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1 A MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL EM EMPRESAS INDUSTRIAIS Giovanni de Oliveira Dala Paula RESUMO Vivemos hoje em uma realidade de alta competitividade e busca por melhorias e aumento de produtividade. Em empresas industriais considerando os custos e riscos envolvidos, esse aumento de produção é especialmente necessário. A manutenção produtiva total (TPM) é uma ferramenta que surge em resposta a essa necessidade, para sua implementação é necessário o envolvimento de todos, não só dos operadores e mantenedores, mas também da gerência e diretoria. A manutenção produtiva total é uma ferramenta que proporciona o almejado aumento de produção alterando o ambiente de trabalho e o comportamento dos colaboradores, utilizando para tanto de métodos de manutenção periódicos, rotinas de melhoria dos equipamentos e processos, treinamentos constantes e a extensão das atividades da área de operações em manutenção autônoma. O foco da TPM em aumento de eficiência global, quebra zero, falha zero e acidente zero, tem como consequência a redução dos acidentes e a manutenção dos ambientes limpos e a não agressão ao meio ambiente. Palavras-chave: Manutenção Produtiva Total - TPM. Quebra zero. Falha zero. Manutenção autônoma. Melhoria específica. Manutenção planejada. Introdução Este trabalho tem como meta descrever os objetivos, formas de implantação, pilares de sustentação e os resultados obtidos pela consolidação do uso da ferramenta “Manutenção Produtiva Total” ou simplesmente a sigla TPM numa planta fabril de produção. A Manutenção Produtiva Total tem como objetivo principal o aumento de eficiência do equipamento e de todo o sistema de produção além de buscar a maximização da vida útil do equipamento e o total aproveitamento dos recursos existentes com o objetivo de se obter a quebra zero, a perda zero e acidente zero. Utiliza para isso da manutenção autônoma que consiste em uma série de rotinas de inspeção, limpeza, lubrificação e reaperto, realizadas pelos próprios operadores das máquinas e do foco na melhoria continuada, na manutenção planejada, treinamento do pessoal e a observação dos impactos ambientais e de segurança das suas atividades. Dessa forma criam-se padrões de manutenção periódicos e consistentes que conduzem a planta à melhores resultados. A Manutenção Produtiva Total vem se mostrando, desde sua utilização inicial no final da década de 1960, como um excelente e eficaz método de melhoria 2 produtiva e sua expansão na indústria é rápida e extrapola os limites do Japão que é o país onde a TPM foi implementada inicialmente. Segundo Suzuki existem três motivos principais que explicam porque a TPM (Manutenção Produtiva Total) se expandiu tão rapidamente na indústria Japonesa e na indústria mundial: “Ele garante resultados dramáticos, visivelmente transforma o local de trabalho, e aumenta o nível de conhecimento e habilidades dos empregados de produção e manutenção”. (SUZUKI, 1994, s.p). Visando atingir os objetivos propostos, este artigo utiliza como metodologia a pesquisa bibliográfica, realizada por meio de leitura e análise de materiais já publicados sobre o assunto (que tem ampla divulgação), em artigos científicos publicados no meio eletrônico. Este artigo foi baseado nas concepções e resultados principalmente de autores que implementaram a metodologia TPM em processos produtivos industriais e que traduziram suas experiências e resultados em livros, publicações, artigos e monografias. Desenvolvimento Diante de um cenário de aumento da concorrência, altos custos de produção e de manutenção, instabilidade econômica e somando-se a esses fatores a redução do consumo, as empresas industriais têm como principal foco garantir que sua produção seja mais competitiva que a dos concorrentes, adotando métodos para lidar da melhor maneira com as pessoas, as máquinas, os insumos e demais recursos. A utilização de diversas metodologias para o aumento da eficiência fabril vem sendo praticada por inúmeras empresas de produção, destacando-se entre essas metodologias, a TPM. Na visão de Shirose (1995, s.p), “TPM é o conjunto de atividades para eliminação de quebras, defeitos e todas as perdas relacionadas a equipamento, gradualmente