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Estrutura e Função de Glicídios (Carboidratos ou Açúcares) As Biomoléculas Ácidos Nucleicos, Glicídios, Lipídios e Proteínas representam uma coleção de moléculas inanimadas, que constituem os organismos vivos e que interagem para manter e perpetuar a vida (animada). As Macromoléculas Biológicas • Proteínas e ácidos nucleicos são as duas macromoléculas informacionais. Cada proteína e cada ácido nucleico têm uma sequência de subunidades característica e rica em informação. • Por outro lado, os carboidratos construídos apenas com uma ou duas unidades diferentes e alternadas não são moléculas informacionais. • Entretanto, um polissacarídeo complexo feito de seis ou mais tipos diferentes de açúcares, ligados em cadeias ramificadas, pode transportar informações reconhecíveis por outras macromoléculas. Os Glicídios • Glicídios ou carboidratos ou sacarídeos ou oses. • Sacarídeo – do latim saccharum, que significa doce. • Glicídio – do grego glykys = doce. • Nem todo açúcar é doce e de modo semelhante, existem substâncias muito doces que não são açúcares, como a sacarina e alguns aminoácidos (glicina). A sacarina e o dipeptídeo aspartil-fenilalanina (aspartame), são muito mais doces que a sacarose (200 a 300 vezes). Carboidrato – fórmula geral (CH2O)n, que aparenta ser constituído de carbono + água, um hidrato de carbono. Funções dos Glicídios • Fonte e reserva energética, intermediários metabólicos (amido, glicogênio, ATP) • Função estrutural: As oses ribose e desoxirribose formam parte do arcabouço estrutural do RNA e DNA; Nos exoesqueletos dos artrópodes (quitina). Celulose da parede celular de vegetais. Funções dos Glicídios Superfície da célula - Interações moleculares entre ligantes e receptores mediando comunicação célula-matriz e célula-célula. Definição de Carboidratos Os carboidratos são definidos, quimicamente, como: polihidroxicetonas (cetoses) ou polihidroxialdeídos (aldoses) São compostos orgânicos com, pelo menos, três carbonos,onde todos os carbonos possuem uma hidroxila, com exceção de um, que possui a carbonila primária (grupamento aldeídico) ou a carbonila secundária (grupamento cetônico). carbonila primária carbonila secundária 1 centro assimétrico (carbono quiral) 2 esteroisômeros Os Monossacarídeos A forma mais simples de um carboidrato (glicose, frutose, galactose e manose) Classificação quanto ao n° de átomos de carbono: Trioses (3C) Tetroses (4C) Pentoses (5C) Hexoses (6C) + abundantes Heptoses (7C) O centro quiral mais distante do grupo carbonila determina se é uma D ou L-triose, tetrose, pentose, hexose,... Os Monossacarídeos D-galactose D-glicose D-frutose grupamento aldeído centro assimétrico D-Aldoses contendo três, quatro, cinco e seis átomos de carbono. variações tetrose pentose hexose triose Quanto mais carbonos, mais isômeros D-Manose D-Glicose D-Galactose epímero em C-2 epímero em C-4 Epímeros Quando os açúcares diferem apenas pela configuração em torno de um átomo de carbono, eles são denominados epímeros um do outro. Formação de estruturas cíclicas Em soluções aquosas, todos os monossacarídeos com 5 ou mais átomos de carbono ocorrem predominantemente como estruturas cíclicas, onde o grupamento carbonila forma uma ligação covalente com o oxigênio de um grupamento hidroxila. Anômeros α e β O grupamento cetônico (aldeído) em C-2 (C-1) na forma em cadeia aberta da frutose pode reagir com a hidroxila em C-5, formando um hemicetal (hemiacetal) intramolecular. Novo centro de assimetria é criado: dois anômeros (isômeros que diferem no carbono hemicetálico) são possíveis - α e β C-2 α - hidroxila projetada abaixo do plano do anel < 1% furano pirano Anômeros α e β -D-Glicopiranose -D-Glicopiranose