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[ESQUEMAS – Turma XXII de Medicina (MedPegada) 6º Período] Acadêmico(a): Thiago Aguiar Professor(a): Dr. Rodrigo Costa Aula: 05 Tema: Hemorragia Digestiva Alta Slide + Áudio + Livro • O tratamento da Hemorragia Digestiva Alta (HDA) é geralmente conservador. • Não se faz mais laparotomia para operar uma úlcera sangrante de estômago. Hoje em dia, uma simples endoscopia consegue sanar o problema. • Os casos cirúrgicos são os casos de excessão, quando o gastroenterologista não consegue sanar o problema por meio da endoscopia. • A cirurgia de HDA está cada vez menos frequente. • Quando é necessário realizar intervenção cirúrgica, temos que ter em mente que a mortalidade nesses casos é muito alta. Paciente que não conseguiu con- verter um sangramento por meio de uma endoscopia, a chance dele falecer com a cirurgia é muito grande. • Pacientes que apresentam HDA são geralmente pa- cientes de UTI, já graves, geralmente com: varizes esofágicas, cirrose hepática. • A cirurgia é a última forma de intervenção, depois da endoscopia e transfusão, quando estas não conse- guem resolver. • HDA - Sangramento acima do ângulo de Treitz/fle- xura duodenojejunal. • A HDA ocorre acima do ângulo de Treitz (flexura duodenojejunal). Acima desse ângulo, qualquer san- gramento é dito sangramento alto. • A classificação de HDA ou HDB (Hemorragia Diges- tiva Baixa) é feita pela anatomia. • Não podemos dizer que todo paciente que vomita sangue tem HDA e nem que todo paciente que eva- cua sangue pelo ânus tem HDB, pois o conceito não é esse. O conceito é anatômico. • A hemorragia digestiva é uma emergência comum com expressiva taxa de mortalidade e morbidade. • A hemorragia digestiva é uma emergência médica, com altas taxas de mortalidade e morbidade (é co- mum, após os 50 anos de idade os pacientes apresen- tarem algum tipo de sangramento). • Apesar dos progressos da medicina, o declínio nes- sa taxa é desprezível. • Apesar dos avanços médicos, as taxas de mortalidade de hemorragia digestiva continuam altas devido ao quadro clínico do paciente — geralmente esses pa- cientes possuem outra doença de base ou está des- compensado, são pacientes graves. • Alguns pacientes precisam de uma cirurgia de com- plexa, grande, por exemplo, nos casos de varizes eso- fágicas. • A incidência é alta: 50-160 casos/10000 habitantes a cada ano. • A mortalidade varia de acordo com as causas de sangramento. • Dentre as HDA não varicosas a taxa de mortalidade é de 6-8%, isso se deve ao aumento da idade e co- morbidades associadas. Varizes esofágicas podem chegar até a 30% de óbito. Dentro das HDA, as de etiologia não-varicosa têm taxas de mortalidade que podem ser de 6-8%. • Em paciente com 20-25 anos de idade é raro ter he- matêmese (para ocorrer nessa faixa etária, deve ter havido abuso de álcool desde os 10 anos). • Além disso, é muito difícil uma úlcera causar san- gramento em paciente jovem. • A frequência é duas vezes maior no sexo masculino que no feminino. Cerca de metade dos casos oco- rrem acima dos 60 anos. • A maioria desses sangramentos ocorrem em pacien- tes idosos. Dessa forma, deve-se tomar cuidado com os medicamentos que o paciente idoso toma, o que acaba tornando difícil o tratamento desses tipos de pacientes (geralmente você não consegue tratar o paciente da forma que você deseja). • A frequência da HDA é duas vezes maior no sexo masculino que no feminino e cerca de metade dos pacientes morrem acima dos 60 anos (logo, como já foi dito, o quanto mais idoso, mais difícil é de con- trolar). • A maior frequência no sexo masculino se deve basi- camente ao estilo de vida: consumo maior de álcool em relação as mulheres (o álcool é altamente lesivo pro tubo digestivo e a lesão da mucosa gástrica é que causa a perda da proteção gástrica), tabagismo… • Além disso, a maioria dos pacientes idosos precisam de acompanhamento de psicólogo ou psiquiatra. Ge- ralmente as mulheres têm maior facilidade de procu- rar um profissional, enquanto o homem “afoga as mágoas no bar”, lesando o estômago, fígado… [CIRURGIA] • Apesar disso, a incidência no sexo feminino vem aumentando. • HD - Sítios de sangramento: - HDA: esôfago, estômago e duodeno. - HDB: delgado, cólon, reto e ânus. • Todo sangramento que envolve estômago, esôfago e duodeno é HDA. Abaixo disso é HDB. • As úlceras são, disparadamente, as causas mais co- muns. (SE CAIR NA PROVA, NÃO TER DÚVIDAS DE MARCAR ESSA ALTERNATIVA). • Úlceras duodenais, úlceras pépticas… Quando che- gar um paciente no pronto-socorro vomitando san- gue, com suspeita de HDA, primeira coisa que de- vemos pensar é úlcera. Podem ser outras causas, mas a principal hipótese é úlcera sangrante. • Úlceras de anastomose: paciente que foi operado de estômago e pode ressangrar. • Causas não determinadas: causas que você não con- segue afirmar qual a etiologia. Dentro dessas causas não determinadas tem a doença de Dieulafoy. • A doença de Dieulafoy é uma alteração de uma arté- ria que se localiza no fundo gástrico ou na pequena curvatura, que é de difícil acesso do aparelho endos- cópico. É difícil observar com o endoscópio um san- gramento nessa região. • Sabiston: As lesões de Dieulafoy são má formações vasculares encontradas primariamente ao longo da curvatura menor do estômago, a até 6 cm da junção gastroesofágica, embora também possam ocorrer em outros pontos do TGI. Essas lesões representam uma ruptura em vasos raramente calibrosos (de 1 a 3 mm), que são encontrados na mucosa gástrica. A erosão da mucosa gástrica sobrejacente a esses va- sos leva à hemorragia. O defeito mucoso geralmente é pequeno (de 2 a 5 mm) e pode ser difícil de ser identificado. Dado o maior tamanho da artéria sub- jacente, o sangramento pela lesão de Dieulafoy pode ser maciço. • A doença de Dieulafoy é comum em pacientes jovens (em média de 30 anos). Pacientes nessa faixa etária, com sangramento, deve-se pensar nessa anomalia. • Se a pessoa nascer com a doença, o fato dela abusar do álcool e do antiinflamatório vai diminuir a pro- dução de muco e a artéria começa a sangrar. • A maioria das causas determinadas param de sangrar sozinhas. Se parar de sangrar, interna o paciente por mais 48h. Se ele não sangrar mais, pode dar alta. Se não parar de sangrar, faz cirurgia, dá o ponto e para o sangramento. • Esofagite: - Corresponde a 2,8% das HDA - Sangramento discreto - Tratamento com IBP e medidas anti-refluxo - Poucas opções endoscópicas de tratamento • A esofagite ocorre frequentemente (esofagite inflama- tória, esofagite edematosa), mas raramente sangra. Sangramento digestivo por esofagite denota gravidade e é raro, cerca de 2,8%. O sangramento é discreto, mas pode levar o paciente a ter anemia, fraqueza e isso é provocado pelo refluxo do ácido do estômago no epitélio pavimentado do esôfago. Normalmente o epitélio do esôfago é pavimentado e não está prepara- do para receber ácido do estômago (não produz muco para proteção). Assim, caso haja refluxo, o paciente queixará de pirose, dor atrás do peito, xerostomia, sintomas respiratórios, tosse ao deitar, e refluxo aos exercícios físicos. • Geralmente as opções endoscópicas para esofagite são muito poucas, pois o sangramento para esponta- nemente. • O sangramento é discreto. O paciente não vai chocar por conta de uma esofagite, mas tem que tratar. • Varizes: - Responde por 24,3% das HDA - Agressiva e em grande volume - Imediata abordagem endoscópica !2 Úlcera duodenal - 31,4% Varizes esofágicas - 24,3% Úlcera gástrica - 15% Lesãoaguda de mucosa gástrica - 12,2% Mallory Weiss - 3,4% Blastomas (tumores) - 3,3% Esofagite - 2,8% Úlcera de anastomose - 1,3% Outras - 1,7% Não determinadas - 4,6% Outras causas e causas não determinadas = quando não conseguimos chegar no diagnóstico. Lesão de dieulafoy sangrante no estômago - Outras opções de tratamento: balão de Sengs- taken-Blackmore • As varizes são graves, já que eram comuns no Brasil, principalmente na região nordeste, onde haviam as famosas lagoas da coceira (doença do caramujo — esquistossomose). • Na