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M AT ÉR IA sumário Leitura e atribuição de sentidos de textos verbais e não verbais extraídos de livros, periódicos contemporâneos em meios impressos e eletrônicos .................................... 1 Textos mistos: verbais e não verbais inclusive imagéticos............................................. 8 Semântica e o sentido das palavras: relação entre significantes (sinais, símbolos, pa- lavras e frases) ............................................................................................................... 14 Pontuação e seus recursos sintático-semânticos .......................................................... 20 Questões ........................................................................................................................ 25 Gabarito .......................................................................................................................... 29 Lin gu ag en s SEC-BA Linguagens 1 Leitura e atribuição de sentidos de textos verbais e não verbais extraídos de livros, peri- ódicos contemporâneos em meios impressos e eletrônicos Leitura e Construção de Sentidos A leitura é um processo cognitivo e interpretativo no qual o leitor atribui significados ao texto com base em seu repertório cultural, contexto social e conhecimentos prévios. Não se trata apenas de decodificar palavras e frases, mas de compreender as intenções comunicativas do autor, identificar relações intertextuais e captar mensagens implícitas. A construção de sentidos ocorre de maneira dinâmica e interativa. O leitor não é um mero receptor passivo de informações, mas um agente ativo que relaciona o conteúdo do texto com sua própria experiência. Assim, um mesmo texto pode ser interpretado de diferentes formas, dependendo do contexto e do leitor. ▸O Papel do Leitor na Construção de Sentidos Segundo a teoria da recepção, o leitor desempenha um papel essencial na construção de significados. Ele não apenas absorve as informações do texto, mas também as reorganiza mentalmente, complementando-as com seus conhecimentos prévios e atribuindo-lhes valor. Há três níveis principais de leitura: ▪ Leitura literal: Foca no que está explicitamente dito no texto, compreendendo seu significado superficial. ▪ Leitura inferencial: Exige a capacidade de interpretar informações implícitas, deduzindo relações lógicas e contextuais. ▪ Leitura crítica: Analisa o texto em sua totalidade, considerando aspectos ideológicos, argumentativos e intertextuais. ▪ Exemplo: Em uma notícia sobre mudanças climáticas, a leitura literal identificaria os dados apresentados, a inferencial deduziria causas e consequências, e a crítica questionaria a fonte e a intenção do autor. ▸Elementos que Influenciam a Construção de Sentidos Diversos fatores afetam a interpretação de um texto, entre os quais se destacam: ▪ Contexto: A situação histórica, social e cultural em que o texto foi produzido e lido interfere diretamente na construção de sentidos. ▪ Intenção comunicativa: O autor pode querer informar, persuadir, criticar ou entreter, e o leitor deve iden- tificar essa intenção para compreender o texto corretamente. ▪ Gênero textual: Cada tipo de texto segue normas específicas. Um artigo de opinião, por exemplo, traz argumentação e subjetividade, enquanto uma notícia busca objetividade. ▪ Intertextualidade: Muitas vezes, um texto faz referência a outros textos ou discursos, ampliando seus significados. ▪ Exemplo: Um meme na internet pode conter uma citação literária que só será compreendida plenamente por leitores familiarizados com a obra original. ▸O Papel do Texto na Construção de Sentidos Além do leitor, o próprio texto possui características que direcionam a interpretação. Entre os principais as- pectos textuais que influenciam a leitura, destacam-se: ▪ Coesão e coerência: Um texto bem estruturado facilita a compreensão. A falta de conexão lógica entre as ideias pode gerar múltiplas interpretações ou dificultar a leitura. ▪ Linguagem e estilo: O uso de metáforas, ironia, polissemia e outros recursos linguísticos pode ampliar ou modificar os sentidos do texto. 2 ▪ Suportes e formatos: O meio pelo qual o texto é transmitido (livro, jornal, rede social, propaganda) tam- bém impacta sua interpretação. ▪ Exemplo: Um anúncio publicitário pode conter um duplo sentido proposital para atrair a atenção do públi- co, exigindo uma leitura mais atenta. ▸Estratégias para uma Leitura Efetiva Para melhorar a construção de sentidos durante a leitura, é recomendável adotar algumas estratégias: ▪ Leitura exploratória: Observar títulos, imagens, palavras-chave e estrutura antes de ler detalhadamente. ▪ Contextualização: Pesquisar o autor, a época e o gênero textual para entender melhor o conteúdo. ▪ Identificação de pistas textuais: Observar conectores, marcadores de discurso e relações entre as par- tes do texto. ▪ Reflexão crítica: Questionar as informações, buscar fontes alternativas e comparar diferentes interpreta- ções. Essas estratégias são essenciais, sobretudo no ambiente digital, onde circulam textos de diferentes nature- zas e credibilidades, como fake news e discursos manipulativos. A leitura e a construção de sentidos são processos interdependentes que exigem do leitor habilidades interpretativas e analíticas. Compreender um texto vai além da simples decodificação de palavras; envolve a percepção de sua estrutura, intenção e contexto. No cenário contemporâneo, onde os textos circulam em múltiplos formatos e plataformas, a leitura crítica se torna uma ferramenta essencial para o cidadão. Seja na análise de um artigo acadêmico, de uma notícia jornalística ou de uma postagem em redes sociais, a capacidade de interpretar e construir sentidos de maneira reflexiva é indispensável para a formação de leitores autônomos e conscientes. Textos Verbais e Não Verbais: Diferenças e Complementaridade Os textos podem ser classificados em verbais, não verbais e multimodais. Essa distinção se baseia nos recursos utilizados para a comunicação da mensagem. Enquanto os textos verbais dependem exclusivamente da linguagem escrita ou falada, os não verbais utilizam elementos visuais, sonoros ou gestuais. Na contemporaneidade, a interação entre ambos é constante, especialmente nos meios digitais, o que exige do leitor uma interpretação ampla e crítica. ▸Textos Verbais: Características e Exemplos Os textos verbais são aqueles compostos por palavras, sejam elas escritas ou faladas. Esse tipo de texto pode aparecer em diversos gêneros e suportes, como livros, jornais, discursos e diálogos. Principais características: ▪ Utilizam a linguagem verbal (escrita ou oral). ▪ Possuem estrutura sintática e gramatical organizada. ▪ Apresentam coesão e coerência textual. ▪ Podem seguir diferentes gêneros e finalidades, como narrar, argumentar, informar ou persuadir. Exemplos de textos verbais: ▪ Artigos jornalísticos: Informam sobre fatos do cotidiano. ▪ Discursos políticos: Buscam convencer ou mobilizar um público. ▪ Poemas e contos: Trabalham com a estética da linguagem. ▪ Redes sociais (textos escritos): Mensagens publicadas em blogs, tweets ou legendas de fotos. 3 Apesar de ser um tipo de texto tradicional, o verbal frequentemente se complementa com elementos não verbais, como gráficos, imagens e emojis, para reforçar sua mensagem. ▸Textos Não Verbais: Características e Exemplos Os textos não verbais são aqueles que transmitem significados sem o uso de palavras escritas ou faladas. Em vez disso, utilizam imagens, símbolos, gestos e outros recursos visuais ou sonoros. Principais características: ▪ Baseiam-se em signos visuais ou sonoros para a comunicação. ▪ Dependem do contexto para serem interpretados corretamente. ▪ Podem ser subjetivos, permitindo múltiplas leituras. ▪ Muitas vezes exigem conhecimento prévio do leitor para serem compreendidos. Exemplos de textos não verbais: ▪ Placas detrânsito: Utilizam símbolos para orientar motoristas e pedestres. ▪ Fotografias: Capturam momentos e transmitem emoções sem palavras. ▪ Linguagem corporal: Expressões faciais e gestos transmitem sentimentos e intenções. ▪ Infográficos: Usam imagens e gráficos para representar dados visualmente. ▪ Obras de arte: Pinturas e esculturas comunicam ideias e emoções de maneira subjetiva. Os textos não verbais exigem do leitor um olhar atento e analítico, pois sua interpretação pode variar con- forme o contexto cultural e social. ▸Textos Multimodais: A Convergência entre o Verbal e o Não Verbal Na comunicação contemporânea, é cada vez mais comum a presença de textos multimodais, que combi- nam elementos verbais e não verbais para transmitir mensagens de maneira mais eficaz. Exemplos de textos multimodais: ▪ Charges e tirinhas: Misturam texto escrito e imagens para criar humor ou crítica social. ▪ Memes da internet: Associam imagens e frases curtas para transmitir ideias de forma rápida. ▪ Propagandas publicitárias: Usam palavras, imagens e cores para persuadir o público. ▪ Videoclipes musicais: Combinam letra de música, imagens e efeitos visuais para transmitir emoções. A multimodalidade é especialmente relevante nos meios digitais, onde os usuários interagem com diferentes linguagens ao mesmo tempo. ▸A Complementaridade entre Texto Verbal e Não Verbal Embora possuam características distintas, os textos verbais e não verbais frequentemente se complemen- tam, criando mensagens mais ricas e expressivas. Algumas formas dessa interação incluem: ▪ Refinamento do significado: Uma imagem pode reforçar ou ampliar a interpretação de um texto escrito. ▪ Facilidade de compreensão: Gráficos e diagramas ajudam a sintetizar informações complexas. ▪ Atração visual: Elementos visuais tornam a leitura mais dinâmica e envolvente. ▪ Ironia e humor: Em charges e memes, a relação entre imagem e texto pode gerar significados inespera- dos. 4 Exemplo: Uma charge política pode conter um pequeno trecho textual (verbal), mas a interpretação depen- de da imagem e do conhecimento do contexto (não verbal). Se o leitor não estiver familiarizado com o assunto retratado, poderá ter dificuldade em captar a crítica embutida no desenho. A comunicação moderna exige dos leitores a capacidade de interpretar tanto textos verbais quanto não ver- bais, muitas vezes de maneira integrada. A interação entre essas duas formas de expressão cria mensagens mais completas, reforçando ideias e permitindo múltiplas leituras. Seja na análise de uma propaganda, de um infográfico ou de uma postagem nas redes sociais, compreen- der como os elementos verbais e não verbais se relacionam é essencial para uma leitura crítica e aprofundada. Em um mundo cada vez mais visual e digital, essa habilidade torna-se indispensável para interpretar informa- ções com clareza e discernimento. Gêneros Textuais e Meios de Divulgação Os gêneros textuais são formas de organização da linguagem que cumprem funções comunicativas especí- ficas. Eles se adaptam aos diferentes contextos de uso da língua e variam conforme as necessidades sociais, culturais e tecnológicas. Além disso, os meios de divulgação influenciam a estrutura e o formato dos gêneros, uma vez que cada suporte – seja impresso ou digital – impõe características próprias à circulação e recepção dos textos. A compreensão dos gêneros textuais e de seus meios de divulgação é fundamental para a leitura e interpre- tação eficaz de textos, especialmente em provas de concursos públicos, que exigem do candidato a capacidade de reconhecer e analisar diferentes gêneros em contextos diversos. ▸O Que São Gêneros Textuais? Os gêneros textuais são modelos de textos com características linguísticas e estruturais específicas, orga- nizados para atender a diferentes propósitos comunicativos. Eles surgem da interação social e são dinâmicos, podendo se transformar ao longo do tempo ou conforme o meio de veiculação. Principais características dos gêneros textuais: ▪ Finalidade comunicativa: Cada gênero tem um objetivo específico, como informar, persuadir, entreter ou instruir. ▪ Estrutura organizacional: Elementos estruturais típicos, como títulos, parágrafos, ilustrações e marcado- res discursivos. ▪ Uso da linguagem: A formalidade ou informalidade do texto depende do gênero e do público-alvo. ▪ Meio de circulação: Pode ser impresso (jornais, revistas, livros) ou digital (blogs, redes sociais, e-mails). Exemplo: Um artigo de opinião busca persuadir o leitor sobre um determinado tema, enquanto uma notícia tem a função de informar de maneira objetiva. ▸Principais Gêneros Textuais e Suas Funções Os gêneros textuais podem ser agrupados de acordo com sua função comunicativa. Abaixo estão alguns exemplos: Gêneros Informativos: São aqueles cuja principal função é transmitir informações ao leitor. ▪ Notícia: Relata um fato recente de forma objetiva e imparcial. ▪ Reportagem: Texto jornalístico mais aprofundado, trazendo entrevistas e análises. ▪ Resumo: Síntese de informações essenciais de um texto maior. ▪ Verbetes de dicionário ou enciclopédia: Definem e explicam conceitos. 5 Gêneros Argumentativos: Textos que apresentam opiniões e defendem pontos de vista. ▪ Artigo de opinião: Expressa um posicionamento sobre um tema atual. ▪ Editorial: Texto opinativo publicado por um veículo de comunicação, representando sua visão institucional. ▪ Resenha crítica: Analisa e emite juízo sobre uma obra, como livros e filmes. ▪ Carta argumentativa: Expressa opiniões sobre determinado assunto, geralmente dirigida a uma autori- dade ou instituição. Gêneros Narrativos:: Gêneros que contam histórias, fictícias ou reais. ▪ Conto: Narrativa curta, com poucos personagens e enredo conciso. ▪ Crônica: Texto breve, frequentemente humorístico, que retrata situações do cotidiano. ▪ Fábula: História curta com ensinamento moral, geralmente protagonizada por animais. ▪ Biografia e autobiografia: Relatos da vida de alguém, escritos por outra pessoa ou pelo próprio biogra- fado. Gêneros Injuntivos e Prescritivos: São textos que orientam ou instruem o leitor a realizar determinada ação. ▪ Receitas culinárias: Passo a passo para a preparação de pratos. ▪ Manuais de instrução: Explicam o funcionamento de produtos ou serviços. ▪ Regras de jogos: Determinam as normas de uma atividade lúdica ou esportiva. Gêneros Digitais: Com o avanço da tecnologia, surgiram novos gêneros que se adequam à comunicação digital. ▪ E-mails: Correspondência eletrônica, podendo ser formal ou informal. ▪ Posts em redes sociais: Publicações em plataformas como Facebook, Twitter e Instagram. ▪ Memes: Combinação de imagens e textos para gerar humor ou crítica social. ▪ Blogs e Vlogs: Textos e vídeos postados na internet com caráter pessoal ou informativo. ▸Meios de Divulgação e Influência nos Gêneros Textuais Os meios de divulgação são os suportes nos quais os textos circulam. O formato e a estrutura do texto po- dem variar de acordo com o meio em que são veiculados. Meios Impressos: Incluem livros, revistas, jornais e panfletos. Esses suportes geralmente seguem padrões gráficos fixos e são destinados a leituras mais aprofundadas e permanentes. Exemplos: ▪ Jornais impressos: Notícias e reportagens com estrutura tradicional. ▪ Livros: Obras de ficção e não ficção organizadas em capítulos. ▪ Revistas científicas: Publicações acadêmicas e técnicas com artigos revisados por especialistas. 6 Meios Digitais: A internet revolucionou a comunicação, criando gêneros multimodais e interativos. O digital permite que os textos sejam atualizados em tempo real e combinados com imagens, vídeos e hiperlinks. Exemplos: ▪ Sites de notícias: Permitem atualizações constantes e interatividade com o público. ▪ Blogs: Textos opinativos ou informativos publicados de forma independente. ▪ E-books: Livros digitaisacessíveis por meio de dispositivos eletrônicos. ▪ Podcasts: Formato de áudio para discussões e informações sobre diversos temas. Meios Audiovisuais: São aqueles que combinam som e imagem, como televisão, cinema e vídeos na internet. Exemplos: ▪ Telejornais: Transmitem notícias com apoio de imagens e gráficos. ▪ Documentários: Apresentam fatos reais com abordagem aprofundada. ▪ YouTube e TikTok: Plataformas de vídeos curtos ou longos, explorando linguagem multimodal. Cada meio de divulgação influencia o formato do texto e a maneira como ele é recebido pelo público. Um mesmo gênero pode se adaptar a diferentes suportes, como um artigo de opinião que pode ser publicado em um jornal impresso e também em um blog. Os gêneros textuais desempenham um papel fundamental na comunicação e na organização da informa- ção. Eles variam conforme a intenção comunicativa, o público-alvo e o meio de divulgação, exigindo dos leitores habilidades específicas para interpretá-los corretamente. Com a expansão dos meios digitais, novas formas textuais surgiram, exigindo um olhar atento para a mul- timodalidade e para as novas maneiras de construção de sentidos. Seja no impresso ou no digital, a com- preensão dos gêneros e seus meios de divulgação é essencial para a leitura crítica e eficiente na sociedade contemporânea. Estratégias para a Leitura Crítica e Interpretativa A leitura crítica e interpretativa é uma habilidade essencial para compreender, analisar e questionar os tex- tos que circulam nos mais diversos contextos, desde livros e jornais até redes sociais e materiais acadêmicos. Diferente de uma leitura superficial, que apenas capta informações explícitas, a leitura crítica exige reflexão, identificação de intenções comunicativas e reconhecimento de discursos implícitos. ▸Compreensão Global do Texto Antes de uma análise detalhada, é essencial ter uma visão geral do texto. Para isso, algumas ações são recomendadas: ▪ Leitura exploratória: Observar título, subtítulos, imagens, gráficos e outros elementos que possam for- necer pistas sobre o conteúdo. ▪ Identificação do gênero textual: Saber se o texto é uma notícia, um artigo de opinião, uma crônica ou outro gênero ajuda a prever sua estrutura e intenção comunicativa. ▪ Leitura rápida: Fazer uma leitura inicial para captar a ideia central e a organização das informações. Essa etapa inicial garante uma base sólida para aprofundar a análise posteriormente. 