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1 O material original (2003) contido neste Módulo foi fornecido pela Dra Christine Leeb da Universidade de Bristol e pela WSPA e foi, subseqüentemente, revisado e atualizado (em 2007) pela Dra. Caroline Hewson e pela WSPA. 2 3 A fim de considerar o bem-estar e manejo de animais silvestres, precisamos definir o que significa “animal silvestre” e “bem-estar de animais silvestres”. •Um animal silvestre pode ser definido como “um animal que vive no meio silvestre em estado não domesticado e que não está sujeito à influência humana”. No entanto, esta é uma definição restritiva que não inclui animais silvestres que são mantidos em cativeiro por uma grande variedade de motivos ou aqueles utilizados por humanos, mas que são mantidos não domesticados e semi-selvagens. Além disso, existem muito poucos animais que podem ser considerados verdadeiramente livres de qualquer interferência humana. •Neste módulo, definimos animais silvestres como: “um animal de vida livre ou em cativeiro, de uma espécie que vive naturalmente no meio silvestre sem interferência humana, e cujos pais e antepassados não foram seletivamente cruzados para docilidade ou fácil manejo”. 4 A fim de considerar o bem-estar e o manejo de animais silvestres, também precisamos definir o que é “bem-estar de animais silvestres”. •Bem-estar afeta o estado do indivíduo animal. Definições diferentes de bem-estar foram examinadas no Módulo 1. Você irá lembrar de uma que propusemos que considerava o estado de corpo e mente do animal e a extensão até onde sua natureza era realizada. Um modo mais fácil de descrever bem-estar é que um animal com bom nível de bem-estar deveria ter “bom estado físico e sentir-se bem”. •Ainda que bem-estar animal seja freqüentemente considerado em nível de “grupo” (rebanho, bando, cardume, etc.), a avaliação é, ao final, definida e concluída em termos do indivíduo animal afetado. Indivíduos dentro de um grupo ou população vivem muitas condições comuns que irão afetar seu bem-estar, incluindo doenças, predação, a qualidade e a quantidade de recursos que estão disponíveis no ambiente (ex. o tamanho do território, o número de diferentes árvores crescendo naquele lugar, a possibilidade de migração, possibilidades suficientes para formar ninho), competição com outras espécies por recursos, interferência humana e perda de habitat, etc. •A avaliação do bem-estar em grupo é discutida em detalhes no Módulo 8 (Avaliação de bem-estar em grupo). Esse módulo foi desenvolvido e aplicado amplamente para animais domésticos (ex.: animais de criação, animais de laboratório e de companhia), no entanto, pode ser facilmente adaptado e aplicado para animais silvestres, tanto de vida livre quanto de cativeiro. 5 Fatores que afetam o bem-estar de animais silvestres podem ser classificados amplamente em: •De ocorrência natural, ex.: prevalência de doenças de ocorrência natural, predação, incêndios em florestas, etc. No entanto, alguns desses fatores também podem ser resultado de ações humanas (ou falta de ações). •Antropogênicos: São direta ou indiretamente causados por humanos, ex.: perda de habitat, caça e armadilhas, etc. Neste módulo iremos focar em questões de bem-estar antropogênicas, que se referem àquelas questões de bem-estar que se acredita terem sido causadas ou influenciadas por ações humanas, quer essas ações afetem direta ou indiretamente os animais. Isso se deve ao fato de que são os humanos os responsáveis pelas questões de bem-estar mais severas que afetam os animais silvestres, quer estes estejam diretamente sob nosso controle e cuidados ou não. As questões de bem-estar que afetam os animais silvestres de vida livre e em cativeiro serão consideradas separadamente. 6 A WSPA patrocinou recentemente uma pesquisa das questões de bem-estar mais críticas que afetam mamíferos de vida livre terrestres e ribeirinhos, pássaros, répteis e anfíbios na África, ao sul do deserto do Sahara, e na América Latina. Apesar dos especialistas terem classificado uma grande variedade de questões de bem-estar como críticas nessas duas diferentes regiões, todas essas questões poderiam ser classificadas em 3 amplas categorias: • Armadilha, caça e pesca (veja Módulo 24) •Comércio de animais silvestres de vida livre ou de suas partes (veja Módulo 24) •Invasão humana no habitat de animais silvestres Apesar de, nessa pesquisa, essas 3 categorias de questões de bem-estar serem classificadas como críticas para as espécies e áreas concernentes, essas questões também se aplicam/afetam todas as espécies de animais silvestres de vida livre pelo mundo. 7 A invasão humana é a principal questão de bem-estar que afeta os animais silvestres. A invasão humana é uma categoria bastante ampla que descreve o impacto negativo da presença e das atividades humanas sobre o bem-estar de animais silvestres. Por exemplo, perda de habitat, poluição, turismo, atividades de pesquisa, etc. Interferência também pode ser responsável direta ou indiretamente por outras questões de bem-estar, como caça e comércio de animais silvestres. A invasão humana é uma categoria tão diversa que se considera que afeta quase todas as espécies de animais silvestres em alguma proporção de suas vidas, assim como o impacto dos humanos sobre animais silvestres ocorre constantemente de muitas diferentes maneiras. 8 A invasão humana pode ser classificada em 4 categorias muito amplas e muito freqüentemente inter-relacionadas: •Perda de habitat •Poluição •Contato humano •Manejo de populações de animais silvestres Vamos agora atentar a cada um desses itens. 9 Dano ao habitat se refere à perda ou degradação do habitat natural nos quais os animais vivem devido a uma gama de ações humanas. As principais causas de danos ao habitat são: •Expansão da habitação humana, que leva a uma redução do habitat disponível para animais silvestres, devido à clareira da terra para desenvolvimento urbano e do movimento de pessoas sem terra para o habitat silvestre, etc. Por exemplo, o desenvolvimento urbano em expansão, que ocorre em várias partes da Índia, está interferindo no habitat natural do tigre. •Ruptura do habitat silvestre devido aos prédios, às estradas e às cercas. Por exemplo, a construção de “novas” estradas em muitos países latino-americanos causou danos e morte a grande número de espécies silvestres, incluindo tamanduá, anta e veado. Também causou declínio da população em números. •Exploração de recursos naturais, incluindo corte de madeira, queima de carvão vegetal, mineração, etc., e inundação/seca causadas por represas para fornecimento de água para áreas urbanas e terra cultivável. Por exemplo, o crescimento da mineração em British Colombia (Canadá) reduziu o habitat e, assim, causou o declínio do caribu da floresta. •Cultivo de agriculturas em habitat silvestre fértil, incluindo clareira da terra, drenagem de pântanos e desenvolvimento de áreas costeiras para plantio de culturas ou pastoreio de gado. Por exemplo, as clareiras de vastas áreas de floresta tropical na América Latina para plantio de cultivos de alimentos para gado e para criar áreas de pastoreio de gado. •Demasiado pastoreio de gado em áreas de habitat silvestre e, portanto, competindo por alimento e danificando o balanço natural que pode levar à destruição dos recursos dos quais, tanto a vida silvestre quanto o gado, dependem. Por exemplo, a depleção de pastos e pisoteamento por gado e caprinos em muitos países africanos. 