melhorar a eficácia, melhorar os lucros da companhia e criar um ambiente de trabalho motivador”. (Apud Divino, 2007, p. 37). O Japan Institute of Plant Maintenance – JIPM, em 1989 definiu de forma sucinta a Manutenção Produtiva Total - TPM em cinco itens estratégicos: 3 1. Construir uma constituição incorporada que maximizará a eficácia dos sistemas de produção; 2. Usando uma metodologia de chão de fábrica, construir uma organização que previna todo tipo de perda (assegurando zero acidentes, zero defeitos e zero falhas) para a vida do sistema de produção; 3. Envolver todos os departamentos na implementação do TPM, incluindo desenvolvimento, vendas e administração; 4. Envolver todos – desde a alta gerência até os empregados de chão de fábrica; 5. Conduzir atividades de zero perda através de atividades de grupos pequenos. A implementação da metodologia TPM, normalmente é realizada em quatro fases que são: preparação, introdução, implementação e consolidação, divididas em doze passos. A tabela 1 abaixo demonstra, de acordo com SUZUKI, os doze passos da implementação da TPM numa planta de produção. Tabela 1 – As quatro fases e os doze passos do programa de implantação da TPM. FONTE: Livro TPM em Indústrias de Processo, s.p. 4 Conforme o item 2 acima, definido pela JIPM, a prevenção das perdas se dará pelo envolvimento da operação na manutenção. No entendimento de Yamaguchi (2005, p. 15) “o objetivo da TPM é a eliminação de todas as perdas que são: 1 Perdas por quebra; 2 Perdas por demora na troca de ferramentas e regulagem; 3 Perdas por operação em vazio; 4 Perdas por redução da velocidade em relação ao padrão normal; 5 Perdas por defeito de produção; 6 Perdas por queda de rendimento”. O conhecimento e a identificação dos tipos de perdas nos equipamentos e processos são de extrema importância para o domínio das soluções mais adequadas e eficazes para a eliminação ou mitigação destas e com isso alcançar a tão desejada melhoria da eficiência de produção com quebra zero, perda zero e acidente zero. O domínio das técnicas de redução ou eliminação das perdas e as ações de melhorias específicas que consistem na junção de todas as atividades realizadas no dia a dia focadas na maximização do rendimento global do equipamento, processo e plantas, fazem parte dos itens mais importantes para o desenvolvimento da TPM numa empresa industrial. Ortis (2004, p. 30), assim conceitua a melhoria específica: Consiste em buscar o máximo de utilização dos equipamentos e máquinas de uma empresa, na qual se procura obter eficiência na produtividade tendo como objetivo principal a eliminação de perdas relacionadas aos equipamentos, com defeitos ou máquinas paradas. A TPM modifica o ambiente de trabalho, tornando-o mais competitivo, eficiente e agradável, alterando o modo de pensar e agir dos colaboradores, do menor nível hierárquico até o integrante de mais alto escalão. Grande parte dessa mudança se deve à manutenção autônoma que nada mais é que a manutenção realizada pelos operadores das máquinas com a missão de se manter a produção operando ininterruptamente e com qualidade, considerando o conhecimento do seu próprio equipamento pelo operador que identifica potencialmente as anomalias e oportunidades de melhorias. 5 De acordo com Tondato (2004, p. 36) “A manutenção autônoma tem como objetivo restaurar o equipamento para as suas condições originais. Para tanto, a equipe autônoma de produção deve focar suas atividades de manutençãoem atividades de inspeção, lubrificação e limpeza”. A área de operacional em manutenção autônoma deve executar tarefas básicas de manutenção com foco em três atividades: - Atividades de prevenção à deterioração: tem como base a correta operação do equipamento, a realização de limpeza, lubrificação e reaperto, execução de ajustes para fins de qualidade do produto, previsão e sinalização de defeitos; - Atividades de medição da deterioração: realização de inspeções diárias e inspeções periódicas com auxílio de listas de verificações e de padrões de verificações; - Atividades de antecipação à deterioração: realização de pequenos serviços e reparos, relato de anomalias para a área de manutenção e apoio à manutenção em maiores reparos. A manutenção autônoma se torna extremamente