7 ▸Identificação da Intenção do Autor Todo texto tem um propósito comunicativo, seja informar, persuadir, entreter ou instruir. Identificar a intenção do autor ajuda a interpretar corretamente o texto. Algumas perguntas úteis para essa análise incluem: ▪ O autor deseja apenas relatar fatos ou tenta influenciar a opinião do leitor? ▪ Há marcas de subjetividade ou argumentação no texto? ▪ O tom do texto é neutro, crítico, irônico ou persuasivo? Exemplo: Em um artigo de opinião sobre política, é importante identificar se o autor defende uma posição específica e quais argumentos ele utiliza para sustentá-la. ▸Análise do Conteúdo Explícito e Implícito Muitas vezes, os textos contêm mensagens que vão além do que está escrito. Para captar esses significa- dos, é necessário diferenciar: ▪ Informações explícitas: São aquelas que estão diretamente no texto, sem necessidade de interpretação. ▪ Informações implícitas: São subentendidas e exigem inferências do leitor. Exemplo de leitura inferencial: Texto: "O trânsito estava parado. João olhou para o relógio e suspirou, resignado." Inferência: O texto não diz explicitamente que João estava atrasado, mas o leitor pode deduzir isso a partir do contexto. Essa habilidade é fundamental para compreender ironia, sarcasmo e entrelinhas em textos literários, jorna- lísticos e publicitários. ▸Verificação da Credibilidade da Informação Em um mundo onde a circulação de fake news e desinformação é constante, a leitura crítica exige que o leitor avalie a confiabilidade do texto. Algumas estratégias incluem: ▪ Verificar a fonte: O texto foi publicado por um veículo confiável? O autor tem credibilidade no assunto? ▪ Confirmar os dados: As informações apresentadas são respaldadas por fontes oficiais? ▪ Identificar viés ideológico: Há manipulação dos fatos para favorecer determinado ponto de vista? ▪ Comparar com outras fontes: Outros meios de comunicação confirmam ou contradizem a informação? Essa abordagem é especialmente importante na interpretação de textos jornalísticos, postagens em redes sociais e artigos científicos. ▸Análise da Estrutura e Recursos Linguísticos A forma como um texto é construído pode influenciar sua interpretação. Alguns aspectos essenciais a serem observados são: ▪ Coesão e coerência: As ideias estão bem organizadas e conectadas? Há repetições ou contradições? ▪ Uso de figuras de linguagem: Metáforas, ironias e hipérboles podem alterar o significado do texto. ▪ Vocabulário e tom: A escolha das palavras indica neutralidade, crítica ou exagero? Exemplo: Em uma notícia, o uso de verbos como “afirma” ou “acusa” pode influenciar a percepção do leitor sobre o fato relatado. 8 ▸Reflexão e Intertextualidade Um leitor crítico não apenas compreende um texto, mas também estabelece conexões entre diferentes lei- turas e conhecimentos prévios. Para isso, é fundamental: ▪ Relacionar o texto com outros textos: O tema já foi tratado por outros autores? Há referências a outras obras? ▪ Aplicar o conhecimento prévio: Como o texto se relaciona com fatos históricos, sociais ou culturais? ▪ Refletir sobre os impactos do texto: Como a mensagem pode influenciar o leitor ou a sociedade? Exemplo: Ao analisar um discurso político, é interessante compará-lo com falas anteriores do mesmo orador e verificar se há coerência em seu posicionamento ao longo do tempo. A leitura crítica e interpretativa exige do leitor mais do que simplesmente decodificar palavras. É necessário questionar, analisar e estabelecer relações para compreender as camadas de significado presentes nos textos. Com a aplicação dessas estratégias, torna-se possível interpretar textos de maneira mais aprofundada, evi- tando manipulações e compreendendo melhor as intenções discursivas. No contexto dos concursos públicos e da vida acadêmica, essa habilidade é fundamental para uma leitura eficiente e bem fundamentada. Textos mistos: verbais e não verbais inclusive imagéticos Características dos Textos Mistos Os textos mistos são caracterizados pela combinação de linguagem verbal (escrita ou falada) e linguagem não verbal (imagens, símbolos, cores, elementos gráficos). Essa fusão cria uma mensagem integrada, em que ambos os códigos trabalham juntos para construir o significado. ▸Fusão entre Linguagem Verbal e Não Verbal A principal característica dos textos mistos é a coexistência de elementos verbais e não verbais. Diferente de um texto puramente escrito ou uma imagem isolada, esses elementos não devem ser interpretados separa- damente, pois se complementam na construção do sentido. Por exemplo, em uma charge, o texto escrito pode trazer um comentário crítico, enquanto a ilustração refor- ça ou até mesmo ironiza a mensagem. ▸Papel da Imagem na Construção do Significado A imagem não é um mero complemento decorativo. Nos textos mistos, ela pode desempenhar diferentes funções: ▪ Reforçar a mensagem verbal, tornando-a mais clara e impactante. ▪ Contrastar com o texto, gerando ironia ou humor. ▪ Substituir partes do conteúdo verbal, reduzindo a necessidade de explicações escritas. ▪ Criar impacto emocional, como em propagandas publicitárias, onde as imagens despertam sentimentos como alegria, medo ou nostalgia. ▸Polissemia e Subjetividade Os textos mistos frequentemente apresentam uma interpretação aberta, dependendo do repertório do leitor. A interação entre imagem e texto pode gerar múltiplas leituras, pois cada pessoa pode compreendera relação entre os elementos de maneira diferente. Isso é comum em memes, charges e propagandas, onde a ironia e o humor podem ser percebidos de formas distintas. 9 ▸Elementos Gráficos como Recurso de Significação Além das imagens e das palavras, elementos gráficos também participam da construção do significado, como: ▪ Cores: podem indicar emoções, destacar informações ou criar contrastes visuais. ▪ Tipografia: o uso de diferentes fontes, tamanhos e estilos de letras pode enfatizar determinadas palavras. ▪ Balões e onomatopeias: em histórias em quadrinhos e tirinhas, esses recursos ajudam a representar falas, pensamentos e sons. ▪ Diagramação e organização espacial: a forma como os elementos estão distribuídos na página ou tela influencia a leitura e a interpretação do texto. ▸Objetivo Persuasivo ou Informativo Muitos textos mistos têm uma intenção persuasiva, especialmente na publicidade e na propaganda. A com- binação de imagem e texto é usada para atrair a atenção do leitor e convencê-lo de algo, seja comprar um produto, adotar um comportamento ou apoiar uma causa. Já em infográficos, por exemplo, o objetivo principal é informar de forma clara e visualmente organizada. ▸Presença nos Meios Digitais e Impressos Os textos mistos estão presentes tanto no meio digital quanto no impresso. Com o avanço da tecnologia, eles se tornaram ainda mais comuns na internet, especialmente em redes sociais, onde memes, banners pu- blicitários, vídeos legendados e infográficos circulam amplamente. Entretanto, também são encontrados em materiais impressos, como revistas, jornais e panfletos. Os textos mistos se destacam pela fusão entre linguagem verbal e não verbal, exigindo do leitor habilida- des para interpretar esses códigos simultaneamente. Seja em propagandas, tirinhas, memes ou infográficos, a compreensão dessas mensagens depende da interação entre palavras, imagens e elementos gráficos. Assim, sua leitura exige um olhar atento para a relação entre os diferentes componentes e seu contexto de produção. Tipos de Elementos Não Verbais nos Textos Mistos Os textos mistos combinam elementos verbais e não verbais, sendo que os componentes não verbais desempenham um papel essencial na construção do significado. Esses elementos podem variar conforme o gênero textual e o meio em que são utilizados, mas todos contribuem para a interpretação global da mensagem. ▸Imagens Estáticas (Fotografias, Ilustrações e Pictogramas) As imagens estáticas são amplamente utilizadas em textos mistos, podendo ser: ▪ Fotografias: ajudam a ilustrar e complementar informações verbais, sendo comuns em notícias, reporta- gens e propagandas. ▪ Ilustrações e desenhos: aparecem em histórias em quadrinhos, charges e cartazes, muitas vezes com caráter humorístico ou crítico. ▪ Pictogramas e ícones: símbolos gráficos que representam informações de forma simplificada, como pla- cas de trânsito, sinais em aeroportos e emojis. ▪ Exemplo: Um cartaz de campanha ambiental que combina uma foto de uma floresta desmatada com a frase “O futuro depende de nós” usa a imagem para impactar emocionalmente o leitor. ▸Imagens Dinâmicas (GIFs, Vídeos e Animações) No ambiente digital, muitos textos mistos utilizam elementos dinâmicos, como: ▪ GIFs animados: usados para reforçar emoções e reações em conversas online e postagens em redes sociais. ▪ Vídeos: combinam imagem, som e legenda para transmitir uma mensagem de forma mais envolvente. 