doença, ocorre esplenomegalia, dilatação dos va- sos curtos do estômago, dos vasos do fundo gástrico, até chegar nos vasos esofágicos. Esses vasos dilatados podem sangrar e causas hematêmese. • Quando as varizes esofágicas sangram, é um sangra- mento maciço, é uma emergência. Logo, devemos tratar imediatamente. NÃO DEVEMOS FAZER EN- DOSCOPIA (O paciente tá chocado). Devemos fazer o ABCDE (vias aéreas, volume…). • A primeira preocupação é dele aspirar o sangue, logo a primeira coisa a ser feita é a intubação, garantir a via aérea, proteger a via aérea. Depois, faz-se o acesso venoso calibroso (ele vai precisar de bastante sangue). Isso deve ser feito por qualquer médico no plantão de pronto-socorro e não pelo cirurgião. • O balão de Sengstaken-Blackmore foi desenvolvido para ser introduzido no esôfago e comprimir as vari- zes. Ele diminui as chances de morte nas primeiras 24 horas. • No balão tem-se geralmente de 2 a 3 vias e um balão esofágico e um gástrico. • O balão vai tratar o paciente por meio de compressão vascular, ele vai fazer uma pressão no esôfago e vai parar de sangrar. O balão gástrico é inflado para evitar que o paciente puxe e retire-o. • O balão pode ficar por 24 horas, mas não deixamos 24h. Depois de uns 15 minutos nós diminuímos a pressão do balão esofágico, e avalia se existe sangra- mento ou não. Se não houver sangramento, deixa na- quela pressão mais baixa. Se sangrar, aumentamos a pressão novamente para o valor inicial. • O balão não é definitivo. É uma medida salvadora. • Esses pacientes não são fáceis de tratar, uma vez que geralmente possuem distúrbios de coagulação (o fíga- do não funciona de forma adequada). • Paciente chegou em pronto-socorro, devemos primei- ro proteger via aérea (intubar, inflar o balonete na tra- queia) para depois colocar o balão. Primeiro protege via aérea para depois usar o balão (PROVA!). • Depois que eu consegui reverter o quadro agudo do paciente, consegui estabilizar, eu posso chamar o en- doscopista. • O endoscopista vai fazer a esclerose das varizes que estão sangrando. Ele pode fazer injeção de adrenalina no vaso, pode fazer ligadura das varizes e etc. • Esse tratamento não é definitivo, uma vez que outras varizes podem surgir. Logo, deve-se depois disso, tratar a causa das varizes para que não surjam outras. Em alguns casos apenas o transplante hepático resol- ve o problema e em outros, deve-se retirar o baço. • O método mais aceito para tratar as varizes é a ligadu- ra elástica, pois ela tem um índice menor de compli- cações (Injeção de adrenalina é difícil, uma vez que o esôfago não tem serosa é mais difícil de espetar). • Na ligadura, o elástico vai isquemiar o vaso e depois o vaso vai cair, deixando um buraco na mucosa. • Gastrites: - Etanol - AAS - Antiinflamatórios - Stress - Sangramento discreto - Boa resposta aos IBP • Doença comum, principalmente em estudantes devido aos hábitos de vida (refrigerante, café…), levando a: - Aumento da produção de suco gástrico - Diminuição da produção de muco. • Alguns medicamentos que reduzem a produção de muco: AAS, AINEs, álcool. !3 • Sangramento por conta de gastrite é difícil. Raramen- te o paciente vai ter hematêmese por conta de uma gastrite. O que ocorre são pontos de microhemorragia no estômago. • Lembrar que o diagnóstico de gastrite não pode ser feito observando os pontos de microhemorragia pelo endoscópio. Deve ser feito por meio do anatomopato- lógico. • Então, deve-se tomar cuidado com os medicamentos que o paciente toma, uma vez que pode diminuir os mecanismos protetores do estômago ou exacerbar a produção de ácido. • Pacientes da cardiologia que precisam tomar AAS para o resto da vida, recomenda-se o uso de somalgin. • Mallory-Weiss: - Responde por 5-10% das HDA - Interrompe espontaneamente em 80-90% - Tratamento: endoscópico, embolização, cirur- gia. • O Mallory-Weiss é o aumento de pressão sobre a cár- dia e é muito comum no paciente que tem transtorno alimentar (bulimia). O paciente come muito e depois força o vômito. Ele vai