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CRIMES CONTRA A HONRA (art. 138-141)
1. Objetividade jurídica: O CP, nos artigos 138 a 141, protege a honra, conjunto de atributos morais, físicos, intelectuais e demais dotes do cidadão, que o fazem merecedor de pareço no convívio social. É um bem jurídico constitucionalmente protegido (art. 5º, X, da CF).
- Honra subjetiva e objetiva: Honra subjetiva é o sentimento de cada um a respeito de seus atributos físicos, intelectuais, morais e demais dotes da pessoa humana. É aquilo que cada um pensa a respeito de si mesmo em relação a tais atributos. Honra objetiva é a reputação, aquilo que os outros pensam a respeito do cidadão no tocante a seus atributos físicos, morais, intelectuais, etc. É o sentimento alheio a respeito de nós mesmos.
- A honra subjetiva divide-se em: a) honra-dignidade – o conjunto de atributos morais do cidadão (ofensa: chamar de cafajeste); honra-decoro – conjunto de atributos físicos e intelectuais de uma pessoa (ofensa: chamar de analfabeto). Greco: “uma palavra que pode ofender a honra subjetiva do agente também pode atingi-lo perante a sociedade da qual faz parte”.
2. Natureza do interesse jurídico: A honra é interesse jurídico disponível. Em face disso, o consentimento do ofendido retira a ilicitude do fato, excluindo o delito. Tendo em vista a natureza do objeto jurídico, a ação penal por crime contra a honra é, em regra, privada.
3. Qualificação doutrinária: Os crimes contra a honra são: a) de dano, pois a intenção do autor é causar efetiva lesão jurídica à honra alheia; b) formais, pois não é necessário que o sujeito consiga obter o resultado visado.
4. Sujeitos do delito: Os crimes contra a honra são comuns, isto é, podem ser cometidos por qualquer pessoa. Quanto ao sujeito passivo há algumas questões: 
a) os desonrados – não existe pessoa absolutamente desonrada, que não possua entre seus atributos parte ainda não atingia pela mácula; 
b) os doentes mentais e menores – podem ser vítimas de difamação e injúria depende da capacidade do sujeito de compreender a expressão ultrajante (calúnia – inimputabilidade); 
c) as pessoas jurídicas – segundo uma parte da doutrina, podem ser caluniadas apenas com relação a crimes ambientais, difamadas e injuriadas; 
d) os presidentes da República, do Senado, da Câmara e do STF, se houver motivação política, é crime contra a segurança nacional (Lei 7.170/83, art. 26); 
e) os mortos – o ultraje á memória dos mortos se reflete na pessoa de seus parentes, que são os sujeitos passivos; 
5. Elementos subjetivos do tipo: Os crimes contra a honra possuem dois elementos subjetivos: a) o dolo próprio do crime: dolo de dano, que pode ser direto ou eventual; b) o elemento subjetivo do injusto – a conduta deve ser seria e objetivar a finalidade de cada tipo. 
 imputar 
CALÚNIA (art. 138): falsamente
 fato definido como crime
1. Objetividade jurídica: O art. 138 protege a honra objetiva (reputação).
2. Núcleos dos tipos: A descrição dos tipos de calúnia contém os verbos: a) imputar – atribuir a alguém a responsabilidade pela prática de algum fato; b) propalar – relato verbal; c) divulgar – narrar um fato por qualquer meio.
3. Elemento normativo do tipo: A descrição típica do crime de calúnia exige um elemento normativo, contido na expressão “falsamente”. Assim, é necessária que seja falsa a imputação formulada pelo sujeito. A falsidade da imputação pode ocorrer sobre o fato ou sobre a sua autoria. Deve o agente imputar fato determinado, e não genérico. Chamar alguém de ladrão não é calúnia, mas injúria, pois não há a imputação de fato determinado.
4. Elementos subjetivos do tipo: É o dolo de dano, que pode ser direto, quando o sujeito tem a intenção de macular a reputação da vítima, e eventual, quando tem dúvida sobre a veracidade da imputação. Se o agente, agindo de boa-fé, supõe erroneamente que é verdadeira a imputação existe erro de tipo que incide sobre o elemento normativo “falsamente”. 
5. Fato definido como crime: Para a configuração do delito, é necessário que o sujeito atribua ao ofendido, falsamente, a prática de fato definido como crime. Se há atribuição de prática de contravenção, não existe a tipicidade do fato como calúnia, subsistindo o delito de difamação. 
