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MELANIE KLEIN

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MELANIE KLEIN
Klein valorizava a experiência pessoal e a observação clínica para descrever processos psíquicos inconscientes.
Sua obra descreve os mecanismos da vida mental do bebê e de crianças pequenas.
Começou sua obra a partir de observações do próprio filho.
Valorizava a importância da observação e do contato direto com o paciente (observando e descrevendo processos psíquicos profundos).
Sua teoria é essencialmente empirista e clínica.
Cap. 9 - “Estágios iniciais do conflito edipiano” (1928) 
Defendia a ideia de que o Complexo de Édipo tinha início antes do que Freud imaginava, Klein diz que começaria bem mais cedo- no primeiro ano de vida, durante o desmame.  Segundo a autora, o próximo elemento que influencia de forma determinante os processos mentais é a diferença anatômica entre os sexos.
O menino quando se vê impelido a trocar a posição oral e anal pela genital, passa a ter o objetivo associado à posse do pênis. Assim ele muda sua posição libidinal e também seu objetivo, o que permite que ele mantenha o objeto amoroso original (mãe)
A menina por outro lado, o objetivo receptivo passa da posição oral para a genital: ela muda sua posição libidinal, mas mantém o mesmo objetivo, que já levou à frustração em relação à mãe. Desse modo, a menina se volta para o pai como objeto amoroso.
Desde o início, os desejos edipianos ficam associados ao medo da castração e a sentimentos de culpa
O sentimento de culpa é o resultado da introjeção dos objetos amorosos edipianos.
As frustrações orais e anais, que formam o protótipo de todas as frustrações posteriores para o resto da vida, significam punições e dão origem à ansiedade. 
O corpo da mãe é visto como palco de todos os processos e desenvolvimento sexuais (fase de feminilidade).
Cap. 12 - “Nosso mundo adulto e suas raízes na infância” (1959). 
O comportamento das pessoas em seu ambiente social é resultado do desenvolvimento do indivíduo desde a infância à maturidade. 
 Descobertas de Freud mostram a complexidade das emoções da criança e revelam que as crianças passam por sérios conflitos (melhor compreensão da mente infantil e de suas conexões com os processos mentais do adulto).
A técnica do brincar desenvolvida por M. Klein permitiu novas conclusões acerca dos estágios iniciais da infância e camadas mais profundas do inconsciente.
Compreensão da vida mental do bebê – é influenciada pelas mais arcaicas emoções e fantasias inconscientes.
A hipótese de M. Klein é a de que o bebê tem um conhecimento inconsciente inato da existência da mãe. Esse conhecimento instintivo é a base da relação primordial do bebê com a mãe. 
O bebê não espera da mãe apenas o alimento, mas deseja também o amor e a compreensão.
Nos estágios mais iniciais, amor e compreensão são expressos pela mãe por meio do seu modo de lidar com o bebê e levam ao sentimento inconsciente de unicidade que se baseia no fato de o inconsciente da mãe e o inconsciente da criança estarem em íntima relação um com o outro. 
O sentimento resultante que o bebê tem de ser compreendido subjaz a primeira e fundamental relação em sua vida – a relação com a mãe.
Nos primeiros meses de vida a mãe representa para o bebê todo o mundo externo.
Dessa forma, tanto o que é bom quanto o que é mau vêm à sua mente como provindos dela.
O bebê também experimenta frustração, desconforto e dor, que são vivenciados como perseguição.
Tanto a capacidade de amar quanto o sentimento de perseguição são focalizados primeiramente na mãe.
Os impulsos destrutivos (frustração, ódio, inveja) despertam ansiedade persecutória no bebê.
A agressividade inata é incrementada por circunstâncias externas desfavoráveis.  
Deve-se considerar o desenvolvimento da criança e as atitudes dos adultos como resultantes da interação entre influências internas e externas.
Alguns bebês vivenciam um intenso ressentimento frente a qualquer frustração e o demonstram sendo incapazes de aceitar gratificação quando esta se segue à privação.
Se um bebê mostra que é capaz de aceitar o alimento e amor, significa que ele pode superar o ressentimento em relação à frustração e recuperar seus sentimentos de amor.
SELF E EGO
Ego – de acordo com Freud, é a parte organizada do self. O ego dirige todas as atividades e estabelece e mantém a relação com o mundo externo.
