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Capítulo 7 Parte 2 1 Físico Química Universidade estadual de Maringá Departamento de Química Profª Drª Daniela Martins Fernandes de Oliveira Energia Interna - U Energia interna – U: mede as “reservas de energia” do sistema. É a soma de todas as contribuições de energia cinética e potencial de todos os átomos, íons e moléculas que formam o sistema. É a energia total do sistema. Não é necessário conhecer a quantidade de energia interna que o sistema possui, apenas as suas variações. Está relacionada com a massa, a natureza da substância, seu estado de agregação, as condições externas, energias de interação, rotação, vibração, translação. (U1) (U2) U1-2 = U2 – U1 Independente do caminho U1-2 tem sempre o mesmo valor: U é função de estado do sistema e uma propriedade extensiva. 2 Experimentalmente a energia interna de um sistema pode ser alterada tanto pelo trabalho efetuado sobre o sistema, quanto pelo aquecimento do sistema. O calor e o trabalho são maneiras equivalentes de se alterar a energia interna do sistema. Energia e o Primeiro Princípio da TD Sistema fechado submetido a transformação A-B-A (Processo Cíclico) (A) (B) Calor e trabalho: Diferenciais não exatas: ciclo ciclo ww qq d d Em geral, diferentes de zero!!!! Portanto são funções do caminho!!!! 3 O trabalho produzido numa transformação cíclica é a soma das pequenas quantidades de trabalho, produzidas em cada etapa do ciclo. De forma semelhante, o calor extraído das vizinhanças numa transformação cíclica é a soma de pequenas quantidades de calor, extraídas em cada estágio do ciclo. Essas somas são simbolizadas por integrais cíclicas: wd qd Qualquer propriedade de estado é uma diferencial exata. Em contraste, se somarmos a diferencial de qualquer propriedade de estado do sistema ao longo de qualquer ciclo, a diferencial total, isto é a integral cíclica deverá ser zero. 0d y (impossibilidade da construção de um “moto-contínuo de primeira espécie”) Máquina capaz de efetuar trabalho sem consumir combustível ou outra fonte de energia. O 1º Princípio da Termodinâmica é o reconhecimento da seguinte experiência universal: Se um sistema é sujeito a qualquer transformação cíclica, o trabalho produzido nas vizinhanças é igual ao calor extraído das vizinhanças. 4 O 1º Princípio da TD: “A energia interna de um sistema isolado é constante”. “A energia do Universo é uma constante” A energia é conservada em qualquer mudança de estado; em qualquer transformação, todo aumento na energia do sistema é balanceado por uma diminuição na energia das vizinhanças 0)dd( wqciclociclo qw qw dd Energia Interna 0)( dUwdqd Se o processo não é cíclico: )5( dqdd 2 1 2 1 2 1 wqU wU )4(wdqddU 5 Para que essa equação seja verdadeira, a quantidade sob o sinal de integração precisa ser uma diferencial de alguma propriedade de estado do sistema. Pelo 1º Princípio, relacionamos as propriedades de calor e trabalho observados nas vizinhanças numa transformação cíclica e deduzimos a existência de uma propriedade de estado do sistema, a energia. (p/ todos os ciclos) P/ uma mudança de estado finita, integramos a equação acima, do estado inicial ao final, e obtemos a eq. (5) U = Ufinal – Uinicial Conseguimos definir uma U, assim podemos calcular as diferenças de energia em uma mudança de estado, mas não podemos atribuir um valor absoluto p/ a energia do sistema em qualquer estado particular. Propriedades da Energia (U) U é uma variável de estado; Depende somente do estado inicial e do estado final; dU é uma diferencial exata; dq e dw são diferenciais não exatas, mas a soma entre dq e dw é uma diferencial exata: dq + dw = dU Em outras palavras, q e w dependem do caminho, mas a soma q + w = ΔU não depende do caminho envolvido na mudança de estado. ** Energia é uma variável EXTENSIVA. (Sob as mesmas T e P, 10 mols da substância que compõe o sistema tem dez vezes mais energia que 1 mol) **Portanto, energia/mol é uma variável INTENSIVA. ΔQ e ΔW não têm significado algum. Isso porque nos estados inicial ou final, o sistema não tem nenhum trabalho (W1 e W2) ou calor (Q1 e Q2). Calor e Trabalho aparecem em uma mudança de estado. Eles não são propriedades de estado, mas propriedades que dependem do caminho. Vivenciamos o 1º Princípio da Termodinâmica no dia-a-dia: A energia é conservada em qualquer mudança de estado 6 Exercícios 1- Um motor elétrico produz 15 kJ de energia, em cada segundo, na forma de trabalho mecânico, e perde 2 kJ de calor para o ambiente, também por segundo. Qual a variação da energia interna do motor? 