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03 - UNIDADE III - COMISSÃO

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UNIDADE III - DA COMISSÃO
3.1. ORIGEM HISTÓRICA
Embora os estudos apontem para o fato de que a comissão teria sido impulsionada na metade do século XVI, para atender às necessidades do comércio com países longínquos, na Idade Média já era ela utilizada sob a denominação de “contrato de commenda”, para contornar certos inconvenientes do mandato, no comércio entre pessoas de praças diferentes.
A comissão permitia ao comerciante encarregar terceiro da incumbência de praticar atos de comércio e celebrar negócios, em seu benefício, porém em nome do próprio comissário, sem se valer do mandato. 
Em suma, possibilitava ela ao comitente as vantagens do mandato, sem os inconvenientes da representação. 
BENEFÍCIOS DA COMISSÃO:
Redução de custos e despesas para o comitente, 
Desfrutar do crédito do comerciante local, ou seja, do comissário, 
Afastar as dificuldades para a obtenção de informações sobre idoneidade de pessoas e sobre hábitos locais
Contornar, em alguns casos, as regras proibitivas da mercancia por estrangeiros.
Observa Humberto Theodoro Júnior que a comissão desempenhou, no Brasil, papel relevante no comércio cafeeiro, bem como nos negócios de vendas de automóveis de passeio ou de transporte de cargas, de máquinas agrícolas, de aparelhos de uso doméstico, quando os recursos financeiros dos comerciantes não eram ainda suficientes ao pleno desenvolvimento dos negócios mercantis. 
Registra ainda o emérito jurista mineiro que, apesar de ter diminuido a sua incidência, comissão não caiu em completo desuso, sendo utilizada hodiernamente nos seguintes comércios: 
Bancas de revistas e jornais e de vendas ambulantes de cosméticos e de utilidades do lar, 
Comércio de veículos usados e de produtos agrícolas, entre outros, 
Algumas indústrias do setor da moda estão experimentando o sistema de comissão para otimizar a produção em larga escala, difundir a marca e incrementar as vendas. 
3.2. CONCEITO 
Pelo contrato de comissão um dos contraentes, denominado comissário, obriga-se a realizar negócios em favor do outro, intitulado comitente, segundo instruções deste, porém em nome daquele. 
Contrato de comissão, portanto, é aquele pelo qual uma pessoa, denominada comitente, encarrega a outra, intitulado comissário, de adquirir ou vender bens móveis, mediante remuneração, agindo esta em nome próprio e obrigando-se para com terceiros com quem contrata, mas por conta daquela.
O comissário obriga-se, portanto, perante terceiros em seu próprio nome, figurando no contrato como parte. 
No contrato de comissão, em geral, não consta o nome do comitente, porque o comissário age em nome próprio. Nada impede, contudo, que venha a constar, por conveniência de melhor divulgação do produto e incrementação dos negócios.
►Segundo o art. 693 do novo diploma, é contrato de comissão o que “tem por objeto a aquisição ou a venda de bens pelo comissário, em seu próprio nome, à conta do comitente”. 
Como regra geral, o mandatário age em nome do mandante, representando-o, o que não ocorre no contrato de comissão. Neste, há outorga de poderes sem representação.
Para muitos autores a comissão é modalidade de mandato. 
No Código Civil de 2002 o contrato de comissão é tipo contratual autônomo, que se rege por normas próprias, peculiares e distintas do mandato.
3.3 - O OBJETO DO CONTRATO DE COMISSÃO 
“é a compra ou venda de bens por conta de outrem”, muito embora as pessoas com quem trata o comissário não conheçam o comitente.
Embora o art. 693 apenas mencione que o aludido contrato tem por objeto “a aquisição ou a venda de bens pelo comissário”, sem distinguir entre bens móveis e imóveis, o sistema jurídico de transmissão da propriedade vigente no Brasil permite afirmar que “só se tornam passíveis de alienação por atuação do comissário os bens móveis, jamais os imóveis”, pois em relação a estes não haveria utilidade econômica ou jurídica, uma vez que “não se poderia manter sigilo sobre o comitente proprietário do imóvel, nem se prescindir de sua intervenção direta ou mediante procurador no ato da outorga da escritura definitiva”.
3.4 – CARACTERÍSTICAS
Denomina-se comitente a parte que encarrega outra pessoa de comprar ou vender bens móveis segundo as suas instruções e no seu interesse. Comissário é a outra parte, a que realiza os negócios.
►►Comitente e comissário podem ser tanta pessoa física como jurídica.
A) BILATERAL OU SINALAGMÁTICO, uma vez que gera obrigações para o comitente e o comissário: este tem de realizar a alienação ou aquisição a que se obrigou, e aquele tem de prestar-lhe a remuneração ajustada.