Self - é o termo utilizado para abranger toda a personalidade. O self inclui não apenas o ego, mas também a vida pulsional
De acordo com M.Klein, o ego existe e opera desde o nascimento e tem a tarefa de defender-se contra a ansiedade.
PROJEÇÃO E INTROJEÇÃO
Ambos os mecanismos funcionam desde o início da vida pós-natal, como algumas das primeiras atividades do ego.
Introjeção: significa que o mundo externo, as situações que o bebê atravessa e os objetos que ele encontra são levados para dentro do self, vindo a fazer parte da sua vida interior.
Projeção: há uma capacidade na criança de atribuir a outras pessoas a sua volta, sentimentos de diversos tipos, predominantemente o amor e o ódio.
O amor e o ódio dirigidos à mãe, estão intimamente ligados à capacidade do bebê muito pequeno de projetar todas as suas emoções sobre ela, convertendo-a em um objeto bom, assim como em um objeto perigoso (objeto mau).
A introjeção e a projeção fazem parte das fantasias inconscientes do bebê, que operam desde o princípio e ajudam a moldar sua impressão do ambiente.
Os processos de introjeção e projeção contribuem para a interação entre os fatores internos e externos.
Essa interação prossegue através de cada estágio da vida e transformam-se no decorrer da maturação.
Portanto, mesmo no adulto, o julgamento da realidade nunca é completamente livre da influência de seu mundo interno.
FANTASIAS
Uma fantasia representa o conteúdo particular das necessidades ou sentimentos que dominam a mente no momento.
As fantasias continuam ao longo de todo o desenvolvimento e acompanham todas as atividades. Elas sempre desempenham um papel importante na vida mental.
Se a mãe é assimilada ao mundo interno da criança como um objeto bom do qual esta pode depender, um elemento de força é agregado ao ego.
O ego desenvolve-se em torno desse objeto bom e a identificação com as características boas da mãe, torna-se a base para identificações benéficas posteriores.
Essa característica aparece exteriormente no bebê que copia as atividades e atitudes da mãe, o que pode ser visto em seu brincar e frequentemente em seu comportamento em relação à crianças menores.
Uma forte identificação com a mãe torna fácil para a criança identificar-se também com um pai bom e, mais tarde, com outras figuras amistosas.
Tudo isso contribui para o desenvolvimento de uma personalidade estável. 
Portanto, fica claro que uma relação dos pais entre si e com a criança e uma atmosfera feliz em casa, desempenham um papel vital no êxito desse processo.
No entanto, por mais que sejam bons os sentimentos da criança em relação a ambos os pais, a agressividade e o ódio também se mantêm em atividade (Complexo de Édipo).
Esse Complexo existe desde muito cedo e está enraizado nas primeiras suspeitas que o bebê tem de que o pai tira dele o amor e a atenção da mãe.
IDENTIFICAÇÃO PROJETIVA
Por meio da projeção de si mesmo para dentro de outra pessoa, ocorre uma identificação projetiva com esta.
A identificação se baseia na atribuição a essa outra pessoa de algumas das próprias qualidades.
Identificação projetiva – colocar partes do self para dentro de um objeto.
Por meio da atribuição de parte de nossos sentimentos à outra pessoa, compreendemos seus sentimentos, suas necessidades e satisfações (nos colocamos em sua pele).
Se a projeção é predominantemente hostil, ficam prejudicadas a empatia verdadeira e a capacidade de compreender os outros.
Portanto, o caráter da projeção é de grande importância em nossas relações com outras pessoas.
CISÃO
Divisão do seio em um objeto bom e um objeto mau.
Tendência do ego infantil para cindir impulsos e objetos (uma das atividades primordiais do ego).
Necessidade de cindiro amor do ódio.
A autopreservação do bebê depende da sua confiança em uma mãe boa.      
Por meio da cisão o bebê preserva a sua crença em um objeto bom e em sua capacidade de amá-lo, sendo esta uma condição essencial para manter-se vivo.
Sem esse sentimento, o bebê estaria exposto a um mundo inteiramente hostil, que ele teme e o destruiria.
Os impulsos destrutivos onipotentes, a ansiedade persecutória e a cisão predominam nos primeiros 3 ou 4 meses de vida e é denominada de POSIÇÃO ESQUIZO-PARANÓIDE.
VORACIDADE
A voracidade varia consideravelmente de um bebê para outro.
