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Prévia do material em texto

Antropologia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Responsável pelo Conteúdo: 
Prof. Esp. Rodrigo Medina Zagni 
 
Revisão Textual: 
Profª Dra. Patrícia Silvestre Leite Di Iório 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O desenvolvimento da Antropologia e das 
Ciências Sociais no ocidente 
Nesta unidade, vamos tratar do tema “O desenvolvimento da 
Antropologia e das Ciências Sociais no Ocidente”. 
Do despertar de uma consciência cultural, natural à condição 
humana; dos primeiros estudos sobre diferentes culturas, 
desde a Grécia Antiga; até a sistematização desse esforço 
compreensivo como ciência, no séc. XIX, contexto do 
cientificismo e do evolucionismo darwinista, até o 
estabelecimento do relativismo cultural que deixou de 
escalonar diferentes culturas como superiores ou inferiores 
desenvolveu-se a Antropologia no Ocidente junto das assim 
chamadas Ciências Sociais. 
Essas transformações mobilizaram uma série de autores a 
tentar compreender mudanças e diferenças culturais em 
termos científicos, mais especificamente antropológicos. 
Sendo assim, este é um conteúdo fundamental não só porque 
nos serve de base informativa para compreender as origens da 
Antropologia e das Ciências Sociais, mas nos servirá também 
de base para compreender conflitos interpretativos entre 
distintas correntes teóricas e de diferentes formas de se 
compreender o objeto primordial da Antropologia: o Homem 
e suas obras. 
Atenção 
Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar 
as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma. 
 
 
 
O desenvolvimento das Ciências Humanas e Sociais 
 
As Ciências Humanas e Sociais distinguem-se das ciências formais e 
das ciências da natureza por elegerem o Homem como objeto central de suas 
investigações. Sendo assim, distinguem, essencialmente, o Homem das coisas 
naturais e dos fenômenos formais defendendo que essa distinção deveria levar 
a formas também distintas de abordagem e investigação filosófico-científica. 
 
Verificam-se três formas básicas de realizar essas investigações, para 
três períodos distintos, que são assim designados: 
 
�
DESIGNAÇÃO PERÍODO CARACTERÍSTICAS 
�Humanismo Séc. XV Diferenciando-se por ser racional e livre, o 
Homem era compreendido como o centro do 
universo, destinado a dominar e controlar a 
natureza e a sociedade. 
Positivismo Séc. XIX O progresso humano era tributado ao progresso 
das ciências. O mesmo grau de empirismo que 
gozavam as ciências formais e da natureza 
poderia ser empreendido para o estudo do 
Homem e das sociedades como fato. Sendo 
assim, passam a ser objetos de investigação 
científica: família, trabalho, religião, Estado etc. 
Historicismo Final do 
séc. XIX e 
início do 
XX 
Aprofundou a percepção das diferenças entre 
Homem e natureza como objetos de estudo, 
sendo assim, entre ciências naturais e ciências 
humanas. Focou seus esforços compreensivos 
no estudo do progresso humano. 
 
 
  
2 
  
Verificamos no quadro, que durante o séc. XIX, as áreas de 
conhecimento que tiveram como foco de suas investigações o Homem 
tenderam ao cientificismo que impregnava a perspectiva positivista. Decorre 
daí a segmentação ou a compartimentação das ciências em áreas que se 
preocupavam com uma dimensão restrita do Homem. Essa segmentação 
ordenou a organização de distintas áreas de saber científico e, por 
conseguinte, de diferentes disciplinas que passaram a compor o repertório das 
Ciências Sociais: 
Sociologia 
Estudo das relações interindivíduos conformando grupos 
sociais e instituições, bem como as relações entre grupos 
e instituições entre si. Estudo da divisão da sociedade em 
segmentos; da mobilidade social, dos processos de 
cooperação, competição e conflito etc. 
Economia 
Estudo das atividades humanas ligadas à produção, 
circulação, distribuição e consumo de bens e serviços, a 
distribuição de renda em sociedade, a política salarial, a 
produtividade etc. 
Antropologia 
Estudo do Homem e suas obras, sendo assim, suas 
manifestações materiais e imateriais de cultura. Estudo 
dos tipos de organização familiar, religiões, matrimônio e 
o que quer que se refira a práticas culturais. 
Política 
Estudo da interação política em sociedade, dos princípios 
do poder político, bem como da formação e do 
desenvolvimento das diversas formas de governo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
  
