Buscar

Coisas Ditas - Bourdieu [Resenha]

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Universidade Federal Fluminense – UFF
Polo Universitário de Rio das Ostras – PURO.
Produção Cultural. Estética e Cultura I. Dil Fonseca.
Luma Aleixo Coelho
BORDIEU, Pierre. “Espaço Social e Poder Simbólico” in. Coisas Ditas – São Paulo: Brasiliense, 
2004
Espaço Social e poder simbólico
Pierre Félix Bourdieu (Denguin, França, 1 de agosto de 1930 — Paris, França, 23 de janeiro de 2002) foi um
sociólogo francês. De origem campesina, filósofo de formação, foi docente na École de Sociologie du Collège de
France. Desenvolveu, ao longo de sua vida, diversos trabalhos abordando a questão da dominação e é um dos
autores mais lidos, em todo o mundo, nos campos da antropologia e sociologia, cuja contribuição alcança as mais
variadas áreas do conhecimento humano, discutindo em sua obra temas como educação, cultura, literatura, arte,
mídia, lingüística e política. (Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Pierre_Bourdieu) 
Bordieu inicia o capítulo fazendo a definição de seu trabalho. Declarando-se construtivista
estruturalista e fazendo a distinção entre as duas coisas baseando seus argumentos nas correntes de
pensamento de Ferdinand Saussure, que vê a linguagem como um sistema de linguística estrutural
fixa e Claude Lévi-Strauss, que analisou os fenômenos culturais, como por exemplo os mitos, para
conhecer o mundo, percebendo que uma estrutura de mitos que regem o mundo social. “Por
estruturalismo, quero dizer que existem, no próprio mundo social e não apenas nos sistemas
simbólicos – linguagem, mito e etc. -, estruturas objetivas e independentes da consciência e da
vontade dos agentes, as quais são capazes de orientar ou coagir suas práticas e representações. Por
construtivismo, queri dizer que há, de um lado, uma gênese social dos esquemas e percepção,
pensamento e ação que são constitutivos do que chamo de habitus e, de outro, das estruturas sociais,
em particular do que chamo de campos e grupos, e particular do que se costuma chamar de classes
sociais.” (BORDIEU p.149) Sendo assim, o estruturalismo consiste em explicar o real não apenas a
partir dos seus elementos mas sobretudo a partir da sua estrutura e o construtivismo como hábitos,
estruturas formadas.
Por ciência social, Pierre Bordieu destaca que há duas perspectivas incompatíveis: o
objetivismos e o subjetivismo, que por um lado “trata os fatos sociais como coisas” (DURKHEIM),
deixando de lado objetos de conhecimentos na existência social, ou seja, a realidade social existe
além da consciência, não é algo criado pelo pensamento do outro, mas estabelecidos pela natureza
da realidade, para serem descobertos pelo ser humano, sendo assim, vê a ciência social vê outro
apenas como objeto interesse racional; de outro lado apreende a realidade social baseado em
pensamentos construídos pelo próprio cientista social, isto é, procura ver aquilo que o outro
enxerga, levando em conta sua opinião, sua cultura, modo de pensar que leva em conta os aspectos
subjetivos daquilo que é estudado, baseando seu conhecimento em construção das construções. “De
um lado, as estruturas objetivas que o sociólogo constrói no momento objetivista, descartando as
representações subjetivistas dos agentes, são o fundamento das representações subjetivas e
constituem as coações estruturais que pesam nas interações; mas, de outro lado, essa representações
também devem ser retidas , sobretudo se quisermos explicar as lutas cotidianas, individuais ou
coletivas, que visam transformar ou conservar essas estruturas.” Isso significa que os dois
momentos, objetivista e subjetivista, possuem um estrutura, mesmo em posições diferentes dentro
da realidade social.
No texto, Bordieu discute três produções simbólicas (moral, arte, religião, ciência, língua, etc)
que toma os sistemas simbólicos como estruturas estruturantes, estruturas estruturadas e como
denominação ideológica, fundamentas em Durkheim, Lévi-Strauss e Marx.
Bordieu destaca que “a percepção do mundo social é produto de uma dupla estruturação: do
lado objetivo, ela é socialmente estruturada porque as propriedades atribuídas aos agentes e
instituições apresentam-se em combinações com probabilidades muito desiguais. (BORDIEU,
p.160)” Assim sendo, pessoas que pertencem a uma classe social mais favorecida, que possui um
capital de cultura, têm mais possibilidade de serem vistos em museus do que aqueles que são
desprovidos desse capital. “Do lado subjetivo, ela é estruturada porque os esquemas de percepção e
apreciação, em especial os que estão inscritos na linguagem, exprimem o estados das relações de
poder simbólico: penso, por exemplo, nos pares de adjetivos: pesado/leve, brilhante/apagado, etc.,
que estruturam o juízo de gosto nos mais diferentes domínios.(BORDIEU, p.161)” 
O autor faz distinção e separação entre o objetivismo e o subjetivismo, denominando-o como
habitus, que é “ao mesmo tempo um sistema de esquemas de produção de práticas e um sistema de
esquemas de percepção e apreciação das práticas.” Sendo assim, cada um possui um hábito a partir
da percepção do mundo social – fenomenologia social, a maneira como a sociedade é percebida.
Para Bordieu, o habitus implica não apenas um sentido de alguém no espaço, mas também o sentido
pelo outro no espaço. Isso faz com que nada classifique mais uma pessoa do que suas classificações,
juízo do gosto. Através do habitus, temos um mundo social evidente.
Bordieu, para entender a realidade, analisa a realidade social através da produção e
apropriação de sistemas simbólicos ou culturais, que define-se como hierarquia social, posições
dentro da estrutura social. As produções simbólicas na reprodução das estruturas de denominação
social são geradas e classificadas e causam disputa de posições no campo da realidade social. De
acordo com o autor, “essas lutas simbólicas, tanto as lutas individuais da existência cotidiana como
as lutas coletivas e organizadas da vida política, têm uma lógica específica, que lhes confere uma
autonomia real em relação às estruturas em que estão enraizadas. (BORDIEU, p.163)” Sendo assim,
não adianta possuir um capital econômico ou cultural se não estiver dentro de um espaço social. A
ordem simbólica social se constitui na classificação objetiva: os detentores de um sólido capital
(cultural/econômico), aqueles que são conhecidos e reconhecidos, estabelecem e garantem
oficialmente os postos, impondo-se sobre a outra cultura, definindo a lei, o bem e Deus, um
arbitrário cultural dominante. 
Fundamentado em Kafka e Weber, Pierre Bordieu aponta o monopólio de violência simbólica
detida pelo Estado, sendo o detentor das nominações oficiais que têm valor universal, certificados,
títulos, nomeação, certidões, detentor da violência e das lutas simbólicas de todos e contra todos, só
o Estado pune, definindo assim, uma visão unilateral da perspectiva universal.
“Para mudar o mundo, é preciso mudar as maneiras de fazer mundo, isto é, a visão do mundo
e as operações práticas pelas quais os grupos são produzidos e reproduzidos (BORDIEU, p.166)”
De acordo com o autor mesmo que mude o Estado, as lutas simbólicas irá continuar, pois as pessoas
precisariam mudar seus modos e essa seria uma mudança difícil, pois a violência simbólica está
inserida na sociedade, se tornou um hábito.

Continue navegando