promover, dessa forma, um aumento de pressão na junção gastro-esofágica que vai provocar uma ruptura nessa região. • Essas rupturas/fissuras podem sangrar, mas o sangra- mento não é intenso. Às vezes, junto com o sangue pode sair também restos alimentares. • Dessa forma, muitas vezes esses pacientes precisam de acompanhamento psiquiátrico ou com um psicólo- go. • Não são todos os pacientes que têm Mallory-Weiss que são bulímicos. Pode ocorrer Mallory-Weiss em pacientes alcoolistas, grávidas… • Na maioria das vezes não é preciso operar, mas tem que se tratar a doença de base (bulimia, alcoolismo…) • Úlcera gastroduodenal: - Respondem juntas por 50% das HDA - Mais frequente na úlcera duodenal - Fatores predisponentes: H. pylori (atonia gás- trica e acloridria), drogas, etanol, anticoagu- lantes - A maioria para espontaneamente o sangra- mento - Ressangramento: Importância do aspecto en- doscópico (tamanho, vaso visível, coágulo ade- rente). • As úlceras gastroduodenais são as causas mais co- muns de HDA. • Hoje, elas são muito estudadas e sabemos da impor- tância do H. pylori na sua gênese. Apesar disso, não são todas que possuem o H. pylori envolvido. • Só devemos tratar o H. pylori se tivermos sintomas de úlcera, gastrite. Se for assintomático, não precisa tra- tar. Nos sintomáticos, se eu não tratar, a úlcera não cicatriza. • Logo, todo paciente com úlcera gástrica e duodenal deve ser submetido à pesquisa de H. pylori, que pode ser feita por meio de biópsia, CO2 exalado ou pelas fezes. • Se o paciente já está fazendo a endoscopia, faz-se logo a biópsia da úlcera, principalmente a gástrica, pois ela possui um percentual de malignidade grande. • Na biópsia da úlcera devem ser retirados pelo menos 7 fragmentos da borda (quanto mais fragmentos reti- rarmos, mais preciso será o diagnóstico). O FRAG- MENTO É DA BORDA E NÃO NO CENTRO DA LESÃO ULCERADA, POIS ASSIM, CORRE-SE O RISCO DE PERFURAR TGI. • TRATAMENTO: Quando o paciente chega no pronto- socorro com úlcera sangrante, chocado, devemos se- guir: 1. Oxigenação 2. Intubar se necessário 3. Acesso venoso calibroso 4. Estabilizar o paciente 5. Se for idoso: UTI • A endoscopia é muito importante e deve ser feita nas primeiras 6 horas do sangramento, mas ela não é a primeira medida a ser tomada. Primeiro deve-se esta- bilizar o paciente. Deve-se focar em manter a vida do paciente. • Em pacientes com varizes esofágicas: passa o balão. • Devemos analisar a história do paciente para pensar numa possível causa: varizes esofágicas — paciente com história de problemas esofágicos, úlcera gástrica — toda noite ele sente dor no estômago. • Drogas que levam a HDA - AINES - AAS - Corticóides - Álcool - Tetraciclina - Quinidina • A preocupação quanto aos antiinflamatórios hoje é de produzir drogas cada vez mais seletivas para não di- minuir a produção de muco. • O álcool leva à HDA quando ingerido em grandes quantidades. • Anamnese: - Antecedentes de úlceras pépticas - Medicamentos em uso - Hipertensão portal - Sangramento digestivo prévio !4- Vômito persistente • Durante a entrevista, geralmente a família já fala que tem história de úlcera há vários anos, ou que já fez endoscopia e tem varizes no esôfago, o que acaba di- recionando a sua pesquisa. • A hipertensão portal é comum em pacientes cirróti- cos. • Sangramento digestivo prévio. Os pacientes que pos- suem varizes esofágicas e que já sangraram uma vez, geralmente sangram de novo. • Vômitos persistentes devemos pensar em bulimia. • Exame físico: - Observar lesões vasculares, cutâneas e muco- sas - Sinais de doença hepática crônica - Hepatoesplenomegalia - Ascite - Aranhas vasculares - Circulação colateral - Eritema palmar - Massas abdominais • É o que deve ser observado no exame físico. • Aranhas vasculares: são as telangectasias vasculares, que são comuns em pacientes cirróticos. Os pacientes cirróticos geralmente não têm pelo nenhum, possuem ginecomastia, abdome aumentado, veias dilatadas em todo o abdome. Geralmente é possível palpar o fígado e o baço (se ele