 
A Antropologia como Ciência Social e seus campos de atuação 
 
Vários autores concordam com que a 
Antropologia teria nascido no séc. V a.C., no berço da 
civilização grega, quando Heródoto (considerado 
também o “pai da História”) passou a descrever as 
culturas dos povos circundantes à Grécia, tornando-se 
então, também, o “pai da Antropologia”. 
 
Houve, posteriormente, contribuições 
consubstanciais de cronistas, viajantes, soldados e 
mercadores que com seus relatos sobre outras 
culturas cooperaram com o estudo do Homem 
e de sua cultura. 
 
No séc. XIX, com a descoberta de 
fósseis e com o desenvolvimento de técnicas para sua datação (produto do 
desenvolvimento maior das ciências) houve relevante progresso nos estudos 
antropológicos, culminando na sua sistematização como ciência após a 
apresentação da teoria evolucionista de Charles Darwin, no livro “A origem das 
espécies”, publicado em 1859. 
 
Apesar de ter alcançado 
o status de ciência há 
aproximadamente um século, 
a Antropologia, até muito 
pouco tempo, estava limitada 
ao estudo somente dos 
aspectos evolutivos do 
Homem, como 
mensuração e estudo de 
fósseis por exemplo, 
Portrait of Herodotus by Andre Thevet 
A print from 1585 of Herodotus, the 
Greek father of history. 
IMAGEM: © Michael Nicholson/Corbis 
FOTÓGRAFO Michael Nicholson 
COLEÇÃO Historical  
Darwin's finches and title page 
of The Origin of Species 
Ornithological sample of Darwin's 
finches placed on the title page of the 
1st edition of Charles Darwin's The 
Origin of Species. 1859. 
IMAGEM: © Frans Lanting/Corbis 
FOTÓGRAFO Frans Lanting 
Ã
Tobacco Card Illustration of Charles 
Darwin 
A tobacco card from Ogden's Leaders 
of Men series. The cards were 
included in packs of Ogden's 
cigarettes. 
IMAGEM: © PoodlesRock/Corbis 
DATA DE CRIAÇÃO 1923 
 
passando a abranger mais recentemente outros aspectos, como seu 
comportamento coletivo e estrutura social. 
 
Com base na própria origem etimológica da palavra “antropologia”, em 
que “antropo” significa “Homem” e “logos” significa “conhecimento”, podemos 
defini-la como a área de estudo do Homem, procurando investigá-lo desde sua 
dimensão física e biológica até o seu papel como membro de grupos 
organizados, como se situa e interage no convívio social. 
 
Assim, a antropologia tem a finalidade de entender cientificamente o ser 
humano a partir das seguintes abordagens: 
 
 Ciência social: 
o compreende o Homem como ser social, vivendo em grupos; 
 
 Ciência humana: 
o aborda os aspectos gerais do Homem, como sua história, hábitos 
e demais aspectos; 
 
 Ciência natural: 
o dirigi seus estudos para os aspectos evolutivos do Homem. 
 
A disciplina tem como objeto “o Homem e suas obras” e como objetivo 
“compreender toda a humanidade”, ela torna-se uma ciência extremamente 
ampla e abrangente e, em razão disso, alémde estudar aspectos evolutivos e 
anatômicos do Homem, vê-se obrigada naturalmente a estudar suas diferentes 
organizações sociais, bem como o seu papel dentro dessas organizações. 
 
O objeto de estudo da Antropologia pode ser definido então como o 
Homem e suas obras. Desta forma, sua atuação não está limitada no tempo, 
pode ir desde as organizações sociais primitivas e ágrafas até as mais 
complexas e recentes. Há um notável interesse de antropólogos por grupos 
sociais mais simples e suas dinâmicas de preservação cultural, como as 
comunidades rurais que não tenham sofrido efeitos de culturas dominantes a 
  
ponto de descaracterizar sua constituição cultural; porém os estudos 
antropológicos não se limitam a apenas um tipo de organização social. 
 