10 ▪ Animações: permitem a criação de narrativas visuais sem a necessidade de texto escrito. ▪ Exemplo: Em campanhas publicitárias nas redes sociais, é comum ver vídeos curtos com legendas cha- mativas e efeitos visuais para atrair o público. ▸Cores e Tipografia (Tamanho, Estilo e Formatação das Letras) As cores e a tipografia são essenciais para enfatizar informações e direcionar a atenção do leitor. ▪ Cores: cada cor pode evocar diferentes emoções e significados. O vermelho, por exemplo, pode indicar urgência ou perigo, enquanto o azul transmite tranquilidade. ▪ Fonte e estilo das letras: o uso de letras em negrito, itálico ou sublinhado ajuda a destacar trechos im- portantes. ▪ Tamanho das palavras: títulos geralmente são maiores e mais chamativos para atrair a atenção do leitor. ▪ Exemplo: Um panfleto de liquidação pode utilizar letras grandes e em vermelho para destacar descontos, tornando a informação mais visível e persuasiva. ▸Elementos Gráficos (Setas, Balões de Fala e Emojis) Muitos textos mistos utilizam recursos gráficos para complementar a mensagem: ▪ Setas e marcadores: indicam direcionamento e organização visual da informação. ▪ Balões de fala e pensamento: comuns em histórias em quadrinhos e tirinhas, mostram falas ou pensa- mentos dos personagens. ▪ Emojis: amplamente usados na comunicação digital, ajudam a expressar emoções sem o uso de palavras. ▪ Exemplo: Em uma charge política, o balão de fala de um personagem pode conter um discurso formal, enquanto a ilustração da expressão facial transmite ironia. ▸Diagramação e Organização Espacial A maneira como os elementos são distribuídos na página ou tela influencia diretamente a leitura e interpre- tação do texto. ▪ Hierarquia visual: o que aparece em destaque tende a ser lido primeiro. ▪ Alinhamento e disposição dos elementos: um texto pode seguir um fluxo linear (de cima para baixo) ou ser organizado em blocos informativos. ▪ Uso do espaço em branco: espaços vazios ajudam a tornar a leitura mais agradável e intuitiva. ▪ Exemplo: Infográficos utilizam a diagramação para apresentar dados de forma organizada, combinando títulos, imagens e gráficos para facilitar a compreensão. Os elementos não verbais desempenham um papel fundamental nos textos mistos, contribuindo para a construção do significado e a experiência de leitura. Seja por meio de imagens, cores, gráficos ou organização visual, esses elementos ampliam a comunicação e muitas vezes substituem ou reforçam a mensagem verbal. Exemplos e Aplicações dos Textos Mistos Os textos mistos são amplamente utilizados em diversos contextos e gêneros textuais, combinando elemen- tos verbais e não verbais para transmitir mensagens de forma mais eficiente. Esses textos aparecem tanto em meios impressos quanto digitais, sendo usados para informar, persuadir, entreter ou provocar reflexões. ▸Propagandas e Publicidade A publicidade é um dos campos onde os textos mistos são mais explorados, pois a combinação entre ima- gens e textos tem grande poder persuasivo. 11 Exemplos: ▪ Anúncios impressos e digitais que utilizam imagens chamativas, slogans e textos curtos para convencer o público a consumir um produto. ▪ Comerciais de TV ou redes sociais que misturam falas, legendas e efeitos visuais para reforçar a mensa- gem. ▪ Outdoors que combinam fotos impactantes e frases curtas para atrair a atenção rapidamente. Aplicação: A propaganda aproveita o impacto visual das imagens para despertar emoções e influenciar o comporta- mento do consumidor. ▪ Exemplo prático: Um cartaz publicitário de uma ONG ambiental mostra a imagem de uma floresta des- matada ao lado da frase “Nos ajude a salvar o que resta”, incentivando a doação. ▸Charges e Cartuns As charges e cartuns são textos mistos que combinam ilustração e texto para transmitir críticas sociais, políticas ou culturais. Exemplos: ▪ Charges políticas que usam desenhos caricaturais e frases curtas para ironizar eventos e figuras públicas. ▪ Cartuns humorísticos que exploram situações do cotidiano com poucos diálogos e expressões exageradas dos personagens. Aplicação: A principal função desses gêneros é provocar reflexão e crítica social por meio do humor ou da sátira. ▪ Exemplo prático: Uma charge pode mostrar um político jogando dinheiro para o alto enquanto um cida- dão segura uma placa pedindo mais investimentos em saúde, ilustrando a corrupção. ▸Histórias em Quadrinhos(HQs) e Tirinhas As HQs e tirinhas utilizam a combinação entre imagens e texto para contar histórias de forma sequencial. Exemplos: ▪ Quadrinhos infantis e adultos que misturam diálogos em balões de fala com ilustrações expressivas. ▪ Tirinhas de humor que resumem situações engraçadas em poucas cenas. Aplicação: Esses textos são usados tanto para entretenimento quanto para abordar temas educativos e reflexivos. ▪ Exemplo prático: Uma tirinha de humor pode mostrar um estudante enfrentando dificuldades para estu- dar, utilizando expressões faciais exageradas para tornar a cena engraçada. ▸Memes da Internet Os memes são um dos exemplos mais populares de textos mistos na cultura digital. Eles combinam ima- gens, frases curtas e, muitas vezes, emojis para criar conteúdos humorísticos ou críticos. Exemplos: ▪ Memes que usam cenas de filmes ou séries com legendas engraçadas para criar novos significados. ▪ Imagens de reações acompanhadas de frases irônicas sobre situações do cotidiano. 12 Aplicação: Os memes são amplamente utilizados na internet para entretenimento, mas também podem ser usados para fazer críticas sociais e até para fins educativos. ▪ Exemplo prático: Um meme pode mostrar a foto de um estudante cansado com a frase “Eu depois de ler uma página e fingir que entendi tudo”, representando a dificuldade de concentração. ▸Infográficos Os infográficos são textos mistos que combinam dados estatísticos, gráficos e pequenos trechos de texto para explicar um tema de forma visualmente organizada. Exemplos: ▪ Mapas interativos que mostram informações sobre determinado local. ▪ Infográficos sobre saúde, que ilustram os sintomas de uma doença e como preveni-la. ▪ Gráficos econômicos que apresentam comparações de dados. Aplicação: São utilizados principalmente para simplificar informações complexas e facilitar a compreensão do público. ▪ Exemplo prático: Um infográfico sobre alimentação saudável pode ilustrar os principais grupos de alimen- tos e seus benefícios, combinando desenhos e textos curtos. ▸Cartazes e Sinalizações Os cartazes informativos e placas de sinalização também são textos mistos, pois combinam imagens e pa- lavras para comunicar mensagens rapidamente. Exemplos: ▪ Cartazes educativos em escolas que ensinam boas práticas de higiene. ▪ Placas de trânsito que usam símbolos e palavras para orientar os motoristas. Aplicação: Esses textos são utilizados para transmitir informações de forma rápida e objetiva, garantindo que qualquer pessoa consiga entendê-los. ▪ Exemplo prático: Uma placa de “Proibido Fumar” combina um ícone de cigarro riscado com o texto cor- respondente para deixar a mensagem clara. ▸Materiais Didáticos e Apostilas Livros didáticos, apostilas e materiais educativos frequentemente utilizam textos mistos para facilitar o aprendizado. Exemplos: ▪ Explicações com diagramas, ilustrações e esquemas visuais. ▪ Mapas geográficos com legendas que detalham informações sobre os territórios. ▪ Textos explicativos acompanhados de imagens para ilustrar fenômenos científicos. Aplicação: O uso de recursos visuais no ensino melhora a assimilação de conteúdos e torna o aprendizado mais dinâ- mico. ▪ Exemplo prático: Um livro de biologia pode mostrar um esquema do corpo humano, onde cada órgão está identificado com legendas explicativas. 