Carbono anomérico (C da carbonila, na forma cíclica) Açúcares cíclicos possuem duas formas anoméricas Os anômeros alfa e beta se interconvertem livremente em soluções aquosas. As pentoses, como a D-ribose e a D- desoxirribose, formam anéis de furanose -D–desoxi-ribofuranose Coenzima A ATP -D-ribofuranose Açúcares Modificados Nos aminoaçúcares, um grupo hidroxila (normalmente em C2) é substituído por um grupo amino. Formam carboidratos complexos associados a lipídios e proteínas. Eles podem ser ainda acetilados Açúcar fosfato Desoxi-açúcares (H no local de OH) Dissacarídeos Produto da condensação de duas unidades monossacarídicas Todos os monossacarídeos e dissacarídeos têm o sufixo "ose". Sacarose, lactose e maltose são componentes comuns da dieta. maltose glicose + glicose sacarose glicose + frutose lactose glicose + galactose Oligossacarídeos: Formados pela união de 2 a 10 unidades monossacarídicas A Ligação Glicosídica ocorre entre o carbono anomérico de um monossacarídeo e qualquer outro carbono do monossacarídeo seguinte, através de suas hidroxilas e com a saída de uma molécula de água. Ligações O-Glicosídicas Duas moléculas de glicose unidas por ligação glicosídica -1,4. maltose glicose- 14 glicose Ligações O-Glicosídicas Celobiose (-1,4) Maltose (-1,4) Quando as ligações são formadas, o produto será de dois tipos: alfa ligado ou beta ligado, gerando compostos diferentes. O nosso organismo consegue hidrolisar maltose, mas não consegue hidrolisar a celobiose. Os Polissacarídeos Polissacarídeos: Constituídos pela união de mais de 10 unidades monossacarídicas ramificado não-ramificado •Amido Reserva •Glicogênio •Celulose Estruturais •Quitina Homopolissacarídeo - não-ramificado Peptideoglicanos, glicosaminoglicanos, glicoproteínas, glicolipídios Heteropolissacarídeo - múltiplos monômeros - ramificado Glicogênio e Amido ligação -1,4 entre duas unidades de glicose ligação -1,6 entre duas unidades de glicose grânulos de amido As ligações -1,4 favorecem cadeias curvas, que são mais adequadas para o propósito de reserva. Ligações glicosídicas determinam a estrutura do polissacarídeo As ligações -1,4 favorecem cadeias retas, que são ótimas para fins estruturais. A celulose é o composto orgânico mais abundante da biosfera Nossas amilases têm atividade Glicosaminoglicanos (GAGs) repetições de unidades de dissacarídeos - Apresenta um carboxilato ou sulfato com carga negativa. - Presentes na superfície celular e matriz extracelular dos animais. Condroitin sulfatos – sítios de calcificação dos ossos, sendo encontrado também em cartilagens matriz extracelular Proteoglicanos Grupo de glicoconjugados formados por uma porção proteica e uma porção polissacarídica não ramificada (glicosaminoglicanos). Glicoproteína x Proteoglicano Os glicídios são unidos ao átomo de oxigênio da cadeia lateral de serina ou treonina por ligações O-glicosídicas. Ou ao átomo de nitrogênio da cadeia lateral da asparagina por ligações N-glicosídicas. Proteína + GAGs Proteína + unidades glicídicas complexas proteínas integrais de membrana, proteínas da matriz extracelular e proteínas do sangue. Proteoglicano Glicoproteína Síntese de glicanos - Glicosiltransferases enzimas catalisam a formação das ligações glicosídicas - RE e GolgiLectinas são proteínas específicas que reconhecem carboidratos Lectinas são encontradas em animais, plantas e micro-organismos. São capazes de ligar carboidratos com alta afinidade e especificidade. Helicobacter pylori possui uma lectina que reconhece um oligossacarídeo específico presente nas células da mucosa gástrica. Este reconhecimento promove a adesão da bactéria à mucosa. Possibilidade de tratamento.... - Fornece indicadores de doenças que podem ser usados para diagnóstico e