O antropólogo se lança à pesquisa de campo no intuito de estudar o 
Homem e seus diferentes grupos e organizações sociais, estando aí as 
principais colaborações de antropólogos no estudo do Homem através do 
tempo. Nunca nenhuma outra ciência teve um objetivo tão abrangente: 
compreender a humanidade como um todo. Portanto, toda a história do 
Homem, sua cultura, estrutura social e obras são de interesse do antropólogo. 
 
Tratando-se de uma ciência com um campo tão vasto de estudo no 
tempo e no espaço, a antropologia possui divisões e subdivisões em seus 
diferentes campos de interesse. Pode-se definir seu campo de interesse como 
sendo: de aspecto biológico, como Antropologia Física ou Biológica; de aspecto 
sócio-cultural, como a antropologia Social e Cultural; e de aspecto filosófico, 
como Antropologia Filosófica. 
 
Dentro da Antropologia, segundo seus dois principais campos de atuação, 
encontramos duas distinções fundamentais: 
 
 Antropologia Física ou Biológica: 
o Preocupa-se em estudar o Homem a partir de seus aspectos 
físicos e evolutivos, buscando entender suas diferenças raciais, 
aspectos fisiológicos e estrutura anatômica. Desenvolveram-se 
dentro desse campo de interesse, diferentes subáreas: 
 
o Paleontologia humana - estudo da origem e da evolução 
humana através da análise de fósseis intermediários entre 
os primatas e o Homem moderno; 
 
o Somatologia - trata da diferença de aspectos físicos e 
sexuais do Homem (metabolismo, adaptação etc.); 
 
  
o Estudos comparativos do crescimento – ramo mais 
abrangente da Somatologia que estuda as diferenças 
físicas em razão de fatores externos como: alimentação, 
exercícios físicos, maturidade sexual etc.; 
 
o Raciologia - estuda as diferentes raças dos Homens e 
suas miscigenações, classificando-as; 
 
o Antropometria – procede a mensuração de medidas do 
corpo humano e seus diferentes estágios evolutivos. 
 
 Antropologia Social e Cultural: 
o É o campo mais abrangente da Antropologia e estuda as 
diferentes manifestações culturais do Homem sob distintos 
aspectos, cultura esta adquirida por processos de aprendizagem 
que constituem também objeto de estudo desse campo. Seu 
objetivo foca a relação problemática entre o comportamento 
instintivo (hereditário e que se opõe ao conceito de cultura) e o 
adquirido (por aprendizagem). Subdivide-se em: 
 
 Arqueologia – 
Preocupa-se 
primordialmente com o 
estudo de sociedades 
antigas, que não 
deixaram registro na 
forma escrita e que 
podem ser recuperadas 
por meio de artefatos. 
Trata-se da 
reconstituição de 
culturas por meio da 
recuperação de artefatos 
Howard Carter and Lord Carnarvon at Opening of 
King Tutankhamun's Tomb 
Howard Carter and Lord Carnarvon at the opening of 
King Tutankhamun's tomb in the Valley of the Kings, 
Egypt, 1922. Screen print from a photograph. 
IMAGEM: © PoodlesRock/Corbis 
LOCAL Thebes, Egypt 
COLEÇÃO Corbis Art 
  
que tenham resistido à ação do tempo. Cabe ao arqueólogo 
proceder e desenvolver métodos de escavação para a 
recuperação desses artefatos. Por sua vez, a Arqueologia 
divide-se em: 
 
 - Arqueologia Clássica: trabalha na reconstituição de 
civilizações letradas; 
 
 - Antropologia arqueológica: estuda civilizações extintas, 
dos primórdios da cultura. 
 
