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TJDFT - PONTOS RESUMIDOS - PROVA ORAL

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PONTO 19 – prova oral 2012 – TJDFT 
19.1 NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA 
- Relações sociais e relações jurídicas. Controle social e o Direito. Transformações sociais e Direito. 
- Código de Ética da Magistratura Nacional. 
19.2 DIREITO CIVIL / DIREITO PROCESSUAL CIVIL / DIREITO DO CONSUMIDOR 
- Empresário. 
- Direito pessoal: relações de parentesco. 
- Direito das Sucessões: inventário e partilha. 
- Procedimento ordinário: noções gerais. 
- Julgamento de ações repetitivas. 
- Ação declaratória incidental. 
- Prova documental. 
- Ação direta de inconstitucionalidade. 
- Ação de consignação em pagamento. 
- Antecipação dos efeitos da tutela. 
- Da sentença. 
- Da coisa julgada. 
- Da liquidação da sentença coletiva. 
- Do cumprimento da sentença. 
- Noção de verossimilhança e hipossuficiência para a facilitação da defesa em juízo dos direitos do consumidor, inclusive com a inversão do ônus da prova. 
19.3. DIREITO TRIBUTÁRIO / DIREITO ELEITORAL / DIREITO AMBIENTAL 
- Vigência e aplicação das leis tributárias. 
- Dívida ativa. 
- Certidões negativas. 
- Imposto sobre operações financeiras. 
- Dos crimes eleitorais: tipos penais eleitorais. 
- Política energética e meio ambiente. 
19.4 DIREITO EMPRESARIAL / DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
- Princípios gerais do direito cambiário. Exigência do crédito cambiário. Duplicata. Títulos de crédito impróprios. Ação cambial. Protesto. Prescrição. 
- Responsabilidade Civil. Danos Causados por Crianças e Adolescentes.
19.5. DIREITO PENAL / DIREITO PROCESSUAL PENAL 
- Lei penal no tempo. 
- Tentativa. 
- Descriminantes putativas. 
- Princípios penais da Constituição Federal de 1988. 
- Extinção da punibilidade. 
- Crimes contra a fé pública. 
- Crimes contra o estado de filiação. 
- Perdão, Renúncia, Perempção, Decadência e Prescrição 
- Sentença 
- Carta Testemunhável 
- Revisão Criminal 
– Execução de Penas Restritivas de Direito 
– Prazos no Processo Penal – Prazo para o Encerramento da Instrução (Lei nº 11.689 – junho/2008) 
- Súmulas dos Tribunais em Matéria Criminal. 
19.6. DIREITO CONSTITUCIONAL / DIREITO ADMINISTRATIVO 
- Controle de constitucionalidade das leis. 
- Direitos políticos. Cidadania. Direitos políticos ativos e passivos. Suspensão e perda dos direitos políticos. 
- Partidos políticos. 
- Justiça Eleitoral Brasileira. 
- Organização do Estado. A Federação. Da União. Estados Federados. 
- Intervenção Federal. 
- Responsabilidade Patrimonial do Estado. 
- Garantias e privilégios do crédito tributário: preferência, cobrança judicial, concurso de credores em insolvência civil e falência, crédito tributário na recuperação judicial e extrajudicial, inventário e arrolamento. 
- Controle da Administração: fiscalização hierárquica e recursos administrativos, fiscalização financeira e orçamentária. 
- A administração em juízo: atuação processual. 
- Desapropriação: declaração expropriatória e processo expropriatório. 
- Contrato administrativo: inexecução. 
- Poderes Administrativos. 
- Classificação dos atos administrativos. Espécies de atos administrativos.
19.1 
- Relações sociais e relações jurídicas. Controle social e o Direito. Transformações sociais e Direito. 
Controle Social, em sentido amplo, é todo aquele fato que influencia a conduta humana. Pode fazer a pessoa praticar uma ação ou não. O Direito é uma forma especial de controle social.
O exercício do controle social pode se dar por meio de orientação (ex: propaganda) ou fiscalização (exercida sobre aqueles que não seguem uma norma de controle social, geralmente prevendo uma sanção).
Os destinatários desse controle podem ser toda uma sociedade (controle social específico) ou todo um país (controle social difuso).
De acordo com a teoria tradicional o único fiscalizador deve ser o Estado. Já na teoria evolucionista a sociedade é fiscalizadora do controle social, mas mesmo assim o Estado exerce o controle social pelo Direito.
O Direito é uma forma de controle social especial, porque possui algumas características, como por exemplo:
1. Formalização em normas: na grande maioria das vezes normas escritas, certas, claras e acessíveis a todos;
2. Sanções certas: a sanção quando se viola uma relação jurídica é certa. Em uma relação social não. 
3. Aplicado por agentes oficiais do Estado;
4. Direito é dotado de certeza (em tese);
5. Exigibilidade: o direito é exigível; pode-se exigir o seu direito através do judiciário. Em uma relação social isso não é possível.
6. Generalidade: teoricamente o direito é igual para todos; já as normas sociais não. Nas relações privadas a desigualdade é possível, nas jurídicas não.
7. "Em expansão": cada vez mais o direito vai expandindo para atuar em outras
Esferas.
Segundo a perspectiva liberal-funcionalista, o controle social serve para
o bem-estar das pessoas, para o convívio pacífico, para expandir a felicidade, etc. Já para a perspectiva da teoria conflitiva, o controle social é instrumento da elite da sociedade para manter um status quo de desigualdade e injustiça. Para manter as pessoas onde estão. É um instrumento de dominação.
________________________________________
A sociedade estabelece por meio de normas o que deve ser considerado correto ou incorreto nas relações sociais. No entanto, o que é certo ou errado passa pelas avaliações individuais de cada um e isso gera atrito, de modo que o choque de interesses no social é inevitável.
Assim, a cultura de determinada sociedade é que deveria ser o norte para as decisões sobre o que pode ser considerado relevante ou não. Os indivíduos baseiam suas ações nos valores estabelecidos pela própria sociedade.
De acordo com Durkheim, o homem é um ser sociável, pois é capaz de aprender hábitos e costumes que são próprios de sua sociedade. Durante esse processo de socialização, é formada no indivíduo a chamada consciência coletiva (conjunto de crenças e de sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade). Ao lado dessa consciência, há também a consciência individual de cada pessoa, que possui sua forma própria de se comportar e interpretar a vida, embora haja nesses comportamentos formas padronizadas de se pensar e agir. 
Disso surge uma solidariedade social, que o mencionado autor dividiu em dois estágios: solidariedade mecânica (predominava nas sociedades pré-capitalistas: não havia uma complexa divisão do trabalho e os indivíduos se identificavam através da família, da religião, dos costumes, etc.) e solidariedade orgânica (predomina nas sociedades capitalistas: há uma complexa divisão do trabalho social e os indivíduos se tornam cada vez mais interdependentes, o que garante a união social).
A partir dessa evolução da sociedade, as normas passam a ser jurídicas, pois surge a necessidade de se definir regras de cooperação entre os que participam do trabalho coletivo. Tal situação assemelha-se ao fenômeno da interdependência social, desenvolvido por sociólogos americanos na década de 40. Segundo esse fenômeno, os indivíduos percebem que são dependentes entre si e assim suas relações sociais objetivam a integração num mesmo sistema de normas e o reconhecimento delas, para que o social não se desintegre. Para manter o todo social, eles seguem conjuntamente normas, regras criadas pelo e para o bem comum.
Diferente de Durkheim, Max Weber afirma que as normas sociais somente se efetivam quando o indivíduo sente a motivação orientando a fazer ou seguir determinada norma. Para este autor, a ação do indivíduo somente terá sentido se encontrar correspondência no outro (“ação social”).
 Desse modo, o social mantém certo controle sobre as ações dos indivíduos, controle esse que pode ser considerado informal ou formal. O primeiro é a punição que o indivíduo sofre por não se comportar segundo as normas e os valores criados socialmente (ex: segregação do indivíduo pela sociedade). Nesse caso, há a presença da opinião pública como consciência do social apontando a sanção ea pena. Já no controle formal há aplicação da lei, quando o comportamento do indivíduo ultrapassa os limites impostos pelo social e fere de alguma forma o que foi estabelecido. Esse controle obriga o indivíduo a agir corretamente, seguindo o disposto nas normas, sob pena de responder pelas consequências de seu comportamento.
- Código de Ética da Magistratura Nacional. 
Até 2.008, vinte anos após promulgada uma Constituição que explicitou o Princípio da Moralidade, o juiz brasileiro não contava com o seu Código Ética.
Há quem critique a “codificação” da ética. No entanto, o Código se preordena a focar balizas, fornece parâmetros para os seus destinatários e para os órgãos correcionais, além se ser um elenco de normas de bem proceder, e não de tipificação de condutas proibitivas. O seu teor é diretivo, sinalizador de como deva ser o procedimento de um juiz no Brasil de tantas carências na esfera do justo.
O profissional do Direito que se humanizar e der à técnica o seu valor, que não pode se sobrepor ao substancial, que é reduzir a injustiça do mundo, saberá encontrar na prolífica produção normativa as estratégicas hábeis a resolver os conflitos humanos.
Não padece de deficiência técnica a Magistratura brasileira. Ao contrário, alicerçada em boa doutrina e em normatividade fundante reconhecidamente avançada, produz jurisprudência paradigmática. Investir na formação de uma reta consciência dos agentes encarregados de fazer valer o direito é solidificar uma atuação conseqüente, responsável, afinada com as reais necessidades da sociedade. O Poder Judiciário não está liberado de buscar os objetivos fundamentais desta República.
