mesmo nível com os de outras empresas do mesmo porte e ramo de atividade. 1.3.1 Grau de endividamento É comum a associação do risco empresarial de uma organização ao seu nível de endividamento. De maneira natural, somente as entidades endividadas podem ser levadas à falência. Desse modo, quanto maior o nível de endividamento da empresa, maior o risco (COSTA et al., 2008, p. 78). Afirmação corroborada por Savytzky (2006), quando afirma que é importante conhecer a proporção entre o capital próprio o os capitais alheios aplicados na empresa. A excessiva dependência de capitais alheios torna muito vulnerável a normalidade dos negócios e, por operacionais, forçando a elevação dos preços e diminuindo a competição no mercado. As empresas que possuem melhor estrutura de capital próprio suportam com mais facilidade a concorrência. São usados para análise da estrutura do capital. 1.3.1.1 Participação de capitais de terceiros sobre os recursos totais (PCT) Esse índice calculado, mostra quanto de capital de terceiros a empresa trabalha em relação aos seus recursos totais. Exemplos: Períodos 2005 = (8.000 + 2.000) ÷ 20.000 = 50,00% 2006 = (8.100 + 2.000) ÷ 20.600 = 49,03% 1.3.1.2 Composição do endividamento (CE) ‘ O índice da composição do endividamento, mostra quanto da dívida vence a curto prazo. Exemplos: PCT = Exigível Total Total do Ativo CE = Passivo Circulante Exigível Total Análise de Balanços 8 2005 = 8.000 ÷ (8.000 + 2.000) = 80,00% 2006 = 8.100 ÷ (8.100 + 2.000) = 80.20% 1.3.2 Imobilização do capital próprio (ICP) Exercício Resolvido 1 Esse índice indica, o percentual de imobilização feita com recursos próprios. Exemplos: 2005 = 7.000 ÷ 10.000 = 70,00% 2006 = 7.500 ÷ 10.500 = 71,43% 1.3.3 Índices de liquidez Um dos principais objetivos desse índice, é medir a capacidade de pagamento a curto e a longo prazo das exigibilidades da instituição. É importante ressaltar que, nem sempre um elevado índice de liquidez corresponde a uma boa estabilidade em seus ativos. Um índice alto pode corresponder uma exigibilidade alta, com isso a empresa perde a oportunidade de aplicar esses recursos e fazer aumentar o capital de giro, ou pode acontecer de um excesso de estoque, isso pode representar um obsoletismo do mesmo, ou pode acontecer de um saldo alto de contas a receber, significando assim um prazo extenso no recebimento das vendas. Segundo Savytzky (2006), não basta que uma empresa possua uma sólida posição patrimonial. É necessário que ela conte com recursos financeiros para saldar seus compromissos em dia, sob pena de, em casos extremos, entrar em estado de insolvência. Portanto, é muito importante a correta apuração e interpretação dos índices de liquidez, que medem a capacidade de pagamento em determinados prazos e até imediatamente. 1.3.3.1 Liquidez Geral (LG) Esse índice indica a capacidade de pagamento da divida a longo prazo. Exemplos: 2005 = (8.000 + 5.000) ÷ (8.000 + 2.000) = 1,3000 2006 = (8.100 + 5.000) ÷ (8.100 + 2.000) = 1,2970 ICP = Ativo Permanente Patrimônio Líquido LG = Ativo Circulante + Ativo R.L.P Passivo Circulante + Passivo E.L.P Análise de Balanços 9 1.3.3.2 Liquidez Corrente (LC) Índice considerado como o melhor indicador da capacidade de pagamento da empresa, indica também o poder de saldar suas dividas a curto prazo. Exemplos: 2005 = 8.000 ÷ 8.000 = 1,0000 2006 = 8.100 ÷ 8.100 = 1,0000 1.3.3.3 Liquidez Seca (LS) Índice que serve para medir a capacidade de pagamento a curto prazo, sem contar com os estoques, pois os mesmos, são os itens que mais demoram a se tornar monetários, tem que passar por todo processo produtivo para serem vendidos (a vista ou a prazo) pra depois virarem dinheiro. Exemplos: 2005 = (8.000 – 3.000) ÷ 8.000 = 0,6250 2006 = (8.100 – 2.500) ÷ 8.100 = 0,6914 1.3.3.4 Liquidez Imediata (LI) Esse índice mostra quanto a empresa tem de recursos imediatos para saldar suas dividas de curto prazo. Exemplos: 2005 = 2.000 ÷ 8.000 = 0,2500 2006 = 2.500 ÷ 8,100 = 0,3086 LC = Ativo Circulante Passivo Circulante LG = Ativo Circulante - Estoques Passivo Circulante LI = Disponível Passivo Circulante Análise de Balanços 10 1.3.4 Índices de rentabilidade Índices muito importantes, pois, mostram como estão os rendimentos em relação aos capitais que foram investidos na empresa. Mostra ao gestor o sucesso ou o fracasso da instituição. Os índices de rentabilidade são calculados sobre as Receitas Líquidas. Segundo Braga (1995), neste grupo de informações encontramos dois conjuntos de índices que expressam as margens lucrativas da vendas e as taxas de retorno sobre os recursos investidos. Obviamente quanto maiores forem esses índices, melhores serão as informações por eles transmitidas. 1.3.4.1 Rentabilidade do capital próprio (RCP) Esse índice mostra, qual foi o rendimento do capital em relação ao lucro líquido da instituição. Exemplos: 2005 = 1.325,00 ÷ 10.000 = 13,25% 2006 = 1.137,50 ÷ 10.500 = 10,83% 1.3.4.2 Margem Líquida (ML) ou Rentabilidade sobre as Vendas Representa a porcentagem de cada real de venda que restou após a empresa ter deduzido todas as suas despesas, inclusive financeiras, resultado de equivalência patrimonial, despesas e receitas não-operacionais e imposto de renda (COSTA et al., 2008, p. 122), ou seja, esse índice indica qual foi o lucro em relação a Receita Líquida da empresa. Exemplos: 2005 = 1.325,00 ÷ 7.875,00 = 16,83% 2006 = 1.137,50 ÷ 10.237,50 = 11,11% RCP = Lucro Líquido Patrimônio Líquido ML = Lucro Líquido Receita Líquida Análise de Balanços 11 2 Índices Complementares No capítulo 1, foram examinados os Índices Básicos, indispensáveis para qualquer análise financeira. Sendo assim, os índices que estudaremos a seguir serão complementares. Esses índices complementares são de grande importância para se analisar as demonstrações financeiras / contábeis das empresas, como: o índice de rotação de estoques e de créditos e o prazo médio de pagamentos, os índices de desempenho da empresa como o ROA e o ROE, os indicadores de capital de giro, enfim índices que têm influência direta no controle interno impactando diretamente nas tomadas de decisões dos gestores, importante frisar que tais decisões são influenciadas pelo modelo de gestão adotado. Os procedimentos internos também fazem parte do meio do controle organizacional e podem ser entendidas como, “conjunto das normas e procedimentos e de controles internos formais estabelecidos com o propósito de padronizar o comportamento administrativo” (NASCIMENTO E REGINATO, 2006). Ou seja, tais procedimentos monitoram de maneira continua as ações executadas pelos membros da organização. Segundo Figueiredo e Caggiano (2006), modelo de gestão é um conjunto de princípios e definições que decorrem de crenças especificas e traduzem o conjunto de idéias, crenças e valores dos principais executivos, impactando assim todos os demais subsistemas empresariais. A administraçãofinanceira, contabilidade gerencial e contabilidade de custos, estão diretamente ligada à análise financeira das demonstrações, pois, se tais ciências fornecerem de forma coerente as informações vistas nas demonstrações financeiras, facilitara a analise e o parecer dos profissionais que trabalham na analise financeira. Para Savytzky (2006), “a análise de balanços verifica os resultados de uma administração em um determinado período, conclui se foram satisfatórios ou não, examina o estado patrimonial da empresa, definindo a situação econômico-financeira e, se for o caso, aponta as anormalidades, para que medidas corretivas sejam tomadas”. Os problemas do dia a dia da administração financeira, gerencial ou de custos, que utilizam dados contábeis, impactam diretamente nos dados mostradas nos balanços. Ou seja, os balanços refletem através dos dados corretos os tratos gerenciais da empresa, passiveis então de serem analisados, tais dados serão transformados em informações que serão utilizados pelos gestores para melhor controle da organização. Segundo Savytzky (2006) “Sem o intuito de menosprezar tantos outros índices que eventualmente podem ser úteis para determinadas finalidades de análise, são a seguir relacionados e demonstrados os índices considerados complementares de maior uso”. 