estiver em fase mais avançada da doença). • Circulação colateral em cabeça de medusa: O sistema porta está sobrecarregado, o trânsito sanguíneo está congestionado, logo a artéria e veia umbilicais vão ficar dilatadas, formando aquele aspecto de uma ca- beça de medusa partindo da cicatriz umbilical. • Essa região drena para as mesentéricas e veia porta, logo, se a pressão do fígado está aumentada, o trânsito sanguíneo ficará congestionado, tem dilatação tipo cabeça de medusa. • Observar frequência cardíaca, pressão arterial no pa- ciente sentado e em pé. • OBSERVAR: - FC e PA sentado e em pé — FC aumentada > 10 bpm e PA diminuída 10 mmHg. Após 1 mi- nuto de troca de posição = perda de sangue > 25% tilt teste - positivo. - TT + — associado a síncope, náuseas, vômito, sudorese e sede. - Choque — sinais: palidez, pele fria e úmida e agitação. - Toque retal é obrigatório no exame físico — para pesquisa de melena ou hematoquezia. • Frequência cardíaca aumentada em mais de 10 bpm e pressão arterial diminuída em 10 mmHg após a troca de posição significa perda volêmica de mais de 25%. • Essa perda a médio e longo prazo começa a trazer repercussões ao paciente: paciente levanta brusca- mente e fica tonto, vista escurece… • Quando ele vai ao médico, o quadro dele está asso- ciado a perda sanguínea, que ele pode estar perceben- do ou não. Pode ser qualquer tipo de sangramento: pode ser mioma na mulher, homem com sangramento anal, divertículo, HDA… • Para avaliar esse paciente, você consegue fazer esse exame no consultório: deita o paciente, afere a pres- são e confere a frequência cardíaca. Quando você o coloca em pé e esforço, o coração acelera para que ele consiga ficar em posição ortostática, além do paciente apresentar tontura, escurecimento visual. • O nome do teste é Tilt Test e quando acontece isso, ele é positivo. • O teste não é patognomônico de HDA. • Sempre devemos fazer toque retal nesses pacientes para verificar se não há sangramento pelo ânus. !5 • Isso é importante porque paciente com HDA volumo- sa, se tiver peristaltismo aumentado pode apresentar enterorragia. • Além disso, o sangue irrita o tubo digestivo, ele é um potente catártico, ele faz a peristalse aumentar. • Logo, nem todo sangramento pelo ânus é HDB. Mas, o contrário é verdadeiro: na HDB não temos hematê- mese. • QUADRO CLÍNICO: - Sangramento moderado ou maciço: hematê- mese e/ou melena - 5% hematoquezia ou retorragia - Diminuição do Ht % — 24-72h - Anemia crônica, sangramento é oculto ou per- sistente - Hipovolemia — IRA - pré-renal - Hematemese (descartar - hemoptise e epistaxe) - Melena (fezes pretas, pastosas, fétidas e bril- hantes) • 5% das HDAs cursam com enterorragia. • Sangramento moderado ou maciço, posso ter hema- têmese ou melena: isso não entra no conceito de HDA, não é obrigatório ter um ou outro. • Eu posso ter HDA de várias formas: sem hematêmese, só melena, com enterorragia, então o conceito de HDA é anatômico e não clínico. • O sangramento, se for muito volumoso, pode vomitar sangue, inclusive pelotas de coágulos, durante o epi- sódio de hematêmese. • Em 5% dos casos ele pode ter hematoquesia ou reto- rragia. O paciente vai falar que foi no vaso e saiu muito sangue pelo ânus. Dessa forma, devemos pen- sar em várias causas: hemorroida, divertículo, úlce- ra… • Caiu em prova de concurso: Primeira medida a ser adotada em paciente com choque hipovolêmico com retorragia não é colonoscopia, é endoscopia digestiva alta! • Tem que lembrar isso, pois em 5% dos casos, o san- gramento é alto. • 2/3 dos internamentos por retorragia são por causa de HDA. E devemos lembrar que a HDA mata mais que a HDB. • Fazemos a endoscopia porque também é mais rápida. • Diminuição do hematócrito de 24-72h, história de anemia crônica, o sangramento pode ser oculto ou persistente, melena: com esses sinais você pode ava- liar perda sanguínea, estimar perda, mesmo que não seja de forma fidedigna. • Se for uma perda leve geralmente não ocorre reper- cussão. Apesar disso, sangramentos pequenos, mas