Os Consideranda (do Código de Ética):
“Considerando que a adoção de Código de Ética da Magistratura é instrumento essencial para os juízes incrementarem a confiança da sociedade em sua autoridade moral;”:
O julgador ainda é a imagem da justiça e a qualidade desta depende da higidez moral de seu artífice. Quando se detecta descompromisso moral no julgador, não se pode estranhar a queda do grau de credibilidade na Justiça.
A exigência de diretrizes éticas para o juiz se justifica ante a diversidade de ritmo entre a proliferação de demandas e a invencível lentidão das respostas. Somente uma nova postura do juiz fará a reconfiguração do padrão simbólico da função judicial hoje residente na consciência coletiva: o de um ser distante, afeiçoado a tecnicalismos e excessivamente burocratizado, insensível perante a dor do jurisdicionado.
A autoridade moral do juiz é garantia de que, a despeito da falibilidade da prestação jurisdicional, a dicção do direito não atendeu a outros imperativos que não a incidência do ordenamento à luz da capacidade interpretativa de uma consciência reta.
“Considerando que o Código de Ética da Magistratura traduz a) compromisso institucional com a excelência na prestação do serviço público de distribuir Justiça e, assim, b) mecanismo para fortalecer a legitimidade do Poder Judiciário;”:
a) Subordinação do juiz a prestar um serviço estatal efetivo, oportuno e caracterizado pela excelência:
O resultado da prestação jurisdicional deve ser o fruto de um compromisso institucional e provindo de apurado preparo intensificado por aprimoramento constante. Principalmente, o trabalho final do juiz deve ser subtraído a qualquer propensão de preponderância de um voluntarismo desvinculado de uma verdadeira vocação judicial.
b) Legitimidade do Poder Judiciário:
Em outras nações, questiona-se comumente a legitimidade de um poder que não se submete ao sufrágio.
No Brasil, o tema da legitimidade nunca adquiriu esses contornos de veemência inquietante. Sempre se admitiu que legitimidade é consentimento. Assim, a legitimação da magistratura é diuturna e se faz, de início, mediante recrutamento por certame público.
Em seguida, a legitimação se obtém pela transparência do funcionamento da Justiça e, principalmente, na fundamentação dos atos decisórios. Em oportuno momento, o CNJ reconhece que a postura ética do juiz fortalecerá a legitimidade do Poder Judiciário. A motivação permite que todos acompanhem o raciocínio do juiz ao decidir.
“Considerando que é fundamental para a magistratura brasileira cultivar princípios éticos, pois lhe cabe também função educativa e exemplar de cidadania em face dos demais grupos sociais;”
Toda decisão judicial é uma lição, no sentido de transmissão de um critério do que deva ser o justo. Por isso, o aprendizado jurídico não pode descuidar da jurisprudência, da qual até o parlamento se abebere para tentar reduzir a distância entre os reclamos da população e o déficit normativo, decorrente da lentidão com que a produção legislativa acompanha as mudanças sociais. Para poder julgar, o juiz se vê obrigado a completar a tarefa legislativa, razão pela qual é considerado legislador negativo, pois afasta do quadro de normas cogentes aquelas consideradas incompatíveis com a regra fundante.
Tudo que o magistrado faz é uma vitrine de condutas, Pode ser bom ou péssimo exemplo. Mas o juiz não tem direito de ser mau exemplo. O CNJ impõe que seja paradigma perante os demais grupos sociais. É natural se reclame um complexo de atributos mais completo a quem pretenda ser julgador de seu semelhante. Por administrar as misérias humanas, o juiz aperfeiçoa a sua capacidade de distinguir o certo do errado. Será melancólico soubesse aplicar o critério distintivo em relação às partes e não o assimilasse para a sua própria conduta. Situação de conflito do que vale para os jurisdicionados e o válido para ele próprio geraria uma dicção falaciosa do justo.
“Considerando que a Lei veda ao magistrado "procedimento incompatível com a dignidade, a honra e o decoro de suas funções" e comete-lhe o dever de "manter conduta irrepreensível na vida pública e particular" (LC nº 35/79, arts. 35, inciso VIII, e 56, inciso II);”
A coerência é um signo obrigatório à identificação da persona juiz. Daí a relevância dos aspectos exteriores da função. O acerto da sapiência vulgar quando propala que o juiz, tal como a mulher de César, além de ser honesto, precisa parecer honesto. Conduta irrepreensível é aquela insuscetível de repreensão. Quem pode repreender os juízes são não só os órgãos correcionais – dentre eles o CNJ –, mas qualquer indivíduo, uma vez que remunerado pelo Erário.
Com efeito, da leitura atenta do ordenamento, depreende-se que o legislador não delimitou o alcance da repreensibilidade. A LOMAN (LC 35/79) submete o juiz à condição ser virtuoso: ter o hábito de fazer o bem e evitar o mal.
A virtude predispõe à contínua autocrítica, mas “a luta fundamental da autocrítica dá-se contra a autojustificação. A máquina cerebral funciona por todo lado a se inocentar, se legitimar e se autoestatificar” (Edgar Morin, Meus demônios, p. 82). O risco da leniência é próprio do ser humano e pode suplicar o juiz que negligencie a vida virtuosa. Dentre as virtudes, sobressai a urgência da humildade, a requisitar incessante autoexame de consciência. Todos terão uma justiça mais adequada se o juiz vier a enfrentar – corajosamente – a autocrítica.
Ao recordar o juiz brasileiro de que está submetido ao dever legal de virtude, o CNJ sublinha a exigência de uma ética prudencial. Prudência é a virtude que impõe sensatez, pausa para avaliar conseqüências, análise e avaliação dos passos a serem dados.
“Considerando a necessidade de minudenciar os princípios erigidos nas aludidas normas jurídicas;”
O Código de Ética pormenoriza os deveres extraíveis da CF, LOMAN, dos Códigos e não se pode ignorar a produção jurisprudencial disciplinar das corregedorias.
Tais comandos exparsos estão agora ordenados em 12 capítulos, abordados a seguir.
Relevância do Código de Ética da Magistratura Nacional
O Código de Ética é uma síntese de tudo aquilo que se espera do juiz no exercício funcional e na vida particular. Explicita-se a função judicial como responsável, juntamente com as demais tarefas estatais, pela edificação da pátria fraterna, justa e solidária, com eliminaçãoda miséria e redução de desigualdades e vedação ao preconceito. Promessa do constituinte de 1.988, da qual o Judiciário é fiador e conclamado a concretizar.
Art. 1º O exercício da magistratura exige conduta compatível com os preceitos deste Código e do Estatuto da Magistratura, norteando-se pelos princípios da independência, da imparcialidade, do conhecimento e capacitação, da cortesia, da transparência, do segredo profissional, da prudência, da diligência, da integridade profissional e pessoal, da dignidade, da honra e do decoro.
A abrangência do preceito inicial o torna verdadeira carta de princípios da codificação ética. O que reconduz à conveniência de se reiterar a discussão sobre a necessidade desta preceituação, quando o ordenamento já traria dispositivos suficientes para exigir do magistrado uma atitude intrínseca e extrinsecamente ética.
Necessidade de um Código de Ética diante do conteúdo ético da Constituição da República, LOMAN e Código de Processo Civil
Ao adotar a dignidade da pessoa humana como verdadeiro supraprincípio, também sinalizara o constituinte a ênfase que pretendeu conferir à questão moral. Pois a dignidade é um atributo das criaturas cujo conteúdo só a consciência moral pode prover. Todavia, o constituinte foi mais explícito em relação ao juiz, prevendo:
O acesso ordinário à magistratura por concurso público, privilegiando a seleção fundada no preparo, além da aptidão vocacional:
Vedou assim qualquer favoritismo e conferiu um selo de moralização ao recrutamento judicial. Ressalta-se que o terço constitucional do STJ, os juízes dos Tribunais Superiores indicados livremente pelo Presidente da República ao Senado e o quinto constitucional dos demais Tribunais também deveriam ser escolhidos mediante apuro idêntico. Os requisitos constitucionais de notável saber jurídico e reputação ilibada não significam desapreço pelos demais atributos exigíveis ao julgador. Preocupação que os órgãos de classe deveriam evidenciar, até mesmo para precaver situações como as freqüentes devolução de listas sêxtuplas em vários tribunais.
A subordinação da ascensão funcional na carreira a critérios de antiguidade e merecimento, para conciliar experiência e devoção à causa da justiça:
Merecimento é mérito. A CF disciplinou o exercício da judicatura de maneira a reclamar disponibilidade plena do juiz para a sua missão precípua. Por isso é que, em regra, o magistrado não pode cumular funções.
A exigência de residir na Comarca:
Apesar de tratar-se de questão que não constitui matéria constitucional, mas preceitos apenas formalmente fundante, atendeu-se a uma exigência de ordem prática, ante a reiteração de reclamos e denúncias. A primeira obrigação do juiz é estar a disposição de quem dele precise. E isso pode acontecer a qualquer hora, não apenas durante o expediente.
A comunicação de prisão, por exemplo, não se fará em dia útil e no horário forense, mas deve ser feita imediatamente. Desde a vigência da CF/88, não se justifica os Fóruns, Tribunais e demais dependências judiciais não estarem permanentemente à disposição de quem necessite ver respeitados os seus direitos fundamentais. Daí a estranheza que ainda se resista a plantão judiciário, o que parece inconcebível na Democracia.
A necessidade de uma justiça rápida:
Em 88, ao elencar os requisitos para promoção por merecimento, não se deixou de mencionar a presteza: qualidade de quem é presto, rápido célere. Dez anos depois, inclui-se a eficiência dentre os princípios fundamentais da Administração Pública. Há que sustente que essa inserção decorreu da incapacidade do Judiciário.