2.1 Rotação de Estoques O índice de rotação de estoques, mostra a média em que o estoque é renovado, através da seguinte fórmula: Rotação de Estoques = Custo de vendas ÷ Estoque médio Análise de Balanços 12 40.000 ÷ 10.000 = 4 vezes ou seja 360 ÷ 4 = 90 dias ou ainda Rotação de Estoques = (Estoque médio x 360 ) ÷ Custo de vendas (10.000 x 360) ÷ 40.000 = 90 dias Considere isto... O valor do estoque médio é obtido pela soma dos saldos mensais, dividido pelo número dos meses considerados, em geral de 12. Não existindo saldos mensais, a alternativa é o valor da soma do estoque do balanço anterior com o do balanço sob exame, dividido por 2 (SAVYTZKY, 2006). Pelo exemplo acima verifica-se que o estoque sofreu uma rotação de 4 vezes durante o ano ou se preferir, se renovou a cada 90 dias em média. Segundo Hoji (2004) “as empresas procuram aumentar o giro dos estoques, pois, quanto mais rápido vender o produto, mais o lucro aumentará”. Tal índice confirmará ou não se foi adequado a classificação integral do estoque o ativo circulante (a curto prazo). Segundo Savytzky (2006) “se para efeito de análise mais rigorosa fosse estabelecido como “curto prazo” para os valores realizáveis, por exemplo, até 120 dias, e se o quociente fosse de 2 em vez de 4, estaríamos diante de uma má classificação, porque o estoque só se renovaria a cada 180 dias”. Se isso ocorrer, influenciará no calculo do índice de “liquidez corrente”, ou seja, tal indicador será calculado incorreto. Sendo assim deverá ser feito a retificação, mediante a reclassificação de parte da conta “estoque” do ativo circulante (curto prazo) para o ativo realizável a longo prazo. Se a análise fosse de uma empresa com a atividade de “supermercado”, talvez a rotação de 90 dias fosse muito lenta, caracterizando excesso de estoque em relação às vendas ou, então, estoque normal para o ramo, mas fraco o volume de vendas. O índice serve, pois, como importante elemento de pesquisa: existe excesso de estoque? As vendas são fracas? Podem ser melhoradas? (SAVYTZKY, 2006). Para uma melhor análise financeira, não só o índice de rotatividade de estoque mais todos que foram estudados e que ainda o serão deverão ser comparados com os anteriormente apurados e, se possível, com os de empresas concorrentes (do mesmo ramo de atividade), para que se tenha um parâmetro gerencial satisfatório e a partir verificar qual a estratégia mais coerente a se adotar para se conseguir otimizar seu desempenho no cenário dos negócios. Ghemawat (2007), afirma que um cenário de negócios mapeia a elevação de cada estratégia de acordo com sua lucratividade econômica. O desafio central da estratégia é Análise de Balanços 13 direcionar um negócio a um ponto relativamente alto nesse cenário. Segundo Matarazzo (1997), “os índices de prazos médios não devem ser analisados individualmente, mas sempre em conjunto. Entende-se que quanto maior o giro dos estoques melhor deverá ser a lucratividade da empresa. Mas para Hoji (2004) “esse raciocínio é válido desde que a margem de contribuição seja positiva e o aumento do giro não implique “custos extras” em volume superior ao ganho obtido pelo aumento do giro”. Sabe-se que quando a rotatividade do estoque é lenta, a empresa comercializando pouco, com isso poderá ocorrer um decréscimo na lucratividade impactando diretamente em sua situação financeira. Tal calculo poderá ser trabalhado com o estoque de matéria-prima e de produtos em elaboração (estoque médios), tendo como numerador o valor do consumo de matéria-prima e do custo de produção, respectivamente, conforme exemplos abaixo: 2.2 Rotação de Matéria-Prima Rotação de Matéria-prima = Consumo de matéria-prima ÷ Estoque de matéria-prima médio 18.000 ÷ 3.000 = 6 vezes ou seja 360 ÷ 6 = 60 dias ou ainda (3.000 x 360) ÷ 18.000 = 60 dias 2.3 Rotação de Produtos em Elaboração Rotação de Produtos em Elaboração = Custo de produção ÷ Estoque de PE (médio) 27.000 ÷ 6.000 = 4,5 vezes ou seja 360 ÷ 4,5 = 80 dias ou ainda (6.000 x 360) ÷ 27.000 = 80 dias Análise de Balanços 14 Os índices acima revelam que a reposição dos estoques se dá a cada 60 dias e 80 dias respectivamente para a matéria-prima e produtos em elaboração. Dependendo do ramo de atividade em que a empresa atue, talvez esses dias sejam excessivos ou normais. É bom salientar que os dois índices isolados são de pouca valia. Por isso, para uma melhor interpretação é importante e necessário à obtenção de indicadores de demonstrações anteriores. 2.4 Rotação de Créditos Indicadores que são bem usados, e que informa o prazo médio de retorno dos créditos por vendas a prazo, é calculado através da seguinte fórmula: Rotação de Créditos = Vendas a prazo ÷ Cientes (média) 60.000 ÷ 12.000 = 5 vezes ou seja 360 ÷ 5 = 72 dias ou ainda (12.000 x 360) ÷ 60.000 = 72 dias Considere isto... O saldo médio de clientes é obtido pela soma dos saldos mensais, dividida pelo número de meses considerados, normalmente de 12. como alternativa, somam-se o valor da conta de clientes do balanço anterior com o do que está sendo analisado, dividindo-se por 2 (SAVYTZKY, 2006). De acordo com o exemplo acima, constata-se que os créditos oriundos de vendas a prazo demoram para ser recebidos em média 72 dias. Se por acaso o quociente fosse menor, ou seja 2, a cobrança se daria a cada 180 dias. Se o “curto prazo” da empresa fosse de 120 dias, então os cálculos dos índices de liquidez seca e corrente estariam errados, com isso teria que se fazer um ajuste na conta “créditos” ou “clientes” do ativo circulante (curto prazo) para o ativo realizável a longo prazo. Segundo Savytzky “a outra utilidade do índice é verificar a qualidade dos créditos ou a eficiência da cobrança”. Se as vendas são efetuadas em média em 60 dias de prazo e o recebimento se dá em torno de 72 dias, significa que a média de atraso é de 12 dias. Isso significa que a empresa estão financiando esses 12 dias com capitais alheios para custear o possível atraso do recebimentodas vendas. As causas para esse atraso poderiam ser: vendas forçadas a clientes não selecionados, pouca agressividade na cobrança, crise de mercado, etc. Para Hoji (2004), “a alteração do giro do Análise de Balanços 15 período atual em relação ao período anterior pode ser causada por diversos fatores: alteração na política de financiamento de clientes, aumento (ou redução) da eficiência de cobrança, etc. Para Savytzky “quanto maior for a rotação de créditos, menores recursos financeiros serão necessários para sustentar as vendas a prazo, podendo a empresa usar sobra de recursos para a expansão de seus negócios ou evitará maiores endividamentos, se for o caso”. 