6. Qualificação jurídica: A calúnia constitui crime: a) formal – para que exista crime não é necessário que o sujeito consiga obter o resultado visado, que é o dano à reputação da vítima; b) simples – atinge apenas o direito à honra objetiva; c) comum – pode ser cometido por qualquer pessoa; d) comissivo; e) unissubsistente (por via verbal) ou plurissubsistente (por escrito).
7. Consumação e tentativa: O momento consumativo da calúnia ocorre no instante em que a imputação chega ao conhecimento de um terceiro que não a vítima. Basta que apenas uma pessoa tome conhecimento da atribuição falsa de crime. Não precisa ocorrer o abalo à reputação do ofendido (exaurimento). Segundo a doutrina, admite-se a forma tentada quando a calúnia é feita por escrito e os papeis não chegam ao conhecimento de terceiros. 
8. Propagação e divulgação (§ 1°): Nos termos do art. 138, § 1° na mesma pena do caput incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga. Este subtipo de calúnia exige que o sujeito pratique o fato com dolo de direto de dano. Se a calúnia é contada a uma só pessoa, este subtipo se configura. Não se admite tentativa.
- Calúnia ≠ Denunciação caluniosa do art. 339 (neste crime o agente quer prejudicar a vítima perante uma autoridade, imputando-lhe crime ou contravenção de que o sabe inocente).
9. Calúnia contra os mortos - § 2º: nesse caso, quem figura como vítima são os familiares da pessoa morta. 
10. Exceção da verdade - § 3º: a falsidade da imputação, no crime de calúnia, é presumida, permitindo a lei que o ofensor possa provar, no mesmo processo, que a imputação é verdadeira, o que ocorrerá através da exceção da verdade. A exceção da verdade é um incidente processual que deve ser obrigatoriamente analisado pelo magistrado antes da sentença, visto que pode conduzir o agente à absolvição.
- OBS: não é admitida a exceção da verdade nas três hipóteses do § 3º.
DIFAMAÇÃO (art. 139):
 1. Conceito e objetividade jurídica: Difamação é o ato de atribuir a alguém a prática de conduta ofensiva à sua reputação, a fama no meio social, ou seja, a conduta típica do verbo do tipo significa desacreditar uma pessoa, maculando a sua reputação. O legislador protege a honra objetiva. Mesmo que a imputação seja verdadeira ocorrerá o crime.
- OBS: se o fato imputado for uma contravenção ocorrerá o crime de difamação, pois na calúnia e necessário que o fato imputado seja considerado crime. Parecido com a calúnia, a difamação pressupõe que haja uma imputação de um fato. 
2. Sujeitos do delito: Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo ou passivo. Alguns autores defendem que a pessoa jurídica pode figurar como vítima, tendo em vista que gozam de reputação no mercado. 
3. Conduta típica: O núcleo do tipo é o verbo imputar, que significa atribuir. No caso, o sujeito afirma a realização de uma conduta, por parte do sujeito passivo, capaz de macular a sua honra objetiva (reputação), ainda que seja verídica.
4. Elementos subjetivos do tipo: O elemento subjetivo do crime de difamação só pode ser o dolo de dano que se divide em: a) geral, direto ou eventual; b) específico, que se expressa no cunho de seriedade que o sujeito imprime à sua conduta.
5. Qualificação jurídica: A difamação é crime: a) formal, a sua consumação não exige a efetiva lesão ao bem jurídico; b) simples, ofende apenas a honra objetiva; c) comum, pode ser cometido por qualquer pessoa; d) comissivo, não há difamação por omissão; e) unissubsistente, quando praticado por via verbal ou plurissubsistente, quando por meio escrito.
6. Consumação: quando um terceiro fica sabendo da imputação, independente de haver um resultado lesivo à honra (crime formal). Admissívela tentativa por escrito.
7. Exceção de verdade – Parágrafo Único: A exceção de verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. O tipo não exige nos outros casos a falsidade da imputação, como ocorre na calúnia. 
INJÚRIA (art. 140):
1. Conceito e objetividade jurídica: Injúria é a ofensa à dignidade ou ao decoro de outrem. A incriminação protege a honra subjetiva, que constitui o sentimento próprio a respeito dos atributos físicos, intelectuais e morais de cada um.