Não satisfeito com os resultados, o constituinte derivado produziu a EC 45/2.004, a chamada Reforma do Judiciário, a qual:
incluiu, dentre os direitos fundamentais, o direito à prestação jurisdicional oportuna e o da garantia de meios necessários a que ela se efetive com a presteza exigida;
obrigou o funcionamento pleno dos serviços judiciais sem interrupção ou férias coletivas;
determinou a distribuição imediata de todos os processos;
vedou a promoção do juiz que mantivesse autos com atraso em seu poder;
cometeu importância à produtividade, sem dispensar a presteza;
ordenou descentralização (CF: Art. 125. § 6º O Tribunal de Justiça poderá funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004));
a itinerância (CF: Art. 125. § 7º O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004));
e outros meios de tornar a justiça mais eficaz e efetiva (Ex: Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça proporá a criação de varas especializadas, com competência exclusiva para questões agrárias. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Parágrafo único. Sempre que necessário à eficiente prestação jurisdicional, o juiz far-se-á presente no local do litígio).
O compromisso com a rapidez não se esgota nestes preceitos. Ainda há: (i) a Súmula vinculante; (ii) o efeito vinculante das decisões definitivas de mérito proferidas em ADIN e ADECON; e (iii) o mecanismo da repercussão geral.
Tamanha é a preocupação com a celeridade porque este é o ritmo da sociedade contemporânea.
Falaciosa a postura de algumas mentalidades retrógradas, que oferecem como resposta à pressa o dilema entre presteza e segurança. É possível decidir razoavelmente bem e depressa. Aguardar-se a certeza absoluta, a prestação que adviesse de longa reflexão, depois de medição para maturá-la e consistisse na decisão justificada por inúmeros precedentes jurisprudenciais, calcada na melhor doutrina, seria condenar a parte a se nutrir do desespero que o conflito impõe. Num país de quatro instâncias, as decisões são sempre provisórias e o jovem juiz não deve se atormentar com a possibilidade de não oferecer o melhor de si na elaboração da sentença. Haverá sempre um tribunal local e ao menos dois outros superiores para aperfeiçoar a sua proposta de solução.
Seja como for, esta é a vontade do constituinte.
O mal menor é a decisão corrigível, mas oportuna. O mal maior é a decisão insuscetível de erro – na visão do seu prolator – mas que sobrevém quando a permanência da controvérsia já causou males financeiros e, sobretudo, morais aos que nela estão envolvidos.
Na verdade, conferir eficiência e efetividade à justiça é questão moral.
A LOMAN – texto legal recepcionado pela CF/88, segundo o STF –, por sua vez, foi própria em disciplinar a vida e conduta do magistrado.
Os Códigos de Processo Civil e Penal também abrigam normas éticas:
A conotação moral da função do juiz está presente quando o legislador dele reclama sempre e inevitavelmente uma decisão que resolva a controvérsia. Não pode o juiz alegar lacuna ou obscuridade da lei para se eximir de sentenciar ou despachar. Exige-se-lhe ainda estudo incessante, para aplicar as normas legais e conhecimento pleno do que significa analogia, costumes e princípios gerais de direito. Se o CPC veda ao juiz decidir por equidade, ressalvada a expressa previsão legal, isso não o impede de buscar o justo, valendo-se do contido na LINDB: Art. 5o Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum. Não pode uma reta consciência moral sentir-se em paz e satisfeita com sua missão, ao retribuir quem procurou pela justiça no processo com uma resposta meramente processual.
Mais do que manter a sua própria irrepreensibilidade ética, o magistrado é o zelador da ética das partes.
Preservar a própria imparcialidade é imperativo ético para o julgador. As hipóteses legais de impedimento e suspeição exemplificam a ocorrência de fatos que inibem o juiz de atuar com isenção no processo.
O juiz éobrigado a manter a ordem e o decoro na audiência.
Tais preceitos são, ainda, complementados pelas recomendações, ordens de serviço, resoluções e demais atos normativos editados pelas Corregedorias de Justiça.
Enfim, não é por falta de normas que se constata menoscabo pela conduta ética na Magistratura.
A doutrina também já forneceu substancioso material de ilustração ética.
Por isso é que não poucos se posicionaram no sentido de desnecessidade do Código de Ética, sob o convencimento de que a capacidade de previsão do codificador é sempre inferior à multiplicidade de ocorrências registradas na prática.
Exortação dos juízes brasileiros à sua fiel observância, inexiste dispositivo sancionador
Característica singular do Código de Ética é a ausência de sanções. Ele apenas remete aos deveres contidos na LOMAN e exorta os juízes brasileiros à sua fiel observância.
Mas é compreensível a falta de previsão, ante a inequívoca realidade de inexistir infração penal, civil ou disciplinar que não seja, simultaneamente, uma infração ética. Esta a posição que o Autor adota, em consonância com os ensinamentos de Ronald Dworkin e em oposição a H.L.A. Hart. Para este, embora possa haver muitas e diversas conexões contingentes entre Direito e Moral, não há conexões necessárias conceituais necessárias entre o conteúdo do Direito e a Moral. Por conseqüência, “as disposições moralmente aníquas pode ser válidas como regras ou princípios jurídicos”. Dworkin rechaça tal idéia, “em favor da tese – derivada, em última instância, de sua própria teoria interpretativa do direito – de que deve haver ao menos fundamentos morais prima facie para as afirmações acerca da existência dos direitos e deveres jurídicos. Por esta razão, considera a idéia de que os direitos jurídicos devem ser entendidos como espécie dos direitos morais, como um elemento crucial de sua teria do Direito (...)”:
Se não existe infração de outra natureza que não seja antes disso uma vulneração ética, mostra-se suficiente a previsão de sanções no Estatuto da Magistratura, no capítulo da responsabilidade civil previsto o Código de regência processual e no âmbito criminal.
A codificação ética passa a ser um reforço na conscientização do juiz brasileiro de que dele se espera uma conduta compatível com a relevância das funções cometidas ao julgador.
Há quem defenda a inviabilidade de se incutir reflexão moral a quem já não possua um sentimento ético profundamente entranhado na mente. Outra corrente entende que é urgente a luta pela conversão ética do maior número de pessoas, notadamente aquelas detêm autoridade e importância para se tornarem paradigmas.
Com a edição do Código de Ética, o CNJ acredita na suficiência deste convite para convencer o juiz a ser ético. 
A função docente e exemplar da Magistratura diante dos demais grupos sociais
É da tradição do direito consagrar ao seu profissional uma intimidade com a ética nem sempre detectável em outras atividades. Por isso é que se tributa à Magistratura o epíteto de reserva moral da Nação. A responsabilidade do juiz brasileiro é expressivamente acrescida no presente estágio histórico, em que a sensação corrente é a de que a moralidade foi sepultada, tantas e tamanhas são as mazelas comportamentais em todos os níveis.
A educação, que poderia treinar os espíritos para vôos mais elevados e prolongados, padece, ela própria, de evidente deformidade. A maior parcela da população satisfaz-se com sobreviver. A qualquer custo, a qualquer preço. Os valores estão em declínio. Flexibilizam-se os preceitos, procedem-se a interpretações convenientes, relativiza-se o que já foi absoluto. Conceitos como honra, probidade, compromisso, retidão, caráter, sofreram mutação semântica. Interessa chegar lá, vencer na vida. Os meios não entram em conta.
Na falência da moral, a missão do juiz – fazer justiça – torna-se epopéia heróica. Não há direito sem ética. A judicialização dos conflitos é uma seara em que se pode e se deve reorientar as práticas sociais. Ao decidir, o juiz sinaliza à sociedade o parâmetro da conduta desejável. Há uma Constituição principiológica e dirigente, que permite a hermenêutica seminal, criativa, de uma ética para a nacionalidade.
Toda decisão veste caráter eminentemente docente. A magistratura pode ser fator de redenção dos princípios sepultados na mercancia de interesses subalternos.
A nacionalidade tem direito de esperar que seus juízes liderem o processo de recuperação da moralidade pública. Em todo e qualquer processo há um conteúdo ético a ser revigorado. Não há causas menores, nem irrelevantes, para o significado incomensurável do apostolado de fazer justiça.
19.2 
- Empresário. 
1) Conceito: é a pessoa física (empresário individual) ou jurídica (sociedade empresária) que exerce profissionalmente (com habitualidade e escopo de lucro) atividade econômica organizada para produção ou a circulação de bens ou de serviços no mercado (art. 966 do Novo Código Civil). 
Estão excluídos desse conceito: 
- o profissional liberal; o artista e outros que exerçam atividade predominantemente intelectual, ainda que tenham o concurso de auxiliares ou colaboradores (ex: médicos, advogados, arquitetos, engenheiros, químicos, farmacêuticos, escritores, músicos, profissionais dedicados ao desenho artístico ou de modas, fotógrafos etc), salvo se estes adotarem estrutura empresarial (ou seja, a força de trabalho intelectual seja elemento da empresa). Exemplos: consultório médico com secretária - não é empresa; clínica de estrutura empresarial, com vários médicos, secretárias etc - é empresa. 
- o empresário rural também não está sujeito ao Direito Comercial (não está sujeito a falência e nem pode requerer recuperação judicial), salvo se se inscrever no Registro Público de Empresas Mercantis (que é exercido pela Junta Comercial), quando passa a ser equiparado ao empresário. 
Elementos característicos da condição de empresário (Marlon Tomazette):
- economicidade 
- organização
- profissionalidade
- assunção do risco
- direcionamento ao mercado
2) Capacidades e Impedimentos para o Exercício de Atividade Empresarial
Para o regular exercício da atividade empresarial, impõe-se a análise da capacidade do exercente, bem como a inexistência de impedimentos para seu exercício, a teor do disposto no artigo 972 do diploma civil.