10 As maiores questões de bem-estar relacionadas aos danos ao habitat referem-se a sofrimento e estresse dos animais devido a: •Distúrbio do comportamento natural, padrões de movimentação e rotas demigração •Fragmentação das populações e separação de grupos sociais •Alteração dos locais de reprodução e de ninho, que pode levar ao aumento da mortalidade de recém-nascidos •Deslocamento dos animais para longe de seu território •Aumento da vulnerabilidade do predador •Aumento da agressão inter-espécies e competição •Competição com gado por comida e água, levando a fome e desidratação •Animais podem ter medo devido à presença próxima de seres humanos •Adicionalmente, dor severa, ferimentos e mortes causadas por colisões com objetos arquitetados pelo homem, como veículos, prédios, cercas, etc. 11 Poluição refere-se ao despejo de contaminantes ambientais no ar, água e solo, tanto quanto excesso de luz, som e calor provenientes de atividades humanas. As principais causas de poluição são: •Descarte sem controle de lixo doméstico e industrial, que é então encontrado no habitat de animais silvestres. Lixo inclui sacolas plásticas, redes de pesca abandonadas, abridor de latas de metal afiado, etc. Por exemplo: muitos pássaros marinhos se machucam e morrem a cada ano por serem pegos em armadilhas ou por consumirem lixo doméstico. •Contaminação do solo por despejo inapropriado de lixo industrial e doméstico, ex.: vazamento de aterros sanitários. Por exemplo, animais que inadvertidamente consomem plásticos ou metais pesados. •Despejo de químicos industriais e domésticos na água. O despejo pode ser por: derramamentos químicos, despejo inapropriado, enxurradas de parques industriais e químicos que são lixiviados do solo, ex.: derramamento de óleo no solo. Por exemplo, dano e morte de pássaros marinhos ao norte da Espanha devido ao derramamento do petroleiro “Prestige” em novembro de 2002. •Despejo de químicos industriais e partículas na atmosfera provenientes de processos industriais, geração de força, exaustão de veículos, etc. Por exemplo, o despejo de dióxido de enxofre e óxido de nitrogênio levam à formação de chuva ácida que afeta os animais silvestres e seu habitat em todo o mundo. •Perturbação causada por excesso de luz, barulho e calor produzidos por atividades humanas, ex.: despejo de água quente pelas centrais elétricas nos rios, lagos e oceanos, etc. Por exemplo: poluição por luz está alterando o comportamento natural de muitos animais noturnos, como morcegos, raposas, coiotes, etc. na Europa e nos EUA. 12 As maiores questões de bem-estar associadas à poluição referem-se a: • Dor, ferimento e estresse potenciais causados pela ingestão de lixo ou ao ficarem presos no lixo deixado ou jogado no ambiente natural dos animais silvestres. Por exemplo, as muitas espécies de aves marinhas que ficam presas em derramamento de petróleo e aves aquáticas prejudicadas pelo descarte de chumbo de vara de pesca ou balas de espingarda. • Dor, estresse, doença e morte dolorosa potenciais causados por ingestão de contaminantes ambientais através da comida ou absorção do ambiente. Por exemplo: ingestão de inseticidas por animais insetívoros (ex. pequenas aves); infertilidade e anormalidades congênitas causadas por DDT em aves de rapina. Dor, ferimento e estresse também podem ser causados a qualquer animal que se alimente de animais que ingeriram químicos. Por exemplo: aves de rapina que se alimentam de aves aquáticas que ingeriram balas de espingarda na Europa. • Onde a poluição diminuiu os recursos de comida e água, os animais podem sofrer de fome e sede. • Estresse e alteração do comportamento normal potenciais causados por excesso de luz, de barulho e de calor provocado por poluição. Por exemplo: em Toronto e em outras cidades, existe uma preocupação porque muitas aves migratórias morrem à noite por voarem de encontro às luzes dos escritórios nos prédios; as aves colidem com os prédios e morrem devido às lesões causadas. 13 A questão refere-se ao efeito, geralmente negativo, que o contato com humanos e seus animais domésticos pode ter sobre o bem-estar de animais silvestres. As principais formas de contato humano com a vida silvestre são: • Contato direto com humanos e seus animais domésticos (animais de companhia ou gado) que estão, cada vez mais, dividindo o habitat de animais silvestres. Por exemplo, o efeito que os gatos domésticos exercem sobre populações de aves silvestres em todo o mundo. • Estudo de animais silvestres, onde alguns dos métodos utilizados têm efeito potencialmente negativo sobre os animais envolvidos. Por exemplo, captura e sedação de animais para fazer mensurações com os mesmos (ex.: capturar aves com redes; acertar com dardo grandes mamíferos como elefante, rinoceronte e grandes felinos). • Turismo é, cada vez mais, um meio popular de utilizar sustentavelmente a vida selvagem e seu habitat, mas também pode ter efeitos negativos. Por exemplo, o aumento do ecoturismo em muitos países da África ao sul do deserto do Sahara. 14 Contato com humanos e animais domésticos pode levar a uma grande gama de questões de bem-estar para animais silvestres, incluindo: • A transmissão de doenças por parasitos de humanos e animais domésticos para a vida silvestre, causando problemas de saúde diretos, debilitação e morte; ex.: raiva canina afeta canídeos africanos e peste bovina afeta diversas espécies de ungulados. Em países que estavam ou estão em conflito, pode não haver um governo com recursos suficientes para testar e controlar a saúde dos rebanhos, ex.: por vacinação. Como resultado, o gado infectado pode ser transportado e ter contato com a vida silvestre, transmitindo doenças, porque os pastores movem seus animais para longe das áreas de pastoreio convencionais em busca de forrageiras e água; muitas vezes, movem para áreas com vida silvestre susceptível e a doença se espalha pelas populações também. • Doenças e parasitas podem ser transmitidos da vida silvestre para animais domésticos, ex.: febre suína, febre aftosa. Isto resulta em mais interferência nos animais silvestres porque as doenças do gado levam à baixa produção e à morte. Para compensar essas perdas, os fazendeiros e a população em geral podem se manter com alimento conseguido em armadilhas, caça e pesca. Veja sessão de armadilhas, caça e pesca, no Módulo 24, para mais detalhes. • Animais domésticos geralmente atacam espécies de animais silvestres menores, causando medo e estresse a estes por serem vigiados, perseguidos e atacados quando fogem; e ferimentos graves, infecção e morte dolorosa para aqueles que são pegos e mortos. Por exemplo, cães domésticos e gatos atacam uma grande gama de animais silvestres por todo o mundo, indo do gato doméstico caçando pássaros silvestres na Europa a cães domésticos atacando veados, queixadas, tamanduás, etc. na América Latina. • Atividades de pesquisa podem afetar tanto os animais envolvidos quanto os demais da mesma espécie devido aos métodos ruins de captura, manejo, soltura e monitoramento de vida silvestre que, não somente causa estresse e ferimento em potencial para o indivíduo envolvido, mas também aflige outros da mesma espécie. Por exemplo, marcação de animais a fim de identificá-los, colocando transmissores e colares com transmissão de sinal via rádio ou implantando dispositivos telemétricos, podem afetar a comunicação e interação entre animais. O cheiro das pessoas em um animal marcado é mais uma preocupação, assim como é o risco dos animais se ferirem durante a captura e sedação. • O turismo pode beneficiar a vida selvagem por fazer deles uma fonte sustentável para comunidades locais, mas pode causar estresse considerável devido à perturbação por visitantes e seus veículos no habitat silvestre, o que pode causar medo e alterar o comportamento natural dos animais. O aumento do turismo pode também resultar em poluição (ex.: pelo aumento do lixo) e no extermínio dohabitat dos animais silvestres, que é destruído para fornecer a infra-estrutura necessária para manter o turismo. Veja módulo 24 para mais informações sobre o impacto do turismo no bem-estar animal. 