Há bebês que nunca estão satisfeitos porque sua voracidade excede tudo o que possam receber.
Necessidade premente de esvaziar o seio da mãe e explorar todas as fontes de satisfação sem consideração por ninguém.
A voracidade é incrementada pela ansiedade (de ser privado, roubado e de não ser suficientemente bom para ser amado).
O bebê que é tão voraz por amor e atenção, é também inseguro sobre sua própria capacidade de amar e todas essas ansiedades reforçam sua voracidade.
INVEJA
A mãe que alimenta o bebê e cuida dele, pode ser também objeto de inveja (fantasia que o leite e o amor são deliberadamente recusados ou retirados do bebê).
Base da inveja – é inerente ao sentimento de inveja não apenas o desejo da posse, mas também uma forte necessidade de estragar o prazer que as outras pessoas têm com o objeto cobiçado (necessidade que tende a estragar o próprio objeto).
Se a inveja é muito intensa, essa característica de estragar resulta em uma relação perturbada com a mãe, assim como mais tarde com outras pessoas.
Também significa que nada pode ser plenamente desfrutado, porque a coisa desejada já foi estragada pela inveja.
Se a inveja é intensa, aquilo que é bom não pode ser assimilado, não pode se tornar parte da vida interior e nem dar origem à gratidão.
No desenvolvimento normal, com a integração crescente do ego, os processos de cisão diminuem e a maior capacidade para entender a realidade externa, leva o bebê a uma síntese maior dos aspectos bons e maus do objeto. 
Isso significa que pessoas podem ser amadas apesar de suas falhas.
De acordo com M. Klein o superego opera no quinto ou sexto mês de vida – o bebê começa a temer pelo estrago que seus impulsos destrutivos e sua voracidade podem causar aos seus objetos amados. Isso porque ele não pode ainda distiguir entre seus desejos e impulsos e os efeitos reais deles.
O bebê vivencia sentimentos de culpa e necessidade de preservar esses objetos e de reparar os danos. A ansiedade agora é vivenciada de natureza predominantemente depressiva – é a POSIÇÃO DEPRESSIVA.
Os sentimentos de culpa, que ocasionalmente surgem em todos nós, tem raízes muito profundas na infância e a tendência a fazer reparação desempenha um papel importante em nossas relações de objeto.
De acordo com a sua observação de bebês, M. Klein afirma que às vezes os bebês parecem deprimidos. Neste estágio eles tentam agradar as pessoas ao redor (com sorrisos, gestos divertidos) e até mesmo em tentativas de alimentar a mãe, colocando-lhe uma colher de comida na boca.     
As crianças maiores expressam necessidade de agradar e de serem prestativas (expressam não apenas o amor, mas também a necessidade de reparar).
Cap. 10 - “Inveja e gratidão” (1957)
De acordo com a teoria kleiniana, a relação com a mãe e a relação com o seio materno é de importância fundamental à primeira relação de objeto do bebê.
Esse objeto originário é introjetado.
Sob o predomínio de impulsos orais, o seio é instintivamente sentido como sendo a fonte de nutrição e, portanto, num sentido mais profundo, da própria vida. 
Seio ou o seu representante simbólico (a mamadeira).
O seio bom é tomado para dentro (introjeção) e torna-se parte do ego e o bebê (que antes estava dentro da mãe) tem agora a mãe dentro de si.
M. Klein considera que uma forte ansiedade persecutória é suscitada pelo nascimento (experiências desagradáveis do bebê) em relação ao sentimento de segurança dentro do útero materno.   
As circunstâncias externas desempenham um papel vital na relação inicial com o seio.
Se o nascimento foi difícil (complicações como a falta de oxigênio) – há uma perturbação na adaptação ao mundo externo (dificuldade de experimentar novas fontes de gratificação).
Se a criança não é adequadamente alimentada e cercada de cuidados maternais (se a mãe é ansiosa ou tem dificuldades psicológicas com a amamentação) – influencia a capacidade do bebê de aceitar o leite com prazer e internalizar o seio bom. 
A vida emocional do bebê apresenta uma constante luta entre:
Pulsão de vida   X  Pulsão de morte
Amor                      X       Ódio
Seio bom                X       Seio mau
Portanto, a vida emocional arcaica caracteriza-se por uma sensação de perda e recuperação do objeto bom.  
A capacidade tanto para o amor quanto para impulsos destrutivos é constitucional.