2.5 Prazo Médio de Pagamentos Índice que determina o prazo médio de pagamentos aos fornecedores, através da seguinte fórmula: Prazo Médio de Pagamentos = Compras a prazo ÷ Fornecedores (média) 24.000 ÷ 4.000 = 6 vezes ou seja 360 ÷ 6 = 60 dias ou ainda (4.000 x 360) ÷ 24.000 = 60 dias Considere isto... Segundo Savytzky (2006), a publicação dos balanços não consigna o valor das compras. Assim, esse valor só poderá ser obtido quando se tem acesso à empresa. Quando ao saldo médio da conta de Fornecedores procede-se como no caso do saldo médio de Clientes. No exemplo acima tem-se que os pagamentos são feitos, em média a 60 dias. Sabe-se que é importante que o prazo de pagamento seja superior ao prazo de recebimento das vendas, para que a empresa não incorra em endividamento. Ou seja, é interessante que as empresas recebam primeiro e depois com esse dinheiro paguem as obrigações que foram incorridas na compra de matéria-prima ou materiais para produção dos produtos para comercialização, caso contrário (o prazo de pagamento menor que o de recebimento) a empresa deverá financiar o déficit do saldo com capitais alheios, em relação ao exemplo anterior a empresa precisou custear em 12 dias (72 dias – 60 dias) a diferença do recebimento com o do pagamento com capitais de terceiros. Com isso as empresas costumam buscar prazos mais longos de pagamento e prazos cada vez menores de recebimentos. Análise de Balanços 16 Para Savytzky (2005) “diante do exposto, conclui-se que é sempre vantajoso para a empresa a obtenção de maiores quocientes de rotação de estoque e de créditos e menores quanto aos prazos médios de pagamentos aos fornecedores, reduzindo, assim, as necessidades de capital de giro”. Os quocientes trabalham com o número em que o estoque, os créditos de recebimento e o de pagamento giram, os mesmos não devem ser confundidos com o número de dias dos indicadores citados. 2.6 Giro do Ativo Total Afastando-nos de contas especificas, como estoque ou contas a receber, podemos considerar um índice global importante, o índice de giro do ativo total. Como seu nome sugere, o giro do ativo total é: Giro do ativo total = Vendas ÷ Ativo total 2.311 ÷ 3.588 = 0,64 vezes Em outras palavras, para cada real de ativo, geramos 0,64 em vendas. Um índice que está intimamente relacionado a esse é o índice de intensidade de capital, que é justamente o recíproco do giro do ativo (isto é, 1 dividido pelo giro do ativo total). Pode ser interpretado como sendo o investimento em reais em ativos necessários para gerar 1 real de vendas. Valores altos correspondem a indústrias de capital intensivo (tais como serviços de utilidade pública). No caso do exemplo acima, o giro total de ativo é 0,64; portanto, se invertermos esse número, obteremos a intensidade de capital, que é 1/64 = 1,56 reais. Isso significa que precisa-se de 1,56 reais de ativos para gerar 1 real de vendas (ROSS, WESTERFIELD, JORDAN 2002). Exemplo: Suponha que você encontre uma determinada empresa que gera R$ 0,50 de vendas para cada real de ativo total. Quão freqüentemente essa empresa gira seu ativo total? O giro do ativo total, aqui neste caso, é 0,50 vezes por ano. Portanto, a empresa leva 1/0,50 = 2 anos para girar completamente seus ativos. 2.7 Valor Patrimonial das Ações O valor patrimonial da ação é calculado em relação ao patrimônio liquido. Exemplo: Patrimônio Liquido Capital......................................................... 10.000 Reservas de capital..................................... 6.000 Análise de Balanços 17 Reservas de lucros...................................... 2.000 Lucros acumulados..................................... 2.000 20.000 O capital é dividido em 10.000 ações de R$ 1,00 cada uma. Valor Patrimonial das Ações = Patrimônio liquido ÷ número de ações 20.000 ÷ 10.000 = R$ 2,00 Pelo exemplo acima se verifica que uma ação do valor nominal de R$ 1,00 tem o valor patrimonial de R$ 2,00. 2.8 Lucro Líquido por Ação De acordo com a lei das sociedades anônimas determina que o lucro líquido ou prejuízo do exercício deve ser demonstrado por ação do capital social, através da seguinte fórmula de cálculo: Lucro Líquido por Ação = Lucro líquido ÷ número de ações 2.000 ÷ 10.000 = R$ 0,20 Pelo exemplo acima tem-se que é de R$ 0,20 o lucro liquido por ação. 2.9 Preço/Lucro das Ações Preço da ação ÷ Lucro por ação 1,80 ÷ 0,20 = 9 Pelo exemplo acima, se o investidor adquiriu ações pelo preço de R$ 1,80, tem-se que o retorno do capital investido se dará em 9 anos, desde que os lucro futuros não sejam inferiores ao do exercício sob exame. O lucro do investidor, sobre o valor aplicado, 11,1% ao ano, determinado pela seguinte fórmula: (Lucro por ação x 100) ÷ Preço por ação ( 0,20 x 100) ÷ 1,80 = 11,1% 2.10 Capacidade de Pagamento Para Savytzky (2006) a capacidade de pagamento de uma empresa confunde-se, até certo ponto, com a sua posição financeira, isto é, com o grau de liquidez, tendo-se por base os recursos que já possui em determinada data. A capacidade de pagamento que aqui será Análise de Balanços 18 examinada refere-se à capacidade que a empresa tem para gerar recursos financeiros próprios no decorrer do tempo. Por exemplo: a liquidez corrente é de 1,50 e a geral e de 1,33. o analista poderá chegar à conclusão que a situação financeira é de bom equilíbrio. Todavia, a empresa pretende obter um empréstimo de longo prazo, para aquisição de bens do ativo imobilizado, no valor de R$ 7.000. Obtido o empréstimo, a liquidez geral torna-se deficitária de 0,84, conforme abaixo exemplificado. Circulante 15.000,00 Circulante 10.000,00 Realizável a Longo Prazo 1.000,00 Exigível a Longo Prazo 2.000,00 Imobilizado 10.000,00 Capital 14.000,00 26.000,00 26.000,00 Liquidez corrente 15.000,00 1,50 10.000,00 Liquidez geral 16.000,00 1,33 12.000,00 ATIVO PASSIVO Fonte: Savytzky (2006). Situação após o empréstimo: Circulante 15.000,00 Circulante 10.000,00 Realizável a Longo Prazo 1.000,00 Exigível a Longo Prazo 9.000,00 Imobilizado 17.000,00 Capital 14.000,00 33.000,00 33.000,00 Liquidez corrente 15.000,00 1,50 10.000,00 Liquidez geral 16.000,00 0,84 19.000,00 ATIVO PASSIVO Fonte Savytzky (2006). Pelos exemplos acima verifica-se que antes do empréstimo a empresa possuía recursos realizáveis suficientes para pagamento das dividas a curto e longo prazo. Após a obtenção do empréstimo os seus atuais recursos tornaram-se insuficientes para o pagamento do financiamento, apresentando um índice de liquidez a longo prazo negativo, de 0,84. Ativo Circulante e Realizável a Longo Prazo.............................................................. 16.000 Passivo Circulante e Exigível a Longo Prazo .............................................................. 19.000 Déficit financeiro ..........................................................................................................