necessária num sistema produtivo industrial devido à redução de gastos com pessoal e à especialização dos operadores nas suas respectivas máquinas, já que eles mesmos realizam reparos e ajustes nos equipamentos de produção para aumento do seu rendimento. A área de manutenção se concentra nas grandes intervenções e paradas, sendo possível um melhor planejamento e a melhor utilização dos recursos disponíveis. Aliada à manutenção autônoma, a manutenção planejada torna-se mais um dos importantes pilares da consolidação da TPM em indústrias. A manutenção planejada tem como objetivo manter as condições de processo e dos equipamentos otimizadas por meio de atividades metódicas e periódicas que garantem as melhores condições operacionais para as plantas e equipamentos. Devido as diferentes características dos equipamentos, tanto estáticos como tanques e tubulações como dinâmicos como bombas e centrífugas, das suas grandes capacidades e altas taxas de energia envolvidas, bem como a tendência de se operar em níveis de desempenho limítrofes, a manutenção planejada torna-se imprescindível ao passo em que quando aplicada mantem os processos e equipamentos operando em alta confiabilidade. Falhas mecânicas, elétricas e de instrumentação nos equipamentos, redução na capacidade, problemas ambientais e de segurança poderão ocorrer no decorrer 6 do funcionamento de uma indústria. A manutenção planejada através de regimes de manutenção irá controlar e reduzir ao máximo esses problemas, para isso utilizará de uma combinação de três tipos de manutenção, são elas: - Manutenção com base no tempo: consiste na inspeção e consertos periódicos, limpezas, reapertos e substituição de componentes de máquinas a fim de se evitar falhas inesperadas no processo; - Manutenção com base nas condições: usa de diagnósticos e de instrumentos de medição para aferir os parâmetros de funcionamento das máquinas, sistemas de segurança e sinalizações em geral. Esse tipo de manutenção poderá apontar a um tipo de intervenção no equipamento dependendo da leitura dos parâmetros gerais; - Manutenção de paradas: é a manutenção planejada de parada das linhas de produção para restabelecimento de condições de operação. Geralmente é realizada em intervalos regulares e sua lista de serviços é gerada pelas inspeções realizadas durante o funcionamento das linhas de produção. Considerando o alto nível de complexidade dos equipamentos atuais e a larga utilização da automação industrial e a responsabilidade de se alcançar melhorias operacionais a cada dia, a equipe de manutenção deve ter um número de colaboradores adequados, um nível de conhecimento técnico elevado, ferramentas disponíveis e dedicadas a cada tarefa e uma coordenação eficiente para poder chegar ao nível de rendimento de manutenção e produção desejado. A responsabilidade da implantação e continuidade do programa de manutenção planejada é de comum das áreas de produção, operando a manutenção autônoma e de manutenção atuando nas manutenções periódicas e emergenciais. Embora o plano de implementação de TPM em uma empresa industrial busque a total integração entre as áreas de operação e de manutenção, Divino (2007, p. 26), considera que “o relacionamento entre operadores e mantenedores é uma barreira para a implementação deste processo. Enquanto existir o paradigma ‘Eu opero, você conserta’, pouco resultado advirá desse processo”. O adequado relacionamento entre as áreas, o conhecimento das responsabilidades de cada um, o que fazer e como fazer, deverão estar bem claros e enraizados juntos aos colaboradores de cada área. É necessário então, o treinamento das habilidades de operação e manutenção e o conhecimento da filosofia TPM. 7 O desenvolvimento contínuo dos recursos humanos é uma premissa básica das empresas industriais. O treinamento reflete na entrega do total potencial dos colaboradores às suas atividades diárias. É essencial para a empresa a presença de pessoas competentes e conscientes de seus papéis, a operação deve assegurar o melhor ritmo de produção de seu equipamento, operando-o como se fossem uma única entidade, a área de manutenção deve conhecer as tecnologias e técnicas indispensáveis para atuarem com o mínimo de tempo e restabelecerem o funcionamento dos equipamentos