- Se difere dos demais porque não implica imputação de fato determinado. A difamação se distingue da injúria, pois a primeira é a imputação a alguém de fato determinado, ofensivo à sua reputação – honra objetiva -, e se consuma , quando um terceiro toma conhecimento do fato , diferentemente da segunda em que não se imputa fato, mas qualidade negativa, que ofende a dignidade ou o decoro de alguém – honra subjetiva -, além de se consumar com o simples conhecimento da vítima. Na jurisprudência temos: “na difamação há afirmativa de fato determinado, na injúria há palavras vagas e imprecisas” (RT 498/316).
- A dignidade é atingida quando se atenta contra os atributos morais da pessoa.
- O decoro é atingido quando se atenta contra os atributos físicos e intelectuais da pessoa.
2. Sujeitos: qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do delito, pois se trata de crime comum. Quanto ao sujeito passivo, entende-se que em algumas circunstâncias torna-se impossível que o ofendido entenda que a sua autoestima foi afetada (ex: uma criança em tenra idade, um doente mental). Não se admite a pessoa jurídica como vítima desse delito, tendo em vista que a honra subjetiva é própria da pessoa natural.
3. Elementos subjetivos do tipo: A injúria é punida a título de duplo elemento subjetivo: a) dolo de dano, direto ou eventual – vontade ou representação do sujeito de causar dano à honra subjetiva da vítima; b) elemento específico – seriedade da conduta.
4. Qualificação doutrinária: A injúria é delito formal, simples, comum, de forma livre, instantâneo, comissivo, unissubsistente ou plurissubsistente e de impressão (o dolo do sujeito se destina a produzir uma impressão vexatória no ofendido).
5. Consumação: por se tratar de crime contra a honra subjetiva, consuma-se quando o fato chega ao conhecimento da vítima e não de terceiros. Não se exige que a pessoa de fato se sinta ofendida.
 OBS: Injúria Contra Funcionário Público ≠ Desacato (art. 331)
Praticado na ausência do funcionário público Praticado na presença do funcionário público
5. Perdão judicial (§ 1°): O juiz pode deixar de aplicar a pena em dois casos; a) quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria (ex: o ofendido dirige um gracejo à esposa do injuriador); b) quando houver retorsão imediata, que consista em outra injúria (duas pessoas, em um restaurante, trocam bilhetes injuriosos por meio do garçom).
5. Injúria real (§ 2°): É a que consiste em violência ou vias de fato que, pela sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes. Ex: esbofetear, rasgar o vestido ou levantar as saias de uma mulher, atirar-lhe excremento, cusparada, empurrão etc. O agente tenciona não diretamente atingir a integridade corporal da vítima, mas a dignidade ou o decoro, e assim opta por um insulto mais agressivo ao invés de injuriar com palavras ou escritos.
6. Injúria qualificada (§ 3°): A lei 9.459/97 acrescentou um tipo qualificado ao delito de injúria cometida mediante “utilização de elementos referentes a raça, cor, religião ou origem”. A alteração legislativa foi motivada pelo fato de que os réus acusados da prática de crimes descritos na Lei 7.716/89 (preconceito de raça e cor) geralmente alegavam ter praticado somente delito de injúria, de menor gravidade, sendo beneficiados pela desclassificação. 
- Injúria qualificada ≠ crime de racismo.
- Há a injúria racial quando as ofensas de conteúdo discriminatório são empregadas a pessoa ou pessoas determinadas. Ex.: judeu safado, baiano vagabundo, alemão azedo, etc. 
- O crime de Racismo constante do artigo 20 da Lei nº 7.716/89 somente será aplicado quando as ofensas não tenham uma pessoa ou pessoas determinadas, e sim venham a menosprezar determinada raça, cor, etnia, religião ou origem, agredindo um número indeterminado de pessoas. Ex.: negar emprego a judeus numa determinada empresa, impedir acesso de índios a determinado estabelecimento, impedir entrada de negros em um shopping, etc. 
Entre as peculiaridades de cada crime encontram-se as seguintes diferenças: 
O crime de racismo possui penas superiores às do crime de injúria racial; 
O crime de racismo é imprescritível e inafiançável, enquanto que o de injúria racial o réu pode responder em liberdade, desde que paga a fiança, e tem sua prescrição determinada pelo art. 109, IV do CP em oito anos; 
O crime de racismo, em geral, sempre impede o exercício de determinado direito, sendo que na injúria racial há uma ofensa a pessoa determinada; 
O crime de racismo é de ação pública incondicionada, sendo que a injúria racial é de ação penal privada; 
Enquanto que no crime de racismo há a lesão do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, no crime de injúria há a lesão da honra subjetiva da vítima. 