Incapazes para o exercício de atividade empresarial são aqueles incapazes para a vida civil, arrolados nos artigos 3º e 4º do Código Civil. O novo CCB exige a idade mínima de 18 (dezoito) anos completos para se constituir empresário. O incapaz não pode ser empresário (é o caso dos interditos, sujeitos à curatela). 
O menor: estando emancipado, fica-lhe permitido exercer a atividade de empresário, e, como tal, ser qualificado, pois possui capacidade civil plena. Os menores não emancipados, apesar de não poderem iniciar a atividade empresarial, poderão dar-lhe continuidade (o mesmo com incapazes interditos). É necessária prévia autorização judicial a ser obtida através de procedimento de jurisdição voluntária (arts. 1103 a 1112 do CPC), ouvido o Ministério Público (Arts. 82 e 1105 do CPC), sendo nomeado um gerente, se o representante ou assistente não puder exercer a atividade de empresário. Ao contrário das demais empresas ou firmas individuais, não existe autonomia patrimonial com a conseqüente limitação da responsabilidade; há uma limitação da responsabilidade quanto ao patrimônio do menor, ficando limitado os resultados da empresa aos bens afetados na sua exploração (art. 974, § 2º do CC/02).
Já para a verificação dos impedidos ao exercício desta atividade, cumpre salientar que, em tese, seriam capazes de praticar atos empresariais. Assim, os proibidos de comerciar são plenamente capazes para a prática de atos empresariais, mas a lei entendeu por bem impedi-los de exercê-los. Trata-se de hipótese de ausência de legitimação ou legitimação sob o enfoque negativo.[2: Age de modo negativo quando a lei por disposição cogente declara a inabilitação de certas pessoaspara a prática de certos atos devido a alguma situação irremovível em que elas se acham, ou quando mantém o impedimento durante a persistência de determinadas situações especiais, caracterizando-se, na primeira hipótese, de ilegitimação absoluta ou inalterável pela vontade dos agentes e, na segunda hipótese, a da ilegitimidade relativa. ]
As hipóteses de proibição para exercer a atividade empresarial encontram-se espalhadas no ordenamento jurídico. Estão impedidos de exercer a atividade empresária:
Deputados e Senadores (CF/88, Art. 54, II, a) – é mera restrição (não podem ser proprietários, controladores ou administradores, ou mesmo exercer função remunerada, em empresas que gozem de favor decorrente de contrato com PJ de direito público). A restrição se estende a vereadores. 
Magistrados (LC 35/79, art. 36, I) e Membros do Ministério Público (CF/88, Art. 128, II, c)
Servidores públicos civis (Lei 8.112/90, Art. 117, X) e militares na ativa (Lei 6.880/80, art. 29) - Em relação aos servidores públicos, a proibição não é absoluta, podendo participar de sociedade, como sócio cotista, acionista ou  comanditário, desde que não ocupe cargo de administração, de controle, e desde que não seja majoritário. A eventual participação na sociedade empresária gera o impedimento do Juiz e membro do Ministério Público de atuar em processos em que a sociedade seja parte (Arts. 134, VI e 138 do CPC; Art. 254, VI e Art. 258 do CPP – aqui tratada como hipótese de suspeição).
Se os cônjuges forem casados sob o regime da comunhão universal de bens ou separação obrigatória (legal) de bens, não poderão constituir sociedade entre si. Nada impede que cada um seja titular de empresa individual ou sócio de uma sociedade empresária.
Enunciado 204 do CJF – Art. 977: A proibição de sociedade entre pessoas casadas sob o regime da comunhão universal ou da separação obrigatória só atinge as sociedades constituídas após a vigência do Código Civil de 2002. [Aplicação do ato jurídico perfeito]
Enunciado 396 do CJF – A capacidade para contratar a constituição da sociedade submete-se à lei vigente no momento do registro.
Enunciado 205 do CJF – Art. 977: Adotar as seguintes interpretações ao art. 977: (1) a vedação à participação de cônjuges casados nas condições previstas no artigo refere-se unicamente a uma mesma sociedade; (2) o artigo abrange tanto a participação originária (na constituição da sociedade) quanto a derivada, isto é, fica vedado o ingresso de sócio casado em sociedade de que já participa o outro cônjuge. 
Falido não reabilitado.
Pessoa que esteja condenada pela prática de crime cuja pena vede o acesso à atividade mercantil; (Lei 8.934/94, Art. 35, II). Afora a condenação por crime falimentar (Lei 11.105/05, Art. 181), não há previsão específica, podendo ser aplicado o Art. 1011, § 1º do CC/02 (referente ao impedimento do administrador)
Obs.: registro e escrituração são tratados no ponto 11. 
Aqui basta referir que a inscrição no Registro de Empresas não é requisito para a caracterização de comerciante e sim da sua regularidade. O registro possui um caráter declaratório. A sua ausência não pode servir de escudo para se furtar aos deveres decorrentes do exercício da atividade empresarial.
Para a regularidade da atividade empresarial há três obrigações principais: arquivar atos constitutivos na Junta Comercial (órgão do registro das empresas mercantis); escriturar regularmente os livros comerciais obrigatórios, além dos facultativos que porventura façam a opção de utilizar; levantar balanço patrimonial periodicamente, entendendo-se como obrigatório o levantamento, no mínimo, anual. 
O comerciante sem registro é o COMERCIANTE IRREGULAR OU DE FATO. Ambos têm o mesmo tratamento jurídico, mas o IRREGULAR é aquele que tem atos constitutivos e apenas não os levou a registro, ao passo que o DE FATO não tem sequer atos constitutivos.
3) EIRELI
 	Veio pela Lei 12.441, de 11/07/2011 (art. 980-A do CC):
 	Aspectos de maior relevo:
- a opção no Brasil não foi por uma sociedade unipessoal nem por patrimônio de afetação. Em verdade o que se tema é o sistema da personificação da empresa – houve a criação de uma nova pessoa jurídica, como centro autônomo de direitos e obrigações para o exercício individual da atividade empresarial com limitação de riscos. 
- é vedada a participação de uma pessoa física em mais de uma EIRELI. 
- Tomazette defende que incapazes possam ser titulares da EIRELI, desde que assistidos/representados e não exerçam funções de administração. Mas isso não será causa de emancipação, como não o é a participação em sociedade, pois não se trata de exercício em nome próprio da atividade empresarial. 
Atentar, porém: a IN 117/2011 do DNRC não admite a constituição de EIRELI por incapaz. 
- o mesmo autor defende tb que magistrados/membros do MP/ servidores públicos e militares da ativa possam constituir EIRELI, desde que não exerçam funções de administração, assim como podem ser sócios de uma LTDA.
- esse autor tb não vê impedimento para a constituição por pessoa jurídica
- a constituição da EIRELI pode se dar para o início ou para a continuação de uma atividade empresarial
- o capital social deve estar integralizado, e o mínimo é de 100 salários
- não se admite a contribuição em serviços, o capital deve ser formado por dinheiro ou bens, até por sua função de garantia dos credores. 
- pode haver uso de firma ou denominação
- a transferência da titularidade será como a transferência de quotas de uma LTDA – mas sem a necessidade de anuência dos sócios, que inexistem na EIRELI. Pode ser, pois, por negócios inter vivos ou por sucessão. 
- Direito pessoal: relações de parentesco. 
1) Conceito de parentesco: 
1.1) em sentido estrito: Parentesco é o laço existente entre os diversos membros da família. É a relação que vincula entre si pessoas que descendem umas das outras ou que descendem de um mesmo tronco. 
1.2) em sentido amplo: é a relação que vincula, também, os afins, os adotantes/ adotados, e outros, como os originados por meio de uma técnica de reprodução medicamente assistida. 
2) Espécies de parentesco: 
a) natural: quando as diversas pessoas se originam de um tronco comum; resulta da consangüinidade
b) civil: quando criado artificialmente pela lei em virtude de ato voluntário das partes (adoção e inseminação artificial heteróloga).
c) por afinidade: origina-se do casamento ou da união estável; é o que liga uma pessoa aos parentes de seu cônjuge ou companheiro, limitado aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro. É um vínculo pessoal; logo, os afins de um cônjuge não são afins entre si, portanto, não haverá afinidade ente concunhados, nem entre parentes de um consorte com os parentes do outro.
OBS: 
Para Arnoldo Wald, a afinidade não é parentesco. 
Efeitos da afinidade: na linha reta, a afinidade não se extinguirá com a dissolução do casamento ou da união estável, persistindo o impedimento matrimonial; a afinidade na linha colateral cessará com o óbito do cônjuge ou convivente, e, por conseguinte, não estará proibido o matrimônio entre cunhados.
Atentar: no casamento putativo não se estabelece afinidade, uma vez que a boa-fé do cônjuge somente produz efeitos em relação a ele mesmo e à prole, jamais a terceiros.
Marido e mulher não são parentes, por não descenderem de um antepassado comum. 
O parentesco entre irmãos pode ser bilateral ou unilateral. É bilateral quando existente tanto pela linha materna como pela paterna (irmãos germanos), e unilateral quando existe somente por uma das duas linhas. Neste caso, são uterinos se filhos da mesma mãe e de pais diversos, ou consangüíneos, se do mesmo pai e de mãe diferentes;
Agnação: é o parentesco que se estabelece pelo lado masculino; Cognação: o que se firma pelo lado feminino.
3) Linhas e graus de parentesco
3.a) linha ou ordem de parentesco: consiste na série de pessoas oriundas de um tronco ancestral comum, podendo ser reta ou transversal/colateral/oblíqua;
a.1) há parentesco emlinha reta quando as pessoas descendem umas das outras. Pode ser ascendente ou descendente. Ex: bisavô, avô, pai, filho, neto, bisneto 
a.2) parentesco em linha colateral (transversal ou oblíqua) é o existente entre indivíduos que, sem descender uns dos outros, têm um ascendente comum. O novo Código reduz ainda mais esse vínculo, ao limitar tal parentesco ao quarto grau (art. 1.592). Ex: irmãos, tios, sobrinhos e primos. 