 Etnografia – foca seus estudos nas comunidades 
primitivas ou ágrafas, de organização simples, procurando 
distanciar-se de estudos sobre grupos complexos e 
tecnologicamente desenvolvidos; podendo, porém, ainda 
nos dias de hoje, estudar sociedades e grupos rurais, de 
certa forma isolados e que ainda não sofreram mudanças 
que viessem a adequá-los a essas sociedades complexas; 
 
 Etnologia – Estuda as diferenças culturais e os processos 
de funcionamento e mudança dessas culturas. Enfatiza a 
relação Homem e meio-ambiente como fator determinante 
de certos tipos de cultura; 
 
 Linguística – é o ramo da Antropologia mais independente 
dos demais. Trata-se do estudo das línguas e seu 
acompanhamento com uma grande variedade de culturas; 
 
 Folclore - estuda a cultura material e espiritual espontânea 
e de dimensão temporal e espacial limitada, ou seja, 
restrita no seio de determinada organização cultural. É de 
aparecimento espontâneo e se verifica tanto em 
sociedades rurais quanto urbanizadas, tanto em 
  
sociedades simples quanto complexas; 
 
 Antropologia Social – Estuda as diferentes formas de 
organização social e grupos sociais, preocupando-se, entre 
outros aspectos, em identificar os fatores que as regem na 
vida social (família, economia, política, religião, jurídico 
etc.); 
 
 Cultura e personalidade - estuda as relações entre cultura 
e a personalidade dos indivíduos. Toma como ponto de 
partida que o Homem não seria somente receptor e 
produtor de cultura; mas elemento determinante de 
mudança dessa mesma cultura. 
 
O Homem como objeto de estudo na Antropologia 
 
O Homem é não só um ser vivo, mas também um ser social; isto é, 
existe não tão somente no ambiente físico, mas fundamentalmente no 
ambiente social, cercado por outros indivíduos que, assim como ele, detêm não 
apenas necessidades biológicas, mas necessidades sociais. 
 
A vida humana, como acontece em grupos, está eivada de relações 
sociais, produto da interação interindivíduos, competindo ou colaborando pelos 
mesmos bens em natureza ou em sociedade. Dessas relações, derivam 
práticas e estruturas: econômicas, políticas, religiosas, educacionais, familiares 
etc. 
 
  
 
 
 
O Homem é tomado, portanto, na sua dimensão de vida coletiva, em 
sociedade. Por sua vez, essas sociedades se dividem entre simples (povos 
indígenas, sociedades tribais etc.) e complexas (tecnologicamente avançadas, 
politicamente estruturadas etc.). 
 
Tipo de sociedade Características 
Simples  Numericamente pequenas; 
 Economia natural (coleta, pesca, caça); 
 Sistema de parentesco (família); 
 Tecnologia simples (força física: humana ou 
animais domésticos); 
 Religião complexa ou simples. 
Complexas  Industrializadas; 
 Predominantemente urbanas; 
 Politicamente centralizadas e complexas; 
 Regidas pelo direito positivo; 
 Economia de mercado. 
  
 
 
Ciências afins 
 
Como vimos, o objeto de estudo 
da Antropologia assume a dimensão do 
Homem em sua vida coletiva, essa, por 
sua vez, subdivide-se em várias 
dimensões. Isso porque a vida social 
cotidiana é tanto política, quanto 
econômica, religiosa, familiar e 
educacional. 
 
Essa variedade e diversidade de 
aspectos faz com que a Antropologia necessite da colaboração de outras áreas 
de saber e de outras ciências que possam corroborar com seus estudos. 
Sendo assim, não é possível à Antropologia, sozinha, compreender fenômenos 
que são, por natureza, pertencentes a outras áreas deconhecimento, como: 
 
 Ciências Sociais: 
Sociologia, História, Psicologia, Geografia, Economia, Ciência Política 
etc; 
 
 Ciências Biológicas ou Naturais: 
Biologia, Genética, Anatomia, Fisiologia, Embriologia, Medicina etc; 
 
 outras ciências que, em aspectos gerais, servem à Antropologia: 
Geologia, Zoologia, Botânica, Química, Física, Economia Política, 
Geografia Humana e Direito. 
 
Passemos, então, a tratar das principais interações que a Antropologia 
mantém com ciências afins, para que não se confundam e que estejam nítidas 
suas especificidades no tratamento, por vezes, do mesmo objeto, 
 
primeiramente com a Psicologia. 
 