B) CONSENSUAL, porque se aperfeiçoa com o acordo de vontades, independentemente da entrega do objeto e de qualquer solenidade especial.
C) ONEROSO, pois ambos os contratantes obtêm proveito, tendo o comissário direito à contraprestação ou comissão pelos serviços prestados.
D) COMUTATIVO, tendo em vista que as obrigações recíprocas são certas e conhecidas das partes. Se uma delas não cumpre a que assumiu, a outra pode deixar de executar a sua invocando a exceptio non adimpleti contractus.
E) NÃO SOLENE, visto que não está adstrito a forma prescrita em lei, podendo ser celebrado verbalmente e provado por todos os meios de prova permitidos em direito, inclusive por verificação dos livros mercantis do comissário.
F) INTUITU PERSONAE, por ser celebrado em consideração à pessoa do comissário, levando-se em conta as suas qualidades específicas e profissionais, como competência e honestidade, que a credenciam à realização do negócio.
3.5. REMUNERAÇÃO DO COMISSÁRIO
A comissão costuma ser convencionada pelas partes em porcentagem sobre os valores das vendas ou de outros negócios. 
Não estipulada, “será ela arbitrada segundo os usos correntes no lugar” (CC, art. 701).
É devida a retribuição desde o momento da conclusão do negócio. 
Se o cumprimento do encargo foi apenas parcial, o comissário fará jus à remuneração proporcional aos atos praticados, bem como ao reembolso das importâncias despendidas em razão do trabalho realizado.
Em caso de morte do comissário, ou quando, por motivo de força maior, não puder concluir o negócio, “será devida pelo comitente uma remuneração proporcional aos trabalhos realizados” (CC, art. 702). 
Ainda que tenha dado motivo à dispensa, terá o comissário direito a ser “remunerado pelos serviços úteis prestados ao comitente, ressalvado a este o direito de exigir daquele os prejuízos sofridos” (CC, art. 703). 
Se o comissário for despedido sem justa causa, terá direito a ser “remunerado pelos trabalhos prestados, bem como a ser ressarcido pelas perdas e danos resultantes de sua dispensa” (CC, art. 705). 
Como sucede no caso do mandato, o comissário também faz jus à retenção dos bens adquiridos para o comitente, a fim de assegurar o reembolso das despesas efetuadas para realizar o negócio convencionado, bem como o recebimento da remuneração ajustada e eventuais juros. 
Preceitua o art. 708 do Código Civil: “Para reembolso das despesas feitas, bem como para recebimento das comissões devidas, tem o comissário direito de retenção sobre os bens e valores em seu poder em virtude da comissão”.
3.6 – FIGURAS INTERVENIENTES:
Apesar das semelhanças, a comissão não se confunde com o mandato, vejamos:
No mandato, o mandatário age sempre em nome do mandante, e, portanto, este é conhecido, ao passo que na comissão o comissário age sempre em seu próprio nome, sendo o comitente desconhecido; 
b) a comissão tem sempre por objeto negócios determinados, ao passo que o mandato pode versar sobre atos que, apesar de concernentes a um certo fim, ficam sujeitos à deliberação e arbítrio do mandatário; 
c) o mandatário não integra o contrato, limitando-se a atuar segundo as ordens do mandante, enquanto o comissário age em seu próprio nome e integra o contrato como parte contratante; 
d) o comissário não é obrigado a declarar o nome do comitente e, ainda que o faça, não poderá inseri-lo como parte do contrato, ao passo que o mandatário não age em nomepróprio e, por isso, o terceiro que com ele contrata sabe que ele está a agir em nome de determinado mandante, seu representado, que se responsabilizará pelos atos praticados em seu nome, não sendo possível ocultá-lo.
O contrato de comissão distingue-se também do contrato de agência ou representação comercial, embora ambos tenham igual objetivo mercadológico. 
Na agência o agente não realiza o negócio, mas limita-se aos atos preparatórios que lhe foram incumbidos. 
O agente promove ele a negociação, que no entanto será concluída e consumada diretamente entre o preponente e o cliente angariado pelo agente. 
A função do agente é exercida no terreno da captação e manutenção da clientela para o fornecedor. O agente não é, em regra, nem mandatário nem comissário.
Como exemplos de pessoas que exercem essas atividades podem ser citados os agentes de seguros e de atividades artísticas.
A comissão difere também da corretagem ou mediação, 
pois o corretor não passa de um intermediário, que aproxima as pessoas. A sua missão é obter resultado útil de determinado negócio. A mediação é exaurida com a conclusão do negócio entre um terceiro e o comitente, graças à atividade do corretor. A obrigação por este assumida é de resultado.
Somente fará jus à comissão se a aproximação entre o comitente e o terceiro resultar na efetivação do negócio. 