	Injúria qualificada pelo preconceito
	Racismo (Lei nº 7.716/89)
	O agente atribui qualidade negativa.
	O agente segrega a vítima, privando-a do convívio digno.
	Crime prescritível.
	Crime imprescritível.
	Afiançável.
	Inafiançável.
	Ação penal pública condicionada à representação, conforme a Lei nº 12.033/2009.
	Ação penal pública incondicionada.
- Não é admitida a exceção da verdade, uma vez que na injúria não se atribui fatos, mas qualidades, tornando-se impossível querer prová-las verdadeiras.
Disposições comuns dos crimes contra a honra (art. 141-145):
 
1. Figuras típicas qualificadas (art. 141): Nos termos do caput art. 141 do CP, as penas cominadas aos autores de crime contra a honra aumentam-se de um terço se um deles é cometido: a) contra o Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro; b) contra funcionário público, em razão de suas funções; na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação do crime. Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, a pena deve ser aplicada em dobro (parágrafo único).
2. Causas especiais de exclusão da ilicitude (art. 142): Nos termos do art. 142 do CP, não constituem injúria ou difamação punível: a) a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador; b) a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar; c) o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no dever de ofício.
3. Retratação (art. 143): Retratar-se significa desdizer-se, retirar o que foi dito, confessar que errou. Em regra, a retratação do sujeito não tem relevância jurídica, funcionando apenas como circunstância judicial de aplicação da pena (art. 59). Excepcionalmente, o estatuto penal lhe empresta força extintiva da punibilidade. Um desses casos está previsto no art. 143 do CP: “O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena”.
4. Pedido de explicações em juízo (art. 144): Pode ser que o sujeito manifeste frase em que não se mostre com evidência a intenção de caluniar, difamar ou injuriar, causando dúvida ao intérprete quanto à sua significação. Nesse caso, aquele que se sente ultrajado pode, em vez de requerer a instauração de inquérito policial ou iniciar ação penal, pedir explicações ao ofensor. Ex: fulano de tal não é um homem correto, que o diga a criançada do grupo.
5. Ação penal (art. 145): Nos crime contra a honra somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso de injúria real, da violência resulta lesão corporal. Procede-se, entretanto, mediante requisição do Ministro daJustiça no caso do inc. I e mediante representação do ofendido no caso do inc. II. 
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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO:
1. Qual a diferença entre calúnia, difamação ou injúria?
 CALUNIA( vocábulo originário do latim “calunia”, sentido dominante de imputação falsa e maliciosa feita a alguém, de crime ou ação que não cometera. Juridicamente, simplesmente se entende que, calunia seja a imputação precisa de fato que a lei tenha capitulado como crime ou contravenção, quando se mostra a falsidade desta afirmação ou imputação, geralmente praticada com “animus diffamandi” ou “animus caluniandi”. Quando comprovada a falsidade da imputação, torna-se criminosa, constituindo-se crime contra a honra. Na calunia o crime se consuma quando terceiros tomam conhecimento da afirmação negativa contra a pessoa. Calúnia é, portanto, uma afirmação falsa e desonrosa a respeito de alguém. Consiste em atribuir, falsamente, à alguém a responsabilidade pela prática de um fato determinado definido como crime, feita com má-fé. Pode ser feita verbalmente, de forma escrita, por representação gráfica ou internet. A calúnia qualificada, por sua vez, é a praticada contra o Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro; funcionário público, em razão de suas funções; na presença de várias pessoas ou por meio que facilite sua divulgação e se for praticada mediante pagamento ou promessa de recompensa. A calúnia é tipificada no artigo 138 do Código Penal Brasileiro. Juntamente com a difamação e a injúria constitui o capítulo de "crimes contra a honra".
DIFAMAÇÃO ( também de origem latina “diffamatio” (desacreditar, infamar), no entendimento jurídico refere-se a toda imputação ou alegação de fato que atente contra a honra, ou boa fama (conceito) de uma pessoa. É assim a imputação ofensiva de alguém com a intenção de desacreditar uma pessoa no meio social em que vive, denotando ao mesmo desprezo ou mesmo, menosprezo público. Trata-se de figura delituosa passível de punição, caracterizada por fato ofensivo a reputação alheia. A Difamação consiste, portanto, em atribuir à alguém fato determinado ofensivo à sua reputação, honra objetiva, e se consuma, quando um terceiro toma conhecimento do fato. Consiste de imputação ofensiva que atenta contra a honra e a reputação de alguém, com a intenção de torná-lo passível de descrédito na opinião pública. A difamação fere a moral da vítima, a injúria atinge diretamente seu moral, seu ânimo.