15 O manejo de populações silvestres refere-se a intervenções humanas que são necessárias para controlar as populações de animais silvestres devido a nossa interferência contínua em seus habitats. O manejo em si, no entanto, pode causar outras interferências. • A perda contínua de habitat força a vida selvagem a áreas menores, levando à superpopulação. Por exemplo, o aumento da perda de habitat de elefantes na África do Sul levou à superpopulação de muitas espécies, incluindo os elefantes, que agora precisam ser controlados. • A construção de cercas e estradas inibe o movimento natural e a predação, levando a uma superpopulação. Por exemplo, a migração de muitas espécies africanas tem sido alterada ou dificultada por cercas colocadas para proteger a vida silvestre. • A criação de parques nacionais e reservas para jogos limitam o habitat e requerem gerenciamento para prevenir a superpopulação. • Conflitos entre humanos e animais silvestres devido à competição por comida e água (ex.: herbívoros silvestres vs. gado que pasta), invasão de lavouras (ex.: elefantes assaltando e destruindo plantações), doenças e risco de predação de gado (ex.: predadores alimentando-se de gado) e animais trazendo riscos a humanos e a suas habitações (ex.: elefantes destruindo vilas). • Controle de espécies exóticas que foram, acidental ou deliberadamente, introduzidas em um novo ambiente por humanos e têm efeito deletério na fauna e flora locais. Por exemplo, a diminuição do número de aves marinhas raras nas ilhas remotas da Nova Zelândia devido à introdução de ratos. 16 As principais questões de bem-estar no manejo de animais silvestres relacionam- se a dor, sofrimento e estresse causados por métodos que são utilizados para controlar as populações desses animais: • Em muitos casos, o estágio inicial do controle populacional animal requer que os animais sejam capturados. Se os métodos utilizados para capturar esses animais não são humanitários, seu bem-estar será comprometido - essa questão encontra- se resumida na seção de armadilhas, caça e pesca do Módulo 24. • Quanto aos animais que estão sendo abatidos, o método de matança deve ser humanitário e final, caso contrário, os animais terão muita dor, sofrimento e estresse se forem machucados, porém, não mortos (isto é, animais feridos que escapam). Veja Módulo 16 para demais detalhes sobre as implicações da matança no bem-estar. • Quanto aos animais sendo realocados, as condições de transporte também podem causar dor severa, sofrimento e estresse. Os animais são, com freqüência, transportados em containeres inapropriados, resultando em superpopulação, isolamento social e alta mortalidade devido ao risco aumentado de transmissão de doenças e parasitos, fome e desidratação. Esses tópicos são discutidos em maiores detalhes no Módulo 15 (Transporte de Animais de Produção). Adicionalmente, a soltura de animais realocados em um novo ambiente pode causar sofrimento e estresse, pelo menos em curto prazo, devido à colocação em novo ambiente, separação dos animais da mesma espécie, etc. • Se somente certos membros de um grupo ou população são realocados ou abatidos, pode-se causar estresse considerável a outros membros daquele grupo social devido a: separação, perda do líder do rebanho ou grupo e aumento da predação ou competição com outros grupos devido ao aumento do tamanho do grupo. • Quanto aos animais que recebem contracepção, o método de administração pode causar sofrimento e estresse se requer que o animal seja capturado (veja acima), por exemplo, quando dispositivos de contracepção ou preparados de liberação lenta precisam ser implantados, como a vacina Zona Pellucida. 17 As medidas para prevenir os problemas de bem-estar animal decorrentes da invasão humana dizem respeito a: •Comunidades humanas e utilização da terra •Alterações ambientais Medidas para comunidades humanas e utilização da terra: • Ampliar o debate e desenvolver soluções, incluindo as comunidades locais que interferem com a vida silvestre e organizações não-governamentais que estão cientes das pressões que essas pessoas sofrem, isto é, utilizando técnicas de avaliação de participação rural e aproximação de organizações de base comunitária. • Auxiliar comunidades locais para evitar interferência no habitat do animal silvestre (ex.: para agricultura, habitação, etc.). Educando essas comunidades, pode-se ajudar a desenvolver alternativas viáveis para proteção do habitat da vida silvestre, indo de encontro às necessidades humanas locais. Por exemplo, permacultura (=“permanente” e “cultura/plantio”, como uma alternativa à agricultura não sustentável e à caça pela carne de animais silvestres) e artesanato podem ser alternativas viáveis para a agricultura tradicional de subsistência ou comercial. Isto tem funcionado na região do Baixo Amazonas, no Brasil, onde animais silvestres não são mais capturados para posar para fotos com turistas; agora, é vendido artesanato aos turistas. Workshops sobre permacultura são oferecidos a diversas comunidades do Baixo Amazonas, o que evita derrubadas e queimadas da floresta e, assim, previne-se a destruição de habitats. • Aumentar a tolerância das comunidades locais para viverem perto de animais silvestres; compensação financeira poderia ser dada a comunidades que venham a ter animais de rebanhos mortos por animais silvestres. Parques nacionais ou locais poderiam ser criados onde não existem comunidades e que são conectados por corredores de vida silvestre. • Evitar matar animais silvestres em virtude da necessidade de auto-proteção e para proteger as comunidades da vida silvestre utilizando: cercas (ex.: cercas com pimenta para rechaçar elefantes), zonas com estrutura de anteparo de defesa ou plantas não comestíveis/aversivas. • Controlar o número de animais por translocação, abate ou programas de esterilização; essas medidas, todavia, devem ser humanitárias e habitat viável deve estar disponível para translocação. 