O corretor não celebra contrato e, por conseguinte, não figura na negociação como parte e não assume o risco do negócio, que não é seu, ao passo que o comissário age como se fosse o dono do negócio, constituindo uma das partes da operação negocial.
É grande a semelhança entre o contrato de comissão e o contrato estimatório,
pois ambos destinam-se à venda de bens por negociação de outrem, em nome próprio. 
O consignatário recebe o bem com a finalidade de vendê-lo a terceiro, segundo estimação feita pelo consignante, podendo optar por ficar com o objeto para si, pagando o preço fixado. 
Se preferir vendê-lo, auferirá lucro no sobre preço que obtiver. Sua vantagem econômica será alcançada pelo lucro eventualmente obtido na venda das mercadorias a terceiro, pois o consignante não o remunera. 
No contrato de comissão não há a aludida opção, nem o comissário se propõe a comprar as mercadorias, que ficam apenas em seu poder para procurar um terceiro que possa adquiri-las, sendo remunerado por essa atividade, calculada a retribuição sobre o preço que o produto da venda vier alcançar.
3.7. DIREITOS E OBRIGAÇÕES DO COMISSÁRIO
O comissário tem a obrigação de concluir o negócio, agindo de conformidade com as ordens e instruções recebidas do comitente. 
Prescreve o art. 695 do Código Civil que “o comissário é obrigado a agir de conformidade com as ordens e instruções do comitente, devendo, na falta destas, não podendo pedi-las a tempo, proceder segundo os usos em casos semelhantes”. 
Embora deva realizar o negócio em seu próprio nome, não tem plena liberdade, pois lhe cumpre observar as instruções ou ordens recebidas.
Se o comissário se afastar das instruções recebidas responderá pelos danos causados perante o comitente e também perante terceiros. 
Esse princípio é ínsito à natureza do contrato e ressalta do disposto no parágrafo único do art. 696:
 “Responderá o comissário, salvo motivo de força maior, por qualquer prejuízo que, por ação ou omissão, ocasionar ao comitente”.
Todavia art. 695, parágrafo único prescreve:
 “ter-se-ão por justificados os atos do comissário, se deles houver resultado vantagem para o comitente, e ainda no caso em que, não admitindo demora a realização do negócio, o comissário agiu de acordo com os usos”. 
Cabe ao juiz averiguar se dos atos do comissário resultou vantagem para o comitente e, em caso negativo, se a solução não admitia demora e se se comportou ele de acordo com os usos locais.
Dispõe ainda o art. 696 do Código Civil que, 
“no desempenho das suas incumbências o comissário é obrigado a agir com cuidado e diligência, não só para evitar qualquer prejuízo ao comitente, mas ainda para lhe proporcionar o lucro que razoavelmente se podia esperar do negócio”.
►É, ainda, obrigação do comissário realizar o negócio do qual foi incumbido com o desvelo com que cuida das suas próprias coisas, buscando obter as vantagens que dele razoavelmente se espera, consubstanciadas no lucro. 
O dever de impedir prejuízo ao comitente e de assegurar-lhe os lucros que se pode esperar do negócio, imposto ao comissário, revela a preocupação do legislador com o aspecto do resultado útil que deve orientar a conduta deste. 
Somente a força maior poderá afastar a responsabilidade do comissário, como estabelece o parágrafo único do mencionado art. 696 do Código Civil.
A venda de mercadoria por preço inferior ao estipulado nas instruções do comitente, ou ao da praça ou mercado onde o negócio se realiza, por exemplo, impõe ao comissário a obrigação de repor a diferença.
Não é obrigação do comissário responder pela solvência:
 “o comissário não responde pela insolvência das pessoas com quem tratar, exceto em caso de culpa” e “se do contrato constar a cláusula del credere” (CC, arts. 697 e 698). 
Responde o comissário se, ao tempo da conclusão do negócio, a insolvência do terceiro era notória, ou se, vencida a dívida, não se empenhou para haver o pagamento, sobrevindo a insolvência do devedor.
Se não houver instrução diversa do comitente, 
“presume-se o comissário autorizado a conceder dilação do prazo para pagamento, na conformidade dos usos do lugar onde se realizar o negócio” (CC, art. 699). 
Compete ao comissário, agindo em nome próprio, decidir o que é mais conveniente, toda vez que o contrato se mostrar incompleto ou omisso, tomando as providências necessárias para o bom desempenho do encargo, se as instruções tardarem a chegar, forem insuficientes ou inexistentes, e, inclusive, se razões de mercado recomendarem, conceder dilação do prazo para o pagamento, salvo se houver instrução contrária do comitente.
A concessão de prazo é, muitas vezes, necessária para o sucesso das vendas. 
Se as regras ditadas pelo mercado indicarem esse caminho como condição para a consecução de um bom negócio, e inexistir instrução prévia proibitiva do comitente, militará em favor do comissário a presunção legal de autorização, na conformidade dos usos locais. 