Ambas as ciências têm um objeto comum: o comportamento humano; 
porém, a Antropologia estuda o comportamento grupal, enquanto a Psicologia 
estuda primordialmente o comportamento do indivíduo. Ambas colaboram entre 
si na identificação dos fatores variantes do comportamento. 
 
Em relação às interações mantidas com a Economia Política, é 
fundamental levar em consideração que todo grupo social, do mais simples ao 
mais complexo, tem sua própria estrutura econômica e política, sendo, 
portanto, essencial a colaboração entre essas ciências para o completo 
entendimento de diferentes estruturas sociais. 
 
Também a História auxilia permitindo a reconstituição de culturas já 
extintas, servindo de base para estudos antropológicos. Ainda anotamos a 
Geografia Humana que estuda a mudança do meio ambiente por influência 
direta do Homem e de suas inovações culturais; além do estudo do meio físico 
tribal. E a Biologia que contribui sobremaneira com a Antropologia física 
ajudando a compreender os aspectos evolutivos sob o prisma genético e 
anatômico, entre outros. 
 
A origem e o tratamento dos dados em Antropologia 
 
O conhecimento científico depende essencialmente de dados e 
informações para que sejam analisados com rigor metodológico e constituam 
conhecimento empírico. Como dados e informações precisam ter precisão e 
serem dotados de confiabilidade, todas as ciências elaboram procedimentos 
complexos e rigorosos com a finalidade de obter informações interpretando-as 
e analisando-as de forma organizada, sistemática e sempre tornando possível 
a comprovação das afirmações feitas a respeito de qualquer assunto. 
 
As possibilidades de bases informativas que contenham dados 
consubstanciais para as análises em Antropologia são variadas: desde 
suportes tridimensionais, objetos, documentos escritos, oralidade, até rituais, 
 
danças e costumes, estão no universo de possibilidades de análise do 
antropólogo. Fazem parte ainda do seu cotidiano de pesquisa duas etapas 
primordiais do método de análise de suas bases informativas: 
 
 Observar: definir as características do fenômeno pesquisado; 
 
 Classificar: situar no tempo e no espaço e determinar os aspectos 
essenciais do fenômeno. 
 
Na qualidade de Ciência Social e Humana, a Antropologia, em seus dois 
campos de estudo – físico e social - lança mão de métodos e técnicas de 
trabalho para o tratamento e análise dos dados coletados, muitas vezes 
utilizados concomitantemente. Dentre esses métodos, destacamos os mais 
recorrentes: 
 
 Método histórico 
Consiste na investigação de eventos do passado para compreender o 
modo de vida do presente; 
 
 Método estatístico 
Consiste, a partir dos dados coletados, em sua transposição para termos 
quantitativos, exibidos em gráficos, tabelas e quadros explicativos. Pode 
ser utilizado tanto no campo físico quanto social; 
 
 Método etnográfico 
Consiste no levantamento de dados descritivos de comunidades ágrafas 
ou rurais e de pequena escala; refere-se, primordialmente, a aspectos 
culturais de formações sociais de tipo simples; 
 
 Método comparativo ou etnográfico 
É amplamente utilizado tanto pela Antropologia Física como Cultural e 
consiste na comparação de dados para a situação temporal e espacial 
de determinado dado físico ou cultural. 
 
 
 Método monográfico ou estudo de caso 
É um método de estudo aprofundado de determinado caso ou 
grupo social sob todos os aspectos. Permite o estudo de instituições, 
processos culturais e todos os setores da cultura; 
 
 Método genealógico 
Consiste no estudo da estrutura social por meio do sistema de 
parentescos, estrutura familiar e matrimonial, a partir da reconstituição 
genealógica de determinado indivíduo ou grupo situando-o dentro de 
uma estrutura social; 
 
 Método funcionalista 
Procura agrupar um aspecto funcional de determinada cultura estudada. 
 
No aspecto físico, as técnicas de pesquisa da Antropologia são: 
mensuração e datação. Já na Antropologia Cultural, o antropólogo desenvolve 
técnicas de observação de campo: observação direta, entrevista e formulários. 
 