18 Medidas de interação com o ambiente incluem: • Construção de estruturas com menor ameaça ou obstrução ao movimento do animal silvestre, por exemplo, estradas cercadas e pontos de passagem para proteção dos animais. Estruturas para melhorar os movimentos dos animais silvestres podem incluir pontes “silvestres” (ex.: para veado ou alce), túneis (ex.: para sapos ou pequenos mamíferos) ou corredores ecológicos (ex.: sebes que conectem duas áreas de florestas ou rios/córregos que conectam lagoas ou lagos). • Prevenir poluição de habitat de vida silvestre ao garantir que: • lixo doméstico e industrial seja descartado de maneira apropriada e segura, longe do habitat da vida silvestre, e • poluição por luz, barulho e calor proveniente de atividades humanas seja controlada. • Utilização de técnicas de pesquisa humanitárias (e não invasivas) e pessoal treinado adequadamente para que a pesquisa possa ser conduzida no meio silvestre da maneira mais humanitária possível. • Manter animais domésticos separados dos animais silvestres sempre que possível: • assegurando que o gado não paste sem controle no habitat de animal silvestre e que sejam protegidos apropriadamente, e • não permitindo cães e gatos nas ruas. 19 Diferentemente dos animais silvestres de vida livre, o bem-estar de animais silvestres em cativeiro está sob controle direto daqueles que os guardam. Animais silvestres que são utilizados por humanos e/ou mantidos em cativeiro podem ser agrupados de acordo com: • Animais de zoológico • Animais mantidos em centros de resgate e reabilitação • Animaisde companhia exóticos, ex.: papagaios, pequenos primatas • Animais de criação, ex.: avestruzes, jacarés, etc. • Animais de trabalho, ex.: elefantes utilizados para carregar toras de madeira Portanto, muitos dos conceitos que foram discutidos com relação a outros tipos de animais em cativeiro, em outros módulos (Animais de criação, trabalho e companhia, etc.), também se aplicam a essas categorias de animais silvestres em cativeiro. Vamos agora discutir os princípios gerais que se aplicam a todos os animais em cativeiro e, em seguida, veremos exemplos específicos de cada uma das categorias. A estrutura das Cinco Liberdades (Módulo 2) pode ser utilizada para avaliar o bem-estar de praticamente qualquer animal em cativeiro. 20 Fornecimento de comida e água: • Como água e comida são fornecidas pelo homem, deve-se levar em consideração as necessidades básicas de qualquer animal em cativeiro em termos de método de apresentação, freqüência de alimentação e balanço nutricional. Isto irá depender dos requerimentos nutricionais da espécie, do comportamento espécie-específico e do tamanho, condição e status fisiológico, reprodutivo e de saúde dos animais alojados. Por exemplo, animais que despendem muito tempo pastando, deveriam ter sua comida distribuída em seu local de cativeiro, dessa forma permitindo o ato de pastar (veja também os módulos Enriquecimento de Ambiente e Nutrição). 21 Provimento de ambiente adequado: • O ambiente dos animais em cativeiro deve ter condições apropriadas para conforto e bem-estar. Assim, os animais devem ser mantidos em temperatura e umidade apropriadas, com ventilação e iluminação adequadas. Por exemplo, manter animais noturnos sob luz intensa irá causar danos à sua saúde e interferir em seu comportamento natural. • Abrigos cobertos ou externos devem oferecer aos animais em cativeiro algum refúgio de condições ambientais extremas para as quais eles não estão adaptados ou não seriam expostos no meio silvestre, como chuva, temperatura, umidade e luz solar extremas. • Animais silvestres em cativeiro deveriam ser protegidos da presença constante do público. Por exemplo, fornecer a animais que são naturalmente solitários ou reservados um local para escapar da constante apreciação do público em um zoológico, ex: leopardos da neve, rinocerontes Java, etc. Tais abrigos devem ter tamanho suficiente e desenho e construção que permitam que os animais exibam defesa natural, vôo e reações de fuga em situações de medo, como de outros animais que dividam o recinto, das pessoas de fora, etc. • Recintos e quaisquer barreiras devem ser desenhados e construídos de modo a não ferir os animais de nenhuma maneira, por exemplo, não pode haver pontas afiadas, nenhum lugar onde os animais possam cair ou ficar presos, não deve haver plantas ou materiais que possam machucar os animais, etc. • O recinto de um animal deve ser desenhado para oferecer balanço entre higiene suficiente, para prevenir doenças e possível transmissão, e complexidade suficiente, para suprir as necessidades do animal. Assim, o abrigo não deve ser árido ou estéril. Por exemplo, manter os animais em um abrigo de concreto vazio torna fáceis a limpeza e a prevenção de doenças, todavia, leva ao tédio e à frustração. Ao contrário, manter os animais em ambientes que sejam difíceis de limpar poderá resultar em doenças e em parasitas e ferir os animais, o que iria também comprometer seu bem-estar. 22 O fornecimento aos animais silvestres em cativeiro de cuidados com sua saúde em nível apropriado requer: • Observações de rotina e registros da condição, saúde e comportamento de cada animal. Por exemplo, os animais devem ser monitorados para doenças, parasitas, lesões e problemas de comportamento para que esses problemas em potencial possam ser tratados. • O recinto deve ter espaço suficiente e desenho apropriado para evitar causar ferimentos aos animais. Assim, o recinto deve: • Permitir que animais subordinados escapem dos dominantes e prevenir que os subordinados fiquem presos pelos dominantes. • Fornecer recursos suficientes e espaço para que os animais não necessitem competir por comida, água, locais de descanso, etc. e os animais possam se mover livremente e exibir comportamento social natural e dispersão. • O recintos devem proteger os animais silvestres dos predadores: • Protegê-los de ataques (ex., aves terrestres predadas por raposas) • Protegê-los da visão, cheiro e som dos predadores abrigados nas proximidades. • Um recinto deve ser desenhado para proteger animais silvestres em cativeiro do surgimento e disseminação de doenças e parasitas. Por exemplo, deve ser relativamente fácil de limpar e manter e deve ter abrigos onde animais doentes possam ser mantidos em separado, se necessário. • Finalmente, todos os animais silvestres em cativeiro devem estar sob cuidados de médico veterinário treinado adequadamente. Isto pode ser realizado por um médico veterinário funcionário, presente no local em tempo integral (ex.: o caso de muitos zoológicos), ou um que esteja de plantão quando necessário. 23 Expressar comportamento normal: • A fim de que os animais expressem os comportamentos que seriam considerados normais e positivos se fossem animais no meio silvestre, aqueles que cuidam dos animais devem entender em detalhes sobre as necessidades biológicas, comportamentais, de habitat e de criação de cada espécie sob seus cuidados. Podemos separar em 3 categorias: • Necessidades fisiológicas: são os requerimentos espécie-específicos para condições ambientais, comida e água (discutido em slide anterior). • Necessidades psicológicas: referem-se à manutenção dos animais de maneira que vá de encontro e promova seu bem-estar psicológico, permitindo que eles enfrentem a vida em cativeiro de maneira relativamente normal e natural para sua espécie. Por exemplo, promovendo a exibição do maior número possível de comportamentos naturais (pastar, caçar, brincar, etc.), permitindo que eles reajam aos estímulos ambientais de maneira apropriada para sua espécie (ex.: escapar, ameaçar, etc.), mantendo animais em grupos sociais adequados com espécies sociais em grupos sociais compatíveis (ex.: lobos em matilha) e animais solitários não confinados com outros membros de sua espécie (ex. elefantes machos idosos), etc. • Capacidades físicas: referem-se a manter os animais de maneira que atendam a seus requerimentos e capacidades físicas específicas. Por exemplo, fornecer a animais que voam um ambiente com dimensões físicas suficientes para permitir que eles executem o vôo (ex.: pássaros); oferecer a animais que escalam um ambiente que lhes permita praticar a escalada, envolvendo tanto a sua estrutura quanto a colocação de objetos nesse ambiente (ex.: fornecer a primatas árvores, armações de corda, etc.). • Para promover a expressão de comportamento normal em animais que vivem em cativeiro deve-se atender a essas necessidades, o que pode ser conseguido ao recriar, tanto quanto possível, aspectos positivos dos animais em ambiente natural. No entanto, na verdade, a maioria dessas necessidades não