O seio não é simplesmente o objeto físico, não apenas a nutrição real, mas também representa os desejos instintivos e as fantasias inconscientes.
De acordo com M. Klein, o seio bom é o protótipo da “bondade” materna, da paciência, generosidade e confiança (tem raízes na oralidade).
DISTINÇÃO ENTRE INVEJA, CIÚME E VORACIDADE
INVEJA: é o sentimento raivoso de que outra pessoa desfruta algo desejável. Pressupõe a relação do indivíduo com uma só pessoa (sendo a primeira relação com a mãe). A inveja está intimamente ligada à projeção.
CIÚME: é baseado na inveja, mas envolve a relação com pelo menos duas pessoas. O amor que o indivíduo sente como lhe sendo devido e que lhe foi tirado, ou está em perigo de sê-lo (rival).
VORACIDADE: é uma ânsia impetuosa e insaciável, que excede aquilo que o indivíduo necessita.A voracidade está intimamente ligada à introjeção. O primeiro objeto a ser invejado é o seio nutridor, pois o bebê sente que o seio possui tudo o que ele deseja e que tem um fluxo ilimitado de leite e amor que guarda para sua própria gratificação. Quando o seio o priva – ele se torna mau. O bebê não consegue dividir e separar o objeto bom do objeto mau (está sujeito a sentir-se confuso entre o que é bom e o que é mau) – o que gera um conflito. Uma criança com uma forte capacidade de amor e gratidão tem uma relação profundamente enraizada como o objeto bom e pode suportar estados temporários de inveja, ódio e ressentimento sem ficar danificada.  Ou seja, o objeto bom é recuperado (essa é a base para a estabilidade de um ego forte).
GRATIDÃO
É um dos principais derivados da capacidade de amar.
É essencial à construção da relação com o objeto bom (apreciação do que há de bom nos outros e em si mesmo).
Tem suas raízes nas emoções e atitudes que surgem no estágio mais inicial da infância, quando para o bebê a mãe é o único e exclusivo objeto.
Essa primeira ligação é a base para todas as relações subseqüentes com uma pessoa amada.  
Sentimento de unicidade com a outra pessoa – ser plenamente compreendido, o que é essencial para toda relação amorosa ou amizade felizes.
Se há a experiência freqüente de ser alimentado sem que a satisfação seja perturbada, a introjeção do seio bom se dá com relativa segurança.
Uma gratificação plena ao seio significa que o bebê sente ter recebido do objeto amado uma dádiva especial que ele deseja guardar – essa é a base da GRATIDÃO.
A gratidão está intimamente ligada à confiança em figuras boas.
A gratidão também está ligada à generosidade - a riqueza interna deriva de o objeto bom ter sido assimilado e o indivíduo se torna capaz de compartilhar com os outros os dons do objeto (introjeção de um mundo externo mais amistoso).
A inveja intensa impede o desenvolvimento da gratidão – estraga e danifica o objeto bom, que é a fonte de vida.
O sentimento de haver danificado e destruído o objeto originário prejudica a confiança do indivíduo na sinceridade de suas relações subseqüentes e o faz duvidar de estar capacitado para o amor e para o que é bom.    
As alterações do caráter têm probabilidades de acontecer em pessoasque não estabeleceram firmemente seu primeiro objeto e que não são capazes de manter gratidão para com ele.
Nestes casos, ocorrem os mecanismos de cisão e desintegração, existindo um sentimento de destruição onipotente e a inveja.
Em todas as pessoas, a frustração e as circunstâncias infelizes despertam certa inveja e ódio no decorrer da vida, i que varia é a intensidade dessas emoções e a maneira como o indivíduo as enfrenta.   
A integração do ego baseia-se em um objeto bom firmemente enraizado, que forma o núcleo do ego.
Certo momento de cisão também é essencial para a integração, por preservar o objeto bom e capacitar o ego a sintetizar os dois aspectos do objeto.
A inveja excessiva (expressão de impulsos destrutivos) interfere na cisão fundamental entre o seio bom e o seio mau, e a estruturação do objeto bom não pode ser suficientemente conseguida – mecanismos paranóides e esquizóides que formam a base da esquizofrenia.
IDEALIZAÇÃO
A idealização é a necessidade de obter o melhor do objeto (indiscriminadamente), buscando a perfeição.
Algumas pessoas têm como característica a idealização de suas relações amorosas e de amizade. 