13 Os textos mistos estão presentes em diversas áreas da comunicação, desde a publicidade até a educação. Sua combinação entre linguagem verbal e não verbal torna a mensagem mais acessível, dinâmica e expressiva. Compreender esses textos é essencial para interpretar melhor as informações do mundo contemporâneo, especialmente na era digital. Leitura e Interpretação de Textos Mistos Os textos mistos exigem uma abordagem interpretativa que leve em consideração tanto os elementos ver- bais (palavras escritas) quanto os não verbais (imagens, símbolos, cores, tipografia, diagramação). A compre- ensão desses textos depende da habilidade do leitor em correlacionar os diferentes códigos que os compõem para extrair seu significado completo. ▸Relação entre Linguagem Verbal e Não Verbal O primeiro passo na leitura de um texto misto é entender como a linguagem verbal e a linguagem não verbal interagem. Essa relação pode ocorrer de diferentes formas: ▪ Complementação: a imagem e o texto se somam para criar um significado mais completo. Exemplo: um infográfico sobre reciclagem que contém dados estatísticos e ilustrações de lixeiras coloridas. ▪ Contraste/Ironia: o texto pode sugerir uma ideia, enquanto a imagem a contradiz ou ironiza. Exemplo: uma charge que mostra um político prometendo honestidade enquanto segura um saco de dinheiro escondido. ▪ Redundância/Reforço: tanto o texto quanto a imagem transmitem a mesma mensagem, enfatizando a ideia. Exemplo: um cartaz de trânsito com a frase “Pare” e um símbolo de “stop” em vermelho. ▪ Dica: Sempre pergunte a si mesmo: O que o texto está dizendo? O que a imagem está sugerindo? Como essas informações se conectam? ▸Identificação do Contexto de Produção e Circulação A interpretação de um texto misto também exige uma análise do seu contexto, pois ele influencia diretamen- te sua compreensão. ▪ Quem produziu o texto? (Uma empresa, um jornal, um artista?) ▪ Qual é o público-alvo? (Crianças, adultos, consumidores, eleitores?) ▪ Onde o texto circula? (Revista, outdoor, redes sociais?) ▪ Qual é a intenção comunicativa? (Informar, persuadir, entreter, criticar?) ▪ Exemplo: Um meme político publicado em uma rede social pode ter um tom de ironia e crítica, enquanto um infográfico em um livro didático tem um caráter educativo. ▪ Dica: Ao interpretar um texto misto, tente identificar seu propósito principal e o impacto desejado no leitor. ▸Análise dos Elementos Visuais Os componentes não verbais desempenham um papel fundamental na construção do significado. Alguns aspectos a serem observados incluem: ▪ Cores: transmitem emoções e reforçam significados. Exemplo: vermelho para perigo, azul para tranquili- dade. ▪ Tipografia: o tamanho, a cor e o estilo das letras podem destacar trechos importantes. Exemplo: negrito e caixa alta em manchetes. ▪ Expressões faciais e linguagem corporal: especialmente em tirinhas, charges e memes, a postura e as expressões dos personagens revelam intenções e sentimentos. 14 ▪ Disposição espacial: a organização dos elementos na página ou tela direciona o olhar do leitor e enfatiza informações importantes. ▪ Exemplo: Em uma propaganda de alimentos saudáveis, cores vibrantes como verde e amarelo podem ser usadas para sugerir frescor e qualidade. ▪ Dica: Sempre observe como os elementos visuais reforçam ou modificam o sentido do texto. ▸Estratégias para Leitura Crítica A leitura de textos mistos exige uma postura crítica para evitar interpretações superficiais ou manipulações. Algumas perguntas que ajudam nessa análise são: ▪ A mensagem tem um viés? O texto tenta influenciar minha opinião de alguma forma? ▪ Os elementos visuais e verbais são coerentes? Há ironia, sarcasmo ou contradição? ▪ A informação é confiável? No caso de infográficos ou notícias, os dados são de fontes verificáveis? ▪ Que efeito emocional o texto busca causar? Humor, choque, empatia, medo? ▪ Exemplo: Em uma propaganda eleitoral, a imagem de um candidato sorridente pode transmitir confiança, mas é importante avaliar se suas promessas são realistas e se o texto apresenta argumentos sólidos. ▪ Dica: Sempre reflita sobre quem se beneficia com a mensagem e qual é seu impacto social. ▸Aplicação da Interpretação em Diferentes Gêneros Textuais Cada tipo de texto misto exige uma abordagem interpretativa específica: ▪ Propagandas: foco na persuasão. Pergunte-se: O que a marca quer que eu faça ou sinta? ▪ Charges e memes: uso do humor e da ironia. Analise: O que está sendo criticado? ▪ Infográficos: estruturaorganizada. Busque: Qual informação principal está sendo transmitida? ▪ Histórias em quadrinhos e tirinhas: narrativa visual. Observe: Como os balões de fala e as expressões dos personagens contribuem para a história? ▪ Cartazes e placas: comunicação rápida e direta. Pergunte-se: A mensagem é clara à primeira vista? ▪ Exemplo: Em uma tirinha, um personagem pode dizer “Estou bem”, mas sua expressão triste na ilustração sugere o contrário, indicando um tom de ironia ou sarcasmo. ▪ Dica: Sempre analise a interação entre texto e imagem, pois muitas mensagens estão nas entrelinhas. A leitura e interpretação de textos mistos exigem uma abordagem multimodal, na qual o leitor deve conside- rar o texto, as imagens, os elementos gráficos e o contexto para compreender plenamente a mensagem. O desenvolvimento dessas habilidades é essencial para navegar pelo mundo contemporâneo, onde a co- municação ocorre cada vez mais por meio de textos visuais e digitais. Semântica e o sentido das palavras: relação entre significantes (sinais, símbolos, pala- vras e frases) O Que É Significante E Significado Na linguística, a distinção entre significante e significado é um conceito fundamental desenvolvido pelo lin- guista suíço Ferdinand de Saussure, considerado um dos fundadores da linguística moderna. Ele propôs que o signo linguístico – ou seja, a unidade básica da linguagem – é composto por essas duas partes inseparáveis. 15 ▸Significante: A Forma Material do Signo O significante é a parte perceptível do signo, ou seja, a sua forma sonora ou gráfica. É o conjunto de sons que pronunciamos ou de letras que escrevemos para representar uma palavra. Por exemplo, quando ouvimos ou lemos a palavra “árvore”, estamos diante do significante, pois ele é a re- presentação sonora ou escrita desse termo. ▸Significado: A Ideia ou Conceito Representado O significado é a ideia ou conceito associado ao significante. Ou seja, é aquilo que vem à mente quando ouvimos ou lemos uma palavra. No caso da palavra “árvore”, seu significado remete à imagem mental de um vegetal com tronco, galhos e folhas. ▸A Relação Arbitrária entre Significante e Significado Segundo Saussure, a relação entre significante e significado é arbitrária, ou seja, não há uma conexão na- tural entre a forma da palavra e seu significado. Isso explica por que línguas diferentes usam palavras distintas para designar o mesmo conceito. Por exemplo: ▪ Em português, usamos o significante “cachorro” para representar um animal de quatro patas domesticado. ▪ Em inglês, o mesmo conceito é expresso pelo significante “dog”. ▪ Em francês, utiliza-se “chien”. Cada língua estabelece seus próprios signos de maneira convencional e histórica, sem que haja uma liga- ção intrínseca entre o som das palavras e o conceito que elas representam. ▸Mudança de Sentido e a Influência do Contexto Apesar de a relação entre significante e significado ser convencional, os significados das palavras podem mudar ao longo do tempo e variar conforme o contexto de uso. Isso explica fenômenos como polissemia (uma palavra com vários significados) e homonímia (palavras com a mesma forma, mas significados diferentes). Por exemplo, a palavra “banco” pode significar: 1. Uma instituição financeira (“Vou ao banco sacar dinheiro”). 2. Um assento (“Sentei no banco da praça”). O contexto em que a palavra é usada determina qual significado será ativado. A distinção entre significante e significado é essencial para entender como a linguagem funciona. O signifi- cante é a forma material da palavra, enquanto o significado é a ideia que essa palavra representa. Essa relação, embora convencional e arbitrária, pode mudar ao longo do tempo e variar de acordo com o contexto. O estudo dessa relação permite compreender melhor a comunicação e os fenômenos linguísticos que influenciam a construção do sentido na língua. Sinais, Símbolos E Palavras A comunicação humana envolve diferentes formas de representação do pensamento, e três elementos fundamentais nesse processo são sinais, símbolos e palavras. Embora estejam interligados, cada um tem ca- racterísticas distintas que influenciam a maneira como transmitimos e interpretamos informações. ▸O Que São Sinais? Os sinais são representações que possuem uma relação direta e natural com aquilo que indicam. Eles po- dem ser tanto naturais quanto convencionais. 