são atendidas e muitos animais de zoológico mostram comportamentos anormais que, ou não ocorreriam no meio silvestre (ex.: estereótipos) ou ocorreriam em proporção muito menor que em zoológicos (ex.: agressão). Mesmo os “melhores” zoológicos podem ter problemas com animais que não se adaptam; alguns zoológicos decidiram não mais manter determinadas espécies, tais como elefantes ou ursos polares, posto que esses aparentam não se adaptar à vida em cativeiro. • A exibição de comportamento normal pode ser conseguida basicamente de 2 maneiras: • Mantendo animais em recintos desenhados apropriadamente 24 A forma como são mantidos animais em cativeiro deve protegê-losde níveis anormais de medo e estresse, tanto quanto possível. Isto pode ser conseguido de diversas maneiras: • Os animais somente devem ser cuidados por pessoas que tenham qualificação e/ou experiência apropriadas para trabalhar com cada uma das espécies em cativeiro. • Cuidado, treinamento e trabalho de animais silvestres em cativeiro devem ser feitos de modo a evitar desconforto, estresse ou ferimentos desnecessários. Por exemplo, treinar animais somente deve ser feito utilizando método à base de recompensa, ao invés daqueles “tradicionais”, mais usuais, que envolvem punição (ex.: golpear, surrar). Veja Módulo 26 sobre enriquecimento ambiental, onde há um resumo de como os animais aprendem. • Os animais somente devem ser abrigados em ambientes apropriados para a espécie. O recinto deve, tanto quanto possível, promover sensação de segurança e confiança aos animais que abriga. Por exemplo, abrigar espécies sociais juntas em grupos apropriados; proporcionar aos animais um espaço para fuga quando diante de situações de medo ou estresse (ex.: animais dominantes ou presença de humanos) e prevenir conflitos não resolvidos entre animais abrigados juntos, separando-os ou removendo a fonte do conflito (ex.: abrigar separadamente os machos em idade fértil de algumas espécies durante estação de reprodução; fornecer alimento em diferentes lugares do abrigo para prevenir competição). 25 • Enriquecimento ambiental (veja também Módulo 26) é um dos métodos mais empregados para melhorar a forma como animais em cativeiro são mantidos, de modo que suas necessidades possam ser satisfeitas. Resumidamente, o princípio do enriquecimento ambiental está em “como os ambientes dos animais em cativeiro podem ser alterados para beneficiar seus habitantes”. • Enriquecimento também pode ser mais facilmente entendido em termos de objetivos: • Aumentar freqüência e diversidade de comportamentos naturais positivos. Por exemplo, distribuir alimentos pelo ambiente, ao invés de simplesmente concentrá-lo em um local específico, induz o animal a exibir mais o comportamento natural de pastar. • Diminuir a ocorrência de comportamento anormal ao promover uma gama de comportamentos naturais e, assim, reduzir o tédio e a frustração. Por exemplo, dar aos elefantes material para explorar, assim como uma dieta concentrada que estimula mais comportamentos naturais de alimentação, desse modo reduzindo a apresentação de estereotipias. • Maximizar a utilização do ambiente. Por exemplo, fornecer aos animais que escalam árvores e molduras para escalar, o que permite que utilizem as 3 dimensões de seu ambiente como fariam no meio silvestre. • Aumentar a habilidade do animal para enfrentar os desafios do cativeiro ou do meio silvestre, se reintroduzido. Por exemplo, permitir que animais de zoológico tenham local para fuga da visão do público ou fornecer galhos móveis e poleiros para aves e pequenos primatas que serão reintroduzidos no meio silvestre. • Apesar do enriquecimento ser mais utilizado em zoológicos e para animais de companhia exóticos, outros tipos de animais em cativeiro também têm suas vidas enriquecidas. Por exemplo, permitir que elefantes que carregam toras de madeira possam pastar na selva quando não estão trabalhando. 26 Os tipos de enriquecimento dados aos animais em cativeiro devem depender do motivo para se manter os animais. • Residentes de longo prazo: esses animais possivelmente passarão longos períodos ou toda uma vida em cativeiro (ex.: animais de zoológicos, reprodução em cativeiro, pesquisa ou entretenimento). Eles, freqüentemente, terão alguns requerimentos fundamentais diferentes daqueles animais que serão mantidos em cativeiro por curto período de tempo antes de serem reintroduzidos no ambiente (residentes de curto prazo). • Para os residentes de longo prazo, o enriquecimento deve reproduzir somente as características positivas importantes do ambiente natural que irá melhorar o bem- estar. • Por exemplo, o ambiente deve ter alguma complexidade, proporcionar comportamentos naturais, promover estímulo, abrigar animais de grupos de espécies sociais, etc. Note que o método de enriquecimento não necessariamente deve ser naturalístico, ex.: um formigueiro falso para chimpanzés pode ser preenchido com itens de comida que os chimpanzés possam “pescar”, mas esse não tem que parecer um formigueiro natural, desde que produza a mesma resposta comportamental (veja também Módulo 26). • Adicionalmente, enriquecimento para residentes de longo prazo deve, sempre que possível, excluir características negativas do ambiente natural que possam reduzir o bem-estar desses animais em cativeiro. • Por exemplo, o habitat natural de muitas espécies é um lugar difícil e perigoso, o alimento é bem distribuído, difícil de encontrar e, algumas vezes, há escassez que leva à desnutrição. Condições pobres de bem- estar podem levar a desconforto térmico e físico. Os animais não receberão tratamento para lesões, parasitos e doenças. 27 Para os residentes de curto prazo todas as características importantes do ambiente natural devem ser reproduzidas, quer elas tenham efeitos positivos quer negativos no bem-estar dos animais. • Assim, o ambiente e a vida em cativeiro ainda têm muitos dos aspectos de enriquecimento do ambiente dos residentes de longo prazo. No entanto, também reproduzem algumas das características negativas do habitat natural a fim de aumentar a sobrevivência ao serem reintroduzidos de volta ao meio. Perceba que essas características do ambiente em cativeiro podem reduzir o bem-estar desses animais enquanto ainda em cativeiro. • Por exemplo, expor a extremos climáticos, desconforto térmico, fontes de alimento variadas e dispersas, exposição a alimento sub-tóxico, parasitas, patógenos, predadores e características ambientais que possam alterar (ex.: galhos soltos). No entanto, todos esses extremos não são uma boa idéia quando o animal está doente ou recuperando-se de uma lesão antes de ser solto no ambiente. • Ao criar, no cativeiro, uma representação do ambiente “silvestre” não se deve infringir as leis de proteção a animais em cativeiro, existente em muitos países. 28 Animais silvestres em cativeiro precisam ser capazes de sobreviver quando são reintroduzidos no meio silvestre, quer por reprodução em cativeiro, quer por reabilitação. As habilidades requeridas podem ser classificadas nas seguintes categorias: 1. Orientação – ex.: a habilidade de mergulhar e mover-se com sucesso pelo ambiente. 2. Alimentação e pastoreio – ex.: a habilidade de localizar e consumir quantidades suficientes de alimento e de evitar alimentos que possam causar ferimento, doença ou morte. 3. Obtenção de locais adequados para descansar e dormir – ex.: serem capazes de identificar, localizar e, se necessário, construir um local seguro para descansar e/ou dormir. 