3.b) grau de parentesco: é o número de gerações que separam os parentes.
b.1) A contagem dos graus de parentesco na linha reta é feita atendendo-se ao número de gerações existentes entre os parentes. Ex: pai e filho são parentes em primeiro grau; avô e neto em segundo grau.
- Na linha reta ascendente, toda pessoa tem duas linhas de parentesco: a linha paterna e a linha materna.
- Na linha reta descendente, surgem subgrupos denominados estirpes, abrangendo todas as pessoas oriundas de um mesmo descendente.
b.2) O grau de parentesco na linha colateral conta-se assim: o número de gerações entre um dos parentes e o antepassado comum e depois entre este e o outro parente. Ou seja: parte-se de um parente situado em uma das linha, subindo-se, contando as gerações, até o tronco comum, depois descendo pela outra linha, continuando a contagem das gerações, até encontrar o outro parente. 
4) Efeitos legais do parentesco
a) no direito constitucional: existem impedimentos de ordem política, estabelecendo a Constituição Federal, no capítulo das inelegibilidades (art. 14, § 7º da Constituição de 1988).
b) no direito administrativo: o art. 117, VIII, da Lei n] 8.112, de 11-12-1990, determina:
“Art. 117. Ao servidor é proibido: (...) VIII — manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil”.
c) no direito processual ou judiciário: existe a proibição de depor um parente em processo em que outro é interessado, não podendo funcionar, outrossim, um advogado que seja parente do juiz. Do mesmo modo, dois irmãos não podem funcionar simultaneamente como desembargadores no julgamento da mesma causa.
d) no direito fiscal: o parentesco permite a dedução de certas despesas realizadas com os dependentes econômicos do contribuinte, para fins de imposto de renda.
e) no direito civil: o parentesco tem relevância no tocante à sucessão e a uma série de atos no direito de família. 
5) Filiação
a) Princípio da igualdade jurídica entre os filhos: a CF/88 (art. 227, § 6º) estabeleceu absoluta igualdade entre os filhos;
b) Presunção legal da paternidade – via de regra, é juris tantum (relativa), porque pode ser contestada mediante ação negatória/contestatória de paternidade. Presumem-se concebidos na constância do casamento: 
I – os filhos nascidos 180 dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal;
II – os filhos nascidos nos 300 dias após a dissolução da sociedade conjugal por morte, separação judicial ou nulidade e anulação do casamento;
III – os filhos havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o pai;
IV – os filhos havidos a qualquer tempo quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga: são advindos dos componentes genéticos do marido e da mulher e preservados por congelamento em clínica de reprodução assistida;
V – os filhos havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia anuência do marido. 
OBS: presunção juris tantum da paternidade de filho nascido de bínuba (aquela que contrai segundas núpcias): se o filho nascer nos 300 dias após a dissolução do casamento de sua mãe, que veio a contrair novas núpcias, antes de decorrido o prazo de 10 meses, presume-se que é filho do primeiro marido, ou do segundo se seu nascimento se der após os 300 dias do falecimento do primeiro marido ou da separação judicial, nulidade ou anulação do casamento.
OBS: impotência absoluta como impugnação à paternidade de filho: a impotência coeundi e generandi deve ser absoluta e devidamente provada. 
OBS: Não basta o adultério da mulher, ainda que confessado, para ilidir a presunção legal de paternidade; não basta também a confissão materna para excluir a paternidade. 
c) ação negatória (ou contestatória) de paternidade: 
c.1) é imprescritível; 
c.2) legitimidade ad causam: privativa do marido, mas, uma vez iniciada, passa a seus herdeiros, se vier a falecer durante o curso da ação - OBS: tem-se reconhecido ao filho o direito de impugnar a paternidade, provando o erro ou a falsidade do registro; 
c.3) segue o rito ordinário; 
c.4) legitimidade passiva: filho, que se for menor de idade, exige-se a figura do curador ad hoc (que não pode ser o próprio autor), cuja intervenção não se dispensa por atuar no feito o MP; 
c.5) a sentença deverá ser averbada à margem do registro de nascimento; 
c.6) é oponível erga omnes, produzindo efeitos em relação aos demais membros da família; 
OBS: Jornada II STJ 258: “Não cabe a ação prevista no CC 1.601 se a filiação tiver origem em procriação assistida heteróloga, autorizada pelo marido nos termos do CC 1597 V, cuja paternidade configura presunção absoluta”.
OBS: Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald destacam: “Cumpre, ainda, registrar que no âmbito da ação negatória de paternidade/maternidade a prova pericial em DNA não pode ser tolerada como absoluta ou auto-suficiente. Em verdade, não se pode admitir que a simples comprovação da inexistência de vínculo biológico seja suficiente para quebrar o vínculo paterno-filial. Com efeito, mesmo evidenciada a falta de elo genético, é possível que se evidencie a existência de um liame sócio-afetivo, trazendo como conseqüência natural e impositiva a improcedência do pedido negatório de paternidade”.
Fala-se em dessacralização do DNA, no sentido de que não é meio de prova absoluto, há que se levar em conta o fator afetivo. 
Fala-se em posse do estado de filho para designar essa paternidade afetiva, numa projeção da teoria da aparência. 
A ausência de caráter absoluto para o exame de DNA também vem dando ensejo a decisões que não mais admitem uma relativização indiscriminada da coisa julgada, em matéria de reconhecimento de paternidade. 
d) a filiação prova-se pela certidão do termo de nascimento registrada no Registro Civil: Ninguém pode vindicar estado contrário ao que resulta do registro de nascimento, salvo provando-se erro ou falsidade do registro; 
d.1) provas supletivas da filiação: na falta ou defeito do termo de nascimento, a filiação poderá ser provada por qualquer meio admissível em direito a) quando houver começo de prova por escrito, proveniente dos pais, conjunta ou separadamente, b) quando existirem veementes presunções resultantes de fatos já certos.
d.2) ação de prova de filiação: é pessoal; competirá ao filho, enquanto viver, passando aos herdeiros, se ele morrer menor ou incapaz; se iniciada a ação pelo filho, os herdeiros poderão continuá-la, salvo se julgado extinto o processo; é imprescritível.
e) reconhecimento dos filhos: constitui espécie de ato jurídico em sentido estrito, pelo qual se declara a filiação, estabelecendo juridicamente o parentesco entre o pai ou a mãe e seu filho. 
e.1) efeitos: o reconhecimento produz todos os efeitos a partir do momento de sua realização e é retroativo (ex tunc), ou seja, retroage à data do nascimento; é de natureza declaratória. 
e.2) anulação: será admitida ação anulatória de reconhecimento quando se verificar a sua desconformidade com a verdadeira filiação biológica 
e.3) modos: 
a) Voluntário = perfilhação: 
I) no registro do nascimento; 
II) por escritura pública ou escrito particular, a ser arquivado em cartório; 
III) por testamento, ainda que incidentalmente manifestado; 
IV) por manifestação direta e expressa perante o juiz, ainda que o reconhecimento não tenha sido o objeto único e principal do ato que o contém. 
b) Judicial, coativo ou forçado – por meio de ação de investigação de paternidade.
OBS:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE CUMULADA COMALIMENTOS. EXAME DE DNA. RECUSA DO INVESTIGADO. INVERSÃO DO ÔNUS PROBANDI. PRESUNÇÃO JURIS TANTUM DA PATERNIDADE. ANÁLISE DO CONJUNTO PROBATÓRIO. FIXAÇÃO ALIMENTOS. BINÔMIO NECESSIDADE X POSSIBILIDADE. QUANTUM ELEVADO. CABÍVEL REDUÇÃO DO VALOR. 
- Conforme o enunciado da Súmula 301 do e. STJ, "em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de DNA induz presunção juris tantum de paternidade."
- Invertendo-se o ônus probante pela recusa do investigado em submeter-se ao exame pericial, cabe ao julgador utilizar-se de outros elementos de prova para aferir a procedência ou não do reconhecimento da paternidade.
-Os alimentos devem ser fixados com observância do binômio necessidade/possibilidade. Considerando que a fixação de alimentos estipulada pelo juiz singular encontra-se exorbitante, impõe-se a modificação da sentença, reduzindo-os ao patamar razoável.
- Recurso parcialmente provido. Unânime.(TJDFT - 20050110788174APC, Relator OTÁVIO AUGUSTO, 6ª Turma Cível, julgado em 29/08/2007, DJ 20/09/2007 p. 122)
_________
Obs.: ver lei 12.004/09 – a presunção decorrente da recusa na realização do exame de DNA é feita à luz do conjunto probatório. 
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AÇÃO NEGATÓRIA DE PATERNIDADE. DESCONSTITUIÇÃO DO RECONHECIMENTO ESPONTÂNEO. AUSÊNCIA DE FILIAÇÃO BIOLÓGICA. PRESERVAÇÃO DA FILIAÇÃO SÓCIO-AFETIVA. 
I - O reconhecimento dos filhos é irrevogável, podendo, contudo, ser desconstituído o vínculo parental, no caso de erro ou de falsidade do registro, o que não foi comprovado. 
II - Preservação do estado de filiação sócio-afetiva, não obstante a inexistência da biológica, demonstrado nos autos o vínculo paterno-filial, o afeto e o abrigo assistencial entre o autor e os filhos, por quase três décadas. 