(3.000) Análise de Balanços 19 Está claro que não seria de boa política ficar a empresa na dependência da obtenção de novo empréstimo para liquidar o anterior. Torna-se necessário, pois, determinar a sua futura capacidade de pagamento. Se não houver elevação do capital em dinheiro, o aumento de recursos próprios somente poderá se concretizar se houver lucros futuros, em valor suficiente para superar o déficit financeiro de longo prazo. Tem-se, pois, que a capacidade de pagamento depende da potencialidade que a empresa tem para gerar novos recursos financeiro, por meio de lucros, porque sem eles não formará capital próprio condizente com as suas necessidades. Aliás, o próprio financiamento pode destinar-se a aquisição de máquinas ou ampliação industrial, visando maior lucro com o aumento de produção projetada. Não havia, porém, gerar lucros; é necessário capitalizá-los. Exemplificando: Lucro liquido do exercício ........................................................................................ 2.500 Depreciação contabilizada no ano ............................................................................ 500 3.000 Dividendos a distribuídos .......................................................................................... 1.000 Lucro retido ............................................................................................................... 2.000 Sendo: - Reserva Legal ........................................................................................................ 125 - Lucro acumulado ................................................................................................ 1.375 - Depreciação acumulada ...................................................................................... 500 Capacidade de pagamento gerada ............................................................................. 2.000 No exemplo acima verifica-se que a empresa gerou novos recursos no valor de R$ 3.000, mas porque distribuiu R$ 1.000, sobraram R$ 2.000. Assim, a capacidade de pagamento gerada no ano foi de R$ 2.000. A retenção dos lucros foi contabilizada nas contas de Reserva Legal, Lucros Acumulados e Depreciação Acumulada. Os lucros acumulados serão utilizados, no futuro, para aumento de capital. Se assim não for, isto é, se houver distribuição adicional de dividendos, a capacidade de pagamento gerada será diminuída na proporção da distribuição que se verificar. A formação do fundo para depreciação (Depreciação Acumulada) corresponde à retenção do lucro pelo fato de que a parcela destinada a esse fundo não será distribuída. Também não importa se a formação do fundo é contabilizada, em contrapartida, como acréscimo do custo de produção, periodicamente, ou se ao final do exercício simplesmente a débito de conta de resultado, especificamente para reposição de bens depreciáveis. O efeito da retenção de lucros é o mesmo. Análise de Balanços 20 Os lucros retidos correspondentes à depreciação, que indiretamente (acréscimo aos custos), quer especificamente, não aumentam o capital próprio, como no caso das reservas de lucros. O fundo de depreciação, em verdade, compensa a perda sofrida pelo desgaste ou absolescência dos bens e, assim, mantém integro o capital aplicado em bens depreciáveis. Mas, por outro lado, os recursos retidos pelo fundo de depreciação aumentam o meio circulante da empresa e, conseqüentemente, a sua capacidade de pagamento, até que ela use esses recursos para aquisição de outros bens destinados ao ativo imobilizado. Os fenômenos acima referidos podem ser facilmente observados com exemplos práticos como segue: BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO Veículos 100 Capital 100 Fonte: Savytzky (2006). Resultado ao final do Exercício Receitas de fretes 200 Custo (salários, combustíveis etc.) 100 Depreciação 20 120 Lucro líquido 80 Fonte: Savytzky (2006). BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO Caixa 100 Capital 100 Veículos 100 Lucro 80 - Depreciação -20 180 180 Fonte: Savytzky (2006). Pelo exemplo acima, verifica-se: - A empresa recebeu 200 de frete e pagou despesas no valor de 100, restando, portanto, 100 em caixa. O lucro, entretanto, foi somente de 80, porque além das despesas que pagou contabilizou mais 20 de depreciação (desgaste de veículos). - Note-se que a capacidade de pagamento gerada foi de 100 (em caixa), superior ao lucro de 80. essa diferença de 20 corresponde à depreciação contabilizada. Deu-se o fenômeno da desimobilização de recursos, com transferência para o ativo circulante, até que, pela aquisição de novos bens de produção esses recursos retornem ao ativo imobilizado. Conclui-se, pois que a depreciação aumenta a capacidade de pagamento, ainda que temporariamente. - A depreciação contabilizada não aumenta o capital próprio, como reservas de lucros. Mas o mantém íntegro. Se a empresa quisesse distribuir o lucro de 80, o capital inicial de 100 permaneceria íntegro e restaria a importância de 20 em caixa, correspondente ao valor Análise de Balanços 21 retido para reposição de bens, sob a forma de fundo de depreciação. Veja o exemplo abaixo: Balanço após o pagamento de dividendos ATIVO PASSIVO Caixa 20 Capital 100 Veículos 100 - Depreciação -20 100 Fonte: Savytzky (2006). - O fundo de depreciação (depreciação acumulada) deve ser deduzido do valor dos bens depreciados (ativo imobilizado) para fins de estruturação e análise dos balanços, porque assim demonstra-se o valor analisado dos bens (custo, menos o desgaste sofrido). Se o percentual de depreciação não espelhar a realidade, o problema é outro. O analista tem liberdade para promover os ajustes que se tornarem necessários. O que não pode ignorar a modificação do valor contábil dos bens pelo desgaste ou absolescência. Pelo exposto, ficou demonstrado que a depreciação contabilizada aumenta a capacidade de pagamento da empresa, ainda que temporariamente, a par dos lucros retidos. Resta, pois, estabelecer a fórmula que determine o índice da “Capacidade de Pagamento”, abaixo demonstrada, com base nos dados do seguinte exemplo: Passivo Total (circulante e exigível a longo prazo) ..................................................... 10.000 Lucro obtido e retido no ano ........................................................................................ 1.800 Depreciação contabilizada no ano ............................................................................... 200 2.11 Capacidade de Pagamento (fórmula) Capacidade de Pagamento = (Passivo total x 12) ÷ (Lucro líquido obtido e retido no ano + depreciação contabilizada no ano) Capacidade de Pagamento = (10.000 x 12) ÷ (1.800 + 200) = 60 meses Considere isto... Para Savytzky (2006), o fator 12 do numerador da fórmula refere-se ao número de meses considerados (um ano). Pelo índice acima chega-se à conclusão que se as condições futuras de lucratividade e de exigibilidade não se modificarem de modo significativo, a empresa tem uma capacidade de pagamento que lhe permitirá liquidar todas as suas dividas em 60 meses (5 anos), substituindo o capital alheio por capital próprio. Essa capacidade de pagamento nada mais é que a formação de capital próprio pela retenção de lucros. Análise de Balanços 22 Na prática, sabe-se que a tendência das empresas é a expansãodos negócios além do que o capital próprio pode suportar e, por isso, mesmo que hajam substanciais lucros retidos, sempre haverá a participação de capitais alheios, em menor ou maior escala. O mesmo índice pode ser estabelecido em percentual: [(Lucro + depreciação) x 100] ÷ Passivo total = (2.000 x 100) ÷ 10.000 = 20% Significa que o lucro retido de um ano pode liquidar 20% do total dos capitais alheios. Em condições normais, quando é de bom equilíbrio a liquidez a curto prazo, pode-se determinar a capacidade de pagamento somente para financiamento a longo prazo, já que as dividas de funcionamento renovam-se com certa facilidade, dentro das necessidades da empresa. Capacidade de pagamento para dividas a longo prazo: (Passivo Exigível a Longo Prazo x 12) ÷ (Lucro + depreciação) = (6.000 x 12) ÷ 2.000 = 36 meses Pelo exemplo acima, dir-se-á que a empresa tem condições para pagar o financiamento de R$ 6.000 em 3 anos, se a retenção de lucros, acrescida da depreciação, for igual à que serviu de base para o cálculo. Nos casos de estudos de financiamentos para ampliação industrial, quando se prevê aumento de produção e de lucros, pode-se acrescentar aos lucros retidos o valor estimado dos lucros futuros, projetando-se, assim, a capacidade de pagamento com os novos recursos (SAVYTZKY, 2006). 