com duração muito grande podem fazer com que o paciente apresente anemia, astenia, tontura, indispo- sição, alteração do hábito alimentar (vai querer comer terra, chupar tijolo), começa a ter alteração no pala- dar. • Isso é uma estimativa, eu não uso isso pra tratar o pa- ciente. O paciente chegou, eu faço oferta de volume para ele e faço o tratamento. (DISSE QUE APESAR DE NÃO SER USADO PRA TRATAMENTO, PODE SER COBRADO EM PROVA). • ABORDAGEM INICIAL AO PACIENTE COM HDA: - Avaliação imediata e recomposição da volemia apropriada são fundamentais para a estabili- dade hemodinâmica e a redução na mortali- dade. - Dieta zero - Proteção de vias aéreas por aspiração - Uso de sonda nasogástrica e lavagem gástrica (isso é controverso) • Se chegar um paciente assim: - Dieta zero - Proteção de vias aéreas por aspiração - Uso de sonda nasogástrica - Lavagem gástrica (isso é controverso — alguns dizem que faz, outros dizem que não). • É controverso porque uns defendem a lavagem gástri- ca via sonda nasogástrica com soro gelado para fazer vasocontrição, enquanto outros defendem que se hou- ver um coágulo formado, lavaria o coágulo e tiraria a crosta, fazendo com que o paciente sangre novamen- te. • A única coisa que é consenso: proteger via aérea, es- tabilizar o paciente e realizar endoscopia. • Após a intubação, garantir a via aérea, o acesso peri- férico calibroso, devemos repor ringer lactato, se ne- cessário, fazer transfusão, pedir os exames de sangue !6 (hemograma, coagulograma) e verificar a situação do paciente. • Caso não seja necessário realizar a intubação, ofertar O2 para o paciente e mandá-lo para a UTI. O trata- mento deve ser preferencialmente em UTI. • Exemplo de hematobilia. Pode levar a um sangramen- to e é muito raro. Pode ocorrer durante o exame de CPRE (colangiopancreatografia retrógrada endoscó- pica). Enquanto o examinador está no duodeno para retirar um cálculo, ele pode provocar um sangramen- to, causando uma hematobilia. • Hematobilia é o sangramento da árvore biliar. • Esse sangramento pode cair no duodeno e o paciente começa a ter sinais de anemia, astenia e dependendo da lesão, ele pode ficar com um hematoma próximo a papila duodenal. • CLASSIFICAÇÃO DE FORREST: usada para ava- liar a HD. - Deve ser feita de urgência em pacientes: 1. Hemodinamicamente instáveis 2. Que requerem aporte contínuo de vo- lume para manterem-se estáveis 3. Apresentam sangramento ativo ex- terno 4. Pacientes com sinais clínicos que su- gerem que o sangramento não irá ces- sar espontaneamente • A classificação de Forresté usada para avaliação da hemorragia digestiva e deve ser feita de urgência. Quando falamos urgência, lembrar que é nas primei- ras 24h. • A classificação de Forrest me diz se o paciente vai parar de sangrar ou não. Logo, ela me ajuda até a lo- calizar o vaso, saber onde eu irei intervir, se eu vou ter que operar o paciente… Então ela me guia no tra- tamento cirúrgico. • Forrest I: eu sei que o cara provavelmente não vai parar de sangrar. • Forrest III: úlcera que sangrou e agora está em fase de cicatrização. Então eu sei que não vou precisar mexer no paciente. Inclusive posso alimentar esse paciente. • A classificação me dá o risco do paciente parar de sangrar ou de ressangramento. • IA: Paciente sangrando ativamente; sangramento arte- rial. Geralmente o endoscopista não tem sucesso no tratamento. • IB: Probabilidade de ser um sangramento venoso, discreto, pobre, provavelmente vai parar de sangrar. Geralmente fazem injeção ao redor daquele vaso para tentar parar o sangramento. • Sangramento recente pode ser IIA, IIB ou IIC. • IIA: Coto do vaso é visível, mas ele não está sangran- do, • IIB: Coágulo recente. Você vê avermelhado o fundo da úlcera, não vê a boca do vaso e não está mais san- grando. • IIC: Fundo hematínico — quando forma aquela “cas- quinha" violácea, preta. • III: Sem sinais de sangramento. Úlcera de base limpa, branca, já tem até fibrose. Nesse estágio já é possível alimentar o paciente com uma dieta mais branda, mais