Deve, no entanto, se tal acontecer, comunicar o fato imediatamente ao comitente, para que este possa se posicionar, até mesmo quanto à hipótese de haver necessidade de concessão de nova dilação temporal do pagamento.
As consequências do descumprimento das instruções imperativas do comitente vêm especificadas no art. 700 do Código Civil:
 “Se houver instruções do comitente proibindo prorrogação de prazos para pagamento, ou se esta não for conforme os usos locais, poderá o comitente exigir que o comissário pague incontinenti ou responda pelas consequências da dilação concedida, procedendo-se de igual modo se o comissário não der ciência ao comitente dos prazos concedidos e de quem é seu beneficiário”. 
Prescreve o art. 704 do Código Civil que, se não houver estipulação em contrário, 
“pode o comitente, a qualquer tempo, alterar as instruções dadas ao comissário, entendendo-se por elas regidos também os negócios pendentes”. 
O legislador leva em conta a possibilidade de haver modificação da tendência e da dinâmica do mercado, que recomendam a mudança de rumos, ao alvedrio do comitente. 
Não pode o comissário opor-se às novas diretrizes, uma vez que age no interesse do comitente, embora o faça em seu nome.
As instruções podem ser passadas por escrito ou verbalmente, quando houver urgência, salvo estipulação em contrário.
DIREITOS DO COMISSÁRIO:
Dentre os direitos do comissário figura o de ser reembolsado das despesas que efetuou, salvo estipulação em contrário, como já foi dito, uma vez que, sendo o contrato concluído no interesse do comitente, deve ele suportar as despesas da operação. 
A quantia por ele desembolsada vence juros a partir do desembolso. Proclamao art. 706 do Código Civil, com efeito, que “o comitente e o comissário são obrigados a pagar juros um ao outro; o primeiro pelo que o comissário houver adiantado para cumprimento de suas ordens; e o segundo pela mora na entrega dos fundos que pertencerem ao comitente”.
Pelo serviço que presta, tem direito o comissário a uma remuneração denominada comissão, fixada de acordo com os usos da praça, caso não tenha sido ajustada. 
Pelas comissões ou reembolsos, o comissário é credor privilegiado na “falência ou insolvência do comitente” (CC, art. 707).
Prescreve a final o art. 709 do Código Civil: “São aplicáveis à comissão, no que couber, as regras sobre mandato ”. 
3.8. DIREITOS E OBRIGAÇÕES DO COMITENTE
O comitente é obrigado a executar o contrato concluído pelo comissário na conformidade de suas instruções. 
Cumpre-lhe colocar as mercadorias, nos casos de venda, à disposição do comissário, antecipadamente ou no prazo fixado para sua entrega. 
É comum a entrega ao comissário antes da venda, tornando-se este depositário de tais bens. Como o comitente conserva a propriedade das mercadorias depositadas, pode reivindicá-las na falência do comissário.
Obriga-se também o comitente a pagar a remuneração devida sob a forma de comissão, bem como a adiantar o numerário necessário às despesas do comissário. 
Deve ainda fornecer as instruções que possibilitem ao comissário o bom desempenho do encargo, sob pena de sujeitar-se às deliberações por ele tomadas, na conformidade dos usos e costumes locais.
As pessoas com quem o comissário contratar, agindo em seu próprio nome, não têm ação contra o comitente, nem este contra elas, salvo se aquele ceder seus direitos a qualquer das partes. 
É direito do comitente alterar, a qualquer tempo, as instruções dadas ao comissário, que valerão também para os negócios pendentes, sem que este possa oferecer qualquer reclamação. 
O comitente não pode despedir o comissário sem justa causa. 
3.9. COMISSÃO “DEL CREDERE”
O comissário não responde, em geral, pela insolvência das pessoas com quem tratar, exceto em caso de culpa e de constar do contrato a cláusula del credere (CC, art. 697).
Neste último caso, “responderá o comissário solidariamente com as pessoas com que houver tratado em nome do comitente, caso em que, salvo estipulação em contrário, o comissário tem direito a remuneração mais elevada, para compensar o ônus assumido” (art. 698).
A referida cláusula visa estimular o comissário a ser cuidadoso na escolha das pessoas com quem realiza negócios, pois, em consequência dela, assume o risco dos negócios, solidariamente com estas. 
Não se trata de aval ou fiança, mas de garantia solidária resultante de acordo de vontades e autorizada por lei.
Pela cláusula de garante, “o comissário compromete-se à liquidez do débito contraído, pelo que se tem entendido apenas cabível nos casos de vendas a prazo, porquanto a remuneração exacerbada tem seu escopo e razão de ser nos maiores riscos assumidos pelo comissário”.
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