e por último a engenharia de produção deve dominar as tecnologias da engenharia e as técnicas e habilidades da gestão de ativos e pessoas. Tais conhecimentos e habilidades são adquiridos numa empresa com o treinamento local e o autodesenvolvimento. Esse treinamento deve ser dado a todos os colaboradores da empresa, sem distinção. Com a abordagem correta o treinamento traz o conhecimento e habilidades requeridas nos processos produtivos, além de livrar a empresa de vícios de operação e o amadorismo. Tondato (2004, p. 58) demonstra a importância do treinamento do trecho abaixo: Empresas crescem ao desenvolver constantemente seus recursos humanos e assegurar que todos seus empregados cheguem a exercer seu pleno potencial. O objetivo único do TPM é criar ambientes de trabalho capazes de responder positivamente as mudanças existentes no mundo dos negócios, aos avanços tecnológicos, a sofisticação dos equipamentos e as inovações diretivas. Todas as técnicas e procedimentos aqui apresentados devem estar, conforme a filosofia TPM, em perfeita harmonia com a segurança, meio ambiente e com a qualidade dos produtos e serviços ofertados pela empresa industrial. A prevenção de acidentes, de quebras e a poluição zero são doutrinas básicas da TPM. A prática da TPM leva segurança, qualidade e proteção ao meio ambiente ao local de trabalho; as atividades que focam zero falhas e zero defeitos, a aplicação da manutenção autônoma com limpeza, reaperto e lubrificação, as atividades de melhoria específica, os treinamentos, todas essas atividades cotidianas convergem para a obtenção de zero acidentes, zero poluição e a entrega de produtos com a mais alta qualidade no mercado consumidor. 8 A junção das atividades chave como manutenção autônoma, melhorias específicas, manutenção planejada e treinamento, o autodesenvolvimento, o respeito aos colaboradores, ao meio ambiente e ao consumidor, a redução dos custos pela busca da máxima eficiência, as metas de perda zero, falha zero, acidentes e poluição zero, fazem da TPM uma ferramenta de comprovada eficácia nas empresas onde foi implantada e um item de busca para empresas industriais que tem como meta a melhoria global de seus resultados. Conclusão Face do exposto, conclui-se que a TPM é uma poderosa ferramenta para melhoria da eficiência fabril e do ambiente de trabalho, redução de custos operacionais e de manutenção, alinhada ao respeito à segurança do trabalho e ao meio ambiente. A sua implantação dependerá da ordem da diretoria da empresa fabril, porém envolverá a todos os colaboradores, até mesmo os próprios diretores. Exigirá tempo e muita energia nas quatro fases a serem seguidas (preparação, introdução, implementaçãoe consolidação), sendo comprovadamente um método, quando bem aplicado, de retorno de seu investimento. A ferramenta TPM busca a melhor utilização dos equipamentos, pessoas e recursos em geral, utilizando de atividades programadas e metódicas e a participação de todas as áreas na busca da melhoria da produtividade gerando uma mudança de comportamento e alcançando uma maior atratividade no ambiente de trabalho valorizando cada integrante da empresa bem como o meio ambiente e o consumidor final. REFERÊNCIAS DIVINO, José Paulo. Análise do processo TPM e seu impacto na eficácia operacional: um estudo de caso em uma indústria de produtos para consumo. 2007. 89f. Dissertação (Mestrado profissional em engenharia mecânica) - Universidade de Taubaté, Taubaté. 9 ORTIS, Ricardo Alexandre Baradel. A implantação do programa TPM na área de estamparia da Volkswagen – Taubaté: análise de resultados. 2004. 98f. Trabalho de conclusão de curso (Especialização em gestão industrial) - Universidade de Taubaté, Taubaté. SHIROSE, KUNIO. TPM Team Guide. OR, Productivity Press, 1995. SUZUKI, Tokutaro. TPM em Indústrias de Processo. Productivity Press, 1994. TONDATO, Rogério. Manutenção Produtiva Total: Estudo de Caso na Indústria Gráfica. 2004. 119f. Dissertação (Mestrado profissional em engenharia de produção) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. YAMAGUCHI, Carlos Toshio. TPM - Manutenção Produtiva Total. 2005. 37f. Instituto de Consultoria e Aperfeiçoamento Profissional, São João Del Rei.
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