líquida. • CRITÉRIOS CLÍNICOS DE ALTO RISCO: - Idade acima de 60 anos - Doenças graves associadas - Hospitalizações frequentes - Hematêmese ou enterorragia de vulto - Melena persistente - Hipotensão ortostática - Pressão sistólica < 100 mmHg - Pulso > 100 bpm - Ressangramento - Transfusões — >4U nas primeiras 24h e aci- ma de 8 após ressangramento. !7 • A gente deve fazer de tudo antes de operar o paciente. Então, quando der pra estabilizar o paciente com in- jeção de adrenalina, deve-se tentar. • Se você fez 4U ou mais de adrenalina em 24h e o pa- ciente não estabilizou: paciente vai precisar de cirur- gia. Logo, deve-se alertar a família, pois a chance desses pacientes morrerem na mesa cirúrgica é de 90%, pois cirurgia com sangramento tem alta taxa de mortalidade. Alem disso, a maioria dos pacientes são idosos. • OBSERVAÇÕES: - Menos de 10% de pacientes com HDA grave vão para cirurgia pelo insucesso da EDA e de medidas clínicas - 1/3 de todas as mortes por cirrose e hiperten- são portal deve-se às varizes esofágicas - 90% dos cirróticos desenvolverão varizes e destas 30% sangrarão - 25% é o risco dos pacientes com cirrose ou hipertensão portal morrerem - A classificação forrest é útil para diagnóstico e prognóstico da HDA por úlcera sangrante - EDA — é usada para evitar ou cessar o san- gramento (I, IIA e B) • A importância das varizes é que elas são graves. En- tão, 30% dos cirróticos, dos portadores de hipertensão portal de uma forma geral, vão morrer por causa das varizes esofágicas. • Como já foi dito, a classificação de Forrest é um bom guia para o cirurgião. • A EDA é usada para cessar sangramento de I, IIA e B porque III é sem sangramento, IIC é fundo hematínico que não tem onde mexer. Da I até a IIB, temos um coágulo recente. Logo, é importante irmos lá e fazer uma injeção de adrenalina para parar de sangrar. • OS PRINCIPAIS ESTIGMAS ENDOSCÓPICOS PREDITORES DE RESSANGRAMENTO SÃO: - Hemorragia ativa — vaso visível (Forrest I e II) - Tamanho da úlcera — 2 cm - Sítio de sangramento — parede posterior, 1ª porção do duodeno, pequena curvatura. • Úlceras gigantes (maiores que 2 cm) e em posições difíceis (de fundo gástrico e as de pequena curvatura) são mais raras, mas também são mais difíceis de tra- tar. Quando elas existem, as complicações são maio- res. É mais difícil de evitar recidiva, parar de sangrar. Dessa forma, é mais comum a intervenção cirúrgica. • A localização é difícil devido a dificuldade do endos- cópio chegar até essas regiões. • TRATAMENTO FARMACOLÓGICO: - Antagonistas H2 não são recomendados (na prática sim) - Somatostatina ou Octreotide não são reco- mendadas (só HDA varicosa) na rotina - IBP: uso IV em bolus 80 mg seguido de infu- são contínua 8 mg/h — 72h. (pós) a HDA — eficaz diminui o ressangramento - Observação HDA + pesquisa de H. pylori — diminui o ressangramento se tratado a longo prazo - Forrest III - após EDA podem se alimentar (leve) • Hoje em dia o que mais se usa são os IBP, pois eles são muito mais potentes que os antagonistas H2. Eles são os mais utilizados e a finalidade deles é justamen- te evitar recidiva do sangramento. Uma vez que san- grou ele não vai parar o sangramento. • OS IBPs NÃO VÃO PARAR O SANGRAMENTO, MAS VÃO EVITAR O RESSANGRAMENTO. • A somatostatina e o Octreotide só servem em sangra- mentos varicosos, para sangramentos que tem aumen- to da pressão no leito portal, ou no leito esplênico, pois eles diminuem essa pressão no espaço porta. Para úlcera eles não servem. • INDICAÇÕES CIRÚRGICAS: - Persistência da hemorragia com instabilidade hemodinâmica - Falha no tratamento endoscópico - Necessidade de transfusão nas primeiras 24h pós EDA, principalmente se for acima de 4 unidades - Pacientes com menos de 60 anos associado a comorbidades graves e instáveis. • Pacientes com menos de 60 anos são os que têm mais chances de escapar • Pacientes instáveis, o que tem que se tentar fazer é estabilizar. Deve-se tentar tudo antes da cirurgia. • Não insistir na EDA - Ulceras de difícil acesso - Ulceras com