2.12 Retorno do Ativo (ROA) Este índice tem por objetivo medir a porcentagem do lucro líquido gerado em relação ao investimento total, ou seja, o ativo (COSTA et al., 2008, p. 123). Em outras palavras, o retorno do ativo (ROA) é uma medida de lucro por real em ativos. Pode ser definida de diversas maneiras, mas a mais usual é: Retorno do ativo = Lucro líquido ÷ Total do ativo 363 ÷ 3.588 = 10,12% 2.13 Retorno do Capital Próprio (ROE) Para Ross, Westerfield e Jordan (2002), “o retorno do capital próprio (ROE) é uma medida de desempenho do investimento dos acionistas durante o ano. Uma vez que beneficiar os Análise de Balanços 23 acionistas é o nosso objetivo, o ROE é, em termos contábeis, a verdadeira medida de desempenho em termos de lucro. O ROE, geralmente, é medido da seguinte maneira”: Retorno do capital próprio = Lucro líquido ÷ Patrimônio líquido 363 ÷ 2.591 = 14% Segundo Ross, Westerfield e Jordan (2002) para cada real de capital próprio, portanto, de acordo com o exemplo acima, foi gerado 14 centavos de lucro, mas, novamente, isso está correto apenas em termos contábeis. Como o ROA e o ROE são números comumente citados, enfatizamos o fato de que é importante lembrar que são taxas de retorno contábeis. Por tal razão essas medidas deveriam ser adequadamente denominadas retorno do ativo contábil e taxa de retorno do patrimônio liquido contábil. 2.14 Taxa de Crescimento Interno Para Ross, Westerfield e Jordan (2002) suponha que uma empresa tenha como política de financiamento de crescimento o uso apenas de financiamento de crescimento o uso apenas de financiamento interno. Isso significa que a empresa não tomará recursos emprestados e não venderá nenhuma nova ação. Quão rapidamente pode a empresa crescer? A resposta é dada pela taxa de crescimento interno. Taxa de crescimento interno = (ROA x b) ÷ (1 – ROA x b) Onde: ROA = Taxa de retorno dos ativos = Lucro líquido ÷ Ativo total b = Taxa de retenção de lucro = Adição a lucro retido / Lucro liquido (vamos considerar o b como sendo 2/3) A taxa de crescimento interno é a taxa máxima de crescimento que uma empresa pode alcançar sem o uso de fontes externas de financiamento. 2.15 Taxa de Crescimento Sustentável Segundo Ross, Westerfield e Jordan (2002) se uma empresa basear-se apenas no financiamento interno, a longo prazo seu índice de endividamento geral diminuirá. Isso acontecerá porque os ativos crescerão, mas a divida total permanecerá a mesma (ou até diminuirá se for parcialmente liquidada). Freqüentemente, as empresas possuem um determinado índice de endividamento geral ou multiplicador de capital próprio que é visto como ótimo. Com isso em mente, consideremos quão rapidamente uma empresa pode crescer se (1) deseja manter um determinado índice de endividamento geral e (2) não deseja vender novas ações. Existem diversas razões pelas quais uma empresa deseja evitar a emissão de novas Análise de Balanços 24 ações, e na realidade, a emissão de ações por empresa estabelecidas, é uma ocorrência rara. Dadas essas duas premissas, a taxa máxima de crescimento que ser alcançada, denominada taxa de crescimento sustentável. Taxa de crescimento sustentável = (ROE x b) ÷ (1 – ROE x b) Onde: ROE = Taxa de retorno do Patrimônio liquido = Lucro liquido ÷ Patrimônio liquido b = Taxa de retenção de lucro = Adição a lucro retido / Lucro liquido (vamos considerar o b com sendo 2/3) A taxa de crescimento sustentável é a taxa máxima de crescimento que uma empresa pode alcançar sem financiamento externo de capital próprio e mantendo o quociente capital próprio / capital de terceiros constante. 2.16 Estado de Insolvência / Falência Para Savytzky (2006), “são as seguintes as principais causas do desequilíbrio financeiro, que podem ocasionar o estado de insolvência e a conseqüente falência da empresa”: • Excesso de imobilização em relação ao capital próprio, que reduz ou elimina o capital de giro próprio; • Desequilíbrio entre os prazos de compras e de vendas e baixa rotação de estoques e de vendas; • Prejuízos operacionais, que consomem em primeiro lugar o capital de giro próprio; • Conseqüente aumento do endividamento para sustentar o meio circulante por falta de giro próprio. Análise de Balanços 25 3 Capital de Giro – Terminologia É mais ou menos freqüente a pergunta sobre o valor do Capital de Giro da empresa, mas de modo dúbio, principalmente para fins cadastrais. Segundo Vieira (2005), capital de giro se refere ao total dos investimentos de curto prazo realizados pela empresa, enquanto a expressão capital de giro líquido se refere ao saldo líquido de aplicações e fontes efetuados neste horizonte de tempo. Descrição Ativo Realizável Permanente Total do Passivo Exigível Patrimônio Total do Capital de Capital de Circulante Longo Ativo Circulante longo Líquido Passivo Giro Giro líquido Prazo Prazo TOTAL 500 R$ 253.511,00 168.171,00 571.572,00 993.254,00 272.167,00 334.808,00 386.279,00 993.254,00 253.511,00 (18.656,00) % 25,52% 16,93% 57,55% 100,00% 27,40% 33,71% 38,89% 100,00% Bebidas R$ 4.733,00 2.518,00 7.445,00 14.696,00 3.271,00 8.514,00 2.910,00 14.695,00 4.733,00 1.462,00 % 32,21% 17,13% 50,66% 100,00% 22,26% 57,94% 19,80% 100,00% Celulose e Papel R$ 6.567,00 2.518,00 22.363,00 31.448,00 8.972,00 10.861,00 11.593,00 31.426,00 6.567,00 (2.405,00) % 20,88% 8,01% 71,11% 100,00% 28,55% 34,56% 36,89% 100,00% Eletricidade R$ 33.891,00 2.496,00 150.435,00 186.822,00 44.299,00 91.168,00 83.084,00 218.551,00 33.891,00 (10.408,00) % 18,14% 1,34% 80,52% 100,00% 20,27% 41,71% 38,02% 100,00% Metalurgia R$ 22.305,00 34.225,00 53.746,00 110.276,00 22.240,00 30.994,00 32.436,00 85.670,00 22.305,00 65,00 % 20,23% 31,04% 48,74% 100,00% 25,96% 36,18% 37,86% 100,00% Saneamento R$ 4.805,00 9.619,00 36.194,00 50.618,00 5.447,00 18.253,00 18.986,00 42.686,00 4.805,00 (642,00) % 9,49% 19,00% 71,50% 100,00% 12,76% 42,76% 44,48% 100,00% Telecomunicações R$ 6.567,00 1.687,00 22.363,00 30.617,008.972,00 10.861,00 11.593,00 31.426,00 6.567,00 (2.405,00) % 21,45% 5,51% 73,04% 100,00% 28,55% 34,56% 36,89% 100,00% Obs.: Valores arrendodados em milhões de reais. Fonte: Conjuntura Econõmica, ago. 2003 Apud. Veira (2003) Figura 1: Capital de giro e capital de giro líquido Com pequenas variações na terminologia, a resposta