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FLUIDOTERAPIA Profa. Maria Cristina Nobre e Castro Clínica Médica de Cães e Gatos U.F.F. Por quê reposição de volume? • Restabelecer e garantir a perfusão tecidual • Oxigenação • Melhora do debito cardíaco lembrar que pode haver: • Mudanças no volume (desidratação, hemorragia) • Mudanças de composição (Ex. hiperK) • Mudanças na distribuição TIPOS DE DESIDRATAÇÃO • O movimento da água entre o LEC e o LIC é guiado pela concentração de Na+ no LEC (se move sempre a favor do gradiente de concentração: osmose) • O movimento de água entre o compartimento intracelular e o intersticial é ditado pela pressão hidrostática e pressão coloidosmótica (albumina) FLUIDOTERAPIA • Elasticidade cutânea ( gordura e elastina) • Posição globo ocular • Membranas mucosas • TPC • FC • Temperatura • Estado mental • Respiração • Pressão arterial FLUIDOTERAPIA • Exames Laboratoriais Hematócrito: Proteínas totais Densidade urinária Ureia e creatinina FLUIDOTERAPIA • Pesagem seriada Excelente avaliação Depende de peso anterior Exceção: efusões ( torácicas, abdominal ) FLUIDOTERAPIA para 24 horas QUANTO? 1+2+3 FLUIDOTERAPIA QUANTO? 1- Reposição (Déficit) % de Desidratação x Peso x 10 (resultado ml) Ex.: Cão 15 kg, 8 % desidratação 15 x 8 x 10 = 1200 ml Cálculo da Desidratação • Exemplo: • Cão de 6 kg está 8% desidratado 8 x 6 = 0,48 litros 100 E em mL? Multiplica por 1000 0,48 x 1000= 480 mL Mais fácil? Já calcular em mL des x peso x 1000 logo: no % des x peso x 10= mL 100 FLUIDOTERAPIA QUANTO? 2- Manutenção x: 40 - 60 mL/Kg/24horas FLUIDOTERAPIA 3) Perdas ATUAIS (CONCOMITANTES) – Vômito, diarréia Devem ser estimados de acordo com a gravidade da perda que houver durante a terapia. Para casos de vômito + diarréia graves (ex.: parvovirose) pode-se estimar um volume de perda DE ATÉ 55 %% ddoo ppeessoo ((5500mmLL//KKgg//ddiiaa)).. SSÓÓ AADDIICCIIOONNAARR AAOO TTOOTTAALL DDEEPPOOIISS QQUUEE OO AANNIIMMAALL PPEERRDDEERR EESSTTEE VVOOLLUUMMEE!!!!!! FLUIDOTERAPIA: Quanto? 1- Reposição (~ 4h a 24 ) % de Desidratação x Peso 2- Manutenção x: 40 - 60 mL/Kg/dia 3- Perdas atuais 1 + 2 + 3 = Volume para 24h FLUIDOTERAPIA: QUANTO? Ex.: cão filhote 15 kg, 8 % Des. 1- Déficit (Reposição em ~ 4h a 24 h) 8 x 15 x 10 = 1200 ml 2- Manutenção 60 mL x 15 = 900 ml 3- Perdas atuais: calcular Volume para 24h = 1200 + 900= 2100 ml + perdas FLUIDOTERAPIA VELOCIDADE DE ADMINISTRAÇÃO: Obs.: Média 2,0 - 10 mL/kg/h (déficit e manutenção em 24 h) FLUIDOTERAPIA VELOCIDADE DE ADMINISTRAÇÃO: Velocidade Máxima: Cães 80-90 mL/kg/h Gatos 50-55 mL/kg/h No choque hipovolêmico: começar com 25% desse volume e reavaliar. Se com 50% do cálculo não houver melhora, considerar o uso de colóide. FLUIDOTERAPIA VELOCIDADE DE ADMINISTRAÇÃO Equipo Macrogotas(Adulto): 20 gotas/mL (NBR14041-ABNT) Gotas/min = Volume em mL x gts/ml tempo em min 1) Cão 15 kg, 8 % desidratação. tempo: 10H Volume de reposição: 1200 ml em 10 h, ou seja, 120 mL/hora 2) Cão (filhote) 15 kg: manutenção: 60mL/Kg/24H = 900mL /24H= 38mL/hora Total por hora: 120+ 38= 160mL/hora gts/min= 160 x 20 = 53 gotas/min 60 FLUIDOTERAPIA VELOCIDADE DE ADMINISTRAÇÃO Equipo Microgotas (Pediátrico): 60 gotas/mL Gotas/min = Volume em ml x 60 Tempo min(Hx60) Gotas/min= Volume em ml tempo em Horas Quando usar? neonatos felinos medicamentos específicos FLUIDOTERAPIA VELOCIDADE DE ADMINISTRAÇÃO Equipo Pediátrico: 60 gotas/mL Gotas/min = Volume em mL Tempo em horas Ex. cão 1 kg, 6 % desidratação 1x6x10 = 60 ml em 4 h Eq. Adulto: 60 x 20 = 5 gotas / min !!! 