III - Apelação conhecida e improvida. Unânime. (TJDFT - 20020110972892APC, Relator VERA ANDRIGHI, 1ª Turma Cível, julgado em 08/08/2007, DJ 04/09/2007 p. 122
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Direito civil e processual civil. Recurso especial. Ação de investigação de paternidade. Decisão interlocutória que rejeita preliminares argüidas pelo investigado. Agravo de instrumento que mantém a decisão. Decadência do direito do investigante. Não ocorrência. Litisconsórcio passivo necessário. Demais herdeiros do pai registral falecido. Imposição sob pena de nulidade processual.
- A regra que impõe o prazo de quatro anos para impugnar o reconhecimento da paternidade constante do registro civil só é aplicável ao filho natural que pretende afastar a paternidade por mero ato de vontade, com o objetivo único de desconstituir o reconhecimento da filiação, sem contudo buscar constituir nova relação.
- A decadência, portanto, não atinge o direito do filho que busca o reconhecimento da verdade biológica em investigação de paternidade e a conseqüente anulação do registro com base na falsidade deste.
- Em investigatória de paternidade, a ausência de citação do pai registral ou, na hipótese de seu falecimento, de seus demais herdeiros, para a conseqüente formação de litisconsórcio passivo necessário, implica em nulidade processual, nos termos do art. 47, parágrafo único, do CPC.
Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, provido. (REsp 987.987/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 21/08/2008, DJe 05/09/2008)
Dano moral por abandono afetivo: no Resp 1159242 houve seu reconhecimento pelo STJ, em maio de 2012, em decisão inovadora acerca do tema. 
Atentar ainda, no bojo dessas discussões, para a Lei 12.318/2010, sobre alienação parental. No link http://www.dizerodireito.com.br/2012/04/pergunta-do-leitor-alienacao-parental.html consta resumo interessante das disposições acerca do tema. 
f) ação de investigação de paternidade:
f.1) natureza jurídica: declaratória; imprescritível. Trata-se de direito personalíssimo e indisponível. É pressuposto para o ajuizamento da ação de petição de herança, que prescreve em 10 anos (já que diz respeito aos efeitos patrimoniais do estado da pessoa). 
f.2) legitimidade ativa: é do filho. Se menor, será representado pela mãe ou tutor.
f.3) legitimidade passiva: recai no suposto pai. Se já for falecido, a ação deverá ser dirigida contra os seus herdeiros. Referida ação pode ser contestada por qq pessoa que justo interesse tenha. 
g) ação de investigação de maternidade:
g.1) legitimidade ativa: filho
g.2) legitimidade passiva: mãe ou seus herdeiros 
obs.: adoção e poder familiar são objeto de outros pontos (6 e 5, respectivamente).
- Direito das Sucessões: inventário e partilha. 
1) Considerações gerais: 
O direito brasileiro acolheu a regra de saisine (princípio de saisine – art. 1.784 do CC – “Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários”), que significa que com a morte, abre-se automaticamente a sucessão. Na prática, com a morte, há uma mutação subjetiva na propriedade do patrimônio (deixa de ser o falecido e passa a ser os seus herdeiros, em condomínio).
Tenha ou não apresentado disposição de última vontade, haverá transmissão automática no seu patrimônio. É isto que se quer dizer que, com a morte abre-se automaticamente a sucessão.
Pela Lei n. 9.434/87, no instante em que ocorrer a morte encefálica (morte cerebral) haverá a mudança automática na propriedade do patrimônio.
Nesse sentido, o inventário é o procedimento judicial ou administrativo que irá identificar cada um dos quinhões (da cota-parte) hereditários. Por isso, não há que se confundir a abertura da sucessão com a abertura do inventário.
Assim, a natureza da sentença que é proferida no inventário é meramente declaratória (tendo em vista que a transferência da titularidade já ocorreu automaticamente com o próprio advento morte, e a sentença apenas fixará cada cota-parte).
Nada impede, porém, que a vontade do próprio titular se mantenha, nos casos de testamento (art. 1.857 do CC) e do codicilo (art. 1.881 do CC). Aqui, o princípio da saisine se combinará com a vontade do autor da herança.
No que diz respeito aos direitos da personalidade, é preciso que se lembre de duas regras: 
(1) a do art. 14 do CC – “É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte”; 
(2) e a do § único, do art. 12 do CC – “Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau” (perceba-se que este artigo não está tratando de transmissão dos direitos da personalidade de quem morreu, mas sim está reconhecendo o direito que as pessoas vivas têm de tutelar os seus próprios direitos à personalidade, no sentido de não ter ofendida a memória dos parentes mortos – lesados indiretos).
Se a lesão à personalidade ocorre antes da morte (art.943 NCC) = transmissão do direito à indenização.
Depois da morte (art. 12, § único do NCC) = lesados indiretos (legitimação autônoma)
Somente as relações jurídicas patrimoniais (jamais os direitos da personalidade) podem ser objeto de transmissão hereditária. As relações personalíssimas não são transmissíveis, porém o direito à indenização e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança. O dano moral, portanto, diante do seu conteúdo patrimonial, se transmite. Tanto o dever de prestar como o direito de pleitear. Não confunda com sucessão processual, a ocorrer quando já ingressada a demanda e o seu titular vem a falecer.
Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança.
2) Distinção entre herança, inventário e espólio:
HERANÇA é o conjunto de relações jurídicas patrimoniais (ativas e passivas), pertencentes a quem morreu e transmitidas automaticamente a seus herdeiros. Segundo o NCC, a herança é um bem universal, imóvel e indivisível (ainda que composta de bens singulares, móveis e indivisíveis). Ainda que apenas composta por dinheiro, manterá tais características.
Assim, todo negócio jurídico que tiver como objeto um atode disposição de herança tem que ser realizado através de escritura pública e com a outorga do cônjuge. Além disso, cada herdeiro é co-proprietário e co-possuidor do todo, motivo pelo qual pode reclamar ou defender integralmente o todo. Enquanto não proferida a sentença de partilha mantém-se a herança sob tais características. Quando o herdeiro intentar ceder seu quinhão hereditário deverá dar direito de preferência aos demais herdeiros.
OBS: Diferentemente dos herdeiros, o legatário somente recebe o bem com o advento da sentença de partilha. Este poderá, entretanto, adotar medidas cautelares para defesa do legado ou, ainda, buscar a antecipação do legado. Para que lhe seja antecipado o legado ele terá de prestar caução, chamada esta de caução muciana.
ESPÓLIO não é outra coisa que não a representação processual da herança. Se já houver inventário ajuizado, o representante do espólio é o inventariante; caso contrário, o representante do espólio é o administrador provisório (aquele que estiver na posse dos bens – seja uma única pessoa ou várias pessoas).
CPC - Art. 985. Até que o inventariante preste o compromisso (art. 990, parágrafo único), continuará o espólio na posse do administrador provisório. 
(portanto, diante do princípio da saisine, em sendo ação de natureza patrimonial, será esta intentada em face de todos os herdeiros, eis que com o advento da morte transmite-se automaticamente as estes a posse, etc.)
Diante disso, se é o espólio quem representa a herança, o espólio não tem legitimidade para figurar em demandas que versem sobre relações personalíssimas (ex.: adoção pós-morte; investigação de paternidade pós-morte – estas e todas as outras ações personalíssimas devem ser dirigidas contra os herdeiros e não contra o espólio, nem contra o inventariante). Mesmo que a ação de investigação venha cumulada com pedido de alimentos será intentada contra os herdeiros.
A jurisprudência vem entendendo que, em se tratando de inventariante judicial ou dativo (que podem não ter interesse direto no bom desfecho do inventário), é necessária a intimação de todos os herdeiros. (art. 12 do CPC)
INVENTÁRIO: é o procedimento (especial de jurisdição contenciosa) tendente a levantar o patrimônio a ser transmitido separando a meação (do cônjuge ou companheiro) e dívidas, promovendo a partilha dos bens entre os herdeiros, fixando-se a quota-parte de cada interessado.
O procedimento de inventario pode ser intentado em juízo (procedimento de jurisdição contenciosa) ou em cartório (procedimento administrativo).
Em juízo poderá o inventario adotar o procedimento convencional ou procedimento simplificado. No caso da via simplificada poderá revestir-se da forma de arrolamento sumário ou arrolamento comum.
Legado: É um bem certo de determinado deixado para uma pessoa certa e determinada. Só pode ser recebido na fase da partilha, porque até antes dela ainda não se sabe se o patrimônio deixado será suficiente para quitar os débitos ou as dívidas deixadas pelo falecido.
3) Regras de inventário e partilha especificada e detalhadamente: 
Não obstante a abertura da sucessão implicar imediata transmissão dos bens aos sucessores, há necessidade de que o patrimônio deixado pelo autor da herança, que representa uma universalidade, seja declarado e distribuído entre os sucessores. Esta é a finalidade do inventário e da partilha.
O Código Civil de 2002, nos arts. 1991 a 2027, trata dos aspectos materiais atinentes ao inventário e à partilha (tais como as questões da administração da herança, da responsabilidade dos herdeiros, da forma, dos sonegados e das colações, dos critérios para a divisão etc.), adentrando algumas de suas disposições a seara do direito processual. No âmbito deste, aliás, o ordenamento pátrio reservou ao inventário e partilha um dos procedimentos especiais de jurisdição contenciosa, previsto nos arts. 1770 a 1805 do Código de Processo Civil.
Vale destacar que apesar de inventário e partilha serem conceitos distintos, usa-se a eles se referir em conjunto (“inventário e partilha”, havendo quem fale em “inventáriopartilha”). Isto porque o inventário, que é o levantamento do patrimônio líquido do de cujus, normalmente deságua na partilha, que é a distribuição dos bens entre os sucessores. Isso somente não ocorrerá se, apurado o ativo e o passivo da herança, não sobrarem bens a serem partilhados (passivo ≥ ativo). De qualquer sorte, a partilha pressupõe prévio inventário, sendo certo que partilha e inventário não originam processos autônomos, já que são fases de um mesmo procedimento. Por este motivo, é comum também falar-se simplesmente em inventário, tomando a parte pelo todo.
