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"O bem-estar animal se refere ao estado de um animal em relação a suas tentativas de se adaptar ao seu ambiente" (Broom, 1986). "O bem-estar animal pode ser definido como o estado físico e mental positivo de um animal em relação às suas condições de vida, que permite que o animal satisfaça suas necessidades biológicas, sociais e comportamentais" (FAWC, 1992). "O bem-estar animal se refere à qualidade de vida percebida pelos animais em termos de seu estado físico, mental e social, e que reflete a sua habilidade de se adaptar ao ambiente em que vivem" (Fraser et al., 1997). "O bem-estar animal é uma condição mental e física positiva de um animal, que resulta da satisfação de suas necessidades fisiológicas, comportamentais e ambientais" (Duncan e Petherick, 1991). — O bem-estar animal refere-se ao estado físico e mental de um animal, em que suas necessidades básicas são atendidas e ele é capaz de realizar comportamentos naturais e saudáveis. É um conceito importante para garantir a qualidade de vida dos animais em cativeiro e em ambientes controlados, como fazendas, laboratórios e zoológicos. O bem-estar animal é avaliado com base em critérios como nutrição, saúde, comportamento, ambiente e manejo. A promoção do bem-estar animal é uma responsabilidade compartilhada entre os proprietários, cuidadores, veterinários e reguladores, e é fundamental para garantir a saúde e segurança dos seres humanos e dos próprios animais. As Cinco Liberdades compõem um instrumento reconhecido para o diagnóstico de bem-estar animal e abrangem os principais aspectos que influenciam a qualidade de vida do animal. Foram originalmente propostas em 1965 pela Brambell Committee, uma comissão criada no Reino Unido para avaliar as condições de bem-estar dos animais em fazendas. Essas liberdades são amplamente reconhecidas e utilizadas como um guia para promover o bem-estar animal em todo o mundo. - Livre de fome e sede Leva em conta se o animal tem acesso a comida e água na quantidade, qualidade e frequência ideais. O conceito não diz respeito só à fome, mas também se o animal é capaz de se alimentar sempre que tem necessidade, se ele recebe uma dieta adequada às suas condições fisiológicas e se a água oferecida é limpa e fresca, estimulando a hidratação apropriada. O que pode acontecer quando essa liberdade não está presente: Em animais de companhia: desequilíbrio nutricional, obesidade. Em animais de produção: desequilíbrio entre demanda e ingestão de nutrientes, animais muito magros. Em animais selvagens: variedade inadequada de alimentos, obesidade em cativeiro, perda de habitat, no caso de animais de vida livre que não conseguem mais encontrar seus alimentos. - Livre de dor e doença Refere-se às questões de saúde física, como dores, ferimentos e doenças. O que pode acontecer quando essa liberdade não está presente: Em animais de companhia: aumento do risco de transmissão de doenças entre animais e seres humanos. Esse risco diminui quando cães e gatos estão saudáveis e vacinados, contribuindo para o bem-estar único. Em animais de produção: realização de procedimentos invasivos sem anestesia, como castração. Um exemplo da atuação do médico veterinário no controle da dor em animais é por meio de anestesias e analgesias. Em animais selvagens: O impacto da captura e transporte de animais selvagens para o tráfico é grande na saúde dos animais, causando alta taxa de mortalidade. O risco de doenças em seres humanos também é grande na aquisição de animais selvagens para fins de estimação, especialmente aqueles ligados ao tráfico de animais. - Livre de desconforto Também é considerado se o animal é livre de desconforto, isto é, se ele vive em um ambiente com abrigo das intempéries, em temperaturas de conforto para sua espécie, em superfícies adequadas e com acesso a um local adequado para descanso. O que pode acontecer quando essa liberdade não está presente: Em animais de companhia: cães em abandono nas ruas podem estar sem acesso a abrigo – expostos a chuvas, ventos, frio, etc. Outro exemplo são cães amarrados em corrente curta e sem casinha para se abrigar, ou sem superfície macia para deitar. Em animais de produção: animais abrigados em alojamentos com piso de concreto que não proporcionam o conforto adequado para o descanso do animal, por exemplo. Em animais selvagens: animais colocados em recintos pequenos