16 ▪ Sinais naturais: surgem espontaneamente na natureza e não dependem da vontade humana para existir. Exemplos incluem a fumaça indicando fogo, o trovão anunciando uma tempestade e a febre como sinal de uma infecção. ▪ Sinais convencionais: são estabelecidos por convenção social e servem para orientar a comunicação. Exemplos incluem placas de trânsito, gestos combinados entre pessoas (como um aperto de mão) e o sinal sonoro de um alarme de incêndio. Os sinais são diretos e objetivos, pois estabelecem uma relação clara entre a causa e o efeito. ▸O Que São Símbolos? Os símbolos são representações que dependem de uma convenção cultural para serem compreendidos. Di- ferentemente dos sinais, os símbolos não possuem uma relação direta com o que representam; seu significado é atribuído por um grupo social ao longo do tempo. Exemplos de símbolos incluem: ▪ A bandeira de um país, que representa sua identidade nacional. ▪ A cruz, que simboliza o cristianismo. ▪ O anel de casamento, que representa a união matrimonial. Os símbolos são interpretados com base no conhecimento cultural e podem ter significados diferentes para diferentes grupos. Por exemplo, a cor branca simboliza paz no Ocidente, mas pode representar luto em algu- mas culturas orientais. ▸Palavras como Sinais e Símbolos As palavras são signos linguísticos que podem funcionar tanto como sinais quanto como símbolos, depen- dendo do contexto. ▪ Como sinais, algumas palavras podem ter relação direta com o que representam. Por exemplo, onomato- peias como “tic-tac” (som de relógio) e “miau” (som de gato) possuem uma ligação com o som real produzido pelos objetos ou seres que representam. ▪ Como símbolos, as palavras geralmente dependem de convenções sociais para terem significado. Não há uma razão natural para chamarmos um objeto de “cadeira” em português e de “chair” em inglês. Isso acontece porque as palavras são símbolos criados e adotados pela comunidade linguística. A relação entre palavras e seus significados é arbitrária, conforme demonstrado pelo linguista Ferdinand de Saussure. O que importa não é a palavra em si, mas o acordo coletivo que lhe atribui um determinado signifi- cado. ▸Diferença Entre Sinais e Símbolos Característica Sinais Símbolos Relação com o significado Direta e objetiva Indireta e convencional Origem Pode ser natural ou convencional Sempre depende de convenção social Exemplos Fumaça (indica fogo), febre (sinal de doença), semáforo vermelho (pare) Coração (amor), bandeira (nação), aliança (casamento) Sinais, símbolos e palavras são elementos essenciais para a comunicação e a construção do significado. Os sinais possuem uma relação direta com aquilo que representam, enquanto os símbolos dependem de con- venções culturais para serem compreendidos. Já as palavras, embora sejam signos linguísticos, podem atuar como sinais ou símbolos, dependendo do contexto. O entendimento dessas diferenças é importante para a interpretação de mensagens e para a compreensão de como os significados são construídos na sociedade. 17 Relações Entre Palavras: Sinonímia, Antonímia E Polissemia As palavras não existem isoladamente na língua; elas estabelecem relações entre si, influenciando a cons- trução do significado nos textos e na comunicação oral. Algumas das relações mais importantes são a sinoní- mia, a antonímia e a polissemia. Compreender esses fenômenos semânticos é fundamental para interpretar e produzir discursos com precisão. ▸Sinonímia: Palavras de Sentido Semelhante A sinonímia ocorrequando duas ou mais palavras possuem significados semelhantes ou equivalentes. Palavras sinônimas podem substituir uma à outra em determinados contextos sem alterar significativamente o sentido da frase. Exemplos de sinonímia: ▪ bonito = belo ▪ rápido = veloz ▪ felicidade = alegria ▪ comprar = adquirir Entretanto, é importante notar que a sinonímia perfeita é rara. Na prática, mesmo palavras sinônimas podem apresentar diferenças sutis de uso, variação regional ou nível de formalidade. Exemplo de diferença de uso entre sinônimos: ▪ “Ele é um rapaz bonito.” ▪ “Ele é um rapaz belo.” Embora “bonito” e “belo” sejam sinônimos, “belo” é mais formal e literário, enquanto “bonito” é de uso mais comum. A sinonímia também pode ser contextual, ou seja, duas palavras podem ser sinônimas apenas em determi- nados contextos. ▪ “O aluno respondeu a questão corretamente.” ▪ “O aluno solucionou a questão corretamente.” Aqui, “responder” e “solucionar” são sinônimos no contexto escolar, mas em outros contextos podem não ter o mesmo significado. ▸Antonímia: Palavras de Sentido Oposto A antonímia ocorre quando duas palavras possuem significados opostos. Assim como na sinonímia, há dife- rentes tipos de antônimos, que variam conforme o tipo de oposição de sentido que estabelecem. Tipos de antonímia: ▪ Antonímia gradual: quando há gradação entre os opostos, permitindo valores intermediários. ▪ quente / morno / frio ▪ alto / médio / baixo ▪ feliz / indiferente / triste 18 ▪ Antonímia complementar: quando um termo exclui totalmente o outro, sem possibilidade de intermedi- ários. ▪ vivo / morto ▪ presente / ausente ▪ legal / ilegal ▪ Antonímia recíproca (ou relacional): quando um termo implica a existência do outro. ▪ comprar / vender ▪ dar / receber ▪ marido / esposa Exemplo de antonímia em frases: ▪ “O dia está muito quente hoje.” → “O dia está muito frio hoje.” ▪ “Ele sempre fala a verdade.” → “Ele sempre fala a mentira.” A escolha do antônimo adequado depende do contexto e do tipo de oposição que se deseja estabelecer. ▸Polissemia: Uma Palavra com Múltiplos Significados A polissemia ocorre quando uma mesma palavra possui diferentes significados dependendo do contexto em que é empregada. Esse fenômeno demonstra a flexibilidade da linguagem e a riqueza de sentidos de uma única palavra. Exemplos de palavras polissêmicas: Bateria: ▪ “A bateria do celular acabou.” (acumulador de energia) ▪ “O show teve uma incrível apresentação de bateria.” (conjunto de instrumentos de percussão) Letra: ▪ “Gosto da letra dessa música.” (texto de uma música) ▪ “Minha letra é muito feia.” (caligrafia) Ponto: ▪ “Ele fez um ponto no jogo.” (pontuação) ▪ “Coloquei um ponto final no texto.” (sinal de pontuação) ▪ “O ônibus parou no ponto.” (parada de ônibus) A polissemia ocorre porque as palavras evoluem historicamente e passam a ter novos sentidos com base no uso que as pessoas fazem delas. O contexto, portanto, é essencial para determinar o significado correto. A relação entre palavras na língua é um dos aspectos mais importantes da semântica. A sinonímia permite a substituição de palavras sem perda significativa de sentido, a antonímia estabelece oposições que enriquecem o significado dos enunciados, e a polissemia demonstra como uma mesma palavra pode ter múltiplos significa- dos dependendo do contexto. Compreender esses fenômenos auxilia na interpretação textual e na escolha precisa das palavras na comu- nicação, garantindo clareza e evitando ambiguidades. 19 Relações Entre Frases E Construção De Sentido A construção do sentido em um texto não depende apenas das palavras isoladas, mas também das rela- ções que se estabelecem entre as frases. Essas relações podem indicar equivalência, oposição, causa e efeito, entre outros aspectos que influenciam a interpretação do discurso. Entre os principais fenômenos que conectam frases e estruturam o significado estão a paráfrase, pressupo- sição, ambiguidade, inferência e intertextualidade. ▸Paráfrase: Reformulação com o Mesmo Sentido A paráfrase ocorre quando uma frase pode ser reescrita de outra maneira sem alterar significativamente seu significado. Esse recurso é muito usado para evitar repetições, esclarecer informações e explicar conceitos. Exemplo de paráfrase: ▪ Frase original: “A chuva intensa causou inundações na cidade.” ▪ Paráfrase: “A cidade foi inundada devido à forte chuva.” Ambas as frases transmitem a mesma ideia, mas com estruturas diferentes. A paráfrase pode ser usada para tornar um texto mais claro, adaptá-lo a diferentes públicos ou reformular informações de maneira mais acessível. ▸Pressuposição: Ideias Implícitas na Frase A pressuposição ocorre quando uma frase carrega uma informação subentendida que o falante assume como verdadeira. Exemplo de pressuposição: ▪ Frase: “João parou de fumar.” ▪ Pressuposição: João fumava antes. Se alguém diz que “parou de fumar”, automaticamente se entende que essa pessoa já teve o hábito de fu- mar. A pressuposição pode ser usada para transmitir informações de forma indireta. ▸Ambiguidade: Quando Uma Frase Tem Mais de um Sentido A ambiguidade ocorre quando uma frase pode ser interpretada de mais de uma maneira, o que pode gerar dúvidas ou até humor involuntário. Exemplo de ambiguidade: ▪ Frase: “Vi a menina com o binóculo.” ▪ Possíveis interpretações: 1. Eu usei um binóculo para ver a menina. 