2- Um gás absorve 300 cal de calor ao se expandir, a pressão constante igual a 2 atm, de 10 para 20 L. Qual a variação da energia interna do gás ? 3- Um mol de argônio a 22°C se expande isotermicamente de 22,4L até 44,8L das seguintes formas: (a) uma transformação reversível; (b) uma transformação a pext. cte e igual a pressão final. (c) Contra pext. nula. Calcular o trabalho, o calor e a variação da energia em cada transformação. 7 Variações da Energia, U correlacionadas com variações nas propriedades do sistema Mudança de estado do Sistema Mudanças nas propriedades do sistema. É bastante útil relacionar U com propriedades do sistema que sejam facilmente mensuráveis, como por exemplo T e V. Sistemas fechados, massa constante. U = f( T, V) Como T e V são relacionadas por uma equação, podemos escolher quaisquer 2 variáveis pois a terceira é dependente. Podemos calcular U a partir dos valores medidos de calor ou trabalho, ou seja, por seus efeitos na vizinhança 8 wqU Usando o 1º Princípio na forma: )3(.d )4(wd qd dU dVpw ext Equações: Como U é uma função de estado e U = f(T, V), assim, dU relaciona-se com dT e dV através a diferencial total*: )6( dU dV V UdT T U TV Variação de U com T à V cte Variação de U com V à T cte Igualando (4) e (6) e substituindo (3) )7( dVp -qd ext dVV UdT T U TV 9 A eq. (6) nos diz que se a T do sistema aumentar de uma quantidade dT e o V aumentar de uma quantidade dV, então o aumento total da energia, dU, será a soma das contribuições. *Apêndice I (Castellan) dU = dq - PextdV 10 dT T U V dU Para uma transformação à V cte: dU qd V Então: V V T U dT dT T U qd qd V V Fáceis de medir Como medir qv (mesmo que medir Uv)? CALORÍMETRO ADIABÁTICO A VOLUME CTE (8) De (4): sistema do ra temperatuda aumento cte V à vizda extraídocalor wd qd dU PdV- qd dU De (6): dV V UdT T U TV dU 0 Calorimetria é o estudo do calor transferido durante uma transformação. Um calorímetro é um dispositivo que mede a energia transferida como calor. 11 Transformação à volume cte, realizada em um recipiente adiabático: qv(sistema) = - qv(vizinhança) = U(sistema) sistema vizinhança Calorímetro + Banho termômetro agitador Fronteira diatérmica Fronteira adiabática Se T da viz. aumenta então T sistema diminui. A variação de temperatura , T, observada no calorímetro é proporcional ao calor que a reação libera ou absorve. qv T 12 Então: qv(calorímetro) = C (calorímetro) . T(calorímetro) qv(cal) = Ccal . Tcal Onde Ccal é a constante do calorímetro. Este valor é determinado experimentalmente para cada calorímetro (calibração) medindo-se o valor de Tcal de um processo que tenha qv conhecido (combustão de uma massa conhecida de ácido benzóico que libera uma quantidade conhecida de calor). Com o valor de Ccal pode-se então determinar qv para qualquer processo, pois: qv(sistema) = - qv(vizinhança) = U(sistema) qv(sistema) = - Ccal . Tcal = U(sistema) 13 Retornando a eq. (8): V V C T U dT Qd V n CC VV (8.1) Cv é uma propriedade extensiva: 100g de águatem Cv 100 vezes maior que 1g de água e por isso precisa de 100x mais calor do que 1g para sofrer a mesma variação de T. Propriedade Intensiva Para peq variações de T, nas proximidades da Tamb, a variação em Cv é muito peq. Para cálculos apoximados admitimos que as capacidade caloríficas sejam independentes da T. 14 Pode-se escrever para o sistema: dqv = Cv dT = dU (9) Integrando: Para Cv cte no intervalo de T utilizado: Temos que: dqv = Cv dT Então: dTCU 2 1 v T T U = Cv.T dTC 2 1 v T TV q Para Cv cte no intervalo de T utilizado: qv = Cv.T qv = U Então qv é função de estado!!!!!!!!!!! )10(C dU V dVV UdT T Reescrevendo a eq. (6): dV V UdT T U TV dU 15 Se calor escoa a partir das vizinhanças, q > 0 e ΔU > 0, ou seja, a energia do sistema aumenta. Se calor escoa para as vizinhanças, q < 0 e ΔU < 0, ou seja, a energia do sistema diminui. ΔT > 0 ΔU > 0 ou ΔT < 0 ΔU < 0, Pois Cv é sempre positivo. 1- Calcular ΔU e qv para a transformação de 1,5 mol de He de 25ºC para 45ºC, a volume constante. Partir do valor de Cv para o He.. 2- A companhia de cereais ABC está desenvolvendo um novo tipo de cereal para competir com um produto rival da companhia X. Compare o conteúdo energético dos dois cereais e verifique se o cereal da companhia ABC possui menos calorias. Você queima 1g de amostra de cada cereal em um calorímetro de capacidade calorífica 600 J/°C. Quando o cereal X é queimado a temperatura aumenta de 300,2 K para 309,0 K. Quando o cereal ABC é queimado a temperatura aumenta de 299.0 para 307.5K Qual é a quantidade de calor liberado por cada amostra? Uma porção de cada cereal possui 30g. qv = U = Cv.T Exercícios Medida de - Experiência de Joule TV U A gás pA=p B vácuo pB=0 Equilíbrio térmico com a água Abre a torneira A pA= p1 (p1<pA) B pB= p1 Equilíbrio térmico com a água * Não houve variação de T na água 16 Dois recipientes são conectados através de uma torneira e imersos em um banho de água que permite o equilíbrio térmico.No início, A é preenchido c/ um gás à pressão P, enquanto em B se faz vácuo. Mantido o eq. térmico, a torneira é aberta e o gás se expande p/ encher A e B uniformemente. Após um tempo, não se observou mudança na temperatura da água. Interpretando.... Expansão livre pext.