A idealização ocorre no nível da paixão.
Essa idealização tende a desmoronar, uma vez que o objeto amado tem que ser constantemente trocado por outro, pois nenhum objeto preenche integralmente as expectativas (isso leva à instabilidade nos relacionamentos e à fraqueza do ego). 
A conseqüência direta da inveja excessiva é o aparecimento da culpa. 
Se a culpa for experimentada por um ego ainda não capaz de tolerá-la, ela é sentida como perseguição e o objeto que a desperta é sentido como um perseguidor. 
Quando surge a posição depressiva, o ego mais integrado e fortalecido tem maior capacidade de suportar a dor da culpa e de desenvolver defesas correspondentes, principalmente a reparação.
A culpa leva à ansiedade persecutória, com suas defesas correspondentes (projeção e negação onipotente).
Uma das mais profundas fontes de culpa está sempre relacionada à inveja do seio nutridor e ao sentimento de haver estragado sua “bondade” por meio de ataques invejosos (destrutivos).
Há uma ligação direta entre a inveja vivenciada em relação ao seio da mãe e o desenvolvimento do ciúme.
No caso do bebê, o ciúme se baseia em suspeita e rivalidade com o pai, que é acusado de ter levado embora o seio materno e a mãe.   
De acordo com M. Klein, a rivalidade marca os estágios iniciais do Complexo de Édipo (quarto a sexto mês de vida).
Desta forma, o ciúme é inerente à situação edipiana (ódio e desejos de morte).
O seio “bom” que nutre e inicia a relação de amor com a mãe é o representante da pulsão de vida.
Um bebê que tenha estabelecido com segurança o objeto bom pode igualmente encontrar compensação para perdas e privações na vida adulta.
A INVEJA NA VIDA COTIDIANA
Freud falou quase que exclusivamente sobre um único tipo de inveja, que ele chamou de “inveja do pênis”. 
O significado da inveja foi mais amplamente discutido por M. Klein.
O ciúme – envolve um relacionamento entre 3 pessoas.  Sente-se ciúme porque alguém a quem se ama, ou a quem se está ligado, pode demonstrar mais interesse ou afeição por outra pessoa.
A inveja – envolve basicamente 2 pessoas. Inveja-se o que a outra pessoa possui, ou suas capacidades, conquistas ou qualidades pessoais. A inveja está ligada à voracidade (a pessoa que é voraz quer obter algo). A pessoa invejosa não está interessada em obter algo para si própria e usufruir isso, mas em tirar algo da outra pessoa, de forma que se torne parte de si própria.
A inveja está presente na vida cotidiana: sentimentos de ressentimento por alguém que está à frente, ou por alguém que faz melhor.
Ocorrem a hostilidade, a rivalidade e a competitividade.
Quando a inveja é muito intensa – conduz a uma crítica incessante.
Muitas pessoas demonstram uma necessidade de obter o que a outra pessoa tem (equivalente ou melhor).
Uma pessoa verdadeiramente invejosa não consegue suportar e encarar o sucesso e o prazer do outro.
Não consegue tolerar que algo de bom lhe seja dado por outra pessoa, não pode usufruir, não reconhece seu valor e será incapaz de experimentar e expressar gratidão (portanto, sua capacidade de amar sofre graves interferências).
Uma pessoa muito invejosa dificilmente consegue tolerar escutar o que outra pessoa tem a dizer e tenta parar a conversa, tomando conta do assunto (não consegue tolerar ouvir coisas divertidas, experiências e pensamentos interessantes que venham de outra pessoa).
A inveja impede que o indivíduo construa relacionamentos bons, calorosos e confiáveis. Portanto todo o seu mundo interno (e seu caráter) será influenciado e o sujeito se sentirá inseguro.
A insegurança incrementa a inveja (círculo vicioso).
A pessoa muito invejosa sentirá seu mundo hostil e se tornará mais paranóide ou desconfiada em suas atitudes e em relação às pessoas, de modo que seu mundo torna-se desagradável para si própria e para os outros (elas têm muito pouco prazer real na vida).
Cap. 20 - “O luto e suas relações com os estados maníaco-depressivos” (1940)
M. Klein se reporta ao trabalho de Freud em sua obra “Luto e Melancolia” – que afirma que uma parte essencial do trabalho do luto é o teste da realidade (durante o luto é preciso tempo para elaborar a perda; quando esse trabalho é concluído, o ego consegue libertar sua libido do objeto perdido). 