2. A menina estava segurando um binóculo. A ambiguidade pode ser lexical (quando a palavra tem mais de um significado) ou estrutural (quando a or- ganização da frase permite mais de uma interpretação). Para evitar ambiguidades, é importante reformular a frase de modo a torná-la mais clara. Forma reformulada para evitar ambiguidade: ▪ “Usei um binóculo para ver a menina.” (Primeira interpretação) ▪ “Vi a menina que segurava um binóculo.” (Segunda interpretação) 20 ▸Inferência: Conclusões a Partir do Contexto A inferência é o processo de deduzir informações que não estão explicitamente ditas no texto, mas que podem ser compreendidas a partir do contexto. Exemplo de inferência: ▪ Frase: “Maria saiu de casa de guarda-chuva.” ▪ Inferência: Provavelmente, está chovendo ou vai chover. As inferências são essenciais para a compreensão textual, pois ajudam o leitor a conectar informações e preencher lacunas no discurso. ▸Intertextualidade: Diálogo Entre Textos A intertextualidade ocorre quando um texto faz referência a outro, seja por meio de citação, alusão ou paró- dia. Esse fenômeno é comum na literatura, na publicidade e na mídia em geral. Exemplo de intertextualidade: ▪ O provérbio “Há algo de podre no reino da Dinamarca” vem da peça Hamlet, de Shakespeare. Quando essa frase aparece em um artigo sobre política, está sendo usada para sugerir que há corrupção ou problemas em um governo. A intertextualidade enriquece o discurso ao estabelecer conexões entre diferentes produções textuais, per- mitindo novas interpretações e ampliando o sentido das frases. As relações entre frases são fundamentais para a construção do sentido no discurso. A paráfrase permite reformular ideias sem alterar o significado, a pressuposição insere informações implícitas, a ambiguidade pode gerar múltiplas interpretações, a inferência leva o leitor a conclusões a partir do contexto e a intertextualidade conecta um texto a outros já existentes. Dominar esses conceitos é essencial para produzir textos claros e interpretar corretamente diferentes dis- cursos. Pontuação e seus recursos sintático-semânticos Visão Geral O sistema de pontuação consiste em um grupo de sinais gráficos que, em um período sintático, têm a fun- ção primordial de indicar um nível maior ou menor de coesão entre estruturas e, ocasionalmente, manifestar as propriedades da fala (prosódias) em um discurso redigido. Na escrita, esses sinais substituem os gestos e as expressõesfaciais que, na linguagem falada, auxiliam a compreensão da frase. O emprego da pontuação tem as seguintes finalidades: – Garantir a clareza, a coerência e a coesão interna dos diversos tipos textuais; – Garantir os efeitos de sentido dos enunciados; – Demarcar das unidades de um texto; – Sinalizar os limites das estruturas sintáticas. 21 Sinais de pontuação que auxiliam na elaboração de um enunciado Vírgula De modo geral, sua utilidade é marcar uma pausa do enunciado para indicar que os termos por ela isolados, embora compartilhem da mesma frase ou período, não compõem unidade sintática. Mas, se, ao contrário, hou- ver relação sintática entre os termos, estes não devem ser isolados pela vírgula. Isto quer dizer que, ao mesmo tempo que existem situações em que a vírgula é obrigatória, em outras, ela é vetada. Confira os casos em que a vírgula deve ser empregada: – No interior da sentença 1 – Para separar elementos de uma enumeração e repetição: ENUMERAÇÃO Adicione leite, farinha, açúcar, ovos, óleo e chocolate. Paguei as contas de água, luz, telefone e gás. REPETIÇÃO Os arranjos estão lindos, lindos! Sua atitude foi, muito, muito, muito indelicada. 2 – Isolar o vocativo “Crianças, venham almoçar!” “Quando será a prova, professora?” 3 – Separar apostos “O ladrão, menor de idade, foi apreendido pela polícia.” 4 – Isolar expressões explicativas: “As CPIs que terminaram em pizza, ou seja, ninguém foi responsabilizado.” 5 – Separar conjunções intercaladas “Não foi explicado, porém, o porquê das falhas no sistema.” 6 – Isolar o adjunto adverbial anteposto ou intercalado: “Amanhã pela manhã, faremos o comunicado aos funcionários do setor.” “Ele foi visto, muitas vezes, vagando desorientado pelas ruas.” 7 – Separar o complemento pleonástico antecipado: “Estas alegações, não as considero legítimas.” 8 – Separar termos coordenados assindéticos (não conectadas por conjunções) “Os seres vivos nascem, crescem, reproduzem-se, morrem.” 9 – Isolar o nome de um local na indicação de datas: “São Paulo, 16 de outubro de 2022”. 10 – Marcar a omissão de um termo: “Eu faço o recheio, e você, a cobertura.” (omissão do verbo “fazer”). 22 – Entre as sentenças 1 – Para separar as orações subordinadas adjetivas explicativas “Meu aluno, que mora no exterior, fará aulas remotas.” 2 – Para separar as orações coordenadas sindéticas e assindéticas, com exceção das orações iniciadas pela conjunção “e”: “Liguei para ela, expliquei o acontecido e pedi para que nos ajudasse.” 3 – Para separar as orações substantivas que antecedem a principal: “Quando será publicado, ainda não foi divulgado.” 4 – Para separar orações subordinadas adverbiais desenvolvidas ou reduzidas, especialmente as que an- tecedem a oração principal: Reduzida Por ser sempre assim, ninguém dá atenção! Desenvolvida Porque é sempre assim, já ninguém dá atenção! 5 – Separar as sentenças intercaladas: “Querida, disse o esposo, estarei todos os dias aos pés do seu leito, até que você se recupere por completo.” – Antes da conjunção “e” 1 – Emprega-se a vírgula quando a conjunção “e” adquire valores que não expressam adição, como conse- quência ou diversidade, por exemplo. “Argumentou muito, e não conseguiu convencer-me.” 2 – Utiliza-se a vírgula em casos de polissíndeto, ou seja, sempre que a conjunção “e” é reiterada com com a finalidade de destacar alguma ideia, por exemplo: “(…) e os desenrolamentos, e os incêndios, e a fome, e a sede; e dez meses de combates, e cem dias de cancioneiro contínuo; e o esmagamento das ruínas...” (Euclides da Cunha) 3 – Emprega-se a vírgula sempre que orações coordenadas apresentam sujeitos distintos, por exemplo: “A mulher ficou irritada, e o marido, constrangido.” O uso da vírgula é vetado nos seguintes casos: separar sujeito e predicado, verbo e objeto, nome de adjunto adnominal, nome e complemento nominal, objeto e predicativo do objeto, oração substantiva e oração subordinada (desde que a substantivo não seja apositiva nem se apresente inversamente). Ponto 1 – Para indicar final de frase declarativa: “O almoço está pronto e será servido.” 2 – Abrevia palavras: – “p.” (página) – “V. Sra.” (Vossa Senhoria) – “Dr.” (Doutor) 3 – Para separar períodos: “O jogo não acabou. Vamos para os pênaltis.” 23 Ponto e Vírgula 1 – Para separar orações coordenadas muito extensas ou orações coordenadas nas quais já se tenha uti- lizado a vírgula: “Gosto de assistir a novelas; meu primo, de jogos de RPG; nossa amiga, de praticar esportes.” 2 – Para separar os itens de uma sequência de itens: “Os planetas que compõem o Sistema Solar são: Mercúrio; Vênus; Terra; Marte; Júpiter; Saturno; Urano; Netuno.” Dois Pontos 1 – Para introduzirem apostos ou orações apositivas, enumerações ou sequência de palavras que explicam e/ou resumem ideias anteriores. “Anote o endereço: Av. Brasil, 1100.” “Não me conformo com uma coisa: você ter perdoado aquela grande ofensa.” 2 – Para introduzirem citação direta: “Desse estudo, Lavoisier extraiu o seu princípio, atualmente muito conhecido: “Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma’.” 3 – Para iniciar fala de personagens: “Ele gritava repetidamente: – Sou inocente!” Reticências 1 – Para indicar interrupção de uma frase incompleta sintaticamente: “Quem sabe um dia...” 2 – Para indicar hesitação ou dúvida: “Então... tenho algumas suspeitas... mas prefiro não revelar ainda.” 3 – Para concluir uma frase gramaticalmente inacabada com o objetivo de prolongar o raciocínio: “Sua tez, alva e pura como um foco de algodão, tingia-se nas faces duns longes cor-de-rosa...” (Cecília - José de Alencar). 4 – Suprimem palavras em uma transcrição: “Quando penso em você (...) menos a felicidade.” (Canteiros - Raimundo Fagner). 24 Ponto de Interrogação 1 – Para perguntas diretas: “Quando você pode comparecer?” 2 – Algumas vezes, acompanha o ponto de exclamação para destacar o enunciado: “Não brinca, é sério?!” Ponto de Exclamação 1 – Após interjeição: “Nossa, Que legal!” 2 – Após palavras ou sentenças com carga emotiva “Infelizmente!” 3 – Após vocativo “Ana, boa tarde!” 