4. Interações inter-espécies apropriadas – ex.: reconhecer os animais dos quais podem se aproximar e os quais devem evitar, como predadores. 5. Interações intra-específicas apropriadas – ex.: saber como interagir com diferentes membros do grupo ou espécies em momentos diferentes, como reprodução, conciliação, comportamentos ameaçadores, etc. • Instruções e padrões para reintrodução foram produzidos pela UICN (União Internacional para Conservação da Natureza). As instruções declaram que: O bem-estar dos animais para soltura deve ser de suma importância em todos os estágios. • Destacam que animais nascidos em cativeiro devem ter informações necessárias para que possam viver no meio silvestre através de treinamento em cativeiro. As instruções também recomendam que deve haver uma estratégia de soltura para cada animal. • Centros de reabilitaçãofundamentados devem, direta ou indiretamente, apoiar atividades de monitoramento pós-soltura (ex.: localização via rádio de indivíduos selecionados). O monitoramento pós-soltura auxilia na avaliação da probabilidade de sobrevivência no meio silvestre de animais reabilitados, dando, assim, uma medida do sucesso da reabilitação. Dessa forma, o bem- estar do animal individual também é avaliado. 29 A função dos zoológicos modernos deve ser: • Educar os visitantes sobre o animal que estão observando para desenvolver a apreciação pelo mesmo, esperando-se um melhor entendimento da necessidade de conservação. • Conduzir pesquisas acerca de suas necessidades, tanto em cativeiro (ex.: desenho do zoológico, nutrição, enriquecimento do ambiente e medicina de animais de zoológico) quanto no meio silvestre (ex.: medicina de animais silvestres, comportamento, biologia reprodutiva, etc.). • Promover e contribuir para a conservação de animais silvestres através da reprodução em cativeiro e de programas de reintrodução, educação, pesquisa e arrecadação de fundos. • Além disso, se os zoológicos quiserem entreter as pessoas, isso deve ser feito de maneira apropriada (ex.: demonstrar aspectos naturais surpreendentes de um animal), pois através do entretenimento teremos mais chances de educar aqueles que assistem. Esses são objetivos admiráveis. Mas, e quanto ao bem-estar dos animais que estão sendo utilizados para atingir esses objetivos? Compare essas duas fotos de recintos para ursos em dois zoológicos diferentes. Qual delas tem mais chances de atender aos requisitos das Cinco Liberdades? 30 Apesar dos aspectos positivos dos zoológicos, existem sérias questões com relação ao bem-estar desses animais, pois eles geralmente são mantidos em condições que não atendem às suas necessidades de acordo com as Cinco Liberdades. A foto à esquerda mostra um ambiente bastante infértil, que provê muito pouco para os animais. A foto à direita mostra um ambiente menos estéril, mas que, também, não atende às necessidades físicas e psicológicas do animal. • Comportamento social – ursos não são, em geral, animais gregários; eles vivem sozinhos a maior parte do ano ou juntos com seus filhotes (a foto à esquerda mostra um recinto de ursos no Japão com, pelo menos, 10 indivíduos). • Comportamento de se alimentar e explorar – ursos despendem bastante tempo procurando alimento. Em zoológicos, este comportamento pode ser encorajado ao esconder alimento, pendurá-lo ou congelá-lo em blocos de gelo. • Comportamento de locomoção – pode ser estimulado ao colocá-los em ambiente variado, tridimensional (a foto à direita foi tirada em um zoológico canadense, onde 2 lobos – um se esconde no abrigo – são mantidos em uma jaula medindo 4x4m e, assim, conseguem caminhar somente alguns passos). • Comportamento de descanso – área de descanso protegida, onde os animais podem se esconder do público. • Comportamento de conforto – fornecer instalações que permitam que o animal faça sua higiene, se coce, mastigue, se banhe, etc. 31 Existem questões éticas e de bem-estar em potencial para manter animais silvestres em cativeiro. A maioria dessas questões está relacionada ao ambiente onde muitos são mantidos, o modo como são cuidados e a aparente falta de conhecimento de suas necessidades. A maioria dessas questões relaciona-se à manutenção desses animais em zoológicos (a foto mostra uma ave num zoológico em Bali, Indonésia, acorrentada a uma barra de metal, portanto, incapaz de voar e que, devido à frustração, arrancou suas penas e mutilou sua própria pele). Para questões éticas relacionadas a agropecuária, animais de companhia e de trabalho, veja módulos correspondentes. • Utilizando uma análise de custo-benefício, pode-se argumentar que, apesar do bem-estar de indivíduos mantidos em cativeiro poder estar comprometido (custos), pode haver alguns benefícios para os demais da espécie que vivem em meio silvestre. Esses benefícios são: • Através de pesquisas podemos acumular um melhor entendimento desses animais, que nos permita conservá-los de modo mais efetivo no meio silvestre. • Ao se manter animais em cativeiro, as pessoas podem receber educação sobre os mesmos, o que pode aumentar nossa empatia sobre eles e sua situação difícil no meio silvestre, o que pode ajudar a conservá-los. • Resgatando animais silvestres e mantendo-os em cativeiro e/ou reproduzindo animais silvestres em cativeiro para reintrodução, pode-se aumentar o número de silvestres e contribuir para sua conservação. Para justificar a análise de custo-benefício acima, aqueles que mantêm animais silvestres em cativeiro devem fazê-lo de modo a: • Garantir o maior nível de abrigo e cuidado possível para os animais que mantêm. Isto pode ser conseguido através de pesquisa de projeto do zoológico, nutrição, enriquecimento ambiental e medicina de animais de zoológico. • Promover educação, pesquisa e conservação das espécies que mantêm através da utilização de programas de educação apropriados, atividades de pesquisa e reprodução em cativeiro e programas de soltura. • Essas justificativas se tornaram recomendações por todo o mundo e, em muitos casos, requerimentos através de legislação. Por exemplo, os “padrões para práticas de zoológicos modernos” exposta na Diretoria Européia 1999/22/EC • Assim, não mais se justifica os zoológicos modernos manterem animais unicamente para entreter os visitantes, o que tradicionalmente tem sido sua maior justificativa. Hoje eles devem também trabalhar para educar, pesquisar e conservar essas espécies. Alcançando objetivos? A reintrodução bem sucedida por meio de programas de reprodução em cativeiro tem sido muito lenta, especialmente daqueles animais originados de programas de reprodução em zoológicos. Animais de estabelecimentos de reprodução em cativeiro, onde não têm contato com humanos, têm melhores chances de sobrevivência no meio silvestre. Exemplos de sucesso relativo incluem o mico-leão dourado na Amazônia e o órix na Arábia Saudita e, também, diversas aves de rapina reintroduzidas na Europa e na América do Norte. O papel educacional de alguns zoológicos tem sido questionado, pois alojam animais em ambientes inapropriados, que não promovem o comportamento natural e, em muitos casos, induzem comportamento anormal que não educa apropriada ou adequadamente as pessoas sobre esses animais. Em tais zoológicos, onde os objetivos de pesquisa, conservação / reintrodução e educação não foram alcançados, existe o perigo do público se esquivar dos zoológicos e concluir que manter os animais em zoológicos não pode ser justificado, qualquer que seja o benefício para seus homólogos silvestres. 