Segundo a autora, há uma íntima ligação entre o teste da realidade no luto normal e os processos arcaicos da mente.
Portanto, M. Klein afirma que a criança passa por estados mentais comparáveis ao luto do adulto, ou seja, o luto arcaico é revivido sempre que se sente algum pesar na vida ulterior.
O teste da realidade é o método mais importante que a criança emprega para superar seus estados de luto.
A Posição depressiva surge do medo de perder os objetos amados.
Durante o luto, o indivíduo passa por um estado maníaco-depressivo modificado e transitório, vencendo-o depois de algum tempo – assim ele repete os processos que a criança normalmente atravessa no seu desenvolvimento inicial.
 O maior perigo que o indivíduo corre durante o luto é o desvio de seu ódio para a própria pessoa que ele acaba de perder. 
O indivíduo de luto obtém um grande alívio ao recordar a bondade e as boas qualidades da pessoa que acaba de perder. Isso se deve em parte ao conforto que sente ao manter seu objeto amado temporariamente idealizado.
Quando o sofrimento é vivido ao máximo e o desespero atinge seu auge, o indivíduo de luto vive novamente seu amor pelo objeto. Ele sente com mais força que a vida continuará por dentro e por fora e que o objeto amado perdido pode ser preservado em seu interior.
Nesse estágio as experiências dolorosas de todos os tipos estimulam as sublimações e despertam novas habilidades nas pessoas, que iniciam outras atividades produtivas.
Qualquer dor trazida por experiências infelizes seja de qualquer natureza, em algo em comum com o luto.
Todo avanço no processo do luto resulta num aprofundamento da relação do sujeito com seus objetos internos, na felicidade de reconquistá-los depois que eles foram considerados perdidos.
De forma semelhante, à medida que a criança constrói gradualmente sua relação com os objetos externos, ela ganha confiança não só por meio das experiências agradáveis, mas também pela forma como supera frustrações e experiências dolorosas.
Cap. 4 - “As origens da transferência” (1952).
A transferência opera ao longo de toda a vida e influencia todas as relações humanas.
E característica do procedimento psicanalítico, pois abre caminhos para dentro do inconsciente do paciente.
É uma ferramenta essencial no processo analítico.
Seu passado, suas experiências, suas relações de objeto e emoções vão sendo gradualmente revividos no processo terapêutico.    
De acordo com M. Klein, quanto mais profundamente conseguirmos penetrar dentro do inconsciente e quanto mais longe no passado pudermos levar a análise, maior será nossa compreensão da transferência.A transferência é como uma estrutura na qual algo está sempre acontecendo, onde há sempre movimento e atividade. 
É importante observar como as relações do paciente com seus objetos originais são transferidos para a figura do analista.
M. Klein fala em “situações totais” – que são transferidas do passado para o presente, bem como suas emoções, defesas e relações objetais.
Situações totais – tudo o que o paciente traz para a relação – como o paciente transmite aspectos do seu mundo interior, desenvolvidos desde a infância. 
Na processo de analítico, os relatos da vida cotidiana dão pistas para as ansiedades inconscientes estimuladas na situação transferencial. 
As experiências às vezes não são ditas em palavras, mas podem ser apreendidas através dos sentimentos provocados em nós por meio de nossa contratransferência (sentimentos provocados no analista). 
As ansiedades imediatas do paciente e a natureza de sua relação com figuras internas emergem na situação total revivida na transferência.
Cap. 8 - “A técnica psicanalítica através do brincar: sua história e significado” (1955)
M. Klein utilizou a associação livre, princípio fundamental da Psicanálise.
O brincar como meio da criança se expressar.
M. Klein também utilizou dois outros princípios da Psicanálise estabelecidos por Freud: a exploração do inconsciente e a transferência.
A autora continuou sua experiência com outros casos de crianças (1920 a 1923).
De acordo com M. Klein, para realizar a psicanálise de uma criança, é necessário compreender e interpretar as fantasias, sentimentos, ansiedades e experiências expressos por meio do brincar.
Se o brincar e as atividades estão inibidas, deve-se buscar as causas da inibição.
No decorrer de sua experiência, M. Klein concluiu que a psicanálise não deveria ser realizada na casa da criança, pois esse espaço representava uma atitude ambivalente da criança e uma atmosfera hostil ao tratamento.