para o monitoramento da eficácia de drogas. - A detecção do câncer em estágios iniciais, que podem ser tratados com cirurgia, é bastante difícil. - Glicoproteínas produzidas pela célula cancerígena apresentam estrutura de açúcares alterada. Análise de Açúcares Biomarcadores para câncer de ovário Indivíduos sem câncer Indivíduos com câncer - No câncer, algumas glicoproteínas são perdidas das células cancerígenas e encontradas no sobrenadante de culturas de células. - Essas glicoproteínas também podem ser encontradas no soro de pacientes. - Pelo menos 15 marcadores já foram encontrados nos pacientes. Carboidratos modificados por fluoróforo - Diagnóstico de provável DA é feito de acordo com critérios de diagnóstico clínico baseados principalmente na exclusão de outras doenças. - 48% dos diagnósticos de possível DA apresentam especificidade, que revela a sobreposição do perfil clínico entre essa e outras doenças. - Um diagnóstico definitivo só pode ser feito após a morte do paciente. - Nos pacientes com DA, alguns açúcares parecem estar bastante diminuídos. Alteração dos açúcares de pacientes com Doença de Alzheimer O exemplo mais bem estudado de interação GAG-proteína é a ligação de Antitrombina com Heparina. Essa interação apresenta grande interesse farmacológico, pois Heparina é usada clinicamente como anticoagulante. A ligação promove dois efeitos: primeiramente causa uma mudança conformacional na proteína, levando à ativação, e em seguida a cadeia de Heparina atua como uma ponte, aumentando a aproximação entre Trombina e Antitrombina. Heparina como anticoagulante Papel de carboidratos na interação celular: FERTILIZAÇÃO - Na fertilização, o mecanismo de reconhecimento entre óvulo e espermatozóide envolve a interação entre proteína e carboidrato. - Equinodermas são excelentes modelos para se investigar eventos moleculares relacionados a fertilização e os mecanismos de especiação. - O espermatozóide deve encontrar e interagir com um óvulo homólogo. Embora diferentes ouriços-do-mar habitem a mesma região, os óvulos são fertilizados pelo espermatozóide homólogo! MAS COMO EVITAR A FERTILIZAÇÃO CRUZADA? Interação celular Interação celular Reação acrossômica A matriz gelatinosa que recobre o óvulo de ouriços-do-mar é composta por uma mistura de polissacarídeos sulfatados e peptídeos. Proteínas na membrana plasmática do espermatozóide interagem com o polissacarídeo da matriz. A membrana do acrossomo se funde com a membrana plasmática – exposição da bindina (azul). O espermatozoide pode ancorar ao óvulo e fundir suas membranas. Interação celular Int. J. Dev. Biol. 52: 551-559 (2008) O “lado negro” dos carboidratos GAGs e Doenças Neurodegenerativas - Diversas evidências vêm relacionando Heparan Sulfato/Heparina ao metabolismo da proteína Prion: * HS acumula em placas amilóides cerebrais causadas por prion. (Snow et al.,1990); * A conversão de PrPC em PrPSc é estimulada por HS solúvel (Wong et al., 2001). Formação de PrPSc em associação com GAGs Nature Reviews Drug Discovery, 2004 Diversidade e Complexidade dos Glicídios A diversidade e a complexidade das unidades glicídicas das glicoproteínas sugerem que elas sejam ricas em informação e funcionalmente importantes. Exemplo: clivagem de açúcares de glicoproteína pode servir como um sinal para que células hepáticas removam a proteína da corrente sanguínea. Os glicoconjugados são alvo de microorganismos e vírus, regulam a adesão celular e o desenvolvimento, regulam diversas interações receptor:ligante, controlam o tráfego de moléculas e organelas, regulam vias de sinalização e a expressão gênica, e por isso é tão importante estudá-los. Importância dos Açúcares – Não esqueçam!!!!
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