e inadequados, como gaiolas, que não estão em condições adequadas para o bem-estar do animal e ocasionam desconforto. - Livre para expressar seu comportamento natural O animal precisa de espaço adequado e que não restrinja seus comportamentos de alta motivação. É importante estimular os animais, fornecendo ambiente adequado para cada espécie, com recursos e tarefas que permitam que ele execute seus comportamentos naturais. Quando o animal não consegue fazer isso, podem aparecer comportamentos anormais, como andar repetitivamente. O que pode acontecer quando essa liberdade não está presente: Em animais de companhia: no caso de isolamento de cães, por exemplo, isso impede o comportamento social normal, muito importante para a espécie. Em animais de produção: pode aparecer um comportamento anormal dos animais em confinamentos muito restritivos – como por exemplo os suínos que mordem as barras da gaiola. Em animais selvagens: pode ocorrer automutilação, como por exemplo, arrancar as próprias penas. - Livre de medo e estresse Diz que os animais devem ser tratados de modo a evitar que sofram emocionalmente. O sentido desta liberdade é manter os animais livres de sentimentos negativos. O que pode acontecer quando essa liberdade não está presente: Em animais de companhia: pode haver incompatibilidade entre animais, quando por exemplo a família leva um novo gato para casa onde já há gatos. Em animais de produção: o transporte é um momento que pode gerar medo nos animais de produção. Este é um exemplo da importância do papel do médico veterinário e zootecnista na condução dos animais, de forma a evitar medo e estresse. Em animais selvagens: quando há necessidade de manejo de animais selvagens, a probabilidade de medo é alta, pois são animais que não estão adaptados à presença próxima do ser humano. É importante um médico veterinário ou zootecnista com conhecimento para realizar o condicionamento operante dos animais, reduzindo o risco de medo. Uma breve linha do tempo sobre bem-estar animal: 1965: A comissão de Brambell é criada no Reino Unido para avaliar as condições de bem-estar dos animais em fazendas e propõe as cinco liberdades relacionadas ao bem-estar animal. 1970s-1980s: As preocupações com o bem-estar animal se estendem a outros setores, como zoológicos, laboratórios e transporte de animais. 1990s: A União Europeia introduz leis específicas para proteger o bem-estar animal, incluindo diretrizes para aves em gaiolas, suínos em baias e animais em laboratórios. 2000s: A OIE (Organização Mundial de Saúde Animal) adota padrões internacionais para o bem-estar animal e mais países começam a implementar leis e regulamentações específicas para proteger os direitos dos animais. A Declaração de Curitiba é uma declaração do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), aprovada em 2016, que reconhece os animais como seres sencientes e sujeitos de direitos, em vez de meros objetos ou recursos. A declaração de Curitiba representa uma mudança significativa na visão do CFMV sobre o papel dos animais na sociedade e seu relacionamento com os seres humanos. Ao reconhecer que os animais têm a capacidade de sentir e experimentar emoções, dor e sofrimento, a declaração destaca a necessidade de respeitar e proteger seus direitos, bem como de promover seu bem-estar. Entre os principais pontos da Declaração de Curitiba estão: - Reconhecimento dos animais como seres sencientes e sujeitos de direitos; - Compromisso com a promoção do bem-estar animal e prevenção da crueldade; - Adoção de práticas de manejo e produção de alimentos que respeitem as necessidades e comportamentos naturais dosanimais; - Promoção do uso responsável e ético de animais em pesquisas e experimentos; - Adoção de políticas de controle populacional de animais de rua por meio de medidas humanitárias; - Fortalecimento das leis e regulamentações que protegem os direitos dos animais. A Declaração de Curitiba é um marco importante na defesa do bem-estar animal no Brasil, e tem sido amplamente utilizada como uma referência para políticas públicas e regulamentações relacionadas ao uso e proteção dos animais. Além disso, a declaração tem contribuído para a conscientização e sensibilização da sociedade sobre a importância de se respeitar os direitos dos animais e promover um mundo mais justo e compassivo para todas as espécies.
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