A situação transferencial só poderia ser estabelecida e mantida se o paciente for capaz de sentir que o consultório ou a sala de análise de crianças é algo separado de sua vida familiar cotidiana.   
Sob tais condições ele pode superar suas resistências contra vivenciar e expressar pensamentos, sentimentos e desejos que são incompatíveis com as convenções sociais.
M. Klein sugere os seguintes brinquedos: pequenos homens e mulheres de madeira (de dois tamanhos), carros, carrinhos de mão,trens, aviões, animais, blocos, casas, cercas, papel, tesouras, facas, lápis, giz, tintas, colas, bolas e bolas de gude, massa de modelar, barbante
Segundo a autora, é essencial serem brinquedos pequenos, porque seu número e variedade permitem à criança expressar  uma ampla variedade de fantasias e experiências.
Esse material possibilita chegar a uma imagem mais coerente das atividades de sua mente.
M. Klein considera que o consultório de crianças também deve ser simples:chão lavável, água corrente, uma mesa, algumas cadeiras, um pequeno sofá, algumas almofadas e um móvel com gavetas
Os equipamentos de brincar de cada criança são guardados e trancados em uma gaveta particular e ela assim sabe que seus brinquedos e o seu brincar com eles são apenas conhecidos pelo analista e por ela mesma.
A caixa faz parte da relação privada e íntima entre o analista e paciente, característica da situação transferencial psicanalítica.
Os brinquedos não são o único requisito para uma análise por meio do brincar (atividades na sala, desenho, escrita, pintura, recortes, consertar brinquedos, etc).
Os jogos também são recomendáveis- as criança atribui papéis ao analista e a si mesma (ex: brincar de loja, médico e paciente, escola, mãe e criança).
Segundo M. Klein, a criança muitas vezes assume o papel do adulto, expressando assim não apenas seu desejo de reverter os papéis, mas também demonstrando como se sente em relação à seus pais ou outras pessoas de autoridade (como comportam-se em relação à ela ou deveriam comporta-se).
Algumas vezes, a criança dá vazão à sua agressividade e ressentimento, sendo, no papel de um dos pais, sádica em relação à criança, representada pelo analista.
A agressividade é expressa de várias formas no brincar da criança, seja direta ou indiretamente.
Frequentemente um brinquedo se quebra, ataques com faca ou tesoura, água ou tinta esparramados pela sala. 
É essencial permitir à criança trazer a tona a sua agressividade (impulsos destrutivos).   
É importante observar suas conseqüências na mente da criança.
Sentimentos de culpa podem seguir-se logo após a criança ter quebrado um brinquedo. Esta culpa refere-se não apenas ao estrago real produzido, mas ao que o brinquedo representa no inconsciente da criança, como pro exemplo um irmãozinho ou irmãzinha ou um dos pais.
Portanto a interpretação tem que lidar com estes níveis mais profundos também.
A partir deste comportamento da criança para com o analista, ela pode mostrar não apenas a culpa, mas também a ansiedade persecutória, como conseqüência de seus impulsos destrutivos e a retaliação.
M. Klein lembra que é necessário manter e delimitar o limite desses impulsos (o analista não deve permitir ataques físicos por parte da criança). 
A atitude da criança para com o brinquedo que ela danificou é muito reveladora.
Frequentemente põe esse brinquedo de lado e o ignora por um tempo – isso indica desagrado pelo objeto danificado, devido ao medo persecutório de que a pessoa atacada (representada pelo brinquedo) tenha se tornado retaliadora e perigosa.
O sentimento de perseguição pode ser tão forte que encobre sentimentos de culpa e depressão que também são despertados pelo dano produzido. 
No entanto, um dia a criança pode procurar pelo brinquedo danificado em sua caixa.
Isto sugere que foram analisadas algumas defesas importantes, diminuindo assim os sentimentos persecutórios e tornando possível que os sentimentos de culpa sejam vivenciados.
Sugere também mudanças na relação da criança com o elemento representado pelo brinquedo, ou em suas relações em geral.
A ansiedade persecutória diminuiu, juntamente com o sentimento de culpa, aparecendo o desejo de fazer a reparação.
A culpa e o desejo de reparar podem seguir-se logo após o ato de agressão (ex: ternura para com o irmão ou irmã).