poderá ter grandes variações de valor. O capital de giro é o que está em circulação, ou seja, o que está sujeito a permanente renovação, como as disponibilidades, os estoques e os créditos da empresa, a curto e a longo prazo. Não deve ser confundido com o Ativo Circulante previsto na Lei. 6.404/76, porque este é um grupamento do balanço que se refere apenas a valores realizáveis em até 12 meses. O giro, a renovação ou a circulação de capitais aplicados pode ser a curto, médio ou a longo prazo. Pela ótica contábil, entende-se como capital de giro líquido a diferença entre o ativo circulante (bens e direitos de circulação a curto prazo – caixa, bancos, duplicatas a receber, estoques etc.) e o passivo circulante (obrigações a curto prazo – fornecedores, obrigações trabalhistas, obrigações fiscais etc.). Capital de giro é o montante (parcela) de recursos, destinados à aplicação dos meios, para fazer com que a empresa complete o ciclo operacional, ou seja, a aquisição da matéria- prima, do material secundário, sua transformação em produtos acabados e a distribuição deles no mercado consumidor, reiniciando-se o ciclo. O ciclo operacional da empresa segue alguns passos importantes, que se alteram em função das vendas à vista ou a prazo. Quando a empresa vende à vista, o ciclo da empresa inicia com as compras de insumos (matéria- prima, material secundário e outros); em seguida efetua-se a transformação em produtos acabados que são colocados à venda. Quando essa ocorre, os recursos vão para o caixa e inicia-se novamente o ciclo, como demonstramos na figura a seguir. Análise de Balanços 26 Figura 2. Capital de Giro – Esquema com Vendas á Vista. Fonte: Berti (2007). Quando as vendas são a prazo, a diferença das vendas á vista é apenas uma fase intermediaria denominada de cobrança, ou emissão do documento (duplicatas a receber ou outro tipo de documento) conforme se demonstra na figura a seguir. Capital de Giro – Esquema com Vendas a Prazo Figura 3. Capital de Giro – Esquema com Vendas à Prazo. Fonte: Berti (2007). CAIXA VENDAS PRODUTOS ACABADOS VENDAS Matéria-prima Mat. Secundário Outros Matéria-prima Mat. Secundário Outros CAIXA Venda a Prazo Produtos Acabados Análise de Balanços 27 Para Savytzky (2006), diante do exposto, o Capital de Giro pode ser observado sob os seguintes aspectos: • Capital de Giro • Capital de Giro Próprio • Capital em Giro O Capital de Giro é a soma dos recursos que se acham em circulação, a curto e a longo prazo, ou seja, correspondente à soma do Ativo Circulante com o Realizável a Longo Prazo. Em outros termos, é a parcela dos capitais próprios e alheios que estão em circulação. O Capital de Giro Próprio é somente a parcela do capital próprio que está em circulação. A sua apuração já foi vista quando se tratou do índice de “Grau de Imobilizações”. Pode também ser determinado por outra fórmula, que a seguir será exemplificada. Segundo Bernardi (2004), é a diferença entre o valor do Patrimônio Líquido e o Ativo Permanente da empresa, ou seja, a parcela excedente de capital próprio que a empresa não imobilizou. O Capital em Giro, de modo impróprio, é tido por alguns como o total dos capitais aplicados na empresa, próprios e alheios, correspondendo ao total do ativo, que engloba os valores que estão em circulação (em giro) e os que estão imobilizados. Exemplos: ATIVO PASSIVO Circulante 300 Circulante 200 Realizável a Longo Prazo 100 Exigível a Longo Prazo 50 Permanente 200 Patrimônio Líquido 350 600 600 Capital de Giro Ativo Circulante ................................................................................................................ 300 Realizável a Longo Prazo .................................................................................................. 100 Capital de Giro .................................................................................................................. 400 Capital de Giro Próprio Patrimônio Líquido ........................................................................................................... 350 Ativo Permanente .............................................................................................................. 200 Capital de Giro Próprio ..................................................................................................... 150 ou Ativo Circulante ............................................................................................... 300 Realizável a Longo Prazo ................................................................................ 100 400 Análise de Balanços 28 Passivo Circulante ........................................................................................... 200 Ativo Permanente ............................................................................................ 50 250 Capital de Giro Próprio ..................................................................................................... 150 Capital em Giro Ativo Circulante ................................................................................................................ 300 Ativo Realizável a Longo Prazo ....................................................................................... 100 Ativo Permanente .............................................................................................................. 200 * Capital em Giro .............................................................................................................. 600 * Terminologia imprópria, usada por leigos em termos contábeis. Trata-se do total das aplicações da empresa (ativo). 3.1 Capital de Giro Necessário Conquanto não seja da área de análise de balanços e sim de administração financeira, não raro o analista é solicitado a determinar o valor do capital de giro que a empresa necessita, geralmente para fins de financiamento por parte de instituições financeiras ou para estudo de aumento de capital destinado a capital de giro próprio (SAVYTZKY, 2006). Esse capital de giro é o referente às operações normais da empresa a curto prazo, mas que pode envolver parcela de aplicações a médio e longo prazo, como para vendas a prazo mais longo ou ciclo operacional moroso. (Não confundir capital de giro com o capital de giro próprio). Uma fórmula para cálculo, simples e eficiente, é a seguinte: (Rotação de Estoques + Rotação de Créditos x Gastos gerais) ÷ 360 = Capital de giro necessário Os gastos gerais compreendem os custos e as despesas gerais de produção e de administração realizadas no ano, como segue: � Matéria-prima consumida, materiais secundários e embalagens � Despesas com mão-de-obra e previdência social � Despesas gerais de produção � Despesas administrativas, inclusive salários, previdência social, honorários da diretoria, etc. � Despesas financeiras (menos as receitas financeiras) � Despesas com impostos � Despesas diversas Pelo esquema acima ficam excluídas as depreciações porque referem-se a desgaste de bens do ativo imobilizado e não originam dispêndios financeiros.Análise de Balanços 29 A fórmula pode ser usada para a determinação do capital de giro necessário tanto com base em dados contábeis pré-existentes como em projeções nos casos de implantação ou ampliação comercial ou industrial. Exemplos: Ciclo Operacional: - Rotação de matéria-prima ......................................................................................... 