3.1) INVENTÁRIO 
É o processo judicial (art. 1.796, CC, e 982, CPC) ou extrajudicial (Art. 982, CPC) tendente à relação, descrição, avaliação e liquidação de todos os bens pertencentes ao de cujus ao tempo de sua morte, para distribuí-los entre seus sucessores.
No inventário, apura-se o patrimônio do de cujus, cobram-se as dívidas ativas e pagam-se as passivas. Também se avaliam os bens e se pagam os legados e o imposto causa mortis. Após, procede-se à partilha.
Inventário, então, é o processo no qual se descrevem e avaliam os bens de pessoa falecida, e partilham entre os seus sucessores o que sobra, depois de pagos os impostos, as despesas processuais e as dívidas passivas reconhecidas pelos herdeiros.
Processo Judicial de Inventário
Abertura do Inventário - Competência
- A abertura do inventário, em regra, deve ser requerida no foro do último domicílio do autor da herança. 
- No caso de o falecido ter tido mais de um domicílio, será qualquer um deles, eleito através do critério da prevenção.
- No caso de o falecido não ter domicílio, o inventário pode ser aberto no lugar onde estão os bens (imóveis) ou no lugar do óbito.
Trata-se de competência relativa (as partes, querendo, podem prorrogá-la e o juiz ou o Ministério Público não pode conhecê-la de ofício – Súmula 33 STJ).
Aberto o inventário, instaura-se um juízo universal (onde estarão concentradas todas as discussões a respeito dos interesses patrimoniais do falecido). Este juízo universal, contudo, não absorve lides para as quais ele não tenha competência material (ex.: possessória, reivindicatória, etc.).
OBS: O CPC estabelece uma regra de competência exclusiva da Justiça Brasileira para o inventário de bens situados no Brasil: (art. 89 do CPC - Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: (I) - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; (II) - proceder a inventário e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja estrangeiro e tenha residido fora do território nacional).
Perceba-se que partilha de bens situados no Brasil, desde que feita em vida, pode ser feita por órgão da justiça estrangeira. Todavia, se a partilha é feita juntamente com o inventário (ou seja, em virtude da morte do proprietário) somente pode ser feita pela Justiça brasileira. Ou seja, apenas não poderá o STJ homologar a partilha de bens situados no Brasil realizada no estrangeiro acaso seja partilha causa mortis.
Registre-se que esta competência, apesar de ser exclusiva da Justiça brasileira, deverá observar a legislação mais favorável aos herdeiros brasileiros (as legislações portuguesa e mexicana são mais favoráveis). 
OBS: No inventário em cartório, não se analisa as regras de competência, podendo ser feito em qualquer cartório do Brasil (mesmo que o falecido não tenha sido ali domiciliado, que ali não seja sede dos bens, etc.).
b) Prazo para abertura
Conforme dispõe o art. 983, do CPC, alterado pela Lei 11.441/2007, o prazo é de 60 dias. A referida lei revogou, tacitamente, o art. 1.796, do CC, que trazia um prazo de 30 dias para a abertura do inventário. 
OBS: Trata-se de um prazo impróprio – nem é decadencial, nem é prescricional – não gera nenhuma sanção, exceto a incidência de multa fiscal (Súmula 542, STF: Não é inconstitucional a multa instituída pelo Estado-Membro, como sanção pelo retardamentodo início ou da ultimação do inventário). 
c) Legitimidade para requerer a abertura do inventário
c.1) quem estiver na posse e administração do espólio 
c.2) demais pessoas (relacionadas no art. 988, CPC): a) cônjuge supérstite (ou companheiro); b) herdeiro; c) legatário; d) testamenteiro; e) cessionário do herdeiro ou legatário; f) credor do herdeiro, do legatário, do autor da herança ou do cônjuge supérstite; g) o Ministério Público, havendo herdeiros incapazes; h) a Fazenda Pública, quando tiver interesse;
c.3) o juiz, de ofício.
Trata-se, portanto, de uma legitimidade concorrente. Mas, se mesmo assim, nenhum deles requerer a abertura do inventário, o juiz pode excepcionalmente determinar a abertura do inventário de ofício (art. 989 do CPC).
d) Procedimento judicial 
Petição Inicial 
Além dos requisitos do art. 282 do CPC, o requerimento da abertura de inventário deve vir acompanhado da Certidão de óbito. Nesta petição inicial somente serão analisadas a legitimidade de quem pleiteia a abertura do inventário; a certeza da morte e o valor da causa (que será o da totalidade do patrimônio deixado, abatido o valor da meação – já que esta, por não ser transmitida, não será computada para nenhum fim – ex.: não será considerada para fins de cálculo de custas, nem do imposto de transmissão causa mortis, etc.).
Vis Atractiva do Juízo de Inventário
Via de regra o juízo do inventário é universal, atraindo para si a competência para apreciar questões relativas ao seu procedimento. Para tanto, faz-se necessário prova pré-constituída.
Na forma do art. 984 do CPC, não se discute dentro do inventário as questões de alta indagação, devendo ser remetidas para as vias ordinárias (questões complexas do ponto de vista fático – que exigirão prova e contraprova – ex.: discussão sobre comoriência).
Rito 
a) Nomeação do inventariante 
- não precisa ser, necessariamente, aquele autor da petição inicial. Será aquele que assume atribuições e obrigações (múnus público). 
- Pessoas previstas no art. 990, CPC: trata-se de um rol taxativo e preferencial.
- O inventariante – que deve ser nomeado de acordo com seqüência da lista do art. 990 do CPC – pode ser, eventualmente, nomeado fora da seqüência de preferência, desde que por meio de decisão devidamente fundamentada. Dessa decisão, pelo seu caráter interlocutório, caberá agravo de instrumento.
- O parceiro homossexual poderá ser nomeado inventariante, segundo dispõe Maria Berenice Dias. 
- O herdeiro Incapaz (relativamente incapaz também) NÃO pode (STJ – Resp. 658.831/RS) ser nomeado inventariante, segundo o STJ. Pessoa jurídica também não poderá ser nomeada inventariante, mesmo quando nomeada herdeira ou legatária.
- Sempre que se tratar de inventário comum (aquele que surge com a morte de algum dos herdeiros de um inventário pendente), o inventariante deve ser herdeiro comum aos dois inventários.
OBS: Inventário Conjunto: Quando no curso de um inventario sobrevém a morte do cônjuge supérstite, o inventariante será comum a ambos os inventários. 
- No que tange às atribuições do inventariante, algumas somente podem ser praticadas com a autorização do juiz, sob pena de nulidade absoluta (REsp 140.369/RS) (são atos que impliquem em disposição do direito – art. 992 do CPC – “Incumbe ainda ao inventariante, ouvidos os interessados e com autorização do juiz: (I) - alienar bens de qualquer espécie; (II) - transigir em juízo ou fora dele; (III) - pagar dívidas do espólio; (IV) - fazer as despesas necessárias com a conservação e o melhoramento dos bens do espólio”).
Atribuições Comuns (art. 991 do CPC)
 do
Inventariante		 Especiais (art. 992 do CPC) = Autorização Judicial
O inventariante deve cumprir certos deveres, sob pena de punição (remoção – é a sanção civil que é imposta ao inventariante desidioso, afastando-o e substituindo-o). Este pedido de remoção deve ser formulado em processo apartado e será submetido ao contraditório e à ampla defesa.
A jurisprudência vem admitindo que a remoção seja determinada de ofício pelo juiz, desde que ele assegure o devido processo legal.
A remoção não se confunde com a destituição, que não tem caráter punitivo, e ocorre pela incompatibilidade do inventariante com o múnus público que lhe fora atribuído (ex.: inventariante que foi preso, que se tornou incapaz, etc.).
Dessa decisão de remoção/destituição caberá AGRAVO, sendo admitido pelo STJ a utilização da apelação mediante aplicação do principio da fungibilidade. Não confunda: o recurso cabível à luz do STJ é o Agravo, sendo que acaso interposta apelação, pelo princípio da fungibilidade receber-se-á esta tal qual agravo fosse.
Seja na hipótese de remoção ou de destituição, o inventariante é obrigado a restituir todos os bens e documentos do espólio que estejam consigo, sob pena de busca e apreensão ou imissão na posse (art. 998 do CPC). O fato de ter sido destituído/removido não exclui a possibilidade de sua responsabilização penal e civil pelos atos eventualmente praticados.
	Remoção = Sanção 
	Destituição = Incompatibilidade com o desenvolvimento da inventariança. 
b) Intimação do inventariante para prestar compromisso, no prazo de 05 dias 
c) Apresentação das primeiras declarações, no prazo de 20 dias, contados da data em que o inventariante prestou o compromisso 
- Uma vez nomeado, o inventariante deverá apresentar as primeiras declarações, que é o momento em que o inventariante apresentará o quadro geral da sucessão (que é a descrição das pessoas interessadas e do patrimônio deixado).
d) Citação dos interessados 
- Às primeiras declarações, seguem as citações (art. 999 CPC – “Feitas as primeiras declarações, o juiz mandará citar, para os termos do inventário e partilha, o cônjuge (ou companheiro), os herdeiros, os legatários, a Fazenda Pública, o Ministério Público (tecnicamente falando, o Ministério Público será intimado – e somente se houver interesse de incapazes ou declaração de ultima vontade), se houver herdeiro incapaz ou ausente, e o testamenteiro, se o finado deixou testamento”).