32 Uma grande variedade de animais silvestres são trazidos para centros de resgate e reabilitação ao redor do mundo porque foram feridos, ficaram órfãos, foram abandonados ou encontrados vagando em áreas de habitação humana. •Manter qualquer animal silvestre em cativeiro (ainda que por um curto período de tempo) pode gerar muitas dificuldades. Isto pode comprometer o bem-estar do animal, ao menos em algum grau, enquanto em cativeiro e, potencialmente, no futuro, quando solto. Assim, a decisão para resgatar e reabilitar somente deve ser tomada se: •Os ferimentos, doença ou estado de saúde geral do animal podem ser tratados, a fim de que o animal tenha uma recuperação completa e não diminua sua chance de sobrevivência. •O animal pode retornar ao habitat original ou a um similar, isto é, o animal pode adaptar-se e sobreviver em um ambiente silvestre semelhante ao que tinha antes do cativeiro. •Existem recursos, conhecimento e instalações suficientes para cuidados com o animal. Isto não aumentará o bem-estar do animal em cativeiro, mas, sim, a chance de sobrevivência à soltura.•Se o animal for de uma espécie ameaçada e não tem condições de retornar ao meio silvestre, então pode ser mantido em um programa de reprodução em cativeiro e sua prole poderá ser reintroduzida no meio silvestre. •Se o animal não se encaixa em nenhum desses critérios, então é preferível que sofra eutanásia de modo humanitário (veja Módulo 20). •Para detalhes sobre a melhoria, tanto do bem-estar quanto da sobrevivência de animais silvestres para reintrodução, veja slide “habilidade de sobrevivência”. A WSPA produziu um DVD sobre a reabilitação do urso preto em que os estágios de desenvolvimento dos filhotes, suas necessidades e subseqüente soltura na América do Norte são discutidos. 33 Uma grande variedade de espécies de animais silvestres são mantidos como “animais de companhia exóticos” em muitos países ao redor do mundo, desde comunidades locais que mantêm animais locais e indígenas (ex.: pequenos primatas e aves na América Latina) aos animais vendidos em grandes pet shops na Europa, EUA e Japão (ex.: muitas espécies de papagaios; veja fotos - acima: papagaios ilegais contrabandeados em caixas; abaixo: papagaios em caixas de plástico inadequadas, vendidos em um mercado na Bielo Rússia). As questões de bem-estar com relação à captura, transporte e venda desses animais são discutidas na sessão “comércio de animais silvestres vivos” no Módulo 24. Aqui, iremos considerar as questões de bem-estar subseqüentes, que eles vivem enquanto em cativeiro com seus donos. • Como os tipos mais comuns de animais de companhia, o bem-estar de animais de companhia exóticos também é afetado pelo modo como são mantidos, cuidados, manejados, etc. No entanto, existe um número de fatores da espécie que podem afetar o bem-estar de animais silvestres pelo fato de não serem domesticados e não serem comumente mantidos em cativeiro. Ainda, seu bem-estar pode estar comprometido se o proprietário de um animal de companhia exótico não estiver ciente de todas as necessidades espécie-específicas. • Animais de companhia exóticos podem sofrer grande estresse e medo devido ao confinamento: muitas espécies exóticas são mantidas em cercados ou gaiolas que não atendem às suas necessidades espécie-específicas, quer para a quantidade, quer para a complexidade de espaço. Por exemplo, papagaios mantidos em gaiolas pequenas demais para se moverem ou voar e que, geralmente, são estéreis porque têm pouco ou nada para ocupá-los (ex. poleiros, brinquedos, companhias, etc.). • A estreita proximidade com humanos e práticas de cuidados rotineiros podem causar mais estresse aos animais exóticos que às espécies domésticas. Isto porque os animais exóticos geralmente não estão habituados à presença humana, manejo, limpeza do abrigo ou da gaiola, tratamento veterinário de rotina etc., o que pode causar medo e estresse consideráveis. • Animais de companhia exóticos alimentados com dietas inapropriadas, tanto em termos nutricionais quanto de variedade. Tais dietas impróprias podem levar ao estresse e à frustração em menos casos onde o animal recebe dieta inapropriada que não atende às suas necessidades (veja slide anterior sobre exibição de comportamento normal). Em casos mais sérios, dietas inapropriadas podem causar dor, estresse e, até mesmo, morte por doença e desnutrição (ex.: desnutrição é considerada a maior causa de morte para papagaios de companhia). Veja Módulo 9 para nutrição e bem-estar. • Animais de companhia exóticos podem constituir ameaça de doença, tanto para humanos quanto para outros animais “domésticos”. Isto pode levar o animal exótico a ser destratado, ferido ou abandonado. Isto levará a um comprometimento considerável de seu bem-estar. 34 Uma grande variedade de animais silvestres são utilizados na criação, tanto em países desenvolvidos quanto em desenvolvimento. • Avestruz, javali selvagem, jacaré, canguru, búfalo, etc. são todos criados na Europa, EUA e Australásia para fornecer carne e outros produtos animais. • Diversas espécies de camelos menores são criadas para carne e lã em muitos países latino-americanos (alpaca, llama, guanaco, etc.). • Diversas espécies de animais com pêlo (ex.: marta, raposa etc.) são criados por todo o mundo pelas suas peles. • Como a maioria dos outros animais de criação, seu bem-estar é influenciado pelo modo como são alojados, cuidados, transportados e abatidos, etc. (veja Módulos 19-21 para mais detalhes sobre bem-estar de animais de criação). No entanto, existe um número de fatores específicos que podem afetar o bem-estar de animais silvestres porque não são domesticados e geralmente não se adaptam ao cativeiro. • Animais silvestres geralmente passam por mais estresse e medo quando expostos à rotina das práticas que são usadas na criação de animais domésticos (ex.: presença de pessoas e outros animais domésticos; confinados em um cercado; movidos ou manejados, etc.). • Alguns dos processos de criação necessitarão ser modificados para atender aos animais silvestres e prevenirem dor considerável, estresse e medo. Por exemplo: método de abate - ex.: abater um avestruz ou jacaré requer equipamento especializado e perícia. 35 Apesar dessa categoria de animais silvestres em cativeiro ser de longe a menor, existe uma gama relativamente menor de espécies mantidas por humanos para trabalho. Estas incluem: • Animais treinados e utilizados para trabalho: ex. elefantes asiáticos que são utilizados na indústria da madeira em toda Ásia (foto no canto superior). • Animais treinados para auxiliar pessoas deficientes em suas atividades diárias, ex. macacos caiarara (veja http://www.helpinghandsmonkeys.org) • Animais treinados para desenvolver atividades que são difíceis ou perigosas para humanos, como golfinhos ou ratos usados para procurar minas, etc. • Animais utilizados para entretenimento, como aqueles nos circos (foto, no canto inferior, de um chimpanzé em um circo russo) e aqueles treinados para atuar em televisão ou filmes (veja Módulo 25). Como a maior parte dos animais de trabalho, o bem-estar do animal silvestre é influenciado pelo modo como os animais são mantidos e cuidados e pelo trabalho ao qual são submetidos (veja Módulo 21). No entanto, existe um número de fatores específicos que pode afetar seu bem-estar porque não são domesticados ou não são comumente mantidos em cativeiro. • Animais de trabalho geralmente passam consideráveis períodos de tempo em grande proximidade com humanos que trabalham, movem, treinam e manejam esses animais, o que pode causar medo e estresse se essas interações forem inapropriadas. Muitos animais de trabalho são colocados em situações que são muito estranhas para eles próprios e assim, se não houver cuidado, pode ser bastante estressante e assustador para eles. • Para muitos animais silvestres de trabalho, algum método de treinamento geralmente é necessário. Se são utilizadas técnicas inapropriadas (treinamento baseado em punição), pode causar dor, medo e estresse consideráveis. • Dada a natureza do trabalho, muitos animais podem ter os movimentos restritos, por serem acorrentados ou aprisionados quando não estão trabalhando, e isto pode coibir a apresentação do comportamento normal. • Nesses animais de trabalho, onde não é feita reprodução em cativeiro, o animal deve ser capturado no meio silvestre, causando medo e estresse consideráveis (veja sessão caça, armadilha e pesca no Módulo 24). Por exemplo, a captura de elefantes selvagens para a indústria de madeira ainda existe apesar de ser ilegal. 