Na técnica de observação direta o pesquisador, valendo-se de todos os 
seus sentidos, pode empreendê-la de forma: 
 
 Sistemática: observada sistematicamente em determinado espaço de 
tempo. Divide-se em: 
o Direta – pessoalmente no local de investigação; 
o Indireta – por meio de outras pessoas; 
 
 Participante: o antropólogo deve permanecer no local de investigação o 
tempo necessário para a compreensão total da cultura sob estudo. Deve 
utilizar um diário de campo e valer-se de todos os meios de registro das 
informações coletadas (fotografias, vídeos etc); 
 
Na técnica de entrevista há o contato direto entre o pesquisador e o 
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entrevistado, portador das informações que deverão ser coletadas para depois 
serem investigadas. 
 
A entrevista pode ser: 
 
 Dirigida: segue um roteiro pré-estabelecido; 
 Não dirigida ou livre: não há um roteiro pré-estabelecido e o entrevista 
é levado a manifestar suas ideias espontaneamente. 
 
O formulário é uma técnica de coleta de dados em que o pesquisado 
preenche de próprio punho as informações pretendidas pelo pesquisador. 
Trata-se de um instrumento muito mais dinâmico e que privilegia informações 
quantitativas ou cuja qualidade possa ser expressa ou assinalada de forma 
rápida, facilitando a quantificação dos resultados. 
 
O conceito de evolução aplicado à Antropologia 
 
Em ciência, nada é definitivo. Aquilo que se pensa verdade hoje pode 
ser desconstruído por uma teoria científica futura que imponha outra verdade, 
de igual forma passível de desconstrução. Não que a ciência não produza 
saberes exatos sobre os seus objetos de investigação, a questão é que 
nenhum desses conhecimentos é absoluto. 
 
O conceito de evolução, que já foi tomado como verdade absoluta até 
extremos inimagináveis, também se insere nessa categoria. É largamente 
aplicado à Antropologia e é produto do impacto da publicação das teses de 
Charles Darwin, em especial, a da perpetuação dos mais aptos; amplamente 
difundida no séc. XIX e que teve imensa influência nas ciências sociais durante 
todo o séc. XIX e início do XX. 
  
 
A concepção darwinista de evolução nunca apregoou que o Homem 
fosse descendente dos macacos (como é dito no senso comum); mas que os 
primatas mamíferos (chipanzé, gorila, orangotango e o Homem) possuem o 
mesmo descendente comum. Sendo assim, o Homem seria também um 
primata; mas dentre os mencionados, o único que teria sofrido um processo de 
humanização. 
 
Esse processo teria assistindo às seguintes etapas evolutivas: 
 
PITECANTROPOS ERECTO 
(homem-macaco em pé) 
6 milhões de anos 
NEANDERTAL 
CRO-MAGNON 
HOMO SAPIENS SAPIENS40 
mil anos 
 
Essas datações foram obtidas por meio de restos esqueletais 
Illustration showing Evolution of Man 
Título original: Comparison of Skeletons and Vertebrates, Showing Evolution of Similarities. 
IMAGEM: © Bettmann/CORBIS 
COLEÇÃO Bettmann 
  
localizados em sítios arqueológicos e submetidos às técnicas de datação de 
fósseis por C (carbono quatorze), cujo grau de confiabilidade oscila entre 
5700 anos, e o processo de datação com Argônio-Potássio, com precisão de 
até milhões de anos. 
 
A Antropologia rácica e seu fracasso explicativo 
 
A Antropologia possui uma dimensão teórica e uma dimensão prática, 
sendo a teórica o estudo puro de todo o conhecimento passível à compreensão 
da humanidade. No campo prático é necessário do antropólogo o 
conhecimento das posições teóricas que fundamentam e orientam sua atuação 
na compreensão de problemas. 
 
Ocorre que, desde o século XIX, quando a Antropologia foi 
sistematizada como ciência; até hoje, diferentes nortes teóricos deram a essa 
ciência formas distintas de ver o Homem e de fazer a própria Antropologia. 
 