- Marinoni entende que a citação pessoal apenas se dará em relação aos herdeiros residentes na Comarca devendo sê-lo procedido mediante edital em caso de herdeiros ou legatários residentes em outras Comarcas.
e) Abertura de prazo comum de 10 dias para as partes se manifestarem sobre as primeiras declarações, inclusive no que tange às colações
f) Abertura de prazo de 20 dias para a Fazenda Pública informar, com base nos dados de seu cadastro imobiliário, o acerto ou não da fixação do valor dos bens de raiz descritos nas primeiras declarações
– Os juízes, na prática, não abrem esse prazo para a Fazenda, deixando para que ela se manifeste após o recolhimento do ITCD.
- Impugnações: art. 1.000 do CPC – “Concluídas as citações, abrir-se-á vista às partes, em cartório e pelo prazo comum de 10 (dez) dias, para dizerem sobre as primeiras declarações. Cabe à parte: (I) - argüir erros e omissões; (II) - reclamar contra a nomeação do inventariante; (III) - contestar a qualidade de quem foi incluído no título de herdeiro (acaso isto ocorra, o juiz remeterá as partes às vias ordinárias para resolver esta pendência, e sobresta o feito, que perdurará por até 30 dias)”.
g) Resolvidas eventuais impugnações, passa-se à fase de avaliação dos bens 
h) Abertura de prazo de 10 dias para as partes se manifestarem acerca da avaliação
- É possível que haja a dispensa desta fase, desde que os valores apresentados em sede de primeiras declarações não tenham sido impugnados por ninguém (nenhum dos herdeiros, nem o Ministério Público, nem a Fazenda Pública).
- Ou ainda, pode ser dispensada esta fase se, acaso a Fazenda Pública impugne os valores apresentados, os herdeiros aquiesçam tal impugnação.
- Haverá, porém, necessariamente a avaliação judicial: (1) Se houver impugnação dos interessados; (2) Se houver impugnação pela Fazenda Pública e os herdeiros discordarem; (3) Se houver interesse de incapazes ou ato de última vontade.
i) Apresentaçãodas últimas declarações
j) Abertura de prazo comum para as partes se manifestarem sobre as últimas declarações
- Após isso, seguirá as ultimas declarações. Momento em que todos serão intimados, pelo prazo de 10 (dez) dias, para fazê-las.
- A maior importância do procedimento das últimas declarações, porém, é o fato de ser o prazo máximo que o interessado dispõem para levar ao conhecimento do juízo do inventário bens (ex.: que o autor da herança lhe tenha legado em vida), herdeiros ou outras informações importantes, sem que seja penalizado. A única hipótese em que o filho está dispensado da colação é quando o bem expressamente saiu da cota disponível (da legítima) e se havia expressa dispensa da colação (REsp 730.483/MG).
- Após isso, se algum dos herdeiros deixar de colacionar ao inventário algum bem que deveria ter feito parte do inventário, sob ele poderá recair a ação de sonegados, que acarretará (como punição) a perda do direito hereditário daquele herdeiro sobre aquele bem não colacionado. (Cuidado! Ele não perde a qualidade de herdeiro. Apenas perde os direitos sobre aquele bem). A prescrição para a ação de sonegados é de 10 (dez) anos. Se não houver mais o bem a ser colacionado, ele terá de trazer à colação o valor do bem, este último aferido no momento da abertura da sucessão (art. 1.014, §único). Este artigo foi mudado pelo art. 2.004 do NCC, de modo que o valor do bem deverá ser o da data da doação e não mais da abertura da sucessão.
k) Cálculo do ITCM 	
- O recolhimento do tributo será feito com base na alíquota vigente na data da abertura da sucessão.
- Súmula 112, STF: O imposto de transmissão causa mortis é devido pela alíquota vigente ao tempo da abertura da sucessão. 
- Súmula 113, STF: O imposto de transmissão causa mortis é calculado sobre o valor dos bens na data da avaliação. 
- Súmula 331, STF: É legítima a incidência do imposto de transmissão causa mortis, no inventário por morte presumida. 
- Súmula 590, STF – Calcula-se o imposto de transmissão causa mortis sobre o saldo credor da promessa de compra e venda de imóvel, no momento da abertura da sucessão do promitente vendedor.
- Súmula 115, STF – Sobre os honorários do advogado contratado pelo inventariante, com a homologação do juiz, não incide o imposto de transmissão causa mortis.
- Súmula 114, STF – O imposto de transmissão causa mortis não é exigível antes da homologação do cálculo.
l) Prazo de 05 dias para que as partes se manifestem sobre o cálculo do ITCD, e, posteriormente, a Fazenda Pública 
m) Pagamento das dívidas da herança 
- Os credores podem optar por mover ação própria para cobrar suas dívidas ainda na pendência do inventário (através de ação própria, que cabe – inclusive – pedido de antecipação de tutela) ou através da habilitação do seu crédito no inventário, hipótese em que agora será o momento de receber o seu crédito. Só será possível ao credor receber dentro do inventário se possuir prova pré-constituída e não houver impugnações.
- A Fazenda Pública não pode se habilitar em inventário, devendo buscar seu crédito através de ação própria.
n) Após o efetivo pagamento das dívidas, ou reservados os bens necessários para o pagamento dos créditos habilitados, o juiz faculta às partes formular pedido de quinhão em 10 dias. Após o transcurso do prazo, o juiz tem igual lapso temporal para proferir despacho de deliberação da partilha 
o) O partidor organiza o esboço da partilha 
p) Abertura de prazo de 05 dias para que as partes se manifestem sobre o esboço de partilha 
q) Resolvidas eventuais reclamações, a partilha é lançada aos autos 
r) Pagamento do ITCM 
s) Sentença homologatória da partilha 
t) Expedição de Formal de Partilha 
OBS: ARROLAMENTO 
A fase de inventariança pode seguir o rito tradicional ou, excepcionalmente, os ritos do arrolamento comum (art. 1.031 do CPC) ou o arrolamento sumário (art. 1.036 do CPC). O arrolamento comum e o arrolamento sumário, nada mais são, que uma simplificação da fase de inventariança.
Os arrolamentos somente são cabíveis nas hipóteses previstas em lei:
-- Arrolamento comum (Todos os herdeiros devem ser maiores, capazes e estiverem de acordo com a divisão da herança): art. 1.031 do CPC: “A partilha amigável, celebrada entre partes capazes, nos termos do art. 2.015 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, será homologada de plano pelo juiz, mediante a prova da quitação dos tributos relativos aos bens do espólio e às suas rendas, com observância dos arts. 1.032 a 1.035 desta Lei”.
A própria petição inicial já conterá a proposta de partilha. E, comprovado o devido recolhimento tributário (do imposto de transmissão junto à Fazenda Pública), o juiz, de plano, homologará a divisão. (Todos os atos são abreviados.)
Não haverá, sequer, a intervenção do Ministério Público. Por isso é que (pela inteligência da Lei n. 11.441/07) é perfeitamente possível ser realizado em cartório (qualquer cartório), pelo tabelião, independentemente de ato do juiz ou do Ministério Público.
-- Arrolamento sumário [As partes podem ser incapazes e pode haver litígio entre elas, mas o valor total do patrimônio transmitido (não se computa o patrimônio da meação) não pode ultrapassar 2000 OTN (+- 70 a 60.000 reais)]. (art. 1.036 do CPC – “Quando o valor dos bens do espólio for igual ou inferior a 2.000 (duas mil) Obrigações do Tesouro Nacional - OTN, o inventário processar-se-á na forma de arrolamento, cabendo ao inventariante nomeado, independentemente da assinatura de termo de compromisso, apresentar, com suas declarações, a atribuição do valor dos bens do espólio e o plano da partilha”).
Havendo interesse de incapazes, o Ministério Público intervirá.
OBS: O alvará judicial é um procedimento substitutivo do procedimento de inventário. É um procedimento de jurisdição voluntária através do qual os herdeiros vão requerer o levantamento de valores pecuniários (saldo de salário, FGTS, PIS/PASEP), não superiores a 500 (OTN) (+- 20.000 reais) e que não existam outros bens a partilhar. [Não se confunde com o alvará incidental, que tem natureza de antecipação de tutela, e será deduzido da cota hereditária recebida ao final do inventário].
e) Inventário Administrativo
O inventário administrativo foi instituído pela Lei 11.441/2007. A citada inovação permite a realização de inventário e partilha mediante escritura pública lavrada pelo notário, independentemente de homologação judicial, quando todos os interessados forem capazes e não houver testamento. Não segue, pois, os princípios do direito processual civil, mas do procedimento notarial, extrajudicial. Efetivou-se com a alteração dos arts. 982, 983 e 1.031, do Código de Processo Civil.
O inventário administrativo é facultativo, ou seja, havendo interesse das partes, em regra, poder-se-á promover o inventário judicial. O art. 2º da Resolução 35, de 24/04/2007, do Conselho Nacional de Justiça, dispõe ser “facultada aos interessados a opção pela via judicial ou extrajudicial, podendo ser solicitada, a qualquer momento, a suspensão, pelo prazo de 30 dias, ou a desistência da via judicial, para promoção da via extrajudicial”.
Feito o inventário administrativo é dispensada a homologação judicial da partilha. O art. 3º da Resolução n. 35 do Conselho Nacional de Justiça dispõe: “As escrituras públicas de inventário e partilha, separação e divórcio consensuais não dependem de homologação judicial e são títulos hábeis para o registro civil e o registro imobiliário, para a transferência de bens e direitos, bem como para promoção de todos os atos necessários à materialização das transferências de bens e levantamento de valores (DETRAN, Junta Comercial, Registro Civil de Pessoas Jurídicas, instituições financeiras, companhias telefônicas etc)”.
Os cônjuges dos herdeiros deverão comparecer ao ato de lavratura da escritura pública de inventário e partilha quando houver renúncia ou algum tipo de partilha que importe em transmissão, exceto se o casamento se der sob o regime da separação absoluta.
O companheiro que tenha