36 A legislação que trata de questões de bem-estar que afetam animais silvestres varia mundo afora. Está além do escopo deste módulo listar todas as legislações, todavia, irá listar brevemente as legislações de vários países. Para informações sobre as dificuldades no cumprimento das leis, veja Módulo28. A legislação sobre bem-estar de animais silvestres pode ser separada de acordo com sua aplicação, se relacionada a animais de vida livre ou em cativeiro. Exemplos internacionais: • CITES (1975): A Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas fez acordos para a prevenção do comércio internacional de espécies ameaçadas de extinção. Mais de 150 países membros controlam a importação e a exportação de uma lista de espécies ameaçadas ou em vias de se tornarem ameaçadas (veja Módulo 24). • Convenção Internacional para a Regulamentação da Caça à Baleia (1946): Esta convenção estabelece a Comissão Internacional de Caça à Baleia. O propósito era prover a conservação dos estoques de baleia a nível mundial e, ao mesmo tempo, ordenar o desenvolvimento da indústria da sua caça. • Convenção sobre Espécies Migratórias (CMS): seu propósito é conservar espécies migratórias terrestres, marinhas e aviárias em todo o seu território de migração. É um dos poucos tratados inter-governamentais que se preocupa com a conservação da vida silvestre e seu habitat numa escala global. Desde sua entrada em vigor em 1 de novembro de 1983, o número de membros cresceu até chegar a 80 (a partir de 1 de setembro de 2002) participantes da África, Américas Central e do Sul, Ásia, Europa e Oceania. 37 Exemplos nacionais: • Lei da Biodiversidade da Costa Rica (1998). “Refere-se à conservação da biodiversidade e da utilização sustentável de recursos, assim como a distribuição eqüitativa de benefícios e custos derivados”. • Parques Nacionais e Ato de Vida Silvestre de Malawi (1992). “Este ato foi colocado em prática para consolidar as leis relacionadas aos parque nacionais e manejo de vida silvestre, para estabelecer o Comitê de Pesquisa e Gerenciamento de Vida Silvestre e para prever questões incidentais ou ligadas a essas. • Lei de Proteção da Vida Silvestre da República Popular da China (1989). “Esta Lei é formulada com o propósito de proteger e salvar as espécies de vida silvestre que são raras ou estão beirando a extinção, protegendo, desenvolvendo e utilizando racionalmente os recursos da vida silvestre e mantendo balanços ecológicos”. • Ato de Bem-estar Animal das Filipinas (1998). “Tem o objetivo de proteger e promover o bem-estar de todos os animais nas Filipinas, através de supervisão e regulamentação de estabelecimentos e operações de todos os locais utilizados para criação, manutenção, alojamento, tratamento e treinamento de todo tipo de animal, quer como objetos de comércio ou como animais de companhia. Para o propósito desse Ato, em animais de companhia incluem-se as aves”. • Ato de Bem-estar Animal do RU (2006). “Agrega e moderniza a legislação de bem-estar relacionada a animais de criação ou não, algumas das quais datam de 1911. Entre outras coisas, introduz deveres a proprietários e tratadores com relação a todos os animais vertebrados – não apenas em relação aos animais de criação – para garantir o bem-estar dos animais sob seus cuidados. Significa que, onde necessário, aqueles responsáveis por se fazerem cumprir as leis de bem-estar podem agir se um proprietário não estiver tomando todas as medidas razoáveis para garantir o bem-estar de seu animal, ainda que não esteja sofrendo no momento. • Ato de Bem-estar Animal dos EUA (1966). “Regulamenta o cuidado humano, manejo, tratamento e transporte de alguns animais em laboratórios, fornecedores que vendem animais para laboratórios, aquele que exibe animais, transportadores e intermediários, criadores de cães e gatos, criadores de filhotes, zoológicos, circos, locais em que são guardados animais silvestres em beira de estrada (roadside menagerie) e transportadores de animais”. • Diretriz Européia 1999/22/CE (1999). “Os objetivos dessa Diretriz são de proteção da fauna silvestre e conservação da biodiversidade ao prover a adoção de medidas por Estados Membros para o licenciamento e inspeção de zoológicos na Comunidade, assim reforçando o papel dos zoológicos em conservar a biodiversidade”. 38 Quando consideramos o bem-estar de animais silvestres, estamos focando especificamente questões de bem-estar antropogênicas (isto é, aquelas que se acreditam serem causadas ou influenciadas por ações humanas), porque, nesses tempos modernos, a vasta maioria de questões de bem-estar que afetam animais silvestres são direta ou indiretamente causadas por humanos. •As questões de bem-estar que afetam animais silvestres de vida livre podem ser amplamente classificadas naquelas que dizem respeito a armadilha/caça/pesca, interferência humana no habitat silvestre animal e comércio de animais silvestres vivos. •As questões de bem-estar que afetam animais silvestres em cativeiro relacionam-se ao modo como são abrigados, manejados ou utilizados por humanos. Assim, o bem-estar de animais silvestres em cativeiro pode ser considerado em termos dos princípios gerais que norteiam as Cinco Liberdades, do mesmo modo que animais domésticos cativos. •Apesar das questões de bem-estar que afetam animais silvestres freqüentemente serem consideradas em nível de grupo (ex.: rebanho, cardume, bando etc.) ou de população, o impacto dessas questões deve ser definido e avaliado em termos de animais individuais afetados. •A fim de continuar a melhorar o bem-estar de animais silvestres, tanto de vida livre quanto em cativeiro, as pessoas precisam estar cientes das questões que afetam esses animais, suas causas e como esses problemas podem ser resolvidos. • Quanto aos animais silvestres de vida livre, a vasta maioria das questões de bem- estar são causadas pelo modo como os utilizamos e a seu habitat. A solução global para esses problemas parece ser educação, gerenciamento de recursos base- comunitários, legislação e encontrar alternativas para as atividades humanas que causam essas situações. • Quanto aos animais silvestres em cativeiro, a vasta maioria das questões de bem- estar são causadas pelo modo como são abrigados e cuidados. A solução global para esses problemas parece ser a melhoria dos recintos e do modo como são tratados, utilizados ou treinados por humanos. Os médicos veterinários desempenham um papel importante e precisam de um treinamento maior quanto à saúde e ao bem-estar de animais silvestres para aumentar sua competência ao lidar com várias situações envolvendo esses animais. 39 40 41 42