O séc. XIX, com a difusão da teoria darwinista de perpetuação dos mais 
aptos na evolução das espécies, emprestou da Biologia à Antropologia, do 
darwinismo biológico para o darwinismo social, a falsa convicção de que o 
Homem estaria dividido em raças, o que permitiria dizer que, qualificando-as, 
seria possível dizer de raças superiores e inferiores e, pior, dotar a medicina de 
meios seletivos para ou aniquilar aqueles entendidos como inferiores ou 
inviabilizar sua reprodução. 
 
A Antropologia rácica está no contexto também do chamado darwinismo 
social, que emprestou para regimes de terror como o nazismo, na primeira 
metade do séc. XX, argumentos pseudo-científicos para os assassinatos em 
massa que empreenderam de 1933 a 1945. 
 
 
Estudiosos da questão, como a historiadora Anita Novinsky, identificam 
que não há fronteiras rácicas entre os homens, senão geográficas e culturais; e 
  
que valores, comportamentos e morais são socialmente construídos, não 
dados hereditariamente. Há, portanto, uma só raça entre os homens: a raça 
humana. 
 
Mas o ponto de inflexão dessa 
Antropologia rácica, que nascia no 
contexto de validação científica da 
própria Antropologia, foi a publicação da 
obra de Franz-Boas e a difusão de sua 
nova teoria: a do relativismo; em dois de 
seus textos fundamentais: “A Mente do 
Homem Primitivo”, publicado em 1938, 
e "Raça, Linguagem e Cultura”, de 
1940. 
 
Boas, criticando duramente a percepção da Antropologia rácica de que 
diferenças culturais seriam determinadas biologicamente e que seria possível 
escalonar culturas entre mais evoluídas e 
menos evoluídas; entre melhores e 
piores; entre belo e feio; demonstrou que 
se trata de sistemas culturais construídos 
socialmente, sem obedecer a critérios 
como hereditariedade. Isso para dizer 
que irmãos gêmeos, separados quando 
bebês e criados em culturas 
completamente distintas, incorporariam 
os valores, morais, hábitos e costumes 
relativos aos grupos nos quais 
estivessem inseridos, jamais adotariam 
um sistema cultural diverso por haver 
alguma programação biológica para isso. 
 
Mais do que isso, de Franz-Boas a Antropologia incorporou a ideia de 
relativismo cultural. 
420 x 296 - 33k - jpg -
 www.usp.br/.../jusp747/ilustras/ilustra0304e.jpg 
Veja a imagem 
em: www.usp.br/.../arquivo/2005/jusp747/pag0304.htm 
Portrait of American Anthropologist 
Franz Boas 
Título original: World famous Anthropologist, 
Dr. Franz Boas, professor at Columbia 
University. 
IMAGEM: © Bettmann/CORBIS 
DATA DA FOTOGRAFIA março de 1941 
COLEÇÃO Bettmann 
 
 
Relativismo cultural 
 
A relatividade cultural ensina que o Homem e sua cultura devem ser 
estudados sob o aspecto de sua própria cultura; ou seja, que os padrões de 
bem e de mal, moral e imoral, belo e feio, certo e errado, justo e injusto não 
devem ser estudados sob o ponto de vista da cultura do antropólogo ou de 
qualquer outra cultura dominante, mas sim do prisma daquela cultura que está 
sendo estudada, por mais estranhos que pareçam. 
 
Desses pressupostos resultam outros três: 
 
 Direito à autonomia tribal 
Os grupos humanos têm o direito de manter sua cultura preservada e 
desenvolvê-la, sem influência nenhuma externa; mesmo tratando-se de 
sociedades tribais, rurais, isoladas ou ágrafas; 
 
 Valores culturais 
Os valores de determinados grupos não devem ser julgados e 
modificados por outra sociedade dominante sob a pena de agredir 
desmedidamente a cultura dominada; devendo-se analisar os valores de 
determinada cultura sob o ponto de vista dos integrantes dessa cultura; 
 
 Etnocentrismo 
Segundo a Antropologia não existem grupos ou culturas inferiores ou 
superiores que outras, mesmo que algumas detenham mais recursos 
tecnológicos e outras sejam consideradas primitivas, elas são diferentes. 
Seria um erro adotar uma postura etnocêntrica e julgar uma cultura 
como superior ou inferior a outra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Anotações

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