30 dias - Rotação de produtos acabados .................................................................................. 40 dias - Rotação de créditos ................................................................................................... 60 dias Ciclo operacional ....................................................................................................... 130 dias Gastos Gerais em 1 Ano: - Matéria-prima e embalagens ................................................................................ 200.000,00 - Mão-de-obra e previdência social ................................................................................ 100.000,00 - Gastos gerais de produção ................................................................................ 10.000,00 - Despesas administrativas ................................................................................ 120.000,00 - Despesas financeiras ................................................................................ 30.000,00 - Impostos ................................................................................ 15.000,00 - Despesas diversas ................................................................................ 5.000,00 480.000,00 Capital próprio (patrimônio líquido) ................................................................................ 300.000,00 Ativo permanente ................................................................................ 220.000,00 Capital de giro próprio ................................................................................ 80.000,00 Cálculo: (130 x 480.000) ÷ 360 = 173.333 Pelos dados acima chega-se à conclusão que a empresa necessita de uma capital de giro da ordem de R$ 173.000,00. Sabendo-se que o capital de giro próprio é inferior (80.000), o restante deverá ser suprido com capitais alheios (fornecedores, financiamentos, etc.): Capital de giro necessário ................................................................................ 173.333 Capital de giro próprio ................................................................................ 80.000 Capital de giro suplementar necessário ................................................................................ 93.333 O suprimento do capital de giro com capitais de terceiros é sempre oneroso: os financiamentos bancários (desconto de duplicatas) são dispendiosos e nas compras a prazo o fornecedor se não acrescenta um percentual compensatório, não baixa o preço. Por essas razões a empresa que opera com capital de giro próprio satisfatório, sempre obtém vantagem operacional, que, a par da tranqüilidade administrativa, afasta despesas financeiras o obtém melhor preço na compra. Análise de Balanços 30 4 Parecer ou Laudo Técnico Em relação ao parecer ou laudo técnico ou termo equivalente, cada analista cria o seu estilo de pessoal de redação. Contudo, convém notar que na interpretação das informações através da redação do parecer não deve ser dado um sentido didático ou explicativo dos índices encontrados. Por exemplo, diante de um quociente de liquidez corrente de 1,80, o analista não deve consignar que a empresa conta com recursos disponíveis e realizáveis a curto prazo de R$ 1,80 para pagar R$ 1,00 de exigibilidades vencíveis a curto prazo. Dirá, simplesmente que a situação financeira da instituição a curto prazo é excelente, ou de confortável folga financeira, espelhada pelo índice apurado, inteiramente favorável. Também, porque em geral o parecer é destinado a empresários, administradores e outros interessados alheios à terminologia contábil. Importante também trabalhar com cálculos de variações dos quocientes e percentuais para que os gestores possam analisar de forma mais direta as condições da empresa, no que tange a investimento, rentabilidade, solvência, endividamento etc. O analista ao redigir o parecer, deve evitar palavras como: alavancagem financeira, retorno sobre investimento, margem liquida etc., que por si só nada dizem, diferentemente de participação de capitais alheios na empresa, lucro ou lucro liquido. 4.1 Como elaborar uma analise das demonstrações financeiras Para que o responsável pela analise das demonstrações, faça um parecer das demonstrações contábeis é indispensável um conjunto de fatores, dentre os quais citamos alguns: � Conhecimento básico em contabilidade; � Conhecimento de técnicas de análise; � Conhecimento da atividade da empresa; � Conhecimento das políticas e estratégias da empresa; � Conhecimento dos SIGs da empresa; � Ter discernimento e capacidade de interpretação dos índices. É notório que cada analista tem sua forma de trabalhar, ou seja, a maneira de entender e raciocinar as demonstrações financeiras. Segundo Matarazzo (1998), a análise das Demonstrações Financeiras baseia-se em raciocínio cientifico, tendo como objetivo a conversão das demonstrações contábeis em relatórios de linguagem descomplicada. Como podemos notar as Demonstrações Contábeis das organizações (dependendo do ramo de atividade), apresentam muitas contas, principalmente o Balanço Patrimonial, tem uma infinidade de contas analíticas e, para que o analista não tenha complicação e de suma importância que ele trabalhe com padronização das Demonstrações Contábeis. Segundo Assaf (1981), é preciso um reagrupamento de algumas contas, com o objetivo de tornar mais homogêneo e menos complexo para a análise. Para Matarazo (1998), o motivo pelos quais faz-se necessário a referida padronização, são: Análise de Balanços 31 a. Simplificação; b. Comparabilidade; c. Adequação aos objetivos da análise; d. Precisão nas classificações das contas; e. Descoberta de erros; f. Intimidade do analista com as demonstrações financeiras da empresa. Assim sendo, a analise elaborada com o maior número possível de informações é de grande valia para o analista, que poderá gerar pareceres (relatórios) o mais próximo da realidade da corporação, ajudando assim os gestores a avaliar, comparar, projetar e tomar decisão. 4.1.1 Análise econômico-financeira1 A partir dos índices poderemos desenvolver a análise da empresa, na qual deveremos destacar o desempenho econômico-financeiro nos últimos anos. Tal desempenho é afetado pelas seguintes questões: � Tendência das vendas nos últimos anos; � Investimentos em expansão e modernização; � Financiamentos dos planos de expansão (utilização de recursos próprios e financiamentos pleiteados); � Compatibilidade das fontes de recursos e investimentos; 4.1.2 Outras informações2 � Isenções/benefícios fiscais; � Política de gestão de pessoas; � Ações judiciais em andamento; � Obrigações legais e sua vigência (contratos de aluguel, leasing, acordos trabalhistas). Exercícios: Exercício 1 O balanço de 31 de dezembro de 2006 da Jordan and Jordan Manufacturing Inc. apresentou um ativo circulante de R$ 900 e um passivo circulante de R$ 400. O balanço de 31 de dezembro de 2007 apresentou ativo circulante de R$ 1.150 e passivo circulante de R$ 475. Qual foi a variação de capital de giro liquido, ou CGL, da empresa em 2007? 1 Trecho retirado do livro “Análise econômico-financeira de empresas dos autores: Luiz Guilherme Tinoco Aboim Costa; Andréia Fátima Fernandes Limeira; Hiram de MeloGonçalves e Ueliton Tarcisio de Carvalho. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2008. 2 Trecho retirado do livro “Análise econômico-financeira de empresas dos autores: Luiz Guilherme Tinoco Aboim Costa; Andréia Fátima Fernandes Limeira; Hiram de Melo Gonçalves e Ueliton Tarcisio de Carvalho. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2008. Análise de Balanços 32 Exercício 2 A seguir, encontram-se as demonstrações financeiras mais recentes da Wildhack. Prepare uma demonstração de resultado em % (percentual) com base nessas informações. Como você interpreta essa demonstração de resultado padronizada? Qual a porcentagem das vendas que vai para o custo da mercadoria vendida? WILDHACK CORPORATION Demonstração de Resultado em 2007 (R$ milhões) Vendas 3.756 Custo da mercadoria vendida 2.453 Depreciação 490 Lucro antes de juros e impostos 813 Juros pagos 613 Lucro tributável 200 Impostos (34%) 68 Lucro líquido 112 Dividendos 46 Adição a lucros retidos 86 Exercício 3 Com base nos balanços e na demonstração de resultado do problema anterior, calcule os seguintes índices para 2007. a) Índice de liquidez corrente b) Índice de liquidez seca c) Giro do estoque d) Giro de contas a receber e) Dias de venda em estoque f) Dias de venda em contas a receber g) Giro do ativo h) Endividamento geral i) ROA j) ROE WILDHACK CORPORATION Balanço em 31 de dezembro de 2005 e 2006 (R$ milhões) 2006 2007 Ativo Ativo circulante Caixa 120 88 Contas a receber 224 192 Estoque 424 368 Total 768 648 Análise de Balanços 33 Ativo permanente Instalações e equipamentos (Líquido) 5.228 5.354 Ativo total 5.996 6.002 Passivo Passivo circulante Contas a pagar 124 144 Títulos a pagar 1.412 1.039 Total 1.536 1.183 Exigível a longo prazo 1.804 2.077 Patrimônio líquido Capital mais reservas 300 300 Lucros retidos 2.356 2.442 Total 2.656 2.742 Passivo total 5.996 6.002 Exercício 4 Com base nas informações a seguir, qual é a taxa de crescimento interno que a Corwin poderá manter se não utilizar financiamento? Qual é a taxa de crescimento sustentável? CORWIN COMPANY Demonstração de Resultado Vendas $ 2.750 Custo da Mercadoria Vendida 2.400 Imposto (34%) 119 Lucro líquido $ 231 Dividendos $ 77 CORWIN COMPANY Balanço Patrimonial Ativo Exigível a Circulante $ 600 Longo prazo $ 200 Ativo Patrimônio Permanente Líquido 1.200 líquido 800 Total $ 1.400 Total $ 1.400 Fonte: Ross, Westerfield e Jordan (2002). Exercício 5 Mudança no índice de Liquidez corrente. Que efeito produziriam as seguintes ações no índice de liquidez corrente? Suponha que o capital de giro liquido seja positivo. a) Compra de mercadoria para estoque a prazo. b) Pagamento de fornecedor. Análise de Balanços 34 c) Pagamento de empréstimo bancário a longo prazo. d) Cliente paga à empresa vendas realizadas a prazo. e) Estoque é vendido a preço de custo a vista. f) Estoque é vendido com lucro (a vista) de R$ 10.000. Exercício 6 Uma empresa possui um capital de giro liquido de R$ 950, passivo circulante de R$ 2.500 e estoque de R$ 1.100. Qual é seu índice de liquidez corrente? E seu índice de liquidez seca? Exercício 7 Uma empresa possui vendas de R$ 30 milhões, ativo total de R$ 42 milhões e divida total de R$ 12 milhões. Se a margem de lucro liquida é 7%, qual é seu lucro liquido? Qual é o ROA? Qual é o ROE? Exercício 8 A Fred´s Print Shop possui um saldo de contas a receber de R$ 575.358. O total de vendas a prazo realizadas durante o ano foi R$ 2.705.132. qual é o giro de contas a receber? Qual é o número de dias de vendas em contas a receber? Quanto tempo levou em média para os clientes liquidarem suas contas durante o ano passado? Exercício 9 A Mary´s Print Shop encerrou o ano com um estoque de R$ 325.800 e o custo da mercadoria vendida totalizou R$ 1.375.151. Qual é o giro do estoque? O número de dias de venda em estoque? Quanto tempo ficou uma unidade de estoque na prateleira, em média, antes de ser vendida? Exercício 10 Em 2007, a DRK Inc. teve um custo de mercadoria vendida de R$ 9.273. Ao final do ano, o saldo de contas a pagar era R$ 1.283. Quanto tempo levou, em média para a empresa pagar seus fornecedores em 2007? O que um valor alto deste índice significaria? Exercício 11 No Jornal Estado de São Paulo na página B14 (Economia) de 29/03/05 encontram-se as demonstrações contábeis da empresa TEC TOY S/A, relativos aos exercícios de 2003 e 2004, das quais foi extraído as seguintes informações em milhares de reais: Contas 2004 2003 Contas a Receber – Clientes 3.850 5.200 Estoques 5.430 4.797 Análise de Balanços 35 Fornecedores 1.541 692 Vendas de produtos – Bruto 51.064 38.051 C.P.V 27.944 17.239 Admite-se que o saldo da conta Estoques em 31/12/2002 é de R$ 4.200. Pede-se: a) Utilize os índices de atividades (prazos médios) e analise a situação financeira da TEC TOY S/A nos dois anos. b) O que se entende por ciclo operacional? Exercício 12 Na página B11 do mesmo jornal e caderno, encontram-se as demonstrações contábeis da ARMCO DO BRASIL S/A, com as seguintes informações, em milhares de reais: Contas 2004 2003 Ativo Circulante 140.264 70.005 Estoques 60.322 31.380 Passivo Circulante 99.884 56.983 Caixa e Bancos 3.114 2.300 Realizável a Longo Prazo 9.596 13.486 Exigível a Longo Prazo 33.772 31.687 Total do Ativo 197.224 137.565 Com base nessas informações pede-se: a) Determine os coeficientes de Liquidez – LG, LC, LS e LI dos dois anos; b) Determine o valor do Ativo Permanente e do Patrimônio Líquido dos dois anos; c) Determine o endividamento (Grau de Dívida) nos dois últimos anos; d) Identifique a tendência dos indicadores e analise o comportamento da empresa nos últimos dois anos. Exercício 13 Considerando: a) que uma empresa vendeu R$ 120.000 em um período e obteve um lucro de R$ 11.000; b) que ela tem um giro do ativo de 1,25%; c) que a participação do capital próprio no ativo total é igual a 60%; d) que o restante do passivo está dividido em 70% de circulante e 30% de exigível a longo prazo; Análise de Balanços 36 e) que essa empresa tem um índice de Liquidez Corrente de 1,5 e não tem R.L.P. Pede-se: a) o valor do seu ativo permanente; b) calcular, analisar e interpretar a rentabilidade. Exercício 14 Considerando os seguintes dados de uma empresa: a) um ativo total de R$ 320.000; b) um giro do ativo de 0,80%; c) custos e despesas totais do período de R$ 247.000; d) um ativo permanente de 72% do ativo total; e) um exigível a longo prazo de R$ 10.000 (não tem realizável a longo prazo); f) um capital próprio representando 65% do ativo. Pede-se: a) calcular o índice de Liquidez Corrente; b) calcular, analisar e interpretar a rentabilidade. Exercício 15 (Enade 2006) A diretoria da Cia. Itamaracá estabelece como política: manter o Capital Circulante Líquido da empresa sempre positivo e acompanhar continuamente o desempenho dos seus índices de Liquidez. Para colocar em prática essa determinação, a empresa efetua a quitação de 50% do saldo da conta de fornecedores, que venceria em até 120 dias. Qual as alterações que o registro desse evento produz no CCL – Capital Circulante Líquido e no Índice de Liquidez Corrente? C.C.L. ILC (a) Não altera Não altera (b) Não altera Aumenta (c) Aumenta Diminui (d) Diminui Diminui (e) Aumenta Aumenta Exercício 16 (Enade
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