hemorragia maciça de vaso calibroso localizado - Ulceras profundas • Ter em mente isso, pois a endoscopia tem suas limitações. Úlceras gigantes são difíceis de tratar por meio da EDA. • Varizes esofágicas !8 - Presente em 30% dos pacientes com hepatopa- tias crônicas compensadas e 60% das descom- pensadas - Mortalidade é de 30-50% se sangrar - Aumento da pressão portal leva a varizes gas- troesofágicas, hemorroidas e circulação cola- teral no abdome, porque ela envolve toda a circulação terminal - A complicação mais grave na hipertensão por- tal, não tenha dúvida, e a ruptura das varizes, principalmente as esofágicas - Gastropatia hipertensiva é uma complicação da hipertensão portal, levando a displasia vas- cular adquirida, dilatação difusa de capilares da mucosa gástrica - Tratamento: EDA associada a escleroterapia com substancia acida, nós já falamos, ou liga- dura elástica. A gente usa muito aqui adrena- lina, 1 para 10 mil, diluída em soro fisiológico. • Varizes com sangramento recente: na endoscopia a parede do esôfago vai estar lisinha. • Nas varizes esofágicas podemos observar padrões parecendo calçamento de pedra, parecendo aquelas ruas antigas. • Para tratamento das varizes esofágicas pode-se optar por esclerose ou ligadura. Para fazer a esclerose, usa- se as soluções: - Álcool absoluto - Etanolamina - Polidocanol - Adrenalina 1:10000 (mais usada) • Essas soluções promovem a vasoconstrição desses vasos e impedem o ressangramento. • TRATAMENTO FARMACOLÓGICO: - Vasopressina com 5 UI/h associada a nitrogli- cerina - Somatostatina ou Octreotide — provocam va- socontrição esplênica, diminuindo retorno venoso. 250 microgramas em bolus + contínua 3 - 6 mg/24h — 3-5 dias. - B-bloqueadores — diminuem o ressangra- mento (propanolol) • Pode-se usar vasopressina, nitroglicerina, somatosta- tina e octreotide (só são usados para varizes) e os beta-bloqueadores com a finalidade de diminuir o ressangramento. • Os beta-bloqueadores são usados profilaticamente em quem tem varizes esofágicas por diminuir frequência cardíaca, diminuindoassim a possibilidade do san- gramento de varizes esofágicas. • OUTRO MÉTODO: - Balão de Sengstaken-Blackmore: para varizes de esôfago — balão gástrico + balão esofágico — pressão > 45 mmHg por 24h. Observar: pós-sangramento 8-12h. Causas: esquistosso- mose — cirurgia, cirrose — ligadura elástica. - Balão de Linton-Nachlas (não achei imagem na internet): mais usado para as varizes de fundo gástrico — apenas um balão. Eficácia de 70-90% no contato de episódios agudos, podendo ressangrar em metade dos casos após a retirada. • Esses balões são medidas salvadoras, não resolvem o problema das varizes. • Após resolução do sangramento, tratar a doença base (esquistossomose — esplenectomia/derivação espleno-renal, cirrose…). • O balão de Sengstaken-Blackmore só comprime o terço distal do esôfago, uma vez que é onde se con- centra a maior parte das varizes. Alguns podem pe- gar um pedaço do terço médio, dependendo da ar- quitetura do balão. • LESÃO DE DIEULAFOY - São má formações vasculares raras — fa- lhas na mucosa que expõem vasos da sub- mucosa da pequena curvatura (e geralmente do fundo gástrico) - Fístula aorto-entérica: comunicação entre a aorta e o TGI, devido a um processo in- flamatório. Causas mais comuns: prótese de aorta. • Hemorragia esofagiana de outras causas: - Infecciosa — cândida; Herpes (comum em pacientes com HIV, imunidade baixa), CMV - Neoplasias - Barret !9 - D. Crohn - Drogas • Lesão de Dieulafoy é difícil de identificar e locali- zar. • Hoje não se opera mais aneurisma de aorta. O que se faz é ir via cateterismo e através do catéter, na região do aneurisma, se coloca uma prótese, uma malha, o que facilita a formação de fístulas aorto- entéricas (a prótese, se rejeitada, faz com que o or- ganismo procure uma saída para o vaso, criando uma comunicação da aorta com o TGI), fazendo com que o paciente vomite muito sangue, indo a óbito. !10 Fístula aorto-entérica
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