4 – Para fechar de frases imperativas: “Entre já!” Parênteses Para isolar datas, palavras, referências em citações, frases intercaladas de valor explicativo, podendo subs- tituir o travessão ou a vírgula: “Mal me viu, perguntou (sem qualquer discrição, como sempre) quem seria promovido.” Travessão 1 – Para introduzir a fala de um personagem no discurso direto: “O rapaz perguntou ao padre: — Amar demais é pecado?” 2 – Para indicar mudança do interlocutor nos diálogos: “— Vou partir em breve. — Vá com Deus!” 3 – Para unir grupos de palavras que indicam itinerários: “Esse ônibus tem destino à cidade de São Paulo — SP.” 4 – Para substituir a vírgula em expressões ou frases explicativas: “Michael Jackson — o retorno rei do pop — era imbatível.” Aspas 1 – Para isolar palavras ou expressões que violam norma culta, como termos populares, gírias, neologis- mos, estrangeirismos, arcaísmos, palavrões, e neologismos. “Na juventude, ‘azarava’ todas as meninas bonitas.” “A reunião será feita ‘online’.” 2 – Para indicar uma citação direta: “A índole natural da ciência é a longanimidade.” (Machado de Assis) 25 Questões 1. A leitura é um processo interpretativo em que o leitor atribui significados ao texto com base em diferentes fatores. Qual das alternativas abaixo NÃO influencia diretamente a construção de sentido durante a leitura? (A) O repertório cultural do leitor (B) O contexto social em que o texto foi produzido (C) A disposição espacial das palavras no texto (D) O conhecimento prévio do leitor sobre o tema (E) A intenção comunicativa do autor 2. Segundo a teoria da recepção, o leitor desempenha um papel essencial na construção de significados. Isso ocorre porque: (A) O leitor apenas recebe a informação já pronta do texto (B) A leitura é um processo linear e estático(C) O sentido do texto é único e imutável para qualquer leitor (D) O leitor complementa as informações do texto com sua bagagem de conhecimento (E) O texto, por si só, determina seu significado independentemente do leitor 3. A leitura inferencial exige que o leitor: (A) Apenas compreenda o que está explicitamente no texto (B) Identifique as palavras-chave e ignore as informações implícitas (C) Interprete informações implícitas, deduzindo relações lógicas e contextuais (D) Ignore os aspectos intertextuais do texto (E) Apenas siga as regras gramaticais do texto para atribuir sentido 4. A intertextualidade pode ser compreendida como: (A) O uso de figuras de linguagem que enriquecem o texto (B) A relação que um texto estabelece com outros textos para construir sentido (C) A organização do texto em parágrafos e títulos (D) A ausência de conexões entre diferentes discursos (E) O uso exclusivo de citações diretas para validar argumentos 5. Qual das alternativas melhor exemplifica a relação entre intenção comunicativa e gênero textual? (A) Um artigo de opinião tem a função de informar imparcialmente os leitores (B) Uma notícia jornalística tem a intenção de persuadir os leitores a adotarem uma ideia (C) Um conto tem como característica principal a defesa de um ponto de vista (D) Uma reportagem tem a função de apresentar um aprofundamento sobre determinado tema (E) Um manual de instruções geralmente é subjetivo e argumentativo 26 6. A principal diferença entre um texto verbal e um texto não verbal é: (A) O texto verbal utiliza palavras, enquanto o texto não verbal depende apenas de imagens e gestos (B) Apenas o texto não verbal permite múltiplas interpretações (C) O texto verbal é sempre objetivo, e o não verbal, subjetivo (D) A comunicação visual só ocorre quando combinada com o texto verbal (E) O texto verbal não depende de contexto para ser interpretado corretamente 7. O uso de elementos não verbais em um texto pode servir para: (A) Enfraquecer a comunicação do texto (B) Reduzir a importância do significado das palavras (C) Complementar ou até modificar o sentido do texto verbal (D) Substituir completamente a necessidade de um texto escrito (E) Criar uma barreira de compreensão ao leitor 8. Sobre os gêneros textuais, é correto afirmar que: (A) São estruturas fixas e imutáveis ao longo do tempo (B) Variam de acordo com a função comunicativa e o contexto de uso (C) Possuem sempre a mesma estrutura gramatical e temática (D) Não são influenciados pelos meios de circulação (E) Não se transformam com as mudanças tecnológicas 9. Um infográfico combina elementos verbais e não verbais para: (A) Tornar a leitura mais demorada e complexa (B) Dificultar a interpretação de dados numéricos (C) Criar mensagens mais dinâmicas e acessíveis (D) Excluir informações textuais para priorizar imagens (E) Substituir completamente o texto escrito 10. A relação entre significante e significado, conforme proposto por Saussure, é: (A) Natural e imutável (B) Arbitrária e baseada em convenções linguísticas (C) Idêntica em todas as línguas do mundo (D) Independente do contexto histórico e cultural (E) Definida pela gramática normativa 27 11. O fenômeno da polissemia ocorre quando: (A) Duas palavras têm significados idênticos em qualquer contexto (B) Uma mesma palavra apresenta diferentes significados dependendo do contexto (C) Duas palavras possuem significados opostos (D) Palavras perdem sua carga semântica com o tempo (E) O mesmo termo é utilizado apenas em contextos científicos 12. A inferência no processo de leitura refere-se a: (A) Ler apenas as palavras destacadas no texto (B) Reproduzir mecanicamente as ideias do autor (C) Identificar significados implícitos a partir do contexto (D) Interpretar apenas as informações literais (E) Ignorar os elementos intertextuais do texto 13. O uso da intertextualidade pode ser identificado quando: (A) Um texto faz referência a outros textos para construir novos significados (B) Um texto é completamente original e sem influência de outros (C) A linguagem verbal e a não verbal são separadas no texto (D) O autor segue estritamente uma estrutura sem incluir outras ideias (E) O leitor não precisa de conhecimento prévio para interpretar o texto 14. O uso correto da vírgula pode servir para: (A) Separar o sujeito do predicado (B) Indicar uma pausa ou isolar elementos na frase (C) Substituir os conectivos em uma oração (D) Dividir palavras em sílabas (E) Excluir elementos essenciais do texto 15. Qual dos trechos não apresenta o uso correto da pontuação? (A) “Fizemos o possível; no entanto, não conseguimos concluir a tarefa.” (B) “Sim, amanhã começaremos o projeto.” (C) “Carlos disse, que não poderia comparecer ao evento.” (D) “O professor explicou: a prova será na próxima semana.” (E) “Ele respondeu: ‘Estou pronto para o desafio’.” 28 16. O uso das aspas em um texto pode indicar: (A) A marcação de um discurso indireto (B) A separação de termos com sentido literal (C) O destaque de palavras de uso incomum, gírias ou estrangeirismos (D) A substituição de parênteses em frases explicativas (E) A obrigatoriedade de uma citação direta 17. Assinale a alternativa que apresenta o uso incorreto do ponto e vírgula: (A) “A palestra abordou diversos temas; sustentabilidade, inovação e tecnologia.” (B) “O evento contará com especialistas de diversas áreas; haverá também debates e workshops.” (C) “Estudamos gramática; interpretação de textos; e produção textual.” (D) “Os alunos que participaram do projeto foram premiados; os demais terão outra oportunidade.” (E) “O congresso acontecerá em três etapas; a primeira em março; a segunda em junho; e a terceira em setembro.” 18. Sobre os textos multimodais, assinale a alternativa correta: (A) São textos compostos exclusivamente por elementos verbais (B) A multimodalidade refere-se apenas ao uso de imagens em um texto (C) São textos que combinam diferentes linguagens, como verbal, visual e sonora (D) A presença de diferentes recursos linguísticos prejudica a compreensão da mensagem (E) Os textos multimodais são comuns apenas em meios impressos, como jornais e revistas 19. Em uma charge política, a relação entre linguagem verbal e não verbal pode ser caracterizada por: (A) O uso de figuras de linguagem sem associação com a imagem (B) A presença de um texto extenso explicando a crítica social (C) A combinação entre ilustração e texto para criar um efeito humorístico ou crítico (D) A ausência de qualquer tipo de subjetividade na interpretação (E) O uso exclusivo de elementos gráficos, sem necessidade de leitura verbal 20. Um leitor crítico, ao analisar um texto argumentativo, deve: (A) Apenas identificar as ideias centrais sem questionar as fontes (B) Aceitar os argumentos do autor sem avaliar sua validade (C) Buscar compreender a intencionalidade do texto e sua fundamentação (D) Desconsiderar a intertextualidade e o contexto do discurso (E) Priorizar apenas as informações explícitas, ignorando os significados implícitos 29 Gabarito 1 C 2 D 3 C 4 B 5 D 6 A 7 C 8 B 9 C 10 B 11 B 12 C 13 A 14 B 15 C 16 C 17 A 18 C 19 C 20 C