INJURIA ( Injúria do latim injuria, de in + jus = injustiça, falsidade. No Direito consiste em atribuir à alguém qualidade negativa, que ofenda sua honra, dignidade ou decoro. É um crime que consiste em ofender verbalmente, por escrito ou fisicamente (injúria real), a dignidade ou o decoro de alguém, ofendendo o moral, abatendo o ânimo da vítima. Está no artigo 140 do Código Penal Brasileiro, no capítulo de "Crimes Contra a Honra". A Difamação distingue-se da Injúria, porque a Injúria é feita ao próprio injuriado, enquanto que a Difamação é feita a uma determinada pessoa falando a terceiros. Difere também da injúria, pois nesta a ofensa se dá contra o decoro e à dignidade da pessoa, seja por palavras ou ação; e, da calúnia, pois nesta, embora, também haja uma imputação falsa, o crime é definido e qualificado. Os casos de injuria preconceituosa qualificada já se tratam de crimes de racismo.
2. Explique a exceção da verdade nos crimes contra a honra:
A expressão – exceção da verdade – oriunda do latim “exceptio veritatis”, apresenta-se como meio de defesa que se faculta ao acusado que comete crime de calúnia ou de injúria, a oportunidade de vir a se defender, provando que o fato incriminado, ou seja, a imputação por ele feita à pessoa ofendida é tida como falsa. Não há o que se contra-argumentar nos casos onde os fatos arrolados na calúnia ou na injúria forem juridicamente comprovados. 
De forma genérica, os crimes contra a honra não admitem a exceção da verdade, salvo em certas situações como a de calúnia, onde geralmente é admissível a exceção da verdade e somente é inadmissível a “exceptio veritatis” nas hipóteses do § 3º, I, II e III do art. 138. Nos casos de difamação, será sempre inadmissível, exceto na hipótese do Parágrafo Único, do Art. 139. Nas situações de difamação previstas na Lei de Imprensa, geralmente não é admissível, salvo nas hipóteses previstas no art. 21, § 1º, [a] e [b], da Lei nº 5250/67. Nos casos de injúria jamais será admissível a exceção da verdade. 	 
3. Qual a diferença entre racismo e a injúria por preconceito?
A Constituição Federal, em seu artigo 5º, inciso XLII, prevê que “a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei”.
O racismo, conforme previsto na Constituição Federal como “crime inafiançável e imprescritível”, está descrito na Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. As condutas mencionadas nesta Lei pressupõem, sempre, uma espécie de segregação em função da raça ou da cor.
Assim, por exemplo, chamar alguém de “macaco”, “turco”, “judeu”, “negro”, “preto”, “nordestino”, evidentemente não se trata de racismo. Tais condutas se amoldam à descrição legal do artigo 140, § 3º do Código Penal, que é uma espécie de injúria, ou seja, de um xingamento consistente na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião ou origem. É a denominada injúria qualificada.
Para caracterizar o crime de racismo, mesmo, é necessário que o agente impeça ou obste o acesso de alguém, devidamente habilitado, a qualquer cargo público; lhe negue o emprego em empresa privada; recuse ou impeça o seu acesso a estabelecimento comercial; recuse, negue ou impeça a sua inscrição ou o seu ingresso em estabelecimento de ensino; impeça o acesso ou recuse a sua hospedagem em hotel, pensão, estalagem ou outro estabelecimento similar; impeça o seu acesso ou recuse o seu atendimento em restaurantes, bares, confeitarias ou locais semelhantes abertos ao público; ou, por fim, impeça o seu acesso ou recuse o seu atendimento em estabelecimentos esportivos, casas de diversões ou clubes sociais abertos ao público.
Racismo, portanto, aconteceria, se, por exemplo, uma escola recusasse a matrícula de uma criança por ser ela negra, ou um restaurante impedisse o acesso ou recusasse atendimento a uma pessoa por ser ela espírita, ou turca, ou nordestina. É o que acontecia na África do Sul, no antigo sistema do apartheid, onde os negros eram segregados dos brancos.