Essas mudanças são importantes para a formação do caráter e para as relações de objeto, assim como para a estabilidade mental.
Amor         X    Ódio
Felicidade  X    Depressão
Satisfação  X   Ansiedade persecutória
O analista não deve demonstrar desaprovação em relação à criança por ter quebrado um brinquedo. 
O analista deve permitir à criança vivenciar suas emoções e fantasias na medida em que aparecem (deve compreender a mente do paciente e comunicar a ele o que ocorre nela).
A variedade de situações emocionais que podem ser expressas por meio de atividades lúdicas é ilimitada: sentimentos de frustração e de ser rejeitado, ciúmes do pai e da mãe; ou de irmãos e irmãs, agressividade que acompanha tais ciúmes, prazer em ter um companheiro aliado contra os pais, sentimentos de amor e ódio em relação a um bebê recém-nascido ou esperado, ansiedade, culpa e reparação.
No brincar da criança também encontramos a repetição de experiências e detalhes reais da vida cotidiana, frequentemente entrelaçados com suas fantasias.
Há muitas crianças que são inibidas em seu brincar.
Segundo M. Klein, na análise de crianças pequenas, a capacidade de insight é bem maior que a de adultos (as conexões entre consciente e inconsciente são mais próximas em crianças pequenas do que em adultos e as repressões infantis são menos poderosas).  
A criança também repete na transferência com o analista, emoções e conflitos anteriores.
Interpretação transferencial 
levar de volta suas fantasias e ansiedades para o lugar onde elas se originaram, ou seja, na infância e na relação com seus primeiros objetos.
M. Klein propõe uma mudança radical na técnica psicanalítica: as interpretações deveriam ser profundas (compreensão das fantasias infantis, das ansiedades e defesas arcaicas).Em sua experiência, Klein descobre que o superego surge em um estágio anterior ao que Freud supunha.
A autora considera que o superego deriva dos estágios nos quais a criança internalizou (introjetou) seus pais. 
Para M. Klein a atenção do analista deve estar centrada sobre as ansiedades da criança. Por meio da interpretação de seus conteúdos é possível diminuir a ansiedade. 
Para tanto utiliza a linguagem simbólica do brincar.
A análise por meio do brincar mostrou que o simbolismo possibilitava à criança transferir não apenas interesses, mas também fantasias, ansiedades e culpa a outros objetos (brinquedos), além das pessoas.
Desta forma, muito alívio é experimentado no brincar. Este é um dos fatores que o tornam tão essencial para a criança.   
De acordo com M. Klein, as relações de objeto iniciam-se quase no nascimento e surgem com a primeira experiência de alimentação.
Desta forma, todos os aspectos da vida mental estão intimamente ligados a relações de objeto.
Na mente do bebê a mãe aparece primariamente como um seio bom e um seio mau cindidos. Em poucos meses, com a integração crescente do ego, os aspectos contrastantes começam a ser sintetizados (desenvolvimento do ego).
A ansiedade depressiva 
surge como um resultado da síntese pelo ego dos aspectos bons e maus (amados e odiados) do objeto- POSIÇÃO DEPRESSIVA.
Esta é precedida pela POSIÇÃO ESQUIZO-PARANÓIDE (primeiros 3 ou 4 meses de vida) – é caracterizada por ansiedade persecutória e processos de cisão.
Conceito de POSIÇÃO 
estado mental que se alterna durante a vida.
POSIÇÃO ESQUIZO-PARANÓIDE (primeiros 3 meses de vida) 
angústia, cisão e relação de objeto
 Divide  (cisão)  e sente-se perseguido (perseguição)
OBJETO BOM  X OBJETO MAU (perseguidor)  
Frustração (o bebê se dá conta da sua diferenciação do outro)
Angústia: eminência de ameaça do eu.
Defesa: cisão (divisão do objeto, emoções)
      
SEIO BOM    X     SEIO MAU
Mecanismo onipotente.
Projeção: colocar dentro do outro partes nossas (identificação projetiva)
Relação de objeto: parcial (uma experiência emocional é vivida como boa ou má).
POSIÇÃO DEPRESSIVA (após os 3 meses de vida)
culpa, dano e  reparo
Angústia: acrescenta a ameaça de perigo para os objetos (experiência vivida emocionalmente com alguém).
Impulsos destrutivos, agressivos, hostis.
Defesas: negação 
reparação (quer restaurar o objeto) culpa – dano

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