= 0 0. dVpwd ext O 1º princípio: dU = dq + dw dU =dq Como a temperatura da água não variou dq= 0 dU= 0 A eq.(6) torna-se: dV V UdT T U TV 0 Como o sistema e água estavam em equilíbrio: dT=0 dV V U T 0 17 Se a derivada da energia em função do volume é nula, a energia é independente do volume. Isto significa que a energia do gás é função apenas da temperatura. 0 Como dV 0, para que a igualdade anterior seja satisfeita: 0 TV U U = U (T) A equação acima expressa a lei de Joule (válida para gases ideais) Para gases reais o valor é diferente de zero (muito pequeno). Mudanças de Estado à Pressão Constante Ex: Expansão de um gás contra uma pext.=p 2 1 2 1 2 1 p p qddU:Integrando pdV- qd dU dVp 18 U2-U1= qp- p(V2-V1), rearranjando: (U2 + pV2)- (U1+ pV1)= qp (11) Como p e V são funções de estado, a função: U + pV, sendo uma combinação de variáveis de estado, é portanto uma variável de estado que definimos como: 19 U + pV = H (13) H é a entalpia do sistema (propriedade do estado extensiva) Usando a definição de H, podemos escrever a eq. (11) como: H2 – H1 = qp A entalpia do sistema é a quantidade máxima de energia do sistema que pode ser transferida como calor à pressão constante. A eq. (11) pode ser reescrita como: H = qp (14) Para variações infinitesimais: (15) qd dH p Para calcular U à pressão constante, a eq. (11) pode ser reescrita como: Como H é função de estado, dH é uma diferencial exata. Escolhendo H = f(T,P), podemos escrever a diferencial total como: )17( dH dp p HdT T H Tp 20 A eq. 14 mostra que num processo à P=cte, o calor extraído das vizinhanças é igual ao aumento de entalpia do sistema. U + pV= qp (16) A maioria dos calores são medidos à P cte: Qvap=Hvap , semelhantemente, Qfus = Hfus (U2 + pV2)- (U1+ pV1)= qp (11) Para transformações a p=constante dp=0 )18( dH dT T H p A pressão constante: qd dH p dT T H p qd p A relação entre qp e T mostrada na equação acima é Cp, a capacidade calorífica a pressão constante )19( qd p p p C T H dT 21 Relaciona o calor extraído das vizinhanças com o aumento da temperatura Medida de Qp é feita em calorímetro adiabático à P cte. Com o valor da eq. (19) a eq. (17) pode ser reescrita como: )20(C dH dp p HdT T p Para qualquer transformação a p= constante, a eq. (20) assume a forma: )21(C dH dTp Ou para uma mudança finita de T1 a T2: )22(C H 2 1 dTp Se Cp for constante num dado intervalo de temperatura a eq. (22) assume a forma: )23(C H Tp 22 Relação entre Cp e Cv Inicialmente, calcula-se o calor extraído a pressão constante usando a eq. (7): dV V UpdTC ctep dV V UdT T U T V ext TV p . ext qd )7( dVp -qd Dividindo por dT: )24( qd p pT Vp pT V T V V UpCC T V V UpC dT 23 )25( pT Vp T V V UpCC O excesso de Cp em relação à CV é constituído da soma de dois termos: pT Vp Trabalho produzido por unidade de aumento de T a p=cte pT T V V U Energia necessária para separar as moléculas 24 A partir da eq. 25, vemos que : Cp > CV 25 Por que????? Cp > CV Se um gás é expandido à P constante, a distância entre as moléculas aumenta. É necessário uma energia adicional para afastar essas moléculas. Essa energia por unidade de volume é TV U Num processo à volume constante não há produção de trabalho, então a distância entre as moléculas permanece a mesma. Todo o calor extraído das vizinhanças se reflete num aumento de Temperatura. Num processo à P cte, parte do calor extraído das vizinhanças vai para a produção do trabalho, outra parte vai para separar as moléculas e somente uma terceira parte vai para a produção do movimento caótico que reflete em aumento de temperatura. Para produzir um aumento de temperatura de 1ºC, mais calor deve ser extraído num processo à P cte do que num processo à V cte, então: Cp > CV A diferença entre as capacidades caloríficas para o gás ideal, adquire uma forma simples porque, pela experiência de Joule, 0 TV U )25( pT Vp T V V UpCC Desta forma, a eq. (25) pode ser reescrita da seguinte forma: p Vp T VpCC (26) Se considerarmos as capacidades caloríficas molares, o volume da derivada será , então, , assim: PRTV / PRT V P / RCC Vp RCC vp Para o gás ideal
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