240 Eq. Pediátrico 60 = 15 gts /min 4 TIPOS DE FLUIDO • Cristalóides ( isotônicos): distribuído no LEC: ¾ interstício; ¼ intra vascular EX.:Ringer Lactato, Glicose 5%, NaCl 0.9%. CRISTALÓIDES Quando? • Desidratação • Manutenção Diária • Acesso Vascular • Manutenção da Função Renal • Reposição de eletrólitos FLUIDOTERAPIA TIPOS DE FLUIDO • Colóides: macromoléculas não permeáveis: Aumentam pressão colóido-osmótica: expansão rápida EX.:, Dextran, Pentastarch, Hetastarch,Oxypolygelatin e plasma. Colóides: Dextranos derivados da sacaroses efeitos de 3-6 horas Dextran ® 40.000 daltons Gelatinas: • peso molecular moderado 25-35 kDa • Duração 2 a 4 horas • Mínima alteração na coagulação • Risco alérgico • Ex: Haemacel ® Amidos (Hidroxietilamido) • De alto e baixo peso molecular • Mais seguros • Menos alterações de coagulação e renais • EX: Voluven® FLUIDOTERAPIA TIPOS DE FLUIDO • Cristalóides ( isotônicos): distribuído no LEC: ¾ interstício; ¼ intra vascular EX.:Ringer Lactato, Glicose 5%, NaCl 0.9%. CRISTALÓIDES • De Reposição: Composição ~ Plasma: Na 145 mEq/L K 5 mEq/L CRISTALÓIDES • De Manutenção: Na 40 - 60 mEq/L K 15 - 30 mEq/L CRISTALÓIDES • De Manutenção: Em pacientes no pré-operatório 2013 AAHA/AAFP Fluid Therapy Guidelines for Dogs and Cats. Harold Davis et al J Am Anim Hosp Assoc 2013; 49:149–159 COMPOSIÇÃO DE ALGUNS CRISTALÓIDES Vou fazer Glicose 5% porque ele não está comendo ? • Cão 10kg, atropelado REB x 1,5 • Requerimento energético basal (REB) 30 x peso + 70 Ex. 30 x 10 + 70 = 370 kcal/dia 370 x 1,5 = 555 kcal • Gicose 5%: 170 kcal/L • Para este cão: Quase 3,5 litros!! 7 x o volume de manutenção Glicose 5% = água ATENÇÃO!!! ADITIVOS: Glicose: Para Hipoglicemia: Glicose 50 % : 1 mL/kg IV (1:1 em salina), até correção. Para manutenção da glicemia fazer fluido de manutenção com 2,5% glicose Correção da hipercaliemia: Glicose 50 % : 1 mL/kg IV Estímulo da diurese: Glicose 20 % : 22 a 66 ml /kg ou 0,5-1 g/kg em 20 min ADITIVOS: Potássio: Vômitos, Diarréia, Anorexia KCl: manutenção: 15 - 30 mEq/L KCl 19,1%: 2,56 mEq/mL K2HPO4: 4,36 mEq/ml K 3003 mmol/ml fosfato REPOSIÇÃO DE POTÁSSIO HIPOCALIEMIA • Gatos > Cães • Causa ou Consequência de lesão renal • Agravamento dos sinais clínicos • Tratamento: Reposição K Oral: gluconato de potássio ORAL !! OU Citrato de K: (Litocit® de 5mEq (= 540mg)e 10 mEq): 2,5 a 4 mEq/gato/dia 30-75 mg/kg BID VO Monitorar: K e pH urinário FLUIDOTERAPIA QUAL A VIA? Oral Subcutânea Intravenosa Intraperitoneal Intraóssea FLUIDOTERAPIA VIA SUBCUTÂNEA Somente fluidos isotônicos Para fluidoterapia de manutenção em cães pequenos e gatos 10 mL/Kg ou 50 a 200 mL por local de aplicação Fluidos com K+ Máximo: 30 - 35 mEq/L Útil para transição da fluidoterapia I.V. Restrições: Desidratação grave Choque Hipotermia FLUIDOTERAPIA VIA INTRAPERITONEAL Absorção rápida / Grandes volumes Somente fluidos isotônicos Riscos de peritonite FLUIDOTERAPIA VIA INTRAÓSSEA Ideal para: Animais Jovens Difícil acesso venoso Choque e/ou hipovolemia Acesso vascular rápido Locais: Fossa Trocantérica do Fêmur Tuberosidade da Tíbia Asa do Íleo Tuberosidade Maior do Úmero Risco: Osteomielite FLUIDOTERAPIA VIA INTRAVENOSA Ideal para: Desidratação grave e/ou aguda Choque Pacientes críticos Anestesias Soluções hipertônicas Grandes volumes Riscos: Superhidratação, Infecção Trombose, Flebite Veias: Cefálica, Safena Lateral, Femoral, Jugular FLUIDOTERAPIA QUANDO A HIDRATAÇÃO NÃO OCORRE? Erro no cálculo de desidratação Perdas superiores à reposição(vômitos, diarreias) Infusão de fluido muito rápida Perdas sensíveis aumentadas (poliúria) Perdas insensíveis aumentadas (febre, dispnéia) SINAIS DE SUPERHIDRATAÇÃO Corrimento nasal Tosse Ansiedade Taquipnéia Ascite Efusão pleural Auscultação pulmonar alterada FLUIDOTERAPIA AVALIAÇÃO DO PACIENTE Produção urina > 1-2 ml/kg/h PVC 5 – 10 cm H2O FC : 70 – 120 bpm Respiração regular : 12 – 24 mov /min Membranas mucosas úmidas e rosadas TPC 1,5 a 2 s. FLUIDOTERAPIA AVALIAÇÃO DO PACIENTE Elasticidade cutânea Auscultação torácica Peso: várias aferições Hematócrito Proteínas totais TÉRMINO DA FLUIDOTERAPIA Desidratação corrigida Diminuir o volume gradativamente (importante para nefropata) Usar a via subcutânea para transição Iniciar a administração oral durante a fluidoterapia parenteral