Assim se percebe a grande diferença entre a injúria, que é um xingamento preconceituoso, e o racismo, que é um preconceito discriminatório e segregador.
A diferença não pára por aí. Enquanto o racismo está previsto em lei própria (Lei nº 7.716/89), é inafiançável, imprescritível e a sua pena é de reclusão de 1 a 5 anos, dependendo do crime, a injúria está prevista no Código Penal, admite fiança, prescreve no máximo em oito anos, e sua pena não passa de 3 anos.
4. Explique a diferença entre injúria real e lesão corporal?
Diz-se injúria real, quando esta é qualificada, e que quando praticada, utilizou-se de violência ou de vias de fato, que por sua natureza ou pelo meio empregado, seriam considerados aviltantes – (pena ( detenção: 3 meses a 1 ano, e multa, além da pena correspondente à violência praticada). Nesta prática há de se configurar o propósito de injúria “animus injuriandi”, pois se o propósito de injúria não estiver presente, o delito a ser considerado, será: de lesão corporal; contravenção de vias de fato; crimes de perigo. Deve-se entender também que por vias de fato( considerar-se-ia a ofensa física que não produz lesão ou incômodo à saúde da pessoa e que não deixa nela, vestígios (Ex: empurrões, tapas, puxão de cabelos...); já nos casos de violência, existe a lesão corporal produzida na vítima, e quando o propósito de ultrajar a sua honra também exista, seria considerado injúria real, porém, caso não exista o propósito, resta apenas a lesão corporal, e é por este delito que responderáo agente.
CURSO DE DIREITO
DISCIPLINA: DIREITO PENAL III
UNIDADE I – CRIMES CONTRA A PESSOA. 
1.5. Dos crimes contra a honra Data:____/09/2013.
 Texto 06
182º Concurso de Provas e Títulos para Ingresso na Magistratura - 2009 
Resolução da Questão 33 de Direito Penal - Prova de Seleção 1
33. Agindo dolosamente, Fulano referiu-se a Sicrano, dizendo tratar-se de indivíduo que exercia atividade contravencional como banqueiro do jogo do bicho, diretamente envolvido com essa prática ilícita. Supondo-se que tal imputação seja falsa, a conduta de Fulano, em tese, pode configurar
 
(A) injúria.
(B) calúnia.
(C) difamação.
(D) fato atípico.
 
Resposta: O Código Penal brasileiro ao tutelar a honra da pessoa prevê no Capítulo V três crimes contra a honra, são eles: calúnia (art. 138), injúria (art. 139) e difamação (art. 140).
 O crime de calúnia consiste no ato de imputar a alguém determinado fato, previsto como crime, sabidamente falso, violando assim, a honra objetiva do caluniado, ou seja, sua reputação perante a sociedade. A falsidade da calúnia pode estar tanto no fato criminoso que nunca ocorreu, como também na autoria, isto é, imputar um crime que realmente aconteceu, mas a uma pessoa que não foi o autor desse crime. Note-se ainda que, pouco importa que haja efetivo dano a reputação do ofendido, pois se trata de crime formal.
 Com relação ao crime de difamação consiste na imputação de determinado fato desonroso, em regra não importando se verdadeiro ou falso, que também atinge a honra objetiva do difamado. É um crime doloso, portanto, exige a vontade consciente de ofender a reputação de alguém.
 No que tange a injúria consiste em atribuir a alguém uma qualidade negativa, de forma a atingir a honra subjetiva, ou seja, a dignidade a auto-estima do injuriado. Também é crime doloso, que exige o animus injuriandi.
 A questão em tela trata da contravenção penal prevista no art. 58 do Decreto-Lei nº 3.688/41 (Lei das Contravenções Penais), in verbis: 
Art. 58. Explorar ou realizar a loteria denominada jogo do bicho, ou praticar qualquer ato relativo à sua realização ou exploração: 
Pena – prisão simples, de quatro meses a um ano, e multa, de dois a vinte contos de réis. 
 
Considerando que, a calúnia implica a imputação de crime e a injúria de qualidade negativa que atinja a honra subjetiva, a alternativa certa é a “C”, pois a imputação de uma contravenção penal consiste em fato determinado, desonroso que atinge a honra objetiva do difamado.
Prof(a). Msc. Shelley Primo |�� PAGE \* MERGEFORMAT �7���

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